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Análise de Projetos e Investimentos Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Dr. Marcos Crivelaro Revisão Textual: Profa. Ms. Luciene Oliveira da Costa Santos Projetos 5 • Principais Conceitos • Gerenciamento de Projetos • Estruturas Organizacionais • Escritório de Projetos • Estudo de Caso · A proposta desta unidade é apresentar os conceitos e as práticas empresariais relacionadas à gestão de projetos com foco em investimentos. Nesta unidade, serão apresentados os conceitos e as ideias básicas da gestão de projetos. O objetivo é apresentar e ilustrar com situações práticas a importância dos resultados obtidos na gestão de projetos bem executada para as empresas. Para o melhor aprendizado, é muito importante que você leia e estude o material teórico da unidade e a bibliografia recomendada. Também é fundamental que você participe das atividades propostas. Projetos 6 Unidade: Projetos Contextualização A gestão de projetos é de fundamental importância porque está presente em todos os setores de atividade. Por meio dele são realizadas atividades como a administração de materiais, a contratação de serviços e as compras organizacionais. Dentre exemplos de projeto, é possível citar: construção de um novo prédio, elaboração de um novo livro, desenvolvimento de um novo software, mudanças organizacionais e construção de um novo estádio de futebol. Os projetos passam ao longo do tempo por fases. O ciclo de vida do projeto é composto por fases, que são determinadas por características específicas e necessidades de cada projeto. Quantidade de fases de um projeto depende da sua complexidade e da área, mas, de um modo geral, elas são em número de quatro: início do projeto, planejamento e organização do trabalho do projeto, execução do trabalho do projeto, encerramento do projeto. Cada organização tem a sua própria maneira de conduzir projetos, possuindo estruturas das mais variadas possíveis de acordo com a regra de cultura organizacional. O escritório de projetos é o departamento da organização responsável por gerenciar os projetos sob sua competência. 7 Principais Conceitos Projeto As realidades que envolvem os projetos fazem parte do cotidiano das corporações, do poder público, das pessoas, das famílias; enfim, de toda sociedade. Eles envolvem pessoas, processos, ferramentas e práticas, sem as quais não é possível atingir os objetivos ligados a ele. Mas o que é um Projeto? Dinsmore e Barbosa (2009) afirmam que um projeto é um empreendimento único temporário, ou seja, com início e fim determinados, utilizando recursos e conduzido por pessoas, com a finalidade de criar um produto ou serviço único. Monteiro (2008) menciona a definição de projeto dada pelo Conjunto de Conhecimento para Gestão de Projetos (PMBOK – Project Management Body of Knowledge) como empreendimento de caráter temporário com atividades relacionadas e executadas progressivamente para atingir uma meta definida, com um produto ou serviço único. Diante das exposições desses autores, é possível afirmar que projeto é um esforço temporário empreendido para criar um produto, serviço ou resultado exclusivo. A natureza temporária dos projetos indica que eles têm um início e um término definidos. O término é alcançado quando os objetivos do projeto são atingidos ou quando o projeto é encerrado porque os seus objetivos não serão ou não podem ser alcançados, ou quando a necessidade do projeto deixar de existir. Um projeto também poderá ser encerrado se o cliente (cliente, patrocinador ou financiador) desejar encerrá-lo. Temporário não significa necessariamente de curta duração. O termo se refere ao engajamento do projeto e à sua longevidade. O termo temporário normalmente não se aplica ao produto, serviço ou resultado criado pelo projeto; a maioria dos projetos é empreendida para criar um resultado duradouro. Por exemplo, um projeto de construção de um monumento nacional criará um resultado que deverá durar séculos. Os projetos também podem ter impactos sociais, econômicos e ambientais que terão duração mais longa que os projetos propriamente ditos. É consenso pelo menos três características inerentes à definição de projeto. São elas: Temporal Esta característica denota a limitação de tempo inerente a um projeto, ou seja, ele tem “dia e hora” para iniciar e para acabar. Exclusividade O entregável, seja produto, seja serviço, produzido por um projeto é algo único, exclusivo, diferente de qualquer outro produto ou serviço já visto. Objetiva Um projeto sempre tem um meta/objetivo definido. 8 Unidade: Projetos Dentre exemplos de projeto, é possível citar: construção de um novo conjunto de edifícios, elaboração de um novo manual, desenvolvimento de um novo aplicativo de celular, mudanças organizacionais em uma prestadora de serviços e construção de um novo complexo esportivo. Atenção Um projeto sempre remete a criação de algo novo, nunca visto. Esta é até uma das características do projeto. Pense em cinco projetos que uma empresa pode executar e reflita sobre qual é o entregável deste projeto. Atente para o detalhe que este entregável pode ser um produto ou serviço. Programa Programa é um grupo relacionado e coordenado de projetos para a obtenção de uma meta que não seria possível de se alcançar caso os projetos ocorressem de modo individual e independentes (HELDMAN, 2009; FERNANDES & ABREU, 2012). Pode-se citar como exemplo um programa habitacional para a construção de moradias para população de baixa renda. Esse programa deve ser composto de uma série de projetos, que juntos corroboram com a meta do programa. Os projetos que poderiam compor este programa seriam: projeto e construção de edifícios; projeto para adequação da infraestrutura de ruas e avenidas de acesso; projeto de modernização da rede elétrica, de água, de esgoto e de telefonia; projeto de melhoria no sistema educacional da redondeza (creches e escolas); dentre outros. Portfólio Segundo Heldman (2009), portfólios são conjuntos de programas e projetos que sustentam metas e objetivos das organizações. Os projetos e os programas que integram este portfólio não estão, necessariamente, interligados ou relacionados, gerando uma relação de dependência. Por exemplo, uma mesma corporação pode ter em seu portfólio alguns projetos e programas voltados para a construção de edifícios residenciais, prédios comerciais e escolas estaduais. Esses projetos e programas citados não têm, necessariamente, uma relação direta e de dependência. Fernandes e Abreu (2012) mencionam que portfólio é um conjunto de projetos e/ou programas agrupados com o intuito de facilitar a gestão efetiva do trabalho no atendimento aos objetivos estratégicos e refletindo objetivos estratégicos. São características de um portfólio: abrangência de ações atuais e futuras; tem características temporárias; coexistência de diversos portfólios. 9 A relação entre portfólio, programas e projetos está esboçada na Figura 1. Figura 1 – Relacionamento entre Portfólio, Programas e Projetos Portifólio Projetos Outros Trabalhos Programas Projetos Fonte: Elaborado pelo autor Operações O gerenciamento de operações é um tema que está fora do escopo de gerenciamento formal de projetos como descrito neste padrão. O gerenciamento de operações é uma área de gerenciamento preocupada com a produção contínua de mercadorias e/ou serviços. Seu objetivo é assegurar que as operações de negócios continuem de forma eficiente por meio do uso dos melhores recursos necessários e pelo atendimento às exigências dos clientes. Além disso, preocupa-se com o gerenciamento dos processos que transformam entradas (p.ex., materiais, componentes, energia e mão de obra) em saídas (p.ex., produtos, mercadorias e/ou serviços). Diferente dos projetos, as operaçõessão contínuas e repetitivas. Elas não têm uma data de término, além de produzir sempre os mesmos resultados. Um bom exemplo é a definição do design e construção de um novo modelo de carro, que é um projeto, diferente da fabricação em série desse mesmo modelo que é uma operação. Atenção Programa é um conjunto de projetos. Portfólio é um conjunto de projetos e programas. Os projetos integrantes de um programa colaboram para que uma meta seja atingida. 10 Unidade: Projetos Ciclo de Vida do Projeto Os ciclos de vida do projeto são semelhantes aos ciclos experimentados pelos pais ao acompanhar o crescimento de seus filhos até a fase adulta. Os filhos começam como bebês e dão muita alegrias aonde quer que vão. Entretanto, a princípio não os conhecemos muito bem. Assim, nós os acompanhamos em seu crescimento e avaliamos suas necessidades. Com o passar do tempo, eles amadurecem e crescem, até o dia em que a responsabilidade dos pais em relação a eles termina. Os projetos começam exatamente do mesmo modo e percorrem uma trajetória semelhante. Alguém apresenta uma excelente ideia para um projeto e solicita apoio para tal. Depois de aprovado, o projeto passa pelas fases intermediárias até a fase final, quando é concluído e encerrado (HELDMAN, 2009, p.24). Ciclo de vida do projeto é a série de fases pelas quais um projeto passa do início ao término. As fases são, geralmente, sequenciais e os seus nomes e números são determinados pelas necessidades de gerenciamento e controle da(s) organização(ões) envolvida(s) no projeto, a natureza do projeto em si e sua área de aplicação. As fases podem ser desmembradas por objetivos funcionais ou parciais, resultados ou entregas intermediárias, marcos específicos no escopo geral do trabalho, ou disponibilidade financeira. As fases são, geralmente, limitadas pelo tempo, com um início e término ou ponto de controle. Um ciclo de vida pode ser documentado em uma metodologia. O ciclo de vida do projeto pode ser definido ou moldado de acordo com aspectos exclusivos da organização, setor ou tecnologia empregada. Embora todos os projetos tenham um início e um fim definidos, as entregas e atividades específicas conduzidas neste ínterim poderão variar muito de acordo com o projeto. Importante! É importante destacar que o ciclo de vida do projeto é independente do ciclo de vida do produto produzido ou modificado pelo projeto. Entretanto, o projeto deve levar em consideração a fase atual do ciclo de vida do produto. 11 Premissa e Restrição Premissas são suposições consideradas verdadeiras, certas e reais para propósitos de planejamento, afetando diversos aspectos do projeto. Elas têm um profundo envolvimento com a gestão de riscos de um projeto. Por exemplo, se uma determinada taxa de juros de um financiamento internacional está estável há mais de um ano, estipula-se a premissa desse patamar de juros na contratação de um novo empréstimo até o final deste trimestre e ele é fundamental para o início de um novo projeto. Restrições são fatores limitantes para a equipe de projeto e do gerente de projetos. Por exemplo, se, em uma determinada negociação de exportação de carne bovina, são detectados alguns rebanhos com saúde comprometida, essas áreas sofrem restrições à exportação até que o problema tenha sido resolvido. Sucesso em Projetos e Restrição Tripla Um projeto é considerado um sucesso quando atende um perfeito equilíbrio entre três itens: prazo, custo e escopo. Seja qual for a combinação das três restrições, sempre deverá levar- se em conta o adequado equilíbrio no intuito de alcançar a satisfação do cliente, dentro da qualidade almejada por ele. Essas três restrições podem impactar os objetivos e o sucesso dos projetos e, também, cada uma delas pode influenciar nas outras: Diminuindo-se o prazo do projeto, haverá um aumento de custo ou uma redução do escopo. Diminuindo-se o custo, haverá um aumento do prazo ou redução no escopo. Aumentando-se o escopo, haverá um aumento de prazo ou aumento de custo do projeto. Figura 2 – Restrição tripla Qualidade e satisfação do cliente Prazo Custo Es co po Fonte: Adaptado de Monteiro (2008) Motivações para Projetos As organizações existem para gerar lucros ou atender ao público. Para permanecerem competitivas, as organizações estão sempre examinando novas maneiras de gerar negócios, novas formas de ganhar eficiência ou novos métodos de atender aos clientes. Às vezes, são aprovadas leis que as obrigam a tornar seus produtos mais seguros ou proteger o ambiente. Projetos poderiam resultar de qualquer uma dessas necessidades bem como dos requisitos de negócio, oportunidades ou problemas (HELDMAN, 2009, p.56). 12 Unidade: Projetos Gerenciamento de Projetos Conceito de Gerenciamento de Projetos Gerenciamento de projetos é a aplicação de conhecimentos, habilidades, ferramentas e técnicas às atividades do projeto a fim de cumprir os seus requisitos. A aplicação do conhecimento requer o gerenciamento eficaz dos processos de gerenciamento do projeto. Um processo é um conjunto de ações e atividades inter-relacionadas que são executadas para criar um produto, serviço ou resultado pré-especificado. Cada processo é caracterizado por suas entradas, ferramentas e técnicas que podem ser aplicadas, e as saídas resultantes. O gerente de projetos deve levar em consideração os ativos de processos organizacionais e os fatores ambientais da empresa. Eles devem ser considerados para todos os processos, mesmo que não estejam, explicitamente, listados como entradas na especificação do processo. Os ativos de processos organizacionais fornecem diretrizes e critérios para adequação dos processos da organização às necessidades específicas do projeto. Os fatores ambientais da empresa podem restringir as opções de gerenciamento do projeto. Rabechini e Pessoa (2005) mencionam três competências no gerenciamento de projetos: Individuais Habilidades individuais na resolução de problemas envolvendo projetos. Equipe Habilidades das equipes na resolução de problemas multidisciplinar envolvendo projetos. Empresa Capacidade de criação de um ambiente em que exista um envolvimento entre equipes e indivíduos. Os processos do projeto são executados pela equipe do projeto com a interação das partes interessadas e, em geral, podem ser classificados em uma de duas categorias principais: Processos de gerenciamento de projeto: esses processos garantem o fluxo eficaz do projeto ao longo da sua existência. Além disso, abrangem as ferramentas e técnicas envolvidas na aplicação de habilidades e capacidades descritas nas áreas de conhecimento. Processos orientados a produtos: esses processos especificam e criam o produto do projeto. Os processos orientados a produtos são, normalmente, definidos pelo ciclo de vida do projeto e variam de acordo com a área de aplicação e a fase do ciclo de vida do produto. 13 Gerente de Projetos O gerente de projetos é a pessoa alocada pela organização executora para liderar a equipe responsável por alcançar os objetivos do projeto. O papel do gerente de projetos é diferente de um gerente funcional ou gerente de operações. Normalmente, o gerente funcional se concentra em proporcionar a supervisão de gerenciamento de uma unidade funcional ou de negócios e os gerentes de operações são responsáveis pela eficiência das operações de negócios. O gerenciamento da integração do projeto inclui fazer escolhas sobre alocação de recursos, concessões entre objetivos e alternativas conflitantes e gerenciamento das dependências mútuas entre as áreas de conhecimento de gerenciamento de projetos. Para que o Gerenciamento de Projetos seja eficaz, é necessário que haja uma ação efetiva de um Gerente de Projetos, que zele pelos níveis de qualidade desejados pelo cliente, bemcomo por prazos, custo e cumprimento de especificações. A comunicação é uma das principais habilidades. Um bom gerente tem que ser um bom comunicador e extremamente hábil em trocar informações, seja na comunicação oral, escrita, interna, externa, formal, informal ou vertical. Gerenciamento de Portfólio e Gerenciamento de Programas Gerenciamento de um Programa segundo Fernandes e Abreu (2012) é a gestão coordenada e centralizada de um programa, visando atingir os seus benefícios e metas estratégicas. Os profissionais mais experientes em gerenciamento de projetos sabem que não há uma única maneira de gerenciar um projeto. Eles aplicam conhecimentos em gerenciamento de projeto, habilidades e processos necessários em uma ordem preferida e rigor variado para alcançar o desempenho desejado do projeto. Figura 3 – Contexto organizacional do Gerenciamento de Portfólio Visão Missão Estratégia e objetivos organizacionais Recursos organizacionais Planejamento e gerenciamento das operações Planejamento e gerenciamento do portfólio de projetos Gerenciamento das operações (Atividades recorrentes) Gerenciamento de programas e projetos (Atividades projetizadas) Fonte: Adaptado de Fernandes e Abreu (2012) 14 Unidade: Projetos Os gerentes de portfólios podem gerenciar ou coordenar o pessoal de gerenciamento de portfólios, ou o pessoal de programas e projetos que possam ter responsabilidades de entrega de relatórios para compor o portfólio agregado. Os gerentes de portfólio monitoram, continuamente, as mudanças nos ambientes interno e externo mais amplos. Os gerentes de portfólios criam e mantêm comunicação e processos necessários ao portfólio global. O gerenciamento do portfólio, juntamente com o gerenciamento das operações, trabalha para que as metas organizacionais sejam alcançadas a partir dos recursos organizacionais utilizadas nas atividades recorrentes (Operações) e nas atividades projetizadas (Projetos). Maturidade na Gestão de Projetos Profissionais experientes que, de maneira contínua, trabalham na gestão de projetos desenvolvendo um conjunto de atividades, de ordem repetitiva, garantem a alta probabilidade de sucesso nos projetos e, por conseguinte, a maturidade na gestão de projetos. Não há regra referente ao tempo que cada organização atingirá sua maturidade. A percepção da necessidade de Gestão de Projetos é que definirá sua agilidade. Essa maturidade pode ser medida por meio de modelos que permitem medir o estágio da corporação na gestão de seus projetos, demonstrando que busca uma evolução contínua de melhoria. Muitos modelos de maturidade em gerenciamento de projetos foram surgindo ao longo de pelo menos duas décadas. Os mais conhecidos são: Project Management Maturity Model (PMMM), Organization Project Management Maturity Model (OPM3) e KPMMM (Kerzner Project Management Maturity Model). Project Management Maturity Model (PMMM) concebido pelo Center for Business Practices leva em consideração nove áreas da gestão de projetos: escopo, integração, tempo, custo, qualidade, recursos humanos, comunicações, risco e aquisição. A avaliação do grau de maturidade é baseada em cinco níveis: processos iniciais, processos e padrões estruturados, padrões organizacionais e institucionalização do gerenciamento de projeto, gerenciado e otimizado. Organization Project Management Maturity Model (OPM3): criado pelo Project Management Institute (PMI), sendo utilizado conjuntamente com o Project Management Body of Knowledge (PMBOK). Esse modelo estabelece um checklist para verificar o estágio de competência das organizações (JUCÁ JUNIOR et al, 2010). KPMMM (Kerzner Project Management Maturity Model): desenvolvido pelo Dr. Harold Kerzner, alinhado ao PMBOK e ao PMI, é composto por cinco níveis de maturidade: linguagem comum, processo comum, metodologia única, benchmarking e melhoria contínua. É avaliado por um questionário contendo 183 questões. 15 Estruturas Organizacionais Conceitos Como uma organização deve conduzir seus projetos? Certamente, não existe uma estrutura única. Cada organização tem a sua própria maneira de conduzir projetos. Não existe um modelo ideal de estrutura organizacional; o importante é que ela funcione de maneira eficaz, atingindo os objetivos e cumprindo a missão da organização. As estruturas organizacionais que gerenciam os projetos, normalmente, são enquadradas em uma das três modalidades: linear, funcional, projetizada e matricial. Segundo Heldman (2009), um gerente de projeto tem o seu nível de autoridade dentro da corporação, totalmente, dependente da estrutura organizacional existente. Estrutura Organizacional Linear Comum em empresas pequenas, onde não há diversificação do trabalho. Pouca especialização e trabalhos menos complexos. Total autoridade do chefe. Rígida unidade de comando. Todos os órgãos são estruturados sob uma única linha de subordinação. Há centralização das decisões. As linhas formais de comunicação, geralmente, com fluxo descendente. Estrutura Organizacional Funcional Este é o tipo de estrutura mais comum e mais antigo nas corporações, conhecido, também, como método tradicional de organização. São centradas em especializações e agrupadas por função. A organização se divide segundo diferentes funções, como: produção, finanças, recursos humanos, marketing etc. Objetivos desta estrutura são a longo prazo. Tem uma configuração hierárquica, possuindo relação subordinação, em que um funcionário responde a outro acima dele, que responde a outra, até que se chegue à última instância. Existe uma chefia para cada função, de modo que os subalternos exerçam mais de uma função, ficando sob o mando de mais de um chefe. Cada departamento é administrado independente do outro e com um controle limitado. Os recursos humanos alocados em cada um dos departamentos possuem elementos comuns e experiências semelhantes. A Figura 4 mostra um organograma de uma estrutura organizacional funcional. Figura 4 – Estrutura Organizacional Funcional Direção Compras Comercial TI Produção Marketing PessoalPessoalPessoalPessoalPessoal Fonte: Elaborado pelo autor 16 Unidade: Projetos As principais vantagens deste tipo de organização são: Promove o aperfeiçoamento; Facilita a especialização, nos escalões hierárquicos superiores; Facilita o trabalho em equipe (formação de equipes); Dá maior flexibilidade de adaptação à empresa; O especialista sente-se mais valorizado; As principais desvantagens deste tipo de organização são: Gerente de projeto tem pouca ou nenhuma autoridade, principalmente em projetos multifuncionais; Funcionários dão maior ênfase ao trabalho técnico de sua área do que aos projetos da organização; Não existem carreiras de gerente de projetos; Muitas chefias, causando confusão; Não há unidade de mando, o que dificulta a disciplina; Muitas chefias, causando confusão; Não há unidade de mando, o que dificulta a disciplina; Estrutura Organizacional Projetizada Esta é a estrutura mais simpática para os projetos. Diferentemente da estrutura funcional, o gerente de projetos tem uma grande autoridade, quase que absoluta, sendo, na maioria das situações, subordinado diretamente à Direção. O foco da organização é o próprio projeto, ao invés de especialidades de cada área funcional. Os recursos organizacionais são dedicados aos projetos e a seus objetivos, respondendo diretamente aos gerentes de projetos. Problemas: Aparecimento de uma estrutura nova, transitória e muito visível desconcerta a organização normal; Serviços se duplicam e os recursos são utilizados ineficientemente; Permanência no emprego ameaçada, quando do término do projeto, ou a carreira do pessoal comissionado. Nessa estrutura, as outras funções (recursos humanos, financeira, contabilidade,dentre outras) são enxergadas como apoio e algumas vezes respondendo direto para os gerentes de projeto. As principais vantagens desta estrutura são: Criação de uma estrutura temporária e pequena, onde o gerente de projetos é dotado de poder decisório e com recursos sob sua gerência; Comunicação mais eficaz entre a equipe de projeto com clara compreensão de seu objetivo concreto. No entanto, devemos assinalar que a organização interna do projeto é funcional, com equipes se dividindo em áreas funcionais; Clara compreensão de seu objetivo é a concentração dos esforços sobre ele, criando um forte espírito de equipe e gerando maior eficiência nos projetos. 17 As principais desvantagens deste tipo de estrutura são: Ociosidade indesejada, porque os recursos podem não ter outro trabalho (projeto) quando o projeto acaba; Problemas como a alocação e manutenção de recursos nas etapas finais do projeto; Instalações, estruturas e funções duplicadas, porque cada projeto vai naturalmente exigindo seus próprios recursos e estruturas. Figura 5 – Estrutura Organizacional Projetizada Direção Gerente de projeto EquipeEquipeEquipeEquipe Gerente de projeto Gerente de projeto Gerente de projeto Fonte: Adaptado de Heldman (2009) 18 Unidade: Projetos Estrutura Organizacional Matricial Esta estrutura organizacional é considerada uma estrutura híbrida, porque combina características da estrutura organizacional funcional e da estrutura organizacional projetizada, minimizando, assim, as diferenças entre os pontos fortes e fracos das duas estruturas anteriores. A estrutura hierárquica da corporação é mantida, ao mesmo tempo em que se mantêm técnicas de gerenciamento de projetos eficientes. As personagens do Gerente de Projetos e do Gerente Funcional coexistem na corporação com suas responsabilidades. A estrutura matricial é multidimensional. Trata de maximizar as virtudes e minimizar os defeitos das estruturas anteriores. Para isso, combina a clássica estrutura vertical funcional, com outra estrutura sobreposta a ela, horizontal ou transversal: a dos projetos. As unidades de trabalho são os projetos. Os órgãos permanentes (funcionais) atuam como prestadores de serviços nos projetos. A organização de cada projeto é temporária. Maior versatilidade e otimização dos recursos humanos. O gerente funcional responsabiliza-se por questões administrativas, alocação de funcionários para projetos e das áreas de apoio em geral. O gerente de projeto responsabiliza-se pelo planejamento e execução do projeto. A análise do desempenho dos recursos do projeto é conjuntamente executada pelos dois gerentes. Enfim, deve haver certo equilíbrio de poder entre os gerentes de projeto e funcional. Existem três categorias na estrutura organizacional matricial. São elas: Matricial Fraca; Matricial Balanceada; Matricial Forte. Na matricial fraca, os gerentes funcionais têm um pouco mais de poder que os gerentes de projeto, e estes são “reduzidos” a apenas Coordenadores de Projeto responsável apenas pela execução de projetos. Essa estrutura possui características mais próximas da estrutura funcional. A função do gerente de projeto, realizada pelos membros da equipe, é mais parecida com a de um coordenador ou facilitador do que com a de um gerente de projeto propriamente dita. Os projetos, nesse tipo de estrutura, não conseguem alocar os recursos de forma exclusiva, uma vez que as pessoas fazem parte da equipe funcional ao mesmo tempo em que fazem parte da equipe do projeto. Cada membro da equipe responde ao seu gerente funcional. Figura 6 – Estrutura Organizacional Matricial Fraca Direção Recursos humanos Comercial TI Produção Marketing PessoalPessoalPessoalPessoalCordenadorde projeto Fonte: Adaptado de Heldman (2009) 19 Na matricial forte, os gerentes de projeto têm um pouco mais de poder que os gerentes funcionais, conseguindo convencê-los das necessidades corriqueiras de um projeto. Como há, normalmente, a institucionalização de uma área, onde estão os gerentes de projetos, a empresa passa a entender que os recursos devem ser alocados mais nos projetos do que nas atividades funcionais, isto significa dizer que o gerente de projeto possui maior poder. Figura 7 – Estrutura Organizacional Matricial Forte Direção ComercialProjeto TI Produção Marketing PessoalPessoalPessoalPessoalGerente deprojeto Fonte: Adaptado de Heldman (2009) Das estruturas matriciais, a balanceada é aquela que se encontra numa posição intermediária, com o poder do gerente de projeto e funcional equilibrados. Nesta estrutura, há a efetivação de um gerente de projeto que não é o gerente funcional, ou seja, é um membro da equipe. Este gerente passa a trabalhar no projeto em tempo integral, porém a equipe do projeto continua abaixo dos gerentes funcionais, trabalhando em tempo parcial no projeto. Figura 8 – Estrutura Organizacional Matricial Balanceada Direção Comercial Recursos humanos TI Produção Marketing PessoalPessoalPessoalPessoalGerente deprojeto Fonte: Adaptado de Heldman (2009) 20 Unidade: Projetos As principais vantagens dessas estruturas matriciais são: Controle maior por parte do gerente projetos sobre um projeto e fortemente orientada para resultados; Melhor utilização de recursos dentro de uma organização; Melhora na comunicação entre os membros das equipes; Forma efetiva para conseguir resultados em projetos ou problemas complexos; Maior grau de especialização. As principais desvantagens são: Existência de dois “chefes” para os recursos; Problemas na alocação de recursos, devido a constante conflito entre os gerentes funcional e de projeto. Quadro 1 – Comparação das estruturas matriciais Matricial Fraca Matricial Balanceada Matricial Forte Cargo do Gerente de Projeto Coordenador ou Líder de Projeto Gerente de Projeto Gerente de Projeto Enfoque do Gerente de Projeto Divide o enfoque do projeto entre responsabilidades funcionais Projetos e sua execução Projeto e sua execução Poder do Gerente de Projeto Autoridade e poder mínimos Equilíbrio entre autoridade e poder Autoridade e poder significativos Tempo do Gerente de Projeto Parcial nos projetos Integral nos projetos Integral nos projetos Estilo de Organização Muito semelhante à organização funcional Combinação da matricial fraca e forte Muito semelhante à organização projetizada A quem o Gerente de Projetos se reporta Gerente Funcional Um gerente funcional, mas divide a autoridade e o poder Gerente de gerentes de projeto Fonte: Adaptado de Heldman (2009) Se a corporação quiser dar maior ênfase em projetos e uma crescente autoridade ao gerente de projetos, estabelece-se um escala de importância das estruturas organizacionais, conforme a Figura11. Figura 11 – Estrutura Organizacional e a escala de importância Matriz FracaFuncional Projetizada Ênfase no projeto + Autoridade do gerente de projeto Matriz Balanceada Matriz Forte Fonte: Adaptado de Monteiro (2008) Para conhecer um pouco mais sobre as estruturas organizacionais, leia o artigo dos autores Leandro Alves Patah e Marly Monteiro de Carvalho, disponível em http://www.scielo.br/pdf/gp/v16n2/v16n2a12.pdf 21 Escritório de Projetos Conceitos Um escritório de gerenciamento de projetos (EGP, ou em inglês PMO) é uma estrutura organizacional que padroniza os processos de governança relacionados a projetos e facilita o compartilhamento de recursos, metodologias, ferramentas, e técnicas. As responsabilidades de um PMO podem variar, desde o fornecimento de funções de apoio ao gerenciamento de projetos até a responsabilidade real pelo gerenciamento direto de um ou mais projetos. Há vários tipos de estruturas de PMO nas organizações, as quais variam em função do seu graude controle e influenciam nos projetos da organização, tais como: De suporte Os PMOs de suporte desempenham um papel consultivo nos projetos, fornecendo modelos, melhores práticas, treinamento, acesso a informações e lições aprendidas com outros projetos. Este tipo de PMO atua como um repositório de projetos. O nível de controle exercido pelo PMO é baixo. De controle Os PMOs de controle fornecem suporte e exigem a conformidade através de vários meios. A conformidade pode envolver a adoção de estruturas ou metodologias de gerenciamento de projetos usando modelos, formulários e ferramentas específicas, ou conformidade com a governança. O nível de controle exercido pelo PMO é médio. Diretivo Os PMOs diretivos assumem o controle dos projetos por meio do seu gerenciamento direto. O nível de controle exercido pelo PMO é alto. O PMO reúne os dados e informações de projetos estratégicos corporativos e avalia como os objetivos estratégicos de nível mais alto estão sendo alcançados. O PMO é a ligação natural entre os portfólios, programas e projetos da organização e os sistemas de medição corporativos. Os gerentes de projetos e os PMOs buscam objetivos diferentes e, assim sendo, são motivados por requisitos diferentes. As diferenças entre o papel dos gerentes de projetos e um PMO podem incluir: Gerente de projetos se concentra nos objetivos especificados do projeto, enquanto o PMO gerencia as principais mudanças do escopo do programa, que podem ser vistas como possíveis oportunidades para melhor alcançar os objetivos de negócios. Gerente de projetos controla os recursos alocados para o projeto a fim de melhor atender aos seus objetivos, enquanto o PMO otimiza o uso de recursos organizacionais compartilhados entre todos os projetos. Gerente de projetos gerencia as restrições (escopo, cronograma, custo, qualidade, etc.) dos projetos individuais, enquanto o PMO gerencia as metodologias, padrões, riscos/ oportunidades globais, as métricas e interdependências entre os projetos, no nível da empresa. 22 Unidade: Projetos Implantação de um Escritório de Projetos A implantação de um escritório de gerenciamento de projetos numa corporação é importante porque aperfeiçoa as práticas de gestão de projetos (diminuindo a ocorrência de problemas), melhorando a satisfação do cliente devido, por exemplo, com a utilização eficiente e eficaz dos recursos de projeto. Alves et al (2012) descreve as 15 melhores práticas para a implantação de um escritório de gerenciamento de projetos: Procurar o patrocínio do Board (Alta direção). Formar uma Metodologia bem desenvolvida, sendo utilizada em projetos pilotos. Formar um escritório de gerenciamento de projetos com profissionais sêniores e experientes; Ser o mais eficiente possível na geração do valor. Ser total a integração entre sistemas de informação e processos organizacionais; Promover a mudança da cultura organizacional. Gerenciar bem as diferentes partes interessadas, no seu entendimento, necessidades e expectativas. Elaborar e controlar o plano de implantação do escritório de gerenciamento de projetos. Simplificar a implementação do escritório de gerenciamento de projetos. Segmentar objetivos de acordo com fases ao longo da implementação. Fornecer apoio especializado aos projetos e não somente recursos. Não demandar serviços antes de prover estrutura necessária. Não postergar o início da implantação. Utilizar as lições aprendidas, conhecimento e procedimentos existentes. Não esquecer as partes interessadas (stakeholder) chave. Para conhecer um pouco mais sobre escritórios de gerenciamento de projetos, leia Alves et al (2012), disponível em: http://www.scielo.br/pdf/prod/2012nahead/aop_t6_0007_0421.pdf 23 Estudo de Caso Análise de projetos de investimento sob condições de risco Resumo A análise de viabilidade de projetos de investimentos tem sido uma preocupação constante do empresariado. Nenhuma empresa ou organização pode assumir riscos que não tenha condições de “bancar” ou que porventura afetem o negócio. Conhecer os tipos de riscos e projetá-los no tempo é indispensável para evitar situações adversas no futuro. Este artigo apresenta alternativas que minimizam os riscos dos projetos ou, ao menos, aproximam os resultados da realidade, se forem considerados na análise de viabilidade alguns fatores de risco, tais como inflação, risco conjuntural e risco financeiro. Introdução As decisões de investimentos em novos projetos não são, na prática, tomadas tendo-se segurança de seus vários resultados. Segundo Martins e Assaf Neto (1989), a realidade das empresas é bastante complexa, pois está, basicamente, voltada para o futuro. Nesse ambiente, a introdução de variável de risco no objeto da análise de investimentos de projetos comerciais e industriais é necessária. A experiência empresarial ensina que os cenários futuros são otimistas por natureza: a inflação baixa e o nível de atividade econômica cresce. No longo prazo, ambas estabilizam-se. Entretanto, a mutabilidade do ambiente econômico em que estão inseridos os projetos é uma realidade, assim como a alternância nos níveis de preços e de consumo. Risco é, fundamentalmente, a possibilidade de perda financeira. É usado como sinônimo de incerteza e refere-se à variabilidade dos retornos associados a um projeto de investimento, conforme Damodaran (1997). Ainda segundo Damodaran (1997), os investidores são recompensados por assumir somente aqueles riscos que não podem ser eliminados pela diversificação. Por isso, é muito importante para o empresário estar preocupado com aqueles riscos “não diversificáveis” e seu relacionamento com o nível de retorno exigido. Os administradores que, em sua maioria, têm aversão ao risco, exigem uma mesma proporção de aumento de retorno para determinado aumento de risco. Isto é, para assumir riscos maiores, os administradores exigem mais retorno. Embora as técnicas de análise de investimento sejam, basicamente, as mesmas para empresas que atuam em mercados domésticos ou internacionais, estáveis ou turbulentos, em países desenvolvidos economicamente ou não, os investimentos estão sujeitos a riscos encontrados em cada cenário ou mercado e, também, à sua própria “mutabilidade” mercadológica. Basicamente, os efeitos de risco e instabilidade podem advir de fatos políticos, econômicos, naturais ou conjunturais. 24 Unidade: Projetos Esses efeitos podem “afetar” os projetos de diferentes formas, provocando, por exemplo, alterações no nível de atividade econômica do ambiente em estudo, que influenciam a demanda e, consequentemente, o fluxo de caixa do projeto. Por exemplo, acontecimentos econômicos podem acarretar mudanças de ordem cambial, trazendo riscos para os custos, principalmente em projetos, cujas receitas ocorrem em reais e os custos (ou insumos), em moeda estrangeira. A estabilidade política exerce grande influência sobre questões como emprego, imagem internacional (risco soberano) ou inflação, que, também, repercutem de modos diferentes sobre o projeto. Este artigo aborda três tipos de riscos associados a projetos de investimento: inflacionário; conjuntural; financeiro. Esses riscos podem acarretar mudanças nos cenários estudados, as quais afetam os resultados dos projetos de investimento. Uma análise da literatura aponta que tais condições de mutabilidade e risco são pouco discutidas pelos autores e, quando são, há uma divergência entre eles, gerando distorções conceituais contundentes na aplicação. Assim, para efeitos deste estudo, entende-se por risco inflacionário aquele exclusivamente acarretado pela perda de valor aquisitivo da moeda; por risco conjuntural aquele que está ligado a vários fatores de mercado combinados entre si, tais como concorrência, instabilidade da demanda em relaçãoao produto e condições econômicas recessivas; e, finalmente, por risco financeiro aquele referente: às condições de empréstimos, aquisições de insumos ou vendas de produtos finais e ao desequilíbrio de moedas, notadamente quando os custos são incorridos em uma moeda e as receitas em outra. Risco inflacionário O descontrole inflacionário tem fortes repercussões sobre os investimentos, podendo ocasionar uma defasagem dos preços praticados no mercado em comparação aos custos associados ao projeto – seja por dificuldades legais de reajuste de preços, muitos dos quais controlados pelo Estado, seja por problemas de concorrência que não permitem a necessária equiparação dos preços aos custos incorridos, pois o mercado é incapaz de absorver o aumento de preços sem reações drásticas. Quando existe risco de descontrole inflacionário, os fluxos de caixa são afetados não apenas quanto à sua distribuição ao longo do tempo, mas também em relação ao seu poder de compra. Ademais, a seleção da taxa de atratividade apropriada, na presença de riscos inflacionários, é muito mais complexa (BIERMAN JR. e SMIDT, 1975). Os fluxos de caixa dos projetos de investimento podem ser expressos em valores nominais ou reais, ou seja, pelos valores correntes/nominais que ocorrem no ambiente de estudo, ou ainda pelos valores representados em moeda constante, livres dos efeitos da inflação. Segundo Ross, Westerfield e Jaffe (1995), os fluxos de caixa podem ser expressos em valores nominais/correntes quando indicam um valor monetário efetivamente pago ou recebido. Entretanto, os fluxos de caixa, quando expressos em valores reais, fornecem o poder de compra em uma determinada data. 25 Risco conjuntural Considera-se até aqui que a realização dos fluxos de caixa projetados dar-se-ia com 100% de probabilidade ou em apenas uma única sequência. O objetivo, agora, é introduzir a incerteza da ocorrência dos vários eventos do projeto e analisar as influências na tomada de decisão. De acordo com Thuesen, Fabrycky e Thuesen (1977), especificar fluxos futuros reveste-se, a priori, de alto grau de dificuldade, em razão das variáveis que podem afetá-los. Não se sabe qual dos fluxos ocorrerá. A antecipação desse cenário pode ser feita de acordo com uma visão pessimista ou otimista. Por exemplo: ocorrendo o fluxo a empresa ganhará $ 1,00, não ocorrendo perderá $ 1,00. Na pior hipótese, em um mercado com alta concorrência, produto com demanda estável e economia recessiva, o resultado do fluxo de caixa será negativo. Em uma melhor condição, a concorrência não se apresenta muito acirrada, o produto mantém sua demanda estável e a economia cresce. Assim, para “equilibrar” as possibilidades de ocorrência dos fluxos de caixa e atenuar os riscos das hipóteses de alteração no ambiente do projeto, resta ponderar o Valor Presente Líquido (VPL) dos possíveis eventos pela probabilidade de ocorrência desses mesmos eventos. Risco financeiro A mutabilidade do ambiente pode comprometer todo um planejamento. Assim, esta análise está dividida em dois pontos, no que diz respeito ao desequilíbrio de moedas: a) receitas de vendas e compras de insumos; e b) empréstimos e financiamentos. Uma empresa que realiza suas vendas exclusivamente em real, mas utiliza equipamentos e insumos importados para prestar esse mesmo serviço, fornecidos em sua maioria em moeda externa, tem um desequilíbrio, pois precisa remunerar os investimentos feitos, geralmente em dólar, quando tem o faturamento em real. Nesses casos, os fluxos devem ser projetados sempre em real, na posição mais conservadora possível. Em contabilidade, utiliza-se uma regra simples, mas valiosa: estimar as receitas sempre de maneira pessimista e as despesas de maneira otimista. 26 Unidade: Projetos Material Complementar Artigos: BOUER, Ruy; CARVALHO Marly Monteiro. Metodologia singular de gestão de projetos: condição suficiente para a maturidade em gestão de projetos? Revista Produção, v. 15, n. 3, p. 347-361, Set./Dez. 2005. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/prod/v15n3/v15n3a05.pdf Acesso em: 15/fevereiro/2015. RUSSO, Rosária de Fátima Segger Macri; RUIZ, José Moreno; CUNHA Rosana Paulo. Liderança e influência nas fases da gestão de projetos. Revista Produção, v. 15, n. 3, p. 362-375, Set./Dez. 2005. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/prod/v15n3/v15n3a06 Acesso em: 15/fevereiro/2015. CARVALHO, Marly Monteiro; RABECHINI, Roque; PESSÔA, Marcelo Schneck de Paula; LAURINDO, Fernando Barbin. Equivalência e completeza: análise de dois modelos de maturidade em gestão de projetos. RAUSP, V.40, No.3, Julho / Agosto / Setembro 2005. Disponível em: http://www.rausp.usp.br/busca/artigo.asp?num_artigo=1162 Acesso em: 15/fevereiro/2015. 27 Referências BIERMAN JR., Harold; SMIDT, Seymour. The capital budgeting decision. New York: MacMillan, 1975. BREALEY, Richard A.; MYERS, Stewart C.; MARCUS, Alan J. Fundamental of corporate finance. New York: McGraw-Hill, 1995. DAMODARAN, Aswath. Avaliação de investimentos. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1997. MARTINS, Eliseu; ASSAF NETO, Alexandre. Administração financeira. São Paulo: Atlas, 1989. ROSS, Stephen A.; WESTERFIELD, Randolph W.; JAFFE, Jeffrey F. Administração financeira: corporate finance. São Paulo: Atlas, 1995. THUESEN, H. G.; FABRYCKY, W. J.; THUESEN, G. J. Engineering economy. 5.ed. New Jersey: Prentice-Hall, 1977. 28 Unidade: Projetos Anotações
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