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ENCONTRE MAIS RESUMOS, ALÉM DE LIVROS E DICAS SUPER VALIOSAS EM: https://goo.gl/UJt6KB COMPLEXO DENTINA-POLPA A dentina é um tecido mineralizado que constitui a maior parte da estrutura do dente, sendo recoberta pelo esmalte, na porção coronária, e pelo cemento na porção radicular. A dentina aloja no seu interior a polpa dentária. Esses dois tecidos são intimamente relacionados, desde a fase de formação até que o dente esteja completamente formado, constituindo o complexo dentina-polpa. A dentina é uma estrutura avascular que não apresenta células no seu interior. Apenas prolongamentos dos odontoblastos estão dentro de túbulos que percorrem desde a polpa até a junção amelodentinária. A dureza da dentina, considerada um pouco maior que a do osso, se deve ao seu maior conteúdo mineral (cerca de 70% do seu peso) na forma de hidroxiapatita. A dentina é um tecido que tem certa resiliência ou elasticidade, por isso desempenha papel importante na sustentação do esmalte, amortecendo um pouco as forças da mastigação e reduzindo a possibilidade de fraturas. A polpa, por sua vez, é um tecido conjuntivo não mineralizado rodeado inteiramente pela dentina. A polpa se comunica com o ligamento periodontal pelo forame apical e pelas foraminas acessórias. DENTINOGÊNESE Durante o processo de formação da dentina, células da periferia da papila dentária diferenciam-se em odontoblastos, que são células responsáveis pela formação de dentina. O restante da papila dentária constitui a polpa no dente formado. Durante a dentinogênese, duas etapas podem ser diferenciadas: a formação da dentina coronária e a formação da dentina radicular. Ainda convém diferenciar o momento inicial da dentinogênese, quando surge a primeira camada de dentina (dentina do manto), da formação do restante da dentina (circumpulpar). O primeiro evento da dentinogênese é a diferenciação das células formadoras, os odontoblastos, a partir de células ectomesenquimais. DIFERENCIAÇÃO DOS ODONTOBLASTOS Na sequência da ontogênese, as células do germe dentário sofrem sucessivas modificações. Desse modo, após a formação da lâmina dentária, o germe dentário passa por várias fases de desenvolvimento. Durante as fases de botão e capuz, todas as células do epitélio interno do órgão do esmalte estão em continua divisão, determinando o aumento de volume do germe dentário. Entretanto, na fase de campanula, o germe dentário praticamente para de crescer, tendo todos os elementos celulares necessários para formar as estruturas dentárias. Nos locais correspondentes as futuras cúspides, a atividade mitótica interrompe-se e as células do epitélio interno do órgão do esmalte, originalmente cubicas ou cilíndricas baixas, alongam-se, tornando-se francamente cilíndricas. O núcleo se alinha muito próximo ao estrato intermediário, e as células do epitélio interno passam a se chamar pré-ameloblastos. Nesta fase, as células da papila estão afastadas dos pré-ameloblastos, deixando uma estreita faixa acelular. Quase imediatamente após as modificações observadas nas células do epitélio interno, ouras mudanças são observadas na papila dentária subjacente. As células ectomesenquimais da periferia da papila, agora chamadas de pré-odontoblastos, aumentam de tamanho graças ao desenvolvimento de organelas de síntese e secreção de proteínas, diferenciando-se nas células que formarão a dentina, os odontoblastos. Com a diferenciação dos pré-odontoblastos e seu consequente aumento de volume, a faixa acelular é eliminada gradualmente, passando a ser ocupada pelos odontoblastos. Associações entre o órgão do esmalte e a papila dentária demonstram que a interação entre esses tipos celulares é absolutamente essencial para a diferenciação citológica e funcional tanto dos odontoblastos como dos ameloblastos. A ação do epitélio interno do órgão do esmalte sobre as células da papila dentária é mediada pela lâmina basal da interface epitélio-ectomesenquima. Os odontoblastos são células pós-mitóticas; calcula-se que ocorram pelo menos 14 ou 15 divisões entre o início da ontogênese e a diferenciação dos odontoblastos. A diferenciação propriamente dita inicia-se após a última divisão dos pré-odontoblastos, sendo caracterizada pelos seguintes eventos: termino do ciclo celular, início da polarização e, ainda, modificações transcricionais e pós-transcricionais. Simultaneamente com a diferenciação ocorre a polarização dos odontoblastos. Quando ocorre a polarização, os odontoblastos se alongam e o núcleo permanece na extremidade oposta ao epitélio interno do órgão do esmalte, formando o polo proximal. No polo distal, formam-se vários processos curtos. Posteriormente, com o afastamento dos odontoblastos em direção à papila dentaria, e com o avanço da polarização, forma-se um prolongamento único (prolongamento odontoblastico) que mantem ramificações próximas ao limite amelodentinário. A diferenciação final dos odontoblastos resulta no aumento da síntese de colágeno tipo I e supressão da síntese de colágeno tipo III. FORMAÇÃO DA MATRIZ ORGANICA DA DENTINA Como os outros tecidos que sofrem mineralização, a matriz orgânica da dentina tem dois componentes: o fibrilar, constituído por fibrilas colágenas, e a substancia fundamental interfibrilar. O colágeno encontrado na dentina é principalmente do tipo I e representa 90% da matriz orgânica. Os restantes 10% da matriz orgânica da dentina são constituídos pelas proteínas não colágenas. Por ser o colágeno tipo I o componente mais abundante dessa matriz, os odontoblastos recém-diferenciados apresentam as características ultraestruturais típicas de uma célula sintetizadora e secretora de proteínas com o polo proximal do lado do núcleo, e o polo distal do lado da matriz em formação. Os precursores iniciais do colágeno são sintetizados nos ribossomos do reticulo endoplasmático rugoso e liberados para o interior das cisternas. Em seguida, os túbulos e vesículas intermediarias levam as cadeias formadoras para o complexo de Golgi. Uma vez no complexo, as cadeias se entrelaçam, formando uma tríplice hélice, constituindo o pró- colágeno. Após esse processo, as moléculas de pró-colágeno são transportadas para o polo distal da célula, via grânulos de secreção. Graças a atividade de microtúbulos e microfilamentos, os grânulos são levados à superfície para serem liberados. Uma vez na matriz extracelular, enzimas transformam o pró-colágeno em tropocolágeno, o qual posteriormente agrega-se para formar as fibrilas colágenas. FORMAÇÃO DA DENTINA DO MANTO O processo de formação da dentina do manto começa com a secreção dos principais componentes da matriz orgânica, sendo as fibrilas colágenas os elementos mais numerosos. Simultaneamente a secreção das fibrilas, aparecem corpos arredondados ou ovais rodeados de membrana com tamanhos entre 50 a 200nm, denominados vesículas da matriz, situando-se entre as fibrilas colágenas. Com o aparecimento dos primeiros componentes da matriz orgânica da dentina, os pré- ameloblastos completam sua diferenciação e a lâmina basal torna-se descontinua. A mineralização da dentina inicia-se nas vesículas da matriz; uma vez formada uma fina camada de matriz orgânica, inicia-se a deposição de mineral no seu interior. Os locais em que os primeiros cristais de hidroxiapatita são observados, sob a forma de finas agulhas, são as vesículas da matriz. Nestes primeiros momentos da mineralização da dentina do manto, não há deposição mineral no restante da matriz orgânica, mesmonas fibrilas colágenas. A continuação do processo de mineralização de componente fibrilar da matriz leva ao estabelecimento de uma banda continua de dentina mineralizada, logo abaixo do esmalte, que nesta época está apenas no início da formação. A matriz orgânica da dentina do manto é produzida pelos odontoblastos em diferenciação (odontoblastos do manto ou imaturos). Posteriormente, quando a formação da dentina do manto termina, alcançando uma espessura entre 10 e 30mm, os odontoblastos alcançam sua completa diferenciação e polarização (tornando-se odontoblastos circumpulpares ou maduros). FORMAÇÃO DA DENTINA CIRCUMPULPAR Como dito anteriormente, a formação da dentina do manto termina quando os odontoblastos alcançam sua completa diferenciação e polarização. A partir desse momento, enquanto se deslocam centripetamente os odontoblastos continuam depositando as moléculas da matriz orgânica. Como a formação ocorre por aposição centrípeta, a dentina do manto é externamente adjacente a uma nova camada de matriz não mineralizada, chamada de pré-dentina, que constituirá, quando mineralizada, a primeira camada de dentina circumpulpar, esta, por sua vez também adjacente a outra camada recém-formada de pré-dentina. • Dentina peritubular: fina matriz orgânica de composição distinta, quase totalmente desprovida de fibrilas colágenas, que se mineraliza rapidamente. Disposta em volta dos prolongamentos dos odontoblastos. • Dentina interglobular: refere-se ao restante da dentina, representando a maior parte do tecido. A dentina circumpulpar forma-se por aposição enquanto os odontoblastos recuam em direção à papila dentária à medida que novas camadas de pré-dentina são depositadas, deixando o prolongamento e suas numerosas ramificações rodeados por dentina peritubular. A parede de dentina peritubular que aloja o prolongamento adota a forma de um longo túnel, sendo denominada túbulo dentinário. Uma vez formada aproximadamente a metade da espessura total de dentina, o prolongamento odontoblástico começa a se retrair enquanto continua a deposição de nova pré-dentina. Com isso, as extremidades distais dos túbulos dentinários vão tornando-se vazias, porém preenchidas pelo fluido dentinário. Como a mineralização da dentina do manto se inicia nas vesículas da matriz, formam-se glóbulos de calcificação que crescem pela deposição continua de mineral. A aglomeração desses glóbulos resulta no aparecimento de pequenas regiões hipomineralizadas que constituem a dentina interglobular. FORMAÇÃO DA DENTINA RADICULAR O início da dentinogênese radicular marca o início da fase de raiz da odontogênese. Aqui também são necessárias celular epiteliais para induzir a diferenciação dos odontoblastos, porém são provenientes da bainha de Hertwig. A dentinogênese radicular ocorre de maneira muito parecida com a coronária, com apenas algumas diferenças: as fibrilas colágenas mais grossas da primeira camada de dentina radicular são paralelas a camada basal, ao contrário da coronária, em que as fibras eram perpendiculares a camada basal; os odontoblastos apresentam prolongamentos mais ramificados na extremidade distal. Além disso, os corpos dos odontoblastos são menos alongados, sendo, portanto, células cubicas e não cilíndricas. DESENVOLVIMENTO DA POLPA A polpa deriva da papila dentaria, tendo origem ectomesenquimal. As mudanças na papila começam na fase de campânula da odontogênese quando as células ectomesenquimais de sua periferia diferenciam-se em odontoblastos. No início da fase de coroa, é evidente a vascularização da papila graças a penetração de ramos da artéria alveolar, os quais chegam até a periferia em que está localizada a camada de odontoblastos secretores. As primeiras fibras nervosas na papila aparecem mais tarde, quando a fase de coroa já está de fato estabelecida. Com o avançar da dentinogênese, o volume da papila diminui. A transformação da papila em polpa ocorre com a diminuição da concentração de células ectomesenquimais, o aparecimento de fibroblastos e o aumento gradual das fibrilas colágenas na matriz extracelular. Entretanto, só é completada durante os estágios avançados da erupção, quando o dente aparece na cavidade oral.
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