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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE DEPARTAMENTO DE MEDICINA VETERINÁRIA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO OBRIGATÓRIO PARTO DISTÓCICO EM ÉGUA - RELATO DE CASO GABRYELLE OLIVEIRA PINHEIRO SÃO CRISTÓVÃO 2017 GABRYELLE OLIVEIRA PINHEIRO PARTO DISTÓCICO EM ÉGUA - RELATO DE CASO Trabalho apresentado à coordenação do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Sergipe como requisito parcial para obtenção do título de Médico Veterinário. Orientador Pedagógico: Prof. Dr. Anselmo Domingos Ferreira Santos. SÃO CRISTÓVÃO 2017 GABRYELLE OLIVEIRA PINHEIRO RELATÓRIO DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO OBRIGATÓRIO NA ÁREA DE CLÍNICA MÉDICA VETERINÁRIA Aprovado em 28/09/2017 Nota: 9,6 Banca Examinadora: Prof. Dr. Anselmo Domingos Ferreira Santos (Orientador) DMV - UFS Prof. Dr. Heder Nunes Ferreira DMV - UFS Prof. Dr. Eduardo Luiz Cavalcanti Caldas DMV - UFS São Cristóvão/SE, Setembro/2017 IDENTIFICAÇÃO ALUNA: Gabryelle Oliveira Pinheiro MATRÍCULA Nº:201210021610 ANO/SEMESTRE: 2017.1 LOCAL DO ESTÁGIO: Hospital de Equinos Clinilab. Endereço: Rua Alto do Girassol, n° 530, Bairro Cassange, Cidade de Salvador – Bahia. Tel.: (71) 99142-7788. SUPERVISOR DE ESTÁGIO: M.V. Cláudio de Oliveira Florence ORIENTADOR: Prof. Dr. Anselmo Domingos Ferreira Santos COORDENADOR (A) DE ESTÁGIO DO CURSO: Profª Dra. Ana Carolina Trompieri Silveira Pereira CARGA HORÁRIA TOTAL:450 horas Dedico este trabalho A minha mãe, Claudia E ao meu irmão, Edson Ao meu marido, Jonas A minha vó, Iraci A minha tia Karla, E aos meus amigos que foram parte Importante durante essa fase da minha vida. AGRADECIMENTOS Gostaria de agradecer primeiramente a Deus que me possibilitou a vida e me presenteou com a mãe mais incrível do mundo. A minha mãe, Claudia agradeço imensamente por me criar com tanto amor, carinho e sacrifício. Graças ao seu esforço e a sua luta hoje eu sou uma mulher da qual possa me orgulhar. Quero agradecer não somente ao seu apoio durante a minha graduação, mas também por ser minha amiga, minha fonte de inspiração, minha luz e meu guia. Quero agradecer também ao meu irmão Edson, o qual tenho imenso amor, amor esse que me motiva sempre a crescer e a ser uma pessoa melhor a cada dia. Ao meu marido Jonas expresso minha gratidão pelo apoio, imenso companheirismo, paciência, conselhos, carinho e amor a mim destinado. A minha tia Karla, as minhas avós Iraci e Áurea, ao meu pai Wagnaelson meu muito obrigado pelo incentivo e apoio. Não poderia deixar de agradecer também a todos os veterinários que me proporcionaram oportunidades e me transmitiram excelentes experiências e conhecimentos, são eles Tiago Pimentel, Eduardo Leite, Emerson Fioretto, Karine Souza, Claudio Florence, Ulisses Graça, Camila Oliveira, Laura Oliveira, Arturo e Carla Florão. Agradeço em especial ao meu orientador Anselmo Santos pelo apoio e auxilio durante o meu TCC. Aos meus amigos Taynar Bezerra, Genivaldo Santos, Rafaela Leite, Juliana Biegler, Monique Santos, Luís Gustavo, Alex de Andrade, Amanda Maria, Lorena Florence, Renata Souza e Cláudio Guimarães meu grande obrigada a todos vocês pelo companheirismo, paciência, brincadeiras e troca de conhecimentos. Vocês foram uma parte muito importante, tanto na minha graduação, quanto na minha vida. A todos sou imensamente grata! “Caminhe com coragem rumo aos seus sonhos. ” (Autor desconhecido) SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 1 2. CONTEÚDO DO RELATÓRIO ............................................................................. 1 2.1 Atividades desenvolvidas ................................................................................... 1 2.1.1 Hospital Veterinário ...................................................................................... 1 2.1.2 Rotina Hospitalar ......................................................................................... 3 2.1.3 Casuística .................................................................................................... 4 2.1.3.1 Patologias gastrointestinais ................................................................... 5 2.1.3.2 Patologias locomotoras ......................................................................... 9 2.1.3.3 Patologia oftálmica .............................................................................. 12 2.1.3.4 Acidente ofídico ................................................................................... 13 2.1.3.5 Corte acidental com chifre de boi ........................................................ 14 2.1.3.6 Patologia linfática ................................................................................ 14 2.1.3.7 Atendimento externo ........................................................................... 16 2.1.3.8 Eutanásias ........................................................................................... 17 2.2 Relato de caso ................................................................................................. 20 2.2.1 Introdução .................................................................................................. 20 2.2.2 Revisão de Literatura ................................................................................. 22 2.2.2.1 Fisiologia da gestação equina ............................................................. 22 2.2.2.2 Parto .................................................................................................... 23 2.2.2.3 Distocia ................................................................................................ 25 2.2.2.3.1 Origem materna ............................................................................ 27 2.2.2.3.2 Origem fetal ................................................................................... 28 2.2.2.3.3 Consequências do parto distócico ................................................. 32 2.2.3 Caso Clínico .............................................................................................. 35 2.2.4 Discussão .................................................................................................. 38 2.2.5 Conclusão .................................................................................................. 41 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 41 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 42 i LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Casuística de SCE, tratamento e complicações pós cirúrgicas acompanhadas durante o período do ESO no HE Clinilab..........................................5 Tabela 2 - Casuística das patologias locomotoras ocorridas no HE Clinilab durante o período do ESO............................................................................................................9ii LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 – Representação esquemática da casuística acompanhada no HE Clinilab durante o período do ESO............................................................................................4 Gráfico 2 – Atividades realizadas em atendimento externo durante o período do ESO no HE Clinilab....................................................................................................16 Gráfico 3 – Representação esquemática da casuística das eutanásias realizadas durante o período do ESO no HE Clinilab..................................................................18 Gráfico 4 – Representação esquemática das variações de concentrações hormonais sanguíneas em éguas durante a gestação e o parto.................................................23 iii LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Instalações físicas do HE Clinilab. A - Pavilhões I e II. B - Baias do pavilhão I. C - Ambulatório I.......................................................................................2 Figura 2 – Instalações físicas do HE Clinilab. A - Centro Cirúrgico. B - Sala de anestesia e recuperação anestésica. C - Baias do pavilhão II. D - Ambulatório II.......3 Figura 3 – Atendimento de animais com SCE. A - Sondagem nasogastrica e lavagem estomacal. B - Realização do exame de ultrassonografia. C - Crioterapia dos cascos em paciente após a cirurgia. D - Uso de faixa compressiva abdominal…8 Figura 4 – Atendimento dos animais com patologias locomotoras durante o ESO no HE Clinilab. A - Realização da ozonioterapia intra-articular. B - Uso de talas corretivas em deformidade flexural. C - Realização do pedilúvio em animal com laminite. D - Curetagem de tecido necrosado do casco de animal com laminite.......12 Figura 5 – Evolução do quando clínico de Melting acompanhado durante o ESO no HE Clinilab. A - Lesão inicial. B - Lesão após 4 dias de aplicação das células-tronco. C - Lesão após 30 dias da aplicação de células-tronco.............................................13 Figura 6 – Animal acometido pela linfangite infecciosa durante o ESO no HE Clinilab. A - Tratamento com Bag de ozônio. B - Face lateral do membro posterior direito com a lesão. C - Face medial do membro posterior direito com a lesão...........................................................................................................................15 Figura 7 – Atividades realizadas em atendimento externo durante o período do ESO no HE Clinilab. A - Fluidoterapia e aplicação de medicamentos em égua com infecção por herpesvírus. B - Tratamento com o uso do shockwave em fratura de vértebra sacral. C - Tratamento realizado com o uso do shockwave no boleto do membro posterior de um cavalo com lesão articular..................................................17 Figura 8 – Placenta equina do tipo epitéliocorial.......................................................21 Figura 9 – Movimentação do embrião equino nos cornos uterinos...........................22 Figura 10 - Estática fetal em parto eutócico..............................................................26 iv Figura 11 – Quadro 1 - Estática fetal incorreta em apresentações longitudinais. A - Apresentação longitudinal posterior e posição inferior. B - Apresentação anterior, posição posterior com insinuação dos quatro membros. C - Membros posteriores flexionados de forma errada no canal do parto. D - Flexão bilateral da articulação coxofemoral................................................................................................................28 Figura 11 – Quadro 2 - Estática fetal incorreta em apresentações transversais. A e B – Transverso ventral. C – Transverso dorsal..........................................................29 Figura 12 – Corte realizados durante a fetotomia. A - Sequência de cortes clássicos. B - Sequência de cortes possíveis.............................................................................30 Figura 13 – Complicações possíveis após parto distócico. A - Prolapso uterino, observando-se pontos necróticos e órgão desidratado. B - Laceração perineal de terceiro grau. C - Fístula vaginal................................................................................34 Figura 14 – Membrana aminiótica formando uma bolsa para fora da vagina e coloração escurecida do líquido amniótico.................................................................35 Figura 15 – Manipulação obstétrica. A - Realização da extensão dos membros pélvicos do potro com o uso de uma corrente. B - Exposição do membro pélvico esquerdo. C - Exposição dos membros pélvicos. D - Fetotomia, abertura da cavidade e tração do conteúdo abdominal. E - Feto morto expulso..........................................37 Figura 16 – Égua após o parto. A - Placenta desprendida naturalmente. B - Égua na crioterapia dos cascos................................................................................................38 v LISTA DE ANEXOS Anexo 1 - Ficha de acompanhamento clínico dos animais internados.....................52 Anexo 2 - Ficha clínica de equinos............................................................................53 Anexo 3 - Ficha clínica de Abdômen Agudo..............................................................57 Anexo 4 - Ficha de avaliação de escala do conforto equino.................................... 61 vi LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS ESO: Estágio Supervisionado Obrigatório SCE: Síndrome da Cólica Equina FC: Frequência Cardíaca FR: Frequência Respiratória TPC: Tempo de Preenchimento Capilar IV: Intravenoso IM: Intramuscular SC: Subcutâneo VO: Via Oral TGI: Trato Gastrointestinal CE: Corpo Estranho CL: Corpo Lúteo MPA: Medicação Pré-Anestésica DMSO: Dimetilsufóxido AIE: Anemia Infecciosa Equina HE: Hospital de Equinos eCG: Coriônica Equina ml: Mililitros mg: Miligrama g: Grama kg: Quilograma KCL: Cloreto de potássio NaCl: Cloreto de sódio MgSO4: Sulfato de magnésio NaHCO3: Bicarbonato de sódio KMnO4: Permanganato de potássio vii RESUMO No presente trabalho são apresentadas as atividades realizadas pela discente Gabryelle Oliveira Pinheiro durante o Estágio Supervisionado Obrigatório (ESO) no Hospital de Equinos Clinilab localizado na cidade de Salvador, estado da Bahia no período de 05 de junho de 2017 a 31 de agosto de 2017, totalizando 450 horas, como requisito parcial para conclusão do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Sergipe. Durante o ESO, chegou no HE Clinilab para atendimento uma égua, apresentava sinais de contração uterina e possuía a membrana aminiótica formando uma bolsa para fora da vagina. O exame clínico inicial demonstrou parâmetros fisiológicos normais. O médico veterinário já avia diagnosticado o parto distócico no atendimento prévio a chegada do animal ao hospital. A morte fetal foi constatada pela ausência de reflexos do feto, hipotermia fetal e coloração escura do líquido aminiótico. Foi realizada a intervenção obstétrica e fetotomia para expulsão do feto. Para analgesia foi feita anestesia epidural e neuroleptoanalgesia da paciente durante os 45 minutos do parto. Após o procedimento instituiu-se crioterapia podal e terapia profilática. Após 6 dias de internamento a égua obteve alta e não teve nenhuma complicação clínica. O presente trabalho tem como objetivo descrever as atividades desenvolvidas pela discente durante o período de estágio curricular obrigatório, expor a casuística e tratamento das patologias clínicas e cirúrgicas do hospital de equinos Clinilab, bem como relatar umestudo clínico sobre parto distócico em égua. Palavras chave: Estágio Supervisionado Obrigatório, Parto distócido, Hospital de Equinos Clinilab. 1 1. INTRODUÇÃO A clínica médica e cirúrgica de equinos tem como finalidade principal buscar a saúde através do diagnóstico, tratamento, controle e profilaxia das diferentes patologias que acometem estes animais. Dentre elas, as que mais acometem os equinos são as gastrointestinais e as locomotoras, correspondendo em média a 80% da casuística clínica e cirúrgica dos hospitais de equinos no Brasil. Dentre todas as funções exercidas pelos cavalos na sociedade, a esportiva é a mais predominante. Os animais atletas são cobrados constantemente, assim como sua saúde. O índice de síndrome da cólica equina, tendinites e desmites são mais numerosos nesses animais. Seu acompanhamento clínico geralmente é realizado com mais frequência e o manejo é feito de forma rigorosa. A clínica médica e cirúrgica de equinos é uma área de grande desafio para o médico veterinário. A exigência em relação a saúde equina tem se tornado cada vez maior. É necessário manter-se atualizado acerca das novidades empregadas na área assim como executa-las. O presente trabalho tem como objetivo descrever as atividades desenvolvidas pela discente durante o período de estágio curricular obrigatório, expor a casuística e tratamento das patologias clínicas e cirúrgicas do hospital de equinos Clinilab, bem como relatar um estudo clínico sobre parto distócico em égua. 2. CONTEÚDO DO RELATÓRIO 2.1 Atividades desenvolvidas 2.1.1 Hospital Veterinário O Estágio Supervisionado Obrigatório (ESO) foi realizado no Hospital de Equinos Clinilab (HE Clinilab), localizado em Salvador, estado da Bahia. O ESO foi desenvolvido no período de 5 de junho de 2017 a 31 de agosto de 2017, totalizando 450 horas, estando sob a supervisão do Médico Veterinário Claudio de Oliveira Florence. Durante o ESO foi possível acompanhar atividades na área de clínica médica, cirurgia e terapias alternativas. 2 A escolha do HE Clinilab foi devido ao seu grande reconhecimento em âmbito nacional na área de clínica médica e cirúrgica de equinos, o mesmo possui capacidade para atendimentos clínicos, tratamentos clínicos e cirúrgicos e exames diagnósticos. Sua estrutura é composta por um centro cirúrgico; uma sala de anestesia e recuperação anestésica; dois ambulatórios; uma farmácia; um laboratório de patologia clínica; uma sala de estudos; treze baias de internamento; um depósito de feno e ração; e um depósito de medicamentos. O hospital é dividido em dois pavilhões (Figura 1 A). No primeiro são realizadas as cirurgias, os exames e os atendimentos de emergência e urgência. No mesmo pavilhão localizam-se três baias, sendo elas maiores que as outras dez, destinadas aos animais que necessitam de monitoramento 24 horas. Além disso, localizam-se no mesmo pavilhão o ambulatório I, a farmácia, o laboratório, o centro cirúrgico, a sala de anestesia e a sala de estudos (Figura 1 B e C e Figura 2 A e B). Figura 1 – Instalações físicas do HE Clinilab. A - Pavilhões I e II. B - Baias do pavilhão I. C - Ambulatório I. Fonte: Arquivo pessoal, 2017. 3 No segundo pavilhão são realizados os procedimentos de rotina dos animais que estão internados, possuindo nove baias, o ambulatório II, e o depósito de feno e ração (Figura 2 C e D). Afastado dos pavilhões, o hospital possui uma baia de isolamento especialmente para animais acometidos com doenças infecciosas. Além da estrutura hospitalar, há também alojamento para estagiários e residentes, depósito de medicamentos, cozinha e setor administrativo. Figura 2 – Instalações físicas do HE Clinilab. A - Centro Cirúrgico. B - Sala de anestesia e recuperação anestésica. C - Baias do pavilhão II. D - Ambulatório II. Fonte: Arquivo pessoal, 2017. 2.1.2 Rotina Hospitalar A rotina tinha início às 8:00 horas e término às 18:00 horas. Conforme a necessidade, eram realizados plantões noturnos e atividades extracurriculares durante os finais de semana e feriados. Todos os animais internados eram examinados duas vezes ao dia, às 8:00 horas e às 17:00 horas. O exame abrangia todos os parâmetros clínicos básicos (Anexo 1). Segundo Thomassian (2005), os parâmetros fisiológicos demonstram o estado de higidez do organismo do animal e servem para acompanhar e avaliar a evolução da enfermidade. Cada animal tinha sua 4 ficha de identificação e de atendimento inicial (Anexos 2). Cada patologia tinha sua ficha específica, sendo a mais utilizada a ficha clínica de abdômen agudo (Anexo 3). A rotina hospitalar dependia dos animais internados e suas patologias, porém os procedimentos mais realizados eram curativos das feridas cirúrgicas e dos cascos, medicações, coleta de sangue, bandagens, vacinas e auxilio em todos os procedimentos e exames realizados pelos médicos veterinários inclusive em atendimentos externos. 2.1.3 Casuística Durante o ESO, foram acompanhados um total de 24 animais com diferentes patologias, sendo elas: gastrointestinais (10); locomotoras (8); oftálmica (1); obstétrica (1); acidente ofídico (1); corte acidental com chifre de boi (1); linfática (1); e doença infectocontagiosa (1). O atendimento da enfermidade infectocontagiosa foi realizado em atendimento externo (Gráfico 1). Gráfico 1 – Representação esquemática da casuística acompanhada no HE Clinilab durante o período do ESO. 42% 34% 4% 4% 4% 4% 4% 4% PATOLOGIAS Gatrointestinais Locomotoras Obstétrica Infecciosa Linfática Oftálmica Acidente ofídico Corte acidental 5 2.1.3.1 Patologias gastrointestinais Todas as dez patologias gastrointestinais foram de Síndrome de Cólica Equina (SCE), variando somente a complicação e o local do sistema afetado. Dentre elas, três foram resolvidas clinicamente e sete cirurgicamente, e destes, cinco desenvolveram complicações pós cirúrgicas (Tabela 1). Tabela 1 – Casuística de SCE, tratamento e complicações pós cirúrgicas acompanhadas durante o período do ESO no HE Clinilab. Em todos os animais que chegavam ao hospital com suspeita de SCE eram realizadas a sondagem nasogástrica e fluidoterapia intensa com ringer, ringer com lactato, cloreto de sódio 0,9% e glicose 5% (Figura 3 A). Os exames mais utilizados para diagnóstico da SCE eram a ultrassonografia (Figura 3 B), palpação retal, abdominocentese, hemograma completo, sendo obtido os valores do hematócrito (Ht) Patologias Tratamento Complicação Conclusão Compactação de cólon Clínico - Alta Encarceramento nefro- esplênico Clínico - Alta Compactação de esôfago, estomago e cólon Clínico - Alta Compactação de cólon e enterólito Cirúrgico Laminite Eutanásia Deslocamento de ceco e delgado e vólvulo de íleo Cirúrgico Laminite Eutanásia Hérnia iguino-escrotal Cirúrgico Intoxicação por amônia Eutanásia Compactação de cólon e íleo Cirúrgico Infecção da ferida cirúrgica Eutanásia Compactação e vólvulo de cólon Cirúrgico Necrose de cólon Eutanásia Compactação de estômago Cirúrgico - Alta Compactação de cólon e timpanismo cecal Cirúrgico - Alta 6 e proteínas totais (PPT) de imediato, todos esses procedimentos e exames supracitados são descritos por Thomassian (2005), White, (2007) e Scharner, et. al. (2015). Outros exames eram feitos de acordo com a necessidade de cada animal. A administração da fluidoterapia é o método padrão que permite a infusão rápida do volume de reposição, ocasionando a expansão veloz do volume plasmático, seu uso é indispensávelnos casos de desidratação intensa (AVANZA et. al., 2008). Nos animais que permaneciam no tratamento clínico eram realizados lavagem estomacal e fluidoterapia intravenosa, além disso era feito também fluidoterapia enteral. Utilizava-se para a mesma 53,7 g de cloreto de sódio (NaCl), 3,7g de cloreto de potássio (KCl) e 37,8g de Bicarbonato de sódio (NaHCO3), todos eram diluídos em dez litros de água, era realizada de 30 em 30 minutos na quantidade de dois litros. Segundo White (2007), essa terapêutica é tão eficaz quanto qualquer laxante sem alterar os valores de eletrólito no soro. Em alguns casos realizava-se a fluidoterapia enteral com o uso de sulfato de magnésio (MgSO4), a diluição era feita com 1g/kg em um a dois litros de água. Ambas as diluições eram feitas com água morna. As fluidoterapias supracitadas são preconizadas por White (2007). Estudos realizados por Avanza et. al. (2008), Ribeiro Filho et. al. (2007), Ribeiro Filho et. al. (2012) mostram a eficácia desse tratamento em casos de desidratação e obstrução intestinal em equinos. Eram realizados também o uso de medicações procinéticas como lidocaína em bolus (1,3 mg/kg IV) e posterior infusão contínua (0,05mg/kg IV), além disso utilizava- se também a metoclopramida (0,25 mg/kg IV) e cálcio (1ml/kg IV, não ultrapassando 500 ml/dia). Esses fármacos, com exceção do último, são recomendados por White (2007). Os principais efeitos da lidocaína para animais com SCE é estimular a motilidade intestinal, analgesia e diminuir a inflamação preservando a integridade microvascular, prevenindo a migração de neutrófilos e inibindo a produção de citoquinas. Os animais que iam para cirurgia recebiam um cateter central e tinha seus cascos lavados com água e iodo, uma boa assepsia e a utilização de antissépticos são maneiras de se evitar uma possível infecção hospitalar no paciente (LOPEZ e LA CRUZ, 2002). Além disso, eram administrados os medicamentos gentamicina (6,6mg/kg IV), flunixina meglumina (1,1mg/kg IV) e soro antitetânico (IM), com objetivo 7 profilático. Segundo o programa conduzido por White (2007), o anti-inflamatório mais eficaz para o tratamento de SCE é a flunixina meglumina, sendo seu uso pré- operatório útil para diminuir a resposta inflamatória prejudicial aos tecidos devido à liberação de endotoxinas. As administrações desses fármacos ajudam o pré, o trans e o pós-operatório reduzindo resposta inflamatória e infecção por bactérias. Após a cirurgia todos os animais tomavam banho e, posteriormente eram colocados na baia ou eram destinados a crioterapia dos cascos, onde permaneciam durante 72 horas (Figura 3 C). A teoria enzimática da laminite se baseia na ideia que o evento fundamental causador da falência das laminas do casco é a chegada de toxinas através do sangue até a lâminas do casco, toxinas essas oriundas da SCE e liberadas na circulação pela da manipulação cirúrgica (SOUZA, 2007). Portanto a crioterapia é um tratamento profilático que tem o objetivo de diminuir ou amenizar as chances dos animais pós operados serem acometidos pela laminite, sendo indicado o tempo de permanência na crioterapia de 48 a 72 horas (REIS, 2014). Complicações como estresse e linfangite podem ocorrer em decorrência da crioterapia, porém a eficácia dessa terapêutica é compensadora. Os animais recém operados eram acompanhados 24 horas e tinham seus parâmetros clínicos aferidos de hora em hora, conforme o avanço ou regressão do quadro clínico esse espaçamento de horário diminuía ou aumentava. Esse monitoramento é muito importante, pois um animal pode piorar rapidamente. Era realizado o curativo das feridas cirúrgicas duas vezes ao dia com o uso de gaze, água oxigenada (quando necessário), clorexidine degermante a 2%, clorexidine alcoólico a 1% e fralda infantil tamanho M. Hendrickson (2006) e Tudury e Potier (2009) indicam a utilização da clorexidine na limpeza da ferida cirúrgica por ser eficaz, não irritante e possuir longo período de atividade residual. Após o curativo era feito o uso de faixas compressivas abdominais, a mesma tinha o objetivo de manter a higiene da ferida cirúrgica e evitar hérnia (Figura 3 D). 8 Figura 3 – Atendimento de animais com SCE. A - Sondagem nasogastrica e lavagem estomacal. B - Realização do exame de ultrassonografia. C - Crioterapia dos cascos em paciente após a cirurgia. D - Uso de faixa compressiva abdominal. Fonte: Arquivo pessoal, 2017. As medicações padrões utilizadas para pós cirúrgicos eram penicilina (20.000 UI IM), gentamicina (6,6mg/kg IV), heparina (100 UI SC), flunixina meglumina (1,1mg/kg IV), sendo todos eles administrado uma vez ao dia durante sete dias. Também eram administrados fenilbutazona (4.4mg/kg IV), uma vez ao dia durante três dias e metronidazol (15mg/kg VO) três vezes ao dia durante sete dias. Eram utilizados também polimixina B e Ceftiofur em alguns casos de maior comprometimento de alças. Mora (2009) relata que é necessário estabelecer um protocolo terapêutico após a cirurgia com o uso de antibióticos, anti-inflamatórios e procinéticos. Todas as dosagens de medicamentos usadas nos pacientes do HE Clinilab tiveram como referências Orsini e Divers (2008) e Viana (2014). Todos esses medicamentos são amplamente utilizados na medicina equina e são bastante eficazes. Porém o uso dos anti-inflamatórios deve ser feito com cautela para evitar problemas gástricos, renais e hepáticos. 9 2.1.3.2 Patologias locomotoras Foram internados no HE Clinilab oito animais com afecções locomotoras, com destaque para a laminite. Durante o ESO, foram internados quatro animais com a patologia supracitada, sendo três deles por complicação pós-cirúrgica de SCE. As demais afecções podem ser observadas na tabela 2. Patologia Quantidade de animais acometidos Conclusão Laminite 4 2 altas e 2 eutanásias Fratura do segundo metacarpo 1 Alta CE na articulação do boleto e remodelamento ósseo 1 Alta Artrite séptica 1 Alta Deformidade flexural 1 Alta Tabela 2 - Casuística das patologias locomotoras ocorridas no HE Clinilab durante o período do ESO. Reis (2014) cita em seu trabalho a observação dos sinais clínicos, radiografia e bloqueios anestésicos como métodos de diagnóstico da laminite. No HE Clinilab o diagnóstico era realizado com as duas primeiras técnicas citadas. Os animais acometidos com tal patologia eram alojados em baias de areia e tinham como medicação padrão a fenilbutazona (4,4mg/kg IV) e o omeprazol (4mg/kg VO), ambos sendo administrados uma vez ao dia durante todo o internamento desses animais. A fenilbutazona variava entre apresentação oral e intravenosa. Outras medicações eram acrescentadas de acordo com a necessidade do caso. Andrade (2002), Reis (2014) e Nascimento (2015) recomendam o uso da fenilbutazona, na mesma dosagem usada, para alívio da dor em animais com laminite. O omeprazol deve ser usado para prevenção de úlceras gástricas que podem ser provocadas pela administração recorrente anti-inflamatório (WHITE, 2007). Também faziam parte da dieta desses animais o óleo de girassol e suplementos vitamínico, minerais e aminoácido (Glicol Turbo e Laminact Turbo). Segundo a empresa fabricante, esses suplementos melhoram o apetite e o desenvolvimento corporal. A quantidade fornecida aos animais eram 10ml do Glicol Turbo e 30g do 10 Laminact Turbo, uma vez ao dia. Porém essa quantidade não é condizente ao indicado pela empresa fabricante, que preconiza 25ml do primeiro e 50g do segundo, também uma vez ao dia. Além do exame clínico rotineiro, os animais passavam por uma avaliação específica (Anexo 4), que tinha por objetivo analisara escala de conforto em que cada animal se encontrava, ocorrendo a cada dois dias, e servia como base para estabelecer novos protocolos terapêuticos. Todos os animais eram casqueados de acordo com a avaliação do médico veterinário. O tratamento consistia em, basicamente, curetar o tecido necrosado do casco para dar espaço a um novo tecido (Figura 4 D). Era realizado primeiramente o corte nas pinças com o objetivo de diminuir a força de apoio sobre a face dorsal da parede do casco, esse tratamento é citado por Nascimento (2015). Diariamente eram realizados pedilúvio com permanganato de potássio (KMnO4), aplicação de monometilol dimetil hidantoína (Formoped) e bandagem protetora. A frequência variava de uma a duas vezes por dia dependendo de cada caso (Figura 4 C). O trabalho desenvolvido por Borges et. al. (2004) foi o único encontrado que cita a utilização do permanganato de potássio em animais com laminite, porém durante a evolução dos animais internados no hospital foi possível observar a sua eficácia. Para o diagnóstico dos animais que estavam acometidos por fratura do segundo metacarpo, CE na articulação do boleto e remodelamento ósseo foram realizados exames de ultrassom e raio x, tiveram como terapêutica crioterapia no lugar da lesão, duas vezes ao dia, durante 15 minutos, durante todo o período de internamento e sessões de shockwave. O shockwave se revela como uma nova modalidade terapêutica para ferimentos e lesões locomotoras de equinos e tem ganhado o mercado do cavalo exponencialmente nos últimos cinco anos. Caracteriza- se pela emissão de ondas de choque extracorpóreas com o objetivo de alívio da dor e cicatrização da lesão (CAMINOTO, 2003; McCLURE, et. al., 2004; ROSÁRIO, 2016). Observou-se que o resultado dessa terapêutica foi satisfatório. O alívio da dor e a diminuição da claudicação são imediatos ao final das sessões. Para o diagnóstico da artrite séptica realizou-se exames de raio x e ultrassonografia. Segundo Vieira (2009) tais exames em conjunto são ideais para diagnosticar a patologia, assim como sua gravidade. Ainda segundo o mesmo autor, 11 outros exames como avaliação do líquido sinovial e artroscopia podem ser utilizados a depender do caso clínico. No tratamento foi realizada lavagem intra-articular com soro ozonizado, 10 ml de ceftriaxona diluída em 500 ml de cloreto de sódio 0,9% e bag de ozônio intra- articular nos primeiros três dias de internamento (Figura 4 A). Também foi feita perfusão regional com 10 ml de ceftriaxona diluída em 40 ml de solução fisiológica, dia sim dia não por quatro sessões. Foi feito curativo da ferida, inicial à artrite séptica, duas vezes ao dia com clorexidine degermante a 2% e clorexidine alcoólico a 1%, óleo ozonizado e bandagem protetora. A medicação sistêmica utilizada foi flunixina meglumina (1,1mg/kg IV), uma vez ao dia, durante dez dias. A aplicação da ozonioterapia na medicina equina vem crescendo nos últimos tempos mostrando resultados positivos. Segundo Morette (2011), pode ser utilizada em cavidades, bem como em preparo de soluções. Vieira (2009) recomenda o uso de antibióticos e anti-inflamatórios sistêmicos na resolução da patologia supracitada. Por fim, o diagnóstico da deformidade flexural foi possibilitado através da verificação da contratura dos tendões flexores. O animal adquiriu deformidade angular durante o internamento, causado, possivelmente, pela fabricação da tala com material incorreto (cano de PVC). Neste caso foram realizados exames radiológicos para acompanhamento da evolução clínica do paciente, essa conduta é citada por Thomassian (2005). Para o tratamento, utilizou-se bandagens e talas corretivas na face plantar dos membros anteriores (Figura 4 B) conforme indicado por Díaz (2014). Foi também realizadas sessões de fisioterapia no intuito de induzir o reflexo miotático inverso e consequente relaxamento dos músculos flexores. Esse tratamento é recomendado pelos autores Rizzoni e Miyauchi (2012) e Rosa, et. al. (2006). Os últimos ainda afirmam que a fisioterapia é uma das modalidades mais acessíveis e eficientes. Por meio dela são obtidos relaxamento muscular, aumento da circulação, alivio da dor, redução de edema e mobilização dos tecidos que sofreram contraturas. Na terapeutica sistêmica foram utilizados oxitetraciclina (10mg/kg) e flunixina meglumina (1,1mg/kg), ambas em dose única. 12 Figura 4 – Atendimento dos animais com patologias locomotoras durante o ESO no HE Clinilab. A - Realização da ozonioterapia intra-articular. B - Uso de talas corretivas em deformidade flexural. C - Realização do pedilúvio em animal com laminite. D - Curetagem de tecido necrosado do casco de animal com laminite. Fonte: Arquivo pessoal, 2017. 2.1.3.3 Patologia oftálmica Durante o ESO ficou internada no hospital uma égua acometida por “derretimento de córnea” ou Melting. Essa patologia manifesta-se como uma opacidade cinza e gelatinosa em qualquer região córnea e geralmente ocorre de forma secundária (AZEVEDO, et. al, 2014). No caso em questão a causa primária foi tétano. Foi realizado o diagnóstico através dos sinais clínicos. O exame de fluoresceína e ultrassonografia da câmara anterior foram feitos para descartar a possibilidade de acometimento de outras estruturas oculares. Stephen e Warwick (2000) indicam a ultrassonografia ocular em casos de opacidade de uma ou mais estruturas oculares. Durante o internamento esse animal passou por duas cirurgias, sendo elas flap de terceira pálpebra e tarsorafia temporária. Segundo Santos, et. al. (2015) essas técnicas cirúrgicas fornecem suporte e apoio mecânico a córnea e aporte vascular, auxiliando no processo de cicatrização local. 13 Figura 5 – Evolução do quando clínico de Melting acompanhado durante o ESO no HE Clinilab. A - Lesão inicial. B - Lesão após 4 dias de aplicação das células-tronco. C - Lesão após 30 dias da aplicação de células-tronco. Fonte: Arquivo pessoal. Durante todo o período de internamento foi utilizada uma sonda subpalpebral para aplicação de medicamentos oculares. Para o tratamento tópico foi utilizado soro autólogo, soro ozonizado e tobramicina em colírio, administrados de duas em duas horas, todos na quantidade de duas gotas de cada. Além disso, teve como medicação sistemica flunixina meglumina (1,1 mg/kg IV) uma vez ao dia, durante todo o período de internamento. Todos os medicamentos citados acima, exceto o soro ozonizado, são recomendados por Santos, et al. (2015). Por fim, foi realizada a aplicação de células-tronco intraocular. Essa técnica ainda está sendo testada (dados não publicados), no entanto a melhora no quadro do paciente foi altamente satisfatória (Figura 5). 2.1.3.4 Acidente ofídico Foi avaliado um animal encaminhado ao HE Clinlab devido a um acidente ofídico ocorrido durante uma vaquejada. O diagnóstico foi obtido com base na anamnese e histórico do animal, bem como através da identificação da serpente, sendo esta uma Jararaca (Bothrops jararaca). As serpentes desse gênero possuem 14 hábitos noturnos, se alimentam principalmente de pequenos roedores e atacam subitamente (RAPOSO, et. al., 2001). Para o tratamento foi realizado fluidoterapia com ringer com lactato e cloreto de sódio 0,9%, manitol (1g/kg IV) e dimetilsulfóxido (DMSO) (1g/kg IV), ambos em dose única. Foi administrado também dexametasona (0,5mg/kg IV), flunixina meglumina (1,1mg/kg IV) e formol a 10% (3mg/kg IV) diluído na fluidoterapia e sulfatrimetropim (15mg/kg IM). Todos os fármacos foram administrados uma vez ao dia durante o período de internamento do animal. Adicionalmente, foi administrado soro antiofídico polivalente, dois pordia durante os quatro dias. O veneno da Jararaca provoca inflamação local, necrose e dano ao epitélio vascular e liberação de histaminas e bradicininas, além de ter efeito proteolítico, necrosante, coagulante, hemorrágico e nefrotóxico (RAPOSO, et. al., 2001). Parte do tratamento realizado está de acordo com Azevedo-Marques, et. al. (2003). As doses terapêuticas utilizadas são indicadas por Viana (2014) e Orsini e Divers (2008). 2.1.3.5 Corte acidental com chifre de boi Chegou ao hospital um equino com um corte no terço final do pescoço, próximo a veia jugular, ocorrido de forma acidental por chifre de boi. O animal se feriu em uma vaquejada e foi encaminhado diretamente ao hospital logo após o ocorrido. Para o seu tratamento, foi realizado curativos duas vezes por dia, utilizando soro ozonizado, clorexidine degermante a 2%, clorexidine hidroalcoólico a 1%, óleo ozonizado, açúcar e spray cicatrizante (Spray Prata). No protocolo sistêmico, foi utilizado sulfatrimetropim (15mg/kg IM) e flunixina meglumina (1,1mg/kg IV), ambos uma vez ao dia, conforme Viana (2014). O açúcar é um produto amplamente utilizado para a cicatrização de feridas em equinos, possui propriedades bactericidas e tem fácil acessibilidade. Além disso induz a diminuição de congestão e o edema local das feridas e também estimula a epitelização e a granulação tecidual (MONTEIRO, et. al., 2007). O uso de anti- inflamatórios e antibióticos é recomendado para auxiliar a cicatrização tecidual. 2.1.3.6 Patologia linfática No período do estágio chegou ao hospital um caso de linfangite infecciosa (figura 6 B e C). O diagnóstico foi constatado através dos sinais clínico, no entanto 15 foram realizados exames de raio x e ultrassonografia para identificar se havia comprometimento articular. No tratamento desta patologia foram realizados curativos duas vezes ao dia utilizando soro ozonizado, água oxigenada, clorexidine degermante a 2%, clorexidine alcoólico a 1%, bag de ozônio (Figura 6 A), óleo ozonizado, açúcar e bandagem protetora. Garcia, et. al. (2008) usou a ozonioterapia como terapêutica para uma ferida cutânea provocada por habronemose, sendo a resolução do caso satisfatória. Foram realizadas quatro perfusões regionais, utilizando 10 ml de ceftriaxona diluída em 40 ml de cloreto de sódio 0,9%. Segundo Fontes, et. al. (2014) essa é uma técnica que tem apresentado excelentes resultados no tratamento de feridas. Teve como tratamento sistêmico ceftiofur (2,2mg/kg IV), fenilbutazona (4,4mg/kg IV) e omeprazol (4mg/kg VO), sendo todos uma vez ao dia. Os autores Barbon, et. al. (2014) cita em seu trabalho a utilização de antibióticos, anti-inflamatórios e corticoides no intuito de reduzir o edema, a infecção, a inflamação e aumentar a perfusão tecidual. Por fim, utilizam o omeprazol como protetor gástrico. Figura 6 – Animal acometido pela linfangite infecciosa durante o ESO no HE Clinilab. A - Tratamento com Bag de ozônio. B - Face lateral do membro posterior direito com a lesão. C - Face medial do membro posterior direito com a lesão. Fonte: Arquivo pessoal, 2017. 16 2.1.3.7 Atendimento externo No ESO foram realizadas cinco visitas externas em alguns haras da região metropolitana de Salvador e cidades do interior da Bahia. Nessas visitas foram realizadas, coleta de sangue e resenha para exame de Anemia Infecciona Equina (AIE) e mormo, coleta de sangue para hemograma, vacinação, tratamento com shockwave (Figura 7 B e C), exame de claudicação, de raio x e de ultrassonografia e atendimento clínico (Gráfico 2). Gráfico 2 – Atividades realizadas em atendimento externo durante o período do ESO no HE Clinilab. O atendimento clínico foi realizado em uma cidade do interior da Bahia. O animal se encontrava na baia, em decúbito lateral e com sinais neurológicos. O diagnóstico foi de infecção por herpesvírus. No tratamento foi utilizado DMSO (1g/kg IV) diluído em 15 litros de fluidoterapia, dez litros de ringer com lactato e cinco de cloreto de sódio 0,9% (Figura 7 A). Foi administrado também dexametasona (0,5mg/kg IV) em duas doses, um frasco de hidrocortisona (500mg IV) dose única, flunixina meglumina (1,1 mg/kg IV) em duas doses e manitol (1g/kg IV). O tratamento efetuado baseou-se na sintomatologia nervosa apresentada pelo animal, ainda não existe tratamento específico para herpesvírus equino (STEPHEN e WARWINCK, 2000). Devido a agitação, o animal foi sedado com xilazina (1mg/kg IV) e diazepam (0,01mg/kg IV), conforme necessidade e avaliação do veterinário (THOMASSIAN, Vacinação 30% Coleta de sangue 20% Shockwave 20% Ultrassonografia 5% Exame de claudicação 20% Atendimento clínico 5% Atividades realizadas Vacinação Coleta de sangue Shockwave Ultrassonografia Exame de claudicação Atendimento clínico 17 2005 e DOHERTY e VALVERDE, 2008). O animal não apresentou melhoras nas 12 horas após atendimento, sendo assim, optou-se pela eutanásia. Para o diagnóstico definitivo seria necessário a identificação do agente ou de anticorpos através do material biológico do animal (THOMASSIAN, 2005 e CUNHA et. al. 2002). Figura 7 – Atividades realizadas em atendimento externo durante o período do ESO no HE Clinilab. A - Fluidoterapia e aplicação de medicamentos em égua com infecção por herpesvírus. B - Tratamento com o uso do shockwave em fratura de vértebra sacral. C - Tratamento realizado com o uso do shockwave no boleto do membro posterior de um cavalo com lesão articular. Fonte: Arquivo pessoal, 2017. 2.1.3.8 Eutanásias Foram acompanhadas sete eutanásias, sendo realizadas por diversas causas: laminite (2); infecção por herpes vírus (1); por estenose medular (1); complicação pós cirúrgica de cólica (3), tais como intoxicação por amônia, necrose de cólon e sua inviabilidade e rompimento de material fecal na cavidade (Gráfico 2). Em todos os casos a eutanásia foi decidida pelo médico veterinário junto ao proprietário com o objetivo de cessar a dor do animal em casos que o prognóstico era desfavorável. 18 O protocolo do procedimento era iniciado com a anestesia geral no paciente usando como medicação pré-anestésica (MPA) xilazina (1mg/kg). Em seguida, era realizada a indução com cetamina (2mg/kg). Após isso, era aplicado 40 ml de lidocaína intratecal para que o animal fosse a óbito. Segundo Doherty e Valverde (2008) a utilização de alfa2-agosnista causa retardamento na circulação sanguínea do animal e seu uso deve ser evitado, porém os autores Amaral et. al. (2011) e Spinosa, et. al. (2011) indicam o uso desse sedativo junto a barbitúricos na eutanásia e\ou na anestesia prévia a eutanásia com utilização da lidocaína intratecal. O óbito era confirmado após a verificação da parada cardíaca e perda dos reflexos, assim como referenciado por Doherty e Valverde (2008). Gráfico 3 – Representação esquemática da casuística das eutanásias realizadas durante o período do ESO no HE Clinilab. Laminite 29% Complicação de cólica pós cirúrgico 43% Estenose medular 14% Herpes Vírus 14% Eutanásias Laminite Complicação de cólica pós cirúrgico Estenose medular Herpes Vírus 19 RELATO DE CASO: PARTO DISTÓCICO EM ÉGUA 20 2.2 Relato de caso 2.2.1 Introdução A gestação equina tem seu início no momento da união entre os gametas feminino e masculino. Após isso, ocorrem uma série de mudanças hormonais e físicas na égua para que haja o desenvolvimento e nascimento do concepto (FRANDSON, et. al., 2011). O reconhecimentoda prenhez em éguas é o mais precoce entre os animais domésticos. Segundo Prestes e Landin-Alvarenga (2006) o embrião viável secreta progesterona provocando o relaxamento da musculatura ampola-istmo, garantindo assim sua liberação no corpo uterino. No início do desenvolvimento o embrião equino possui capacidade de mobilidade entre os cornos uterinos, esse mecanismo é também responsável pelo reconhecimento materno. Tal mobilidade é possível graças a sua forma esférica, presença de capsula resistente e orientação longitudinal das dobras endometriais (PRESTES e LANDIN-ALVARENGA, 2006 e FRANDSON, et. al., 2011). A produção da progesterona é indispensável para a manutenção da prenhez e desenvolvimento do concepto, a sua produção se dá inicialmente pelo corpo lúteo (CL) e, em seguida, pela placenta. Nos equinos a placenta possui importantes funções como nutrir do feto, excretar os metabólitos produzidos pelo mesmo e produzir a Gonadotrofina Coriônica Equina (eCG). Essa substância está presente do primeiro ao quarto mês de gestação, é secretada pelos cálices endometriais e estimula a luteinização de CL acessórios, garantindo assim fontes secundárias de progesterona (PRESTES e LANDIN-ALVARENGA, 2006, FRANDSON, et. al., 2011 e STEPHEN e WARWICK, 2000). A placenta equina possui três classificações, semiplacenta ou adecidua, epiteliocorial e difusa (Figura 8). A primeira está relacionada a sua liberação após o parto, que pode demorar até três horas. A segunda é de acordo com as camadas celulares. O córion do feto fica em contato direto com o epitélio uterino materno, porém não há qualquer contato entre o sangue materno e fetal. A terceira classificação é devido a inserção das vilosidades placentárias ao epitélio uterino (PRESTES e LANDIN-ALVARENGA, 2006, FRANDSON, et. al., 2011). 21 Figura 8 – Placenta equina do tipo epitéliocorial. Fonte: PRESTES e LANDIN-ALVARENGA, 2006. A gestação das éguas dura aproximadamente 340 dias, podendo variar de 315 a 400 dias. Vários fatores podem influenciar nessa variação, sendo eles, a estação do ano, a idade da égua, fatores genéticos e ambientais. Nos equinos o feto macho tem uma ligeira maior duração na gestação (um a dois dias) do que as fêmeas (PRESTES e LANDIN-ALVARENGA, 2006). Eutocia se define por um parto normal sem complicações, diferente da distocia que tem como conceito dificuldade na expulsão do feto pelo útero. Pode ter origem materna e fetal. As distocias de origem materna são aquelas que ocorrem devido a anomalias uterinas, vaginais, vulvares e pélvicas, porém são pouco comuns na espécie equina. Aquelas de origem fetal têm como principais causas problemas de estática e malformações fetais e são mais frequentes (RODRIGUEZ, et. al., 2015 e PRESTES e LANDIN-ALVARENGA, 2006). Segundo Prestes (2000) em 95 a 97% dos partos eutócicos de éguas, a estática fetal predominante é a apresentação longitudinal anterior, posição superior e atitude estendida, sendo configurado distocia qualquer alteração desta disposição. Após constatação de parto distócio a intervenção deve ser feita de forma imediata, pois a permanência do potro 30 a 40 minutos a mais no útero é suficiente para provocar sua morte por asfixia. (RODRIGUEZ, et. al., 2015). 22 2.2.2 Revisão de Literatura 2.2.2.1 Fisiologia da gestação equina O início da gestação se dá com a fecundação, a qual se caracteriza pela fusão dos gametas feminino e masculino, e ocorre na ampolada tuba uterina, local onde o embrião formado, posteriormente, é transportado para o lúmen uterino no 5° ou 6° dia após a fecundação. Na espécie equina, o embrião migra entre os cornos e corpo uterino (Figura 9). Esse movimento é responsável pela manutenção do CL e pelos fatores de identificação da gestação, sendo que a falta do mesmo resulta em falha na manutenção da prenhez (STEPHEN e WARWICK, 2000). Figura 9 – Movimentação do embrião equino nos cornos uterinos. Fonte: PRESTES e LANDIN- ALVARENGA, 2006. As células trofoblásticas fetais povoam o endométrio materno por volta do 35° ao 40° dia de gestação, sendo este processo responsável pela formação dos cálices endometriais. O CL primário produz progesterona mantendo o início da prenhez até que os cálices endometriais comecem a produção da eCG, dando assim, continuidade aos níveis de progesterona circulantes pela formação de CL secundários (STEPHEN e WARWICK, 2000; PRESTES e LANDIN-ALVARENGA, 2006). 23 Por volta do 33° ao 40° dia os cálices endometriais começam a produção de eCG, tendo seu pico em torno do 55° ao 70° dia (PRESTES e LANDIN-ALVARENGA, 2006) ou do 50° ao 60° dia (STEPHEN e WARWICK, 2000), acompanhado pelo seu crescimento máximo. Essa produção começa a entrar em declínio por volta do 80° ao 90° dia e sessa do 120° ao 150° dia, junto com seu regresso, por uma resposta imune materna de destruição das células dos cálices. Enquanto a gestação progride a concentração de progesterona declina ficando indetectável na metade final da gestação. Entretanto as concentrações de seus metabólitos (5α-diidroprogesterona, pregnanos, pregnenos e pregnenolona) continuam elevadas. Durante essa mesma fase, há a presença de concentrações de estrógeno no sangue e na urina, sendo as gônadas fetais e a placenta unidades necessárias para a sua produção. No final da gestação há um decaimento do estrógeno e aumento de progesterona com queda abrupta após o parto (Gráfico 4) (STEPHEN e WARWICK, 2000). Gráfico 4 – Representação esquemática das variações de concentrações hormonais sanguíneas em éguas durante a gestação e o parto. Fonte: PRESTES e LANDIN-ALVARENGA, 2006. 2.2.2.2 Parto O parto é definido como um processo fisiológico pelo qual o feto é expulso do útero da égua junto com suas membranas fetais, e para isso mudanças físicas e hormonais acontecem na égua afim de prepará-la. Na metade final da gestação o abdômen da fêmea aumenta consideravelmente de tamanho e sofre uma “queda”, resultado do relaxamento dos músculos abdominais, fato importante para o posicionamento e expulsão do feto (STEPHEN e WARWICK, 2000). 24 Também nesse período os níveis de progesterona caem consideravelmente, outras modificações como aumento de úbere, presença de uma secreção sebácea nas tetas, relaxamento dos ligamentos pélvicos e da vulva, aumento no diâmetro da vagina, diminuição da temperatura corporal, sudorese e sinais de cólica são notados. A dilatação do canal do parto pelo feto, induz a liberação de ocitocina, tornando alto seus níveis circulantes e provocando as contrações uterinas para expulsão do mesmo (STEPHEN e WARWICK, 2000). Nas éguas o parto é dividido em três estágios (PRESTES e LANDIN-ALVARENGA, 2006). No primeiro estágio ocorrem mudanças físicas na égua, como relaxamento dos ligamentos sacro-ilíacos e relaxamento da vulva, ainda nesse estágio acontecem também alterações comportamentais como inapetência, deitar e levantar, mímica de dor, parar de comer, escavar o solo, inquietude e sudorese. Na maioria das éguas o colostro escorre pelas tetas, esse mecanismo é associado a liberação de ocitocina, assim como as contrações uterinas, que ocorrem de maneira intermitente e possui duração variável, no início de um a dois minutos e perto do parto pode chegar até 20 minutos (STEPHEN e WARWICK, 2000 e FINGER et al, 2010). Ocorre então a mudança de posição do potro e os membros e a cabeça devem estar estendidos em direção ao canal do parto. Os membros impulsionados contra a cérvix forçam a membrana corioalantóide, provocando sua ruptura encerrando-se assim o primeiro estágio. Em um parto eutócico essa fase do parto pode durar de uma a quatro horas(STEPHEN e WARWICK, 2000 e PARADIS, 2006). Durante o segundo estágio a égua permanece deitada a maior parte do tempo, exercendo força para a expulsão do feto. Com o posicionamento do potro no canal do parto ocorre um alargamento da cervix, em resposta a isso se dá um estímulo neuroendócrino que leva a liberação de ocitocina. O incremento desse hormônio provoca o aumento das contrações uterinas, dilatação dos tecidos moles da pelve e contrações da musculatura abdominal (FINGER, et. al., 2010 e STEPHEN e WARWICK, 2000). O nascimento do potro indica o final desse estágio, geralmente após o nascimento a membrana amniótica permanece intacta, sendo retirada após o parto. O tempo médio desse período é de 20 minutos, se esse tempo for excedido é 25 necessária intervenção para garantir a segurança do potro e da égua durante o parto (FINGER, et. al., 2010 e STEPHEN e WARWICK, 2000). O terceiro estágio vai desde o nascimento do potro até involução uterina da égua. Após o parto deve-se iniciar os cuidados básicos com o potro se necessário, como realização de enema em caso de retenção de mecônio e aplicação de iodo no umbigo (PRESTES e LANDIN-ALVARENGA, 2006). A placenta deve se desprender entre duas a quatro horas após o parto, se isso não acontecer deve-se iniciar um tratamento na égua para possíveis inflamações, infecções e laminite (STEPHEN e WARWICK, 2000). O mecanismo que inicia o parto na espécie equina ainda não é totalmente elucidado, acredita-se que seja de forma semelhante ao dos outros mamíferos onde o feto seja o responsável, liberando cortisol pelas glândulas adrenais oito dias antes do parto (PRESTES e LANDIN-ALVARENGA, 2006). 2.2.2.3 Distocia Segundo Prestes e Lourenção, (2015), a porcentagem de parto distócicos em equinos é baixa, porém esse número pode elevar-se devido aos tipos de cruzamento desproporcionais, principalmente naqueles em que a égua é consideravelmente menor que o garanhão. Essa patologia é menos frequente, porém quando se apresenta deve ser encarada de forma emergencial, razão pela qual o parto na espécie equina se dá rapidamente, se a intervenção não for feita de forma eficiente pode causar o óbito materno e fetal (STEPHEN e WARWICK, 2000, PRESTES, 2000 e THOMASSIAN, 2005). Na sua grande maioria a distocia é oriunda de causas fetais, onde a principal razão são anormalidades posturais devido ao tamanho dos membros do feto. O mesmo deve ser expulso do útero 20 a 30 minutos após o rompimento da membrana corionalantóica (STEPHEN e WARWICK, 2000). A manipulação obstétrica deve ser feita de forma cuidadosa para que não haja laceração de qualquer estrutura reprodutiva da égua. A estática fetal deve ser sempre corrigida previamente a tração forçada, evitando assim danos ao potro e a mãe (PRESTES e LOURENÇÃO, 2015). A estática fetal é classificada em três critérios, em relação a apresentação, posição e atitude. Sendo que apresentação é a relação entre os eixos longitudinal da 26 mãe e do feto, a posição é a relação entre a porção dorsal do feto comparado ao dorso materno e a atitude é a relação das partes do feto com seu próprio corpo. Em um parto eutócio o feto tem apresentação longitudinal anterior, posição superior e atitude estendida com membros e cabeça insinuados no quadrante pélvico (Figura 10). Qualquer alteração dessa estática fetal configura parto ditócico (RODRIGUEZ, et. al., 2015 e PRESTES e LANDIM-ALVARENGA, 2006). Figura 10 - Estática fetal em parto eutócico. Fonte: BLANCHAR et. al., 2011. Diante da distócia é necessário a realização de um rápido exame geral completo prévio ao exame obstétrico específico. A mama requer atenção especial, deve ser observado se há edema e presença do colostro (PRESTES, 2000). No exame específico é avaliado o estado do canal do parto, dos anexos fetais e do feto. O primeiro deve estar dilatado, lubrificado e com integridade nas mucosas. O segundo podem estar íntegros ou rompidos, sendo o liquido alantoide de coloração amarelada (urina fetal) e o líquido amniótico claro e mucoso. O terceiro é avaliado em relação ao tamanho, estática, malformações e viabilidade, sendo os principais sinais de viabilidade a movimentação espontânea à palpação, pulso dos vasos do cordão umbilical e presença dos reflexos de sucção, ocular e anal. (PRESTES e LANDIM- ALVARENGA, 2006 e RODRIGUEZ, et. al., 2015). Os autores Stephen e Warwick (2000) e Rodriguez, et. al. (2015) sugerem a realização do exame por via retal previamente ao vaginal, pois permite a avaliação do corpo uterino, podendo assim detectar torção uterina e ruptura das artérias uterinas e do próprio útero. Somente após os exames realizados é possível estabelecer um diagnóstico, prognóstico e tratamento adequado. 27 2.2.2.3.1 Origem materna As distocias de origem maternas ocorrerem com menos frequência em éguas, pois a reprodução equina tem atualmente um grande valor comercial, nessa área são empregadas biotecnologias avançadas e os acasalamentos são realizados de forma criteriosa, junto a isso, a pelve das éguas constituem forma circular e base plana, característica que lhe permite um parto rápido e sem obstáculo. Quando essa patologia ocorre geralmente está relacionada a defeitos anatômicas de útero, vulva, vagina e cérvix (PRESTES e LANDIM-ALVARENGA, 2006). Entre as anomalias vulvares as principais são estreitamento por cicatrizes, tumores, edema excessivo, defeitos anatômicos e infantilismo. Essas anomalias são detectáveis no exame obstétrico específico, a correção é possível na maioria dos casos e é realizada cirurgicamente ou pela episiotomia. Anomalias vaginais quase não ocorre, porém, éguas que passaram pela episiotomia merecem atenção, pois a cicatrização pode estreitar o início do canal vaginal (PRESTES e LANDIM- ALVARENGA, 2006). A cérvix pode não dilatar no momento do parto, porém manualmente isso é facilmente corrigido. Deve-se tomar cuidado ao tracionar o potro, evitando lacerações cervicais e serias consequências à fertilidade da égua. As anomalias uterinas são as mais frequentes, podendo ocorrer atonia, hipertonia, torção e prolapso uterino (PRESTES e LANDIM-ALVARENGA, 2006). A atonia uterina pode acontecer de forma primária, quando o útero não contrai, ou secundária, por exaustão. A hipertonia é algo particular da espécie equina, é causada pelas contrações uterinas vigorosas, o seu tratamento deve ser realizado com o uso de tranquilizantes e substâncias tocolíticas. A torção uterina ocorre de maneira casual em equinos, normalmente é secundária ao parto, originada pela mímica de dor (deitar e levantar) durante a sua fase inicial. O prolapso do útero é raro em equinos, porém é mais provável após o parto distócico ou retenção de placenta. A reposição do órgão deve ser feita após sua lavagem, utilizando pontos de sutura em formato de “U” na extensão da vulva. A égua pode vir a óbito pela liberação de microtrompos após a correção uterina (PRESTES e LANDIM-ALVARENGA, 2006). 28 2.2.2.3.2 Origem fetal As distocias de origem fetal podem ser causadas por deficiências de corticoides adrenais, tamanho do feto, defeitos anatômicos, ascite, anasarca, hidrocefalia e alterações na estática fetal, sendo a última a mais importante (PRESTES e LANDIM- ALVARENGA, 2006). A estática fetal incorreta pode apresentar-se de várias formas (Figura 11 e 12) e para sua correção é necessário a realização de manobras obstétricas. O método de correção mais utilizado é a mutação, o qual tem o objetivo do retorno do feto a sua apresentação, posição e atitude normal por retropulsão, extensão, rotação, versão e tração (STEPHEN E WARWICK, 2000). Figura11 - Quadro 1 – Estática fetal incorreta em apresentações longitudinais. A - Apresentação longitudinal posterior e posição inferior. B - Apresentação anterior, posição posterior com insinuação dos quatro membros. C - Membros posteriores flexionados de forma errada no canal do parto. D - Flexão bilateral da articulação coxofemoral. Fonte: (PRESTES e LANDIM-ALVARENGA, 2006). 29 Figura 11 – Quadro 2 – Estática fetal incorreta em apresentações transversais. A e B – Transverso ventral. C – Transverso dorsal. (PRESTES e LANDIM-ALVARENGA, 2006). A retropulsão consiste em empurrar o feto para dentro do útero longe da entrada pélvica, de modo que ele possa ser manipulado para mudar a posição em que se encontra; a extensão, consiste em estender porções do corpo em flexão; a rotação, tem o objetivo de girar o feto sobre seu eixo longitudinal, ao realizar essa manobra deve-se tomar cuidado para não provocar torção uterina, o uso do garfo obstétrico nessa técnica é satisfatório; a versão, consiste em mudar a apresentação do feto para longitudinal; e finalmente a tração, tem o objetivo tracionar o feto devidamente insinuado, essa manobra deve ser feita em sintonia com as contrações uterinas (PRESTES e LANDIM-ALVARENGA, 2006 e FRANDSON, et. al, 2011). O grande desafio dessas manobras é atingir o objetivo obstétrico do parto com o feto vivo e trauma mínimo para a égua e para o potro. Devem ser feitas com cuidados e o máximo de higiene possível, o uso de cordas, correntes, ganchos e materiais obstétricos específicos podem ser utilizados para auxiliar o veterinário. O uso de anestesia peridural, geral ou sedação pode ser requerido conforme cada caso. Quando a mutação é malsucedida na tentativa da correção é necessário empregar 30 outras técnicas como a fetotomia ou a cesariana (PRESTES e LANDIM-ALVARENGA, 2006, STEPHEN E WARWICK, 2000 e RODRIGUEZ, et. al., 2015). A fetotomia é uma técnica obstétrica que se caracteriza pela fragmentação do feto em partes menores, promovendo sua remoção pelo canal vaginal. É indicada em casos de distocias de impossível correção, fetos grandes, enfisematosos, monstruosidades fetais, fetos que sofreram graves mutilações durante as tentativas de tração e putrefação fetal. É contraindicada em casos de estreitamento de via fetal, ruptura uterina, graves lacerações vaginais e hemorragias (LANDIM-ALVARENGA, 2006 e RODRIGUEZ, et. al., 2015). Stephen e Warwick (2000) recomenta a fetotomia em casos de morte do potro por consequência da estática fetal, pois é um método mais rápido que a mutação e menos estressante para a égua. Figura 12 – Corte realizados durante a fetotomia. A - Sequência de cortes clássicos. B - Sequência de cortes possíveis. Fonte: PRESTES e LANDIM-ALVARENGA, 2006. A fetotomia é realizada com um aparelho obstétrico específico chamado fetótomo, ele tem como princípio realizar cortes longitudinais, transversais ou diagonais no feto com um fio serra de aço em movimentos de vai e vem. A literatura cita oito tipos de cortes clássicos, não devem ser regra em casos de anomalias anatômicas (Figura 13). Deve-se tomar cuidados nos cortes torácicos, pois deixam 31 pontas ósseas expostas, sua remoção deve ser feita com cautela para segurança da égua (PRESTES e LANDIM-ALVARENGA, 2006). Geralmente opta-se pelo tratamento cirúrgico após as manobras obstétricas e a fetotomia fracassarem, porém não deve ser a última opção. A cesariana tem o objetivo de retirar o feto vivo ou morto da cavidade uterina da égua por tratamento cirúrgico. As principais indicações para esse procedimento são a estática fetal não passível de correção por tração manual, pelve juvenil, atonia uterina, fetos grandes, monstruosidades fetais, lacerações e hemorragias uterinas, obstruções do canal do parto, parto prolongado, torções uterinas irreversíveis, toxemia gravídica e prolapso vaginal, cérvico-vaginal e uterino. É contraindicada em casos de feto enfisematoso e distúrbios gerais graves da égua (PRESTES e LANDIM-ALVARENGA, 2006, RODRIGUEZ, et. al., 2015 e MOREIRA, et. al., 2015). Para a realização da cesariana é necessário estabelecer um protocolo anestésico seguro para égua e potro, a abordagem cirúrgica mais utilizada é pela linha média com o animal em decúbito dorsal no centro cirúrgico, Rodriguez, et. al. (2015) menciona que abordagens pelo flanco com o animal em estação podem também ser realizadas até mesmo a campo, porém são menos comuns (RODRIGUEZ, et. al., 2015 e MOREIRA, et. al., 2015). Stephen e Warwick (2000), sugerem que a abordagem paramediana é melhor do que as supracitadas, pois proporciona melhor exposição do útero e provoca menos hemorragia. No preparo do animal para a cirurgia deve ser realizado protocolos de antibioticoterapia e antitetânico profilático, tricotomia ampla, higienização da boca e cascos e rigorosa antissepsia. A incisão inicial deve ser ampla devido ao tamanho do feto, após a exteriorização do útero realiza-se a incisão em sua face dorsal da curvatura maior, lugar de menor vascularização. Após a retirada do potro deve ser feito a ligadura e o corte do cordão umbilical e a inspeção do interior do útero e os anexos fetais. Se os últimos estiverem desprendidos poderão ser retirados pelo cirurgião, porém se estiverem aderidos devem ser mantidos no local, e deverão ser expulsos naturalmente, a retirada forçada pode provocar hemorragia e descolamento do endométrio. Durante o pós-operatório é necessário observar a expulsão da placenta, a utilização da ocitocina pode ajudar nesse processo. A retenção placentária pode levar o animal a ter laminite, metrites, endotoxemia e eventual óbito 32 (RODRIGUEZ, et. al., 2015, PRESTES e LANDIM-ALVARENGA, 2006 e STEPHEN E WARWICK, 2000). 2.2.2.3.3 Consequências do parto distócico Os traumas reprodutivos em éguas após o parto são frequentes, ocorrem devido a força excessiva que o animal exerce no parto, em éguas nervosas, no auxílio inadequado ao parto, em éguas primíparas e também em casos de fetos grandes. As lesões mais comuns são lacerações, hemorragias, fístulas retovaginais, rupturas e prolapsos (RODRIGUEZ, et. al., 2015). As lacerações ocorrem em qualquer segmento da parte mole do canal fetal (períneo, cérvix,vulva, vagina e útero), podendo ser superficiais ou profundas, pontuais ou lineares e contidos ou extensos. As lesões uterinas superficiais são de difícil diagnóstico e na maioria das vezes regride na involução uterina, já as profundas representam sério risco a vida da égua e sua viabilidade reprodutiva, hemorragias, aderências e peritonite são complicações advindas desse tipo de lesão (PRESTES, 2000, PRESTES e LANDIM-ALVARENGA, 2006 e PRESTES e LOURENÇÃO, 2015). A cérvix possui uma mucosa com alta capacidade regenerativa, portanto as lesões superficiais são solucionadas espontaneamente, em situações particulares pode ocorrer aderência, estenose do lúmen e má formação cervical. Lesões profundas provocam perda da função, impossibilitando uma nova gestação. 15 a 20 dias após o parto é possível perceber a descontinuidade do anel cervical, sendo assim possível qualificar a gravidade e detectar o local da lesão. Essas lesões são mais comuns em casos de partos distócicos, onde a tração forçada é feita de maneira incorreta (PRESTES, 2000, PRESTES e LANDIM-ALVARENGA e 2006, PRESTES e LOURENÇÃO, 2015). O canal vaginal possui rica vascularização, portanto lacerações nessa estrutura provocam hemorragia, aderências parciais e totais podem ser observadas como consequência. O meato urinário externo e o vestíbulo vaginal devem ser examinados com rigor, pois a membrana himenal remanescente, contida nessaestrutura, pode ter sido comprometida, causando a égua um quadro de urovagina. A ausência desse tecido provoca o refluxo da urina para o fundo vaginal. Vaginites, uretrites e cistites podem ser oriundas da urovagina, é necessária a realização de uma uretroplastia para 33 correção dessa patologia (PRESTES, 2000, PRESTES e LANDIM-ALVARENGA, 2006 e PRESTES e LOURENÇÃO, 2015). A vulva da égua é uma estrutura muito importante, um simples defeito anatômico pode levar o animal a inviabilidade reprodutiva. As lacerações vulvares ou perineais são classificadas em três graus. Nas lesões de primeiro grau há envolvimento das mucosas do vestíbulo vaginal e da porção superior da vulva, incluindo pele com dano muscular mínimo. As lesões de segundo grau são as que geram trauma na mucosa e submucosa vulvovestibular e ruptura dos músculos do corpo perineal. As lesões de terceiro grau acontece o rompimento da parede dorsal da vagina, do assoalho retal, do esfíncter anal e do corpo perineal (Figura 14 B) (PRESTES, 2000, PRESTES e LANDIM-ALVARENGA, 2006, PRESTES e LOURENÇÃO, 2015 e RODRIGUEZ, et. al., 2015). Lacerações de primeiro grau geralmente são auto limitantes, porém pode ser realizada a cirurgia de vulvoplastia. Para as lacerações de segundo e terceiro grau a vulvoplastia é obrigatoriamente necessária. Há situações em que as lacerações são identificadas através da fístula retovaginal, que consiste no estabelecimento de uma comunicação do reto com a vagina permitindo a passagem de síbalas e líquidos fecais para o interior do trato reprodutivo da égua. (PRESTES, 2000, PRESTES e LANDIM- ALVARENGA, 2006, PRESTES e LOURENÇÃO, 2015 e RODRIGUEZ, et. al., 2015). É normal durante a condução do parto distócico hemorragias focais por lacerações superficiais da vagina e rompimento do cordão umbilical. A mesma pode ser intensa se ocorrer lesão de grandes vasos em qualquer segmento da parte mole do canal fetal. Os locais atingidos podem contaminar-se e formarem abcessos ou fístulas (Figura 14 C). Destacamento do endométrio, tração da placenta, perfurações nas mucosas e ruptura uterina provocam hemorragias consideráveis, sendo a última a mais grave pois o sangue decai sobre a cavidade abdominal causando a mãe uma situação infeliz (PRESTES, 2000, PRESTES e LANDIM-ALVARENGA, 2006 e PRESTES e LOURENÇÃO, 2015). Naturalmente os equinos não são propensos a prolapso de estruturas genitais, no entanto podem acontecer. Prolapsos vaginais geralmente são oriundos de trações forçadas ou pelo uso de substancias irritantes e inflamatórias. O prolapso uterino (Figura 14 A) é raro e quando acontece está relacionado ao parto distócico com 34 consequente retenção de placenta, ocorrendo algumas horas após a expulsão do feto. O prolapso uterino pode provocar ruptura de vasos uterinos internos, choque e isquemia de vísceras, levando o animal à morte. Além disso, o dano ao útero contaminado predispõe a égua ao desenvolvimento do tétano. O tratamento é focado primeiro no controle do esforço com o uso de anestesia ou sedação, o órgão é levado para o nível pélvico na tentativa de restaurar a circulação, reduzir o congestionamento e diminuir a tração nos ligamentos ovarianos e uterinos que causa dor. Após isso é realizada a limpeza e reposicionamento cuidadoso do órgão a cavidade, deve-se preenche-lo com solução salina para evitar um novo prolapso, o excesso da solução deve ser retirado (BLANCHARD, et. al., 2003, PRESTES, 2000, PRESTES e LANDIM- ALVARENGA, 2006 e PRESTES e LOURENÇÃO, 2015). Figura 13 – Complicações possíveis após parto distócico. A - Prolapso uterino, observando-se pontos necróticos e órgão desidratado. Fonte: PRESTES, 2000. B - Laceração perineal de terceiro grau. Fonte: RODRIGUEZ, et. al, 2015. C - Fístula vaginal. Fonte: Arquivo pessoal, 2017. Após o parto, sendo ele distócio ou eutócico, é necessária a realização do exame geral e obstétrico específico da égua, como visto no presente tópico muitas complicações pós-parto podem ocorrer e a viabilidade reprodutiva da égua e sua saúde dependem disso (PRESTES e LOURENÇÃO, 2015). 35 2.2.3 Caso Clínico Histórico Uma égua, raça Mangalarga Machador, possuindo 5 anos de idade, pesando 480 kg, entrou em trabalho de parto na tarde do dia 08/07/2017. Observou-se que o animal estava deitado no pasto apresentando contrações uterinas, e que à noite o quadro do mesmo não havia alterado. Pela manhã do dia 09/07/2017 a égua foi encontrada em estação, podendo ser visualizada a bolsa formada pela membrana amniótica para fora da vagina (Figura 15). O veterinário foi chamado ao local onde diagnosticou o parto distócico. Em seguida, o animal foi encaminhado ao HE Clinilab para consulta, na avaliação dos parâmetros vitais, constatou-se uma FC de 44 bpm; FR, 20 mrm; TPC, 2 segundos; mucosas normocoradas; e a temperatura não foi possível aferir. A calda da égua foi enfaixada com atadura previamente a mutação. Figura 14 – Membrana aminiótica formando uma bolsa para fora da vagina e coloração escurecida do líquido amniótico. Fonte: Arquivo pessoal, 2017. Diagnóstico 36 O diagnóstico foi realizado através do histórico e da palpação uterina. O feto estava em atitude flexão bilateral da articulação coxofemoral, apresentação longitudinal posterior e posição inferior (Figura 11 D). Foi constatada a morte do potro pela ausência dos seus reflexos, hipotermia e coloração do líquido amniótico (Figura 15). Tratamento Posteriormente a intervenção para a reposicionamento do feto e fetotomia, foi efetuada uma anestesia epidural baixa com combinação entre Xilazina (0,17mg/kg); lidocaína (0,22mg/kg); bupvacaína (0,06mg/kg); e a cetamina (0,5mg/kg). Além disso, também foi realizada uma neuroleptoanalgesia com Xilazina (1mg/kg IV) e Morfina (0,1mg/kg IV), sendo ambas realizadas em bolus. Em seguida, foi realizada uma infusão contínua com os mesmos fármacos tendo suas doses duplicadas. A infusão foi mantida durante os 45 minutos do procedimento e a égua permaneceu com seus parâmetros clínicos estáveis. Tendo em vista a estática fetal, foi realizado a mutação, a princípio estendendo os membros pélvicos com o auxílio de uma corrente para posterior tração (Figura 16 A, B e C), que só foi possível até a região torácica do feto, a partir disso foi realizada a fetotomia, retirando todo o conteúdo abdominal e torácico (Figura 16 D). Por fim, efetuou-se novamente o tracionamento, permitindo a expulsão total do feto (Figura 16 E). A placenta foi mantida até seu desprendimento natural (Figura 17 A). Após o procedimento, foi realizada a lavagem uterina com cinco litros de hipoclorito de sódio diluído em água, seguida da lavagem com cinco litros de água destilada ozonizada. O procedimento foi feito por via uterina através de uma sonda nasogástrica de número oito com auxílio de um funil. Após a lavagem foi dado início ao tratamento sistêmico profilático que consistiu, inicialmente, na aplicação de um frasco ampola de soro antitetânico liofilizado (5.000 UI IM), dose única. Na antibioticoterapia foi utilizado um frasco ampola de Polimixina B (500.000 UI, diluído em 500 ml solução fisiológica IV), dose única. Foi administrado também hidrocortisona (500mg IV), dose única e ocitocina (10 UI IM) de oito em oito horas. Todos esses fármacos foram administrados apenas no primeiro dia de tratamento após a expulsão do feto. 37 Figura 15 – Manipulação obstétrica. A - Realização da extensão dos membros pélvicos do potro com o uso de uma corrente. B - Exposição do membro pélvico esquerdo. C - Exposição dos membros pélvicos. D - Fetotomia, abertura da cavidade e tração do conteúdo
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