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A IMPORTÂNCIA DE EDUCAR PARA AS RELAÇÕES ÉTNICO- RACIAIS: QUESTÕES CONSIDERADAS NO TRATO COM ESTE CONHECIMENTO(1) Diego de Matos Noronha(2), Afonso LarruscainCauduro(3) , Cristiane Barbosa Soares (4) , Marluce Rodrigues do Canto(5) , Paulo Roberto Cardoso da Silveira(6) , Marta Iris Camargo Messias da Silveira(7) (1) Trabalho desenvolvido, a partir, das discussões e ações do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiro e Indígena da Unipampa-NEAB/UNIPAMPA. (2) Acadêmico do Curso de Licenciatura de Educação Física; Bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência-PIBID; Pesquisador do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiro-NEAB; Universidade Federal do Pampa; Uruguaiana; Rio Grande do Sul; noronha.educfisica@gmail.com (3) Acadêmico do Curso de Licenciatura de Educação Física; Bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência-PIBID; Pesquisador do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiro-NEAB; Universidade Federal do Pampa; Uruguaiana; Rio Grande do Sul; afonsocauduro@gmail.com (4) Professora de Ciências da Natureza; Pós-Graduanda em Educação e Ciências; Pesquisadora do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiro-NEAB; Universidade Federal do Pampa; Uruguaiana; Rio Grande do Sul; cristi.soa@gmail.com (5) Acadêmica do Curso de Licenciatura de Educação Física; Bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência-PIBID; Pesquisadora do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiro-NEAB; Universidade Federal do Pampa; Uruguaiana; Rio Grande do Sul; marlucecanto@gmail.com (6) Prof. Adjunto do Departamento de Educação Agrícola e Extensão Rural da UFSM; Dr. pelo Programa Interdisciplinar em Ciências Humanas da UFSC; Membro do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da UFSM; Prof. do Curso de Especialização em História e Cultura Africana, Afro-brasileira e Indígena; Universidade Federal do Pampa; Uruguaiana; Rio Grande do Sul; prcs1064@yahoo.com.br (7) Profª adjunta do Curso de Licenciatura em Educação Física; Coordenadora de área PIBID-Educação Física; Coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiro e Indígena-NEAB; Coordenadora do Curso de Especialização em Historia e Cultura Africana, Afro-Brasileira e Indígena; Universidade Federal do Pampa; Uruguaiana; Rio Grande do Sul; jamaicatreze@yahoo.com.br RESUMO: Educar para a diversidade étnica e racial é a principal tarefa para buscar a compreensão da pluralidade cultural existente em nossa sociedade e preparar cidadãos para o convívio democrático com as diferenças. Nesse sentido, se faz necessário a renovação das práticas educativas vigentes, bem como, avaliações constantes de nosso cotidiano enquanto educadores. Assim o objetivo deste trabalho é salientar a importância de educar para as relações étnico-raciais, refletindo qual conhecimentos abordar para superar preconceitos e estimular novas práticas pedagógicas; toma-se como referência empírica as formações realizadas sobre as questões etnicas e raciais para os professores de escolas da rede pública de Uruguaiana. Palavras-Chave: Educação, Relações Etnico-Raciais, Formação de Professores. INTRODUÇÃO Educar para a diversidade étnica e racial é um processo vital para a compreensão da pluralidade cultural em nossa sociedade, construindo as bases de superação do preconceito e discriminação racial. Nesse sentido, se faz necessário, a renovação das práticas educativas vigentes e avaliações constantes de nosso cotidiano enquanto educadores. Diante de um passado de silenciamento diante das diferenças em sala de aula, hoje as políticas de ações afirmativas em curso no país cobram o respeito à diversidade social e cultural e a expressão das diferentes matrizes culturais que formaram nosso povo. Mesmo com os processos de miscigenação ocorridos no Brasil, onde brancos, negros e indígenas se intercruzam, ainda persiste a timidez de diálogos efetivos entre essas culturas. Trazer a tona este ocultamento e seu verdadeiro objetivo, a manutenção subordinada do povo negro, é o caminho a ser trilhado pela educação para as relações étnico-raciais. A Lei federal 10.639/03 vem neste sentido, trazendo a obrigatoriedade do ensino da história e cultura africana e afro-brasileira nos níveis fundamental e médio. O Objetivo deste trabalho é refletir sobre a educação das relações étnico-raciais, abordando os conhecimentos trabalhados e as estratégias pedagógicas utilizadas, tomando como base a ação de formação desenvolvida pelo NEAB- UNIPAMPA nas escolas da rede pública municipal de Uruguaiana. METODOLOGIA A base empírica que dialoga com a reflexão aqui proposta consiste em trabalho desenvolvido com os professores das escolas municipais da cidade de Uruguaiana, através de um convite que a Secretaria Municipal de Educação fez ao Núcleo de Estudos Afro-brasileiros da Unipampa - NEAB. Foram feitas reuniões que antecederam as ações para decidirmos como aconteceria a formação e qual rumo seria tomado. Decidiu-se que a mesma seria dividida em três momentos: o primeiro momento consistiu em uma fala da coordenadora do NEAB Marta Silveira; nesta fala, a professora fez uma contextualização histórica do porque hoje temos as políticas de Ações Afirmativas, explicou o que são e ainda evidenciou a importância da implementação da Lei 10.639/03 na educação básica brasileira; o segundo momento foi composto por uma fala dos bolsistas PIBID e participantes do NEAB, os quais fizeram um relato de experiência sobre as ações do Novembro Negro (oficinas que foram realizadas em novembro de 2014 nas escolas que o NEAB desenvolve ações de pesquisa e extensão); no terceiro momento, foi feito uma atividade prática relacionada aos ritmos, buscando desmistificar os pré-conceitos que grande parte da sociedade tem relacionado aos ritmos, danças e cantos relacionados com as religiões de matriz africana; para tanto foram feitas atividades de conhecimento da origem dos instrumentos, da ligação que eles tem com os ritmos genuinamente brasileiros, além do manuseio dos mesmos. RESULTADOS E DISCUSSÃO Cabe a escola, em articulação com a família e a comunidade do entorno, suprimir o preconceito e fortalecer os saberes de matriz africana, expulsando do contexto escolar a discriminação dos descendentes de povos africanos. No trabalho desenvolvido observaram-se as dificuldades enfrentadas pelos professores, reforçadas pelo ambiente escolar pouco flexível para novos conteúdos e práticas pedagógicas. Buscou-se abordar os fundamentos das práticas racistas, quando associa-se a cor (o fenótipo) com características morais, culturais e religiosas, o que sustenta a pressuposta superioridade/inferioridade entre grupos sociais devido a sua pertença étnico-racial. Desmitificar tal relação é o compromisso do educador. A Educação para as Relações Étnico-Raciais e para o Ensino da História e Cultura Afro-brasileira e Africana nas escolas tem intersecção com todos os níveis e modalidades de ensino. Na Educação Básica, o objetivo é implementar, produzir e divulgar conhecimentos, atitudes, posturas e valores que promovam aos gestores/as, professores/as e estudantes o valor do respeito à diversidade étnico racial no cotidiano das unidades escolares. As práticas discriminatórias, racistas e sexistas bem como as desigualdades econômicas têm repercussões diretas no fazer pedagógico do cotidiano escolar e no rendimento dos estudantes. Por isso a educação das relações étnico-raciais deve ser conduzida, tendo-se como referências os seguintes princípios (BRASIL, 2004b, p.17 apud GONÇALVES E SILVA, 2007):“consciência política e histórica da diversidade; fortalecimento de identidades e de direitos; ações de combate ao racismo e a discriminações”. Assim, nas escolas envolvidas na ação do NEAB-UNIPAMPA é desenvolvido processo continuo de formação, associando-o com programas interdisciplinares e que dialogamcom os saberes e organizações vinculados a cultura de matriz africana. CONCLUSÕES O desafio da educação contemporânea é o trato com as diferenças sem ocultá-las na falsa crença da igualdade formal. A inclusão do ensino de história e cultura africana e afro-brasileira possibilita constructos para explicitar as diferenças e construir praticas pedagógicas que viabilizem a valorização da diversidade étnico-racial. Esta implementação exige maior investimento na reorientação curricular, na formação inicial e continuada de educadoras/es, na revisão de nossas posturas e por que não a desconstrução de nossos preconceitos para que só assim possamos fazer uma educação para as relações étnicas e raciais eficaz. REFERÊNCIAS GOMES N.L, JESUS R.E. As práticas pedagógicas de trabalho com relações étnico-raciais na escola na perspectiva de Lei 10.639/2003: desafios para a política educacional e indagações para a pesquisa. Educar em Revista, Curitiba, Brasil, n. 47, p. 19-33, jan./mar, 2013. GONÇALVES E SILVA, P.B. Aprender, ensinar e relações étnico-raciais no Brasil. Educação, Porto Alegre/RS, ano XXX, n. 3 (63), p. 489-506, set./dez, 2007. MUNANGA, Kabengele. Negritude: usos e sentidos. São Paulo: Ática, 1988. NORONHA, D. M. Projeto Novos Talentos – subprojeto: ações de implementação das leis Federal 10.639/03 e 11.645/08 em escolas municipais e estaduais de Uruguaiana. I Salão de Ações Afirmativas da UFRGS. 2014. SILVEIRA, Marta I.C. Messias. O Movimento Social Negro: da contestação às politicas de ações afirmativas e a implicação para a aplicação da lei federal 10.639/03 – o caso da rede mucipal de ensino de Santa Maria – RS. Salvador, FACED/UFBA, 2009, Tese de Doutorado. SILVEIRA, M. I. C. M. DA; BIANCHI, P. Núcleo Interdisciplinar de Educação: Articulações de contextos &Saberes nos (per)cursos de licenciatura da Unipampa. Florianópolis: 2013.