Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
GESTÃO PÚBLICA POR RESULTADO E LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL: O Desafio em Mensurar a Efetividade Orçamentária nos Municípios?1 Leandro Rodrigues de Oliveira, Mestrando PPGP – UFPI, e-mail: leandro@ifpi.edu.br. Resumo: Este estudo de caráter exploratório propõe uma breve revisão da literatura sobre o contexto de Gestão por Resultado, desempenho fiscal e efetividade orçamentária à luz da criação e implicações da Lei de Responsabilidade Fiscal no Brasil. Apresenta-se a influência mundial do New Public Management na reforma administrativa da década de 1990 no Brasil, o embasamento teórico acerca da gestão baseada em resultados e as principais produções empíricas (2002-2018) sobre desempenho na gestão fiscal responsável, a fim de contribuir com a temática de efetividade orçamentária. O que verificou-se é que a literatura pesquisada (e.g. Cruz, Silva e Santos, 2009; Leite Filho, Colares e Andrade, 2015; Cavalcante, 2017; Cruz e Afonso, 2018) reconhecem ser possível mensurar a efetividade orçamentária, mas o processo em si ainda é complexo, seja pela própria dinâmica desta dimensão de resultado dado que quanti-qualificar o quão efetivo é o orçamento, repousa no impacto que ele provoca, ou ainda por serem incipientes os indicadores e demais parâmetros que perpassem aos moldes eficiência e eficácia de mensuração. Com efeito, defende- se como estudos vindouros preconizações de modelos econométricos que agreguem aos indicadores ficais já existentes métodos mais objetivos e precisos. Palavras-Chave: Desempenho; Indicadores; Efetividade orçamentária; Lei de Responsabilidade Fiscal. 1 INTRODUÇÃO As duas últimas décadas do século passado deram à arena da administração pública no Brasil uma formatação de gestão assentada nos modelos gerencial e societal, vislumbrou e se implementou uma agenda de reformas cujo desenho de gerir os recursos públicos passaram a adotar conceitos típicos da iniciativa privada no setor público. (BRESSER-PEREIRA, 2000; ABRÚCIO, 2007;; CAPOBIANGO et al., 2013). Redesenhar ou formatar a Gestão Pública foi um processo despontado mundialmente e datado da década de 1970 quando o mundo vivia uma crise de petróleo, inflada pela crise econômica mundial do período. Neste intento Capobiango et al., (2013) assegura que tal contexto de crise esgotou o modelo burocrático de gestão, ensejando crises administrativas, fiscais e econômicas pelo mundo. Na américa latina, mais precisamente na década de 80, tentativas frustradas de redemocratização e fortalecimento das instituições propiciaram reformas administrativas mais decisivas. Não tão diferente Abrúcio (2005) lembra que nos EUA neste período também se instaurou a reforma administrativa aos moldes gerenciais importados da iniciativa privada. Cavalcante (2017) advoga que a compreensão das mudanças na gestão pública requer atenção holística e dinâmica aos contextos em que as ações governamentais operam, trata-se de considerar todas as variáveis que influenciam no funcionamento do setor público. Não obstante, Santos e Raupp (2015) corroboram afirmando que o atual modelo de gestão em implementação é uma evolução do processo de gerir, direcionado 1 Artigo desenvolvido e apresentado para aprovação à disciplina Gestão Pública Orçamentária e Financeira como parte dos requisitos do programa de Pós-graduação em Gestão Pública (PPGP) da Universidade Federal do Piauí (UFPI), Campus Universitário Ministro Petrônio Portela, sob a orientação do Prof. Dr. João Carlos Hipólito Bernardes do Nascimento. 2 para resultados ante aos ditames tradicionais e burocráticos, o que não implica necessariamente em desconsideração dos modelos anteriores, mas em aperfeiçoa-los e torná-los aplicáveis aos novos contextos sociais, fiscais e econômicos. A literatura reconhece as mudanças conjunturais na condução da máquina pública no Brasil (Abrúcio, 2005; Corrêa, 2007; Cavalcante, 2017), sendo, pois, possível afirmar que das principais contribuições da nova gestão pública, os mecanismos gerenciais (indicadores) de mensuração do desempenho dos serviços públicos, a inovação legislativa na condução de finanças públicas fundamentadas em planejamento, responsabilidade e transparência como exige a Lei de Responsabilidade Fiscal e posteriores ordenamentos normativos a ela, são apresentados neste estudo como objeto de exploração teórica. Objetivamente, propõe-se explorar os fundamentos e arranjos teóricos da Gestão Pública por resultado e Lei de Responsabilidade Fiscal no viés produção de indicadores e o desafio observado nas pesquisas (e.g. Afonso et. al.,2017; Cruz e Afonso, 2018) de se medir a efetividade das ações de governo nos municípios. Metodologicamente apresenta-se um estudo objetivamente descritivo, a partir de uma análise longitudinal desde a metade da última década do século passado até os dias atuais, das principais produções teóricas sobre Gestão pública por Resultados, Lei de Responsabilidade Fiscal e efetividade das ações de governo. Neste ensejo, o recorte temporal é justificado pela literatura pesquisada (e.g. Bresser-Pereira, 2000; Abrúcio, 2007; Abreu e Câmara, 2015; Cavalcante, 2017; Cruz e Afonso, 2018) afirmar ser este o período que embasa o surgimento das temáticas abordadas. As pesquisas relacionadas ao tema gestão fiscal e Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) em um primeiro momento foram condicionadas a buscas em periódicos com qualis-capes classificados entre B2 até A1, contudo é válido salientar notar-se escassez de estudos verificados, principalmente ao tema efetividade orçamentária e gestão por resultado. Com efeito, mais desafiador ainda são estudos sobre a efetividade na gestão pública municipal, uma vez que se nota nas produções cientificas ênfase à eficiência e eficácia da gestão fiscal (e.g. Cruz, Silva e Santos, 2009; Zhang e Barnett, 2014; Leite Filho, Colares e Andrade, 2015; Cruz e Marques, 2017; Cruz e Afonso, 2018). Este artigo contempla além desta introdução uma segunda seção para revisão de literatura, onde se contextualiza brevemente as reformas administrativas e o New Public Management; as especulações teóricas sobre gestão pública por resultado, indicadores de desempenho na gestão fiscal responsável; as discussões em torno da efetividade orçamentária e Lei de Responsabilidade Fiscal; e, por fim, apresenta-se as considerações finais. 2 REVISÃO DE LITERATURA A gestão pública no contexto histórico de estado mais recente do Brasil é reportada a perspectivas de administração tradicional e burocrática, arcabouçada nos princípios weberianos2, aos quais formalismo, racionalidade e regras para padronização dos serviços públicos é apresentado pela literatura como bases explicativas contextual ( eg. SERVA, 2006; SCHUTZ, 2016; CAVALCANTE, 2017). 2 Os princípios weberianos ou de Max Weber, sociólogo alemão, aplica às organizações o seu método de análise que consiste da definição de um tipo ideal de organização. A organização “weberiana”, simploriamente definida de burocracia, é do tipo racionalizada em que existe predeterminação total a todos os níveis. A Teoria da Burocracia assevera que a burocracia é a organização eficiente por excelência. Por isso para atingir a eficiência, a burocracia explica nos mínimos detalhes como as coisas deverão ser feitas. SERVA (2006). 3 Bresser-Pereira (1996) defende que este modelo tradicional e burocrático de gestão no decurso da década de 80 foi suplantado, mesmo que ideologicamente, por uma nova corrente de administração cuja ênfase passa a ser gerencial. Ainda em conformidadecom o autor, o gerencialismo do setor público tem seus impulsos existenciais a nível mundial no contexto da globalização, preconizações do FMI e BIRD aos estados membros para regulação financeira e retorno do crescimento econômico diante da crise mundial que assolava os países. Não obstante, Abreu e Câmara (2015, p. 76-77) inferem que no Brasil surgia a “transição do regime autoritário para a democracia liberal. [...] na área política, [...] vivia- se a efervescência devido ao processo de redemocratização, com a incorporação de novos atores políticos e a luta por ampliação de direitos”. Este contexto no Brasil é lembrado por Abrúcio (2007) como a “década perdida (1980-1990)”, o que se explica em Abreu e Câmara (2015) sendo um período de incessante busca por resolver a crise de estado e retomada do crescimento econômico, que indistintamente era uma crise econômica e fiscal, deflagrada pela estagnação econômica, endividamento, inflação desenfreada e contínuas tentativas frustradas de devolver esperança ao projeto de nação antes aos ditames do regime militar (NUNES RC,2002; NUNES SPP,2002). Abreu e Câmara (2015) salientam ainda que dentre os fracassos enviesados nos vários planos econômicos propostos, a inflação se tornou o principal entrave a ser superado e que perdurou até metade da década de noventa do século passado, impactando inclusive a governabilidade do país. É neste lapso temporal que se instaura mundialmente uma modelagem de gestão pautada no pensamento liberal, a nova gestão pública – New Public Management, que em tese conforme advoga Motta (2013) preconizava a adoção de novas práticas na gestão pública assemelhadas as da iniciativa privada. O New Public Management (NPM) ideologicamente fundamentou-se no liberalismo clássico que dentre os seus preceitos postulava a necessidade de um estado mínimo, responsável tão somente pela condução das atividades e serviços públicos e, não pela execução destes. Com efeito, por essa abordagem de gestão pública, a orientação passa a ser gerencial com ênfase no usuário, no gestor, no resultado e voltada para o Desempenho. (MOTTA, 2013). Com efeito, o novo gerencialismo do setor público propôs redefinição da relação governo (gestão) e sociedade. Assim entendem Peci, Pieranti e Rodrigues (2008) quando advogam que o NPM influenciou o processo de reforma do aparelho estatal no Brasil desencadeado na segunda metade da década de 1990 com o Plano Diretor de Reforma do Aparelho do Estado, que dentre os princípios para adoção no âmbito público recorreria a tecnicidade da eficiência em grau hierarquizado. Os autores criticam os moldes de adoção do princípio de eficiência, flexibilidade e mudanças estruturais em contexto tipicamente burocráticas ou cujo grau de disfunções da burocracia dificultava a efetiva aplicação da racionalidade proposta pelo modus melhor funcionamento da máquina pública, o que implicava se postular a necessidade de adoção do processo de governança como incremento do NPM. Em tese, a adoção do New Public Management mundialmente aconteceu de forma heterogênea às especificidades de cada Administração Pública, isto é, todo o mundo foi pressionado a rever o seu padrão de gestão mesmo que em sua ampla maioria romper com modelagens tradicionais demandasse mais tempo, a exemplo o Brasil como esclarece Abrúcio (2005) fora um processo tardio e pouco espontâneo. Fato é que no mundo Blonski et al., (2017, p. 19) destacam que a instauração do NPM resguardou a homogeneidade nos pressupostos aplicados conforme o quadro abaixo: 4 Tabela 1 – Pressupostos do NPM Níveis Temáticos Proposições I Desagregação das organizações públicas em unidades gerenciais voltadas à realização de cada “produto” ofertado pelo setor público, com uma correspondente delegação de poder para a decisão sobre o uso de recursos; II Incentivo a uma maior competição entre organizações públicas e entre organizações públicas e privadas; III Adoção no setor público de práticas gerenciais desenvolvidas no setor privado; IV Foco na manutenção de serviços públicos estáveis em termos de volume, no desenvolvimento de políticas de atuação e numa maior disciplina e parcimônia no uso de recursos, com a busca constante de alternativas mais econômicas de realização dos serviços públicos, ao invés da ênfase na mera continuidade institucional; V Maior controle das organizações públicas por seus gestores dotados de poderes discricionários, em vez de seu engessamento por estruturas normativas; VI Foco em padrões mensuráveis de performance para as organizações do setor público, em termos de alcance, nível e conteúdo de serviços ofertados; VII Controle de organizações públicas pela definição prévia de metas objetivamente mensuráveis, com o favorecimento de um equilíbrio homeostático no qual a organização possa adotar instrumentos flexíveis de alocação de recursos para o alcance de tais metas. Fonte: Adaptado de Hood, 1995 apud Blonski et. al. (2017, p. 19). A estratificação de pressupostos supracitada embasa todo o escopo de gestão em práticas administrativas aos moldes do planejamento, avaliação e controle das ações públicas e segue as diversas linhas explicativas do movimento nova gestão pública (e.g. HOOD, 1995 apud BLONSKI et al., 2017; BRESSER – PEREIRA, 1996; CATELLI e SANTOS, 2004; CORREA, 2007; MOTTA, 2013; ABREU e CAMARA, 2015). Torna- se perceptível a necessidade de avaliação, mensuração e estabelecimento de mecanismos gerenciais que aufiram o desempenho das organizações públicas, neste intento Corrêa (2007) assevera que todo esse processo incorpora uma dinâmica maior, a qual se rotula gestão por resultados ou indistintamente gestão baseada em desempenho. 2.1 GESTÃO PÚBLICA POR RESULTADO Alicerçada nos moldes gerencial no Brasil (Bresser-Pereira, 2000) desde a metade da última década do século passado e, ainda em um contexto macro, no movimento do novo gerencialismo do setor público (NPM) despontado mundialmente, a gestão pública orientada por resultado é caracterizada pela adoção de mecanismos gerenciais que mensurem as ações de governo e, neste intento, Abrúcio (2007) defende que embora a adoção de indicadores e planos de metas já qualifique essa modalidade de gestão, ainda é preciso popularizar estes instrumentos, principalmente no meio político e sociedade. Avaliar o desempenho das ações de governo, em tese, um dos objetivos precípuos da formatação de nova gestão pública coaduna ao contexto de reforma despontado no Brasil e em outros países da américa latina, assim infere Corrêa (2007) ao reportar ser a gestão pública por resultado, historicamente impulsionada e influenciada pelas políticas de avaliações de resultado do Banco Mundial e Banco Interamericano de 5 Desenvolvimento – BIRD. Ainda para a Autora, a gestão pública por resultado é sistemicamente desenvolvida inicialmente no momento do planejamento estratégico e vai até ao processo de avaliação das políticas públicas, contribuindo inclusive para a transparência e responsividade como pressupostos de boas prática de gestão – Accountability. A adoção de práticas gerenciais da iniciativa privada nas circunspecções públicas é lembrada por Motta (2013) como uma decisão criteriosa, de coalizão e manobras, haja vista que diferentemente das empresas cujo lucro e maximização de riquezas são finalidades fortemente pressionadas e requisitos cruciais para permanência no mercado, dado que a tecnologia, competitividade e ampla oferta de serviços pela concorrência assim os fazem, distintamente, no âmbito da gestãopública praticas pró-eficiência, eficácia e efetividade nos serviços públicos, dependem de consensos políticos por vezes camuflados na finalidade legalista das ações públicas, que nem sempre são fáceis, e que por vez tornam a gestão por resultado apenas discurso ideológico. É nessa seara que o autor destaca serem as decisões públicas administrativas e políticas, atentando, pois, para a supremacia do caráter político. Em uma perspectiva mais otimista Catelli e Santos (2004) advogam existir um crescimento notório desde as últimas décadas do século passado de práticas direcionadas para melhor utilização dos recursos públicos e imprescindível legitimação pela sociedade, mesmo que a avaliação dessas ações serem por vezes vistas como limitadas a índices físicos e voltados para a relação custo e benefício, o que implica a necessidade de diferentes escalas de mensuração. Catelli e Santos (2004) inferem ainda que a gestão por resultados é legitima quando se postula termos do governo empreendedor, onde se reconhece os recursos orçamentários serem escassos, as demandas públicas gigantescas, e a transparência peça central para um governo competitivo. Em resumo, as considerações históricas dessa modelagem de gestão são resgatadas por Catelli e Santos (2004) e Motta (2013) quando reconhecem na literatura cientifica de gestão por resultado os seguintes registros: “A eficácia do governo empreendedor, justamente por serem escassos os seus recursos orçamentários, centra-se na transparência de um “governo competitivo, que introduz a competição na prestação de serviços” (Drucker, 1991:80, p. 116 apud Catelli e Santos, 2004, p. 428) e, sobretudo, preocupa-se com a obtenção dos melhores resultados que os recursos disponíveis possam proporcionar (REESE e OHREN, 1999 apud CATELLI e SANTOS, 2004, p. 428) ”. “O mesmo foco no resultado e desempenho, voltado para o cidadão como cliente, caracteriza hoje processos orçamentários na Flórida (Wang, 1999; Grizzle, 1999 apud Catelli e Santos, 2004, p. 428), na Carolina do Sul (Shelton e Albee, 2000 apud Catelli e Santos, 2004, p. 428) e no governo federal americano (Wang, 1999 apud Catelli e Santos, 2004, p. 428). Essa nova postura de governo surgiu de práticas pioneiras, como a de Ted Kolderie terceirizando serviços na cidade de St. Paul em Minneapolis na década de 1970 que, conforme Drucker (1991:51 apud Catelli e Santos, 2004, p. 428), se espalhou pelo mundo, bem como das iniciativas liberalizantes e empreendedoras de Margaret Thatcher na Inglaterra na mesma época”. “Os relatos de maior sucesso com as práticas do NPM são oriundos das nações já dominadas pelo pragmatismo gerencial e pela baixa imposição de normas burocráticas e maior democracia na gestão 6 (CHRISTENSEN e LAEGREID, 2007; POLLITT, 1990 apud MOTTA, 2013, p.84). Possivelmente por já terem, comparativamente, maior flexibilidade burocrática, menos regras formais e rígidas, menos degraus hierárquicos e objetivos bem definidos, aceitavam e implantavam mais facilmente as propostas do NPM. Nessas sociedades, mudanças administrativas carregam valores e crenças do próprio contexto cultural, e, assim, são relativamente mais simples: causam menos transtornos e, na maioria das vezes, alcançam os resultados esperados “. (MOTTA, 2013, p.84). Ainda corroborando se tem em Osborne, 1994 apud Catelli e Santos, 2004 p. 428 que “nos EUA, o governo empreendedor é considerado hoje um paradigma político emergente” (Osborne, 1994:319 e seguintes), preconizado por Bill Clinton (Osborne, 1994: xi e seguintes), para outros países do mundo “. No Brasil a implementação de gestão por resultados como já destacada é típica do contexto das reformas administrativas e fiscais datadas do Plano de Reforma Administrativa (Bresser-Pereira, 1997) adotado no governo Fernando Henrique Cardoso, contudo contextualmente Catelli e Santos (2004) criticam incisivamente que distintamente do resgate arrolado nas citações supracitadas, onde a sociedade avalia e participa continuamente dos mecanismo de avaliação do desempenho das ações governamentais, na seara brasileira, o processo ainda é tardio e de pouca qualidade, e mesmo que se reconheça a influência de experiências internacionais que consolide as reformas implantadas, ainda é preciso dinamizar qualitativa e quantitativamente os instrumentos de mensuração da gestão pública, para somente assim a ideologia por resultados criticada por Motta (2013) tornar-se mais realista e composta de todos seus valores formativos de forma pragmática. Gestão Pública por resultado integra as ideias neoliberais de um estado mínimo e orientado para o cumprimento de metas, categoricamente Motta (2013, p.84) assegura que desde o século XIX “propõe-se assemelhar a administração pública à empresa privada. Anunciada muitas vezes durante décadas – embora poucas vezes efetivada – essa ideia espalhou-se como uma nova e promissora modalidade de gestão pública nas últimas décadas do século XX”. Não obstante o autor destaca ainda que gerir a máquina pública nestes ideais integra um dos princípios do NPM, uma vez que nesta acepção gestão pública por resultado compreende verificar desempenho das ações de governo. Aditivamente Motta (2013, p. 84) infere que o “NPM viria a apresentar uma abordagem gerencial distinta, tendo focos no cliente, no gestor, no resultado e no desempenho. [...] E explica-se, que fundamentado em planejamento estratégico tipicamente da inciativa privada, com metas objetivas e indicadores de desempenho centrados nos resultados, que substituiria parcialmente as avaliações típicas de mercado, no quesito eficiência a via dupla flexibilização e autonomia ofertaria bônus por desempenho e, por fim, como mecanismo de avaliação o orçamento por resultado como praticados nas empresas privadas. 2.2 INDICADORES DE DESEMPENHO (IDs) NA GESTÃO FISCAL RESPONSÁVEL Aperfeiçoar o desempenho de gestão administrativa e fiscal no Brasil é propósito que converge ao estudo do federalismo desde a década de 1930, com efeito Grin (2014) infere que nos municípios a ação nacional no controle das tutelas em governos subnacionais para torná-los mais modernizados e eficientes foram esforços recorrentes e que integram os resolutos futuros observados em Arretche (2012, pg. 177) apud Grin (2014, p. 463) quando qualificou que “o federalismo brasileiro apresenta como 7 característica uma concentração de autoridade regulatória na União que cria mecanismos institucionais visando à redução das desigualdades territoriais”. Destarte, é válido salientar que os esforços de tornar os municípios mais eficientes e moralistas teve forte influência histórica na década de 1937 e, é nesta seara que Grin (2014, p. 464) destaca a criação de “departamentos de municipalidades” integrados aos interventores estaduais que tinham como finalidade a fiscalização e acompanhamento da vida financeira e orçamentária dos municípios. Não obstante a isso, o autor advoga que tais eventos contextuais justifica a criação em 1938 de entidades federais como o Departamento Administrativo do Serviço Público (Dasp), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e, em 1934, o Instituto Nacional de Estatística (INE). Factualmente mesmo a finalidade de melhorar o desempenho administrativo e fiscal dos municípios reportar ao contexto do estado novo, o que se verifica atualmente é que os indicadores utilizados para avaliar o desempenho das ações de governo é matéria com pouco consenso na literatura e nos aparatos legais sobre gestão fiscal responsável, assim lembrado por Cruz e Afonso (2018) tais indicadores devem considerar a múltipla dimensão de variáveis que o integram,sem desconsiderar por exemplo àquelas voltadas para o campo contributivo da efetividade da gestão pública municipal, e.g. controle, planejamento e transparência fiscal. Ainda, é preciso destacar que avaliar o desempenho fiscal tem perpassado a ideia tão somente de cumprimento de metas fiscais com resultado nominal e primário, limite de gastos com pessoal, dívida pública e aplicações mínimas em saúde e educação. (AFONSO, 2008; ISEN, 2014; GREGGIANIN, 2018; ZHANG e BARNETT, 2014; CRUZ e MARQUES, 2017 apud CRUZ e AFONSO, 2018). Ressalvados as seletas bases e mecanismos adotados na modelagem de gestão por resultado e suas técnicas gerenciais que aufiram o desempenho das ações de governo (e.g. Catelli e Santos, 2004; Motta, 2013; Cavalcante, 2017), os indicadores que mensuram o desempenho de gestão fiscal é apresentado em alguns estudos empíricos como matéria incipiente e com pretensiosa significância relativa, o que em tese para Cruz e Afonso (2018) no estudo empírico intitulado Gestão Fiscal e pilares Lei de Responsabilidade Fiscal: evidencias em grandes municípios, ao analisar dados primários de 282 municípios brasileiros com população superior a 100 mil habitantes, entre 2010 a 2013, concluíram que os indicadores de gestão fiscal possuem pouca relação entre si e reduzida correlação com variáveis de gestão fiscal. Outro estudo de Cavalcante (2016) relaciona desempenho fiscal ao processo de reeleição em pleito municipal, cujo achados empíricos de análise comparada apontam a negação da hipótese de que bons desempenho fiscais bonificariam o gestor com reeleição e afirma que o eleitor reelege quem mais investe, em detrimento daqueles que nivelam suas gestões por políticas tributárias incisivas. Buscas em periódicos nacionais e internacionais indexados em base de dados consolidadas no meio acadêmico e com relevantes produções em administração pública e contabilidade, condicionadas ao período de janeiro 2002 a agosto de 2018 com qualis capes entre B2 e A1, filtro longitudinal justificado pela divulgação de produção da literatura relevante e imprescindível de gestão fiscal ser reportada a esse itinerário, corroboram com o estudo de Cruz e Afonso (2018) quando defendem como uma das linhas conclusivas que a produção ainda é incipiente e com pouca exploração incisiva. A tabela a seguir descreve, com efeito, os resumos dos principais achados: Tabela 2 – Resultado de Buscas em Periódicos de estudos sobre Gestão Fiscal Referencia Periódico Breve Achados 8 KRAEMER, M. E. P.O impacto da Contabilidade no Sistema de Gestão Fiscal. Revista Catarinense da Ciência Contábil, v. 3, n. 6, p. 19-31, 2003. Revista Catarinense da Ciência Contábil – Qualis B2. Destaca a atuação do Conselho Federal de Contabilidade como órgão norteador no fazer contábil finalístico em prover informações para o gestor na seara da Lei de Responsabilidade Fiscal CRUZ, C. F.; SILVA, L. M.; SANTOS, R. D. Transparência da gestão fiscal: um estudo a partir dos portais eletrônicos dos maiores municípios do Estado do Rio de Janeiro. Contabilidade, Gestão e Governança, v. 12, n. 3, p. 102-115, 2009. Contabilidade, Gestão e Governança – Qualis A1. Objetivou verificar o nível de transparência fiscal eletrônica nos sítios dos maiores municípios cariocas, e afirmam dentre as evidencias o baixo nível de transparência fiscal eletrônica. LINHARES, F.; PENNA, C.; BORGES, G. Os efeitos da Lei de Responsabilidade Fiscal no endividamento dos municípios do Piauí. Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, v. 47, n. 6, p. 1359-1374, dez. 2013. RAP – Revista de Administração Pública / Qualis A2. A partir da Austeridade na efetivação do gasto público intrínseca na LRF, ou autores avaliam o efeito desta lei no endividamento dos municípios Piauiense. Concluem que os municípios reduziram seu endividamento em até 7% após a implementação da lei. LEITE FILHO, G. A.; COLARES, A. F. V.; ANDRADE, I. C. F. Transparência da Gestão Fiscal Pública: um Estudo a Partir dos Portais Eletrônicos dos Maiores Municípios do Estado de Minas Gerais. Contabilidade Vista & Revista, v. 26, n. 2, p. 114-136, 2015. Contabilidade Vista & Revista – Qualis A2. Analisou-se o cumprimento da Lei de Transparência Fiscal pelos municípios mineiros e concluiu-se que nenhum município atingiu a totalidade parametrizada, não atendendo dentro os principais preceitos da lei, a disponibilidade das informações com tempestividade e oportunidade. CRUZ, C. F.; AFONSO, L. E. Gestão Fiscal e Pilares da Lei de Responsabilidade Fiscal: Evidências em Grandes Municípios. Revista de Administração Pública, v. 52, n. 1, p. 126-148, 2018. RAP – Revista de Administração Pública / Qualis A2. As evidencias de Gestão Fiscal e bases da LRF apontam inexistência de relações significativas dos indicadores fiscais nos grandes municípios brasileiros analisados. Os autores reforçam ainda a imprescindibilidade de uma discussão a respeito da gestão fiscal responsável ir além do cumprimento de metas fiscais pelos gestores. CRUZ, A. F.; LOPES, B. L.; PIMENTA, D. P.; SOARES, G. F. A Gestão Fiscal do Estado do Rio de Janeiro: Uma Análise à Luz da LRF e da Sustentabilidade da Dívida no Período de 2001 a 2017. Revista de RAP – Revista de Administração Pública / Qualis A2. Os autores concluíram que embora a LRF disciplinou oportunamente até 2012 a gestão do estado, a partir de 2014 não foi efetiva na limitação da má gestão e insustentabilidade fiscal 9 Administração Pública, v. 52, n. 4, p. 764-775, 2018. instalada a partir do exercício financeiro de 2014. Fonte: Pesquisa do autor em periódicos eletrônicos indexados (e. g. Spell). Dos resultados reportados e condicionados aos periódicos melhor avaliados pela Capes desconsiderou-se produções com temática tanto distante à seara gestão pública por resultado e ao contexto teórico-empírico de avaliação do desempenho de gestão fiscal, como àqueles com contextos replicados, que em tese apresentam a mesma essência de conteúdo. Neste intento, pesquisou-se a princípio “gestão fiscal e, seguidamente, indicadores de gestão fiscal”, neste último direcionador verificou-se uma significativa carência de produções cientificas em periódicos desta temática (LOUREIRO, 2005). O que se constatou é que a produção cientifica sobre os mecanismos quantitativos e qualitativos que mensuram os resultados da gestão pública, em sua grande maioria residiram em entender a relação intrínseca das variáveis que compõem os parâmetros de gestão fiscal, entre os quais a atuação do profissional de contabilidade na condução e aplicabilidade dos preceitos da LRF conforme Kraemer, 2003; Ao passo que outros estudos avançaram ( e.g. Cruz, Silva e Santos, 2009; Leite Filho, Colares e Andrade, 2015; Cruz e Afonso, 2018) em entender, baseado na própria estrutura normativa da LRF, sua relação com o impacto no resultado e práticas de boa gestão. Contudo, a pesquisa não reportou de forma direta parâmetros ou formulas quantitativas incisivas para análise de resultados voltados para a efetividade orçamentária e corroboram com a limitação observada por Cruz e Afonso (2018) na defesa de que a análise deve sempre ser de uma perspectiva multidimensional e por vezes complementar à gestão fiscal. Os indicadores que avaliam a gestão fiscal no Brasil estão condicionados aos preceitos básicos da LRF e mesmo não havendo consenso na literatura e nem tampouconos aparatos normativos quanto a métrica ideal para essa mensuração, é possível afirmar em Cruz e Afonso (2018) que Responsabilidade, Planejamento, Transparência e Controle enquanto pilares da LRF são os parâmetros básicos. Inclusive, considerados pelos Tribunais (TCU, TCE e TCM), pesquisadores (e.g. Cruz, Silva e Santos, 2009; Zhang e Barnett, 2014; Leite Filho, Colares e Andrade, 2015; Cruz e Marques, 2017), Bases de dados institucionais (FINBRA – Finanças do Brasil em consonância ao STN – Secretaria do Tesouro Nacional; Índices FIRJAN - Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro). Medeiros et. al. (2014) caracterizam e analisam qualitativa e quantitativamente as bases de dados FINBRA e o SIOPS – Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Saúde, a partir dos quesitos clareza metodológica, acessibilidade e qualidade da Informação. Para os autores o sistema FINBRA surge em 1989 sob competência da Coordenação-Geral das Relações e Análise Financeira dos Estados e Municípios (Corem) /Secretaria do Tesouro Nacional, desde então divulga informações orçamentária e patrimonial de todos os municípios do Brasil. A base de dados SIOPS é mais especifica da política pública saúde sob a competência do Ministério da Saúde. Conclusivamente os autores destacam a relevância de ambas as plataformas quanto à acessibilidade e oportunidade, e com maior destaque a plataforma SIOPS. Para tanto ainda na visão dos autores atinentes aos moldes de aperfeiçoamento há que se tornar notória a base de dados principalmente aos entes subnacionais. Verifica-se também no campo empírico sob adoção de indicadores de mensuração do desempenho do setor público que não somente as bases de dados precisam ser mais conhecidas, mas necessariamente os métodos e parâmetro que possam auferir as ações de governo em matéria orçamentária e fiscal (Medeiros et. al., 2014). A adoção de indicadores de gestão fiscal tem evoluído consideravelmente no campo da eficiência e 10 eficácia (Cruz e Afonso, 2018), e neste intento medir as ações de governo (políticas públicas) é menos desafiadora do que a própria mensuração das ações orçamentária no quesito efetividade, principalmente em governos subnacionais (PACHECO, 2009). Os indicadores de desempenhos fiscais trazem em seu escopo metas parametrizadas pela própria Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF com definição de mínimos a serem cumpridos em aplicações de recursos no ensino e na saúde e teto de gastos com pessoal para todos os entes políticos, ademais as mensurações de gestão fiscal terão como denominador comum a receita corrente líquida do exercício, o que é parametrizado pela normativa LRF e demais regramento do orçamento (BRASIL, 2000; CAVALCANTE, 2017; CRUZ e AFONSO, 2018). 2.3 EFETIVIDADE ORÇAMENTÁRIA E A LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL (LRF) Efetividade orçamentária e mais precisamente a avaliação da Lei de Responsabilidade Fiscal(LRF) são temáticas complexas e com incipientes produções científicas (Colares e Andrade, 2015; Cruz e Afonso, 2018), não obstante a isso o que se defende por Araújo e Loureiro (2005) é uma metodologia pluridimensional de avaliação deste ordenamento de finanças públicas, haja vista a existência de mecanismos que enfoquem tão somente a abordagem quantitativa de cumprimento de metas e aferição do gasto público, desconsiderando por exemplo o impacto do orçamento público e da própria LRF nas atividades fins do Estado a partir de indicadores mais amplos quanto àqueles que consideram a receita corrente líquida como parâmetro de comparação para análise de cumprimento com gastos com pessoal, aplicação de recursos no ensino e ações de saúde. A análise de efetividade orçamentária está quase sempre atrelada a ideia de avaliação da gestão fiscal (Sacramento, 2005; Kelles, 2010; Colares e Andrade, 2015), que por vez é uma avaliação “post”, que embora necessária, em sua totalidade compreende os efeitos posteriores e se busca tão somente verificar eficiência e eficácia na condução dos recursos públicos, aqui sendo cabível destacar que o orçamento é mais amplo, integrando desde o projeto submetido ao legislativo até sua execução e posterior julgamento; e possui características peculiares, sistêmicas e normativas, não suficiente é apresentado em todas as esferas federativas do Brasil por força da constituição vigente (CF/88) de forma integrada em três documentos, a saber, o PPA – Plano Plurianual; LDO – Lei de Diretrizes Orçamentária e LOA – Lei Orçamentária Anual (SANTOS, 2001). Em um contexto mais amplo Wosniak e Rezende (2012) defendem que analisar a gestão pública advém do cenário mundialmente questionador, complexo e interdependente que pressiona os governos a adequar suas instituições com modelos públicos de gestão mais procedimentais e efetivos. Especificamente à adoção de indicadores neste novo contexto institucional, Jannuzzi (2001) advoga que diversos municípios têm buscado em órgãos oficiais, agencias de governos e consultorias meios para melhor focalizar os indicadores que são essenciais tanto a formulação e avaliação de políticas públicas quanto à qualidade do gasto público. Kelles (2010) discorre que passadas décadas da LRF é inegável sua contribuição enquanto marco regulatório no campo das finanças públicas, para tanto ainda é necessário trabalhar a qualidade da gestão fiscal e a própria efetividade normativa da lei. A autora ainda infere que os tribunais de contas enquanto órgãos de controle externo tem desenvolvido grupos de harmonização normativa desta Lei para aperfeiçoamento conceitual e segurança jurídica, e corrobora afirmando ser a efetividade matéria técnica e cautelar desafiadora. 11 Linhares, Penna e Borges (2013) defendem que a LRF após sua implementação trouxe contribuições mais severas na efetivação do gasto público, principalmente no perfil do endividamento dos municípios. Os autores destacam que a mesma ao definir limites de despesas com pessoal e controle da dívida pública permitiu ao cenário brasileiro, em especial nas regiões mais pauperizadas como o Nordeste, uma reformatação do perfil de administração pública deficitária para dar lugar à um status de ajuste das finanças públicas. Ambientada em meio à crise do estado, que também era fiscal e política, a Lei de responsabilidade fiscal aponta seus primeiros sinais de concepção em meio a reforma administrativa pós regime militar, cuja criação era necessária e improrrogável (NUNES RC,2002; NUNES SPP,2002). A literatura mais recente (e.g. Costa Filho, 2014; Cavalcante, 2017; Butarelo, 2017) tem mostrado que o contexto de criação brasileira da Lei de responsabilidade fiscal é típico das consagradas necessidades de readequar a máquina pública com reformas contundentes voltadas para o retorno do crescimento econômico do País. No campo lato, o ambiente de criação desta lei, hoje, concebida pela doutrina cientifica (Afonso, 2008; Isen, 2014; Zhang e Barnett, 2014; Cruz e Marques, 2017 apud Cruz e Afonso, 2018; Greggianin, 2018) como um divisor histórico na forma de lidar com os recursos públicos, é resultado de várias consultas e adaptações de experiências internacionais, das quais se tem as contribuições fornecidas pelas experiências da Comunidade Econômica Europeia - 1992, do Budget Enforcement Act dos Estados Unidos -1990 e do Fiscal Responsibility Act da Nova Zelândia – 1994 (NUNES RC,2002; NUNES SPP,2002). O marco jurídico-legal da LRF no Brasil é a própria constituição federal vigente, isto é, suas primeiras intenções de existência estão na previsão destinada na Constituição Federal de 1988 quando inferiu a necessidade de uma lei complementar que tratasse das normas especificas definanças públicas. Contudo, anteriormente, existiam inúmeras regras de controle de gastos, mesmo que fadados ao fracasso pela não aplicação das punições (LEITE, 2011). Ademais, é válido destacar que a Lei de Responsabilidade Fiscal no que tange sua dimensão e estrutura, sinteticamente se apresenta como um documento satisfatório às demandas de finanças públicas, catalogada em setenta e cincos artigos distribuídos em dez capítulos (BRASIL, 2000). É perceptível o objetivo precípuo da LRF já no texto inicial e durante todo o ordenamento legal, in verbis ação planejada, responsável e transparente, que vem reforçar a legitimidade de todos os planos e programas de governo, planejados de maneira previa e submetidos ao rigor deliberativo do poder legislativo. A transparência em destaque reforça a necessidade do endosso da sociedade quanto ao controle e participação nos recursos públicos (NASCIMENTO e DEBUS, 2002; NUNES RC, 2002; NUNES SPP,2002; LEITE, 2011; CAVALCANTE, 2013). Em estudo mais empírico Menezes, Ferreira e Gonçalves (2016) analisam gestão pública fiscal a partir do índice de esforço fiscal no viés capacidade contributiva de 662 municípios mineiros parametrizados pela eficiência do indicador. Os autores constatam baixa capacidade arrecadatória e ineficiência na gestão das receitas próprias. Afonso et. al. (2017) a partir da Lei de Responsabilidade Fiscal propôs construir e analisar indicadores de performance para observar o viés comportamental da gestão fiscal e qualidade do gasto público nos municípios brasileiros antes e após a vigência da LRF. Metodologicamente descritiva e com especulações em exercícios econométricos dentre os achados da pesquisa, concluíram que a LRF influiu em partes dos indicadores selecionados e com maior impacto em municípios de grande porte, que já apresentavam problemas de gestão antes da lei. 12 Em uma acepção mais ampla, embora contextual à LRF, Grin (2015) realizou uma análise do Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização (GesPública), política de gestão pública lançada pelo Governo Federal em 2005 e que culmina toda uma conjuntura de debates nacionais desde a qualidade dos serviços públicos, proteção do cidadão ao excesso de formalismo da burocracia até a necessidade de mensurar as ações de governo como premissas da NGP (BRASIL, 2005). Grin (2015) neste interim analisou o programa a partir das vertentes incorporação dos debates sobre reforma gerencial do estado e sob o enforque ser o programa uma política pública que visou modernizar a administração pública. O autor concluiu que o programa em parte incorporou a tese da NGP, mas secundarizou a questão central da contratualização por desempenho, sendo, pois, tão somente um caso de adaptação de políticas e não inovação na gestão pública. Não obstante, tem-se no documento intitulado “produto3 4 - Guia referencial para medição de desempenho e Manual para construção de indicadores” do Ministério do planejamento um referencial metodológico para mensuração de desempenho na administração pública, que em tese além de propor complementar o GESPÚBLICA sinaliza contribuições para avaliação institucional, de estrutura e contratualização de resultados. Martins e Marini (2010) asseveram que uma boa gestão deve buscar alcançar resultados, neste intento fatores cruciais como liderança, processos, estruturas, consciência estratégica, tecnologias de informações e comunicações, recursos financeiros, contratualização (pactuação de resultados via avaliação, monitoramento e incentivos) são indispensáveis na estruturação e orientação dos resultados a serem perseguidos. Ainda no campo da mensuração do desempenho na administração pública, o que se tem verificado é a dificuldade intrínseca de se medir o quão efetivas são as ações de governo (GESPÙBLICA), em matéria orçamentária e fiscal as discussões em torno de efetividade também pairam nesta limitação já registrada pelas produções cientificas (e.g., Leite, 2011; Afonso et. al., 2017; Cavalcante, 2017; Cruz e Afonso, 2018). Para tanto Martins e Marini (2010) reconhecem que a mensuração em suas dimensões tríplice de resultado é parte relevante da gestão por resultados. Figura 1 – Cadeia de Valor e os 6’Es do desempenho 3 BRASIL, Ministério do Planejamento – Secretaria de Gestão. Melhoria da gestão pública por meio da Definição de um guia referencial para Medição do desempenho da gestão, e Controle para o gerenciamento dos Indicadores de eficiência, eficácia e de Resultados do programa nacional de Gestão pública e desburocratização – Produto 4: Guia referencial para Medição de Desempenho e Manual para construção de indicadores. Brasília, 2009. Disponível em: http://www.gespublica.gov.br/sites/default/files/documentos/guia_indicadores_jun2010.pdf. Acesso em 02 out. 2018. 13 Fonte: Martins e Marini. Guia de Governança para Resultados, 2010. A mensuração do desempenho na administração pública tem passado pelo estágio de desenvolvimento de guias que norteiam a construção de indicadores capazes de medir as dimensões dos resultados (figura 1). Fundamentado em Martins e Marini (2010) o Ministério do Planejamento propõe um metamodelo baseado em cadeia de valor (fluxo de todo o processo até a entrega de um produto ou serviço) que identifica as seis dimensões do desempenho, que em resumo orienta a modelagem de indicadores e preconiza regras básicas para avaliação do desempenho. Dentre as dimensões do resultado, a última na cadeia de valor, a efetividade é complexa porque está relacionado aos impactos que um produto ou serviço público provoca na sociedade (Martins e Marini, 2010). Com efeito, medir a efetividade orçamentária tem que perpassar pelo processo de avaliar os impactos do planejamento e execução orçamentária na promoção das ações de governo à coletividade e, nesta seara, metodologias que compilem a múltipla dimensão da análise de gestão fiscal (Cruz e Afonso, 2018) com indicadores econométricos de desempenho do orçamento (Afonso et. al., 2017) poderão, a princípio, serem parâmetros para se estudar a os impactos efetivos orçamentários na sociedade. 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS O New Public Management (NPM), movimento mundial com fortes conotações em grandes economias como os EUA e países europeus que influenciou o contexto de reformas administrativas em outros vários países é indubitavelmente o marco teórico para o rompimento com as disfunções da burocracia observadas por Weber. Ao propor conceitos de eficiência das ações públicas com foco nos resultados e controle a partir de acompanhamento dos processos, como os já praticados na iniciativa privada. No Brasil o NPM, as reformas administrativas e fiscais implementadas após a década perdida (1980-1990) lembrada por Abrúcio (2005) é o contexto incisivo para execução de agendas mais focadas na gestão e aperfeiçoamento das ações de governo, mesmo que sob recomendações dos bancos mundiais é inegável que no campo institucional, normativo e fiscal houve avanços e reconhece-se, neste contexto, autonomia administrativa aos municípios, mais austeridade na gestão e necessidade de mensurar o desempenho no setor público. Além da atual Constituição Federal (CF/88), desde a última década do século passado tem se preconizado práticas enviesadas em mais controle, responsividade, planejamento e participação efetiva e fiscal na condução dos recursos públicos por toda a coletividade. Neste intento, advoga-se que, em matéria gestão por resultados e ordenamento fiscal, por vezes dúbia aos norteamentos do NPM e dos típicos movimentos de reformas vividosno Brasil, a Lei de responsabilidade fiscal é um profícuo mecanismo de condução eficiente, eficaz e efetivo em matéria finanças públicas. Haja vista que desde sua idealização houve preocupações em considerar experiências de países que são referências em administração pública e economia mundial (EUA, Comunidade Europeia e Nova Zelândia), atualmente a LRF é o principal ordenamento para organização fiscal de todos os entes políticos brasileiro, pois pressupõe ações planejada, responsável e transparente e define metas a serem cumpridas por todos gestores, além de reforçar a participação de todos no planejamento, execução e efetivação do bom uso dos recursos públicos. Contudo, especificamente, com a mensuração das ações de governo (políticas públicas) nos municípios, o que se verifica é ser matéria imprescindível, mas com incipientes 14 produções científica realizadas, e mesmo estudos mais empíricos observados canalizam sempre métodos que aufiram eficácia e eficiência de variáveis fiscais, desconsiderando por vezes a necessidade de se avançar na compreensão da efetividade orçamentária que, ora implica aos resultados fiscais, ora é influenciada pelos indicadores fiscais. Este breve estudo, por fim, reporta que é possível mensurar a efetividade das ações de governo em todos os entes políticos, principalmente na arena municipal onde as ações acontecem mais proximamente dos impactados pelos resultados, pois assim os estudos empíricos e de revisão literária tem evidenciado. Entretanto, é necessária a construção de indicadores que possam aliar parâmetros fiscais e econométricos (renda per capta, população, gasto públicos, etc.), para assim as avaliações de desempenho da efetividade perpassar pelo o que se postula por eficiência e eficácia já amplamente trabalhados. Neste intento, defende-se que pesquisas vindouras possam propor indicadores que mensurem o quão efetivo pode ser o orçamento desde o planejamento até sua execução, ou ainda qual relação a dimensão tripla do resultado (eficiência, eficácia e efetividade) em orçamento possui na formulação e avaliação de políticas públicas. Referências ABREU, C. R.; CÂMARA, L. M. O orçamento público como instrumento de ação governamental: uma análise de suas redefinições no contexto da formulação de políticas públicas de infraestrutura. Revista de Administração Pública, v. 49, n. 1, p. 73-90, 2015. ABRUCIO, F. L. Os avanços e os dilemas do modelo pós-burocrático: a reforma da administração pública à luz da experiência internacional recente. In: BRESSER- PEREIRA, L. C.; SPINK, P. Reforma do Estado e administração pública gerencial. 6. ed. Sã o Paulo: FGV, 2005. ABRUCIO, F. L. Trajetória recente da gestão pública brasileira: um balanço crítico e a renovação da agenda de reformas. Revista de Administração Pública – RAP. 2007. AFONSO, J. R. A.; CASTRO, K. P. de; HECKSHER, M.; CIALDINI, A. S.; SANTOS, F. M. Indicadores de Gestão Fiscal e de Qualidade do Gasto nos Municípios Brasileiros: Impactos da Lei de Responsabilidade Fiscal nas Prefeituras. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/317083142_Indicadores_de_Gestao_Fiscal_e _de_Qualidade_do_Gasto_nos_Municipios_Brasileiros_Impactos_da_Lei_de_Responsa bilidade_Fiscal_nas_Prefeituras. Acesso em 06/09/2018. ANDRADE, N. A.; FORTES, M. A Lei de Responsabilidade Fiscal nos Municípios - Uma revisão crítica. Reúna, v. 10, n. 3, p. 53-73, 2005. ARAUJO, F. C.; LOUREIRO, M. Por uma metodologia pluridimensional de avaliação da LRF. Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, v. 39, n. 6, p. 1231-1252, jan. 2005. BLONSKI, F.; PRATES, R. C.; COSTA, M.; VIZEU, F. O Controle Gerencial na Perspectiva do New Public Management: O Caso da Adoção do Balanced Scorecard na Receita Federal do Brasil. Administração Pública e Gestão Social, v. 9, n. 1, p. 15-30, 2017. 15 BRASIL (2005): Decreto nº 5.378. Institui o Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização – GesPública e o Comitê Gestor do Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização, e dá outras providências. BRASIL (2009), Ministério do Planejamento – Secretaria de Gestão. Melhoria da gestão pública por meio da Definição de um guia referencial para Medição do desempenho da gestão, e Controle para o gerenciamento dos Indicadores de eficiência, eficácia e de Resultados do programa nacional de Gestão pública e desburocratização – Produto 4: Guia referencial para Medição de Desempenho e Manual para construção de indicadores. Brasília, 2009. Disponível em: http://www.gespublica.gov.br/sites/default/files/documentos/guia_indicadores_jun2 010.pdf. Acesso em 02 out. 2018. Bresser Pereira, L. C. Os primeiros passos da reforma gerencial do estado de 1995. Disponível em: http://bresserpereira.org.br/papers/2008/08.13.Primeiros.Passos.Reforma.Gerenci al.pdf. Acesso em 11/04/2018. BRESSER-PEREIRA, L. C. A reforma gerencial do estado de 1995. Revista de Administração Pública – v. 34, n. 4, p. 7-26, 2000. CAPOBIANGO, R.; DO NASCIMENTO, A.; SILVA, E.; FARONI, W. Reformas Administrativas no Brasil: Uma Abordagem Teórica e Crítica. REGE Revista de Gestão, v. 20, n. 1, p. 61-78, 11. Jan/mar 2013. CATELLI, A.; SANTOS, E. S. Mensurando a criação de valor na gestão pública. Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, v. 38, n. 3, p. 423-450, jan. 2004. CAVALCANTE, P. L. C. Avaliação dos programas do PPA: estudo de caso da implantação do orçamento por desempenho. Revista Gestão & Planejamento, v. 13, n. 2, p. 232-246, 2012. CAVALCANTE, P. Texto para discussão - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. - Brasília: Rio de Janeiro: Ipea, 2017. CORRÊA, I. M. Planejamento estratégico e gestão pública por resultados no processo de reforma administrativa do estado de Minas Gerais. Revista de Administração Pública, v. 41, n. 3, p. 487-504, 2007. CRUZ, C. F.; AFONSO, L. E. Gestão Fiscal e Pilares da Lei de Responsabilidade Fiscal: Evidências em Grandes Municípios. Revista de Administração Pública, v. 52, n. 1, p. 126-148, 2018. CRUZ, C. F.; SILVA, L. M.; SANTOS, R. D. Transparência da gestão fiscal: um estudo a partir dos portais eletrônicos dos maiores municípios do Estado do Rio de Janeiro. Contabilidade, Gestão e Governança. v. 12, n. 3, p. 102-115, 2009. CRUZ, C. F. da; AFONSO, L. E.. Gestão fiscal e pilares da Lei de Responsabilidade Fiscal: evidências em grandes municípios. Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, v. 52, n. 1, p. 126-148, fev. 2018. GRIN, E. J. Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização: os Nexos com a Trajetória das Políticas Prévias e com a Administração Pública Gerencial. Revista Economia & Gestão, v. 15, n. 39, p. 66-88, 2015. 16 GRIN, E. J. Trajetória e avaliação dos programas federais brasileiros voltados a promover a eficiência administrativa e fiscal dos municípios. Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, v. 48, n. 2, p. 459-480, abr. 2014. JANNUZZI, P. M. Considerações sobre o uso, mau uso e abuso dos indicadores sociais na formulação e avaliação de políticas públicas municipais. Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, v. 36, n. 1, p. 51-72, jan. 2002. KELLES, M. F. 10 anos da Lei de Responsabilidade Fiscal: da idealidade à efetividade. Revista do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais. v. 75. n. 2. ano XXV. jun. 2010. KRAEMER, M. E. P.O impacto da Contabilidade no Sistema de Gestão Fiscal. Revista Catarinense da Ciência Contábil, v. 3, n. 6, p. 19-31, 2003. LEITE FILHO, G. A.; COLARES, A. F. V.; ANDRADE, I. C. F. Transparência da Gestão Fiscal Pública: um Estudo a Partir dos Portais Eletrônicos dos Maiores Municípiosdo Estado de Minas Gerais. Contabilidade Vista & Revista, v. 26, n. 2, p. 114-136, 2015. LINHARES, F.; PENNA, C.; BORGES, G. Os efeitos da Lei de Responsabilidade Fiscal no endividamento dos municípios do Piauí. Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, v. 47, n. 6, p. 1359-1374, dez. 2013. Martins, Humberto Falcão; Marini, Caio. Um guia de governança para resultados na administração pública. Publix Editora, 2010. MEDEIROS, K. R. et al. Bases de dados orçamentários e qualidade da informação: uma avaliação do Finanças do Brasil (Finbra) e do Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Saúde (Siops). Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, v. 48, n. 5, p. 1113-1134, set. 2014. MENEZES, J. C. B.; FERREIRA, A. C.; GONÇALVES, M. A. A gestão fiscal dos municípios mineiros: Uma análise a partir do índice de esforço fiscal. Revista de Pesquisa em Políticas Públicas, Brasilia, n.9, p. 117-140. MOTTA, P. R. M. O estado da arte da gestão pública. Revista Administração de. Empresas. São Paulo , v. 53, n. 1, p. 82-90, Fev. 2013. NUNES, R. C.; NUNES, S. P. P. O processo orçamentário na Lei de Responsabilidade Fiscal: instrumento de planejamento. 34f. Artigo. 2002. Disponível em: http://www.uberaba.mg.gov.br/portal/acervo/orcamento/boletins/O_Processo_orca mentario_na_LRF_instrumento_de_planejamento.pdf. PACHECO, R. S. Mensuração de desempenho no setor público: os termos do debate. Cadernos Gestão Pública e Cidadania, v. 14, n. 55, jul. 2009. PECI, A.; PIERANTI, O. P.; RODRIGUES, S. Governança e New Public Management: convergências e contradições no contexto brasileiro. Organizações & Sociedade, v. 15, n. 46, art. 2, p. 39-55, 2008. RIBEIRO, C. P. P.; ZUCCOLOTTO, R. A face oculta do Leviatã: transparência fiscal nos municípios brasileiros e suas determinantes socioeconômicas e fiscais. Enfoque Reflexão Contábil, v. 33, n. 1, p. 37-52, 2014. 17 SACRAMENTO, A. R. S. Contribuições da Lei de Responsabilidade Fiscal para o avanço da Accountability no Brasil. Cadernos Gestão Pública e Cidadania, v. 10, n. 47, jul. 2005. SANTOS, A. J. Orçamento público e os municípios – alguns conceitos de orçamento e suas repercussões na administração pública municipal. Escola de Administração – UFRGS. Repositório Digital: 2001. SANTOS, G. K.; RAUPP, F. M. Monitoramento e avaliação de resultados dos programas governamentais delineados no PPA. Revista de Administração Pública — v. 49, n. 6, p.1429-1451,2015. SANTOS, L. A. D.; CAMACHO, E. U. Orçamento público municipal: uma análise no município de Cosmópolis/SP com enfoque no equilíbrio das receitas x despesas no período de 2007 a 2012. Revista Evidenciação Contábil & Finanças, v. 2, n. 2, p. 82- 94, 2014. SCHUTZ, G. Introdução à gestão de organizações. Porto Alegre: UFRGS, 2016. SEABRA, S. N.A nova administração pública e mudanças organizacionais. Revista de Administração Pública, v. 35, n. 4, p. 19-43, 2001. SERVA, M.; ANDION, C. Teoria das organizações e a nova sociologia econômica: um diálogo interdisciplinar. Revista de administração de empresas, São Paulo, v. 46, n. 2, p. 10-21, abr./jun. 2006. WOSNIAK, F. L.; REZENDE, D. A. Gestão de estratégias: uma proposta de modelo para os governos locais. Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, v. 46, n. 3, p. 795-816, dez. 2012.
Compartilhar