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MIOLOGIA 
 
1 INTRODUÇÃO E CONCEITO 
 
Os animais unicelulares necessitam reunir, em uma só célula, propriedades tais que lhes 
permitam interagir com o meio em que vivem, como irritabilidade, condutibilidade e 
contratilidade. Nos seres multicelulares, grupos celulares se organizam para o desempenho de 
funções específicas, constituindo órgãos e sistemas. A irritabilidade e a contratilidade ficam a 
cargo dos neurônios, enquanto que a contratilidade passa a ser função das células musculares. 
 
A miologia se encarrega do estudo dos músculos estriados esqueléticos. 
 
Latim musculus = pequeno camundongo. O efeito da contração muscular sob a pele lembra o 
correr de um camundongo sob esta. 
Grego mios, origem de termos como miologia, miosite, etc. 
 
Músculos = agrupamento de células musculares em pacotes envoltos por tecido conjuntivo, 
formando feixes que reunidos constituem massas macroscópicas. 
Funções = contração e relaxamento, locomoção, respiração, circulação, postura corporal, 
sustentação e proteção de órgãos, geração de calor, etc. 
 
2 TIPOS DE MÚSCULOS 
 
2.1 Músculo Liso 
Formado por células fusiformes, uninucleadas e não possuem estriações. É encontrado em 
paredes de vísceras ocas, em vasos sanguíneos, cápsulas de órgãos, globo ocular, folículos 
pilosos, músculo retrator do pênis, túnica dartos, dentre outros. Seu processo de contração é 
lento e involuntário. 
 
2.2 Músculo Estriado Cardíaco 
Forma o miocárdio (parede muscular do coração), suas fibras apresentam-se alongadas e 
ramificadas, que se anastomosam com as vizinhas e possuem estriações transversais, além de 
estrias especiais denominadas discos intercalares. O movimento resultante de sua contração é 
rítmico, vigoroso e involuntário. 
 
2.3 Músculo Estriado Esquelético 
Constituído por fibras multinucleadas, alongadas, não anastomosadas e com estriações 
transversais. Sua contração é rápida, vigorosa e voluntária. A miologia estuda este tipo de 
músculo. 
 
3 LOCALIZAÇÃO DOS MÚSCULOS ESQUELÉTICOS 
São encontrados em situações diversas. A maioria deles apresenta-se individualizada, dispõe-
se ao longo do esqueleto, cruzando uma ou mais articulações e se fixando aos ossos. A 
contração desses músculos resulta no deslocamento do segmento ósseo interessado. 
Outros músculos podem ser superficiais e estar presos à pele e sua contração provoca o 
movimento da própria pele, são os músculos cutâneos. 
Há ainda os músculos que guardam orifícios naturais, como o orbicular da boca, do olho, 
esfíncter externo do ânus, etc e aqueles relacionados às vísceras, como no esôfago de alguns 
animais, laringe, faringe, língua e bulbo ocular. 
 
 
 
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4 COMPONENTES ANATÔMICOS DO MÚSCULO ESQUELÉTICO 
 
Fibras musculares 
Tecido conjuntivo: envolvem uma fibra muscular, um feixe muscular (conjunto de fibras) e o 
músculo todo (conjunto de feixes), sendo denominado respectivamente por: 
- Endomísio 
- Perimísio 
- Epimísio 
São múltiplas as funções do tecido conjuntivo, tais como, vias de acesso para vasos 
sanguíneos e nervos à intimidade do músculo, ponto de apoio para as fibras musculares, 
permitindo o deslizamento entre elas no momento da contração, e constituem os tendões e 
aponeuroses ao se reunirem na extremidade do músculo. 
 
Ventre: formado pelas fibras musculares, constitui a parte carnosa do músculo. 
Tendões: continuação do tecido conjuntivo denso que envolve as fibras, feixes e o próprio 
músculo. Este tecido conjuntivo se reúne nas extremidades do ventre muscular se projetando 
além desses para prendê-los aos ossos. 
Aponeuroses: tendões laminares (pertencentes a músculos laminares). 
 
4.1 ÓRGÃOS ACESSÓRIOS 
Retináculos ou Ligamentos anulares: cintas de tecido conjuntivo denso que limitam o 
deslocamento dos tendões para apenas seu eixo longitudinal, para o aproveitamento máximo 
da energia dispendida. 
Bolsas sinoviais: bolsas contendo líquido sinovial, interpostas entre o músculo (tendão, 
normalmente) e algum ponto de atrito, como proeminências ósseas. 
Bainhas sinoviais: semelhante às bolsas, porém envolvem todo o tendão, ou mais de um. 
Ossos sesamóides: pequenos ossos de contorno arredondado que surgem como elementos de 
apoio. Modelam e orientam a inserção dos tendões, além de funcionarem como 
amortecedores. 
Polias de reflexão: estruturas cartilaginosas ou fibrocartilaginosas que mudam a inserção do 
músculo, harmonizando sua ação. 
 
4.2 FÁSCIA MUSCULAR 
Extensões de tecido conjuntivo, externamente ao epimísio, que envolvem um músculo ou um 
grupo de músculos. Mantém os músculos em posição, mesmo durante a contração, servem 
como origem e inserção para eles, vias de passagem para vasos e nervos, permite o 
deslizamento de músculos adjacentes. 
 
5 ORIGEM E INSERÇÃO MUSCULAR 
A contração muscular é seguida do deslocamento de um dos pontos aos quais eles se 
prendem. 
Cabeça do músculo: extremidade que permanece fixa durante a contração. Seu ponto de 
fixação é chamado origem. 
Cauda do músculo: extremidade que se desloca durante a contração. Seu ponto de fixação é 
chamado inserção. 
Nos membros, a cabeça é sempre a extremidade proximal e a cauda é a extremidade distal. A 
origem e inserção dependem do movimento executado. Como exemplo tem-se o músculo 
bíceps braquial, que apresenta sempre duas cabeças e uma cauda, porém sua origem é na 
escápula e inserção no rádio, quando da flexão do antebraço; e origem no rádio e inserção na 
escápula quando fixa-se o antebraço numa barra de ginástica, com elevação do ombro. 
 
 
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6 CLASSIFICAÇÃO DOS MÚSCULOS 
 
6.1 Quanto ao arranjo das fibras 
a) Fusiforme: ocorre convergência das fibras em direção aos tendões de origem e inserção, de 
modo que a parte média do músculo tem maior diâmetro que as extremidades. Ex: bíceps 
braquial, flexor superficial dos dedos, flexor profundo dos dedos. 
b) Paralela: fibras dispostas paralelamente ao eixo do músculo, formando fitas ou faixas. 
- Longo: destaca-se pelo seu comprimento. Ex: esternocefálico. 
- Largo: destaca-se pela sua largura. Ex: glúteos e peitorais. 
Laminar: Ex: músculos do abdômen – oblíquo externo; oblíquo interno; transverso; reto. 
c) Peniforme: as fibras musculares se dispõem de maneira oblíqua em relação ao seu tendão. 
Semelhante à pena. 
- Unipenado: as fibras convergem para apenas uma das margens do tendão. Ex: 
extensor longo dos dedos, intercostais. 
- Bipenado: as fibras convergem para as duas margens do tendão. Ex: reto femoral, 
gastrocnêmio. 
- Multipenado: as fibras se prendem em mais de um tendão. Ex: peitoral profundo. 
d) Orbiculares: trajetória circular, ao redor de aberturas naturais do corpo. Ex: orbicular do 
olho e da boca. São também os esfinctéricos, como o esfíncter anal externo. 
 
6.2 Quanto ao número de cabeças 
a) Bíceps: duas cabeças. Ex: bíceps braquial, bíceps femoral, sartório. 
b) Tríceps: três cabeças. Ex: tríceps braquial (cabeça longa, cabeça lateral e cabeça medial). 
c) Quadríceps: quatro cabeças. Ex: quadríceps femoral (vasto lateral, reto femoral, vasto 
intermédio, vasto medial). 
 
6.3 Quanto ao número de caudas 
a) Monocaudado: uma cauda. Ex: extensor radial do carpo, redondo maior. 
b) Bicaudado: duas caudas. Ex: infraespinhoso 
c) Policaudado: mais de duas caudas. Ex: extensor comum dos dedos; extensor longo dos 
dedos. 
 
6.4 Quanto ao número de ventres 
a) Digástrico: dois ventres. Ex: digástrico. 
b) Poligástrico: mais de dois ventres. Ex: reto do abdome. 
 
6.5 Quanto á ação 
Flexores: diminuem o ângulo entre os segmentos. Ex.: flexores superficial e profundo dos 
dedos. 
Extensores: aumentam o ângulo entre os segmentos. Ex.: extensor radialdo carpo; extensor 
ulnar do carpo; extensor comum dos dedos. 
Adutores: aproximam o segmento do plano mediano. Ex.: adutor da coxa. 
Abdutores: afastam o segmento do plano mediano. Ex.: deltoide. 
Pronadores: promovem rotação no sentido medial. Ex.: pronador redondo (carnívoros). 
Supinadores: promovem rotação no sentido lateral. Ex.: obturadores. 
Tensores: tracionam a fáscia de inserção. Ex.: tensores da fáscia do antebraço e da fáscia lata. 
Retratores: promovem retração. Ex.: zigomático. 
Elevadores: levantam alguma estrutura. Ex.: elevador nasolabial. 
Depressores: abaixam alguma estrutura. Ex.: depressor do lábio superior 
Constritores/Esfinctéricos: promovem diminuição do lúmen de um orifício. Ex.: m. esfíncter 
externo do ânus. 
Dilatadores: promovem aumento do lúmen de um orifício. Ex.: canino. 
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GRUPOS FUNCIONAIS 
a) Agonistas: agente principal na execução do movimento. Ex: na flexão do antebraço os 
agonistas são os músculos bíceps braquial e o braquial. 
b) Antagonistas: opõe-se ao movimento produzido pelos agonistas. Ex: na flexão do 
antebraço, o antagonista é o tríceps braquial. Tornam harmônicos os movimentos produzidos 
pelos agonistas. 
c) Sinergistas: auxiliam indiretamente o movimento, estabilizando partes do corpo em uma 
certa posição para permitir a ação dos agonistas. Favorecem ou tornam mais eficiente a ação 
dos agonistas. São classificados como posturais. Ex: na flexão do antebraço, os sinergistas são 
os músculos peitorais, grande dorsal, entre outros. 
 
A condição de agonista, antagonista e sinergista irá variar em razão do movimento. Ex: na 
extensão do antebraço, o agonista é o tríceps braquial e o antagonista o bíceps braquial e 
braquial. 
 
O resultado da ação harmônica entre os grupos funcionais resulta na coordenação motora. 
Embora seja ultimada por músculos voluntários, decorre sempre de forma automática ou 
semi-automática e, muitas vezes, desencadeadas por mecanismos reflexos. 
 
7 NOMENCLATURA DOS MÚSCULOS 
Posição no esqueleto: braquiocefálico, peitorais, intercostais, glúteos, nasolabial. 
Forma: trapézio, rombóide, serrátil, redondo maior, quadrado femoral. 
Direção das fibras: reto do tórax, transverso do tórax, obliquo do abdome. 
Número de cabeças: bíceps braquial, tríceps braquial, quadríceps femoral. 
Número de ventres: digástrico 
Ação que executa: flexor superficial dos dedos, extensor lateral dos dedos. 
 
8 VASCULARIZAÇÃO 
 
9 INERVAÇÃO 
 
 
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MIOLOGIA PRÁTICA 
Para o estudo prático, tomar-se-á os músculos dos ruminantes. 
 
MÚSCULOS DA CABEÇA 
Músculos da face 
Cutâneo da face 
Masseter 
Zigomático 
Depressor do lábio inferior e Depressor do lábio superior 
Elevador nasolabial e Elevador do lábio superior 
Orbicular da boca 
Bucinador 
Canino 
Músculos palpebrais 
Orbicular do olho 
Frontal 
Malar 
Elevador da pálpebra superior 
Músculos auriculares rostrais, caudais, dorsais e ventrais 
Músculos da região intermandibular e infratemporal 
Temporal 
Pterigóideo lateral 
Digástrico 
 
MÚSCULOS DO PESCOÇO 
Músculos da face lateral 
Cleidocefálico 
Omotransversal 
Trapézio 
Rombóide 
Esplênio 
Longíssimo da cabeça e do atlas 
Semiespinhal da cabeça 
Reto dorsal maior da cabeça 
Reto dorsal menor da cebeça 
Oblíquo caudal da cabeça 
Músculos da face lateral 
Esternocefálico 
Esternotireóideo 
Esternohióideo 
Escalenos 
Intertransversais do pescoço 
Longo da cabeça 
Longo do pescoço 
Omohióideo 
 
MÚSCULOS DO MEMBRO TORÁCICO 
Músculos da cintura escapular 
Cutâneo do tronco 
Peitoral superficial 
Peitoral profundo 
Braquiocefálico 
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Omotransversal 
Trapézio 
Rombóide cervical e Rombóide torácico 
Grande dorsal 
Serrátil ventral 
Subclávio 
Músculos da face lateral da escápula 
Deltóide 
Supra-espinhal 
Infra-espinhal 
Redondo menor 
Músculos da face medial da escápula 
Subescapular 
Redondo maior 
Músculos do braço 
Bíceps braquial 
Coracobraquial 
Braquial 
Tríceps braquial 
Tensor da fáscia do antebraço 
Ancôneo 
Músculos do antebraço e da mão 
Pronador redondo 
Flexor radial do carpo 
Flexor ulnar do carpo 
Flexor superficial dos dedos 
Flexor profundo dos dedos 
Interflexores 
Ulnar lateral 
Extensor radial do carpo 
Abdutor longo do polegar 
Extensor do dedo III 
Extensor comum dos dedos 
Extensor do dedo IV (Extensor lateral do dedo) 
Interósseo 
 
MÚSCULOS DA PAREDE DO TÓRAX 
Peitoral superficial 
Peitoral profundo 
Serrátil ventral 
Reto do tórax 
Intercostais externo e interno 
Serrátil dorsal cranial 
Serrátil dorsal caudal 
Retrator da costela 
Transverso do tórax 
Diafragma 
Longíssimo e Iliocostal 
 
MÚSCULOS DA PAREDE ABDOMINAL 
Oblíquo externo do abdome 
Oblíquo interno do abdome 
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Transverso do abdome 
Reto do abdome 
 
MÚSCULOS DO MEMBRO PÉLVICO 
Músculos da face lateral da pelve 
Glúteo superficial 
Glúteo médio 
Glúteo profundo 
Gêmeo 
Tensor da fáscia lata 
Músculos da face lateral da coxa 
Bíceps femoral 
Semitendíneo 
Músculos da face cranial da coxa 
Quadríceps (vasto lateral, vasto intermédio, vasto medial, reto femoral) 
Músculos da face medial da coxa 
Sartório 
Ilíaco e Psoas maior 
Pectíneo 
Semimembranáceo 
Quadrado femoral 
Obturador externo 
Obturador interno 
Adutor 
Grácil 
Músculos da face craniolateral da perna 
Tibial cranial 
Fibular terceiro 
Extensor do dedo III 
Extensor longo dos dedos 
Fibular longo 
Extensor do dedo IV (Extensor lateral do dedo) 
Extensor curto dos dedos 
Músculos da face caudal da perna 
Gastrocnêmio 
Flexor superficial dos dedos 
Sóleo 
Flexor profundo dos dedos 
Poplíteo

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