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CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 1 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS AGENTE E PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO AULA 06 – CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – PARTE II / CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA Olá, Pessoal! Hoje daremos continuidade aos crimes contra a Administração Pública e, diferentemente da aula passada em que falamos de delitos cometidos por funcionários contra o poder público, trataremos agora dos atos ilegais praticados por PARTICULARES contra a Administração. Posteriormente, analisaremos os crimes contra a Administração da Justiça, assunto este que será abordado com a maior objetividade possível. Por fim, após o conhecimento das figuras típicas, veremos algumas particularidades referentes a TODOS os crimes contra a Administração. Sendo assim, reforce bem os conceitos aprendidos na última aula para não confundir com os delitos que aqui serão apresentados e esteja preparado para os exercícios que abrangerão os crimes contra a Administração e contra a Fé Pública. Vamos começar! Bons estudos!!! ***************************************************************** 6.1 DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL O título XI do Código Penal traz em seu capítulo I a previsão dos delitos praticados por funcionários públicos contra a Administração, os quais já foram estudados na aula passada. Obviamente que apenas tipificar condutas de FUNCIONÁRIOS não protege o normal funcionamento da máquina administrativa. Sendo assim, no capítulo II o legislador inseriu os delitos que podem ser praticados por PARTICULARES contra a Administração. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 2 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS AGENTE E PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO Dito isto, podemos afirmar que o funcionário público não poderá ser enquadrado nos crimes do segundo capítulo? Claro que não, pois as denominações “crimes praticados por funcionários” e “crimes praticados por particular“ foram utilizadas pelo legislador para diferenciar o delito próprio, que exige uma qualidade especial, do comum, que pode ser praticado por qualquer pessoa, inclusive pelo funcionário que age como particular. 6.1.1 USURPAÇÃO DE FUNÇÃO PÚBLICA Usurpar é derivado do latim USURPARE, que significa apossar-se sem ter direito. Usurpar a função pública é, portanto, exercer ou praticar ato de uma função que não lhe é devida. Encontra previsão no Código Penal nos seguintes termos: Art. 328 - Usurpar o exercício de função pública: Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa. 6.1.1.1 CARACTERIZADORES DO DELITO • SUJEITOS DO DELITO: 1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometido por qualquer pessoa, inclusive por funcionário que exerce função que não lhe compete. 2. SUJEITO PASSIVO: É o ESTADO. • ELEMENTOS: 1. OBJETIVO: É elementar do tipo: • Usurpar (o exercício de função pública) � Neste ponto, cabe um importante comentário. Imagine que Tício, particular, diz para todos os seus amigos e familiares que exerce CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 3 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS AGENTE E PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO determinada função pública. Podemos dizer que ele comete o delito em tela? A resposta é NEGATIVA, pois o entendimento majoritário é o de que para ocorrer usurpação o particular deve realizar ao menos um ato oficial. 2. SUBJETIVO: • Dolo (Exige-se o dolo para a caracterização do crime); • CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 1. O crime é consumado com a prática do primeiro ato de ofício, independentemente do resultado, ou seja, não importando se o exercício da função usurpada é gratuito ou oneroso. 2. É admissível a tentativa. • TIPO QUALIFICADO Encontra previsão no parágrafo único do artigo 328, ocorrendo se o agente obtém vantagem moral ou material em razão da usurpação. Veja: Art. 328 [...] Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vantagem: Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa. 6.1.2 RESISTÊNCIA Imagine que Tício está estudando para fazer prova para Auditor Fiscal e, após a sua aprovação, é designado pelo seu superior para fazer uma diligência em determinada empresa. Você acha que existe alguma empresa que ADORA receber a visita de um órgão fiscalizador? É claro que não! Exatamente por isso, o CP tenta resguardar os agentes do poder público da conduta de quem, mediante CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 4 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS AGENTE E PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO VIOLÊNCIA FÍSICA ou GRAVE AMEAÇA, tenta impedir a execução de ato legítimo. Observe o artigo 329: Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio: Pena - detenção, de dois meses a dois anos. 6.1.2.1 CARACTERIZADORES DO DELITO • SUJEITOS DO DELITO: 1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometido por qualquer pessoa. Regra geral, é cometido pela pessoa a quem se dirige o ato, mas nada impede que seja cometido por terceiros. É o caso, por exemplo, do particular que vai ser preso e sua família tenta impor resistência. 2. SUJEITO PASSIVO: É o ESTADO. • ELEMENTOS: 1. OBJETIVO: É elementar do tipo: • Opor-se (mediante violência ou ameaça); OBSERVAÇÕES: • A VIOLÊNCIA DEVE SER DIRIGIDA AO FUNCIONÁRIO. SE FOR DIRIGIDA A ALGUMA “COISA” NÃO CARACTERIZA O DELITO. EXEMPLO: OS FAMILIARES DO PRESO QUEBRAM O VIDRO DO CARRO DA POLÍCIA. • PERCEBA QUE O TIPO LEGAL NÃO FALA EM “GRAVE AMEAÇA”, MAS SOMENTE EM AMEAÇA. DESTA FORMA, QUALQUER AMEAÇA, MESMO QUE BRANDA, ORAL OU POR ESCRITO, CARACTERIZA O CRIME. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 5 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS AGENTE E PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO 2. SUBJETIVO: • Dolo de agir com violência ou ameaçar; e • Finalidade de impedir ato funcional. 3. NORMATIVO: • No tipo há dois elementos normativos necessários para a caracterização do crime: O ato deve ser "legal" e cometido por “funcionário competente” para a execução do ato. Assim, se a resistência é oposta contra um ato legal que é executado por servidor incompetente, o fato é atípico. • CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 1. É delito formal, consumando-se no momento da violência ou ameaça. 2. É admissível a tentativa. • TIPO QUALIFICADO Normalmente a resistência não impede o poder público de agir, somente dificulta a ação. Caso o ato não seja realizado em virtude da resistência, incide a qualificadora do parágrafo 1º do artigo 329: Art. 329 § 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa: Pena - reclusão, de um a três anos. • CONCURSO DE CRIMES Na aula anterior, tratamos de alguns crimes que apresentavam o chamado caráter subsidiário, ou seja, o agente só seria incriminado caso não houvessetipo mais grave. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 6 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS AGENTE E PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO Com relação à resistência, isto não ocorre. Se da violência advêm uma lesão corporal ou até mesmo um homicídio, responde o agente por LESÃO CORPORAL + RESISTÊNCIA OU HOMICÍDIO + RESISTÊNCIA. Observe o disposto sobre o tema no CP: Art. 329 [...] § 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à violência. Para este caso, em que as penas de todos os crimes são aplicadas cumulativamente, o Direito Penal dá o nome de CONCURSO MATERIAL. 6.1.3 DESOBEDIÊNCIA Encontra previsão no artigo 330 do CP nos seguintes termos: Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público: Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa. Quanto a este delito, o CP é bem claro ao dizer que ele é caracterizado pelo não cumprimento de ordem LEGAL do funcionário público. Vamos analisá-lo: 6.1.1.1 CARACTERIZADORES DO DELITO • SUJEITOS DO DELITO: 1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometido por qualquer pessoa, inclusive por funcionário, desde que o objeto da ordem não esteja relacionado com suas funções. E se estiver relacionado com as funções? Neste caso, não há que se falar em desobediência, podendo ocorrer, por exemplo, o delito de prevaricação. 2. SUJEITO PASSIVO: É o ESTADO. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 7 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS AGENTE E PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO • ELEMENTOS: 1. OBJETIVO: É elementar do tipo: • Desobedecer (ordem legal de funcionário público). 2. SUBJETIVO: • Dolo � É necessário que o indivíduo saiba que tem o dever de cumprir e esteja consciente de que não esta cumprindo. • CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 1. O crime é consumado com a ação ou omissão do desobediente. 2. É admissível a tentativa. 6.1.4 DESACATO Este é o delito que encontramos escrito em papéis colados na parede da maioria dos órgãos que atendem público. Encontra previsão no artigo 331 do CP nos seguintes termos: Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. Tutela-se a Administração Pública no que concerne à dignidade, ao prestígio e ao respeito devidos aos seus agentes no exercício da função. NO CRIME DE DESACATO, O FUNCIONÁRIO PÚBLICO DEVE ESTAR NO EXERCÍCIO DA FUNÇÃO; OU, AINDA QUE FORA DO EXERCÍCIO, A OFENSA DEVE SER FEITA EM RAZÃO DA FUNÇÃO. É O CASO, POR EXEMPLO, DO PARTICULAR QUE ENCONTRA UM JUIZ EM UM SUPERMERCADO E DIZ: “JUIZ É TUDO LADRÃO, INCLUSIVE VOCÊ”. NO DESACATO, A OFENSA NÃO PRECISA SER PRESENCIADA POR OUTRAS PESSOAS. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 8 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS AGENTE E PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO Eu vou desviar, mas já consumou o desacato!! 6.1.4.1 CARACTERIZADORES DO DELITO • SUJEITOS DO DELITO: 1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometido por qualquer pessoa. Há uma divergência doutrinária e jurisprudencial muito grande sobre quando um funcionário público pode cometer desacato. Não vou esmiuçar o tema, pois é informação inútil para você. Para sua PROVA, o funcionário público pode cometer o delito de desacato quando na posição de PARTICULAR. 2. SUJEITO PASSIVO: É o ESTADO. • ELEMENTOS: 1. OBJETIVO: É elementar do tipo: • Desacatar (funcionário público no exercício da função) � O desacato pode ser por gestos, gritos, agressões etc. É indispensável, entretanto, que o fato seja cometido na presença do sujeito passivo. Não há desacato na ofensa por carta, telefone, televisão etc., podendo ocorrer o delito de injúria. 2. SUBJETIVO: • Dolo • CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 1. O crime é consumado com o ato ofensivo. 2. Segundo doutrina majoritária, NÃO é admissível a tentativa. 3. Alguns autores dizem ser possível a tentativa, como no caso de um indivíduo que joga alguma coisa em um funcionário público e erra. Mas, repetindo, para A SUA PROVA siga a doutrina majoritária e afirme que não é admissível a figura tentada do delito. O DESACATO É UM CRIME FORMAL E, CONSEQUENTEMENTE, INDEPENDE SE O FUNCIONÁRIO SENTIU-SE OFENDIDO OU NÃO. BASTA QUE A CONDUTA SEJA CAPAZ DE CAUSAR DANO À SUA HONRA PROFISSIONAL. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 9 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS AGENTE E PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO 6.1.5 TRÁFICO DE INFLUÊNCIA É o delito praticado por particular contra a Administração Pública, no qual determinada pessoa, usufruindo de sua influência sobre ato praticado por funcionário público no exercício de sua função, solicita, exige, cobra ou obtêm vantagem ou promessa de vantagem para si ou para terceiros. Apresenta a seguinte redação típica: Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no exercício da função: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. Para ficar mais claro, podemos dizer que este delito caracteriza uma forma de fraude, em que o sujeito, alegando ter prestígio junto a funcionário público, engana a vítima através da promessa de poder alterar algum ato praticado pelo poder público. A expressão “a pretexto” significa “com a desculpa”, no sentido de que o agente FAZ UMA SIMULAÇÂO. “Mas, professor... E se ele realmente tiver prestígio frente ao funcionário público?” Mesmo assim, persiste o delito, pois o que caracteriza o tráfico de influência é a FRAUDE, ou seja, ele promete que vai influenciar ato com a idéia de não fazer nada. 6.1.5.1 CARACTERIZADORES DO DELITO • SUJEITOS DO DELITO: 1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometido por qualquer pessoa. 2. SUJEITO PASSIVO: É o ESTADO. • ELEMENTOS: CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 10 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS AGENTE E PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO 1. OBJETIVO: São elementares do tipo: • Solicitar; • Exigir; • Cobrar; • Obter; 2. SUBJETIVO: • Dolo; • A expressão “para si ou para outrem”. • CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 1. No verbo obter, trata-se de CRIME MATERIAL e a consumação ocorre no momento em que o sujeito obtém a vantagem (ou a promessa). Nos verbos solicitar, exigir e cobrar temos o CRIME FORMAL e a consumação opera-se com a simples ação do sujeito. 2. É admissível a tentativa. • CAUSA DE AUMENTO DE PENA A pena é aumentada se o agente alega ou insinua que a vantagem também é destinada ao funcionário público. Sabe aqueles “flanelinhas” que querem exigir valores (vantagem) para que possamos estacionar? Imagine que um deles fale para você: “Mano, aqui num pode para não... Mas, nois têm contexto com os pulicia e eles libera o local em troca deum dinheiro” (Obs: Copiei exatamente a fala...com uns “pequenos” errinhos gramaticais). Neste caso, é tráfico de influência com causa de aumento de pena. Art. 332 [...] Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se o agente alega ou insinua que a vantagem é também destinada ao funcionário. VANTAGEM OU PROMESSA DE VANTAGEM CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 11 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS AGENTE E PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO 6.1.6 CORRUPÇÃO ATIVA Na aula passada, tratamos de um importante delito chamado corrupção passiva. Você lembra? Claro que sim!!! Sobre ele dispõe o CP: Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem Perceba que na corrupção passiva o funcionário SOLICITA OU RECEBE vantagem. Diferentemente, na corrupção ativa o PARTICULAR OFERECE OU PROMETE vantagem. Observe: Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. 6.1.6.1 CARACTERIZADORES DO DELITO • SUJEITOS DO DELITO: 1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometido por qualquer pessoa, inclusive por funcionário público, desde que não aja nesta qualidade. 2. SUJEITO PASSIVO: É o ESTADO. • ELEMENTOS: 1. OBJETIVO: São elementares do tipo: • Oferecer (vantagem indevida); • Prometer; CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 12 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS AGENTE E PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO Sendo assim, inexiste delito no caso de ausência de oferta ou promessa de vantagem. Exemplo: Se Tício pede a Mévio (Funcionário Público) que passe seu processo na frente sem oferecer qualquer vantagem, obviamente não é crime. Mas e se o funcionário EXIGE vantagem? É corrupção passiva ou ativa? Nem um nem outro!!! É o delito de CONCUSSÃO que já vimos aula passada: Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida. 2. SUBJETIVO: • Dolo; • A expressão “para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício”. Se inexistir qualquer dos dois elementos, o fato é ATÍPICO. 3. NORMATIVO: • Encontra-se na expressão “indevida”, referindo-se à vantagem. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 13 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS AGENTE E PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO • CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 1. O crime é FORMAL e consuma-se no momento em que o funcionário público toma conhecimento da oferta ou promessa. 2. É admissível a tentativa. • TIPO QUALIFICADO Art. 333 [...] Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional. 6.1.7 CONTRABANDO E DESCAMINHO O art. 334 do Código Penal menciona os crimes de contrabando e descaminho: Art. 334 Importar ou exportar mercadoria proibida ou iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria: Pena - reclusão, de um a quatro anos. Embora eles estejam no mesmo artigo, são crimes distintos e quase sempre confundidos. Vamos compreender a diferenciação: CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 14 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS AGENTE E PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO Contrabando é a entrada ou saída de produto proibido ou que atente contra a saúde ou a moralidade. Já o descaminho é a entrada ou saída de produtos permitidos, mas sem passar pelos tramites burocráticos / tributários devidos. Por exemplo, se alguém traz uma televisão ou filmadora do Paraguai sem pagar os tributos devidos, o crime não é de contrabando, mas de descaminho. Diferentemente, se alguém traz cigarros do Paraguai (produto cuja importação é proibida pela lei brasileira) ou armas e munições (produtos que só podem ser importados se o governo autorizar), o crime é de contrabando. Sendo assim, diferentemente do que normalmente escutamos na televisão, as famosas sacoleiras não cometem o crime de contrabando, mas de descaminho. 6.1.7.1 CARACTERIZADORES DO DELITO • SUJEITOS DO DELITO: 1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometido por qualquer pessoa. Quanto ao funcionário público, aqui temos que ter uma GRANDE atenção: Se este participa do fato com INFRAÇÃO DE DEVER FUNCIONAL, comete o delito do artigo 318 que tratamos aula passada: Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou descaminho Diferentemente, se não afronta dever funcional, responde por contrabando ou descaminho. 2. SUJEITO PASSIVO: É o ESTADO. • ELEMENTOS: 1. OBJETIVO: São elementares do tipo: CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 15 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS AGENTE E PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO • Importar / Exportar (mercadoria proibida � Contrabando) • Iludir (o pagamento de tributo exigido � Descaminho) 2. SUBJETIVO: • Dolo; • CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 1. Se a mercadoria deu entrada ou saída pela alfândega, a consumação ocorre no momento em que a mercadoria é liberada. Se a conduta é interrompida e não ocorre a liberação, há tentativa. Se a mercadoria entra por outro local que não pela aduana, consuma-se o delito no momento da entrada em território nacional. 2. É admissível a tentativa. • TIPO QUALIFICADO O parágrafo 3º do artigo 334 amplia a pena caso o delito seja cometido via transporte aéreo. Observe: Art. 334 [...] § 3º - A pena aplica-se em dobro, se o crime de contrabando ou descaminho é praticado em transporte aéreo. A idéia da qualificadora é dar um tratamento especial a este meio de transporte que acaba por dificultar a fiscalização. Faz-se mister destacar que só incide o aumento de pena quando o transporte aéreo é clandestino. Se o indivíduo pratica contrabando embarcando na TAM ou na GOL, por exemplo, não há que se falar em tipo qualificado. • CONTRABANDO OU DESCAMINHO POR ASSIMILAÇÃO CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 16 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS AGENTE E PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO Caro aluno, este item praticamente não é exigido em prova. Desta forma, vou tratá-lo de uma maneira geral, não sendo necessário “perder” muito tempo com este item. De acordo com o parágrafo 1º do artigo 334: Art. 334 [...] § 1º - Incorre na mesma pena quem: a) pratica navegaçãode cabotagem, fora dos casos permitidos em lei; b) pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando ou descaminho; c) vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira que introduziu clandestinamente no País ou importou fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdução clandestina no território nacional ou de importação fraudulenta por parte de outrem; Cabotagem é a navegação realizada entre portos interiores do país pelo litoral ou por vias fluviais. A cabotagem se contrapõe à navegação de longo curso, ou seja, aquela realizada entre portos de diferentes nações. A alínea “b” é um exemplo da chamada norma penal em branco. Ela depende de leis especiais que NÃO CAEM NA SUA PROVA!!! O indivíduo que pratica contrabando e depois é surpreendido vendendo a mercadoria, não responde por dois delitos, mas somente pelo contrabando ou descaminho. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 17 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS AGENTE E PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO d) adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira, desacompanhada de documentação legal, ou acompanhada de documentos que sabe serem falsos. Por fim, o parágrafo 2º estende o conceito de atividade comercial nos seguintes termos: § 2º - Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências. 6.1.8 INUTILIZAÇÃO DE EDITAL OU SINAL Visando mais uma vez à proteção da Administração Pública, o legislador fez constar no Código Penal que constitui crime: Art. 336 - Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou conspurcar edital afixado por ordem de funcionário público; violar ou inutilizar selo ou sinal empregado, por determinação legal ou por ordem de funcionário público, para identificar ou cerrar qualquer objeto: Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. Esta última alínea trata da receptação de mercadorias objeto do contrabando. Se o sujeito agiu dolosamente, responde pelo delito de contrabando e descaminho. Se culposamente, incide nas penas de receptação culposa. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 18 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS AGENTE E PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO Conforme deixa claro o supracitado artigo, o tipo prevê duas figuras: • INUTILIZAÇÃO DE EDITAL; • INUTILIZAÇÃO DE SELO OU SINAL 6.1.8.1 CARACTERIZADORES DO DELITO • SUJEITOS DO DELITO: 1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometido por qualquer pessoa, inclusive por funcionário que exerce função que não lhe compete. 2. SUJEITO PASSIVO: É o ESTADO. • ELEMENTOS: 1. OBJETIVO: São elementares do tipo: • Rasgar; • Inutilizar; • Conspurcar. • Violar; • Inutilizar. DICIONÁRIO DO CONCURSEIRO EDITAL ��� GENERICAMENTE, EDITAL É UMA PUBLICAÇÃO PARA CONHECIMENTO DE TERCEIROS. A FINALIDADE É TORNAR PÚBLICO DETERMINADO FATO OU ATO, SEJA POR CAUTELA, SEJA POR PUBLICIDADE OU SEJA PARA CUMPRIR UM REQUISITO LEGAL. OS EDITAIS SÃO PUBLICADOS NA IMPRENSA E TAMBÉM SÃO AFIXADOS (EM PORTAS OU CORREDORES) NA REPARTIÇÃO OU SEÇÃO RELACIONADA AO TEMA DO EDITAL. SELO OU SINAL ��� É O MEIO UTILIZADO PARA IDENTIFICAR OU FECHAR QUALQUER COISA (MÓVEL OU IMÓVEL). SELO OU SINAL EDITAL CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 19 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS AGENTE E PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO 2. SUBJETIVO: • Dolo; • CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 1. Consuma-se o delito com o ato de rasgar, inutilizar, conspurcar ou violar. 2. Trata-se de CRIME MATERIAL e admite a tentativa. 6.9.1 SUBTRAÇÃO OU INUTILIZAÇÃO DE LIVRO OU DOCUMENTO Vimos na aula passada o delito de extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento, tipificado da seguinte forma: Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente. Do supra artigo fica óbvio, então, a preocupação do legislador em tutelar, frente à atuação funcional, a guarda de livros oficiais ou documentos públicos. No mesmo sentido, o Código Penal vem aumentar a tutela sobre livros e documentos, estendendo também aos particulares nos seguintes termos: Art. 337 - Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente, livro oficial, processo ou documento confiado à custódia de funcionário, em razão de ofício, ou de particular em serviço público: Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não constitui crime mais grave. 6.1.9.1 CARACTERIZADORES DO DELITO CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 20 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS AGENTE E PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO • SUJEITOS DO DELITO: 1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometido por qualquer pessoa. Se cometido por funcionário público, conforme já vimos, incide o tipo especial do artigo 314; 2. SUJEITO PASSIVO: É o ESTADO. • ELEMENTOS: 1. OBJETIVO: São elementares do tipo: • Subtrair; • Inutilizar. 2. SUBJETIVO: • Dolo; • CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 1. O crime é consumado com a subtração ou efetivação da inutilização. 2. Trata-se de crime material e admite a tentativa. ***************************************************************** Parabéns! Aqui finalizamos mais um importante tópico! Passemos agora à análise dos crimes contra a administração da justiça. ***************************************************************** 6.2 DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA Futuro (a) Aprovado (a), a partir de agora passaremos a analisar os crimes contra a Administração da Justiça e, como você perceberá, é um tema bem amplo. LIVRO OFICIAL / PROCESSO / DOCUMENTO CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 21 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS AGENTE E PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO Desta forma, abordarei aquilo que você precisa saber para sua PROVA sob a ótica DO CESPE. Assim, concentre seus estudos ao que está sendo apresentado. Vamos começar a adquirir conhecimento! CRIME CONDUTA OBSERVAÇÕES REINGRESSO DE ESTRANGEIRO EXPULSO Reingressar no território nacional o estrangeiro que dele foi expulso. Trata-se de crime próprio, pois o tipo exige qualificação especial do sujeito ativo, qual seja: a de estrangeiro. O delito consuma-se no momento em que o estrangeiro expulso de nosso território, nele penetra. É admissível a tentativa. DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA Dar causa à instauração de investigação policial, de processo judicial,instauração de investigação administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando- lhe crime de que o sabe inocente. Este delito não se confunde com a calúnia. Na calúnia o sujeito somente atribui falsamente ao sujeito passivo a prática de um fato descrito como delito. Na denunciação caluniosa ele, além de atribuir à vítima, falsamente, a prática de um delito, leva tal fato ao conhecimento da autoridade e, com isso dá causa a instauração de inquérito policial ou de ação penal. O delito se consuma com a instauração da investigação policial, o processo penal etc. A tentativa é admissível como, por exemplo, no caso em que a autoridade policial não leva a sério a falsa comunicação. TIPOS QUALIFICADO E PRIVILEGIADO: A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se serve de anonimato ou de nome suposto. A pena é diminuída de metade, se a imputação é de prática de contravenção. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 22 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS AGENTE E PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO COMUNICAÇÃO FALSA DE CRIME OU DE CONTRAVENÇÃO Provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não se ter verificado. Este delito não pode ser confundido com a denunciação caluniosa. Nesta, como vimos, o sujeito indica uma determinada pessoa como suposta autora. Diferentemente, na comunicação falsa, o indivíduo apenas noticia à autoridade um fato que não ocorreu, deixando de lhe apontar a autoria. Assim, para sua PROVA, pense: 1 - APONTOU AUTORIA ��� DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA. 2 - SÓ COMUNICOU UM FATO ��� COMUNICAÇÃO FALSA. Consuma-se o delito com a ação da autoridade e a tentativa é possível. AUTO-ACUSAÇÃO FALSA Acusar-se, perante a autoridade, de crime inexistente ou praticado por outrem. O objeto da auto-acusação deve ser crime. Se for contravenção, o fato será atípico. A conduta deve ocorrer perante autoridade (policial, judicial ou administrativa). Se ocorrer perante funcionário público, não há caracterização do delito A consumação ocorre quando a autoridade toma conhecimento da auto-acusação. A tentativa é possível na auto-acusação realizada por escrito. FALSO TESTEMUNHO OU FALSA PERÍCIA Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral. Trata-se de crime próprio, pois só pode ser cometido por testemunha, perito, contador, tradutor e intérprete. Há uma grande divergência doutrinária quanto à possibilidade da existência de concurso de pessoas nesta espécie de delito. Entendem as bancas que é possível a participação no crime de falso testemunho. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 23 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS AGENTE E PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO O falso testemunho se consuma com o encerramento do depoimento e a tentativa é admissível (Ex: O depoimento, por qualquer circunstância, não se encerra). A falsa perícia se consuma com a entrega do laudo à autoridade. É admissível a tentativa. FIGURAS TÍPICAS AGRAVADAS: As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se: 1. O crime é praticado mediante suborno; 2. O crime é cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal; 3. O crime ocorre em processo civil em que for parte entidade da administração pública direta ou indireta. RETRATAÇÃO: O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade CORRUPÇÃO ATIVA DE TESTEMUNHA, PERITO, CONTADOR, TRADUTOR OU INTÉRPRETE. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer outra vantagem a testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete, para fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade em depoimento, perícia, Consuma-se no momento em que o sujeito dá, oferece ou promete o objeto material, independentemente de qualquer resultado. A forma tentada só é admitida nos casos em que o sujeito emprega a forma escrita para dar, oferecer ou prometer a vantagem. Exemplo: Carta com a promessa é interceptada pela autoridade policial. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 24 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS AGENTE E PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO cálculos, tradução ou interpretação. FIGURA TÍPICA AGRAVADA: As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal ou em processo civil em que for parte entidade da administração pública direta ou indireta COAÇÃO NO CURSO DO PROCESSO Usar de violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a inter- vir em processo judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral. Trata-se de crime de forma vinculada, ou seja, que só pode ser praticado mediante violência ou grave ameaça. O processo pode ser judicial, administrativo ou em curso em juízo arbitral. Também se inclui o inquérito policial. A consumação ocorre com o emprego da violência ou grave ameaça, não importando que o sujeito consiga o fim que objetiva. Admite-se a tentativa. EXERCÍCIO ARBITRÁRIO DAS PRÓPRIAS RAZÕES Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite. Exige-se, para a caracterização do delito, a legitimidade da pretensão ou, ao menos, que o sujeito suponha legítima a sua pretensão com base em razões convincentes. Assim, se o dono de imóvel alugado invade a casa, a fim de obter, através de objetos do inquilino, o aluguel devido, teremos o exercício arbitrário das próprias razões e não o furto. O delito consuma-se com o emprego dos meios executórios para a satisfação da pretensão. É admissível a tentativa. AÇÃO PENAL: Se não há emprego de violência, somente se procede mediante queixa, ou seja, a ação será privada. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 25 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS AGENTE E PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO SUBTRAÇÃO OU DANO DE COISA PRÓPRIA EM PODER DE TERCEIRO Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa própria, que se acha em poder de terceiro por determinação judicial ou convenção. Trata-se de crime próprio que só pode ser cometido pelo proprietário do objeto material. Tem sua consumação no momento em que o sujeito subtrai, destrói, suprime, ou danifica o objeto material. Admite-se a tentativa. FRAUDE PROCESSUAL Inovar artificiosamente, na pendência de processo civil ou administrativo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito. Este delito também é denominado de “estelionato processual”. A diferença entre a fraude processuale o estelionato reside no fato de que neste (estelionato) a fraude objetiva permitir que o sujeito venha a obter vantagem ilícita em prejuízo alheio. Na fraude processual a intenção é enganar o Juiz ou Perito. Não havendo modificação no mundo externo, ou seja, não se inovando (alterando) um local (lugar), uma coisa (móvel ou imóvel) ou pessoa (fisicamente), sem transformar seu o estado original, real, não haverá crime. Neste sentido, vale transcrever o seguinte entendimento que versa sobre a inovação: “(...) inovar artificiosamente o estado de lugar, coisa ou pessoa, escreve Heleno Cláudio Fragoso, citando Manzini, significa provocar em lugar, coisa ou pessoa modificações materiais, extrínsecas ou intrínsecas, de forma a alterar o aspecto ou outra propriedade probatória que o lugar, coisa ou pessoa tinha precedentemente, e idôneas para induzir o juiz ou perito.” No mesmo sentido, importante se faz constar o entendimento abaixo: CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 26 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS AGENTE E PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO “Inova-se artificiosamente: o estado de lugar, quando, por exemplo, se abre um caminho, para inculcar uma servidão ‘itineris’; o estado de coisa, quando, ‘verbi gratia’, se eliminam os vestígios de sangue numa peça indiciária da autoria de um homicídio, ou se coloca um revólver junto a uma vítima de homicídio, para fazer crer em suicídio; o estado (físico) de pessoa, quando, ‘in exemplis’, se suprimem, mediante operação plástica, certos sinais característicos de um individuo procurado pela justiça’.” Cabe ressaltar que, se for a fraude tida como grosseira, constatável à primeira vista, não se configurará o crime, pois o artigo 347 do CP trás em sua redação a palavra “artificiosamente” o que integra seu tipo. Por iguais razões, não incorrerá no crime aqui tratado o agente que, mesmo intencionalmente, corta ou deixa crescer seus cabelos, extrai seu bigode, passa a usar óculos ou pratica qualquer ato similar com o intuito de não ser reconhecido onde, portanto, tais condutas não configuram o tipo penal, ou seja, a inovação artificiosa. Quanto à consumação, apesar de haver divergências, para a sua PROVA entenda que ocorre com a inovação, não sendo necessário que o sujeito engane o Juiz ou Perito. A tentativa é admissível. FAVORECIMENTO PESSOAL Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pública autor de crime a que é cominada pena de reclusão. Distingue-se a conduta do agente que presta auxílio ao criminoso daquele que exerce a co-autoria ou participação no crime. No crime aqui tratado o agente presta CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 27 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS AGENTE E PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO auxílio desempenhando qualquer ação que vise a subtração do criminoso à ação da autoridade. É indispensável, para a existência do crime, que o auxílio não tenha sido prestado ou prometido antes ou durante o crime precedente, pois, de outro modo, o que haveria a reconhecer, como é claro, seria a co-participação. As ações mais comuns que levam o agente a incorrer no crime de favorecimento pessoal são, entre outras, ocultar o criminoso dando-lhe abrigo (esconderijo); auxiliá-lo a disfarçar-se, fornecer-lhe transporte para evasão. Em relação às condutas que levam o agente a incorrer no crime, cabe transcrever o seguinte entendimento jurisprudencial: “O favorecimento pessoal pode ser praticado por qualquer meio, desde que traduza uma ação positiva e direta, com referência ao escopo pretendido, podendo ser considerado como modalidade de auxilio o fato de subtrair o criminoso às diligências realizadas pela autoridade para encontrá-lo.” O sujeito ativo do crime poderá ser qualquer pessoa, excetuado o co-autor do delito precedente, ainda que sua participação no crime se tenha limitado à promessa de auxiliar, após a prática criminosa. A consumação opera-se no momento da prestação do auxílio que subtraiu o criminoso à autoridade. É admissível a tentativa. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 28 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS AGENTE E PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO FIGURA TÍPICA PRIVILEGIADA: Quando imposta abstratamente ao crime antecedente pena de detenção. ESCUSA ABSOLUTÓRIA: Se quem presta o auxílio é ascendente, descendente, cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento de pena. FAVORECIMENTO REAL Prestar a criminoso, fora dos casos de co- autoria ou de receptação, auxílio destinado a tornar seguro o proveito do crime. Ingressar, promover, intermediar, auxiliar ou facilitar a entrada de aparelho telefônico de comunicação móvel, de rádio ou similar, sem autorização legal, em estabelecimento prisional. FAVORECIMENTO REAL X PESSOAL: No real o agente objetiva tornar seguro o proveito do delito. Diferentemente, no pessoal, visa tornar seguro o autor do crime antecedente. Por “proveito do crime” devemos entender qualquer vantagem, material ou imaterial. A título de exemplo podemos citar como vantagem material a posse do objeto furtado anteriormente, e imaterial o valor pago pela pratica, ou seja, a coisa (dinheiro) que veio a substituir o objeto do material do crime. FAVORECIMENTO REAL X RECEPTAÇÃO: Na receptação o proveito deve ser econômico enquanto no favorecimento real pode ser econômico ou moral. Na receptação o agente age em proveito próprio ou de terceiro, que não o autor da conduta anterior. No favorecimento real age, exclusivamente, em favor do autor do crime antecedente. No favorecimento real a ação do sujeito visa ao autor do crime antecedente enquanto na receptação a conduta recai no objeto material do delito anterior. O crime de favorecimento real não CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 29 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS AGENTE E PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO comporta a modalidade culposa, pois o agente uma vez exprimindo sua vontade em auxiliar o autor de crime, sabedor se tratar da ilicitude do objeto, exerce vontade consciente, dolosa. Consuma-se com a prestação do auxílio e a tentativa é admissível. EXERCÍCIO ARBITRÁRIO OU ABUSO DE PODER Art. 350 - Ordenar ou executar medida privativa de liberdade individual, sem as formalidades legais ou com abuso de poder. Parágrafo único - Na mesma pena incorre o funcionário que: I - ilegalmente recebe e recolhe alguém a prisão, ou a estabelecimento destinado a execução de pena privativa de liberdade ou de medida de segurança; II - prolonga a execução de pena ou de medida de segurança, deixando de expedir em tempo oportuno ou de executar imediatamente a ordem de liberdade; III - submete pessoa que está sob sua guarda ou custódia a vexame ou a constrangimento não autorizado em lei; IV - efetua, com abuso de poder, qualquer diligência. Há divergências quanto à revogação do art. 350 do CP pela lei de abuso de autoridade. O entendimento majoritárioé o de que não houve revogação total, mas apenas do inciso III do citado dispositivo. De qualquer forma, devido a estas divergências, dificilmente este delito aparece em PROVAS e, para você, basta uma noção geral das condutas descritas nos incisos I, II e IV. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 30 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS AGENTE E PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO FUGA DE PESSOA PRESA OU SUBMETIDA À MEDIDA DE SEGURANÇA Promover ou facilitar a fuga de pessoa legalmente presa ou submetida a medida de segurança detentiva. Para a caracterização do delito é necessário que a pessoa esteja legalmente presa ou submetida a medida de segurança. Caso a prisão ou medida de segurança seja ilegal, não haverá o delito por atipicidade do fato. TIPOS QUALIFICADOS: Se o crime é praticado a mão armada, ou por mais de uma pessoa, ou mediante arrombamento, a pena é de reclusão, de dois a seis anos. A pena é de reclusão, de um a quatro anos, se o crime é praticado por pessoa sob cuja custódia ou guarda está o preso ou o internado. FORMA CULPOSA No caso de culpa do funcionário incumbido da custódia ou guarda, aplica-se a pena de detenção, de três meses a um ano, ou multa. A consumação ocorre no momento da fuga e a tentativa, salvo na modalidade culposa, é admissível. EVASÃO MEDIANTE VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo submetido a medida de segurança detentiva, usando de violência contra a pessoa. Trata-se de crime próprio, pois só pode ser cometido por preso ou indivíduo submetido à medida de segurança. A consumação ocorre com o emprego da violência física contra a pessoa. Observe que a tentativa é admissível, mas, como é tratada no próprio tipo penal CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 31 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS AGENTE E PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO (“tentar evadir-se”), tem a mesma pena da forma consumada. ARREBATAMENTO DE PRESO Arrebatar preso, a fim de maltratá-lo, do poder de quem o tenha sob custódia ou guarda. Este crime praticamente não aparece nas provas. Consuma-se com o arrebatamento do preso e a tentativa é admissível. Obs.: Arrebatar significa tirar, arrancar, tomar. MOTIM DE PRESOS Amotinarem-se presos, perturbando a ordem ou disciplina da prisão. Este crime, assim como o anterior, também não vem sendo muito exigido em provas. Trata-se de crime próprio que só pode ser cometido por presos. Atinge sua consumação com a efetiva perturbação da ordem ou disciplina e admite-se a forma tentada. PATROCÍNIO INFIEL Trair, na qualidade de advogado ou procurador, o dever profissional, prejudicando interesse, cujo patrocínio, em juízo, lhe é confiado. Trata-se de crime próprio que só pode ser praticado por advogado regularmente inscrito na OAB ou por estagiário de advocacia nos termos do art. 3º do Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil. Consuma-se com a produção do prejuízo e é admissível a tentativa na forma comissiva. PATROCÍNIO SIMULTÂNEO OU TERGIVERSAÇÃO Incorre na pena deste artigo o advogado ou procurador judicial que defende na mesma causa, simultânea ou sucessivamente, partes contrárias. Trata-se de crime praticado por advogado ou procurador judicial que defende, na mesma causa, simultânea ou sucessivamente, partes contrárias. O sujeito ativo só pode ser o advogado, regularmente inscrito na OAB ou procurador judicial (estagiário ou CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 32 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS AGENTE E PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO provisionado inscrito na Ordem). A disposição não inclui os membros do Ministério Público e os Procuradores do Estado. O tipo penal prevê duas condutas: 1. Patrocínio simultâneo; e 2. Patrocínio sucessivo das partes contrárias (tergiversação). No primeiro caso, o advogado, ao mesmo tempo, defende interesses, na mesma causa, de partes contrárias. Não é necessário que seja no mesmo processo, uma vez que a figura penal fala “na mesma causa”, pois uma causa pode ter mais de um processo. Na segunda hipótese, o advogado, após defender um litigante, passa a defender o outro. As partes contrárias são as pessoas com interesses diversos na mesma causa (pessoas físicas ou jurídicas, autor, réu, ofendido etc.), não sendo suficiente que haja colisão de interesses, pois é necessário que as partes sejam contrárias. Como “mesma causa” deve-se entender a mesma pretensão jurídica, ainda que ela se estenda em processos diversos, como, por exemplo, a cobrança de alimentos por períodos sucessivos. A consumação ocorre com a efetiva prática de ato processual no interesse simultâneo de partes contrárias. O consentimento exclui a ilicitude da conduta. É admissível a tentativa na CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 33 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS AGENTE E PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO modalidade de defesa simultânea, mas não na de patrocínio sucessivo. Exemplo: Em uma separação consensual, no qual o advogado defende interesses de ambos os cônjuges há inexistência de crime, podendo os cônjuges contratar o mesmo advogado, pois inexistem partes contrárias. Em uma separação litigiosa, o advogado que defende ambos os cônjuges pratica o crime de patrocínio simultâneo. SONEGAÇÃO DE PAPEL OU OBJETO DE VALOR PROBATÓRIO Inutilizar, total ou parcialmente, ou deixar de restituir autos, documento ou objeto de valor probatório, que recebeu na qualidade de advogado ou procurador Este crime quase não é encontrado em provas, bastando o conhecimento da conduta típica. EXPLORAÇÃO DE PRESTÍGIO Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha. Trata-se de delito bem parecido com o tráfico de influência que analisamos na aula passada. A diferença reside no fato de que aqui a lei expressamente cita as pessoas que servem à justiça (em juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha). O rol é taxativo. A consumação ocorre com a solicitação ou recebimento e a tentativa é admissível no caso de solicitação por escrito e no recebimento. TIPO QUALIFICADO: As penas aumentam-se de um terço, se o agente alega ou insinua que o dinheiro ou utilidade também se destina a qualquer das CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 34 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS AGENTE E PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO pessoas referidas no dispositivo legal. VIOLÊNCIA OU FRAUDE EM ARREMATAÇÃO JUDICIAL Impedir, perturbar ou fraudar arrematação Judicial; afastar ouprocurar afastar concorrente ou licitante, por meio de violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem. Atenha-se apenas ao conhecimento da figura típica. DESOBEDIÊNCIA A DECISÃO JUDICIAL SOBRE PERDA OU SUSPENSÃO DE DIREITO Exercer função, atividade, direito, autoridade ou múnus, de que foi suspenso ou privado por decisão judicial. Trata-se de crime próprio, pois só pode ser cometido por quem foi suspenso ou privado por decisão judicial, de exercer função, atividade, direito, autoridade ou múnus. Consuma-se o delito no momento em que o sujeito desobedece à decisão judicial e passa a exercer atividade, direito, função etc. Admite-se a tentativa. 6.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE OS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 6.3.1 CONCURSO DE PESSOAS Imagine que Tício, funcionário público, pratica o delito de peculato junto com Mévio, que não faz parte do quadro da Administração. Poderá Mévio, sendo particular, responder pelo citado crime (PECULATO)? A resposta é positiva, pois na hipótese de concurso de pessoas, a elementar “funcionário público” é comunicável, desde que cumprido um requisito essencial: É necessário que o terceiro (particular) tenha conhecimento de que pratica o delito juntamente com um funcionário público. Observe o disposto sobre o tema no Código Penal: CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 35 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS AGENTE E PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime. Para exemplificar, imagine que Caio é convidado por Tício, funcionário público, para cometer um furto. Sem saber da qualidade especial de Tício, Caio pratica o delito. Nesta situação, responderá Tício por peculato-furto e Caio por furto. É importante ressaltar que não há necessidade de que o terceiro conheça EXATAMENTE o que o funcionário público faz, ou seja, aqui vale o dolo eventual, bastando que saiba que o “companheiro do delito”, também chamado executor primário, exerce serviço de natureza pública. 6.3.2 APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA AOS DELITOS FUNCIONAIS O Direito Penal surge para tutelar bens jurídicos importantes para a sociedade. Sabemos que existe, por exemplo, o crime de furto a fim de resguardar o patrimônio das pessoas. Dito isto, imagine que Tício está passando ao lado de uma construtora quando avista um saco cheio de pregos (mais precisamente 100000 pregos). Inconformado com um pedaço de carne que havia permanecido em local indevido desde o almoço (eu sei... o exemplo não é dos melhores...), resolve pegar 01(UM) prego do saco a fim de utilizá-lo como instrumento de limpeza dental. Neste caso, em sua opinião, Tício deveria ser preso (não estou falando do ato de limpar o dente com pregos, mas sim o de pegar o prego, ok?)? Independentemente da sua resposta, é claro que não é para estes casos ínfimos que o Direito Penal existe. Sendo assim, para evitar situações absurdas, surge o princípio da insignificância que é utilizado pela jurisprudência em diversos casos. Surge, entretanto, dúvida quanto à possibilidade da aplicabilidade do princípio da insignificância aos crimes cometidos contra a administração pública, e os não adeptos defendem que a tipificação de tais delitos não visa resguardar somente o patrimônio, mas também a moral da administração. Independentemente de qualquer DIVERGÊNCIA doutrinária, para sua PROVA, adote o seguinte entendimento: ÉÉ PPOOSSSSÍÍVVEELL AA AAPPLLIICCAAÇÇÃÃOO DDOO PPRRIINNCCÍÍPPIIOO DDAA IINNSSIIGGNNIIFFIICCÂÂNNCCIIAA AAOOSS CCRRIIMMEESS FFUUNNCCIIOONNAAIISS.. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 36 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS AGENTE E PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA Futuros Aprovados, Agora, trataremos de um tema que surgiu como novidade no recém publicado edital para a Polícia Federal. Analisaremos os crimes contra a fé pública e a forma como poderão ser abordados em sua PROVA. Vamos começar! Bons estudos! ***************************************************************** 6.4.1 CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA Um dos aspectos fundamentais para a vida em sociedade é a crença na veracidade dos documentos, símbolos e sinais que são usados pelo homem no convívio social. A essa presunção relativa de veracidade dá-se o nome de fé pública. Passaremos, a partir de agora, a estudar as condutas típicas que visam resguardar a credibilidade da sociedade nos documentos que fazem parte de nosso dia a dia. Assim, com foco na PROVA, vamos começar! 6.5 DA MOEDA FALSA 6.5.1 MOEDA FALSA O tipo fundamental do delito encontra-se expresso no art. 289 do Código Penal nos seguintes termos: Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no país ou no estrangeiro: Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 37 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS AGENTE E PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO Protege-se com o tipo penal a confiança que a população deve ter nas moedas em circulação no país 6.5.1.1 CARACTERIZADORES DO DELITO • SUJEITOS DO DELITO: 1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometido por qualquer pessoa. 2. SUJEITO PASSIVO: Primariamente é o Estado e secundariamente o lesado pelo delito. • ELEMENTOS: 3. OBJETIVO: É núcleo do tipo: • Falsificar. A falsificação pode ocorrer mediante fabricação ou alteração. 4. SUBJETIVO: • Dolo; • CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 3. O crime é consumado com a fabricação ou alteração da moeda. Atenção, caro (a) aluno (a) que não se exige que a moeda seja posta em circulação nem que venha causar dano a outrem. 4. É admissível a tentativa (Ex: O particular é surpreendido quando vai iniciar a cunhagem da primeira moeda). • FIGURA TÍPICA PRIVILEGIADA 1. Encontra previsão no art. 2º do art. 289. Observe: CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 38 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS AGENTE E PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO § 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moeda falsa ou alterada, a restitui à circulação, depois de conhecer a falsidade, é punido com detenção, de seis meses a dois anos, e multa. A conduta incriminada consiste no fato de o agente, após receber moeda falsa e tendo ciência da falsidade, colocá-la novamente em circulação. Assim, imagine a seguinte situação: Tício, após comprar um saco de pipocas de R$2,00, paga com R$100,00 e recebe R$98,00 de troco. Ao chegar em casa, verifica que a nota de R$50,00, dada como troco pelo pipoqueiro, era falsa e, com isso, fica pensando em meios de se livrar da moeda falsa. No dia seguinte, ao pegar um táxi, entrega a nota falsa. Neste caso, poderá responder Tício pelo crime definido no parágrafo 2º do art. 289. • FIGURA EQUIPARADA Dispõe o parágrafo 4º do art. 289 que nas mesmas penas da figura fundamental do crime de moeda falsa incorre quem desviae faz circular moeda, cuja circulação não estava ainda autorizada. 6.5.1.2 CIRCULAÇÃO DE MOEDA FALSA Nos termos do parágrafo 1º do art. 289: § 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou alheia, importa ou exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulação moeda falsa. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 39 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS AGENTE E PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO Trata-se da definição de um crime de ação múltipla em que responde o sujeito por uma só infração quando realiza as várias condutas descritas. Assim, por exemplo, comete um só crime quem adquire, guarda e introduz na circulação moeda falsa. 6.5.1.3 FABRICAÇÃO OU EMISSÃO IRREGULAR DE MOEDA Encontra previsão no parágrafo 3º do art. 289. Veja: § 3º - É punido com reclusão, de três a quinze anos, e multa, o funcionário público ou diretor, gerente, ou fiscal de banco de emissão que fabrica, emite ou autoriza a fabricação ou emissão: I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado em lei; II - de papel-moeda em quantidade superior à autorizada. Trata-se de crime próprio, pois só pode ser cometido por funcionário público, diretor, gerente ou fiscal de banco de emissão de moeda. Obviamente, não se trata de qualquer funcionário público, mas sim daquele que infringe especial dever funcional inerente ao ofício junto à atividade estatal de emissão de moedas. 6.5.1.4 CRIMES ASSIMILADOS AO DE MOEDA FALSA O art. 290 do Código Penal define como crime a seguinte conduta: Art. 290 - Formar cédula, nota ou bilhete representativo de moeda com fragmentos de cédulas, notas ou bilhetes verdadeiros; suprimir, em nota, cédula ou bilhete recolhidos, para o fim de restituí-los à circulação, sinal indicativo de sua inutilização; restituir à circulação cédula, nota ou bilhete em tais condições, ou já recolhidos para o fim de inutilização: Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. Podemos dividir o supracitado tipo penal em três figuras típicas: CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 40 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS AGENTE E PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO 1. Formação de cédula, nota ou bilhete representativo de moeda � O agente, através de partes de notas, cédulas ou bilhetes representativos de moeda verdadeira forma outra nota / cédula ou bilhete representativo. 2. Supressão de sinal indicativo de sua inutilização ��� Nesta figura típica o agente age no sentido de retirar da nota / cédula ou bilhete representativo sinal que confirme a inutilização. 3. Restituição de moeda à circulação ��� O agente restitui a circulação cédula, nota ou bilhete nas condições anteriormente tratadas. Além da figura típica fundamental o Código Penal traz a previsão do tipo qualificado. Observe: Art. 290 [...] Parágrafo único - O máximo da reclusão é elevado a doze anos e multa, se o crime é cometido por funcionário que trabalha na repartição onde o dinheiro se achava recolhido, ou nela tem fácil ingresso, em razão do cargo. PARA PENSAR... Imagine que Tício apõe em uma determinada nota números e letras de outra, com a finalidade daquela apresentar maior valor. Neste caso, responderá Tício pelo crime previsto no art. 289 ou 290? Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no país ou no estrangeiro. Art. 290 - Formar cédula, nota ou bilhete representativo de moeda com fragmentos de cédulas, notas ou bilhetes verdadeiros; suprimir, em nota, cédula ou bilhete recolhidos, para o fim de restituí-los à circulação, sinal indicativo de sua inutilização; restituir à circulação cédula, nota ou bilhete em tais condições, ou já recolhidos para o fim de inutilização. A resposta é que responderá pelo crime do art. 289, pois Tício ALTERA uma nota. Tal fato é diferente da situação em que Tício cria uma nota com fragmentos de outras !!! CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 41 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS AGENTE E PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO 6.5.2 PETRECHOS PARA FALSIFICAÇÃO DE MOEDA Trata-se de delito definido no art. 291 do Código Penal nos seguintes termos: Art. 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou gratuito, possuir ou guardar maquinismo, aparelho, instrumento ou qualquer objeto especialmente destinado à falsificação de moeda: Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. 6.5.2.1 CARACTERIZADORES DO DELITO • SUJEITOS DO DELITO: 1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometido por qualquer pessoa. 2. SUJEITO PASSIVO: É o Estado • ELEMENTOS: 3. OBJETIVO: São núcleos do tipo: • Fabricar; • Adquirir; • Fornecer; • Possuir; ou • Guardar. 4. SUBJETIVO: 1. Dolo; • CONSUMAÇÃO E TENTATIVA Maquinismo, aparelho, instrumento ou qualquer objeto especialmente destinado à falsificação de moeda. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 42 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS AGENTE E PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO 3. Consuma-se com a fabricação do objeto, com a aquisição, fornecimento, posse ou guarda (modalidade permanente). Cabe ressaltar que se o agente usa o instrumento para fabricar ou falsificar moeda, responde somente pelo crime definido no art. 289, pois este ABSORVE o delito do art. 291. 4. É admissível a tentativa. 6.6 DA FALSIDADE DE TÍTULOS E OUTROS PAPÉIS PÚBLICOS Para começarmos a tratar deste tópico precisamos diferenciar dois importantes institutos: A FALSIDADE MATERIAL DA FALSIDADE IDEOLÓGICA. Podemos definir as duas espécies da seguinte forma: • FALSIDADE IDEOLÓGICA: CONSISTE EM OMITIR EM DOCUMENTO PÚBLICO OU PARTICULAR DECLARAÇÃO QUE DELE DEVIA CONSTAR, OU NELE INSERIR OU FAZER INSERIR DECLARAÇÃO FALSA OU DIVERSA DA QUE DEVIA SER ESCRITA COM O FIM DE PREJUDICAR, CRIAR, OBRIGAÇÕES OU ALTERAR A VERDADE SOBRE FATO JURÍDICO RELEVANTE. • FALSIDADE MATERIAL: É A QUE SE COMETE PELA FABRICAÇÃO DE COISA FALSA, ELABORANDO UM DOCUMENTO FALSO, OU PELA ALTERAÇÃO DA VERDADE, DIVERGE DA FALSIDADE IDEOLÓGICA, ONDE O DOCUMENTO SE MOSTRA VERDADEIRO, MAS NÃO EXPRIME A VERDADE. Assim, podemos resumir da seguinte forma: Na falsidade ideológica o documento é verdadeiro, mas as informações são falsas. Diferentemente, na falsidade material há falha no próprio documento. Vamos exemplificar: Tício pega a sua identidade e, através da inserção de pequenos pontos pretos, altera a sua data de nascimento. Neste caso, se a identidade for entregue, por exemplo, a um perito, ele conseguirá determinar a falsificação? A resposta é sim, pois o perito, através da análise, pode detectar os pequenos pontos pretos e constatar a alteração. Assim, trata-se de FALSIDADE MATERIAL. Imaginemos agora que Mévio elabora um currículo em que, com apenas 23 anos, ele diz ser formado em Direito pela USP, diz ter Mestrado em Direito Penal, e afirma ser doutor em Direito Processual Penal. Neste caso, se entregarmos o CURSO ON-LINE – DIREITO PENALPROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 43 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS AGENTE E PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO currículo a um perito, simplesmente olhando para o documento poderá ele dizer se o papel é falso ou verdadeiro? A resposta é não, pois o documento não possui falhas. O que o perito terá que fazer (e isso poderia ser feito por qualquer pessoa) é verificar os FATOS, AS INFORMAÇÕES. Assim, podemos afirmar que é caso de FALSIDADE IDEOLÓGICA. Bom, entendidos estes conceitos, vamos passar às criminalizações... 6.6.1 FALSIDADE DE TÍTULOS E OUTROS PAPÉIS PÚBLICOS Encontra previsão no art. 293 do Código Penal, nos seguintes termos: Art. 293 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os: I – selo destinado a controle tributário, papel selado ou qualquer papel de emissão legal destinado à arrecadação de tributo; II - papel de crédito público que não seja moeda de curso legal; III - vale postal; (Revogado e substituído pelo art. 36 da Lei nº 6.538/78). IV - cautela de penhor, caderneta de depósito de caixa econômica ou de outro estabelecimento mantido por entidade de direito público; Considera-se selo a estampilha postal, adesiva ou fixa, bem como a estampa feita por máquina de franquear, destinadas a comprovar o pagamento de taxas e prêmios. Papel de crédito público é o título da dívida pública, como as apólices e letras do Banco Central CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 44 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS AGENTE E PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO V - talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro documento relativo a arrecadação de rendas públicas ou a depósito ou caução por que o poder público seja responsável; VI - bilhete, passe ou conhecimento de empresa de transporte administrada pela União, por Estado ou por Município: Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. 6.6.1.1 CARACTERIZADORES DO DELITO • SUJEITOS DO DELITO: Cautela de penhor constitui título de crédito. Trata-se de documento público expedido pelas caixas econômicas. Caderneta de depósito de caixa econômica ou outro estabelecimento corresponde ao documento expedido e entregue ao depositante, contendo informações das importâncias depositadas. Este inciso refere-se a papéis relacionados com a receita de rendas públicas ou com depósito ou cauções de responsabilidade do Estado. Recibo corresponde à declaração de quitação de uma dívida. Guia é o documento expedido por entidade arrecadadora para o recolhimento de importâncias. Alvará é o documento com destinação de autorizar o recolhimento de rendas públicas ou depósito ou caução por que o poder público é responsável. Talão é a parte que pode ser destacada do caderno ou livro oficial, permanecendo um canhoto com as mesmas anotações. Abrange o transporte aéreo, marítimo, terrestre ou fluvial. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 45 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS AGENTE E PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO 1. SUJEITO ATIVO: É crime comum. 2. SUJEITO PASSIVO: É o Estado. • ELEMENTOS: 1. OBJETIVO: É núcleo do tipo: • Falsificar; 2. SUBJETIVO: 1. Dolo; • CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 1. A consumação ocorre com a falsificação, independentemente de qualquer resultado. 2. É admissível a tentativa. • CONDUTAS EQUIPARADAS: As condutas equiparadas ao tipo fundamental encontram-se presentes no parágrafo 1º do art. 293 nos seguintes termos: Art. 293 [...] § 1o Incorre na mesma pena quem: I – usa, guarda, possui ou detém qualquer dos papéis falsificados a que se refere este artigo; II – importa, exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda, fornece ou restitui à circulação selo falsificado destinado a controle tributário; III – importa, exporta, adquire, vende, expõe à venda, mantém em depósito, guarda, troca, cede, empresta, fornece, porta ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, produto ou mercadoria: CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 46 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS AGENTE E PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO a) em que tenha sido aplicado selo que se destine a controle tributário, falsificado; b) sem selo oficial, nos casos em que a legislação tributária determina a obrigatoriedade de sua aplicação. Cabe ressaltar que se equipara a atividade comercial, para os fins do inciso III do § 1o, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em vias, praças ou outros logradouros públicos e em residências. • TIPO QUALIFICADO Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte (ART. 295). 6.6.1.2 OUTROS DELITOS PRESENTES NO ART. 293 Aqui, para sua PROVA, cabe apenas uma noção geral. Vamos esquematizar: CRIME CONDUTA OBSERVAÇÕES SUPRESSÃO DE SINAIS INDICATIVOS DE INUTILIZAÇÃO DE PAPÉIS PÚBLICOS. Suprimir, em qualquer dos papéis citados no art. 293, quando legítimos, com o fim de torná-los novamente utilizáveis, carimbo ou sinal indicativo de sua inutilização O delito exige dois elementos subjetivos: O primeiro é o dolo e o segundo está contido na expressão “com o fim de torná-los novamente utilizáveis”. USO DE PAPÉIS PÚBLICOS COM INUTILIZAÇÃO SUPRIMIDA Incorre na mesma pena quem usa, depois de alterado, qualquer dos papéis a que se refere o delito acima apresentado A consumação ocorre com o uso do papel público em que foi suprimido o carimbo ou sinal indicativo de sua inutilização. A tentativa não é admissível, pois com o primeiro ato de uso o delito já é tido como consumado. RESTITUIÇÃO À Quem usa ou restitui à Trata-se de um tipo privilegiado. CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 47 CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS AGENTE E PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR PEDRO IVO CIRCULAÇÃO circulação, embora recibo de boa-fé, qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem o art. 293, depois de conhecer a falsidade ou alteração, incorre na pena de detenção, de seis meses a dois anos, ou multa Exige três elementos subjetivos: 1-O dolo; 2-“embora recebido de boa- fé”; 3-“depois de conhecer a falsidade ou alteração”. 6.6.2 PETRECHOS PARA FALSIFICAÇÃO Trata-se de delito definido no art. 294 do Código Penal nos seguintes termos: Art. 294 - Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guardar objeto especialmente destinado à falsificação de qualquer dos papéis referidos no artigo anterior: Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. 6.6.2.1 CARACTERIZADORES DO DELITO • SUJEITOS DO DELITO: 1. SUJEITO ATIVO: É crime comum, podendo ser cometido por qualquer pessoa. 2. SUJEITO PASSIVO: É o Estado • ELEMENTOS:
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