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Oficina de Instrumentos e Técnicas do Serviço Social Luciane de Cássia de Faria Adaptada/Revisada por Luciane de Cássia de Faria (janeiro/2013) APRESENTAÇÃO É com satisfação que a Unisa Digital oferece a você, aluno(a), esta apostila de Oficina de Instrumen- tos e Técnicas do Serviço Social, parte integrante de um conjunto de materiais de pesquisa voltado ao aprendizado dinâmico e autônomo que a educação a distância exige. O principal objetivo desta apostila é propiciar aos(às) alunos(as) uma apresentação do conteúdo básico da disciplina. A Unisa Digital oferece outras formas de solidificar seu aprendizado, por meio de recursos multidis- ciplinares, como chats, fóruns, aulas web, material de apoio e e-mail. Para enriquecer o seu aprendizado, você ainda pode contar com a Biblioteca Virtual: www.unisa.br, a Biblioteca Central da Unisa, juntamente às bibliotecas setoriais, que fornecem acervo digital e impresso, bem como acesso a redes de informação e documentação. Nesse contexto, os recursos disponíveis e necessários para apoiá-lo(a) no seu estudo são o suple- mento que a Unisa Digital oferece, tornando seu aprendizado eficiente e prazeroso, concorrendo para uma formação completa, na qual o conteúdo aprendido influencia sua vida profissional e pessoal. A Unisa Digital é assim para você: Universidade a qualquer hora e em qualquer lugar! Unisa Digital SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................... 5 1 COMPETÊNCIAS DO ASSISTENTE SOCIAL NA CONTEMPORANEIDADE ................. 7 1.1 Resumo do Capítulo .......................................................................................................................................................8 1.2 Atividade Proposta ..........................................................................................................................................................9 2 A INSTRUMENTALIDADE NO SERVIÇO SOCIAL ............................................................. 11 2.1 A Instrumentalidade no Trabalho do Assistente Social .................................................................................12 2.2 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................13 2.3 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................13 3 O TÉCNICO OPERACIONAL NO SERVIÇO SOCIAL ........................................................ 15 3.1 Instrumentos e Técnicas .............................................................................................................................................15 3.2 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................17 3.3 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................17 4 OS INSTRUMENTOS DE TRABALHO ....................................................................................... 19 4.1 Os Instrumentos de Trabalho Direto .....................................................................................................................19 4.2 A Observação Enquanto Instrumento ..................................................................................................................20 4.3 A Entrevista .....................................................................................................................................................................21 4.4 Dinâmica de Grupo ......................................................................................................................................................24 4.5 Reuniões ...........................................................................................................................................................................24 4.6 Mobilização de Comunidade ...................................................................................................................................25 4.7 Visita Domiciliar .............................................................................................................................................................26 4.8 Visita Institucional ........................................................................................................................................................27 4.9 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................30 4.10 Atividades Propostas ................................................................................................................................................30 5 OS INSTRUMENTOS DE TRABALHO INDIRETO .............................................................. 31 5.1 Atas de Reunião ............................................................................................................................................................32 5.2 Livros de Registro .........................................................................................................................................................32 5.3 Diário de Campo ...........................................................................................................................................................33 5.4 Parecer Social .................................................................................................................................................................34 5.5 Relatório Social ..............................................................................................................................................................35 5.6 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................37 5.7 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................37 RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS ..................................... 39 REFERÊNCIAS ............................................................................................................................................. 41 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 5 INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), O objetivo geral do curso de Serviço Social é oferecer-lhe subsídios para formação profissional, fundamentada na competência teórico-metodológica, ético-política e técnico-operativa preconizadas na Lei de Regulamentação da Profissão nº 8.662/1993. Dessa forma, esta apostila busca apresentá-lo ao curso de Serviço Social da Universidade de Santo Amaro (Unisa), na modalidade a distância, e à operacionalização da intervenção profissional através dos Instrumentos e Técnicas enquanto disciplina norteadora para o cotidiano profissional. Saiba que compreender a prática profissional em suas especificidades requer um aprofundamento teórico acerca do contexto em que o Serviço Social se fundamenta no processo histórico de sua conso- lidação. Assim, esta disciplina visa a desenvolver a capacidade de utilização de instrumentos técnico-ope- rativos do Serviço Social inserida em um processo reflexivo abrangente de articulação dos conceitos teórico-metodológicos com o cotidiano da prática profissional, tendo ainda a importância da investiga- ção como ponto fundante da prática profissional. Entenda qual o objetivo desta apostila e da disciplina Oficina de Instrumentos e Técnicas do ServiçoSocial: O principal objetivo é instrumentalizá-lo(a) para a prática profissional, considerando o instrumento não apenas como mediador da ação, e priorizar a compreensão dos reflexos do posicionamento político e ideológico do profissional através de processo investigativo e de vivências coletivas, articulando pro- fissão e realidade, além de contribuir para a sua compreensão quanto à importância da utilização das técnicas operativas do Serviço Social. Com tudo isso, caro(a) aluno(a), é pretendido o desenvolvimento de competências e habilidades, como você pode observar abaixo: Competência: Trazer a dimensão técnica operativa se apropriando dos instrumentos e técnicas consagrados da intervenção do Assistente Social. Habilidade: Capacidade de utilização da visita domiciliar, da entrevista, reunião e confecção de re- latório social enquanto instrumentos de trabalho do profissional. Além disso, proporcionar a capacidade de utilização de instrumentos técnico-operativos do Servi- ço Social inserida em um processo reflexivo abrangente de articulação dos conceitos teórico-metodo- lógicos com o cotidiano da prática profissional, tendo ainda a importância da investigação como ponto fundante da prática profissional. A capacitação para a compreensão e o uso adequado dos procedimentos utilizados pelo Assistente Social, discutindo as dimensões da prática profissional, incluindo os instrumentais de intervenção indivi- duais e coletivos utilizados na relação direta com a população, também é um objetivo deste. Luciane de Cássia de Faria Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 6 Para tanto, a presente apostila contextualizará a profissionalidade do Serviço Social, a qual é coti- dianamente construída, conduzida e reconstruída no movimento entre conservadorismo e renovação, o que mobiliza a intervenção dos Assistentes Sociais e a compreensão da posição que dimensiona o instrumental de tal intervenção. Os métodos utilizados para o desenvolvimento do conteúdo perpassaram por ações lúdicas perti- nentes à modalidade do ensino a distância para, assim, conduzi-lo à reflexão sobre a categoria de traba- lho do Assistente Social através do uso de instrumentos e técnicas. Portanto, é nosso intuito que a disciplina oportunize-lhe fortalecer o contínuo conhecimento ne- cessário para o aprimoramento da formação profissional. Será um prazer acompanhá-lo ao longo deste trajeto. Bons estudos! Luciane de Cássia de Faria Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 7 COMPETÊNCIAS DO ASSISTENTE SOCIAL NA CONTEMPORANEIDADE1 O exercício da profissão exige um sujeito profissional que tenha competência para propor, para negociar com a instituição os seus projetos, para defender o seu campo de trabalho, suas qualificações e atribuições profissionais. Requer ir alem das rotinas institucionais para buscar apreender, no movimento da realidade, as tendências e possibilidades, ali presentes, passíveis de serem apropriadas pelo profissional, desenvolvidas e transformadas em projetos de trabalho. (IAMAMOTO, 2009, p. 25). Caro(a) aluno(a), na trajetória histórica da profissão, o Assistente Social sempre procurou relacionar teoria e prática e romper com a com- preensão da predominância da prática sobre a teoria, buscando inserir a prática não como prati- cismo nem vendo a profissão apenas como uma aplicadora de conhecimentos, mas sim enten- dendo sua prática e entendendo-se no conjunto da vida social, não aceitando e não assumindo, assim, uma prática imediatista. Por isso, é importante que possamos iniciar uma conversa sobre os instrumentos e técnicas, entendendo que a questão dos instrumentos e técnicas existe desde o início da profissionaliza- ção e que, mesmo assim, continua em processo de construção e reconstrução. Você deve saber também que a prática pro- fissional é medida não apenas pelo fazer cotidia- no, mas também pelas determinações históricas, assim como um trabalho concreto e de valor so- cial, orientado por conhecimentos e princípios éticos. Para que possamos seguir com o objetivo proposto, se faz necessário introduzir as compe- tências profissionais enquanto habilidades fun- damentais para a garantia da qualificação profis- sional. Veja que a competência da prática do As- sistente Social se constrói dentro do contexto no qual está inserida sua atuação e sempre busca um Assistente Social competente e preocupado com a ampliação dos direitos sociais universais e con- tra as desigualdades. A competência é uma construção do su- jeito que trabalha, numa relação direta com o contexto no qual está inserido e nas relações de poder que aí estão pos- tas, fica claro que não é somente necessá- ria a qualificação adquirida na formação (teórica, metodológica e técnica), mas algo que está para além, talvez ligado as capacidades múltiplas que emergem de uma situação particular de trabalho. (SOUZA; AZEREDO, 2003, p. 10). As ações profissionais são processos de configuração da profissão e sua construção se dá na realidade social concreta, nas relações sociais, nas necessidades e nas expectativas de práticas determinadas, na reconfiguração de tais necessi- dades e na criação de novas relações. Então, o Assistente Social se depara com as multiplicidades e diversidades sociais em função do espaço sócio-ocupacional em que atua. Nes- se sentido, cabe a este profissional contemporâ- neo estar informado e ser: [...] crítico e propositivo, que aposte no protagonismo dos sujeitos sociais. Mas também um profissional versado no ins- trumental técnico-operativo, capaz de realizar as ações profissionais, aos níveis de assessoria, planejamento, negociação, pesquisa e ação direta, estimuladoras da Luciane de Cássia de Faria Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 8 participação dos usuários na formulação, gestão e avaliação de programas e ser- viços sociais de qualidade. (IAMAMOTO, 2001, p. 144). Contudo, pode-se afirmar que a competên- cia profissional perpassa pela formação e pelas práticas institucionais cotidianas. Assim, apre- sentam-se a seguir as três dimensões de compe- tências que devem ser do domínio do Assistente Social. Lembrando que as três dimensões não po- dem ser desenvolvidas separadamente, porém, apesar de fundamental, é sempre um grande de- safio articular teoria e prática. Aqui nesta apostila, serão tratadas apenas três competências: Competência ético-política: o poder do assistente social não adota posturas nem permeia ações de neutralidade, mas sim de intervenções que estejam subsidiadas por posicionamento ético- -político, uma vez que a prática do As- sistente Social perpassa as relações de poder e forças sociais, exigindo do pro- fissional compreensão e posicionamen- to frente à realidade social. A ação pro- fissional tem seus basilares ético-morais DicionárioDicionário Por espaço sócio-ocupacional pode-se entender o local de intervenção profissional. Local este onde os Assistentes Sociais se definem, se configuram e estabelecem sua identidade. expressos no Código de Ética Profissio- nal dos Assistentes Sociais (Resolução CFAS nº 273/1993), que evidencia a pos- tura profissional frente à especificidade de sua intervenção. Competência teórico-metodológica: saber profissional – deve traçar cami- nhos que permitam ao Assistente Social apreender e reconhecer, na realidade social, a particularidade de sua inter- venção, pautando seu conhecimento para além da prática empírica e pelas matrizes teórico-metodológicas do Ser- viço Social que permitam ao profissio- nal traduzir e construir novas possibili- dades profissionais. Competência técnico-operativo: para realizar sua prática interventiva junto à população que utiliza seus serviços, o Assistente Social, devido à particulari- dade e muitas vezes à emergencialida-de do cotidiano profissional, necessita, precisa desenvolver estratégias e habili- dades técnicas que lhe permitam efeti- var sua prática profissional. Você viu que as competências do Assistente Social apresentadas se referem ao poder, ao saber e ao fazer profissional? Observou? Porém, compete ao profissio- nal uma constante e permanente formação para garantir o aprimoramento das competências, in- clusive a competência técnico-operativo, sobre a qual esta apostila trabalha. 1.1 Resumo do Capítulo Caro(a) aluno(a), este breve capítulo apresentou as competências que o profissional do Serviço Social deve ter, além de possibilitar o entendimento quanto à importância da contribuição da formação profissional no processo de aprofundamento de tais competências, visto que o poder e o saber profis- sionais estão intrinsecamente ligados à sua competência ético-política, teórico-metodológica e técnico- -operativa, perpassando sempre pelo nosso código de ética, assim como perpassa pela formação e pelas práticas institucionais cotidianas. Oficina de Instrumentos e Técnicas do Serviço Social Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 9 1.2 Atividade Proposta Agora que terminamos este capítulo, vamos verificar se fixou bem o conteúdo? Assim, responda à pergunta abaixo: 1. O Assistente Social se depara com as multiplicidades e diversidades sociais em função do es- paço sócio-ocupacional em que atua. Nesse sentido, o profissional contemporâneo deve estar informado e ser: 2. Quais as competências que o profissional deve ter domínio para que possa desenvolver uma boa prática? Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 11 Caro(a) aluno(a), diante da temática desta disciplina, é de extrema importância que você sai- ba que o fazer profissional se dá através de instru- mentos e técnicas, no entanto faz-se importante compreender, antes de tudo, a instrumentalida- de. A instrumentalidade aqui pode ser entendida como a capacidade que o Assistente Social tem para possibilitar mudanças em suas intervenções, ou seja, na sua prática. Para que você tenha maior compreensão sobre o que seja a instrumentalidade, trago um autor chamado Brandão (2006), que diz o seguin- te: a instrumentalidade do Serviço Social é o espaço onde a profissão se consolida e se materializa, permitindo a união das dimensões instrumental, técnica, política, pedagógica e intelectual da intervenção profissional. Essa visão integrada entre os diversos elementos possibilita que os processos e práticas sociais sejam tradu- zidos em ações técnicas e politicamente comprometidas. Salienta-se, ainda, a im- portância de agir metodologicamente, com base no conhecimento do objeto sobre o qual se trabalha, a fim de estabe- lecer as estratégias da ação profissional com vistas à construção de uma instru- mentalidade eficiente e ética para o con- texto político atual. (p. 26). Sendo o Serviço Social uma profissão inter- ventiva e o “fazer” profissional dado pela instru- mentalidade, esta pode ser entendida como a capacidade de instrumentalizar as ações, de criar, elaborar e aplicar um conjunto de instrumentos com o intuito de intervir em uma dada realidade. A INSTRUMENTALIDADE NO SERVIÇO SOCIAL2 A instrumentalidade do Serviço Social coloca-se não apenas como a dimensão constituinte e constitutiva da profissão mais desenvolvida, referenda pela prática social e histórica dos sujeitos que a rea- lizam, mas, sobretudo como campo de mediação no qual os padrões de racio- nalidade e as ações instrumentais se pro- cessam enquanto conduto de passagem das racionalidades; ações instrumentais, enquanto atividades finalísticas; e o grau de abrangência das modalidades da ra- zão que iluminam as ações profissionais. (GUERRA, 2009, p. 37-38). Portanto, a instrumentalidade pode ser consi- derada como indicativo teórico-prático de interven- ção profissional e também subsidiária da metodolo- gia do Serviço Social. O Assistente Social, Intervenção e Realidade A ação profissional está condicionada ao momen- to histórico em que ela é desenvolvida, assim, é importante ter compreensão de que a realidade social é complexa e heterogênea e que o Assis- tente Social, a partir de sua intervenção, deve localizar o lugar ocupado pelos instrumentos de trabalho utilizados em sua prática. CuriosidadeCuriosidade Luciane de Cássia de Faria Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 12 Caro(a) aluno(a): Se são os objetivos profissionais (cons- truídos a partir de uma reflexão teórica, ética e política e um método de investi- gação) que definem os instrumentos e técnicas de intervenção (as metodologias de ação), conclui-se que essas metodolo- gias não estão prontas e acabadas. Elas são necessárias em qualquer processo racional de intervenção, mas elas são construídas a partir das finalidades esta- belecidas no planejamento da ação reali- zado pelo Assistente Social. Primeiro, ele define ‘para quê fazer’, para depois se de- finir ‘como fazer’. Mais uma vez, podemos aqui identificar a estreita relação entre as competências teórico-metodológica, éti- co-política e técnico-operativa. (SOUSA, 2008, p. 124). O que se pretende aqui é alertá-lo(a) que, enquanto futuro profissional, os instrumentos e técnicas de intervenção em hipótese alguma poderão ser mais importantes que os objetivos da sua ação, pois, se assim o forem, perderá a di- mensão do emprego do instrumento. O Assistente Social deve ter habilidades técnicas de manuseio do instrumento de traba- lho e compreender a realidade, a qual é dinâmi- ca, pois só assim saberá adaptar determinados instrumentos para responder às necessidades cotidianas e que sejam eficazes na produção das mudanças desejadas pelo profissional. DicionárioDicionário Habilidades técnicas: você pode entender este ter- mo como o que o profissional sabe fazer baseado na teoria. É quando se atua tendo experiência e conhecimento do assunto. Essas mudanças desejadas estão atreladas pela instrumentalidade, pois possibilita ao profis- sional objetivar suas respostas, uma vez que esta é uma capacidade que o Serviço Social vai adqui- rindo à medida que concretiza tais objetivos. É através dessa capacidade que o profissional mo- difica, transforma e altera as condições objetivas e subjetivas, assim como as relações interpessoais e sociais existentes no cotidiano da realidade social. “Assim, pensar a instrumentalidade do Serviço So- cial é pensar para além da ‘especificidade’ da pro- fissão: é pensar que são infinitas as possibilidades de intervenção profissional.” (SOUSA, 2008, p. 124). Esta é uma reflexão sobre as possibilidades de entendimento quanto à instrumentalidade do Serviço Social, a qual não limita o Serviço Social ao desencadeamento de ações instrumentais, nem ao exercício de atividades imediatas, muito pelo contrário, constitui grau de racionalidade que permite ao profissional apreender e a atuar sobre a totalidade dos processos socais. 2.1 A Instrumentalidade no Trabalho do Assistente Social Caro(a) aluno(a), podemos aqui entender a instrumentalidade como uma característica que a profissão adquire no interior das relações sociais e como característica sócio-histórica, pois possi- bilita o atendimento das demandas e o alcance de objetivos, de respostas profissionais e sociais. Os Assistentes Sociais passam a dar ins- trumentalidade a suas ações na medida em que demandam sua intervenção, convertendo con- dições, meios e instrumentos para o alcance de seus objetivos, alterando assim o cotidiano da profissão e também das classes socais. AtençãoAtenção “A instrumentalidade do Serviço Social adquire importância na medida em que se dá no espa- ço de mediação da profissão, onde se pensam em alternativas concretas e na possibilidade de se atingiras finalidades institucionais. Com estes dados, é possível perceber que os profissionais incorporam em seus instrumentos e técnicas a legislação pertinente à área da Assistência Social.” (BRANDÃO, 2006 p. 125). Oficina de Instrumentos e Técnicas do Serviço Social Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 13 Saiba que o profissional possui modos par- ticulares de operacionalizar sua ação, a qual não se realiza sem instrumentos técnicos, político, teórico e de pressupostos éticos, que incorporem o projeto profissional. Portanto, o Assistente So- cial tem capacidade criativa e propositiva, com potencialidade de utilização dos “instrumentos consagrados da profissão, mas também de criar outros tantos que possam produzir mudanças na realidade social, tanto em curto quanto em mé- dio e longo prazos.” (SOUSA, 2008, p. 124). Na afirmação da sua instrumentalidade, o assistente social acaba por utilizar-se de um repertorio técnico operativo co- mum a outras profissões sociais, porém a intencionalidade posta na utilização do instrumental técnico porta a tendência de propiciar resultados condizentes com a perspectiva para a qual sua ação se di- recionou. A maneira como o profissional utiliza os instrumentos e técnicas his- toricamente reconhecidos na profissão encontra-se referenciada pelas expectati- vas que sustentam suas ações. (GUERRA, 2009, p. 203). 2.2 Resumo do Capítulo 2.3 Atividades Propostas Caro(a) aluno(a), neste capítulo você pode verificar que a instrumentalidade não é a operaciona- lização da prática em si, mas sim um modo de aperfeiçoa-la, é a capacidade que o profissional adquire para modificar/transformar sua prática, inclusive criando novos instrumentos de trabalho. A instrumen- talidade antecede a discussão de instrumentos e técnicas, pois possibilita à ação profissional a capacida- de de instrumentalizar as ações, de criar, elaborar e aplicar um conjunto de instrumentos com o intuito de intervir em uma dada realidade. Agora que terminamos este capítulo, vamos verificar se fixou bem o conteúdo, assim, responda às perguntas abaixo: 1. A instrumentalidade possibilita que o profissional objetive suas respostas, uma vez que esta é uma capacidade que o Serviço Social vai adquirindo à medida que concretiza tais objetivos. Então, pense sobre as possibilidades de atuação que o Assistente Social tem. 2. Foi apontado que o profissional possui modos particulares de operacionalizar sua ação, a qual não se realiza sem instrumentos técnicos, político, teórico e de pressupostos éticos. Assim, po- de-se afirmar que: Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 15 Caro(a) aluno(a), neste capítulo você irá estudar sobre os instrumentos e as técnicas do Serviço So- cial, buscando compreender como se dá a operacionalização destes no cotidiano profissional. O TÉCNICO OPERACIONAL NO SERVIÇO SOCIAL3 3.1 Instrumentos e Técnicas Sabemos que a prática do Serviço Social é realizada através de instrumentos e técnicas, pois são estes que permitem a operacionalização da proposta de ação, ou seja, o Assistente Social se utiliza de instrumentos e técnicas para concreti- zar sua prática e a prática é sempre orientada a partir da ação/reflexão da realidade. Saiba que a utilização do instrumental tem amplo significado para o resultado das ações, pois ele possibilita a construção de propostas, fundamentos, argumentos e estratégias de inter- venção, facilitando, assim, o acesso aos usuários e a socialização de informações, e assinalando o processo de transformação que o profissional al- meja. A dimensão técnica-instrumental sempre teve um lugar de destaque, seja do pon- to de vista do afirmar deliberadamente a necessidade de consolidação de um ins- trumental técnico-operativo ‘específico’ do Serviço Social (falamos aqui em es- pecial da tradição norte-americana, que teve forte influência sobre o Serviço So- cial brasileiro, sobretudo entre os anos 40 e 60), seja no sentido de afirmar o Serviço Social como um conjunto de técnicas e instrumentais – em outras palavras, uma tecnologia social. (SOUSA, 2008, p. 120). Veja que Sousa (2008) fala que os instru- mentos e técnicas sempre foram utilizados pelo Serviço Social, e que em sua trajetória histórica o Serviço Social criou novos instrumentos e novas técnicas de intervenção; sendo que essa proposi- tura o tirou da condição de mero executor das po- líticas sociais, levando-o ao desempenho de fun- ções como elaboração, planejamento e gerência. Por isso, a necessidade constante de aperfeiçoa- mento e modernização das ações profissionais para que este esteja sempre atualizado e pronto a responder as demandas atuais. Lembre-se da instrumentalidade, sobre a qual estudamos no capítulo anterior. [...] historicamente o Serviço Social vem se valendo em sua ação profissional de instrumentos e técnicas. Mas, em face das discussões que vimos tratando no decor- rer do trabalho pudemos perceber que se o instrumento é a maneira (crítica) de potencializar a ação, a técnica é a melhor maneira (crítica) de fazê-lo. Esta expressão impossibilita percebê-los separadamen- te na ação profissional, embora, ao nível do pensamento, possamos apanhar suas respectivas identidades distinguindo-as. Então, tendemos a denominar aos instru- mentos e técnicas, chamados tradicional- mente, de instrumental-técnico, reforçan- do que este hífen não é por acaso, mas representa que realmente não se separam um do outro. (SARMENTO, 1994, p. 228). Veja que Sarmento (1994) traz uma bela de- finição para os instrumentos e técnicas; podemos, Luciane de Cássia de Faria Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 16 então, resumir essa definição como: instrumental é um conjunto articulado de instrumentos e téc- nicas que permitem a operacionalização da ação profissional. E ainda: o instrumento é estratégia, e a técnica é a habilidade no uso do instrumen- to. Você entendeu? O instrumento é o que fazer, a ação; e a técnica é o como fazer. É importante saber que cada instrumento de trabalho possui características peculiares e que as suas possibilidades de utilização não se esgotam e não são estáticas, assim, cada profis- sional pode e deve ir adotando formas, maneiras de melhor utilização deles. Lembre-se de Marilda Iamamoto (2001), quando fala da necessidade de o profissional ser crítico, criativo e propositivo. A utilização das metodologias de ação se dá cotidianamente e o profissional ainda constrói ou- tras novas na busca de aperfeiçoar a intervenção social. Essa possibilidade de construção de novos instrumentos e técnicas faz parte do processo de construção do conhecimento profissional. Mas é importante que o profissional saiba que o instru- mento metodológico, seja ele qual for, não con- siste em um fim em si mesmo. Você também deve entender que: O acervo de instrumentos e técnicas não são, necessariamente, específicos do Serviço Social. Ele pertence às ciências sociais e humanas. Há, contudo, uma es- pecificidade no uso desses instrumentos pelo Serviço Social, a qual precisa ser de- finida, pensada e trabalhada pelo conjun- to da categoria – a começar na formação profissional – a partir de seus objetivos, de seus princípios, de seus objetos, de suas demandas e de sua direção social. Trabalhar essas particularidades se faz necessário no sentido de construir um acervo mínimo de referência a ser garan- tido no ensino dos instrumentos e técni- cas. (SANTOS, 2007, p. 86). Caro(a) aluno(a), os instrumentos e as téc- nicas do Serviço Social, assim como o relaciona- mento, a observação, a entrevista, a reunião e a documentação, foram adaptados à ação profis- sional de maneira acrítica. Portanto, é imprescin- dível, na prática profissional, ter clareza do como, quando, para quê e para quem eu faço.Veja como Iolanda Guerra se refere a essa questão da necessidade de compreensão e clare- za quanto à finalidade da intervenção profissio- nal: Há algo que precede a discussão de ins- trumentos e técnicas para a ação pro- fissional, que no nosso entendimento refere-se à sua instrumentalidade, ou melhor, à dimensão que o componente instrumental ocupa na constituição da profissão. Para alem das definições ope- racionais (o que faz, como faz), necessita- mos compreender ‘para que’ (para quem, onde e quando fazer) e analisar quais as conseqüências que no nível ‘mediato’ as nossas ações profissionais produzem. (GUERRA, 2009, p. 30). Entenda que a utilização dos instrumentos e técnicas possuem uma relação quase direta com a prática e que não dispensa o conhecimen- to teórico, exigindo assim um conhecimento me- todológico. Portanto, você não deve considerar que, para operacionalizar a prática, apenas o en- sino teórico seja suficiente. Temos que considerar também outros tipos de conhecimentos, como procedimental. Saiba maisSaiba mais Os instrumentos e as técnicas como forma de inter- venção na pluralidade da prática respondem às ne- cessidades dos Assistentes Sociais diante da realidade social e dos diferentes contextos, portanto devemos sempre sistematizar nossa prática para podermos re- construir a história da profissão. Oficina de Instrumentos e Técnicas do Serviço Social Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 17 3.3 Atividades Propostas 3.2 Resumo do Capítulo Caro(a) aluno(a), neste capítulo foi-lhe apresentado o conceito do instrumental técnico do Serviço Social, que trata de um conjunto articulado de instrumentos e técnicas, assim como a apresentação de uma discussão sobre o uso desse conjunto pelos Assistentes Sociais. Este capítulo também traz uma apresentação sobre a necessidade de o profissional ser um agente crítico, criativo e propositivo no sentido de adaptar e criar novos instrumentos e técnicas, criando assim uma maior possibilidade de intervenção no seu cotidiano de trabalho. Agora que terminamos este capítulo, vamos verificar se fixou bem o conteúdo, assim, responda às perguntas abaixo: 1. Em sua trajetória histórica, o Serviço Social criou novos instrumentos e novas técnicas de in- tervenção. Você consegue apontar alguns instrumentos e técnicas criados recentemente pelo Assistente Social? 2. Foi-lhe apresentado que as características dos instrumentos e as possibilidades de sua utiliza- ção são imensas. Comente esta afirmação. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 19 Neste quarto capítulo lhe será apresentado os principais instrumentos e técnicas emprega- dos pelo Assistente Social em seus espaços sócio- OS INSTRUMENTOS DE TRABALHO4 4.1 Os Instrumentos de Trabalho Direto Caro(a) aluno(a), a partir de então lhe apre- sentarei um conteúdo seguindo a concepção de Sousa (2008), pois ele nos traz os instrumentos do Serviço Social divididos em dois momentos. O primeiro, em instrumentos de trabalho direto e o segundo, em instrumentos de trabalho indireto. Neste capítulo, você irá estudar sobre os instrumentos de trabalho direto, os quais tam- bém podem ser chamados de instrumentos “face a face”, pois se trata do recurso de interação e comunicação primordial na intervenção do As- sistente Social. Assim, uma interação direta com o usuário, a qual podemos entender como uma intervenção de interação face a face. A autora Selma Magalhães nos fala sobre tal contato: Charles Toniolo de Sousa é Assistente Social do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, Mestrando em Serviço Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro e Professor da Escola de Serviço Social da Universidade do Grande Rio (SOUZA, 2008). CuriosidadeCuriosidade A interação face-a-face permite que a enunciação de um discurso se expresse não só pela palavra, mas também pelo olhar, pela linguagem gestual, pela en- tonação, que vão contextualizar e, pos- sivelmente, identificar subjetividades de uma forma mais evidenciada. Sob esse enfoque, pode-se dizer que o discurso direto expressa uma interação dinâmica. (MAGALHÃES, 2003, p. 29). Seguindo a proposta de apresentar alguns instrumentos de trabalho “face a face”, seguem al- guns instrumentos e técnicas considerados como os mais utilizados no cotidiano da prática profis- sional do Assistente Social. São eles: observação, entrevista, dinâmica de grupo, reunião, visita domiciliar e visita insti- tucional. -ocupacionais na relação direta com os usuários, ou seja, os instrumentos empregados que o pro- fissional utiliza no contato direto com o usuário. Luciane de Cássia de Faria Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 20 A observação é um instrumento “face a face” que sempre foi utilizado pelo Serviço Social. Seu foco é a realidade com perspectiva de consta- tação pessoal, sendo esta a mais completa e exata possível. Saiba que na busca de constatação pes- soal, a observação deve ser direta na pessoa, na sua maneira de falar, atitudes, gestos, olhares, maneira de ser, seu comportamento, o que diz e como diz, maneiras de se expressar, tensão ner- vosa, o que não diz (silêncios, suspiros, expressão no olhar etc.), tendo claro que essas atitudes de- vem ter como objetivo o esclarecimento do que se passa no seu íntimo e a compreensão de seus sentimentos em relação ao problema e ao pró- prio caso. É preciso observar tudo o que parecer ne- cessário, procurando ver as coisas como realmen- te o são, compreendendo o usuário e seus proble- mas. Saiba que o Assistente Social deve ter cla- ro que, a partir do momento em que estabelece uma relação social com o outro, além de observa- dor, também passa a ser observado, pois o outro possui expectativas quanto às intervenções que serão realizadas pelo profissional. 4.2 A Observação Enquanto Instrumento Por isso, a observação não deve ser fria ou, como querem alguns, “neutra”, em que o profis- sional pensa estar numa posição de não envol- vimento com a situação, pois, durante a obser- vação, ele participa diretamente do processo de conhecimento acerca da realidade que está sen- do investigada. Nesse caso, caro(a) aluno(a), a observação pode ser denominada “observação participante”, uma vez que “o profissional, além de observar, interage com o outro, e participa ativamente do processo de observação.” (SOUSA, 2008, p. 126). O que é Observar? Em uma perspectiva crítica não basta olhar, é preciso ver fundo. Não é apenas especular, mas, é descodificar, é compreender as interlocuções causais. É ver fundo o singular sem desprezar o geral, é aproximar-se da realidade observada para ver o aparente, identificando-o e, ser capaz de ver além do que se apresenta, do que é dado ao ob- servador, mediante o movimento do abstrato ao concreto. (SARMENTO, 1994, p. 239). CuriosidadeCuriosidade Saiba maisSaiba mais Sendo a observação um instrumento de interven- ção, este implica em apreender: • as interlocuções do usuário; • as representações; • como se dá a reprodução das relações; • os movimentos da realidade e a mesma realidade enquanto contexto em nível individual, grupal, populacional e da organização socioinstitucional. Quanto aos aspectos da observação que devem ser destacados como dados relevantes, seguem: • a aproximação Assistente Social x Usuário; • apreensão dos pré-conceitos da população; • fórmulas desenvolvidas em sua produção e trans- mitidas, do pré-conceito ao conhecimento da re- alidade (compreensão e explicação); • captar o mundo da aparência (que penetra na consciência) que contem a essência e a oculta. Oficina de Instrumentos e Técnicas do Serviço Social Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 21 4.3 A Entrevista A entrevista é um instrumento de interven- çãoprofissional, assim como os demais, não ex- clusivo do Serviço Social, porém sendo utilizada pelo Assistente Social ela está direcionada para desvelar o real – decodificar e retotalizar os dados apreendidos, ou seja, conhecer a realidade, com- preendendo o universo vocabular, compreen- dendo representações, valores e seus significa- dos, estes também objetivos da entrevista. Com tudo isso, fica claro que a entrevista trata-se de um diálogo entre o Assistente Social e o usuário com a pretensão de estudo, diagnóstico e intervenção. Ela sempre parte da necessidade do indivíduo. Ficou claro? Caro(a) aluno(a), a entrevista pode ser indi- vidual ou grupal, e, para clarear mais, o autor Sar- mento diz o seguinte: Destacamos então, que a entrevista é sempre uma relação face-a-face entre duas ou mais pessoas, sendo que a dife- renciação em seu uso é dada pela manei- ra e a intenção de quem a pratica mais, reconhecendo que é uma relação de dis- tancia e envolvimento, conhecimento e ação, pensamento e realidade, interação e conflito, mudar e ser mudado. (SAR- MENTO, 1994, p. 254). O profissional entrevistador sempre inte- ra com o usuário mediante uma instituição, ou seja, geralmente há a solicitação pela instituição para que o profissional realize a entrevista. Tanto o Assistente Social, quanto o usuário possuem AtençãoAtenção A entrevista pode ser utilizada por qualquer pro- fissional, mas é importante que você não se es- queça que o Assistente Social tem especificida- des profissionais em sua utilização. objetivos com a realização da entrevista, os quais não necessariamente com o mesmo fim. Mas é o entrevistador que deve conduzir o diálogo e direcioná-lo para os objetivos que se pretendem alcançar. Tais objetivos, nem sempre são possíveis de se conciliar, no entanto, é necessário o estabe- lecimento de uma relação de poder entre os dois sujeitos, na qual o Assistente Social aparece em uma posição hierarquicamente superior. Mas se defendemos a democracia e o res- peito à diversidade como valores éticos fundamentais da nossa profissão, o mo- mento da entrevista é um espaço que o usuário pode exprimir suas ideias, vonta- des, necessidades, ou seja, que ele possa ser ouvido (em tempo: ser ouvido não é concordar com tudo o que usuário diz). Estabelecer essa relação é fundamental, pois se o usuário não é respeitado nes- se direito básico, não apenas estaremos desrespeitando-o, como prejudicando o próprio processo de construção de um conhecimento sólido sobre a realidade social que ele está trazendo, comprome- tendo toda a intervenção. (SOUSA, 2008, p. 127). Você entende que entrevistar é mais do que conversar? Sim? Além disso, o Assistente Social é um profissional que possui conhecimentos e deve possuir um rigoroso aporte teórico-meto- dológico, pois, durante a entrevista, pode emitir suas opiniões e valores. Tais conhecimentos são importantes e necessários a fim de possibilitar um planejamento sério da entrevista, assim como a busca do alcance de objetivos estabelecidos para sua realização. Alguns aspectos ainda precisam estar em mente quando da realização da entrevis- ta, como a consciência dos nossos precon- ceitos; aceitação e tolerância para aceitar o comportamento e atitudes; constante observação sobre o que a pessoa diz e, Luciane de Cássia de Faria Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 22 também, acerca do que ela não diz, ou ainda, certos fatos como tensões do cor- po, enrubescimento, excitabilidade, me- lancolia, etc.; a arte de ouvir com atenção para apreender a narrativa e apreciar os comentários; a arte de perguntar pauta- da na cordialidade, correspondência e, interesse em compreender e auxiliar, a arte de conversar no sentido de inspirar confiança ou encorajar o entrevistado, levando-o a discutir com maior profundi- dade sobre pontos relevantes; a arte de responder perguntas pessoais, com se- gurança e franqueza, pois podem indicar o começo do estabelecimento da relação intima entre entrevistador e entrevista- do; liderança e direção para poder guiar a conversa de forma que determine se poderá ou não prestar auxílio; a interpre- tação dos múltiplos aspectos daquilo que constitui o problema na sua realidade e que é apresentado pelo assistido. (SAR- MENTO, 1994, p. 252). Caro(a) aluno(a), a entrevista também pode ser utilizada na pesquisa científica, o que não é o foco nesta disciplina, porém, nesta situação, ela pode ser: estruturada, semiestruturada, aberta e semiestruturada, aberta, projetiva, grupos focais e de segmento. Assim, para seu conhecimento, passo a discorrer brevemente sobre elas: Então vamos lá. A entrevista estruturada é elaborada me- diante questionário estruturado, no qual as per- guntas são previamente formuladas e o entre- vistador deve ter o cuidado de não fugir delas. O principal motivo deste zelo é a possibilidade de comparação do mesmo conjunto de perguntas. DicionárioDicionário A pesquisa científica trata-se de um estudo plane- jado, uma investigação sobre dado problema, em que o aspecto científico de investigação caracteri- za o método de abordagem, com vistas à resolu- ção de problemas ou questões apresentadas atra- vés da aplicação do método científico. As entrevistas semiestruturadas combinam perguntas abertas e fechadas e nelas o informan- te tem a possibilidade de discorrer sobre o tema proposto, não exigindo uma ordem rígida nas questões. O pesquisador deve seguir um conjunto de questões previamente definidas, mas ele o faz em um contexto muito semelhante ao de uma con- versa informal. Caracteriza-se por traçar diretri- zes previamente elaboradas que servem de eixo norteador para o desenvolvimento da entrevista. Este formato oportuniza uma entrevista que se adapta ao entrevistado, mantendo uma flexibili- dade na exploração das questões e facilitando a otimização de tempo, o tratamento mais sistemá- tico aos dados, melhor eficiência para entrevistas em grupos e permite introduzir novas questões em seu processo de execução. Já a entrevista aberta e semiestruturada tem como vantagem a flexibilidade quanto à sua duração, a produção de uma melhor amostra da população de interesse, o favorecimento de res- postas espontâneas mediante interação entre o entrevistador e o entrevistado, possibilitando maior liberdade e surgimento de questões ines- peradas, a possibilidade de uma abertura e pro- ximidade maior entre entrevistador e entrevis- tado, permitindo abordagem de assuntos mais complexos e delicados. Ela colabora bastante na investigação dos aspectos afetivos e valorativos dos informantes. Entrevistas abertas atendem às finalidades exploratórias, são bastante utilizadas para o de- talhamento de questões e formulações mais pre- cisas dos conceitos relacionados. Nesse formato de entrevista, o entrevistador propõe um tema e seu processo de execução se dá através de uma conversa emergida do contexto imediato, ou seja, a intervenção do entrevistador acontece a partir da temática a que se propõe. Geralmente é uti- lizada na descrição de casos individuais para a compreensão de especificidades de determina- dos grupos e para a comparabilidade de diversos casos. Oficina de Instrumentos e Técnicas do Serviço Social Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 23 A entrevista projetiva é a utilização de re- cursos visuais, em que o entrevistador possa mos- trar cartões, fotos, filmes etc. ao informante. Uma técnica que evita respostas diretas e é utilizada para aprofundar informações sobre determinado grupo ou local. Já a entrevista com grupos focais trata-se de estímulo de discussão grupal em forma de debate aberto sobre um tema de interesse comum. A es- colha do grupo se dá mediante ideias e opiniões do interesse da pesquisa. Ogrupo pode ser for- mado por 6 a 8 participantes. Devemos conside- rar também que a discussão em grupo visa, mui- tas vezes, complementar a entrevista individual e permite a observação dos participantes. Nela, é possível aprofundar reflexões e provocar a aproxi- mação dos sujeitos, além de obter opiniões, iden- tificar relevâncias e valores dos entrevistados. As entrevistas de seguimento possibilitam a continuidade do estudo social, da intervenção e da avaliação que se iniciou na entrevista inicial. AtençãoAtenção Atenção, futuro(a) Assistente Social, seguem algumas sugestões e recomendações quanto à realização de entrevistas: “A escolha do método não deve ser rígida, mas sim rigorosa. O entrevistado deve utilizar qualquer método ou con- junto de métodos com rigor cientifico; O autor aconselha, na medida do possível, falar a mesma língua do entrevistado, ou seja, o profissional deve descer do pedestal cultural e deixar de lado momentaneamente seu capital cultural para que ambos, entrevistador e entre- vistado, possam se entender. Se isso não acontecer, provavelmente o entrevistado se sentirá constrangido e a relação entre ambos se tornará difícil. O entrevistador deve fazer de tudo para diminuir a violência simbólica que é exercida através dele; Durante a entrevista, o entrevistador precisa estar sempre pronto a enviar sinais de entendimento e de estímulo, com gestos, acenos de cabeça, olhares e também sinais verbais como de agradecimento, de incentivo. O entrevistado deve notar que o entrevistador está escutando sua narrativa atentamente; A entrevista deve proporcionar um bem-estar ao entrevistado para que ele possa falar sem constrangimento de sua vida e de seus problemas. Quando isso ocorre, surgem discursos extraordinários; O entrevistador deve levar em conta que, no momento da entrevista, ele estará convivendo com sentimentos, afetos pessoais, fragilidades e, por isso, deve ter todo respeito pela pessoa pesquisada. O entrevistador deve lembrar-se de que cada um dos pesquisados faz parte de uma singularidade; cada um deles tem uma história de vida diferente, tem uma existência singular; Durante todo o processo da pesquisa, o entrevistador terá que ler nas entrelinhas, ou seja, ele terá de ser capaz de reconhecer as estruturas invisíveis que organizam o discurso do entrevistado. Dessa forma, durante a entrevista, o entrevistador precisará estar alerta, pois o entrevistado poderá tentar impor sua definição de situação de forma cons- ciente ou inconsciente. Ele também poderá tentar passar uma imagem diferente dele mesmo. Em relação à atuação ou à postura do entrevistador no momento da entrevista, este não deve ser nem muito austero, nem muito efusivo, nem falante demais, nem demasiadamente tímido. O ideal é deixar o informante à vontade a fim de que não se sinta constrangido e possa falar livremente.” (BRANDÃO, 2006, p. 99-100). Luciane de Cássia de Faria Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 24 4.4 Dinâmica de Grupo Figura 1 – Teamwork. Fonte: http://www.plurivalor.com/site/images/_products/team- work_2.gif. Com sua origem na Psicologia Social, a di- nâmica de grupo surgiu como instrumento de pesquisa do comportamento humano em peque- nos grupos. Posteriormente, a área social fez des- te um instrumento de trabalho para intervenção na realidade social dos grupos a quem se dirige. Sucintamente, a dinâmica de grupo é uma técnica que utiliza jogos, brincadeiras, simulações de determinadas situações, com vistas a permitir que os membros do grupo produzam uma refle- xão acerca de uma temática definida. No caso do Serviço Social, uma temática que tenha relação com o objeto de sua intervenção – as diferentes expressões da “questão social”. Observe que a dinâmica de grupo pode ain- da ser entendida, segundo Sousa (2008), como: [...] um recurso que pode ser utilizado pelo Assistente Social em diferentes mo- mentos de sua intervenção. Para levan- tar um debate sobre determinado tema com um número maior de usuários, bem como atender um maior número de pes- soas que estejam vivenciando situações parecidas. E nunca é demais lembrar que é o instrumento que se adapta aos objeti- vos profissionais – no caso, a dinâmica de grupo deve estar em consonância com as finalidades estabelecidas pelo profissio- nal. (p. 130). 4.5 Reuniões Caro(a) aluno(a), vamos agora fazer uma conversa sobre as reuniões? As reuniões são espa- ços coletivos que têm como objetivo determinar alguma reflexão acerca de um tema específico. Caracterizam-se por serem locais de encontros para tomada de decisão sobre algum assunto. Esses encontros podem ocorrer nos mais di- ferentes grupos, podendo as reuniões serem rea- lizadas junto à população atendida, à equipe de trabalho, junto à parceiros, entre outros. Em suma, ela se realiza em qualquer espaço de discussão, tem em seus primórdios a coletividade das deci- sões, tendo o seu coordenador que desenvolver postura democrática e firme quanto aos objetivos da reunião, com vistas a um espaço essencialmen- te político, devido às individualidades dos atores envolvidos, exigindo deste, competência teórica e política para que a reunião possa alcançar o ob- jetivo de tomada de decisão coletiva. Saiba maisSaiba mais As dinâmicas são ferramentas que compõem um con- junto de instrumentos técnicos para atuação do Assis- tente Social. Para tanto, sua execução exige tanto ha- bilidades teóricas quanto competências técnicas para que o profissional aja como um facilitador, um agente que provoca situações que levem à reflexão do grupo. Oficina de Instrumentos e Técnicas do Serviço Social Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 25 Figura 2 – Comunidade. 4.6 Mobilização de Comunidade Saiba que trabalhar em um projeto comuni- tário dentro da corrente ético-política do Serviço Social denota a criação de estratégias para mobi- lizar e envolver os atores locais, uma vez que estes são o público alvo do trabalho do Assistente So- cial. Neste segmento, para tanto, é necessário que o Assistente Social conheça a comunidade local, seus indivíduos, demandas e particularidades, de modo a propor ações coletivas que objetivem o atendimento e a mobilização comunitária. Saiba maisSaiba mais A utilização intencional da reunião para a ação profissional do Assistente Social pode, dentro desta perspectiva, particu- larizar, neste espaço, um ‘tempo’ para vivenciar a reflexão socializante e a aquisição de informações que possam revolver a adaptação das formas de relacionamento social. A reunião é um espaço concreto onde se reproduzem as relações sociais de produção, deixando antever as correlações de força e as estratégias de superação da dominação. (BRANDÃO, 2006, p. 101). Fonte: http://www.msagradafamilia.com.br/imagens/com_co- munidade.jpg. Caro(a) aluno(a), a mobilização de comuni- dade também é um instrumento de trabalho face a face, pois o trabalho em comunidade também é uma das áreas de atuação do Assistente Social, e, segundo Sousa (2004), define-se como: Conjunto de grupos e subgrupos de uma mesma classe social, que têm interesses e preocupações comuns sobre condições de vivência no espaço de moradia e que, dadas as suas condições fundamentais de existência, tendem a ampliar conti- nuamente o âmbito de repercussão dos seus interesses, preocupações e enfrenta- mentos comuns. (p. 68). DicionárioDicionário Comunidade: é um território geograficamente de- finido que reflete as diferentes divisões da socieda- de em classes e segmentos sociais. Neste sentido, trabalhar na realidade social de território/comu- nidade requer que o profissional apreenda seu significado dentro do contexto econômico, social, político e cultural de uma sociedade dividida em classes, mas que não está desprendida da totalida- de da realidade social.Luciane de Cássia de Faria Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 26 Caro(a) aluno(a), vamos agora estudar um dos instrumentos mais utilizados pelo Assistente Social, a visita domiciliar. Quando falamos em visi- ta domiciliar, falamos de um instrumental/técnica de trabalho que é utilizado por muitos profissio- nais ou profissões, no entanto o Serviço Social é uma das áreas que mais utiliza, ocorrendo desde seus primórdios. Não é puramente uma técnica em que o profissional se desloca para um fim, mas sim uma técnica profissional cujo desenvolvimen- to deve ocorrer sobre bases éticas, humanas e principalmente profissionais, é uma aproximação do modus vivendi da família para complementar informação, aprofundar relações de confiança e também abrir demandas de negociações. Basicamente, a visita domiciliar é uma prá- tica profissional através da qual se realiza uma investigação ou atendimento no meio social ou familiar de um indivíduo ou de um grupo, por meio do estabelecimento de um diálogo entre as partes. Atente-se que a visita deve ser orientada através de um planejamento e roteiro de pergun- tas. Sendo assim, o profissional, no ato da visita domiciliar, também acaba utilizando outras técni- cas profissionais, que são a entrevista e a obser- vação. 4.7 Visita Domiciliar Durante a visita, muito importante é ater-se aos fatos e aos relatos, assim como observar a “to- talidade significativa da vida do sujeito”, ou seja, fazer a correlação das situações observadas com os relatos do visitado. Partindo do princípio de que as pessoas, quando estão em seu meio social ou familiar, sentem-se mais à vontade para expressar suas dificuldades, entende-se este como sendo o lo- cal mais propício para um atendimento em que o profissional poderá potencializar o conhecimen- to da realidade e, ao mesmo tempo, garantir seus direitos e refletir sobre a qualidade de vida. Sabe quando a visita domiciliar pode acon- tecer? A visita domiciliar acontece quando existe uma necessidade da “instituição/profissional” de maior conhecimento da situação do atendido, de observar e conhecer o ambiente do indivíduo e seus familiares, ou seja, é a aproximação da reali- dade do sujeito ou grupo. A visita domiciliar pode ser realizada com dois enfoques, veja quais são: enfoque social, ou seja, quando existe a preocupação em torno dos aspectos ambientais e das relações em torno da família; e pode ter o enfoque psicológico, quando as preocupações estão voltadas para as reações e o comportamento da pessoa. DicionárioDicionário Modus vivendi: é uma espécie de arranjo temporá- rio que possibilita a convivência entre elementos e grupos antagónicos e a restauração do equilíbrio afectado pelo conflito (veja CONFLITO). O antago- nismo é temporariamente regulado e desaparece como acção manifesta, embora possa permanecer latente. Fonte: Dicionário de Sociologia. http://www.prof2000.pt/users/dicsoc/soc_m. html#modus-vivendi Oficina de Instrumentos e Técnicas do Serviço Social Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 27 Saiba maisSaiba mais O Assistente Social, durante a visita domiciliar, além do bom-senso e da experiência profissional, deve seguir uma ação normatizada ao agir profissional através de alguns apontamentos: 1. Informações prévias sobre nomes, endereços, condução são muito importantes para não haver perda de tempo nem mau humor por ter tido dificuldades de encontrar a casa e para não chegar atrasado e cansado à residência; 2. Apresentação simpática da visita e não como um inquérito policial; 3. Descrição, observação natural, sem forçar situações; 4. Não repetição de visitas na mesma residência para não se tornar familiar – cuidados com convites para almoço, ser padrinho etc.; 5. No momento de ir embora, despedir-se com naturalidade. “Terminar bem uma visita já é preparar a seguinte se for necessário” (SARMENTO, 1994, p. 265); 6. Ter clara a relação público/privado para não reproduzir a dominação; 7. Não tornar a visita um instrumento de dominação, subjugação, vigilância, policiamento, embasado em preconcei- tos e valores predeterminados. Enfim, fazer visita domiciliar não é tão sim- ples e o profissional deve estar provido de saber intelectual e ter como ponto de referência a ga- rantia dos direitos, através de um papel educativo e de reflexão sobre a qualidade de vida do indiví- duo ou grupo visitado. Lembre-se sempre de que o Assistente So- cial é um profissional que atua por meio de in- tervenção “investigativa” e também por meio de “pesquisa e análise da realidade”, torna-se, então, de suma importância a visita domiciliar na prática deste profissional, uma vez que poderá, in loco, constatar a realidade do sujeito. 4.8 Visita Institucional Mais um dos instrumentos da ação profissio- nal, a Visita Institucional, a qual acontece quando existe a solicitação de órgãos, ou mesmo a partir da iniciativa própria do profissional, na busca de contato com dados presentes na realidade social de situações sociais institucionais. É através da vi- sita institucional que acontece o estudo social, ou seja, essa técnica é uma das etapas para a realiza- ção de um estudo social no meio institucional. A Visita Institucional é um dos instrumentos de ação do profissional Assistente Social. Aconte- ce quando existe a solicitação de órgãos, ou mes- mo a partir da iniciativa própria do profissional, na busca de contato com dados presentes na rea- lidade social de situações sociais institucionais. É através da visita institucional que acontece o es- tudo social, ou seja, essa técnica é uma das etapas para a realização de um estudo social no meio institucional. DicionárioDicionário Estudo Social: é um processo metodológico espe- cífico do Serviço Social, que tem por finalidade co- nhecer com profundidade, e de forma crítica, uma determinada situação ou expressão da questão social, objeto de intervenção profissional. Luciane de Cássia de Faria Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 28 Quanto às instituições, podemos entender como sendo locais que trabalham com a popu- lação e que podem atender diversos segmentos, tais como população-alvo de uma política pública (idoso, criança, adolescente, pessoas em conflito com a lei, pessoas com deficiência, desprovidos de renda, entre outros). Podemos ainda conside- rar que uma instituição é um complexo de docu- mentos, pessoas, rotinas, infraestrutura, hábitos, costumes, cultura e relações de poder. Sobre esse último tópico relembre a apostila de Oficina de Prática Profissional. Vamos ver alguns elementos que podem compor os objetivos da Visita Institucional, são eles: conhecer a realidade do atendimento e da prestação de serviços de determi- nada instituição através de observação, coleta de dados, entrevistas, análises de documentos etc.; levantamento da realidade institucio- nal para apuração de irregularidades; verificação do atendimento prestado à população quanto ao cumprimento e ao atendimento aos padrões estabele- cidos em lei; aproximação da realidade institucional, tendo como objetivo orientar os agen- tes institucionais e capacitá-los quanto aos direitos de seus usuários, conforme previstos em lei, e também objetivar a construção de metodologia de atendi- mento que respeite tais direitos; conhecimento da realidade institucio- nal para possibilidade de realização de análises e avaliações do trabalho nela realizado; conhecimento e compreensão de mu- danças na dinâmica interna de insti- tuições, avaliando o impacto que as alterações provocam no atendimento prestado por tais instituições aos seus usuários; construção de canal de diálogos entre as partes a fim de constantes aperfei- çoamentos dos serviços prestados à população; levantamentode informações e orga- nização de um banco de dados sobre os serviços sociais prestados pelas ins- tituições visitadas, buscando facilitar o acesso da população a eles. Para o alcance dos objetivos que acabamos de ver, necessário se faz seguir alguns procedi- mentos, que podemos resumir nas seguintes eta- pas: Planejamento da Vista, Viabilizar Condições para a Realização da Visita Institucional, Realiza- ção da Visita e Construção do Relatório da Visita. Vamos conhecer cada um desses procedi- mentos? 1. Planejamento da visita: O Assistente Social tem que definir os objetivos e estabelecer as estratégias da execução da visita a partir do momento em que surge a necessidade da visita institucional, contextualizando infor- mações sobre o que motivou a solicita- ção do estudo social sobre a instituição, informações preliminares acerca dela e de seus prováveis usuários e contexto em que a Instituição se insere e sobre demanda judicial existente. 2. Viabilizar condições para realização da Visita Institucional: a) condições internas: autorização para realização da visita (se for o caso) e providenciar o agendamen- to de veículo e motorista; b) condições externas: agendamento de data e horário com os agentes institucionais que serão visitados (o que nem sempre é necessário, principalmente nas visitas que têm o objetivo de fiscalização). Oficina de Instrumentos e Técnicas do Serviço Social Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 29 3. Realização da visita: O profissional deve estar atento e regis- trar tudo o que ocorrer durante a visita institucional, desde a recepção até sua saída da instituição. Existem três questões que são impor- tantes para a condução do processo: • O que se quer conhecer? • Por que se quer conhecer? • Como se vai conhecer? É preciso ter claras as respostas para es- sas questões, por isso a importância de estar atento a tudo, olhando, escutando e agindo de modo crítico, sem apego a impressões superficiais ou a dados in- completos. 4. Construção do relatório da visita ins- titucional: “O relato é certamente o ponto de início do conhecimento da realidade, porque sintetiza o processo de prática teórica (conforme Althusser), aquela infinita confluência da ação profissional e o pensamento analítico (interpretação científica sobre essa mesma ação) e sua congruência científica.” (OLIVEIRA, 2000, p. 3). O relatório também é um instrumento de trabalho que faz parte da ação pro- fissional e permite o registro de tais ações nos diferentes momentos do tra- balho, geralmente descritivos, ou seja, o Assistente Social realiza de forma des- critiva a sua análise e interpretação e in- corpora referências teóricas, resultando assim numa análise interpretativa de consistência. Todo processo de abordagem dos su- jeitos do estudo social deverá ser regis- trado: as entrevistas, as observações, a análise de documentos etc. Atenção também para esses documentos operacionais que são dinâmicos e norteadores dos objetivos da ação profissional, além de reuni- rem os dados que serão alvo de análise e interpre- tação qualitativa: dividir ações em etapas para atingir a amplitude que se busca; conhecer a documentação do local a ser visitado; identificar e abordar “pessoas-chave”; ter visão conjuntural; observar e ouvir os usuários visando ga- rantir seus direitos; ter noção sobre o perfil dos usuários da instituição; levar em consideração conceitos e pre- conceitos acerca de usuários, como, por exemplo: instituição de atendimento a idosos, a portadores de deficiência ou mesmo pessoas que passaram a se utilizar da assistência pública, doentes mentais e pessoas que cometeram cri- mes; procurar se inteirar de conhecimentos acerca dessa população, adotando pos- turas mais receptivas e de isenção valo- rativa ou de prejulgamento; preocupar-se com a qualidade do servi- ço prestado ao usuário; investigar fontes ou agentes que garan- tam informações sobre a qualidade do atendimento. AtençãoAtenção Todos os procedimentos técnicos utilizados para a realização da Visita Institucional, como os for- mulários de entrevista utilizados e também o ro- teiro da visita, podem ser retomados para regis- trar o agir profissional. Luciane de Cássia de Faria Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 30 Caro(a) aluno(a), neste capítulo lhe foi apresentado os instrumentos de trabalho face a face, ou seja, os instrumentos e as técnicas que o Assistente Social utiliza diretamente com o usuário, ou seja, no seu contato direto. Cada instrumento lhe foi apresentando incluindo conceitos, objetivos de sua utilização e, de certa forma, o como utilizar, lembrando que não existe receita pronta para o desenvolvimento da prática pro- fissional, mas você pode ter uma maior compreensão quanto à utilização de tais instrumentos e técnicas. Ainda é importante lembrar-se de que não é possível utilizar os mesmos instrumentos da mesma forma para todos os usuários, pois estes são seres humanos e diferentes uns dos outros, pois cada um tem suas histórias de vida, suas éticas, suas morais, suas vivências etc. 4.9 Resumo do Capítulo 4.10 Atividades Propostas Agora que terminamos este capítulo, vamos verificar se fixou bem o conteúdo. Assim, responda às perguntas abaixo: 1. Quais são os instrumentos que o Assistente Social pode utilizar no seu cotidiano no contato direto com os usuários? 2. Para realizar a visita domiciliar, o Assistente Social deve seguir algumas normas/condutas, quais são? Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 31 OS INSTRUMENTOS DE TRABALHO INDIRETO5 Caro(a) aluno(a), após a utilização dos ins- trumentos diretos (são eles visita domiciliar, en- trevista, observação, reunião, visita institucional, dinâmicas de grupo, mobilização de comunida- de), necessário se faz a utilização do instrumento indireto: Atas de Reunião; Livro de Registro; Diário de Campo; Parecer Social; Relatório Social. Assim, os instrumentos de trabalho indire- tos são os registros de todo o trabalho direto rea- lizado. Vamos, agora, apresentar cada um deles para você. Enquanto a comunicação direta, como o próprio nome diz, permite uma intervenção dire- ta junto ao interlocutor, ou seja, os usuários, a co- municação escrita possibilita que outros agentes tenham acesso ao trabalho que foi desenvolvido pelo Assistente Social. Sendo assim, os instrumentos de trabalho por escrito, não raramente, implicam que outros profissionais e/ou outras instituições possam de- senvolver ações interventivas a partir da interven- ção do Assistente Social. Por isso, existe a necessi- dade do texto estar bem escrito, claro e coerente, para que não haja dúvidas quanto à mensagem que o Assistente Social quer emitir. Contudo, saiba que a utilização dos instru- mentos de trabalho por escrito também possui uma fundamental importância: torna possível ao Assistente Social sistematizar a sua prática. E mais: sistematizar a prática e arquivá-la é dar uma história ao Serviço Social, uma história aos usuários atendidos, uma história da inserção profissional do Assistente Social dentro da insti- tuição – é essencial para qualquer proposta de construção de um conhecimento sobre a realida- de social. Assim, caro(a) aluno(a), podemos identifi- car alguns instrumentos de trabalho “por escrito” consagrados na história da profissão, os quais tra- go de forma bastante sucinta. AtençãoAtenção Todo processo de registro e avaliação de qual- quer ação é um conhecimento prático que se produz e não se perde, garantindo visibilidade e importância à atividade desenvolvida. Luciane de Cássia de Faria Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 32 Vamos iniciar coma Ata de Reunião, que é um instrumento em que se registra todo o pro- cesso de ações realizadas por equipes de traba- lho, como: Reuniões; Discussões realizadas; Opiniões emitidas; Decisões tomadas; Formas como o grupo chegou às deci- sões (por votação, por consenso ou ou- tra forma). Trata-se de instrumento utilizado em reu- niões ou assembleias que requerem o registro de deliberações e resoluções. Além disso, para que o registro aconteça, é necessária a indicação de um relator, pois este será a pessoa que irá relatar todo 5.2 Livros de Registro 5.1 Atas de Reunião o processo, seja da reunião, da discussão, entre outros. Esse relator pode ser um membro do gru- po ou um funcionário da instituição. Entenda que quando a ata de reunião é ela- borada, é preciso que todos os participantes da atividade, seja ela reunião ou assembleia, apro- vem o que fora relatado e, por isso, é comum, após o relato feito, que as atas de reuniões sejam lidas ao final e, passando pela aprovação, sejam assinadas por todos os participantes, garantindo assim que tenham ciência do que fora realizado, assim como das decisões tomadas. Saiba maisSaiba mais O apresentado aqui é o que está posto na literatura, porém existem outras formas de registro no caso das atas de reuniões, pois, dependendo da instituição/pro- fissional, a técnica irá se diferenciar. O Livro de Registro é um instrumento que os profissionais utilizam para fazer anotações de atividades realizadas, tanto com os usuários quanto com a equipe de trabalho, anotações de contatos telefônicos estabelecidos, atendimentos realizados, questões que ficaram pendentes du- rante o dia e todas as outras questões que sejam pertinentes para o desenvolvimento do trabalho ou a continuação dele. Você sabe qual é a finalidade da utilização desse instrumento? A finalidade maior desse ins- trumento de trabalho é deixar todos os profissio- nais que trabalham no local cientes das ocorrên- cias do dia, para que toda a equipe tenha acesso ao que está sendo desenvolvido. Oficina de Instrumentos e Técnicas do Serviço Social Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 33 5.3 Diário de Campo Caro(a) aluno(a), toda documentação do cotidiano da intervenção profissional é de muita importância e por isso podemos destacar, como um meio de registro das ações profissionais, o diário de campo, ou caderno de campo como preferem alguns. Mas, o que é o diário de campo? Ele é um caderno de anotações da prática cotidiana. É onde o profissional irá registrar as observações realizadas, as reflexões teóricas. Nele, relatam-se datas, horários e informações gerais. Atenção, caro(a) aluno(a), pois na obtenção e análise de dados, a documentação é de funda- mental importância no processo, pois permite a sistematização da intervenção desenvolvida pe- los Assistentes Sociais e também por estudantes. Sendo assim, é um instrumento que pode ser utilizado para futuras pesquisas e também para o processo de análise institucional e investi- gativo sobre a realidade social, sobre os sujeitos, possibilitando, ainda, a localização de propostas interventivas nas ações articuladas de inserção do Serviço Social. Porém, apesar da importância da documentação para as análises da realidade social e das demandas da população atendida, o que se observa é que este instrumento, que per- mite qualificar as ações profissionais, é pouco ex- plorado. Quando falamos que é um instrumento pouco explorado é porque a utilização do diário de campo tem ficado restrita a descrições, ob- servações e agendamentos de tarefas cotidianas, AtençãoAtenção No Diário de Campo, você pode registrar: • Anotações; • Relatos livres; • Relatos do cotidiano; • Reconhecer trabalho; • Identificar dificuldades; • Localizar limites; • Possibilidades de trabalho; • Possibilidade de análise institucional; • Elaboração de ações. quando, a partir dele, se bem elaborado, pode- mos dar visibilidade e facilitar o planejamento, a execução e a avaliação, podendo o profissional fazer uma reflexão acerca do seu cotidiano de tra- balho, possibilitando o aperfeiçoamento de suas ações, identificando limites e possibilidades con- tidos no processo de atendimento das deman- das e facilitando e melhorando a qualidade dos serviços prestados. Portanto, o diário de campo é um instrumento que auxilia o profissional nesse processo. O diário de campo, mais do que apenas guardar informações, pode conter refle- xões cotidianas que, quando relidas teo- ricamente, são portadoras de avanços tanto no âmbito da intervenção, quanto da teoria. (LIMA, 2007, p. 93). Saiba maisSaiba mais O caderno de campo é um instrumento bastante utilizado por estagiários de Serviço Social. É nessa etapa, ou seja, no processo de formação, que o futu- ro profissional inicia sua prática na utilização deste. Luciane de Cássia de Faria Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 34 Definimos parecer social como ‘a opinião profissional do assistente social, com base na observação e estudo de uma dada situação, fornecendo elementos para a concessão de um benefício, recurso ma- terial e decisão médico – pericial’. Mas também podemos defini-lo como um ins- trumento de viabilização de direitos, um meio de realização do compromisso pro- fissional com os usuários, tendo em vista a eqüidade, a igualdade, a justiça social e a cidadania. (MPAS/INSS, 1994, p. 25-26 apud MOREIRA; ALVARENGA, 2004, p. 56). Caro(a) aluno(a), dessa forma, um parecer social é uma avaliação teórica e técnica realizada pelo Assistente Social, não se trata de um simples relatório com organização de informações, mas sim da avaliação de tais informações e da emissão de uma opinião fundamentada sob uma perspec- tiva teórica e de análise. É o parecer social que dá ao Assistente So- cial uma identidade profissional, pois ele utiliza seu conhecimento, sua instrumentalidade e sua intervenção profissional coletados, posicionan- do-se politicamente através dos pilares básicos do Código de Ética Profissional para analisar pro- fundamente a situação. Saiba que o Assistente Social é um profissio- nal que deve se posicionar diante das situações verificadas na realidade social, por isso: no parecer social, geralmente parte final do laudo social, elabora-se sucintamente a questão analisada, destacando os objetivos e a análise da situação, orientada por um estudo minucioso e fundamentado; por fim, uma finalização, de caráter conclusivo ou indicativo. (FÁVERO, 2004, p. 47). Entenda que o parecer social é um instru- mento de trabalho que é emitido a partir de um relatório social. O profissional só pode emitir uma opinião sobre um fato, portanto, o parecer é a finalização de determinado trabalho, seja ele um atendimen- to individual ou um conjunto de instrumentos utilizados durante determinado processo de in- tervenção. O serviço social, enquanto participante das práticas judiciárias, se utiliza do in- quérito e do exame para, no atendimen- to que realiza, pesquisar a ‘verdade’. O as- sistente social é solicitado pelo Judiciário como sendo o elemento neutro perante a ação judicial para trazer subsídios, conhe- cimentos que sirvam de provas, de razões para determinados atos ou decisões a serem tomadas. Através de técnicas de entrevistas, visitas domiciliares, obser- vações, registros, realiza o exame de po- breza e dá o seu parecer sobre a situação investigada e a medida mais adequada a ser aplicada, no caso do Juizado de Me- nores, ao menor ou à família. (FÁVERO, 2003, p. 28). Então, entenda que apreender a realidade é diferente de apenas a descrever. Devemos produ- zir um conhecimento sobre ela. 5.4 Parecer Social Saiba maisSaiba mais É no momento do parecer social que o Assistente
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