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CAPA 
 
MODALIDADES DE ARTES MARCIAIS, ESPORTES DE 
COMBATE E LUTAS NOS JOGOS OLÍMPICOS DA 
ANTIGUIDADE E DA ERA MODERNA 
 
 
 
Organizador: Heraldo Simões Ferreira 
 
 
 
Contra capa 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ficha catalográfica 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 APRESENTAÇÃO .............................................................................. 13 
PARTE I: OS JOGOS DA ANTIGUIDADE GREGA E AS MODALIDADES DE 
LUTAS PRATICADAS NO PERÍODO ............................................... 18 
i OS JOGOS DA ANTIGUIDADE GREGA ........................................... 18 
II AS MODALIDADES DE LUTAS NOS JOGOS OLÍMPICOS DA 
ANTIGUIDADE ................................................................................... 18 
PARTE II: OS JOGOS DA ERA MODERNA E AS MODALIDADES DE 
LUTAS INTEGRANTES DO PROGRAMA OLÍMPICO ...................... 19 
III JOGOS OLÍMPICOS DA ERA MODERNA ........................................ 19 
IV MODALIDADE DE LUTA: BOXE ....................................................... 19 
V MODALIDADE DE LUTA: ESGRIMA ................................................ 21 
VI MODALIDADE DE LUTA: JUDO ....................................................... 24 
VII MODALIDADE DE LUTA: KARATE .................................................. 27 
VIII MODALIDADE DE LUTA: LUTA OLIMPÍCA ............................. 29 
IX MODALIDADE DE LUTA: TAEKWONDO ................................... 37 
PARTE III: MODALIDADES DE LUTAS NÃO OLÍMPICAS SITEMATIZADAS 
NO BRASIL – BRAZILIAN JIU JITSU E CAPOEIRA ........................ 37 
X MODALIDADE DE LUTA: CAPOEIRA .............................................. 38 
XI MODALIDADE DE LUTA: JIU-JITSU ................................................ 39 
 APRESENTAÇÃO DOS AUTORES ................................................... 40 
 
 
 
 
 
 
APRESENTAÇÃO 
 Este livro, uma obra composta pelos integrantes do Grupo de Pesquisa e 
Estudos em Educação Física Escolar-GEPEFE, da Universidade Estadual do 
Ceará, e por convidados externos, propõe-se a apresentar ao leitor a cultura 
das modalidades de lutas nos Jogos Olímpicos, tanto aqueles realizados na 
antiguidade grega, quanto os desenvolvidos na era moderna. 
 O livro é composto por três partes, a primeira, integralizada pelos 
capítulos I e II. O primeiro capítulo discorre acerca dos Jogos Olímpicos da 
Antiguidade Grega, suas histórias, lendas e mitos. O segundo apresenta as 
modalidades de Lutas praticadas naqueles períodos, tais como Pugilato, Luta e 
Pancrácio, dentre outras. 
 A segunda parte do livro se inicia no capítulo III, que nos oferece um 
panorama geral dos Jogos Olímpicos da Era Moderna, apresentando sedes, 
países, participantes, símbolos e curiosidades. A partir do capítulo IV até o XI, 
são apresentadas as modalidades de Esportes de Combate presentes nos 
Jogos da Modernidade, disputados desde 1896, em Atenas, até os dias atuais, 
são elas: Boxe, Esgrima, Judô, Karate (estará presente nos Jogos de Tóquio, 
em 2020), Luta e Taekwondo. 
 A terceira e última parte do livro, capítulo X e XI, trata de duas 
modalidades de lutas não olímpicas, mas que se tratando da cultura de 
combate no Brasil, não poderiam deixar de ser aqui registrados, a Capoeira e o 
Brazilian Jiu Jitsu. 
 O texto se volta, inicialmente, para alunos e professores de Educação 
Física, já que se trata de um dos conteúdos da citada disciplina, as lutas, 
entendidas como um dos elementos da Cultura Corporal do Movimento. 
Todavia, também busca como público alvo, alunos, instrutores, monitores e 
professores de Artes Marciais e Esportes de Combate. 
 Além desses, a obra se direciona também aos estudiosos e interessados 
na história e no movimento olímpico já que o texto oferece informações, 
resultados e curiosidades das modalidades de lutas integrantes dos Jogos 
Olímpicos. Boa leitura! 
 
Prof. Dr. Heraldo Simões Ferreira 
PARTE I: OS JOGOS DA ANTIGUIDADE GREGA E AS MODALIDADES DE 
LUTAS PRATICADAS NO PERÍODO 
 
“O homem, para ser completo, tem que estudar, trabalhar e lutar”. 
Sócrates 
 
 Esta parte do livro, representada pelos capítulos I e II, volta-se para a 
origem dos Jogos na Antiguidade Grega, não somente os Olímpicos, mas 
outros que também transcorreram nesse período, tais como: Jogos Píticos, 
Ístmicos e Nemeus, conhecidos como Jogos Pan Helênicos. Os capítulos nos 
oferecem também histórias da mitologia e lendas de heróis e semideuses que 
povoaram o percurso dos jogos, embalados por trechos da Ilíada, de Homero. 
Ademais, no capítulo II, são detalhadas as modalidades de lutas presentes nos 
antigos jogos. 
 
 
 
 
I OS JOGOS DA ANTIGUIDADE GREGA 
Heraldo Simões Ferreira 
 “Quem vencer em Olímpia gozará de uma calmaria doce como o mel”. 
Píndaro 
 
Entendemos por esporte uma ação institucionalizada regida por um 
conjunto universal de regras, que se desenvolve em forma de competição entre 
duas ou mais pessoas, e que possui como objetivo designar o vencedor ou 
registrar recordes (BETTI, 1991). 
O esporte da Era Moderna surge na Inglaterra no período da Revolução 
Industrial, quando os operários e a classe média, com mais tempo para o lazer, 
criam as manifestações que são conhecidas, tais como o futebol, o rúgby, o 
atletismo moderno e o boxe. Mas, e na antiguidade? Mais precisamente na 
Grécia, berço dos Jogos Olímpicos, como os esportes eram praticados? Quais 
as modalidades praticadas? E as modalidades de lutas, foco de estudo desta 
pesquisa, quais eram e como eram praticadas? 
Os Jogos Olímpicos1 não eram os únicos que aconteciam na sociedade 
grega, havia outros, entre eles: a) Jogos Píticos2, que ocorriam em 
homenagem ao deus da música e eram realizados no santuário de Apolo, em 
Delfos; b) Jogos Ístmicos , que aconteciam no santuário de Poseidon3, no istmo 
de Corinto, era uma homenagem ao deus do mar, por isso continham provas 
aquáticas, entre elas: o remo; e, c) os Jogos Nemeus, alocados no santuário de 
Nemea, dedicados a Zeus4 (FREITAS; BARRETO, 2008). O conjunto desses 
jogos era conhecido como Jogos Pan Helênicos. 
Nos Jogos Pan Helênicos, as modalidades de lutas sempre foram 
populares e bastante concorridas. A luta proporcionou situações de destaque 
nos jogos antigos, como retratadas a seguir. 
Muitos competidores famosos registraram suas conquistas nos Jogos da 
Antiguidade Grega. Platão (427-347 a.C) venceu a prova de luta para juvenis 
 
1
 Para saber mais sobre os esportes dos Jogos Olímpicos da Antiga Grécia assista ao vídeo: 
http://www.youtube.com/watch?v=KQC-Xw5VjpE&feature=related 
2
 Jogos Píticos – A origem do nome se explica através do mito em que Apolo, apenas com um dia de 
vida, matou a serpente Pitão no local onde Delfos fora construído. As sacerdotisas de Delfos eram 
chamadas de pítias ou pitonistas. 
3
 Deus do Mar. 
4
 O pai de todos os deuses da mitologia grega. 
nos Jogos Ístmicos. O citado pensador possuía grande admiração pelas 
modalidades de combate. Em sua obra República, menciona que a sociedade 
grega deveria se preocupar primeiro com a ginástica, seguida da música e 
depois da educação dos guerreiros, porque a arte da luta da guerra era de 
extrema necessidade (FIGUEIREDO, 2006) 
Nos Jogos Nemeus, a luta entre Creugas e Damoxenus foi o evento de 
maior repercussão, sendo representada em escultura no Museu do Vaticano. 
No ano aproximado de 400 a.C., em Nemeia, os dois lutadores combateram 
por um longo período e não se chegoua uma decisão do vencedor, pois 
ambos acordaram em permitir que cada um desse um golpe final no outro sem 
defesa alguma. Creugas golpeou Damoxenus na cabeça sem qualquer efeito. 
Damoxenus golpeou Creugas com a mão aberta abaixo do braço do 
adversário, matando-o (DRAEGER e SMITH, 1969). 
Ainda havia, como assevera Godoy (1996), os Jogos Fúnebres, os mais 
antigos de todos os jogos da antiga Grécia. Estes jogos eram uma homenagem 
aos mortos, e possuíam uma gama de competições envolvendo lutas, corridas 
de cavalos e de carros. Segundo o autor citado, Homero em sua obra Ilíada5, 
cita que os Jogos Fúnebres eram realizados para honrar a lembrança de 
Pátrocolo, amigo de Aquiles6. Gregos, ambos lutaram na Guerra de Troia. 
Patrócolo combateu como um vencedor, mas foi morto quando tentava atingir o 
carro de Heitor, príncipe dos troianos. Posteriormente Aquiles vingou a morte 
de seu companheiro. 
 A Guerra de Troia se passa no ano de 1250 a.C., e assim foi 
denominada pelo mesmo nome da cidade, localizada na Ásia Menor, Páris, 
príncipe de Troia, visitando a região do Peloponeso, conheceu Helena, esposa 
do rei Menelau, por quem se apaixonou. Páris, então, sequestra Helena e a 
leva para Troia. Na busca da vingança, Menelau solicita ajuda do irmão 
Agamenon, rei de Micenas, que convoca o exército grego para invadir a cidade 
e resgatar Helena. O guerreiro Aquiles fazia parte desse exército, juntamente. 
ao Patrócolo Após anos de luta, os gregos vencem a guerra. Aquiles era o 
melhor de todos os guerreiros gregos. Era admirado por sua beleza e 
 
5
 Poema épico grego que narra os acontecimentos ocorridos no período de pouco mais de 50 dias 
durante o décimo e último ano da Guerra de Tróia. 
6
 O melhor de todos os guerreiros gregos, admirado por sua beleza e capacidade de luta, era 
invulnerável em todo o seu corpo, exceto no calcanhar. 
capacidade de luta. Todo o seu corpo era invulnerável, exceto o calcanhar, 
local onde, posteriormente, foi abatido (FERREIRA, 2011). 
É importante ressaltar que os Jogos Fúnebres apresentavam duas 
provas de combate: o pugilato e a luta, das quais participou Ulisses 
(FIGUEIREDO, 2006). A seguir é apresentado um relato da Ilíada que cita as 
modalidades de lutas dos jogos: 
 
Então ele propôs prêmios para o pugilismo doloroso (…). E em 
pé, disse: 
- Atrida, e outros, convidamos, para estes prêmios, dois 
homens, os melhores, a que se batam erguendo altos os 
punhos. Aquele a quem Apolo tiver concedido a vitória, a juízo 
de todos os Aqueus, partirá levando a mula resistente para a 
sua tenda; o vencido ganhará a taça de duas asas. 
Imediatamente se levantou um homem bravo e grande, hábil 
pugilista, Epeu, filho de Panopeu. Deitou a mão à mula 
resistente, e exclamou: 
- Aproxime-se o que irá ganhar a taça de duas asas. Afirmo 
que nenhum outro Aqueu levará a mula, depois de me vencer 
no pugilismo; pois me gabo de ser o melhor. Declaro, e isto há 
de consumar-se: rasgarei a pele e machucarei os ossos do 
adversário que me aparecer pela frente; os seus amigos 
devem ficar ao pé, em bom número, prontos a transportá-lo e 
a tratá-lo, domado pelas minhas mãos. 
Ele disse, e todos, mudos, guardaram silêncio. Só Euríalo se 
levantou, homem igual a um deus, filho de Mecisteu, o príncipe 
nascido de Tálao, que outrora veio a Tebas, quando Édipo 
tombou estrondosamente, para o seu funeral; e ele venceu aí 
todos os filhos de Cadmo. O filho de Tideu, célebre pela sua 
lança, afadigava-se em torno de Euríalo, encorajando-o com 
as suas palavras, pois desejava bastante a vitória dele. 
Passou-lhe primeiro o cinto, depois lhe deu as correias, bem 
talhadas no coiro de um boi campestre. 
Os dois adversários, tendo-se cingido, vieram para o centro da 
arena, e, erguendo diante de si as suas mãos sólidas, os dois 
ao mesmo tempo, caíram um sobre o outro, enredando as 
suas mãos pesadas. Era terrível o estalo dos seus queixos, e 
o suor corria por toda a parte dos seus membros. O divino 
Epeu arrojou-se e atingiu Euríalo, embora este o espiasse, na 
face; e ele não se aguentou mais tempo em pé, pois os seus 
membros brilhantes desfaleceram. Tal como, ao agitar o 
Bóreas a água, um peixe salta sobre as algas da costa, e a 
vaga negra o recobre, assim, socado, saltou no ar Euríalo. 
Mas o magnânimo Epeu, segurando-o nos seus braços, 
endireitou-o; os seus companheiros rodearam-no, e levaram-
no através da assembleia, arrastando os pés, cuspindo um 
sangue espesso, de cabeça pendente para o lado. Colocaram-
no no meio deles e levaram-no, privado de sentidos; e eles 
próprios, abalando, transportaram a taça de duas asas. 
O filho de Peleu depôs logo, pela terceira vez, outros prêmios, 
os quais mostrou aos Dánaos, os da luta dolorosa: para o 
vencedor uma grande trípode, indo ao lume, que os Aqueus 
entre si a avaliavam em doze bois; para o vencido, expôs uma 
mulher; ela sabia fazer muitos favores, e avaliaram-na em 
quatro bois. Aquiles, de pé, disse aos Argivos: 
- Levantai-vos, vós que ides tentar mais esta prova! 
Ele disse. Avançou então o grande Ájax, filho de Télamon, e 
ergueu-se também Ulisses, o astucioso, conhecedor de tudo o 
que é vantajoso. 
Ambos, tendo-se cingido, vieram para o centro da arena, e 
envolveram-se estreitamente um ao outro nos seus braços 
sólidos, como as vigas que um carpinteiro famoso ajustou, no 
alto de uma casa, para obstar à violência dos ventos. As suas 
costas estalavam sob as suas mãos ousadas, duramente 
puxadas; o seu suor escorria. Tumores abundantes – sobre os 
seus flancos e os seus ombros – purpúreos de sangue, 
inchavam; mas eles não cessavam de desejar a vitória, pela 
trípode bem feita. Nem Ulisses podia fazer deslizar o outro, e 
levá-lo ao solo, nem Ájax, detido pela forte resistência de 
Ulisses. E, como eles aborrecessem os Aqueus de belas 
grevas, o grande Ájax, filho de Télamon, disse a Ulisses: 
- Descendente de Zeus, filho de Laertes, astucioso Ulisses, 
levanta-me ou levanto-te eu: Zeus fará o resto. 
Tendo dito ele levantou-se. Mas Ulisses não esqueceu a 
manha. Bateu-lhe com o calcanhar na curva da perna, fez 
vergar os seus membros, derrubou-o para trás; e sobre o seu 
peito caiu Ulisses. As tropas olharam e admiraram. Por sua 
vez, o divino, o resistente Ulisses levantou Ájax, mas pouco 
arrancando ao solo, sem o elevar mais acima; entretanto 
dobrou-lhe o joelho, e ambos caíram por terra, um ao lado do 
outro, e sujaram-se de poeira. Erguidos de um salto, eles 
lutariam uma terceira vez, se Aquiles em pessoa, levantando-
se, os não houvesse travado: 
- Não insistais mais, não vos canseis mais em pegas 
dolorosas, a vitória pertence a ambos. Tomai prémios iguais, e 
parti, para deixar concorrer outros Aqueus. 
Ele disse. Os outros escutaram-no bem e obedeceram-lhe; e 
sacudindo a poeira, revestiram as suas túnicas (HOMERO, A 
Ilíada, s/d, p. 333-335) 
 
 Figueiredo (2006) explicita que, pelo relato apresentado, fica evidente 
que há uma regulamentação diferenciada para a luta desarmada com objetivos 
de derrube, através de pegas e projeções, e outra com objetivos de ferida 
intencional com os punhos (pugilismo). Pela primeira vez na história escrita tal 
fato é observável. 
 Godoy (1996) cita que também eram realizados os Jogos das 
Panateneias e os Jogos Heranos. Nas Panataneias eram realizados concursos 
de beleza, sacrifícios, eventos artísticos, hípicos, competições de atletismo e 
de lutas. Nas competições hípicas, havia um torneio muito perigoso que 
constava de uma corrida de carros puxados por cavalos e conduzidos por dois 
participantes. Enquanto um dos participantes dirigia o carro, o outro deveria 
saltar para fora e para dentro do carro em velocidade. 
No atletismo, havia uma prova de corrida com tochas, em quecada 
equipe continha quarenta integrantes, dispostos 25 metros de distância entre 
si. A tocha passava de mão em mão, e vencia a competição quem conseguisse 
acender primeiramente a fogueira na chegada. Esta prova era realizada para 
lembrar aos gregos o mito do titã Prometeu, que roubou o fogo dos céus para 
levar aos humanos. Em 380 a.C., Licurgo, um líder político de Atenas, iniciou a 
construção do Panatenaico, suntuoso estádio em forma de ferradura, para que 
ali fossem realizadas as provas das Panateneias. A decoração do Panatenaico 
superava ao Circo Máximo e ao Coliseu de Roma, reconhecidos monumentos 
da arquitetura da antiguidade (Id lb). 
Os Jogos Heranos eram organizados em homenagem a Hera, esposa 
de Zeus. Eram realizados no mês da virgem, junho ou julho atual, só mulheres 
competiam 
 Os gregos estimulavam as mulheres a praticarem atividades físicas, 
pois achavam que assim teriam filhos saudáveis e fortes. Havia apenas uma 
prova que consistia de uma corrida de 162 metros. As mulheres corriam 
descalças e usavam uma roupa que cobria apenas o seio esquerdo (Id lb). 
 De acordo com o autor referido, os Jogos Olímpicos eram o maior 
evento esportivo da Grécia Antiga. Eram mais importantes que todos os outros 
jogos. Também era uma forma de homenagear Zeus, o soberano do Olimpo7. 
Existem muitas versões para explicar a origem dos jogos da antiguidade, 
como também, muitos mitos gregos que tentam explicar o início das 
competições. Tal fato é um mistério, pois mito e realidade se confundem com 
os princípios da história grega (LOUREIRO; CARNEIRO, 2011) 
Há, por exemplo, a história mitológica que relata que o herói Pélope 
institui os Jogos em honra ao rei Oinomaos, pai de Hipodâmia. Esse rei 
propunha um desafio de corrida de biga para quem quisesse se casar com sua 
filha. Se o pretendente vencesse, casaria com Hipodâmia. Se fosse derrotado, 
seria morto pelo rei. Vários pretendentes já haviam morrido nessa disputa. 
 
7
 Local onde moravam os deuses da mitologia grega 
Pélope interessou-se pelo desafio. No entanto, ele utilizou uma estratégia 
traiçoeira, subornando o cocheiro do rei, Mirtilo. Este trocou as cavilhas de 
madeira das rodas do rei por pregos de cera. As cavilhas se romperam durante 
a prova, causando a morte de Oinomaos. Pélope casou-se, então, com 
Hipodâmia e instituiu os Jogos em memória à morte de Oinomaos. Outra 
versão do mito relata que os Jogos foram criados para celebrar a vitória dele 
(LOUREIRO; CARNEIRO, 2011). 
Segundo outra lenda registrada na antiga poesia grega, o semideus 
grego Héracles (conhecido como Hércules pelos romanos) foi o responsável 
pela fundação dos Jogos, após a conclusão de um dos seus 12 trabalhos. De 
acordo com o relato, Héracles instituiu os Jogos em comemoração a sua vitória 
sobre Áugias, um rei de Elis. Áugias tinha três mil cabeças de gado, mas toda a 
vizinhança sofria com o mau cheiro exalado por esse rebanho. Além disso, o 
solo já não era fértil devido a grande quantidade de esterco encontrado. Áugias 
prometeu dar uma décima parte de seu rebanho para quem fizesse a limpeza 
do estábulo em um dia. Héracles aceitou o desafio. Ele desviou o curso de dois 
rios, Alfeu e Peneu, fazendo com que as águas levassem todo o esterco que 
causava o mau cheiro, cumprindo o prometido. Após o feito, Áugias se recusou 
a pagar o combinado, despertando a cólera de Héracles. Para se vingar, 
Héracles matou Áugias e instituiu os Jogos Olímpicos em comemoração àquela 
façanha. Há quem diga que ele comemorou essa vitória fazendo uma clareira 
em um bosque sagrado em Olímpia e criou os Jogos para homenagear seu pai, 
Zeus. Uma particularidade interessante é o relato, o qual menciona que 
Héracles era neto de Pélope. Assim, é mais aceitável que a lenda de Pélope 
tenha precedido a de Héracles (LOUREIRO; CARNEIRO, 2011). 
Segundo uma versão mais provável, um rei grego da cidade de Elis, 
chamado de Ifíto, foi informado pelo oráculo de Delfos que ele poderia salvar a 
Grécia da praga das guerras das cidades-estados, se ele iniciasse os Jogos 
Olímpicos. Na época, a Grécia não era um único estado (país). Era constituída 
por várias cidades-estados, que possuíam independência política e econômica 
(LOUREIRO; CARNEIRO, 2011). 
Essas cidades-estados, muitas vezes, eram rivais e havia muita guerra. 
O rei Ifíto estabeleceu uma trégua olímpica temporária e convidou todas as 
cidades-estados para se unirem e competirem em paz na cidade de Olímpia. 
Olímpia era dividida em uma área sagrada, chamada de Altis, e uma área 
secular (não religiosa). Na área sagrada, ficavam localizados os templos 
sagrados, incluindo o de Zeus e o de sua esposa, a deusa Hera; os altares, em 
que eram feitos os sacrifícios; e os Treasuries que eram pequenas 
construções, onde as oferendas, como vasos e estátuas, eram colocadas 
(LOUREIRO; CARNEIRO, 2011). 
O templo de Zeus era o maior da Grécia e possuía, em seu interior, a 
célebre estátua de Zeus, com mais de 12 metros de altura, confeccionada com 
ouro e marfim. Foi considerada pelos antigos uma das sete maravilhas do 
mundo. A área secular continha as áreas de treinamento e os locais de 
competição, incluindo o ginásio, a palestra, o estádio, o hipódromo, além dos 
locais utilizados para a administração dos jogos ou para receber hóspedes 
importantes. Apenas os sacerdotes e os agentes responsáveis por cuidar do 
santuário viviam em Olímpia. Durante as competições, além de atletas e 
espectadores, os comerciantes de todos os tipos se deslocavam para o local. 
Foi estimado, um número de pessoas presentes, maior do que 40 mil, nos 
Jogos Olímpicos. Realizados a cada quatro anos, durante quase 1.200 anos, 
de forma ininterrupta, os Jogos Olímpicos alcançaram seu apogeu nos séculos 
V e IV a.C. Tornaram-se o maior festival da Grécia Antiga. O evento foi tão 
importante que o tempo não era contado em anos, mas era medido pelo 
intervalo de quatro anos entre os Jogos. Esse período era chamado de 
Olimpíada (LOUREIRO; CARNEIRO, 2011). 
Outros autores, como Freitas e Barreto (2008), citam que os Jogos 
Olímpicos foram criados pelos gregos em 776 a.C. e:, na primeira edição dos 
jogos, só foi apresentada uma prova, a corrida. Após esta edição inaugural 
houve 293 edições. Os jogos faziam parte do calendário grego e, após a 
invasão romana, em 149 a.C., foi percebido uma dicotomia entre o estilo grego 
de competir, baseado no ideal guerreiro, em que se lutava pela glória pessoal, 
já na forma romana era o de participar das competições, pois o importante era 
competir para o público. Dessa forma, os jogos foram se tornando mais 
populares. Em 393 d.C., o imperador de Roma, Teodósio, converte-se ao 
cristianismo e proíbe todas as manifestações pagãs, dentre elas os Jogos 
Olímpicos. 
Os autores citados explicam que os vencedores dos jogos eram 
considerados semideuses e recebiam como prêmio uma coroa de louros ou 
ramos de oliveira silvestre8. 
Os campeões tornavam-se celebridades e possuíam muitos privilégios 
ao retornar para suas cidades de origem. Estátuas eram esculpidas, e versos 
eram compostos em suas homenagens, muitos eram eleitos para exercer 
cargos públicos (Id lb). 
Quando os campeões olímpicos voltavam à terra natal, teria 
outra grade festa. Algumas cidades construíam um arco do 
triunfo para receber os heróis, além das maravilhosas filas de 
cavalheiros. Naquela época tumultuada, os gregos abriam 
portões para os campeões olímpicos porque eles acreditavam 
que eles haviam sido abençoados por Zeus e que os inimigos 
não ousariam entrar na cidade por este portão. Na cerimônia 
de congratulações, coros cantavam odes, os polemistasfaziam discursos, e as pessoas mostravam seus elogios e 
admissões de várias maneiras. Os prêmios para os vitoriosos 
eram inicialmente ritualísticos como, por exemplo, na forma de 
estátuas; cerimônias religiosas etc. Depois, os campeões 
olímpicos passaram a obter outros privilégios: a alimentação 
seria garantida pela Cidade-estado, os melhores lugares nos 
teatros eram sempre reservados para eles etc. (CRI, 2011, 
s/p) 
 
Para Godoy (1996), as recompensas foram diversas. No início dos 
jogos, os atletas recebiam um pedaço de animal sacrificado a Zeus; a coroa de 
oliveira, segundo historiadores, só foi instituída a partir do sétimo Jogos 
Olímpicos. 
A coroa de oliveira era apenas simbólica, pois os vencedores recebiam 
homenagens como outras formas de recompensa. Poemas eram escritos, 
estátuas erguidas e o nome dos campeões gravados nos muros dos edifícios 
públicos (Id lb). 
As cerimônias de premiação aconteciam em dois momentos, segundo 
relatam Freitas e Barreto (2008, p. 16): 
 
8
 Oliveira Silvestre – Os gregos acreditavam que esta árvore possuía alma e era sagrada. Um mito diz que 
a árvore chegou à Grécia pelas mãos de Atena, a deusa da sabedoria. Ela e Poseidon, deus dos mares, 
lutaram pelo domínio da região, venceria quem oferecesse aos humanos algo de grande utilidade. 
Poseidon ofereceu o cavalo e Atena, por sua vez, domou o animal. Na pedra onde o cavalo surgiu brotou 
uma oliveira. A deusa ainda ensinou os gregos a preparar o azeite. Em homenagem a deusa a região 
disputada ganhou o nome de Atenas. Os ramos de oliveira, além de coroar os campeões dos jogos 
olímpicos, também eram utilizados em assassinos, em uma espécie de purificação antes da pena de 
morte. 
Logo depois da prova os espectadores arremessavam flores e 
amarravam fitas vermelhas na cabeça e nas mãos do 
campeão, enquanto o árbitro da prova lhe entregava um ramo 
de palma e uma coroa de ramos de oliveira, pinho ou louros. 
Nos últimos dias dos jogos, uma cerimônia reunia todos os 
premiados no templo de Zeus, mas sem a presença do 
público. Era praticamente uma cerimônia religiosa, em que 
cada campeão ouvia o anúncio de seu próprio nome, seguido 
dos nomes dos pais e cidade de origem, para depois ter a 
cabeça ungida com kotinos, óleo sagrada. 
 
Nos quadragésimos-sétimos Jogos Olímpicos, por decreto de Sólon, 
legislador em Atenas, o vencedor de cada prova deveria receber uma 
recompensa financeira, ter seus impostos isentos e possuir lugar de destaque 
em teatros e em cerimônias públicas. Em outras cidades, os vencedores 
recebiam casas e títulos de nobres. Na cidade-estado Esparta, esses 
vencedores recebiam o privilégio de combater ao lado do rei (Id lb). 
Os jogos eram regidos por leis específicas, como cita Godoy (1996): a) 
só poderiam participar das competições cidadãos gregos e livres; b) não 
poderiam ter sido penalizados pela justiça ou possuir comportamento imoral; c) 
cumprir o período de concentração pré-competição, classificar-se nas provas 
eliminatórias e prestar juramento; d) as mulheres casadas não podiam assistir 
aos jogos, se o fizessem eram arremessadas do alto do monte Typeu; e) era 
proibido matar o adversário ou provocar sua morte, f) da mesma forma, não era 
permitido comportamento desleal; g) também era proibido amedrontar os 
oponentes; g) os árbitros ou participantes corruptos eram punidos com 
chibatadas; h) havia vencedor por ausência de competidor adversário; i) não 
eram admitidas ofensas aos árbitros; j) havia a possibilidade de recorrer às 
decisões ao Senado Olímpico, porém, se o resultado fosse mantido, o 
competidor seria punido com chibatadas. 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
BETTI, M. Educação Física e Sociedade. São Paulo: Movimento, 1991. 
CRI. Memórias olímpicas. Disponível em: 
<http://portuguese.cri.cn/183/2006/09/11/1@51074.htm>. Acesso em 13 de 
janeiro de 2011. 
DRAEGER, D.; SMITH, R. Asian Fighting Arts, Tokyo; New York; London: 
Kodansha, 1969. 
FERREIRA, H. S. Projeto Olimpíada e Cidadania. Jogos Olímpicos II: A 
Antiguidade Grega. Fortaleza: FDR, 2011. 
FIGUEIREDO, A. A. A. A Institucionalização do Karate. Tese de Doutorado 
em Motricidade Humana. Lisboa: Universidade Técnica de Lisboa, 2006. 
FREITAS, A. BARRETO, M. Almanaque Olímpico Sportv. Rio de Janeiro: 
Casa da Palavra: COB Cultura, 2008. 
GODOY, L. Os Jogos Olímpicos na Grécia Antiga. São Paulo: Nova 
Alexandria, 1996. 
HOMERO. A Ilíada. s/d, (p. 333-335). 
LOUREIRO, A. C. C.; CARNEIRO, R. F. de V. Os Jogos Olímpicos III: Era 
Moderna. Olimpíada e Cidadania/ Um grande salto profissional. Fundação 
Demócrito Rocha. Universidade Aberta do Nordeste, 2010
II AS MODALIDADES DE LUTAS NOS JOGOS OLÍMPICOS DA 
ANTIGUIDADE 
Heraldo Simões Ferreira 
"Vencer a si próprio é a maior de todas as vitórias". 
Platão 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 Segundo Godoy (1996), a programação dos Jogos Olímpicos da 
antiguidade, durante vários anos, ocupava apenas um dia, no qual aconteciam 
as cerimônias religiosas e a disputa da corrida, primeira modalidade olímpica. 
Após a inclusão de outras competições, de forma gradativa, o período foi se 
ampliando, até chegar ao sétimo dia. 
No primeiro dia, acontecia a cerimônia de abertura, com procissões, 
cerimônias religiosas, sacrifícios e banquetes. Neste dia, o desfile dos 
competidores era o grande destaque. As provas de corrida pedestre ocorriam 
na segunda data. O terceiro dia era dedicado ao pentatlo. As competições de 
lutas, pugilato e pancrácio eram realizadas no quarto dia dos jogos. O dia 
seguinte era exclusivamente para as provas juvenis. No sexto dia, o destaque 
era para as corridas de carro e de cavalos. No dia final, eram realizadas as 
cerimônias de encerramento dos jogos (Id lb). 
 Os Jogos Olímpicos tiveram durante os anos, em seus programas de 
modalidades, várias alterações, mas basicamente os esportes eram divididos 
em cinco grupos (FREITAS; BARRETO, 2008): Corridas, Atletismo, Lutas, 
Pentatlo e Provas Hípicas. 
 Os atletas competiam, em todos os esportes, sem nenhuma peça de 
roupa, existem versões sobre o surgimento deste hábito: 
I - Orsippos, cidadão de Megara, deixou cair sua túnica 
durante a corrida nos Jogos Olímpicos de 720 a.C., os outros 
competidores gostaram da ideia e resolveram imitá-lo. 
II - Os espartanos exigiram que a prática fosse adotada, a 
partir do século VIII a.C., para que todos os atletas 
competissem em igualdade de condições. 
III – Os próprios organizadores dos jogos fizeram a exigência, 
para evitar que as mulheres, para quem os jogos eram 
vetados, competissem disfarçadas de homens (FREITAS; 
BARRETO, 2008, p.20) 
 
De acordo com o site Wikipédia (2011), as datas de início de cada prova 
de esporte de lutas são: 708 a.C.: Luta; 688 a.C.: Pugilato; 648 a.C.: Pancrácio; 
632 a.C.: Luta para rapazes; 628 a.C.: Pentatlo para rapazes (rapidamente 
abandonada); 616 a.C.: Pugilato para rapazes; 200 a.C.: Pancrácio para 
rapazes. 
A seguir, são descritas cada prova dos esportes de lutas, suas 
curiosidades, mitos, lendas e suas particularidades. 
 
2. PENTATLO 
 
Figura 01: Atletas treinando para o Pentatlo 
 
Fonte: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI6939-15294,00.html 
 
A modalidade de luta fazia parte da disputa mais popular dos jogos, o 
Pentatlo. Era a grande prova dos jogos, e se competia na seguinte ordem: 
corrida (um stadion), arremesso, salto, lançamento e luta (disputado somente 
pelos atletas que ainda não tivessem sido eliminados) (FREITAS; BARRETO, 
2008). 
O Pentatlo foi introduzido no programa olímpico no ano 708 a. C. por 
reclamação dos espartanos que afirmavam que os jogos possuíam muitas 
competições voltadas para a populaçãoem geral e quase nada de útil para a 
formação de guerreiros. Diante disso, foi, então, criado inicialmente para atletas 
soldados (FPPM, 2011). 
O filósofo Aristóteles já dizia: “os desportistas mais perfeitos são os 
pentatletas, pois, no seu corpo, a força e a velocidade combinam-se numa bela 
harmonia” (Id lb). 
Reforçando o pensamento: 
O Pentatlo foi assim criado para o atleta soldado e dele faziam 
parte o lançamento do disco e do dardo ou lança, o salto em 
comprimento, a corrida e o pancrácio, uma espécie de luta 
livre. O Pentatlo já era a competição que apresentava os 
melhores e mais completos atletas e ocupava uma posição de 
grande destaque nos Jogos Olímpicos, representando mesmo 
o seu clímax: o vencedor recebia a mais alta recompensa e o 
título de “Victor Ludorum”, tendo ainda que declamar, no 
“podium”, um poema para toda a audiência (FPPM, 2011, p.4) 
 
De acordo com os estudos de Godoy (1996), o Pentatlo (pente – cinco; 
azion – luta) fazia parte do programa do atletismo, e contrariamente a Freitas e 
a Barreto (2008), afirma que as provas eram, na ordem: lançamento do disco, 
salto em extensão, lançamento de dardo, corrida de velocidade e luta. Era uma 
prova muito complexa, pois exigia velocidade, força e precisão. Surgiu nos 
décimo-oitavo Jogos Olímpicos, em 708 a.C. e seu primeiro campeão foi o 
espartano Lampis. 
Como incluía cinco modalidades exigia de seus competidores 
habilidades distintas. O estudo se detém a descrever a modalidade de luta do 
pentatlo. 
 
 
Figura 02: Luta 
 
Fonte: http://veja.abril.com.br/especiais/olimpiadas/p_012.html 
 
A última modalidade da prova do pentatlo dos Jogos Olímpicos da 
antiguidade era a luta. Esta era conhecida como Luta Vertical. Os atletas 
ficavam em pé e poderiam agarrar o adversário, segurar seus braços ou pernas 
e tentar derrubá-lo. Acredita-se que a luta se encerrava após a terceira queda 
de um dos atletas (GODOY, 1996). 
Ainda citando o mesmo autor, um dos golpes mais utilizado e conhecido 
era o de Presa de Hércules, momento em que o lutador agarrava (cinturava) 
seu oponente pela cintura, suspendia-o e com um giro o arremessava ao chão. 
A luta era realizada em um solo de areia para amortecer as quedas. Após a 
realização do Pentatlo, o programa de atletismo dos Jogos Olímpicos se 
encerrava. 
 
3. MODALIDADES DE LUTAS 
 
A verdadeira meta da luta é, sem dúvida, a vitória em si, e ela, 
sobretudo se alcançada em Olímpia, era considerada como a 
mais sublime da terra, já que garantia ao vencedor aquilo que 
no fundo era a ambição de todo o grego: ser - segundo a 
expressão de Eliano - admirado em vida e celebrado na 
morte." Jacob Burckhardt (CRI, 2011, s/p) 
 
Para Freitas e Barreto (2008), o grupo de lutas dos Jogos Olímpicos era 
constituído de três provas: Luta, Pugilato (percussor do boxe) e o Pancrácio 
(mistura de pugilato e luta). Os autores afirmam que as lutas estão entre os 
esportes mais antigos, praticados pelos homens. Os autores citam ainda que 
as lutas fazem parte da mitologia grega – como na Odisseia de Homero e na 
disputa entre Hércules e Anteo, filho de Poseidon – levavam multidões aos 
festivais e arenas. Apesar da identidade com a Grécia Antiga, há registros de 
combates entre lutadores no Egito, por volta de 2.400 a.C. 
Godoy (1996) afirma que esse grupo de modalidades, por ele 
denominado de Ataque e Defesa, gozava de grande prestígio e despertava 
imenso interesse entre os gregos. Dessas provas surgiram a Luta Greco 
Romana e a Luta Livre, o Boxe e o Vale Tudo, mais tarde conhecido como Mix 
Martial Arts-MMA ou Artes Marciais Mistas, tais como são conhecidas nos dias 
atuais. 
A fascínio dos gregos pelo esporte os levou a torná-la obrigatória nas 
escolas (CRI, 2011). 
Freitas e Barreto (2008) relatam que a origem da luta remonta a 
antiguidade grega, quando os exércitos helênicos se preparavam para os 
combates corpo a corpo. 
De acordo com Poliakof (1987, apud FRANCHINI, 2011, p 718): 
Na Antiguidade, o domínio das técnicas de luta, com e sem 
implemento, era muito importante para a manutenção e 
conquista de territórios. Assim, não é incomum encontrar todo 
um sistema de ensino e treinamento dessas técnicas em 
diversos povos desse período. Contudo, em tempos de paz, 
parte dessas técnicas foi ligeiramente modificada para formas 
mais amenas de combate, as quais poderiam ser praticadas 
com segurança e ainda assim manter os indivíduos treinados, 
algo muito importante se considerada a possibilidade de seu 
uso no campo de batalha. Nesse processo, várias dessas 
técnicas passaram a ter características de “jogos”, com regras 
específicas, que atraíam o público por seu caráter espetacular, 
como ocorria com os Jogos disputados em Olímpia e os jogos 
públicos com gladiadores em Roma. 
 
 
3.1 Luta 
 
Figura 3: Luta Vertical 
 
Fonte: http://prof-adjr.blogspot.com/2010/06/verdade-olimpica-como-surgiram-os-
jogos.html 
 
Nesta prova só era permitido lutar em pé e o objetivo era derrubar o 
adversário (FREITAS; BARRETO, 2008). 
As regras eram simples: quem derrubasse o adversário por três vezes 
no solo ganhava a disputa. Somente se o atleta tocasse o chão com as costas, 
quadril ou ombros é que havia a consideração de queda. Não havia tempo 
determinado para que a luta acabasse, assim as disputas eram intermináveis 
(GODOY, 1996). 
Os árbitros assistiam às lutas com varas nas mãos e faziam com que as 
regras fossem cumpridas tocando nos competidores com o implemento. Como 
necessitavam de grande preparo físico, o treinamento dos atletas era realizado 
de diversas formas: carregando fardos pesados, torcendo ferro, correndo 
contra cavalos e domando novilhos (OLIMPIA, 2011) 
 
3.2 Luta Livre 
 
Figura 4: Luta Horizontal 
 
Fonte: http://muniqueartes.zip.net/ 
 
Segunda a lenda, Zeus, senhor do Olimpo, foi considerado o soberano 
do mundo somente após vencer em uma Luta Livre, seu pai Kronos. A 
competição era realizada no sistema de eliminatória simples, momento em que 
os vencedores vão se enfrentando e os derrotados vão sendo eliminados até 
que se chegue final. Os lutadores iniciavam a luta em pé e, após um 
desequilíbrio inicial de um dos atletas provocado pelo oponente, a luta se 
desenvolvia no solo com técnicas de torções e chaves de articulação. Vencia a 
contenda que conseguisse fazer o adversário desistir da luta ou então 
encostasse as costas do oponente junto ao solo por três vezes, não havia 
tempo limite de combate. Desta forma as lutas não tinham previsão para 
acabar (GODOY, 1996). 
Apesar de regras básicas, como não morder ou inserir os dedos nos 
olhos dos adversários, geralmente as lutas eram violentas. Leonidas de 
Micenas, duas vezes campeão dos Jogos Olímpicos, procurava quebrar os 
dedos dos oponentes para tirá-los de combate. O espartano Hipóstenes foi seis 
vezes campeão dessa prova, tendo inclusive um templo erguido em sua 
homenagem na sua terra natal, seu filho também foi vencedor em cinco 
edições dos jogos. Amesinas, campeão em 460 a.C., era pastor e treinava para 
a competição combatendo touros (Id lb). 
O autor citado anteriormente conta que o maior lutador dessa prova foi 
Milon, nascido em Crotona, seu maior mérito foi ter rompido com a hegemonia 
da vitória dos lutadores de Esparta. Milon era conhecido por sua força 
descomunal, mas também por ser autor da obra Physiká e ser aluno de 
Pitágoras. Milon estreou ainda jovem, no quinquagésimo-sétimo Jogos 
Olímpicos, no ano de 552 a.C., e foi campeão, fato incomum para um novato. 
Após isso, foi vitorioso em diversas edições dos jogos, e sempre que 
desafiado, aceitava e vencia seus confrontos. 
Durante vinte e quatro anos foiconsiderado o homem mais forte da 
Grécia e era comparado a Hércules. Sua dieta era composta de ingestão de 
6,5 quilos de carne, 6,5 quilos de pão e 3 litros de vinho por dia. Seu 
treinamento era dividido em caminhadas diárias, carregando nas costas um 
bezerro. Como o ciclo olímpico durava, e até hoje é assim, quatro anos, o 
bezerro ia crescendo e com isso seu peso também aumentava. Após a prova 
dos jogos, quando se sagrava campeão, dava uma volta no estádio com o 
bezerro de quatro anos nas costas, agora já um pequeno touro e, ao final da 
volta, matava o animal com um soco na testa. Após o sacrifício em 
homenagem ao seu sucesso, depois de cozido, o touro era devorado por Milon, 
sozinho (Id lb). 
Milon se aposentou dos jogos em sua sétima olimpíada, quando, com 
quarenta e cinco anos, enfrentou Timasiteos, lutador muito mais jovem que 
soube, com o ímpeto de sua juventude, derrotar o campeão. Milon, 
aposentado, mergulhou em imensa tristeza a se ver esquecido, perder sua 
força e envelhecer. A lenda de sua morte conta que ao deparar-se com uma 
árvore separada ao meio quis parti-la, desferindo um golpe com a mão para 
atingir seu objetivo, entretanto já não mais portador de força extrema, sua mão 
ficou presa entre a árvore. Após imensa luta para se desvencilhar da situação e 
abatido pelo cansaço foi devorado pelos lobos que habitavam aquela região (Id 
lb). 
 
3.3 Pugilato 
 
Figura 5: Pugilato 
 
Fonte: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI6939-15294,00.html 
 
O criador do Pugilato, segundo a lenda, foi Teseu, natural de Atena e 
conhecido por ter matado o Minotauro9, na Ilha de Creta. Os movimentos dessa 
luta lembram as técnicas do boxe atual. Não eram permitidos golpes com as 
pernas e tão pouco técnicas de desequilíbrio, somente a mão era utilizada para 
atacar (OLIMPIA, 2011). 
Historiadores afirmam que o Pugilato é um dos esportes mais antigos da 
humanidade, figuras rupestres mostram homens da pré-história praticando uma 
espécie de luta rudimentar utilizando somente as mãos por diversão ou 
autodefesa (FREITAS; BARRETO, 2008). 
Foi implantado no programa dos jogos em 668 a.C. e seu primeiro 
campeão foi o romano Onomaste. Era considerada, juntamente com o 
 
9
 Na mitologia grega, o Minotauro era, segundo sua representação mais tradicional entre os gregos 
antigos, uma criatura imaginada com a cabeça de um touro sobre o corpo de um homem 
Pancrácio, a luta mais violenta do programa olímpico. No princípio, era 
praticado sem nenhum tipo de bandagem ou proteção nas mãos, 
posteriormente, os atletas usavam tiras de couro, envolvendo os pulsos, os 
polegares e uniam os quatro dedos das mãos. Mais tarde, os competidores 
colocavam bolsa de chumbo ou ponteiras de metal nas tiras de couro, o que 
provocava golpes destruidores em seus oponentes (figura 07). Essas tiras 
evoluíram, e se transformaram em luvas, chamadas de cestos. Não havia um 
uniforme específico, na verdade os atletas competiam sem roupas, apenas 
com as tiras nas mãos e uma espécie de capacete que protegia o nariz e a 
testa (GODOY, 1996). 
O treinamento era feito através de corridas, movimentação e golpes ao 
ar (sombra) e com sacos de areia, para aprimorar a força e a técnica dos 
socos. A competição era realizada no centro do ginásio em uma marcação 
redonda, era proibido sair deste espaço e não havia divisão de categorias por 
pesos. O sistema era de eliminatória simples. As regras permitiam ataque com 
mãos abertas ou fechadas, não havia tempo determinado para terminar o 
confronto, porém durante a luta havia momentos de intervalo, para o descanso 
dos atletas. O vencedor era declarado após nocautear o oponente, ou quando 
este desistisse da luta (GODOY, 1996). 
A luta corpo a corpo era terminantemente proibida e o treinamento era 
semelhante ao atual: 
Os atletas golpeavam um odre (saco feito de pele de boi) 
inflado. Exercitavam-se também em movimentos de ataque e 
defesa e, nas representações, aparecem sempre nas pontas 
dos pés, o que nos faz pensar que saltitavam durante os 
movimentos da luta. O corpo a corpo era proibido. Nenhum 
golpe podia ser desferido com a intenção de matar. A luta se 
desenrolava em vários lances e terminava quando um dos 
competidores já não tinha mais condições físicas ou quando, 
levantando o braço, dava-se por vencido (OLIMPIA, 2011, s/p) 
 
 Nos primeiros jogos, os lutadores do Pugilato eram técnicos, mas com o 
tempo o esporte passou a ser brutal e muito agressivo, as baixas eram comuns 
e os lutadores terminavam os embates com fraturas e lesões graves. Foram 
encontrados escritos que diziam: “Eu, Andreolos, lutei no Pugilato dos jogos da 
Grécia, perdi uma orelha, um olho e fiquei sem sentidos (...) estava preparado 
para retirar-me da arena, morto ou vivo” (GODOY, 1996). 
Os atletas, sem protetores bucais, tinham os dentes quebrados e os 
engoliam, como forma de não demonstrar que os golpes adversários estavam 
causando estragos (CRI, 2011). 
De acordo com Figueiredo (2006) a prática do Pugilato induzia seus 
praticantes a um treino especializado, produzindo uma profissionalização maior 
que nas outras lutas. Os materiais de treino eram os sacos para bater 
(khórykio), e uma espécie de estátua de homem com proteções (adriantes), 
havia também o treino individual de sombra (skiamakhía). Em alguns 
momentos da história, da prática dessa modalidade, eram permitidos golpes 
com os pés, porém passaram a ser proibidos, assim como a luta corpo a 
corpo, sendo considerados válidos apenas socos na altura da cabeça e do 
tronco. A luta entre Polideuces e Amico, reproduz um combate: 
 
E eles, uma vez reforçadas as suas mãos com tiras de pele de 
boi e enroladas as largas coreias à volta dos braços, reuniram-
se no meio respirando morte um contra o outro (…) E este 
deteve-se, bêbado de golpes e cuspiu sangue vermelho. E 
eles, todos ao mesmo tempo, os caudilhos, romperam em 
gritos quando viram as funestas feridas em torno da sua boca 
e à sua mandíbula. Os seus olhos mergulhavam no seu rosto 
inchado. O soberano Polideuces confundia-o lançando as 
suas mãos por toda a parte com ameaças de golpes, mas 
quando se deu conta que já estava indefeso, alcançou-o com 
o punho nas sobrancelhas por cima do nariz, e descarnou toda 
a frente até ao osso. Ele, pelo efeito do golpe, ficou estendido 
de boca para cima sob o céspede florescente. Quando se 
levantou, renovou-se o violento combate, e tentavam acabar 
um com o outro golpeando-se com as duras correias. Mas o 
caudilho dos bébrices dirigia as suas mãos ao peito e longe do 
pescoço, enquanto que o invencível Polideuces lhe revolvia 
todo o rosto com golpes horríveis (…); golpeou-o com a sua 
pesada mão abaixo da fonte esquerda e deixou cair todo o 
peso do ombro. Brotou sangue negro rapidamente da fonte 
aberta e Polideuces acertou-lhe na boca com a esquerda e os 
dentes apertados rangeram; com golpes mais e mais violentos 
foi-o ferindo no rosto até lhe rasgar as maças do rosto. 
(LOPEZ, 2003, p.106). 
 
O profissionalismo nos esportes parece ter nascido do Pugilato. Os 
lutadores, além do treinamento exaustivo, estavam expostos a lesões 
constantes e não queriam mais lutar por apenas um ramo de oliveiras ou de 
louros, assim passaram a ganhar recompensas financeiras quando eram 
vitoriosos (GODOY, 1996). 
No Pugilato, aconteceram momentos vergonhosos, como o primeiro ato 
de covardia dos jogos, quando Serapião, natural de Alexandria, abandonou os 
jogos na véspera de sua luta, com medo. Também aconteceu, no Pugilato, o 
primeiro caso de suborno dos jogos, idealizado por Eupolos, oriundo da 
Tessália. Eupolos subornou cinco adversários, pagando-lhesuma quantia em 
dinheiro para facilitar sua vitória. Ao final da competição o subornador recusou-
se a pagar o combinado por alegar que venceu sem a necessidade de 
facilitação por parte dos oponentes. Obviamente tal situação não foi aceita 
pelos adversários que o denunciaram no Senado Olímpico. Por este motivo, a 
partir desse evento, o juramento dos atletas foi instituído na abertura dos jogos 
(Id lb). 
O juramento era realizado na Sala do Conselho, ou Senado Olímpico. 
No ambiente os lutadores se comprometiam em manter um comportamento 
ético durante os jogos. Para amedrontar os competidores a sala continha 
diversas estátuas de Zeus, no intuito de mostrar aos atletas que a entidade 
estava observando tudo e se houvesse irregularidades sofreriam punições 
divinas (CRI, 2011). 
Outro fato relevante para ser destacado é que durante aos Jogos 
Olímpicos de 396 a.C.; evento ainda não permitido que as mulheres 
assistissem às competições, o Pugilato teve papel importante na mudança 
dessa determinação. Consta que Pisidoros, neto de um ex-campeão olímpico 
de grande reputação chamado Diágoras, foi treinado pela mãe, Calipátira. 
Durante as lutas do filho, Calipátira assitia a tudo das arquibancadas, coberta 
com um véu para encobrir sua identidade. Após a luta final, quando seu filho foi 
declarado campeão, Calipátira, movida pela emoção, saiu correndo para 
abraçar o herdeiro e deixou seu disfarce cair. Ao ser flagrada, cometendo uma 
heresia, teve sua condenação decretada: ser jogada do penhasco. O filho 
Psidoros, por ser campeão, pediu para que sua mãe fosse perdoada, pedido 
aceito por ser um campeão olímpico, pois tinha privilégios, dentre eles o de 
solicitar a revisão da pena de sua genitora. A partir desses jogos as mulheres 
puderam assistir aos jogos com restrições (GODOY, 1996). 
 
3.4 Pancrácio 
 
Figura 6: Pancrácio 
 
Fonte: http://judotradicionalgoshinjutsukan.blogspot.com/2009_01_01_archive.html 
 
O Pancrácio10 era a mistura da luta com o Pugilato, uma prova em que a 
técnica era superada pela brutalidade. Foi implantado no programa dos Jogos 
Olímpicos de 652 a. C., e seu primeiro campeão foi Lygdamis (GODOY, 1996). 
Pode ser considerada uma versão helênica das lutas modernas do vale-
tudo. Na definição de um dos antigos discípulos de Platão, “uma competição 
que combinava a luta imperfeita com o pugilismo imperfeito” (FAPESP, 20110. 
A prova do Pancrácio era realizada em solo rígido e molhado, o que 
facilitava a queda dos competidores. A regra era simples, não haveria 
permissão para furar os olhos, morder ou arranhar. Tudo mais era permissível 
como: chutes, socos, cotoveladas, joelhadas, torções, estrangulamentos e 
imobilizações, estes eram os golpes preferidos. A luta começava com os 
adversários em pé e depois se desenvolvia no solo. Se um dos atletas 
estivesse caído e lesionado, a luta não era interrompida e o atacante 
continuava desferindo seus golpes. Pela brutalidade e violência da luta, o 
resultado final da contenda poderia ser mortal (GODOY, 1996). 
Os atletas, quase sempre guerreiros, nunca se declaravam perdedores, 
por isso dificilmente desistiam do combate, o que o tornava muito demorado. A 
crueldade dos regulamentos era inimaginável. Os atletas podiam fraturar os 
dedos das mãos e dos pés, agarrar as orelhas, cabelos e o nariz dos 
 
10
 Para saber mais sobre esta luta assista ao vídeo ‘Arma Humana – Pancrácio’ em: 
http://www.youtube.com/watch?v=xRbnMxfT3_g 
adversários, também era permitido o sufocamento, entretanto não poderia 
provocar a morte do oponente. O Pancrácio era muito violento devido à 
familiaridade dos gregos com as guerras (CRI, 2011) 
O termo Pancrácio vem do grego Pancratium (ou Pankratium) que 
significa poderes totais ou todo poderoso. O lutador dessa modalidade seria um 
atleta de inigualável força e coragem. Muitos historiadores afirmam que o 
criador dessa luta, segundo as lendas gregas, seria Hércules, porém outra 
corrente de estudiosos da cultura da Grécia antiga defende o nome de Teseu, 
por conta de sua luta contra o Minotauro, como o fundador dessa forma de 
combate. Há relatos que afirmam que os atletas se preparavam para suas lutas 
estrangulando leões, possivelmente desta alegoria é que se deve ter sido 
construída a lenda do primeiro trabalho de Hércules, na qual o mesmo 
combatia e vencia o Leão da Nemeia (DISCOVERY, 2011). 
Conforme atesta Figueiredo (2006), o termo Pancrácio significa “força 
completa” e tecnicamente incluía golpes de socos, chutes e joelhadas, inclusive 
dirigidas aos genitais; imobilizações no solo; chaves em articulações 
(tornozelos, joelhos, cotovelos, dedos, etc.) e estrangulamentos. O objetivo não 
era projetar o adversário ao solo, simplesmente, já que o combate poderia 
continuar mesmo após a projeção, pois a finalidade era a desistência ou 
impossibilidade de luta do adversário. Era permitido basicamente tudo, menos 
introduzir os dedos nos olhos ou no nariz. 
O sistema de disputa do Pancrácio era similar ao Pugilato: por sorteio, 
encontravam-se os opositores, e construíam-se a chave dos competidores, que 
por eliminatórias simples seria revelado o vencedor. 
Um relato de Filóstrato (Eikones, 2.6.4) citado por Lopez (2003, p. 106-
107) nos apresenta cenas de um combate de Pancrácio: 
 
O adversário colheu Arriquión pela cintura, com a intenção de 
o matar. Pressionou o cotovelo contra o seu pescoço, de 
maneira a cortar-lhe o alento. Além disso, cravou-lhe as 
pernas na zona inguinal e com a ponta dos pés agarrou-o por 
ambas as partes de trás dos joelhos. Quando a morte parecida 
ao sono já ia penetrando nos sentidos de Arriquión, diminuiu 
por um instante a pressão das pernas, com o qual nada pode 
fazer para à astúcia deste. Arriquión, com um pontapé, 
desprendeu-se de um dos pés e colocou ameaçado o costado 
direito do adversário porque agora o joelho pendurava-se 
solto, como que por assim dizer. Arriquión agarrou o 
adversário, que já não era adversário, firmemente pela virilha, 
apertando-a com todo o peso do seu flanco direito, pegou na 
ponta do outro pé com a parte de trás do joelho e, fazendo um 
movimento brusco para fora com toda a sua força, conseguiu 
que o tornozelo se deslocasse da articulação. 
 
Havia inúmeros críticos do Pancrácio, pela sua violência e brutalidade. 
Entre os críticos desta modalidade de luta, um relato de Luciano citado por 
Lopez (2003, p. 107-108) elucida o posicionamento de um cidadão grego: 
 
Queres-me tu dizer o que é que pretendem estas pessoas? 
Uns lançam-se a pontapear o adversário; ouros rodam 
conjuntamente abraçados pelo solo, como se fossem cães. E 
daí precipitam-se um contra o outro com a cabeça baixa, 
golpeando-se no crânio como bodes (…) aquele acaba de 
colher o adversário pelas pernas e golpeia-o contra o solo. 
Este recebeu um terrível murraço sobre o queixo, tem a boca 
cheia de sangue e de areia o desgraçado! Vai cuspindo com 
ela os seus próprios dentes! Eu gostaria de boa vontade saber 
para que serve tudo isto. Estas gentes têm o aspecto de 
serem verdadeiros loucos e creio que não vale a pena 
persuadisse se estão ou não em toda a sua razão. 
 
O Pancrácio era utilizado como base do treinamento dos soldados 
gregos, incluindo aqueles que pertenciam a Alexandre, o Grande. Estudiosos 
do assunto afirmam que existem diversos estilos de Pancrácio, com 
ramificações de lutas de solo (OLIMPIADASUOL, 2011) 
O maior campeão do Pancrácio foi Pulidamos. Conforme alguns 
estudiosos, que o lutador Pulidamos para se comparar a Hércules realizou 
feitos como: venceu um leão usando somente as mãos; combateu contra um 
touro e arrancou-lhe o casco; e lutoucontra três persas ao mesmo tempo, 
derrotando ambos, que vieram a falecer em virtude de seus poderosos golpes. 
A lenda de sua morte diz que o mesmo foi soterrado em uma gruta, pois havia 
entrado lá para fugir de uma tormenta e quando o teto ameaçou desabar, 
Pulidamos, confiando em sua força, tentou segurar o teto. De nada valeu seu 
esforço, foi esmagado pelas rochas (GODOY, 1996). 
Segundo historiadores, os espartanos não participavam do Pancrácio, 
pois para eles seria uma grande desonra participar de uma luta e ter de desistir 
por inferioridade (Id lb). 
 
4 PROVAS JUVENIS E ARTÍSTICAS 
 
Além de todas as modalidades de lutas citadas, os jogos permitiam a 
participação em categorias de idades distintas. As provas para os jovens 
surgiram no trigésimo-sétimo Jogos Olímpicos, mais precisamente em 632 a.C. 
Nestes jogos, foram disputadas as modalidades de luta e de corrida. Nos jogos 
seguintes, o pentatlo foi disputado pela primeira vez e última pelos jovens, já 
que foi considerado muito violento para a idade jovial (GODOY, 1996) 
Em 616 a. C., nos quadragésimos-primeiros Jogos Olímpicos, o pugilato 
passou a fazer parte dos jogos juvenis. Muito tempo depois, na centésima 
quadragésima quinta edição dos jogos, o pancrácio também foi incorporado (Id 
lb). 
Com a chegada dos jovens à competição, havia duas categorias de 
idade: jovens – até dezoito anos e, adultos, acima da idade citada. Muitos 
autores e historiadores criticavam a inclusão dos jovens nos jogos, pois o 
treinamento era intenso e não favorável ao desenvolvimento físico dos não 
adultos. Aristóteles defendia que o exercício físico para os adolescentes 
deveria ser leve, sem exageros. As regras das competições eram iguais 
àquelas disputadas pelos adultos, não eram realizadas adaptações (Id lb). 
 
5. CONCLUSÕES REFLEXIVAS 
 
Após o exposto, concluímos que os Jogos Olímpicos da Antiguidade 
possuíam em seu programa, se comparados com os Jogos Modernos, poucas 
modalidades de lutas, entretanto tais provas eram extremamente disputadas e 
algumas deveras perigosas. 
Verificamos também que os jogos da antiguidade eram realizados em 
várias cidades, porém o mais popular eram os Jogos Olímpicos, realizados em 
Olímpia. Os gregos se preparavam para as competições através de árduo 
treinamento que incluíam inclusive o cuidado de si, ou seja, o 
autoconhecimento. 
As recompensas que os campeões da época recebiam, em forma de 
ramos de louros ou oliveira, homenagens e privilégios, não se comparam com 
as recompensas financeiras de hoje, visto que o profissionalismo atingiu o 
esporte atual, trazendo consigo todos os benefícios e malefícios dessa prática. 
Observamos que as mulheres não tinham permissão para participar dos 
jogos, situação totalmente revertida nos programas dos Jogos Olímpicos da 
Modernidade, em que cada edição o sexo feminino foi ganhando o direito de 
participação integral. 
Percebemos que existia um método de treinamento dos atletas para os 
jogos, mas de forma empírica e rudimentar. Na atualidade, com o advento da 
medicina, da fisiologia e do treinamento desportivo, a preparação dos 
competidores é assombrosamente superior. 
Infelizmente, o sentido dos Jogos da Antiguidade, de celebrar e de não 
apenas competir, vem sendo pouco lembrado. 
Como legado positivo, observamos que muitas provas e modalidades de 
lutas daquele período sobreviveram até hoje. 
O Pentatlo, que continha às provas de lançamento do disco, salto em 
extensão, lançamento de dardo, corrida de velocidade e luta, alterou suas 
provas, e atualmente conhecido como Pentatlo Moderno, é composto de uma 
prova com cavalos, duelo com pistolas de fogo e espada, nado e corrida. Como 
se vimos, do Pentatlo original, somente a corrida permaneceu, mesmo assim 
alterada, pois na antiguidade era uma prova de velocidade, e hoje é uma prova 
de resistência. 
O grupo de provas de lutas dos Jogos Olímpicos da Antiguidade era 
constituído de Luta, Pugilato e o Pancrácio (mistura de pugilato e luta). A luta 
foi sistematizada e dela brotaram a Luta Greco-Romana e a Luta Livre. Do 
Pugilato, surgiu o Boxe atual. Ambas modalidades de combate (Luta Greco-
Romana, Luta Livre e Boxe) fazem parte do programa dos jogos modernos. O 
Pancrácio influenciou várias formas de luta contemporâneas, dentre elas o Vale 
Tudo, também conhecido como Mix Marcial Arts (Artes Marciais Mistas - MMA). 
Como observamos, os gregos influenciaram muito nos Jogos Olímpicos 
da era Moderna. Os princípios do atletismo moderno "mais rápido, mais alto e 
mais forte" ("citius, altius e fortius"), relativos aos atos de correr, pular e 
arremessar, foram instituídos em 1896, porém a filosofia contida neste lema 
está presente desde 776 a C. quando os jovens e soldados gregos competiam 
na busca da glória olímpica. 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
CRI. Memórias olímpicas. Disponível em: 
<http://portuguese.cri.cn/183/2006/09/11/1@51074.htm>. Acesso em 13 de 
janeiro de 2011. 
DISCOVERY. Pancrácio. Disponível em: 
<http://www.discoverybrasil.com/artes_marciais_home/europe_intro/europe_pa
ncracio/index.shtml>. Acesso em: 13 de janeiro de 2011. 
FAPESP. Os desafios de Olímpia. Revista da FAPESP. Disponível em: 
<http://www.revistapesquisa.fapesp.br/site_teste/?art=4114&bd=1&pg=1&lg=> 
Aceso em 24 de janeiro de 2011. 
FIGUEIREDO, A. A. A. A Institucionalização do Karate. Tese de Doutorado 
em Motricidade Humana. Lisboa: Universidade Técnica de Lisboa, 2006. 
FPPM. A história do pentatlo. Disponível em: 
<http://www.fppm.pt/historiapentatlo.pdf>. Acesso em 13 de janeiro de 2011. 
FRANCHINI, E. As modalidades de combate nos jogos olímpicos 
modernos. Disponível em: <http://olympicstudies.uab.es/brasil/pdf/79.pdf > 
Acesso em 12 de fevereiro de 2011. 
FREITAS, A. BARRETO, M. Almanaque Olímpico Sportv. Rio de Janeiro: 
Casa da Palavra: COB Cultura, 2008. 
GODOY, L. Os Jogos Olímpicos na Grécia Antiga. São Paulo: Nova 
Alexandria, 1996. 
OLIMPIA. Os jogos olímpicos na antiga Grécia. Disponível em: < 
http://olimpia776.warj.med.br/txt05.html>. Acesso em 13 de janeiro de 2011. 
OLIMPIADASUOL. Olimpíadas da Grécia Antiga. Disponível em: 
<http://olimpiadas.uol.com.br/2008/historia/grecia/arremesso-disco.jhtm>. 
Acesso em 13 de janeiro de 2011. 
WIKIPEDIA. Jogos Olímpicos da Antiguidade. Disponível 
em:<http://pt.wikipedia.org/wiki/Jogos_Ol%C3%ADmpicos_da_Antiguidade>. 
Acesso em 12 de janeiro de 2011. 
 
 
PARTE II: OS JOGOS DA ERA MODERNA E AS MODALIDADES DE LUTAS 
INTEGRANTES DO PROGRAMA OLÍMPICO. 
 
Citius, Altius, Fortius 
Lema Olímpico 
 
 
 Nesta parte do livro, mais especificamente no capítulo III, são 
apresentados o histórico, os lemas, as sedes, mascotes, quadros de medalhas 
e curiosidades acerca dos Jogos Olímpicos da Era Moderna. Nos capítulos IV a 
IX são descritas as modalidades de lutas integrantes do programa olímpico, 
são elas: Boxe, Esgrima, Judo, Karate, Luta e Taekowdo. Nestes capítulos são 
apresentadas as origens, conceitos, principais fundamentos, curiosidades e 
aplicações para a Educação Física Escolar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
III JOGOS OLÍMPICOS DA ERA MODERNA 
 
Bruno Feitosa Policarpo 
Luiza Lúlia Feitosa Simões 
 Jefferson Campos Lopes 
 
Amizade, respeito e excelência 
Valores Olímpicos 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
A cultura ocidental deve muito aos antigos gregos. O legado deixado 
por essa civilização ainda hoje ecoa, com influência em setores tão distintos 
como a medicina, a geometria, a física, a arquitetura e o teatro, entre outros. 
Quando o assunto é esporte olímpico,as marcas se tornam ainda mais 
evidentes. Se o planeta, desde o fim do século IXX, celebra a cada quatro anos 
o maior evento esportivo da humanidade, isso só é possível porque, tempos 
atrás, há mais de 2.500 anos, os gregos lançaram a semente das Olimpíadas. 
Datam de 776 a.C. os primeiros registros históricos das Olimpíadas, 
época em que os vencedores começaram a ter seus nomes registrados. O 
termo “Olimpíadas” surgiu após o rei de Ilia, Iftos aliar-se ao monarca de 
Esparta, Licurgo, e ao rei de Pissa, Clístenes. No templo de Hera, a aliança foi 
selada, localizado no santuário de Olímpia (LOUREIRO; CARNEIRO, 2010). 
Ficou acertado que as Olimpíadas seriam realizadas a cada quatro 
anos. As competições eram vetadas às mulheres, que não podiam nem mesmo 
assistir às disputas, com exceção das sacerdotisas de Dêmetra. A tradição das 
Olimpíadas, entretanto, sofreria um duro golpe com a invasão dos romanos à 
Grécia, em 456 a.C.. Assim, a última Olimpíada da Era Antiga foi realizada em 
393 a.C. (LOUREIRO; CARNEIRO, 2010). 
Foram necessários mais de um milênio e meio para que alguém tivesse 
a ideia de resgatar uma competição como nas Olimpíadas Antigas. O sonho de 
que o mundo pudesse juntar-se de tempos em tempos em um grande evento 
esportivo, coube a um pedagogo/historiador francês. 
Nesse contexto, o capítulo discorrerá sobre os Jogos Olímpicos da Era 
Moderna, enfatizando acontecimentos, ao longo da história, que contribuíram 
para transformar tal evento esportivo numa dimensão planetária, na qual se 
encontra atualmente. Inicialmente, abordaremos fatos históricos que nos 
últimos milénios provocaram o surgimento, a proibição e uma nova realização 
dos Jogos Olímpicos, assim como a exposição de todas as sedes das edições 
dos Jogos na Era Moderna; em seguida, apresentaremos os Símbolos 
Olímpicos que foram criados para representar os jogos e seus ideais, por fim, 
faremos considerações sobre o esporte como um componente crucial da 
sociedade contemporânea e seu legado olímpico. 
 
2. RECORTES HISTÓRICOS DOS JOGOS OLÍMPICOS 
 
De acordo com registros oficiais, a celebração dos Jogos Olímpicos 
durou até o ano de 393 d. C., quando, por questões religiosas, a celebração foi 
banida pelo imperador romano, Teodósio I. A sua volta acontece quando os 
jogos foram reeditados em 1896, na cidade de Atenas, por iniciativa do 
educador francês Pierre de Frédy, o Barão de Coubertin (1863-1937) 
(INTERNACIONAL OLYMPIC COMMITTEE, 2016). 
O projeto de restauração dos Jogos Olímpicos como na Grécia 
Helênica foi apresentado em 25 de novembro de 1892, na ocasião do 5° 
aniversário da União das Sociedades Francesas de Esportes Atléticos, que 
teve como paraninfo o Barão de Coubertin. Naquela ocasião, ele manifestou 
seu desejo e intenções com relação aos Jogos: “É preciso internacionalizar o 
esporte. É necessário organizar novos Jogos Olímpicos” (LÓPEZ, 1992, p.21). 
Foi a paixão pelo esporte e pela educação a grande motivação da vida 
do francês batizado Pierre de Frédy. Nascido em uma família aristocrata 
parisiense, em 1863. Abandonou os planos de uma carreira militar por suas 
convicções sobre pedagogia e seu interesse por história. Sem acreditar no 
poder das armas e pregando a educação, tomou para si o desafio de fazer uma 
grande reforma no sistema de ensino francês. Seu principal combustível seria 
sua idealização da prática de esportes e da cultura corporal nas civilizações 
gregas antigas (AMARO, 2015). Coubertin começou por Paris. Primeiro, criou a 
liga de educação física francesa. Ainda na sua busca da educação pelo 
esporte, ele fez uma viagem aos Estados Unidos, onde ficou por quatro meses. 
Lá, conheceu um grande aliado, William de Sloane. O historiador/professor de 
línguas acreditou no sonho de Pierre, e como um dos maiores entusiastas do 
olimpismo fundou o Comitê Olímpico Americano (COUSINEAU, 2004). 
Assim, em junho de 1894, na Sorbonne, em Paris, diante de uma 
plateia que reunia aproximadamente duas mil pessoas, das quais 79 
representavam sociedades esportivas e universidades de 13 nações, teve 
início o congresso esportivo-cultural, no qual Coubertin apresentou a proposta 
de recriação dos Jogos Olímpicos. Foi criado então um Comitê Olímpico 
Internacional (COI), formado por 14 membros. O presidente era o grego 
Dimitrios Bikelas, delegado da Sociedade Pan-Helênica de Ginástica. 
Coubertin assumiu a secretaria geral. Esse comitê se reuniu para definir aquilo 
que ainda hoje constitui a base da Carta Olímpica. (COUBERTIN, 2000). 
A partir da carta olímpica, nasceu o que chamamos de Olimpismo que 
não era um sistema de tipo institucional, mas encarnava uma postura ética do 
indivíduo e, a partir dele, de toda a humanidade. Dessa forma essa Educação 
Olímpica repousa ao mesmo tempo sobre ‘o culto ao esforço físico e o culto à 
harmonia - no gosto, portanto, pelo excesso em justaposição à moderação’. 
 Certa vez, em 1918, Coubertin respondeu com a seguinte definição 
sobre o que era a Educação Olímpica: “É a religião da energia, o cultivo de 
intensa vontade desenvolvido através da prática de esportes masculinos, com 
base na higiene adequada e espírito público, rodeado de arte e pensamento” 
(COUBERTIN, 2000, p.493). 
Podemos verificar que a Educação Olímpica tenta prover uma 
educação universal ou desenvolvimento do indivíduo humano como um todo, 
em contraste com a educação cada vez mais especializada. 
Consequentemente, a Educação Olímpica somente pode se basear nos 
valores fundamentais da personalidade humana (MÜLLER, 2009, p.349). 
A Educação Olímpica de Pierre de Coubertin se multiplicou num legado 
internacional que foi muito além dos países e suas culturas, abrangendo a 
humanidade, envolvendo todos os tipos de pessoas e suas instituições. O 
legado de Coubertin pode ser observado no IOC Charter (Carta do COI) em 
vigor desde 2007. 
Essa carta faz várias referências ao conteúdo e à forma de Educação 
Olímpica tais como (GODOY, 2002): a combinação de esporte com cultura e a 
educação como pedra fundamental do Olimpismo na introdução do documento; 
o objetivo do Movimento Olímpico é contribuir para a construção de um mundo 
melhor e repleto de paz, especialmente através da educação pelo esporte; o 
COI tem compromisso com a ética esportiva e em particular com o fair play e 
para isso dá apoio à IOA e outras instituições dedicadas à ‘Educação 
Olímpica’. A carta do COI obriga os Comitês Olímpicos Nacionais a promover 
o Olimpismo em todas as áreas da educação, por exemplo, adotar iniciativas 
independentes para ‘Educação Olímpica’ através das Academias Olímpicas 
Nacionais. 
 
3. SEDES DOS JOGOS OLÍMPICOS 
 
Estaremos descrevendo abaixo através de uma análise sucinta os 
acontecimentos mais importantes das olimpíadas modernas de 1896 a 2016, 
com intuito de descrever o que foi cada uma das olimpíadas (HE, 2009). 
Os I Jogos Olímpicos da Era Moderna foram realizados em 1896, em 
Atenas, na Grécia, e contaram com a participação de 14 países e 241 atletas 
(LOUREIRO; CARNEIRO, 2010). As principais competições foram sediadas no 
Estádio Olímpico de Atenas, réplica dos antigos estádios gregos. Foi uma festa 
esportiva improvisada devido aos poucos recursos da época. 
Foram disputadas provas de atletismo, esgrima, luta livre, ginástica, 
halterofilismo, ciclismo, natação (realizadas em mar aberto – Baía de Zea) e 
tênis (FERREIRA, 2010). 
O primeiro medalhista de ouro da história dos Jogos foi o americano 
James Connoly, no salto triplo, que só teve seu ouro contabilizado no quadro 
de medalhas anos mais tarde, pois os vencedores, em Atenas, eram premiados 
com um diploma, uma coroa de ramos de oliveira e uma medalha de prata; osegundo colocado ganhava um diploma, uma coroa de louros e uma medalha 
de bronze; já o terceiro e os demais atletas ganhavam apenas uma medalha 
comemorativa (BARRETO; FREITAS, 2008). 
Na segunda edição dos jogos, em Paris, no ano de 1900, participaram 
24 países com 997 atletas, destes, 22 mulheres (LOUREIRO; CARNEIRO, 
2010). 
O Barão de Coubertin teve um desgosto em seu país, pois contra sua 
vontade, as mulheres foram admitidas nos Jogos. As francesas, Madame 
Brohy e Madame Onier, tiveram a honra de ser as primeiras mulheres a 
competir, em uma partida de críquete. A primeira campeã olímpica foi um 
inglesa, a tenista Charlotte Cooper. Os Jogos de 1900 ficaram marcados 
também pela insatisfação com a organização e pela oficialização de alguns 
resultados questionáveis (BARRETO; FREITAS, 2008). 
Os III Jogos Olímpicos ocorreram pela primeira vez na América do 
Norte, em Saint Louis, nos Estados Unidos, em 1904. Participaram 651 atletas, 
contando com apenas seis mulheres, de 12 países (LOUREIRO; CARNEIRO, 
2010). Esses números foram sensivelmente inferiores aos da Olimpíada 
anterior em razão das dificuldades de mandar equipes para o outro lado do 
Atlântico, tomando como referência a Europa. 
Apenas 42 atletas não eram norte-americanos e pela primeira vez 
africanos participaram dos Jogos. O motivo é pitoresco, pois ambos os atletas 
(Len Tau e Jan Mashiani) estavam nos Estados Unidos para participar de uma 
exposição e resolveram competir na maratona. Em 1906, por questões de 
interesses políticos, a Grécia organizou uma Olimpíada de forma não oficial. O 
evento não teve destaque internacional, sendo que muitos países não 
estiveram presentes. Neste evento, fez parte um esporte muito curioso: o 
arremesso de pedras (BARRETO; FREITAS, 2008). 
Os IV Jogos Olímpicos tiveram como sede a cidade de Londres, em 
1908. Foram partícipes 22 países e 2.008 atletas, incluindo 37 mulheres 
(LOUREIRO; CARNEIRO, 2010). Embora houvesse muita chuva durante a 
maior parte das competições, como também intermináveis discussões sobre os 
seus resultados, ainda assim a festa desses jogos superou as Olimpíadas 
anteriores a estes. Os atletas passaram a receber medalhas verdadeiramente 
em ouro, prata e bronze. A cerimônia de abertura teve o desfile das delegações 
e a maratona cresceu em distância passando a ter os atuais 42.195m 
(BARRETO; FREITAS, 2008). 
Em 1912, em Estocolmo, na Suécia, aconteceram os V Jogos 
Olímpicos da Era Moderna, que contou com a participação de 28 países e 
2.407 atletas, destes, 48 mulheres (LOUREIRO; CARNEIRO, 2010). Foram os 
mais bem organizados até então. Os suecos souberam como divulgá-los e 
cuidaram de todos os detalhes técnicos necessários ao êxito de cada prova. O 
boxe esteve ausente, pois a lei sueca proibia a prática do esporte no país 
(BENEVIDES, 2010). Na maratona, foi registrada a primeira morte de um atleta 
(BARRETO; FREITAS, 2008). 
Em 1916, as Olimpíadas deveriam ocorrer na Alemanha. Porém, em 
função da Primeira Guerra Mundial, os VI Jogos Olímpicos foram cancelados. 
Pela primeira vez a bandeira olímpica foi hasteada, isso ocorreu na 
sétima edição dos jogos, na cidade de Antuérpia, na Bélgica, em 1920. 
Participaram 29 países e 2.626 atletas, incluindo 65 mulheres. (LOUREIRO; 
CARNEIRO, 2010). O juramento olímpico passou a fazer parte da cerimônia de 
abertura. Foi levado em conta que a Europa acabava de sair de uma guerra, os 
jogos tiveram êxito. Curiosamente, na Antuérpia, o tiro ao pombo também fez 
parte do quadro de jogos olímpicos. No ciclismo, a prova de estrada contou 
com um adversário inesperado: o trem, pois em seu percurso tinha uma 
passagem pela linha ferroviária (BARRETO; FREITAS, 2008). 
Os VIII Jogos Olímpicos foram sediados novamente em Paris, em 
1924. Um total de 44 países e 3.089 atletas, destes, 135 mulheres, 
participaram dos jogos (LOUREIRO; CARNEIRO, 2010). Dessa vez os 
franceses deram ao acontecimento o destaque que ele merecia, redimindo-se 
da má organização de 1900. 
O tênis foi excluído do programa olímpico em razão de seu processo 
de profissionalização (BENEVIDES, 2010). O lema olímpico ‘Citius, Altius, 
Fortius’ (mais rápido, mais alto e mais forte) foi proposto por Pierre de 
Coubertin em 1894. Porém, o lema só foi assumido oficialmente nesta edição 
dos jogos (BARRETO; FREITAS, 2008). 
Os IX Jogos Olímpicos, em Amsterdã, na Holanda, realizado em 1928, 
apresentaram 46 países e 2.883 atletas participantes, incluindo 277 mulheres 
(LOUREIRO; CARNEIRO, 2010). Nunca até então, as mulheres tinham 
representado papel tão importante nas competições. 
Foi a primeira edição dos Jogos organizada totalmente sem a 
participação do Barão de Coubertin. A seleção uruguaia de futebol voltou a 
brilhar, conquistando o bicampeonato ao vencer a Argentina. As provas de 
atletismo foram as que mais atraíram a atenção do público, mas vale registrar 
que os holandeses organizaram os jogos com dificuldades, dispondo de 
poucos recursos financeiros (BARRETO; FREITAS, 2008). 
Em 1932, os jogos, em sua décima edição, voltam a cruzar o Atlântico 
e se realizam em Los Angeles, Estados Unidos. Os jogos foram compostos por 
37 países e 1.332 atletas participantes, destacando-se 126 mulheres 
(LOUREIRO; CARNEIRO, 2010). 
O mesmo problema de 1904, a dificuldade que os europeus tinham 
para mandar equipes numerosas à América, voltou a contribuir para que o 
número de inscrições fosse baixo. Todavia, o êxito técnico foi indiscutível. Os 
norte-americanos remodelaram seu belo estádio - o Coliseu de Los Angeles - 
especialmente para a ocasião. Pela primeira vez, uma Vila Olímpica foi 
construída para uma edição dos Jogos (BARRETO; FREITAS, 2008). 
Os XI Jogos Olímpicos foram realizados na cidade de Berlim, 
Alemanha, em 1936, em pleno regime nazista. Participaram 49 países e 3.963 
atletas, incluindo 331 mulheres (LOUREIRO; CARNEIRO, 2010). 
Os jogos foram transformados num gigantesco instrumento de 
propaganda do governo nazista, com o próprio Hitler acompanhando de perto 
todos os detalhes da organização. Movido pela ideia de superioridade da raça 
ariana, o chanceler alemão, não ficou para a premiação do atleta norte-
americano negro Jesse Owens, que ganhou quatro medalhas de ouro. O 
basquete masculino estreou no programa olímpico com jogos disputados em 
quadra de tênis adaptada (BENEVIDES, 2010). Os alemães superaram em 
tudo os organizadores anteriores, mas não colheram os melhores resultados, 
como esperavam (BARRETO; FREITAS, 2008). 
Pelo fato do mundo estar mergulhado na II Guerra Mundial, não 
ocorreram jogos nos anos de 1940 e 1944, seriam as edições XII e XIII da 
competição. 
Os XIV Jogos Olímpicos, realizados pela segunda vez em Londres, no 
ano de 1948, foram compostos por 59 países e 4.104 atletas participantes, 
destes 390 mulheres. (LOUREIRO; CARNEIRO, 2010). Na opinião da maioria 
dos observadores, os efeitos da guerra ainda eram muito acentuados para que 
uma competição esportiva de caráter mundial se realizasse com êxito, apesar 
disso, os ingleses esmeraram-se na organização. O bloco de apoio do 
atletismo, no momento da largada, foi introduzido. A primeira deserção de 
atleta olímpico para o ocidente foi da tcheca Marie Provaznikova, que alegaria 
falta de liberdade expressão em seu país (BARRETO; FREITAS, 2008). 
A cidade de Helsinque, na Finlândia, em 1952 teve a honra de sediar 
os XV Jogos Olímpicos, com a presença de 69 países e 4.955 atletas 
participantes, destes, 519 mulheres (LOUREIRO; CARNEIRO, 2010). 
Organização perfeita, assistência técnica moderna, hospitalidade e muita 
ordem caracterizam o trabalho dos finlandeses. 
Os jogos marcaram o ingresso da URSS ao

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