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Lei de Violência Doméstica 1.1

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LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL 
Renato Brasileiro de Lima 
Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher – Lei 11.340/06 
Aula 20 
 
 
ROTEIRO DE AULA 
 
 
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER 
(LEI N. 11.340/2006) 
 
Trata-se de uma das matérias que mais sofrem alterações legislativas. 
 
1. Fundamento Constitucional e Convencional. 
 
Constituição Federal: 
“Art. 226. [...] 
§ 8º O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando 
mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações.” 
 
O Brasil também firmou convenções internacionais sobre a matéria, como a “Convenção sobre a Eliminação de Todas as 
Formas de Discriminação contra a Mulher” (recepcionada pelo Decreto n. 4.377/2002), que propõe a adoção de ações 
afirmativas (conjunto de ações que visam diminuir ou minimizar os efeitos da discriminação em razão do sexo da pessoa). 
 
Além dessa, foi adotada a “Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher”, 
também conhecida por “Convenção de Belém do Pará”, concluída em 09/07/1994, e recepcionada pelo Decreto n. 
1.973/1996. 
 
Apesar disso, a Lei Maria da Penha só foi elaborada 10 anos depois. 
 
2. Origem da “Lei Maria da Penha”. 
 
Caso levado à OEA, de Maria da Penha Maia Fernandes, que foi agredida por seu marido com um tiro nas costas em 
29/05/1983 e, lodo depois de realizar cirurgias e estando paraplégica, voltou a sofrer agressões do marido, que tentou 
eletrocutá-la durante o banho. Denunciado em 28/09/1984, com os sucessivos recursos, todavia, o indivíduo somente foi 
preso em setembro de 2002. 
 
Com a inércia judicial em coibir a violência, o caso foi levado à OEA, que elaborou o seguinte relatório: 
 
- Relatório n. 54/2001 da Comissão Interamericana de Direitos Humanos: “A ineficácia judicial, a impunidade e a 
impossibilidade de a vítima obter uma reparação mostra a falta de cumprimento do compromisso assumido pelo Brasil 
de reagir adequadamente ante a violência doméstica”. 
 
 
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3. Finalidades da Lei Maria da Penha (caráter multidisciplinar). 
 
Nesta aula, é abordado o aspecto penal e processual penal da Lei Maria da Penha, ainda que a norma possua caráter 
multidisciplinar. 
 
Lei n. 11.340/06: “Art. 1o Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e 
familiar contra a mulher, nos termos do §8º do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre 
a Eliminação de Todas as Formas de Violência contra a Mulher, da Convenção Interamericana para 
Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher e de outros tratados internacionais ratificados 
pela República Federativa do Brasil; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e 
Familiar contra a Mulher; e estabelece medidas de assistência e proteção às mulheres em situação 
de violência doméstica e familiar.” 
 
4. Interpretação da Lei Maria da Penha. 
 
Lei n. 11.340/06: “Art. 4º Na interpretação desta Lei, serão considerados os fins sociais [= ação 
afirmativa, suplantar a vulnerabilidade] a que ela se destina e, especialmente, as condições peculiares 
das mulheres em situação de violência doméstica e familiar.” 
 
A lei deve ser interpretada de modo a conferir a máxima e a melhor proteção para a mulher, que é colocada em situação 
de vulnerabilidade. 
 
5. Violência doméstica e familiar contra a Mulher. 
 
5.1. Pressupostos cumulativos para a incidência da Lei Maria da Penha. 
 
• Formas de violência apontadas no art. 7º; 
• Consideradas doméstica e familiar se presente uma das hipóteses do art. 5º; 
• Devendo se dirigir contra uma mulher (sujeito passivo). 
 
Lei n. 11.340/06: “Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a 
mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, 
sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial: 
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de 
pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas; 
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se 
consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa; 
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a 
ofendida, independentemente de coabitação. 
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual. 
 
Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras: 
I - a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal; 
II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e 
diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise 
degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, 
constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, 
insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio 
que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação; 
III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou 
a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; 
que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar 
qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, 
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mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus 
direitos sexuais e reprodutivos; 
IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, 
destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, 
valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades; 
V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.” 
 
5.2. Sujeito passivo. 
 
- Violência de gênero: o objetivo da Lei Maria da Penha não foi o de conferir uma proteção indiscriminada a toda e 
qualquer mulher, mas apenas àquelas que efetivamente se encontrarem em uma situação de vulnerabilidade. É 
indispensável, portanto, que a vítima esteja em uma situação de hipossuficiência física ou econômica, enfim, que a 
infração tenha como motivação a opressão à mulher. Ausente esta violência de gênero, não se aplica a Lei Maria da Penha. 
 
Obs. 1: Homem pode ser vítima de violência doméstica e familiar (art. 129, § 9º, do CP), porém sem a possibilidade de 
aplicação da Lei Maria da Penha, ainda que haja alguns julgados da Justiça Estadual nesse sentido. Há doutrinadores que 
sustentam a possibilidade de aplicação ao transexual, em tema ainda bastante polêmico. 
 
CP: “Art. 129. (...) 
§ 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com 
quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de 
coabitação ou de hospitalidade (Incluído pela Lei n. 11.340/06): 
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.” 
 
Obs. 2: (Im)possibilidade de aplicação do princípio da insignificância; 
 
Os Tribunais Superiores entendem que não é aplicável o princípio da insignificância ao caso, por conta da reprovabilidade 
do comportamento e da ofensividade da conduta. 
 
Súmula n. 589 do STJ: “É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou contravençõespenais 
praticados contra a mulher no âmbito das relações domésticas”. 
 
5.3. Sujeito ativo. 
 
O sujeito ativo pode ser um homem ou uma mulher, esta em situação homoafetiva por exemplo. 
 
Lei n. 11.340/06: “Art. 5º (...) 
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual.” 
 
- Presunção absoluta e relativa de vulnerabilidade. 
 
Homem (sujeito ativo) vs. Mulher (sujeito passivo) → Presunção absoluta de vulnerabilidade (art. 5º); 
Mulher (sujeito ativo) vs. outra mulher (sujeito passivo) → Presunção relativa de vulnerabilidade. 
 
No segundo caso (mulher vs. mulher), a defesa poderá demonstrar que a agressão não ocorreu no contexto de violência 
de gênero, em situação de hipossuficiência e vulnerabilidade da vítima. Nesse sentido, a seguinte decisão: 
 
STJ: “(...) Delito contra honra, envolvendo irmãs, não configura hipótese de incidência da Lei nº 
11.340/06, que tem como objeto a mulher numa perspectiva de gênero e em condições de 
hipossuficiência ou inferioridade física e econômica. Sujeito passivo da violência doméstica, objeto da 
referida lei, é a mulher. Sujeito ativo pode ser tanto o homem quanto a mulher, desde que fique 
caracterizado o vínculo de relação doméstica, familiar ou de afetividade. No caso, havendo apenas 
desavenças e ofensas entre irmãs, não há qualquer motivação de gênero ou situação de 
vulnerabilidade que caracterize situação de relação íntima que possa causar violência doméstica ou 
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familiar contra a mulher. Não se aplica a Lei nº 11.340/06”. (STJ, 3ª Seção, CC 88.027/MG, Rel. Min. 
Og Fernandes, DJe 18/12/2008). 
 
5.4. Elemento subjetivo necessário para fins de incidência da Lei Maria da Penha. 
 
Discute-se o dolo (consciência e vontade) ou culpa (inobservância do dever objetivo de cuidado) da violência que sofrerá 
incidência da Lei Maria da Penha. 
 
Entende-se que a aplicação da Lei 11.340/2006 não é admitida a crimes culposos, por conta da inexistência da violência 
de gênero nesses casos. 
 
5.5. Âmbito da unidade doméstica. 
 
Lei n. 11.340/06: ‘Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a 
mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, 
sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial: 
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de 
pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas;” 
 
Exemplo de unidade doméstica: República de estudantes. A empregada doméstica, que reside na casa da família também 
poderá ser enquadrada, estando presente o “convívio permanente”. 
 
Portanto, não necessariamente a convivência doméstica é sinônima de convivência familiar, analisada a seguir. Para a Lei 
Maria da Penha, podem ser uma ou outra. 
 
5.6. Âmbito familiar. 
 
Lei n. 11.340/06: “Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a 
mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, 
sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial: 
(...) 
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se 
consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa;” 
 
Exemplo de âmbito familiar: paternidade socioafetiva, filha adotiva, nora e sogra. 
 
Obs. 1: Não se pode acreditar que todo e qualquer crime envolvendo relação entre parentes possa dar ensejo à aplicação 
da Lei Maria da Penha. 
 
STJ: “(...) AMEAÇA. SOGRA E NORA. (...) A incidência da Lei n.º 11.340/2006 reclama situação de 
violência praticada contra a mulher, em contexto caracterizado por relação de poder e submissão, 
praticada por homem ou mulher sobre mulher em situação de vulnerabilidade. Precedentes. No caso 
não se revela a presença dos requisitos cumulativos para a incidência da Lei n.º 11.340/06, a relação 
íntima de afeto, a motivação de gênero e a situação de vulnerabilidade. Concessão da ordem. Ordem 
não conhecida. Habeas corpus concedido de oficio, para declarar competente para processar e julgar 
o feito o Juizado Especial Criminal da Comarca de Santa Maria/RS”. (STJ, 5ª Turma, HC 175.816/RS, Rel. 
Min. Marco Aurélio Belizze, j. 20/06/2013, DJe 28/06/2013). 
 
5.7. Qualquer relação íntima de afeto, independentemente de coabitação. 
 
Lei n. 11.340/06: “Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a 
mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, 
sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial: 
(...) 
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III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a 
ofendida, independentemente de coabitação.” 
 
“Relação íntima de afeto” é conceituada: 
 
• 1ª corrente: extensivamente, incluindo relações de amizade, coleguismo e camaradagem; 
• 2ª corrente (majoritária): restritivamente, válida apenas para relações dotadas de conotação amorosa e/ou 
sexual. 
 
Obs. 1: Namoro: depende do caso concreto. “Namoro de carnaval” não se configuraria. 
 
STJ: “(...) LEI MARIA DA PENHA. VIOLÊNCIA PRATICADA EM DESFAVOR DE EX-NAMORADA. (...) a 
aplicabilidade da mencionada legislação a relações íntimas de afeto como o namoro deve ser 
analisada em face do caso concreto. Não se pode ampliar o termo - relação íntima de afeto - para 
abarcar um relacionamento passageiro, fugaz ou esporádico. In casu, verifica-se nexo de causalidade 
entre a conduta criminosa e a relação de intimidade existente entre agressor e vítima, que estaria 
sendo ameaçada de morte após romper namoro de quase dois anos, situação apta a atrair a incidência 
da Lei n.º 11.340/2006. (...)”. (STJ, 3ª Seção, CC 100.654/MG, Rel. Min. Laurita Vaz, DJe 13/05/2009). 
 
Obs. 2: Desnecessidade de coabitação entre o agente e a vítima: “independentemente de coabitação” no inciso III do art. 
5º da Lei. 
 
STJ: “(...) CRIME DE AMEAÇA PRATICADO CONTRA IRMÃ DO RÉU. (...) Na espécie, apurou-se que o Réu 
foi à casa da vítima para ameaçá-la, ocasião em que provocou danos em seu carro ao atirar pedras. 
Após, foi constatado o envio rotineiro de mensagens pelo telefone celular com o claro intuito de 
intimidá-la e forçá-la a abrir mão "do controle financeiro da pensão recebida pela mãe" de ambos. 
Nesse contexto, inarredável concluir pela incidência da Lei n.º 11.343/06, tendo em vista o sofrimento 
psicológico em tese sofrido por mulher em âmbito familiar, nos termos expressos do art. 5.º, inciso II, 
da mencionada legislação. Para a configuração de violência doméstica, basta que estejam presentes 
as hipóteses previstas no artigo 5º da Lei 11.343/2006 (Lei Maria da Penha), dentre as quais não se 
encontra a necessidade de coabitação entre autor e vítima. (5ª Turma, Resp 1.239.850/DF, Rel. Min. 
Laurita Vaz, j. 16/02/2012). 
 
Súmula n. 600 do STJ: “Para a configuração da violência doméstica e familiar prevista no art. 5º da Lei 
n. 11.340/2006 (Lei Maria da Penha), não se exige a coabitação entre autor e vítima”. 
 
Cuidado! Há discussão a respeito da convencionalidade do art. 5º, inciso III, da Lei Maria da Penha. Isso porque a 
Convenção de Belém do Pará não traz a expressão “independentemente de coabitação”. Entretanto, com base no 
princípio “pro homine”, que estabelece interpretação mais favorável à vítima em matéria de direitos humanos, prevalece 
o entendimento de plena aplicabilidade do dispositivo. 
 
5.8. Formas de violência contra a mulher. 
 
Para o Código Penal, a palavra “violência” se refere ao emprego de força física, a vis corporalis. 
 
A Lei Maria daPenha se utiliza da palavra com sentido amplo, englobando cinco espécies (física, psicológica, sexual, 
patrimonial e moral). 
 
Lei n. 11.340/06: Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras: 
[...]” 
 
Academicamente, se discute se o rol é taxativo, conforme defendido por alguns autores. Todavia, o entendimento que 
prevalece é sobre o caráter exemplificativo e alternativo das hipóteses, podendo ser consideradas formas de violência 
por analogia, e não sendo necessária a presença de todas elas, pois suficiente uma delas. 
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Além disso, não se exige a habitualidade da conduta agressiva, bastando um ato único de violência. 
 
5.8.1. Violência física. 
 
Lei n. 11.340/06: “Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras: 
I - a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal; 
(...)” 
Exemplos: vias de fato, lesões corporais, tentativa de homicídio e homicídio. 
 
5.8.2. Violência psicológica 
 
Lei n. 11.340/06: Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras: 
(...) 
II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e 
diminuição da auto-estima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise 
degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, 
constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, 
insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio 
que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação; 
 
Não necessariamente estará atrelada a algum crime, como no caso do adultério. 
 
5.8.3. Violência sexual 
 
Lei n. 11.340/06: “Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras: 
(...) 
III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou 
a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; 
que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar 
qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, 
mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus 
direitos sexuais e reprodutivos;” 
 
5.8.4. Violência patrimonial 
 
Lei n. 11.340/06: Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras: 
(...) 
IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, 
destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, 
valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades;” 
 
Obs.: (Im)possibilidade de aplicação das imunidades absolutas e relativas aos crimes patrimoniais praticados no contexto 
da violência doméstica e familiar contra a mulher sem o emprego de violência ou grave ameaça à pessoa: 
 
A Prof. Maria Berenice Dias entende que não seria possível aplicar tais imunidades do Código Penal listadas abaixo. O 
entendimento prevalecente, todavia, é por sua possibilidade, pois não há vedação expressa quanto a isso. 
 
CP: Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em prejuízo: 
I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal; 
II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural. 
Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste título é cometido 
em prejuízo: 
I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado; 
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II - de irmão, legítimo ou ilegítimo; 
III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita. 
Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores: 
I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de grave ameaça ou 
violência à pessoa; 
II - ao estranho que participa do crime. 
III - se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos.” 
 
Note-se que o Estatuto do Idoso tomou o cuidado de inserir o inciso III ao art. 183 do CP para excepcionar a regra, mas a 
Lei Maria da Penha deixou de fazê-la. 
 
5.8.5. Violência moral. 
 
Lei n. 11.340/06: “Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras: 
(...) 
V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.” 
 
Pela redação dos incisos, esta é a única das violências obrigatoriamente atrelada a algum crime, no caso aqueles contra a 
honra. 
 
6. Juizados de Violência doméstica e familiar contra a mulher. 
 
Lei n. 11.340/06: “Art. 14. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, órgãos da 
Justiça Ordinária com competência cível e criminal, poderão ser criados pela União, no Distrito 
Federal e nos Territórios, e pelos Estados, para o processo, o julgamento e a execução das causas 
decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher. 
Parágrafo único. Os atos processuais poderão realizar-se em horário noturno, conforme dispuserem 
as normas de organização judiciária.” 
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“Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, 
independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995.” 
 
Quando a lei se refere ao termo “Juizados” pretendeu criar Varas Especializadas, não fazendo alusão aos Juizados 
Especiais Cíveis ou Criminais. 
 
Obs. 1: Competência para o processo e julgamento de crimes e contravenções penais praticados no contexto da violência 
doméstica e familiar contra a mulher: 
 
STJ: “(...) Configurada a conduta praticada como violência doméstica contra a mulher, 
independentemente de sua classificação como crime ou contravenção, deve ser fixada a competência 
da Vara Criminal para apreciar e julgar o feito, enquanto não forem estruturados os Juizados de 
Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, consoante o disposto nos artigos 7º e 33 da Lei Maria 
da Penha. (...)”. (STJ, 5ª Turma, HC 158.615/RS, Rel. Min. Jorge Mussi, DJE 08/04/2011). 
 
6.1. Cumulação da competência por varas criminais. 
 
Obs. 1: (In)constitucionalidade da criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a mulher; 
 
Houve quem dissesse que o dispositivo do art. 14 viola o poder de Auto-organização do Judiciário Estadual (art. 125 da 
Constituição: 
 
Constituição Federal: “Art. 125. (...) 
§1º. A competência dos Tribunais será definida na Constituição do Estado, sendo a lei de Organização 
Judiciária de iniciativa do Tribunal de Justiça.” 
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Mas o STF entendeu perfeitamente possível a recomendação feita pela Lei: 
 
STF: “(...) COMPETÊNCIA – VIOLÊNCIA DOMÉSTICA – LEI Nº 11.340/06 – JUIZADOS DE VIOLÊNCIA 
DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER. O artigo 33 da Lei nº 11.340/06, no que revela a 
conveniência de criação dos juizados de violência doméstica e familiar contra a mulher, não implica 
usurpação da competência normativa dos estados quanto à própria organização judiciária. (...)”. (STF, 
Pleno, ADC 19/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 09/02/2012). 
 
Obs. 2: outorga dessa competência cumulativa a varas dos Juizados Especiais Criminais. 
 
Lei n. 11.340/06: “Art. 33. Enquanto não estruturados os Juizados de Violência Doméstica e Familiar 
contra a Mulher, as varascriminais acumularão as competências cível e criminal para conhecer e julgar 
as causas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, observadas as 
previsões do Título IV desta Lei, subsidiada pela legislação processual pertinente. 
Parágrafo único. Será garantido o direito de preferência, nas varas criminais, para o processo e o 
julgamento das causas referidas no caput.” 
 
Art. 14 → Varas Especializadas (chamadas de “Juizados” pela Lei). 
Art. 33 → Varas Criminais comuns poderão cumular essa Competência. 
 
No TJDFT, enquanto não criadas as Varas Especializadas, a competência em relação à Lei Maria da Penha foi outorgada 
ao Juízo dos Juizados Especiais Criminais. Essa cumulação é perfeitamente admitida, desde que devidamente separados 
dos processos da Lei dos Juizados Especiais, dadas as suas distinções: 
 
Juizado Especial Criminal (JECrim) 
Infração de Menor Potencial Ofensivo. Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. 
Aplicação da Lei 9.099/1995. Não se aplica a Lei 9.099/1995. 
Juízo ad quem: Turma Recursal. Juízo ad quem: Tribunal de Justiça. 
 
6.2. Crimes dolosos contra a vida praticados no contexto da violência doméstica e familiar contra a mulher. 
 
Os Tribunais Superiores têm entendido, no caso de crimes dolosos contra a vida, que a Lei de Organização Judiciária Local 
pode outorgar aos Juizados Especializados em Violência Doméstica as atribuições da 1ª Fase do Procedimento do Júri, 
que pertenciam ao juiz sumariante, desde que logicamente respeitada a competência do Tribunal do Júri para a 2ª Fase. 
 
STJ: “(...) Ressalvada a competência do Júri para julgamento do crime doloso contra a vida, seu 
processamento, até a fase de pronúncia, poderá ser pelo Juizado de Violência Doméstica e Familiar 
contra a Mulher, em atenção à Lei 11.340/06. (...)”. (STJ, 5ª Turma, HC 73.161/SC, Rel. Min. Jane Silva, 
DJ 17/09/2007). 
 
6.3. Depoimento especial de mulher em situação de violência doméstica e familiar ou de testemunha de violência 
doméstica, quando se tratar de crime contra a mulher (Lei n. 13.505/2017). 
 
O depoimento sem dano visa colocar a vítima, especialmente aquela de violência sexual, em ambiente menos hostil, de 
modo que não venha a sofrer experiências negativas decorrente da lembrança dos traumas. 
 
Lei n. 11.340/06: “Art. 10-A. É direito da mulher em situação de violência doméstica e familiar o 
atendimento policial e pericial especializado, ininterrupto e prestado por servidores - 
preferencialmente do sexo feminino - previamente capacitados. (Incluído pela Lei n. 13.505/2017) 
§ 1o A inquirição de mulher em situação de violência doméstica e familiar ou de testemunha de 
violência doméstica, quando se tratar de crime contra a mulher, obedecerá às seguintes diretrizes: I - 
salvaguarda da integridade física, psíquica e emocional da depoente, considerada a sua condição 
peculiar de pessoa em situação de violência doméstica e familiar; 
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II - garantia de que, em nenhuma hipótese, a mulher em situação de violência doméstica e familiar, 
familiares e testemunhas terão contato direto com investigados ou suspeitos e pessoas a eles 
relacionadas; 
III - não revitimização da depoente, evitando sucessivas inquirições sobre o mesmo fato nos âmbitos 
criminal, cível e administrativo, bem como questionamentos sobre a vida privada. 
§ 2o Na inquirição de mulher em situação de violência doméstica e familiar ou de testemunha de 
delitos de que trata esta Lei, adotar-se-á, preferencialmente, o seguinte procedimento: 
I - a inquirição será feita em recinto especialmente projetado para esse fim, o qual conterá os 
equipamentos próprios e adequados à idade da mulher em situação de violência doméstica e familiar 
ou testemunha e ao tipo e à gravidade da violência sofrida; 
II - quando for o caso, a inquirição será intermediada por profissional especializado em violência 
doméstica e familiar designado pela autoridade judiciária ou policial; 
III - o depoimento será registrado em meio eletrônico ou magnético, devendo a degravação e a mídia 
integrar o inquérito.” 
 
7. Ação penal nos crimes de lesão corporal leve e lesão corporal culposa praticados no contexto de violência doméstica 
e familiar contra a mulher. 
 
Antes da Lei 9.099/1995, os crimes de lesões corporais leves e lesões culposas eram de Ação Penal Pública 
Incondicionada. A Lei 9.099/1995 tornou tais crimes condicionados à representação: 
 
Lei n. 9.099/95: “Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, dependerá de 
representação a ação penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas.” 
 
Uma vez que a Lei Maria da Penha veio a afastar a aplicação da Lei 9.099/1995, os Tribunais Superiores entenderam que 
o crime de Lesão Corporal Leve voltou a ser de Ação Penal Pública Incondicionada, no contexto de violência doméstica 
e familiar contra a mulher: 
 
Lei n. 11.340/06: “Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, 
independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei n. 9.099/95.” 
STF: “(...) AÇÃO PENAL – VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER – LESÃO CORPORAL – NATUREZA. 
A ação penal relativa a lesão corporal resultante de violência doméstica contra a mulher é pública 
incondicionada – considerações”. (STF, Pleno, ADI 4.424/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 09/02/2012). 
→ lesão corporal leve 
 
Súmula n. 542 do STJ: “A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência 
doméstica contra a mulher é pública incondicionada”. 
 
Muito importante! Ao crime de lesão corporal culposa continua válido o art. 88 da Lei 9.099/1995 pois, em virtude de 
sua natureza culposa, como visto, não se enquadra na Lei Maria da Penha: 
 
“A propósito, por ocasião da apreciação da Pet 11.805 sob o rito dos repetitivos, a 3ª Seção do STJ 
deliberou pela revisão do entendimento firmado no REsp n. 1.097.042/DF para fixar a seguinte tese: 
“A ação penal nos crimes de lesão corporal leve cometidos em detrimento da mulher, no âmbito 
doméstico e familiar, é pública incondicionada”. 
 
Lembre-se: Outros crimes no âmbito da Lei Maria da Penha continuam condicionados à representação, como no caso de 
ameaça e estupro, salvo quanto a este se a vítima é menor ou vulnerável. 
 
 
7.1. Retratação da representação nos crimes praticados no contexto da violência doméstica e familiar contra a mulher. 
 
CPP: “Art. 25. A representação será irretratável, depois de oferecida a denúncia.” 
 
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Lei n. 11.340/06: “Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de 
que trata esta Lei, só será admitida a renúncia [o termo ideal seria “retratação”] à representação 
perante o juiz, em audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da 
denúncia e ouvido o Ministério Público.” 
 
O art. 16 da Lei Maria da Penha funciona como norma especial em relação ao art. 25 do CPP, pois permite a retratação 
da ofendida até o recebimento da denúncia. 
 
Obs. 1: (Des)necessidade de designação de audiência para ratificação de representação anteriormente oferecida. 
 
Segundo entendimento jurisprudencial, somente é necessária a audiência de retratação caso a vítima tenha manifestado 
interesse. 
 
STJ: “(...) A audiência de que trata o art. 16, da Lei n.º 11.340/06, não deve ser realizada ex officio, 
como condição da abertura da ação penal, sob pena de constrangimento ilegal à mulher, vítima de 
violência doméstica e familiar, pois configuraria ato de 'ratificação' da representação, inadmissível na 
espécie. 4. A realização da referida audiência deve ser precedida de manifestação de vontade daofendida, se assim ela o desejar, em retratar-se da representação anteriormente registrada, cabendo 
ao magistrado verificar a espontaneidade e a liberdade na prática do referido ato. Precedentes”. (STJ, 
5ª Turma, RMS 34.607/MS, Rel. Min. Adilson Vieira Macabu, j. 13/09/2011). 
 
8. Vedação à aplicação de penas de cesta básica ou outras de prestação pecuniária. 
 
Lei n. 11.340/06: “Art. 17. É vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar contra a 
mulher, de penas de cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de pena 
que implique o pagamento isolado de multa. 
 
8.1. (Im)possibilidade de substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos na hipótese de crime ou 
contravenção penal contra a mulher com violência ou grave ameaça no ambiente doméstico.” 
 
Para a substituição por penas restritivas de direitos, o próprio art. 44 a veda em caso de violência ou grave ameaça à 
pessoa: 
 
CP: “Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, 
quando: 
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com 
violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo; 
II – o réu não for reincidente em crime doloso; 
III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os 
motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente.” 
 
STF: “Não se admite a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos nem mesmo 
em caso de contravenção penal envolvendo violência doméstica. Por isso, em caso concreto em que 
um indivíduo fora condenado por vias de fato (LCP, art. 21), a 1ª Turma do STF (HC 137.888/MS, Rel. 
Min. Rosa Weber, j. 31/10/2017) fez uso de interpretação extensiva do art. 44, I, do CP, para concluir 
que, no caso de violência doméstica e familiar contra a mulher, a noção de crime teria o condão de 
abarcar qualquer conduta delituosa, inclusive contravenção penal. Nesse sentido, reconhecida a 
necessidade de combate à cultura de violência contra a mulher no Brasil, a Turma considerou a 
equiparação da conduta do paciente à infração de menor potencial ofensivo incoerente com o 
entendimento da violência de gênero como grave violação dos direitos humanos.” 
 
Súmula n. 588 do STJ: “A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com violência ou 
grave ameaça no ambiente doméstico impossibilita a substituição da pena privativa de liberdade por 
restritiva de direitos”. 
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9. Medidas protetivas de urgência. 
 
Lei n. 11.340/06: “Art. 19. As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas pelo juiz, a 
requerimento do Ministério Público ou a pedido da ofendida. 
§ 1o As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas de imediato, independentemente de 
audiência das partes e de manifestação do Ministério Público, devendo este ser prontamente 
comunicado. 
§ 2o As medidas protetivas de urgência serão aplicadas isolada ou cumulativamente, e poderão ser 
substituídas a qualquer tempo por outras de maior eficácia, sempre que os direitos reconhecidos nesta 
Lei forem ameaçados ou violados. 
§ 3o Poderá o juiz, a requerimento do Ministério Público ou a pedido da ofendida, conceder novas 
medidas protetivas de urgência ou rever aquelas já concedidas, se entender necessário à proteção da 
ofendida, de seus familiares e de seu patrimônio, ouvido o Ministério Público.” 
 
Obs. 1: (Im)possibilidade de aplicação das medidas protetivas a pessoas do sexo masculino. 
 
Conforme alteração pela Lei 12.403/2011, o CPP passou a permitir medidas protetivas em caso de vítima mulher, mas 
também criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência. 
 
CPP: “Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão 
preventiva: (...) 
III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, 
enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência; 
 
Obs. 2: A aplicação das medidas protetivas de urgência pressupõe a existência de violência doméstica e familiar contra a 
mulher, mas não necessariamente a prática de crime no contexto dos arts. 5º e 7º da Lei Maria da Penha. 
 
Obs. 3: (In)aplicabilidade do art. 308 do novo CPC às medidas protetivas de urgência. 
 
A doutrina majoritária entende que não é aplicável o art. 308 do Novo CPC, pois acarretaria o esvaziamento de eficácia 
das medidas protetivas da Lei Maria da Penha. 
 
NCPC: “Art. 308. Efetivada a tutela cautelar, o pedido principal terá de ser formulado pelo autor no 
prazo de 30 (trinta) dias, caso em que será apresentado nos mesmos autos em que deduzido o pedido 
de tutela cautelar, não dependendo do adiantamento de novas custas processuais.” 
 
Súmula n. 482 do STJ: “A falta de ajuizamento da ação principal no prazo do art. 806 do CPC acarreta 
a perda da eficácia da liminar deferida e a extinção do processo cautelar”. 
 
Obs. 4: (Im)possibilidade de aplicação das medidas protetivas de urgência pela autoridade policial. 
 
O dispositivo vigente não permite que as medidas protetivas sejam aplicadas por outra autoridade, senão o juiz. 
 
Lei n. 11.340/06 - Vetado: 
Art. 12-B. Verificada a existência de risco atual ou iminente à vida ou à integridade física e psicológica 
da mulher em situação de violência doméstica e familiar ou de seus dependentes, a autoridade policial, 
preferencialmente da delegacia de proteção à mulher, poderá aplicar provisoriamente, até 
deliberação judicial, as medidas protetivas de urgência previstas no inciso III do art. 22 e nos incisos I 
e II do art. 23 desta Lei, intimando desde logo o agressor. 
§ 1o O juiz deverá ser comunicado no prazo de 24 (vinte e quatro) horas e poderá manter ou rever as 
medidas protetivas aplicadas, ouvido o Ministério Público no mesmo prazo. 
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§2º Não sendo suficientes ou adequadas as medidas protetivas previstas no caput, a autoridade 
policial representará ao juiz pela aplicação de outras medidas protetivas ou pela decretação da prisão 
do agressor. 
§3º A autoridade policial poderá requisitar os serviços públicos necessários à defesa da mulher em 
situação de violência doméstica e familiar de seus dependentes”. 
 
Razões dos vetos: “Os dispositivos, como redigidos, impedem o veto parcial do trecho que incide em 
inconstitucionalidade material, por violação aos artigos 2o e 144, § 4o, da Constituição, ao invadirem 
competência afeta ao Poder Judiciário e buscarem estabelecer competência não prevista para as 
polícias civis.” 
 
9.1. Medidas protetivas de urgência destinadas ao agressor e à ofendida. 
 
Lei n. 11.340/06: 
DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA 
QUE OBRIGAM O AGRESSOR 
“Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, 
o juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes medidas 
protetivas de urgência, entre outras: 
I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão competente, nos 
termos da Lei n. 10.826/03; 
II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida; 
III - proibição de determinadas condutas, entre as quais: 
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo de 
distância entre estes e o agressor; 
b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicação; 
c) frequentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e psicológica daofendida; 
IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe de atendimento 
multidisciplinar ou serviço similar; 
V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios. 
Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de outras medidas: 
I - encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa oficial ou comunitário de proteção ou de 
atendimento; 
II - determinar a recondução da ofendida e a de seus dependentes ao respectivo domicílio, após 
afastamento do agressor; 
III - determinar o afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo dos direitos relativos a bens, guarda 
dos filhos e alimentos; 
IV - determinar a separação de corpos. 
Art. 24. Para a proteção patrimonial dos bens da sociedade conjugal ou daqueles de propriedade 
particular da mulher, o juiz poderá determinar, liminarmente, as seguintes medidas, entre outras: 
I - restituição de bens indevidamente subtraídos pelo agressor à ofendida; 
II - proibição temporária para a celebração de atos e contratos de compra, venda e locação de 
propriedade em comum, salvo expressa autorização judicial; 
III - suspensão das procurações conferidas pela ofendida ao agressor; 
IV - prestação de caução provisória, mediante depósito judicial, por perdas e danos materiais 
decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a ofendida. 
Parágrafo único. Deverá o juiz oficiar ao cartório competente para os fins previstos nos incisos II e III 
deste artigo.” 
 
9.2. Prisão preventiva 
 
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Lei n. 11.340/06: “Art. 20. Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução criminal, caberá a 
prisão preventiva do agressor, decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou 
mediante representação da autoridade policial. 
Parágrafo único. O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no curso do processo, verificar a falta 
de motivo para que subsista, bem como de novo decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem.” 
 
Obs. 1: (In)constitucionalidade da decretação da prisão preventiva ex officio durante as investigações. 
 
A Prof. Alice Bianchini sustenta que é possível a decretação de ofício da prisão preventiva durante o inquérito. 
 
Todavia, a melhor leitura do art. 20 estabelece que somente poderá ser decretada de ofício durante o processo, e no 
inquérito mediante representação do Ministério Público ou do delegado. 
 
CPP: “Art. 311. Em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal, caberá a prisão 
preventiva decretada pelo juiz, de ofício, se no curso da ação penal, ou a requerimento do Ministério 
Público, do querelante ou do assistente, ou por representação da autoridade policial.” 
 
 
Obs. 2: (Im)possibilidade de decretação da prisão preventiva tão somente em virtude do descumprimento das medidas 
protetivas de urgência. 
 
Na visão dos Tribunais Superiores, é preciso se conjugar o descumprimento das medidas protetivas com uma das 
hipóteses do art. 312 do CPP: 
 
STJ: “(...) Muito embora o art. 313, IV, do Código de Processo Penal, com a redação dada pela Lei nº 
11.340/2006, admita a decretação da prisão preventiva nos crimes dolosos que envolvam violência 
doméstica e familiar contra a mulher, para garantir a execução de medidas protetivas de urgência, a 
adoção dessa providência é condicionada ao preenchimento dos requisitos previstos no art. 312 
daquele diploma. (...) É imprescindível que se demonstre, com explícita e concreta fundamentação, a 
necessidade da imposição da custódia para garantia da ordem pública, da ordem econômica, por 
conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, sem o que não se mostra 
razoável a privação da liberdade, ainda que haja descumprimento de medida protetiva de urgência, 
notadamente em se tratando de delitos punidos com pena de detenção”. (STJ, 6ª Turma, HC 
100.512/MT, Rel. Min. Paulo Gallotti, DJe 23/06/2008). 
 
Obs. 3: (In)constitucionalidade da decretação da prisão preventiva para fins de assegurar o cumprimento de medidas 
protetivas de urgência de natureza cível. 
 
Entende-se por sua inconstitucionalidade, porquanto seria caso de prisão civil não admitida por nosso ordenamento 
jurídico. 
 
9.3. Tipificação do crime de descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas na Lei Maria da Penha (Lei 
n. 13.641/2018). 
 
CP: Desobediência 
“Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público: 
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.” 
 
Anterior à Lei 13.641/2018 >> Informativo n. 544 do STJ: 
“O descumprimento de medida protetiva de urgência prevista na Lei Maria da Penha (art. 22 da Lei 
11.340/2006) não configura crime de desobediência (art. 330 do CP). De fato, a jurisprudência do STJ 
firmou o entendimento de que, para a configuração do crime de desobediência, não basta apenas o 
não cumprimento de uma ordem judicial, sendo indispensável que inexista a previsão de sanção 
específica em caso de descumprimento (HC 115.504-SP, Sexta Turma, Dje 9/2/2009). Desse modo, está 
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evidenciada a atipicidade da conduta, porque a legislação previu alternativas para que ocorra o efetivo 
cumprimento das medidas protetivas de urgência, previstas na Lei Maria da Penha, prevendo sanções 
de natureza civil, processual civil, administrativa e processual penal. Precedentes citados: REsp 
1.374.653-MG, Sexta Turma, DJe 2/4/2014; e AgRg no Resp 1.445.446-MS, Quinta Turma, DJe 
6/6/2014. RHC 41.970-MG, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 7/8/2014 (Vide Informativo n. 538).” 
 
Hoje, a Lei 11.340/2006: 
“Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas protetivas de urgência previstas nesta Lei: 
(Incluído pela Lei n. 13.641/18) 
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos. 
§1º A configuração do crime independe da competência civil ou criminal do juiz que deferiu as 
medidas. 
§2º Na hipótese de prisão em flagrante, apenas a autoridade judicial poderá conceder fiança. 
§3º O disposto neste artigo não exclui a aplicação de outras sanções cabíveis.” 
 
Obs. 1: Art. 24-A da Lei Maria da Penha e a discussão acerca da sua natureza de infração de menor potencial ofensivo. 
 
• 1ª corrente: sim, porque a pena máxima não é superior a dois anos; 
• 2ª corrente (prevalecente): não, pois o crime em questão indiretamente atenta contra a mulher, ainda que seja 
contra a administração da Justiça. 
 
Obs. 2: Impossibilidade de concessão de fiança pela autoridade policial. 
 
Não, pois o § 2º do art. 24-A funciona como norma especial em relação ao art. 322 do CPP. 
 
CPP: “Art. 322. A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja pena 
privativa de liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro) anos.” 
 
Lei 11.340/06: “Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas protetivas de urgência 
previstas nesta Lei: (Incluído pela Lei n. 13.641/18) 
(...) 
§2º Na hipótese de prisão em flagrante, apenas a autoridade judicial poderá conceder fiança.” 
 
Obs. 3: aplicação de outras sanções cabíveis, independentemente da tipificação do crime do art. 24-A da Lei Maria da 
Penha. 
 
Lei 11.340/06: “Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas protetivas de urgência 
previstas nesta Lei: (Incluído pela Lei n. 13.641/18) 
(...) 
§3º O disposto neste artigo não exclui a aplicação de outras sanções cabíveis.” 
 
Lei n. 11.340/06: “Art. 20. Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução criminal, caberá a 
prisão preventiva do agressor, decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou 
mediante representação da autoridade policial. 
Parágrafo único. O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no curso doprocesso, verificar a falta 
de motivo para que subsista, bem como de novo decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem.” 
 
Obs. 4: (Im)possibilidade de tipificação do crime do art. 24-A no caso de descumprimento de medidas cautelares 
diversas da prisão previstas no CPP (arts. 319 e 320), e não na Lei Maria da Penha; 
 
Não seria possível, por se tratar de analogia in malam partem. 
 
Lei 11.340/06: “Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas protetivas de urgência 
previstas nesta Lei: (Incluído pela Lei n. 13.641/18) 
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Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos.” 
 
10. (In)aplicabilidade da Lei dos Juizados Especiais Criminais às infrações penais praticadas com violência doméstica e 
familiar contra a mulher. 
 
Entende-se que o art. 41 também vale para as contravenções. 
 
Lei n. 11.340/06: “Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, 
independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei n. 9.099/95.” 
 
Obs. 1: Contravenções penais praticadas no contexto da violência doméstica e familiar contra a mulher e (im) 
possibilidade de aplicação da Lei dos Juizados. 
 
STF: “(...) O preceito do artigo 41 da Lei nº 11.340/06 alcança toda e qualquer prática delituosa contra 
a mulher, até mesmo quando consubstancia contravenção penal, como é a relativa a vias de fato. (...)”. 
(STF, Pleno, HC 106.212/MS, Rel. Min. Marco Aurélio, DJe 112 10/06/2011). 
 
Obs. 2: (In)constitucionalidade do art. 41 da Lei n. 11.340/06. 
 
Fundamentos favoráveis à constitucionalidade: 
- A promoção da igualdade entre os sexos passa não apenas pelo combate à discriminação contra a mulher, mas também 
pela adoção de políticas compensatórias capazes de acelerar a igualdade de gênero; 
 
- Ações afirmativas: podem ser conceituadas como o conjunto de ações, programas e políticas especiais e temporárias 
que buscam reduzir ou minimizar os efeitos intoleráveis da discriminação em razão do gênero, raça, sexo, religião, 
deficiência física, ou outro fator de desigualdade. 
 
STF: “(...) VIOLÊNCIA DOMÉSTICA – LEI Nº 11.340/06 – GÊNEROS MASCULINO E FEMININO – 
TRATAMENTO DIFERENCIADO. O artigo 1º da Lei nº 11.340/06 surge, sob o ângulo do tratamento 
diferenciado entre os gêneros – mulher e homem –, harmônica com a Constituição Federal, no que 
necessária a proteção ante as peculiaridades física e moral da mulher e a cultura brasileira. (...) 
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER – REGÊNCIA – LEI Nº 9.099/95 – 
AFASTAMENTO. O artigo 41 da Lei nº 11.340/06, a afastar, nos crimes de violência doméstica contra a 
mulher, a Lei nº 9.099/95, mostra-se em consonância com o disposto no § 8º do artigo 226 da Carta 
da República, a prever a obrigatoriedade de o Estado adotar mecanismos que coíbam a violência no 
âmbito das relações familiares”. (STF, Pleno, ADC 19/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 09/02/2012). 
 
11. (In)aplicabilidade da Suspensão Condicional do Processo e da Transação Penal 
 
Em decorrência da não aplicação da Lei dos Juizados Especiais: 
 
Súmula 536 do STJ: “A suspensão condicional do processo e a transação penal não se aplicam na 
hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha.” 
 
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