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Parto Distócico em Égua - Relato de Caso

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO 
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE 
DEPARTAMENTO DE MEDICINA VETERINÁRIA 
 
 
 
 
 
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DO ESTÁGIO 
SUPERVISIONADO OBRIGATÓRIO 
 
 
 
PARTO DISTÓCICO EM ÉGUA - RELATO DE CASO 
 
 
 
GABRYELLE OLIVEIRA PINHEIRO 
 
 
 
 
 
SÃO CRISTÓVÃO 
2017 
 
 
GABRYELLE OLIVEIRA PINHEIRO 
 
 
 
 
PARTO DISTÓCICO EM ÉGUA - RELATO DE CASO 
 
 
 
Trabalho apresentado à coordenação do curso de 
Medicina Veterinária da Universidade Federal de 
Sergipe como requisito parcial para obtenção do 
título de Médico Veterinário. 
Orientador Pedagógico: Prof. Dr. Anselmo 
Domingos Ferreira Santos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÃO CRISTÓVÃO 
2017 
 
 
GABRYELLE OLIVEIRA PINHEIRO 
 
RELATÓRIO DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO OBRIGATÓRIO NA ÁREA 
DE CLÍNICA MÉDICA VETERINÁRIA 
 
Aprovado em 28/09/2017 
 
Nota: 9,6 
 
Banca Examinadora: 
 
 
 
Prof. Dr. Anselmo Domingos Ferreira Santos (Orientador) 
DMV - UFS 
 
 
 
Prof. Dr. Heder Nunes Ferreira 
DMV - UFS 
 
 
 
Prof. Dr. Eduardo Luiz Cavalcanti Caldas 
DMV - UFS 
 
 
 
São Cristóvão/SE, 
Setembro/2017 
 
 
IDENTIFICAÇÃO 
 
 
ALUNA: Gabryelle Oliveira Pinheiro 
 
MATRÍCULA Nº:201210021610 
 
ANO/SEMESTRE: 2017.1 
 
LOCAL DO ESTÁGIO: Hospital de Equinos Clinilab. Endereço: Rua Alto do Girassol, 
n° 530, Bairro Cassange, Cidade de Salvador – Bahia. Tel.: (71) 99142-7788. 
 
SUPERVISOR DE ESTÁGIO: M.V. Cláudio de Oliveira Florence 
 
ORIENTADOR: Prof. Dr. Anselmo Domingos Ferreira Santos 
 
COORDENADOR (A) DE ESTÁGIO DO CURSO: Profª Dra. Ana Carolina Trompieri 
Silveira Pereira 
 
CARGA HORÁRIA TOTAL:450 horas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho 
A minha mãe, Claudia 
E ao meu irmão, Edson 
Ao meu marido, Jonas 
A minha vó, Iraci 
A minha tia Karla, 
E aos meus amigos que foram parte 
Importante durante essa fase da minha vida. 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 Gostaria de agradecer primeiramente a Deus que me possibilitou a vida e me 
presenteou com a mãe mais incrível do mundo. A minha mãe, Claudia agradeço 
imensamente por me criar com tanto amor, carinho e sacrifício. Graças ao seu esforço 
e a sua luta hoje eu sou uma mulher da qual possa me orgulhar. Quero agradecer não 
somente ao seu apoio durante a minha graduação, mas também por ser minha amiga, 
minha fonte de inspiração, minha luz e meu guia. 
Quero agradecer também ao meu irmão Edson, o qual tenho imenso amor, 
amor esse que me motiva sempre a crescer e a ser uma pessoa melhor a cada dia. 
Ao meu marido Jonas expresso minha gratidão pelo apoio, imenso companheirismo, 
paciência, conselhos, carinho e amor a mim destinado. A minha tia Karla, as minhas 
avós Iraci e Áurea, ao meu pai Wagnaelson meu muito obrigado pelo incentivo e apoio. 
Não poderia deixar de agradecer também a todos os veterinários que me 
proporcionaram oportunidades e me transmitiram excelentes experiências e 
conhecimentos, são eles Tiago Pimentel, Eduardo Leite, Emerson Fioretto, Karine 
Souza, Claudio Florence, Ulisses Graça, Camila Oliveira, Laura Oliveira, Arturo e 
Carla Florão. Agradeço em especial ao meu orientador Anselmo Santos pelo apoio e 
auxilio durante o meu TCC. 
Aos meus amigos Taynar Bezerra, Genivaldo Santos, Rafaela Leite, Juliana 
Biegler, Monique Santos, Luís Gustavo, Alex de Andrade, Amanda Maria, Lorena 
Florence, Renata Souza e Cláudio Guimarães meu grande obrigada a todos vocês 
pelo companheirismo, paciência, brincadeiras e troca de conhecimentos. Vocês foram 
uma parte muito importante, tanto na minha graduação, quanto na minha vida. 
 
A todos sou imensamente grata! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Caminhe com coragem rumo aos seus sonhos. ” 
(Autor desconhecido) 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 1 
2. CONTEÚDO DO RELATÓRIO ............................................................................. 1 
2.1 Atividades desenvolvidas ................................................................................... 1 
2.1.1 Hospital Veterinário ...................................................................................... 1 
2.1.2 Rotina Hospitalar ......................................................................................... 3 
2.1.3 Casuística .................................................................................................... 4 
2.1.3.1 Patologias gastrointestinais ................................................................... 5 
2.1.3.2 Patologias locomotoras ......................................................................... 9 
2.1.3.3 Patologia oftálmica .............................................................................. 12 
2.1.3.4 Acidente ofídico ................................................................................... 13 
2.1.3.5 Corte acidental com chifre de boi ........................................................ 14 
2.1.3.6 Patologia linfática ................................................................................ 14 
2.1.3.7 Atendimento externo ........................................................................... 16 
2.1.3.8 Eutanásias ........................................................................................... 17 
2.2 Relato de caso ................................................................................................. 20 
2.2.1 Introdução .................................................................................................. 20 
2.2.2 Revisão de Literatura ................................................................................. 22 
2.2.2.1 Fisiologia da gestação equina ............................................................. 22 
2.2.2.2 Parto .................................................................................................... 23 
2.2.2.3 Distocia ................................................................................................ 25 
2.2.2.3.1 Origem materna ............................................................................ 27 
2.2.2.3.2 Origem fetal ................................................................................... 28 
2.2.2.3.3 Consequências do parto distócico ................................................. 32 
2.2.3 Caso Clínico .............................................................................................. 35 
2.2.4 Discussão .................................................................................................. 38 
2.2.5 Conclusão .................................................................................................. 41 
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 41 
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 42 
i 
 
LISTA DE TABELAS 
 
 
Tabela 1 – Casuística de SCE, tratamento e complicações pós cirúrgicas 
acompanhadas durante o período do ESO no HE Clinilab..........................................5 
Tabela 2 - Casuística das patologias locomotoras ocorridas no HE Clinilab durante o 
período do ESO............................................................................................................9ii 
 
LISTA DE GRÁFICOS 
 
 
Gráfico 1 – Representação esquemática da casuística acompanhada no HE Clinilab 
durante o período do ESO............................................................................................4 
Gráfico 2 – Atividades realizadas em atendimento externo durante o período do ESO 
no HE Clinilab....................................................................................................16 
Gráfico 3 – Representação esquemática da casuística das eutanásias realizadas 
durante o período do ESO no HE Clinilab..................................................................18 
Gráfico 4 – Representação esquemática das variações de concentrações hormonais 
sanguíneas em éguas durante a gestação e o parto.................................................23 
 
 
 
iii 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
 
Figura 1 – Instalações físicas do HE Clinilab. A - Pavilhões I e II. B - Baias do pavilhão 
I. C - Ambulatório I.......................................................................................2 
Figura 2 – Instalações físicas do HE Clinilab. A - Centro Cirúrgico. B - Sala de 
anestesia e recuperação anestésica. C - Baias do pavilhão II. D - Ambulatório II.......3 
Figura 3 – Atendimento de animais com SCE. A - Sondagem nasogastrica e lavagem 
estomacal. B - Realização do exame de ultrassonografia. C - Crioterapia dos cascos 
em paciente após a cirurgia. D - Uso de faixa compressiva abdominal…8 
Figura 4 – Atendimento dos animais com patologias locomotoras durante o ESO no 
HE Clinilab. A - Realização da ozonioterapia intra-articular. B - Uso de talas corretivas 
em deformidade flexural. C - Realização do pedilúvio em animal com laminite. D - 
Curetagem de tecido necrosado do casco de animal com laminite.......12 
Figura 5 – Evolução do quando clínico de Melting acompanhado durante o ESO no 
HE Clinilab. A - Lesão inicial. B - Lesão após 4 dias de aplicação das células-tronco. 
C - Lesão após 30 dias da aplicação de células-tronco.............................................13 
Figura 6 – Animal acometido pela linfangite infecciosa durante o ESO no HE Clinilab. 
A - Tratamento com Bag de ozônio. B - Face lateral do membro posterior direito com 
a lesão. C - Face medial do membro posterior direito com a 
lesão...........................................................................................................................15 
Figura 7 – Atividades realizadas em atendimento externo durante o período do ESO 
no HE Clinilab. A - Fluidoterapia e aplicação de medicamentos em égua com infecção 
por herpesvírus. B - Tratamento com o uso do shockwave em fratura de vértebra 
sacral. C - Tratamento realizado com o uso do shockwave no boleto do membro 
posterior de um cavalo com lesão articular..................................................17 
Figura 8 – Placenta equina do tipo epitéliocorial.......................................................21 
Figura 9 – Movimentação do embrião equino nos cornos uterinos...........................22 
Figura 10 - Estática fetal em parto eutócico..............................................................26 
iv 
 
Figura 11 – Quadro 1 - Estática fetal incorreta em apresentações longitudinais. A - 
Apresentação longitudinal posterior e posição inferior. B - Apresentação anterior, 
posição posterior com insinuação dos quatro membros. C - Membros posteriores 
flexionados de forma errada no canal do parto. D - Flexão bilateral da articulação 
coxofemoral................................................................................................................28 
Figura 11 – Quadro 2 - Estática fetal incorreta em apresentações transversais. A e B 
– Transverso ventral. C – Transverso dorsal..........................................................29 
Figura 12 – Corte realizados durante a fetotomia. A - Sequência de cortes clássicos. 
B - Sequência de cortes possíveis.............................................................................30 
Figura 13 – Complicações possíveis após parto distócico. A - Prolapso uterino, 
observando-se pontos necróticos e órgão desidratado. B - Laceração perineal de 
terceiro grau. C - Fístula vaginal................................................................................34 
Figura 14 – Membrana aminiótica formando uma bolsa para fora da vagina e 
coloração escurecida do líquido amniótico.................................................................35 
Figura 15 – Manipulação obstétrica. A - Realização da extensão dos membros 
pélvicos do potro com o uso de uma corrente. B - Exposição do membro pélvico 
esquerdo. C - Exposição dos membros pélvicos. D - Fetotomia, abertura da cavidade 
e tração do conteúdo abdominal. E - Feto morto expulso..........................................37 
Figura 16 – Égua após o parto. A - Placenta desprendida naturalmente. B - Égua na 
crioterapia dos cascos................................................................................................38 
 
 
v 
 
LISTA DE ANEXOS 
 
 
Anexo 1 - Ficha de acompanhamento clínico dos animais internados.....................52 
Anexo 2 - Ficha clínica de equinos............................................................................53 
Anexo 3 - Ficha clínica de Abdômen Agudo..............................................................57 
Anexo 4 - Ficha de avaliação de escala do conforto equino.................................... 61 
vi 
 
LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS 
 
ESO: Estágio Supervisionado Obrigatório 
SCE: Síndrome da Cólica Equina 
FC: Frequência Cardíaca 
FR: Frequência Respiratória 
TPC: Tempo de Preenchimento Capilar 
IV: Intravenoso 
IM: Intramuscular 
SC: Subcutâneo 
VO: Via Oral 
TGI: Trato Gastrointestinal 
CE: Corpo Estranho 
CL: Corpo Lúteo 
MPA: Medicação Pré-Anestésica 
DMSO: Dimetilsufóxido 
AIE: Anemia Infecciosa Equina 
HE: Hospital de Equinos 
eCG: Coriônica Equina 
ml: Mililitros 
mg: Miligrama 
g: Grama 
kg: Quilograma 
KCL: Cloreto de potássio 
NaCl: Cloreto de sódio 
MgSO4: Sulfato de magnésio 
NaHCO3: Bicarbonato de sódio 
KMnO4: Permanganato de potássio 
vii 
 
RESUMO 
 No presente trabalho são apresentadas as atividades realizadas pela discente 
Gabryelle Oliveira Pinheiro durante o Estágio Supervisionado Obrigatório (ESO) no 
Hospital de Equinos Clinilab localizado na cidade de Salvador, estado da Bahia no 
período de 05 de junho de 2017 a 31 de agosto de 2017, totalizando 450 horas, como 
requisito parcial para conclusão do curso de Medicina Veterinária da Universidade 
Federal de Sergipe. Durante o ESO, chegou no HE Clinilab para atendimento uma 
égua, apresentava sinais de contração uterina e possuía a membrana aminiótica 
formando uma bolsa para fora da vagina. O exame clínico inicial demonstrou 
parâmetros fisiológicos normais. O médico veterinário já avia diagnosticado o parto 
distócico no atendimento prévio a chegada do animal ao hospital. A morte fetal foi 
constatada pela ausência de reflexos do feto, hipotermia fetal e coloração escura do 
líquido aminiótico. Foi realizada a intervenção obstétrica e fetotomia para expulsão do 
feto. Para analgesia foi feita anestesia epidural e neuroleptoanalgesia da paciente 
durante os 45 minutos do parto. Após o procedimento instituiu-se crioterapia podal e 
terapia profilática. Após 6 dias de internamento a égua obteve alta e não teve 
nenhuma complicação clínica. O presente trabalho tem como objetivo descrever as 
atividades desenvolvidas pela discente durante o período de estágio curricular 
obrigatório, expor a casuística e tratamento das patologias clínicas e cirúrgicas do 
hospital de equinos Clinilab, bem como relatar umestudo clínico sobre parto distócico 
em égua. 
 
Palavras chave: Estágio Supervisionado Obrigatório, Parto distócido, Hospital de 
Equinos Clinilab.
1 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
A clínica médica e cirúrgica de equinos tem como finalidade principal buscar a 
saúde através do diagnóstico, tratamento, controle e profilaxia das diferentes 
patologias que acometem estes animais. Dentre elas, as que mais acometem os 
equinos são as gastrointestinais e as locomotoras, correspondendo em média a 80% 
da casuística clínica e cirúrgica dos hospitais de equinos no Brasil. 
Dentre todas as funções exercidas pelos cavalos na sociedade, a esportiva é a 
mais predominante. Os animais atletas são cobrados constantemente, assim como 
sua saúde. O índice de síndrome da cólica equina, tendinites e desmites são mais 
numerosos nesses animais. Seu acompanhamento clínico geralmente é realizado 
com mais frequência e o manejo é feito de forma rigorosa. 
A clínica médica e cirúrgica de equinos é uma área de grande desafio para o 
médico veterinário. A exigência em relação a saúde equina tem se tornado cada vez 
maior. É necessário manter-se atualizado acerca das novidades empregadas na área 
assim como executa-las. O presente trabalho tem como objetivo descrever as 
atividades desenvolvidas pela discente durante o período de estágio curricular 
obrigatório, expor a casuística e tratamento das patologias clínicas e cirúrgicas do 
hospital de equinos Clinilab, bem como relatar um estudo clínico sobre parto distócico 
em égua. 
2. CONTEÚDO DO RELATÓRIO 
2.1 Atividades desenvolvidas 
2.1.1 Hospital Veterinário 
O Estágio Supervisionado Obrigatório (ESO) foi realizado no Hospital de 
Equinos Clinilab (HE Clinilab), localizado em Salvador, estado da Bahia. O ESO foi 
desenvolvido no período de 5 de junho de 2017 a 31 de agosto de 2017, totalizando 
450 horas, estando sob a supervisão do Médico Veterinário Claudio de Oliveira 
Florence. Durante o ESO foi possível acompanhar atividades na área de clínica 
médica, cirurgia e terapias alternativas. 
2 
 
A escolha do HE Clinilab foi devido ao seu grande reconhecimento em âmbito 
nacional na área de clínica médica e cirúrgica de equinos, o mesmo possui capacidade 
para atendimentos clínicos, tratamentos clínicos e cirúrgicos e exames diagnósticos. 
Sua estrutura é composta por um centro cirúrgico; uma sala de anestesia e 
recuperação anestésica; dois ambulatórios; uma farmácia; um laboratório de patologia 
clínica; uma sala de estudos; treze baias de internamento; um depósito de feno e 
ração; e um depósito de medicamentos. 
O hospital é dividido em dois pavilhões (Figura 1 A). No primeiro são realizadas 
as cirurgias, os exames e os atendimentos de emergência e urgência. No mesmo 
pavilhão localizam-se três baias, sendo elas maiores que as outras dez, destinadas 
aos animais que necessitam de monitoramento 24 horas. Além disso, localizam-se no 
mesmo pavilhão o ambulatório I, a farmácia, o laboratório, o centro cirúrgico, a sala 
de anestesia e a sala de estudos (Figura 1 B e C e Figura 2 A e B). 
 
Figura 1 – Instalações físicas do HE Clinilab. A - Pavilhões I e II. B - Baias do pavilhão I. C - Ambulatório 
I. Fonte: Arquivo pessoal, 2017. 
3 
 
No segundo pavilhão são realizados os procedimentos de rotina dos animais 
que estão internados, possuindo nove baias, o ambulatório II, e o depósito de feno e 
ração (Figura 2 C e D). Afastado dos pavilhões, o hospital possui uma baia de 
isolamento especialmente para animais acometidos com doenças infecciosas. 
Além da estrutura hospitalar, há também alojamento para estagiários e 
residentes, depósito de medicamentos, cozinha e setor administrativo. 
 
Figura 2 – Instalações físicas do HE Clinilab. A - Centro Cirúrgico. B - Sala de anestesia e recuperação 
anestésica. C - Baias do pavilhão II. D - Ambulatório II. Fonte: Arquivo pessoal, 2017. 
2.1.2 Rotina Hospitalar 
A rotina tinha início às 8:00 horas e término às 18:00 horas. Conforme a 
necessidade, eram realizados plantões noturnos e atividades extracurriculares 
durante os finais de semana e feriados. Todos os animais internados eram 
examinados duas vezes ao dia, às 8:00 horas e às 17:00 horas. O exame abrangia 
todos os parâmetros clínicos básicos (Anexo 1). Segundo Thomassian (2005), os 
parâmetros fisiológicos demonstram o estado de higidez do organismo do animal e 
servem para acompanhar e avaliar a evolução da enfermidade. Cada animal tinha sua 
4 
 
ficha de identificação e de atendimento inicial (Anexos 2). Cada patologia tinha sua 
ficha específica, sendo a mais utilizada a ficha clínica de abdômen agudo (Anexo 3). 
 A rotina hospitalar dependia dos animais internados e suas patologias, porém 
os procedimentos mais realizados eram curativos das feridas cirúrgicas e dos cascos, 
medicações, coleta de sangue, bandagens, vacinas e auxilio em todos os 
procedimentos e exames realizados pelos médicos veterinários inclusive em 
atendimentos externos. 
2.1.3 Casuística 
 Durante o ESO, foram acompanhados um total de 24 animais com diferentes 
patologias, sendo elas: gastrointestinais (10); locomotoras (8); oftálmica (1); obstétrica 
(1); acidente ofídico (1); corte acidental com chifre de boi (1); linfática (1); e doença 
infectocontagiosa (1). O atendimento da enfermidade infectocontagiosa foi realizado 
em atendimento externo (Gráfico 1). 
 
Gráfico 1 – Representação esquemática da casuística acompanhada no HE Clinilab durante o período 
do ESO. 
42%
34%
4%
4%
4%
4%
4%
4%
PATOLOGIAS 
Gatrointestinais Locomotoras Obstétrica Infecciosa
Linfática Oftálmica Acidente ofídico Corte acidental
5 
 
2.1.3.1 Patologias gastrointestinais 
 Todas as dez patologias gastrointestinais foram de Síndrome de Cólica Equina 
(SCE), variando somente a complicação e o local do sistema afetado. Dentre elas, 
três foram resolvidas clinicamente e sete cirurgicamente, e destes, cinco 
desenvolveram complicações pós cirúrgicas (Tabela 1). 
 
Tabela 1 – Casuística de SCE, tratamento e complicações pós cirúrgicas acompanhadas durante o 
período do ESO no HE Clinilab. 
 Em todos os animais que chegavam ao hospital com suspeita de SCE eram 
realizadas a sondagem nasogástrica e fluidoterapia intensa com ringer, ringer com 
lactato, cloreto de sódio 0,9% e glicose 5% (Figura 3 A). Os exames mais utilizados 
para diagnóstico da SCE eram a ultrassonografia (Figura 3 B), palpação retal, 
abdominocentese, hemograma completo, sendo obtido os valores do hematócrito (Ht) 
Patologias Tratamento Complicação Conclusão 
Compactação de cólon Clínico - Alta 
Encarceramento nefro-
esplênico 
Clínico - Alta 
Compactação de 
esôfago, estomago e 
cólon 
Clínico - Alta 
Compactação de cólon 
e enterólito 
Cirúrgico Laminite Eutanásia 
Deslocamento de ceco 
e delgado e vólvulo de 
íleo 
Cirúrgico Laminite Eutanásia 
Hérnia iguino-escrotal Cirúrgico Intoxicação por 
amônia 
Eutanásia 
Compactação de cólon 
e íleo 
Cirúrgico Infecção da ferida 
cirúrgica 
Eutanásia 
Compactação e vólvulo 
de cólon 
Cirúrgico Necrose de cólon Eutanásia 
Compactação de 
estômago 
Cirúrgico - Alta 
Compactação de cólon 
e timpanismo cecal 
Cirúrgico - Alta 
6 
 
e proteínas totais (PPT) de imediato, todos esses procedimentos e exames 
supracitados são descritos por Thomassian (2005), White, (2007) e Scharner, et. al. 
(2015). Outros exames eram feitos de acordo com a necessidade de cada animal. 
A administração da fluidoterapia é o método padrão que permite a infusão 
rápida do volume de reposição, ocasionando a expansão veloz do volume plasmático, 
seu uso é indispensávelnos casos de desidratação intensa (AVANZA et. al., 2008). 
Nos animais que permaneciam no tratamento clínico eram realizados lavagem 
estomacal e fluidoterapia intravenosa, além disso era feito também fluidoterapia 
enteral. Utilizava-se para a mesma 53,7 g de cloreto de sódio (NaCl), 3,7g de cloreto 
de potássio (KCl) e 37,8g de Bicarbonato de sódio (NaHCO3), todos eram diluídos em 
dez litros de água, era realizada de 30 em 30 minutos na quantidade de dois litros. 
Segundo White (2007), essa terapêutica é tão eficaz quanto qualquer laxante sem 
alterar os valores de eletrólito no soro. Em alguns casos realizava-se a fluidoterapia 
enteral com o uso de sulfato de magnésio (MgSO4), a diluição era feita com 1g/kg em 
um a dois litros de água. Ambas as diluições eram feitas com água morna. As 
fluidoterapias supracitadas são preconizadas por White (2007). Estudos realizados 
por Avanza et. al. (2008), Ribeiro Filho et. al. (2007), Ribeiro Filho et. al. (2012) 
mostram a eficácia desse tratamento em casos de desidratação e obstrução intestinal 
em equinos. 
Eram realizados também o uso de medicações procinéticas como lidocaína em 
bolus (1,3 mg/kg IV) e posterior infusão contínua (0,05mg/kg IV), além disso utilizava-
se também a metoclopramida (0,25 mg/kg IV) e cálcio (1ml/kg IV, não ultrapassando 
500 ml/dia). Esses fármacos, com exceção do último, são recomendados por White 
(2007). Os principais efeitos da lidocaína para animais com SCE é estimular a 
motilidade intestinal, analgesia e diminuir a inflamação preservando a integridade 
microvascular, prevenindo a migração de neutrófilos e inibindo a produção de 
citoquinas. 
Os animais que iam para cirurgia recebiam um cateter central e tinha seus 
cascos lavados com água e iodo, uma boa assepsia e a utilização de antissépticos 
são maneiras de se evitar uma possível infecção hospitalar no paciente (LOPEZ e LA 
CRUZ, 2002). Além disso, eram administrados os medicamentos gentamicina 
(6,6mg/kg IV), flunixina meglumina (1,1mg/kg IV) e soro antitetânico (IM), com objetivo 
7 
 
profilático. Segundo o programa conduzido por White (2007), o anti-inflamatório mais 
eficaz para o tratamento de SCE é a flunixina meglumina, sendo seu uso pré-
operatório útil para diminuir a resposta inflamatória prejudicial aos tecidos devido à 
liberação de endotoxinas. As administrações desses fármacos ajudam o pré, o trans 
e o pós-operatório reduzindo resposta inflamatória e infecção por bactérias. 
Após a cirurgia todos os animais tomavam banho e, posteriormente eram 
colocados na baia ou eram destinados a crioterapia dos cascos, onde permaneciam 
durante 72 horas (Figura 3 C). A teoria enzimática da laminite se baseia na ideia que 
o evento fundamental causador da falência das laminas do casco é a chegada de 
toxinas através do sangue até a lâminas do casco, toxinas essas oriundas da SCE e 
liberadas na circulação pela da manipulação cirúrgica (SOUZA, 2007). Portanto a 
crioterapia é um tratamento profilático que tem o objetivo de diminuir ou amenizar as 
chances dos animais pós operados serem acometidos pela laminite, sendo indicado 
o tempo de permanência na crioterapia de 48 a 72 horas (REIS, 2014). Complicações 
como estresse e linfangite podem ocorrer em decorrência da crioterapia, porém a 
eficácia dessa terapêutica é compensadora. 
Os animais recém operados eram acompanhados 24 horas e tinham seus 
parâmetros clínicos aferidos de hora em hora, conforme o avanço ou regressão do 
quadro clínico esse espaçamento de horário diminuía ou aumentava. Esse 
monitoramento é muito importante, pois um animal pode piorar rapidamente. Era 
realizado o curativo das feridas cirúrgicas duas vezes ao dia com o uso de gaze, água 
oxigenada (quando necessário), clorexidine degermante a 2%, clorexidine alcoólico a 
1% e fralda infantil tamanho M. Hendrickson (2006) e Tudury e Potier (2009) indicam 
a utilização da clorexidine na limpeza da ferida cirúrgica por ser eficaz, não irritante e 
possuir longo período de atividade residual. Após o curativo era feito o uso de faixas 
compressivas abdominais, a mesma tinha o objetivo de manter a higiene da ferida 
cirúrgica e evitar hérnia (Figura 3 D). 
8 
 
 
Figura 3 – Atendimento de animais com SCE. A - Sondagem nasogastrica e lavagem estomacal. B - 
Realização do exame de ultrassonografia. C - Crioterapia dos cascos em paciente após a cirurgia. D - 
Uso de faixa compressiva abdominal. Fonte: Arquivo pessoal, 2017. 
 As medicações padrões utilizadas para pós cirúrgicos eram penicilina (20.000 
UI IM), gentamicina (6,6mg/kg IV), heparina (100 UI SC), flunixina meglumina 
(1,1mg/kg IV), sendo todos eles administrado uma vez ao dia durante sete dias. 
Também eram administrados fenilbutazona (4.4mg/kg IV), uma vez ao dia durante três 
dias e metronidazol (15mg/kg VO) três vezes ao dia durante sete dias. Eram utilizados 
também polimixina B e Ceftiofur em alguns casos de maior comprometimento de 
alças. Mora (2009) relata que é necessário estabelecer um protocolo terapêutico após 
a cirurgia com o uso de antibióticos, anti-inflamatórios e procinéticos. Todas as 
dosagens de medicamentos usadas nos pacientes do HE Clinilab tiveram como 
referências Orsini e Divers (2008) e Viana (2014). Todos esses medicamentos são 
amplamente utilizados na medicina equina e são bastante eficazes. Porém o uso dos 
anti-inflamatórios deve ser feito com cautela para evitar problemas gástricos, renais e 
hepáticos. 
9 
 
2.1.3.2 Patologias locomotoras 
Foram internados no HE Clinilab oito animais com afecções locomotoras, com 
destaque para a laminite. Durante o ESO, foram internados quatro animais com a 
patologia supracitada, sendo três deles por complicação pós-cirúrgica de SCE. As 
demais afecções podem ser observadas na tabela 2. 
Patologia Quantidade de animais 
acometidos 
Conclusão 
Laminite 4 2 altas e 2 eutanásias 
Fratura do segundo metacarpo 
 
1 Alta 
CE na articulação do boleto e 
remodelamento ósseo 
 
1 Alta 
Artrite séptica 1 Alta 
Deformidade flexural 1 Alta 
 
Tabela 2 - Casuística das patologias locomotoras ocorridas no HE Clinilab durante o período do ESO. 
 Reis (2014) cita em seu trabalho a observação dos sinais clínicos, radiografia 
e bloqueios anestésicos como métodos de diagnóstico da laminite. No HE Clinilab o 
diagnóstico era realizado com as duas primeiras técnicas citadas. Os animais 
acometidos com tal patologia eram alojados em baias de areia e tinham como 
medicação padrão a fenilbutazona (4,4mg/kg IV) e o omeprazol (4mg/kg VO), ambos 
sendo administrados uma vez ao dia durante todo o internamento desses animais. A 
fenilbutazona variava entre apresentação oral e intravenosa. Outras medicações eram 
acrescentadas de acordo com a necessidade do caso. Andrade (2002), Reis (2014) e 
Nascimento (2015) recomendam o uso da fenilbutazona, na mesma dosagem usada, 
para alívio da dor em animais com laminite. O omeprazol deve ser usado para 
prevenção de úlceras gástricas que podem ser provocadas pela administração 
recorrente anti-inflamatório (WHITE, 2007). 
Também faziam parte da dieta desses animais o óleo de girassol e suplementos 
vitamínico, minerais e aminoácido (Glicol Turbo e Laminact Turbo). Segundo a 
empresa fabricante, esses suplementos melhoram o apetite e o desenvolvimento 
corporal. A quantidade fornecida aos animais eram 10ml do Glicol Turbo e 30g do 
10 
 
Laminact Turbo, uma vez ao dia. Porém essa quantidade não é condizente ao indicado 
pela empresa fabricante, que preconiza 25ml do primeiro e 50g do segundo, também 
uma vez ao dia. 
 Além do exame clínico rotineiro, os animais passavam por uma avaliação 
específica (Anexo 4), que tinha por objetivo analisara escala de conforto em que cada 
animal se encontrava, ocorrendo a cada dois dias, e servia como base para 
estabelecer novos protocolos terapêuticos. 
 Todos os animais eram casqueados de acordo com a avaliação do médico 
veterinário. O tratamento consistia em, basicamente, curetar o tecido necrosado do 
casco para dar espaço a um novo tecido (Figura 4 D). Era realizado primeiramente o 
corte nas pinças com o objetivo de diminuir a força de apoio sobre a face dorsal da 
parede do casco, esse tratamento é citado por Nascimento (2015). Diariamente eram 
realizados pedilúvio com permanganato de potássio (KMnO4), aplicação de 
monometilol dimetil hidantoína (Formoped) e bandagem protetora. A frequência 
variava de uma a duas vezes por dia dependendo de cada caso (Figura 4 C). O 
trabalho desenvolvido por Borges et. al. (2004) foi o único encontrado que cita a 
utilização do permanganato de potássio em animais com laminite, porém durante a 
evolução dos animais internados no hospital foi possível observar a sua eficácia. 
Para o diagnóstico dos animais que estavam acometidos por fratura do 
segundo metacarpo, CE na articulação do boleto e remodelamento ósseo foram 
realizados exames de ultrassom e raio x, tiveram como terapêutica crioterapia no lugar 
da lesão, duas vezes ao dia, durante 15 minutos, durante todo o período de 
internamento e sessões de shockwave. O shockwave se revela como uma nova 
modalidade terapêutica para ferimentos e lesões locomotoras de equinos e tem 
ganhado o mercado do cavalo exponencialmente nos últimos cinco anos. Caracteriza-
se pela emissão de ondas de choque extracorpóreas com o objetivo de alívio da dor 
e cicatrização da lesão (CAMINOTO, 2003; McCLURE, et. al., 2004; ROSÁRIO, 
2016). Observou-se que o resultado dessa terapêutica foi satisfatório. O alívio da dor 
e a diminuição da claudicação são imediatos ao final das sessões. 
 Para o diagnóstico da artrite séptica realizou-se exames de raio x e 
ultrassonografia. Segundo Vieira (2009) tais exames em conjunto são ideais para 
diagnosticar a patologia, assim como sua gravidade. Ainda segundo o mesmo autor, 
11 
 
outros exames como avaliação do líquido sinovial e artroscopia podem ser utilizados 
a depender do caso clínico. 
No tratamento foi realizada lavagem intra-articular com soro ozonizado, 10 ml 
de ceftriaxona diluída em 500 ml de cloreto de sódio 0,9% e bag de ozônio intra-
articular nos primeiros três dias de internamento (Figura 4 A). Também foi feita 
perfusão regional com 10 ml de ceftriaxona diluída em 40 ml de solução fisiológica, 
dia sim dia não por quatro sessões. Foi feito curativo da ferida, inicial à artrite séptica, 
duas vezes ao dia com clorexidine degermante a 2% e clorexidine alcoólico a 1%, óleo 
ozonizado e bandagem protetora. A medicação sistêmica utilizada foi flunixina 
meglumina (1,1mg/kg IV), uma vez ao dia, durante dez dias. 
A aplicação da ozonioterapia na medicina equina vem crescendo nos últimos 
tempos mostrando resultados positivos. Segundo Morette (2011), pode ser utilizada 
em cavidades, bem como em preparo de soluções. Vieira (2009) recomenda o uso de 
antibióticos e anti-inflamatórios sistêmicos na resolução da patologia supracitada. 
 Por fim, o diagnóstico da deformidade flexural foi possibilitado através da 
verificação da contratura dos tendões flexores. O animal adquiriu deformidade angular 
durante o internamento, causado, possivelmente, pela fabricação da tala com material 
incorreto (cano de PVC). Neste caso foram realizados exames radiológicos para 
acompanhamento da evolução clínica do paciente, essa conduta é citada por 
Thomassian (2005). Para o tratamento, utilizou-se bandagens e talas corretivas na 
face plantar dos membros anteriores (Figura 4 B) conforme indicado por Díaz (2014). 
Foi também realizadas sessões de fisioterapia no intuito de induzir o reflexo miotático 
inverso e consequente relaxamento dos músculos flexores. Esse tratamento é 
recomendado pelos autores Rizzoni e Miyauchi (2012) e Rosa, et. al. (2006). Os 
últimos ainda afirmam que a fisioterapia é uma das modalidades mais acessíveis e 
eficientes. Por meio dela são obtidos relaxamento muscular, aumento da circulação, 
alivio da dor, redução de edema e mobilização dos tecidos que sofreram contraturas. 
Na terapeutica sistêmica foram utilizados oxitetraciclina (10mg/kg) e flunixina 
meglumina (1,1mg/kg), ambas em dose única. 
12 
 
 
Figura 4 – Atendimento dos animais com patologias locomotoras durante o ESO no HE Clinilab. A - 
Realização da ozonioterapia intra-articular. B - Uso de talas corretivas em deformidade flexural. C - 
Realização do pedilúvio em animal com laminite. D - Curetagem de tecido necrosado do casco de 
animal com laminite. Fonte: Arquivo pessoal, 2017. 
2.1.3.3 Patologia oftálmica 
Durante o ESO ficou internada no hospital uma égua acometida por 
“derretimento de córnea” ou Melting. Essa patologia manifesta-se como uma 
opacidade cinza e gelatinosa em qualquer região córnea e geralmente ocorre de forma 
secundária (AZEVEDO, et. al, 2014). No caso em questão a causa primária foi tétano. 
Foi realizado o diagnóstico através dos sinais clínicos. O exame de fluoresceína 
e ultrassonografia da câmara anterior foram feitos para descartar a possibilidade de 
acometimento de outras estruturas oculares. Stephen e Warwick (2000) indicam a 
ultrassonografia ocular em casos de opacidade de uma ou mais estruturas oculares. 
Durante o internamento esse animal passou por duas cirurgias, sendo elas flap de 
terceira pálpebra e tarsorafia temporária. Segundo Santos, et. al. (2015) essas 
técnicas cirúrgicas fornecem suporte e apoio mecânico a córnea e aporte vascular, 
auxiliando no processo de cicatrização local. 
13 
 
 
Figura 5 – Evolução do quando clínico de Melting acompanhado durante o ESO no HE Clinilab. A - 
Lesão inicial. B - Lesão após 4 dias de aplicação das células-tronco. C - Lesão após 30 dias da 
aplicação de células-tronco. Fonte: Arquivo pessoal. 
Durante todo o período de internamento foi utilizada uma sonda subpalpebral 
para aplicação de medicamentos oculares. Para o tratamento tópico foi utilizado soro 
autólogo, soro ozonizado e tobramicina em colírio, administrados de duas em duas 
horas, todos na quantidade de duas gotas de cada. Além disso, teve como medicação 
sistemica flunixina meglumina (1,1 mg/kg IV) uma vez ao dia, durante todo o período 
de internamento. Todos os medicamentos citados acima, exceto o soro ozonizado, 
são recomendados por Santos, et al. (2015). 
Por fim, foi realizada a aplicação de células-tronco intraocular. Essa técnica 
ainda está sendo testada (dados não publicados), no entanto a melhora no quadro do 
paciente foi altamente satisfatória (Figura 5). 
2.1.3.4 Acidente ofídico 
Foi avaliado um animal encaminhado ao HE Clinlab devido a um acidente 
ofídico ocorrido durante uma vaquejada. O diagnóstico foi obtido com base na 
anamnese e histórico do animal, bem como através da identificação da serpente, 
sendo esta uma Jararaca (Bothrops jararaca). As serpentes desse gênero possuem 
14 
 
hábitos noturnos, se alimentam principalmente de pequenos roedores e atacam 
subitamente (RAPOSO, et. al., 2001). 
Para o tratamento foi realizado fluidoterapia com ringer com lactato e cloreto de 
sódio 0,9%, manitol (1g/kg IV) e dimetilsulfóxido (DMSO) (1g/kg IV), ambos em dose 
única. Foi administrado também dexametasona (0,5mg/kg IV), flunixina meglumina 
(1,1mg/kg IV) e formol a 10% (3mg/kg IV) diluído na fluidoterapia e sulfatrimetropim 
(15mg/kg IM). Todos os fármacos foram administrados uma vez ao dia durante o 
período de internamento do animal. Adicionalmente, foi administrado soro antiofídico 
polivalente, dois pordia durante os quatro dias. 
O veneno da Jararaca provoca inflamação local, necrose e dano ao epitélio 
vascular e liberação de histaminas e bradicininas, além de ter efeito proteolítico, 
necrosante, coagulante, hemorrágico e nefrotóxico (RAPOSO, et. al., 2001). Parte do 
tratamento realizado está de acordo com Azevedo-Marques, et. al. (2003). As doses 
terapêuticas utilizadas são indicadas por Viana (2014) e Orsini e Divers (2008). 
2.1.3.5 Corte acidental com chifre de boi 
 Chegou ao hospital um equino com um corte no terço final do pescoço, próximo 
a veia jugular, ocorrido de forma acidental por chifre de boi. O animal se feriu em uma 
vaquejada e foi encaminhado diretamente ao hospital logo após o ocorrido. Para o 
seu tratamento, foi realizado curativos duas vezes por dia, utilizando soro ozonizado, 
clorexidine degermante a 2%, clorexidine hidroalcoólico a 1%, óleo ozonizado, açúcar 
e spray cicatrizante (Spray Prata). No protocolo sistêmico, foi utilizado sulfatrimetropim 
(15mg/kg IM) e flunixina meglumina (1,1mg/kg IV), ambos uma vez ao dia, conforme 
Viana (2014). 
O açúcar é um produto amplamente utilizado para a cicatrização de feridas em 
equinos, possui propriedades bactericidas e tem fácil acessibilidade. Além disso induz 
a diminuição de congestão e o edema local das feridas e também estimula a 
epitelização e a granulação tecidual (MONTEIRO, et. al., 2007). O uso de anti-
inflamatórios e antibióticos é recomendado para auxiliar a cicatrização tecidual. 
2.1.3.6 Patologia linfática 
 No período do estágio chegou ao hospital um caso de linfangite infecciosa 
(figura 6 B e C). O diagnóstico foi constatado através dos sinais clínico, no entanto 
15 
 
foram realizados exames de raio x e ultrassonografia para identificar se havia 
comprometimento articular. No tratamento desta patologia foram realizados curativos 
duas vezes ao dia utilizando soro ozonizado, água oxigenada, clorexidine degermante 
a 2%, clorexidine alcoólico a 1%, bag de ozônio (Figura 6 A), óleo ozonizado, açúcar 
e bandagem protetora. Garcia, et. al. (2008) usou a ozonioterapia como terapêutica 
para uma ferida cutânea provocada por habronemose, sendo a resolução do caso 
satisfatória. 
Foram realizadas quatro perfusões regionais, utilizando 10 ml de ceftriaxona 
diluída em 40 ml de cloreto de sódio 0,9%. Segundo Fontes, et. al. (2014) essa é uma 
técnica que tem apresentado excelentes resultados no tratamento de feridas. Teve 
como tratamento sistêmico ceftiofur (2,2mg/kg IV), fenilbutazona (4,4mg/kg IV) e 
omeprazol (4mg/kg VO), sendo todos uma vez ao dia. Os autores Barbon, et. al. 
(2014) cita em seu trabalho a utilização de antibióticos, anti-inflamatórios e corticoides 
no intuito de reduzir o edema, a infecção, a inflamação e aumentar a perfusão tecidual. 
Por fim, utilizam o omeprazol como protetor gástrico. 
 
Figura 6 – Animal acometido pela linfangite infecciosa durante o ESO no HE Clinilab. A - Tratamento 
com Bag de ozônio. B - Face lateral do membro posterior direito com a lesão. C - Face medial do 
membro posterior direito com a lesão. Fonte: Arquivo pessoal, 2017. 
16 
 
2.1.3.7 Atendimento externo 
No ESO foram realizadas cinco visitas externas em alguns haras da região 
metropolitana de Salvador e cidades do interior da Bahia. Nessas visitas foram 
realizadas, coleta de sangue e resenha para exame de Anemia Infecciona Equina 
(AIE) e mormo, coleta de sangue para hemograma, vacinação, tratamento com 
shockwave (Figura 7 B e C), exame de claudicação, de raio x e de ultrassonografia e 
atendimento clínico (Gráfico 2). 
 
Gráfico 2 – Atividades realizadas em atendimento externo durante o período do ESO no HE Clinilab. 
O atendimento clínico foi realizado em uma cidade do interior da Bahia. O 
animal se encontrava na baia, em decúbito lateral e com sinais neurológicos. O 
diagnóstico foi de infecção por herpesvírus. No tratamento foi utilizado DMSO (1g/kg 
IV) diluído em 15 litros de fluidoterapia, dez litros de ringer com lactato e cinco de 
cloreto de sódio 0,9% (Figura 7 A). Foi administrado também dexametasona 
(0,5mg/kg IV) em duas doses, um frasco de hidrocortisona (500mg IV) dose única, 
flunixina meglumina (1,1 mg/kg IV) em duas doses e manitol (1g/kg IV). O tratamento 
efetuado baseou-se na sintomatologia nervosa apresentada pelo animal, ainda não 
existe tratamento específico para herpesvírus equino (STEPHEN e WARWINCK, 
2000). 
Devido a agitação, o animal foi sedado com xilazina (1mg/kg IV) e diazepam 
(0,01mg/kg IV), conforme necessidade e avaliação do veterinário (THOMASSIAN, 
Vacinação
30%
Coleta de sangue
20%
Shockwave
20%
Ultrassonografia
5%
Exame de claudicação
20%
Atendimento clínico
5%
Atividades realizadas
Vacinação Coleta de sangue Shockwave
Ultrassonografia Exame de claudicação Atendimento clínico
17 
 
2005 e DOHERTY e VALVERDE, 2008). O animal não apresentou melhoras nas 12 
horas após atendimento, sendo assim, optou-se pela eutanásia. Para o diagnóstico 
definitivo seria necessário a identificação do agente ou de anticorpos através do 
material biológico do animal (THOMASSIAN, 2005 e CUNHA et. al. 2002). 
 
Figura 7 – Atividades realizadas em atendimento externo durante o período do ESO no HE Clinilab. A 
- Fluidoterapia e aplicação de medicamentos em égua com infecção por herpesvírus. B - Tratamento 
com o uso do shockwave em fratura de vértebra sacral. C - Tratamento realizado com o uso do 
shockwave no boleto do membro posterior de um cavalo com lesão articular. Fonte: Arquivo pessoal, 
2017. 
2.1.3.8 Eutanásias 
Foram acompanhadas sete eutanásias, sendo realizadas por diversas causas: 
laminite (2); infecção por herpes vírus (1); por estenose medular (1); complicação pós 
cirúrgica de cólica (3), tais como intoxicação por amônia, necrose de cólon e sua 
inviabilidade e rompimento de material fecal na cavidade (Gráfico 2). Em todos os 
casos a eutanásia foi decidida pelo médico veterinário junto ao proprietário com o 
objetivo de cessar a dor do animal em casos que o prognóstico era desfavorável. 
18 
 
 O protocolo do procedimento era iniciado com a anestesia geral no paciente 
usando como medicação pré-anestésica (MPA) xilazina (1mg/kg). Em seguida, era 
realizada a indução com cetamina (2mg/kg). Após isso, era aplicado 40 ml de lidocaína 
intratecal para que o animal fosse a óbito. Segundo Doherty e Valverde (2008) a 
utilização de alfa2-agosnista causa retardamento na circulação sanguínea do animal 
e seu uso deve ser evitado, porém os autores Amaral et. al. (2011) e Spinosa, et. al. 
(2011) indicam o uso desse sedativo junto a barbitúricos na eutanásia e\ou na 
anestesia prévia a eutanásia com utilização da lidocaína intratecal. O óbito era 
confirmado após a verificação da parada cardíaca e perda dos reflexos, assim como 
referenciado por Doherty e Valverde (2008). 
 
Gráfico 3 – Representação esquemática da casuística das eutanásias realizadas durante o período do 
ESO no HE Clinilab. 
 
 
 
 
 
 
 
Laminite
29%
Complicação de 
cólica pós cirúrgico
43%
Estenose medular
14%
Herpes Vírus
14%
Eutanásias
Laminite Complicação de cólica pós cirúrgico Estenose medular Herpes Vírus
19 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RELATO DE CASO: PARTO DISTÓCICO EM ÉGUA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
2.2 Relato de caso 
2.2.1 Introdução 
 A gestação equina tem seu início no momento da união entre os gametas 
feminino e masculino. Após isso, ocorrem uma série de mudanças hormonais e físicas 
na égua para que haja o desenvolvimento e nascimento do concepto (FRANDSON, 
et. al., 2011). O reconhecimentoda prenhez em éguas é o mais precoce entre os 
animais domésticos. Segundo Prestes e Landin-Alvarenga (2006) o embrião viável 
secreta progesterona provocando o relaxamento da musculatura ampola-istmo, 
garantindo assim sua liberação no corpo uterino. 
No início do desenvolvimento o embrião equino possui capacidade de 
mobilidade entre os cornos uterinos, esse mecanismo é também responsável pelo 
reconhecimento materno. Tal mobilidade é possível graças a sua forma esférica, 
presença de capsula resistente e orientação longitudinal das dobras endometriais 
(PRESTES e LANDIN-ALVARENGA, 2006 e FRANDSON, et. al., 2011). 
A produção da progesterona é indispensável para a manutenção da prenhez e 
desenvolvimento do concepto, a sua produção se dá inicialmente pelo corpo lúteo (CL) 
e, em seguida, pela placenta. Nos equinos a placenta possui importantes funções 
como nutrir do feto, excretar os metabólitos produzidos pelo mesmo e produzir a 
Gonadotrofina Coriônica Equina (eCG). Essa substância está presente do primeiro ao 
quarto mês de gestação, é secretada pelos cálices endometriais e estimula a 
luteinização de CL acessórios, garantindo assim fontes secundárias de progesterona 
(PRESTES e LANDIN-ALVARENGA, 2006, FRANDSON, et. al., 2011 e STEPHEN e 
WARWICK, 2000). 
 A placenta equina possui três classificações, semiplacenta ou adecidua, 
epiteliocorial e difusa (Figura 8). A primeira está relacionada a sua liberação após o 
parto, que pode demorar até três horas. A segunda é de acordo com as camadas 
celulares. O córion do feto fica em contato direto com o epitélio uterino materno, porém 
não há qualquer contato entre o sangue materno e fetal. A terceira classificação é 
devido a inserção das vilosidades placentárias ao epitélio uterino (PRESTES e 
LANDIN-ALVARENGA, 2006, FRANDSON, et. al., 2011). 
 
21 
 
 
Figura 8 – Placenta equina do tipo epitéliocorial. Fonte: PRESTES e LANDIN-ALVARENGA, 2006. 
A gestação das éguas dura aproximadamente 340 dias, podendo variar de 315 
a 400 dias. Vários fatores podem influenciar nessa variação, sendo eles, a estação do 
ano, a idade da égua, fatores genéticos e ambientais. Nos equinos o feto macho tem 
uma ligeira maior duração na gestação (um a dois dias) do que as fêmeas (PRESTES 
e LANDIN-ALVARENGA, 2006). 
 Eutocia se define por um parto normal sem complicações, diferente da distocia 
que tem como conceito dificuldade na expulsão do feto pelo útero. Pode ter origem 
materna e fetal. As distocias de origem materna são aquelas que ocorrem devido a 
anomalias uterinas, vaginais, vulvares e pélvicas, porém são pouco comuns na 
espécie equina. Aquelas de origem fetal têm como principais causas problemas de 
estática e malformações fetais e são mais frequentes (RODRIGUEZ, et. al., 2015 e 
PRESTES e LANDIN-ALVARENGA, 2006). 
 Segundo Prestes (2000) em 95 a 97% dos partos eutócicos de éguas, a estática 
fetal predominante é a apresentação longitudinal anterior, posição superior e atitude 
estendida, sendo configurado distocia qualquer alteração desta disposição. Após 
constatação de parto distócio a intervenção deve ser feita de forma imediata, pois a 
permanência do potro 30 a 40 minutos a mais no útero é suficiente para provocar sua 
morte por asfixia. (RODRIGUEZ, et. al., 2015). 
22 
 
2.2.2 Revisão de Literatura 
2.2.2.1 Fisiologia da gestação equina 
O início da gestação se dá com a fecundação, a qual se caracteriza pela fusão 
dos gametas feminino e masculino, e ocorre na ampolada tuba uterina, local onde o 
embrião formado, posteriormente, é transportado para o lúmen uterino no 5° ou 6° dia 
após a fecundação. Na espécie equina, o embrião migra entre os cornos e corpo 
uterino (Figura 9). Esse movimento é responsável pela manutenção do CL e pelos 
fatores de identificação da gestação, sendo que a falta do mesmo resulta em falha na 
manutenção da prenhez (STEPHEN e WARWICK, 2000). 
 
Figura 9 – Movimentação do embrião equino nos cornos uterinos. Fonte: PRESTES e LANDIN-
ALVARENGA, 2006. 
As células trofoblásticas fetais povoam o endométrio materno por volta do 35° 
ao 40° dia de gestação, sendo este processo responsável pela formação dos cálices 
endometriais. O CL primário produz progesterona mantendo o início da prenhez até 
que os cálices endometriais comecem a produção da eCG, dando assim, continuidade 
aos níveis de progesterona circulantes pela formação de CL secundários (STEPHEN 
e WARWICK, 2000; PRESTES e LANDIN-ALVARENGA, 2006). 
23 
 
Por volta do 33° ao 40° dia os cálices endometriais começam a produção de 
eCG, tendo seu pico em torno do 55° ao 70° dia (PRESTES e LANDIN-ALVARENGA, 
2006) ou do 50° ao 60° dia (STEPHEN e WARWICK, 2000), acompanhado pelo seu 
crescimento máximo. Essa produção começa a entrar em declínio por volta do 80° ao 
90° dia e sessa do 120° ao 150° dia, junto com seu regresso, por uma resposta imune 
materna de destruição das células dos cálices. 
 Enquanto a gestação progride a concentração de progesterona declina ficando 
indetectável na metade final da gestação. Entretanto as concentrações de seus 
metabólitos (5α-diidroprogesterona, pregnanos, pregnenos e pregnenolona) 
continuam elevadas. Durante essa mesma fase, há a presença de concentrações de 
estrógeno no sangue e na urina, sendo as gônadas fetais e a placenta unidades 
necessárias para a sua produção. No final da gestação há um decaimento do 
estrógeno e aumento de progesterona com queda abrupta após o parto (Gráfico 4) 
(STEPHEN e WARWICK, 2000). 
 
Gráfico 4 – Representação esquemática das variações de concentrações hormonais sanguíneas em 
éguas durante a gestação e o parto. Fonte: PRESTES e LANDIN-ALVARENGA, 2006. 
2.2.2.2 Parto 
O parto é definido como um processo fisiológico pelo qual o feto é expulso do 
útero da égua junto com suas membranas fetais, e para isso mudanças físicas e 
hormonais acontecem na égua afim de prepará-la. Na metade final da gestação o 
abdômen da fêmea aumenta consideravelmente de tamanho e sofre uma “queda”, 
resultado do relaxamento dos músculos abdominais, fato importante para o 
posicionamento e expulsão do feto (STEPHEN e WARWICK, 2000). 
24 
 
 Também nesse período os níveis de progesterona caem consideravelmente, 
outras modificações como aumento de úbere, presença de uma secreção sebácea 
nas tetas, relaxamento dos ligamentos pélvicos e da vulva, aumento no diâmetro da 
vagina, diminuição da temperatura corporal, sudorese e sinais de cólica são notados. 
A dilatação do canal do parto pelo feto, induz a liberação de ocitocina, tornando alto 
seus níveis circulantes e provocando as contrações uterinas para expulsão do mesmo 
(STEPHEN e WARWICK, 2000). Nas éguas o parto é dividido em três estágios 
(PRESTES e LANDIN-ALVARENGA, 2006). 
 No primeiro estágio ocorrem mudanças físicas na égua, como relaxamento dos 
ligamentos sacro-ilíacos e relaxamento da vulva, ainda nesse estágio acontecem 
também alterações comportamentais como inapetência, deitar e levantar, mímica de 
dor, parar de comer, escavar o solo, inquietude e sudorese. Na maioria das éguas o 
colostro escorre pelas tetas, esse mecanismo é associado a liberação de ocitocina, 
assim como as contrações uterinas, que ocorrem de maneira intermitente e possui 
duração variável, no início de um a dois minutos e perto do parto pode chegar até 20 
minutos (STEPHEN e WARWICK, 2000 e FINGER et al, 2010). 
Ocorre então a mudança de posição do potro e os membros e a cabeça devem 
estar estendidos em direção ao canal do parto. Os membros impulsionados contra a 
cérvix forçam a membrana corioalantóide, provocando sua ruptura encerrando-se 
assim o primeiro estágio. Em um parto eutócico essa fase do parto pode durar de uma 
a quatro horas(STEPHEN e WARWICK, 2000 e PARADIS, 2006). 
Durante o segundo estágio a égua permanece deitada a maior parte do tempo, 
exercendo força para a expulsão do feto. Com o posicionamento do potro no canal do 
parto ocorre um alargamento da cervix, em resposta a isso se dá um estímulo 
neuroendócrino que leva a liberação de ocitocina. O incremento desse hormônio 
provoca o aumento das contrações uterinas, dilatação dos tecidos moles da pelve e 
contrações da musculatura abdominal (FINGER, et. al., 2010 e STEPHEN e 
WARWICK, 2000). 
O nascimento do potro indica o final desse estágio, geralmente após o 
nascimento a membrana amniótica permanece intacta, sendo retirada após o parto. 
O tempo médio desse período é de 20 minutos, se esse tempo for excedido é 
25 
 
necessária intervenção para garantir a segurança do potro e da égua durante o parto 
(FINGER, et. al., 2010 e STEPHEN e WARWICK, 2000). 
O terceiro estágio vai desde o nascimento do potro até involução uterina da 
égua. Após o parto deve-se iniciar os cuidados básicos com o potro se necessário, 
como realização de enema em caso de retenção de mecônio e aplicação de iodo no 
umbigo (PRESTES e LANDIN-ALVARENGA, 2006). A placenta deve se desprender 
entre duas a quatro horas após o parto, se isso não acontecer deve-se iniciar um 
tratamento na égua para possíveis inflamações, infecções e laminite (STEPHEN e 
WARWICK, 2000). 
O mecanismo que inicia o parto na espécie equina ainda não é totalmente 
elucidado, acredita-se que seja de forma semelhante ao dos outros mamíferos onde 
o feto seja o responsável, liberando cortisol pelas glândulas adrenais oito dias antes 
do parto (PRESTES e LANDIN-ALVARENGA, 2006). 
2.2.2.3 Distocia 
 Segundo Prestes e Lourenção, (2015), a porcentagem de parto distócicos em 
equinos é baixa, porém esse número pode elevar-se devido aos tipos de cruzamento 
desproporcionais, principalmente naqueles em que a égua é consideravelmente 
menor que o garanhão. Essa patologia é menos frequente, porém quando se 
apresenta deve ser encarada de forma emergencial, razão pela qual o parto na 
espécie equina se dá rapidamente, se a intervenção não for feita de forma eficiente 
pode causar o óbito materno e fetal (STEPHEN e WARWICK, 2000, PRESTES, 2000 
e THOMASSIAN, 2005). 
 Na sua grande maioria a distocia é oriunda de causas fetais, onde a principal 
razão são anormalidades posturais devido ao tamanho dos membros do feto. O 
mesmo deve ser expulso do útero 20 a 30 minutos após o rompimento da membrana 
corionalantóica (STEPHEN e WARWICK, 2000). A manipulação obstétrica deve ser 
feita de forma cuidadosa para que não haja laceração de qualquer estrutura 
reprodutiva da égua. A estática fetal deve ser sempre corrigida previamente a tração 
forçada, evitando assim danos ao potro e a mãe (PRESTES e LOURENÇÃO, 2015). 
 A estática fetal é classificada em três critérios, em relação a apresentação, 
posição e atitude. Sendo que apresentação é a relação entre os eixos longitudinal da 
26 
 
mãe e do feto, a posição é a relação entre a porção dorsal do feto comparado ao dorso 
materno e a atitude é a relação das partes do feto com seu próprio corpo. Em um parto 
eutócio o feto tem apresentação longitudinal anterior, posição superior e atitude 
estendida com membros e cabeça insinuados no quadrante pélvico (Figura 10). 
Qualquer alteração dessa estática fetal configura parto ditócico (RODRIGUEZ, et. al., 
2015 e PRESTES e LANDIM-ALVARENGA, 2006). 
 
Figura 10 - Estática fetal em parto eutócico. Fonte: BLANCHAR et. al., 2011. 
 Diante da distócia é necessário a realização de um rápido exame geral 
completo prévio ao exame obstétrico específico. A mama requer atenção especial, 
deve ser observado se há edema e presença do colostro (PRESTES, 2000). No 
exame específico é avaliado o estado do canal do parto, dos anexos fetais e do feto. 
O primeiro deve estar dilatado, lubrificado e com integridade nas mucosas. O segundo 
podem estar íntegros ou rompidos, sendo o liquido alantoide de coloração amarelada 
(urina fetal) e o líquido amniótico claro e mucoso. O terceiro é avaliado em relação ao 
tamanho, estática, malformações e viabilidade, sendo os principais sinais de 
viabilidade a movimentação espontânea à palpação, pulso dos vasos do cordão 
umbilical e presença dos reflexos de sucção, ocular e anal. (PRESTES e LANDIM-
ALVARENGA, 2006 e RODRIGUEZ, et. al., 2015). Os autores Stephen e Warwick 
(2000) e Rodriguez, et. al. (2015) sugerem a realização do exame por via retal 
previamente ao vaginal, pois permite a avaliação do corpo uterino, podendo assim 
detectar torção uterina e ruptura das artérias uterinas e do próprio útero. Somente 
após os exames realizados é possível estabelecer um diagnóstico, prognóstico e 
tratamento adequado. 
27 
 
 2.2.2.3.1 Origem materna 
 As distocias de origem maternas ocorrerem com menos frequência em éguas, 
pois a reprodução equina tem atualmente um grande valor comercial, nessa área são 
empregadas biotecnologias avançadas e os acasalamentos são realizados de forma 
criteriosa, junto a isso, a pelve das éguas constituem forma circular e base plana, 
característica que lhe permite um parto rápido e sem obstáculo. Quando essa 
patologia ocorre geralmente está relacionada a defeitos anatômicas de útero, vulva, 
vagina e cérvix (PRESTES e LANDIM-ALVARENGA, 2006). 
Entre as anomalias vulvares as principais são estreitamento por cicatrizes, 
tumores, edema excessivo, defeitos anatômicos e infantilismo. Essas anomalias são 
detectáveis no exame obstétrico específico, a correção é possível na maioria dos 
casos e é realizada cirurgicamente ou pela episiotomia. Anomalias vaginais quase não 
ocorre, porém, éguas que passaram pela episiotomia merecem atenção, pois a 
cicatrização pode estreitar o início do canal vaginal (PRESTES e LANDIM-
ALVARENGA, 2006). 
 A cérvix pode não dilatar no momento do parto, porém manualmente isso é 
facilmente corrigido. Deve-se tomar cuidado ao tracionar o potro, evitando lacerações 
cervicais e serias consequências à fertilidade da égua. As anomalias uterinas são as 
mais frequentes, podendo ocorrer atonia, hipertonia, torção e prolapso uterino 
(PRESTES e LANDIM-ALVARENGA, 2006). 
A atonia uterina pode acontecer de forma primária, quando o útero não contrai, 
ou secundária, por exaustão. A hipertonia é algo particular da espécie equina, é 
causada pelas contrações uterinas vigorosas, o seu tratamento deve ser realizado 
com o uso de tranquilizantes e substâncias tocolíticas. A torção uterina ocorre de 
maneira casual em equinos, normalmente é secundária ao parto, originada pela 
mímica de dor (deitar e levantar) durante a sua fase inicial. O prolapso do útero é raro 
em equinos, porém é mais provável após o parto distócico ou retenção de placenta. A 
reposição do órgão deve ser feita após sua lavagem, utilizando pontos de sutura em 
formato de “U” na extensão da vulva. A égua pode vir a óbito pela liberação de 
microtrompos após a correção uterina (PRESTES e LANDIM-ALVARENGA, 2006). 
28 
 
 2.2.2.3.2 Origem fetal 
 As distocias de origem fetal podem ser causadas por deficiências de corticoides 
adrenais, tamanho do feto, defeitos anatômicos, ascite, anasarca, hidrocefalia e 
alterações na estática fetal, sendo a última a mais importante (PRESTES e LANDIM-
ALVARENGA, 2006). A estática fetal incorreta pode apresentar-se de várias formas 
(Figura 11 e 12) e para sua correção é necessário a realização de manobras 
obstétricas. O método de correção mais utilizado é a mutação, o qual tem o objetivo 
do retorno do feto a sua apresentação, posição e atitude normal por retropulsão, 
extensão, rotação, versão e tração (STEPHEN E WARWICK, 2000). 
 
Figura11 - Quadro 1 – Estática fetal incorreta em apresentações longitudinais. A - Apresentação 
longitudinal posterior e posição inferior. B - Apresentação anterior, posição posterior com insinuação 
dos quatro membros. C - Membros posteriores flexionados de forma errada no canal do parto. D - 
Flexão bilateral da articulação coxofemoral. Fonte: (PRESTES e LANDIM-ALVARENGA, 2006). 
 
29 
 
 
Figura 11 – Quadro 2 – Estática fetal incorreta em apresentações transversais. A e B – Transverso 
ventral. C – Transverso dorsal. (PRESTES e LANDIM-ALVARENGA, 2006). 
A retropulsão consiste em empurrar o feto para dentro do útero longe da 
entrada pélvica, de modo que ele possa ser manipulado para mudar a posição em que 
se encontra; a extensão, consiste em estender porções do corpo em flexão; a rotação, 
tem o objetivo de girar o feto sobre seu eixo longitudinal, ao realizar essa manobra 
deve-se tomar cuidado para não provocar torção uterina, o uso do garfo obstétrico 
nessa técnica é satisfatório; a versão, consiste em mudar a apresentação do feto para 
longitudinal; e finalmente a tração, tem o objetivo tracionar o feto devidamente 
insinuado, essa manobra deve ser feita em sintonia com as contrações uterinas 
(PRESTES e LANDIM-ALVARENGA, 2006 e FRANDSON, et. al, 2011). 
O grande desafio dessas manobras é atingir o objetivo obstétrico do parto com 
o feto vivo e trauma mínimo para a égua e para o potro. Devem ser feitas com cuidados 
e o máximo de higiene possível, o uso de cordas, correntes, ganchos e materiais 
obstétricos específicos podem ser utilizados para auxiliar o veterinário. O uso de 
anestesia peridural, geral ou sedação pode ser requerido conforme cada caso. 
Quando a mutação é malsucedida na tentativa da correção é necessário empregar 
30 
 
outras técnicas como a fetotomia ou a cesariana (PRESTES e LANDIM-ALVARENGA, 
2006, STEPHEN E WARWICK, 2000 e RODRIGUEZ, et. al., 2015). 
A fetotomia é uma técnica obstétrica que se caracteriza pela fragmentação do 
feto em partes menores, promovendo sua remoção pelo canal vaginal. É indicada em 
casos de distocias de impossível correção, fetos grandes, enfisematosos, 
monstruosidades fetais, fetos que sofreram graves mutilações durante as tentativas 
de tração e putrefação fetal. É contraindicada em casos de estreitamento de via fetal, 
ruptura uterina, graves lacerações vaginais e hemorragias (LANDIM-ALVARENGA, 
2006 e RODRIGUEZ, et. al., 2015). Stephen e Warwick (2000) recomenta a fetotomia 
em casos de morte do potro por consequência da estática fetal, pois é um método 
mais rápido que a mutação e menos estressante para a égua. 
 
Figura 12 – Corte realizados durante a fetotomia. A - Sequência de cortes clássicos. B - Sequência de 
cortes possíveis. Fonte: PRESTES e LANDIM-ALVARENGA, 2006. 
A fetotomia é realizada com um aparelho obstétrico específico chamado 
fetótomo, ele tem como princípio realizar cortes longitudinais, transversais ou 
diagonais no feto com um fio serra de aço em movimentos de vai e vem. A literatura 
cita oito tipos de cortes clássicos, não devem ser regra em casos de anomalias 
anatômicas (Figura 13). Deve-se tomar cuidados nos cortes torácicos, pois deixam 
31 
 
pontas ósseas expostas, sua remoção deve ser feita com cautela para segurança da 
égua (PRESTES e LANDIM-ALVARENGA, 2006). 
 Geralmente opta-se pelo tratamento cirúrgico após as manobras obstétricas e 
a fetotomia fracassarem, porém não deve ser a última opção. A cesariana tem o 
objetivo de retirar o feto vivo ou morto da cavidade uterina da égua por tratamento 
cirúrgico. As principais indicações para esse procedimento são a estática fetal não 
passível de correção por tração manual, pelve juvenil, atonia uterina, fetos grandes, 
monstruosidades fetais, lacerações e hemorragias uterinas, obstruções do canal do 
parto, parto prolongado, torções uterinas irreversíveis, toxemia gravídica e prolapso 
vaginal, cérvico-vaginal e uterino. É contraindicada em casos de feto enfisematoso e 
distúrbios gerais graves da égua (PRESTES e LANDIM-ALVARENGA, 2006, 
RODRIGUEZ, et. al., 2015 e MOREIRA, et. al., 2015). 
 Para a realização da cesariana é necessário estabelecer um protocolo 
anestésico seguro para égua e potro, a abordagem cirúrgica mais utilizada é pela linha 
média com o animal em decúbito dorsal no centro cirúrgico, Rodriguez, et. al. (2015) 
menciona que abordagens pelo flanco com o animal em estação podem também ser 
realizadas até mesmo a campo, porém são menos comuns (RODRIGUEZ, et. al., 2015 
e MOREIRA, et. al., 2015). Stephen e Warwick (2000), sugerem que a abordagem 
paramediana é melhor do que as supracitadas, pois proporciona melhor exposição do 
útero e provoca menos hemorragia. 
 No preparo do animal para a cirurgia deve ser realizado protocolos de 
antibioticoterapia e antitetânico profilático, tricotomia ampla, higienização da boca e 
cascos e rigorosa antissepsia. A incisão inicial deve ser ampla devido ao tamanho do 
feto, após a exteriorização do útero realiza-se a incisão em sua face dorsal da 
curvatura maior, lugar de menor vascularização. Após a retirada do potro deve ser 
feito a ligadura e o corte do cordão umbilical e a inspeção do interior do útero e os 
anexos fetais. Se os últimos estiverem desprendidos poderão ser retirados pelo 
cirurgião, porém se estiverem aderidos devem ser mantidos no local, e deverão ser 
expulsos naturalmente, a retirada forçada pode provocar hemorragia e descolamento 
do endométrio. Durante o pós-operatório é necessário observar a expulsão da 
placenta, a utilização da ocitocina pode ajudar nesse processo. A retenção placentária 
pode levar o animal a ter laminite, metrites, endotoxemia e eventual óbito 
32 
 
(RODRIGUEZ, et. al., 2015, PRESTES e LANDIM-ALVARENGA, 2006 e STEPHEN 
E WARWICK, 2000). 
 2.2.2.3.3 Consequências do parto distócico 
 Os traumas reprodutivos em éguas após o parto são frequentes, ocorrem 
devido a força excessiva que o animal exerce no parto, em éguas nervosas, no auxílio 
inadequado ao parto, em éguas primíparas e também em casos de fetos grandes. As 
lesões mais comuns são lacerações, hemorragias, fístulas retovaginais, rupturas e 
prolapsos (RODRIGUEZ, et. al., 2015). 
 As lacerações ocorrem em qualquer segmento da parte mole do canal fetal 
(períneo, cérvix,vulva, vagina e útero), podendo ser superficiais ou profundas, 
pontuais ou lineares e contidos ou extensos. As lesões uterinas superficiais são de 
difícil diagnóstico e na maioria das vezes regride na involução uterina, já as profundas 
representam sério risco a vida da égua e sua viabilidade reprodutiva, hemorragias, 
aderências e peritonite são complicações advindas desse tipo de lesão (PRESTES, 
2000, PRESTES e LANDIM-ALVARENGA, 2006 e PRESTES e LOURENÇÃO, 2015). 
 A cérvix possui uma mucosa com alta capacidade regenerativa, portanto as 
lesões superficiais são solucionadas espontaneamente, em situações particulares 
pode ocorrer aderência, estenose do lúmen e má formação cervical. Lesões profundas 
provocam perda da função, impossibilitando uma nova gestação. 15 a 20 dias após o 
parto é possível perceber a descontinuidade do anel cervical, sendo assim possível 
qualificar a gravidade e detectar o local da lesão. Essas lesões são mais comuns em 
casos de partos distócicos, onde a tração forçada é feita de maneira incorreta 
(PRESTES, 2000, PRESTES e LANDIM-ALVARENGA e 2006, PRESTES e 
LOURENÇÃO, 2015). 
 O canal vaginal possui rica vascularização, portanto lacerações nessa estrutura 
provocam hemorragia, aderências parciais e totais podem ser observadas como 
consequência. O meato urinário externo e o vestíbulo vaginal devem ser examinados 
com rigor, pois a membrana himenal remanescente, contida nessaestrutura, pode ter 
sido comprometida, causando a égua um quadro de urovagina. A ausência desse 
tecido provoca o refluxo da urina para o fundo vaginal. Vaginites, uretrites e cistites 
podem ser oriundas da urovagina, é necessária a realização de uma uretroplastia para 
33 
 
correção dessa patologia (PRESTES, 2000, PRESTES e LANDIM-ALVARENGA, 
2006 e PRESTES e LOURENÇÃO, 2015). 
 A vulva da égua é uma estrutura muito importante, um simples defeito 
anatômico pode levar o animal a inviabilidade reprodutiva. As lacerações vulvares ou 
perineais são classificadas em três graus. Nas lesões de primeiro grau há 
envolvimento das mucosas do vestíbulo vaginal e da porção superior da vulva, 
incluindo pele com dano muscular mínimo. As lesões de segundo grau são as que 
geram trauma na mucosa e submucosa vulvovestibular e ruptura dos músculos do 
corpo perineal. As lesões de terceiro grau acontece o rompimento da parede dorsal 
da vagina, do assoalho retal, do esfíncter anal e do corpo perineal (Figura 14 B) 
(PRESTES, 2000, PRESTES e LANDIM-ALVARENGA, 2006, PRESTES e 
LOURENÇÃO, 2015 e RODRIGUEZ, et. al., 2015). 
Lacerações de primeiro grau geralmente são auto limitantes, porém pode ser 
realizada a cirurgia de vulvoplastia. Para as lacerações de segundo e terceiro grau a 
vulvoplastia é obrigatoriamente necessária. Há situações em que as lacerações são 
identificadas através da fístula retovaginal, que consiste no estabelecimento de uma 
comunicação do reto com a vagina permitindo a passagem de síbalas e líquidos fecais 
para o interior do trato reprodutivo da égua. (PRESTES, 2000, PRESTES e LANDIM-
ALVARENGA, 2006, PRESTES e LOURENÇÃO, 2015 e RODRIGUEZ, et. al., 2015). 
É normal durante a condução do parto distócico hemorragias focais por 
lacerações superficiais da vagina e rompimento do cordão umbilical. A mesma pode 
ser intensa se ocorrer lesão de grandes vasos em qualquer segmento da parte mole 
do canal fetal. Os locais atingidos podem contaminar-se e formarem abcessos ou 
fístulas (Figura 14 C). Destacamento do endométrio, tração da placenta, perfurações 
nas mucosas e ruptura uterina provocam hemorragias consideráveis, sendo a última 
a mais grave pois o sangue decai sobre a cavidade abdominal causando a mãe uma 
situação infeliz (PRESTES, 2000, PRESTES e LANDIM-ALVARENGA, 2006 e 
PRESTES e LOURENÇÃO, 2015). 
Naturalmente os equinos não são propensos a prolapso de estruturas genitais, 
no entanto podem acontecer. Prolapsos vaginais geralmente são oriundos de trações 
forçadas ou pelo uso de substancias irritantes e inflamatórias. O prolapso uterino 
(Figura 14 A) é raro e quando acontece está relacionado ao parto distócico com 
34 
 
consequente retenção de placenta, ocorrendo algumas horas após a expulsão do feto. 
O prolapso uterino pode provocar ruptura de vasos uterinos internos, choque e 
isquemia de vísceras, levando o animal à morte. Além disso, o dano ao útero 
contaminado predispõe a égua ao desenvolvimento do tétano. O tratamento é focado 
primeiro no controle do esforço com o uso de anestesia ou sedação, o órgão é levado 
para o nível pélvico na tentativa de restaurar a circulação, reduzir o congestionamento 
e diminuir a tração nos ligamentos ovarianos e uterinos que causa dor. Após isso é 
realizada a limpeza e reposicionamento cuidadoso do órgão a cavidade, deve-se 
preenche-lo com solução salina para evitar um novo prolapso, o excesso da solução 
deve ser retirado (BLANCHARD, et. al., 2003, PRESTES, 2000, PRESTES e LANDIM-
ALVARENGA, 2006 e PRESTES e LOURENÇÃO, 2015). 
 
Figura 13 – Complicações possíveis após parto distócico. A - Prolapso uterino, observando-se pontos 
necróticos e órgão desidratado. Fonte: PRESTES, 2000. B - Laceração perineal de terceiro grau. Fonte: 
RODRIGUEZ, et. al, 2015. C - Fístula vaginal. Fonte: Arquivo pessoal, 2017. 
Após o parto, sendo ele distócio ou eutócico, é necessária a realização do 
exame geral e obstétrico específico da égua, como visto no presente tópico muitas 
complicações pós-parto podem ocorrer e a viabilidade reprodutiva da égua e sua 
saúde dependem disso (PRESTES e LOURENÇÃO, 2015). 
35 
 
2.2.3 Caso Clínico 
Histórico 
 Uma égua, raça Mangalarga Machador, possuindo 5 anos de idade, pesando 
480 kg, entrou em trabalho de parto na tarde do dia 08/07/2017. Observou-se que o 
animal estava deitado no pasto apresentando contrações uterinas, e que à noite o 
quadro do mesmo não havia alterado. Pela manhã do dia 09/07/2017 a égua foi 
encontrada em estação, podendo ser visualizada a bolsa formada pela membrana 
amniótica para fora da vagina (Figura 15). O veterinário foi chamado ao local onde 
diagnosticou o parto distócico. Em seguida, o animal foi encaminhado ao HE Clinilab 
para consulta, na avaliação dos parâmetros vitais, constatou-se uma FC de 44 bpm; 
FR, 20 mrm; TPC, 2 segundos; mucosas normocoradas; e a temperatura não foi 
possível aferir. A calda da égua foi enfaixada com atadura previamente a mutação. 
 
Figura 14 – Membrana aminiótica formando uma bolsa para fora da vagina e coloração escurecida do 
líquido amniótico. Fonte: Arquivo pessoal, 2017. 
Diagnóstico 
36 
 
 O diagnóstico foi realizado através do histórico e da palpação uterina. O feto 
estava em atitude flexão bilateral da articulação coxofemoral, apresentação 
longitudinal posterior e posição inferior (Figura 11 D). Foi constatada a morte do potro 
pela ausência dos seus reflexos, hipotermia e coloração do líquido amniótico (Figura 
15). 
Tratamento 
 Posteriormente a intervenção para a reposicionamento do feto e fetotomia, foi 
efetuada uma anestesia epidural baixa com combinação entre Xilazina (0,17mg/kg); 
lidocaína (0,22mg/kg); bupvacaína (0,06mg/kg); e a cetamina (0,5mg/kg). Além disso, 
também foi realizada uma neuroleptoanalgesia com Xilazina (1mg/kg IV) e Morfina 
(0,1mg/kg IV), sendo ambas realizadas em bolus. Em seguida, foi realizada uma 
infusão contínua com os mesmos fármacos tendo suas doses duplicadas. A infusão 
foi mantida durante os 45 minutos do procedimento e a égua permaneceu com seus 
parâmetros clínicos estáveis. 
 Tendo em vista a estática fetal, foi realizado a mutação, a princípio estendendo 
os membros pélvicos com o auxílio de uma corrente para posterior tração (Figura 16 
A, B e C), que só foi possível até a região torácica do feto, a partir disso foi realizada 
a fetotomia, retirando todo o conteúdo abdominal e torácico (Figura 16 D). Por fim, 
efetuou-se novamente o tracionamento, permitindo a expulsão total do feto (Figura 16 
E). A placenta foi mantida até seu desprendimento natural (Figura 17 A). 
Após o procedimento, foi realizada a lavagem uterina com cinco litros de 
hipoclorito de sódio diluído em água, seguida da lavagem com cinco litros de água 
destilada ozonizada. O procedimento foi feito por via uterina através de uma sonda 
nasogástrica de número oito com auxílio de um funil. 
Após a lavagem foi dado início ao tratamento sistêmico profilático que consistiu, 
inicialmente, na aplicação de um frasco ampola de soro antitetânico liofilizado (5.000 
UI IM), dose única. Na antibioticoterapia foi utilizado um frasco ampola de Polimixina 
B (500.000 UI, diluído em 500 ml solução fisiológica IV), dose única. Foi administrado 
também hidrocortisona (500mg IV), dose única e ocitocina (10 UI IM) de oito em oito 
horas. Todos esses fármacos foram administrados apenas no primeiro dia de 
tratamento após a expulsão do feto. 
37 
 
 
Figura 15 – Manipulação obstétrica. A - Realização da extensão dos membros pélvicos do potro com 
o uso de uma corrente. B - Exposição do membro pélvico esquerdo. C - Exposição dos membros 
pélvicos. D - Fetotomia, abertura da cavidade e tração do conteúdo

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