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Autor: Prof. Rodrigo Rodrigues Colaboradores: Prof. Antônio Palmeira de Araújo Neto Profa. Christiane Mazur Doi Gestão de Projetos de TI Professor conteudista: Rodrigo Rodrigues Possui experiência nas áreas de implantação, infraestrutura, suporte a ambientes de alta disponibilidade, troubleshooting em softwares, aplicações e equipamentos com atuação em negociações visando à implementação de novas tecnologias e prestação de serviços em empresas como Itautec, Grupo CBA e Ambev (pela Amix) e instituições financeiras como Banco Fibra, Lemon, Alfa e Credit Lyonnais e CRK Financial Business. É professor de disciplinas de tecnologia da informação dos cursos de graduação (presencial e a distância) em gestão de TI, sistemas de informação, engenharia da computação, redes de computadores, análise e desenvolvimento de sistemas e jogos digitais pela UNIP e pelo Centro Universitário Eniac. © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) R696g Rodrigues, Rodrigo. Gestão de Projetos de TI / Rodrigo Rodrigues. – São Paulo: Editora Sol, 2021. 164 p., il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230. 1. Projeto. 2. Modelo. 3. Recursos. I. Título. CDU 658.011.56 U512.41 – 21 Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades Universitárias Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez Vice-Reitora de Graduação Unip Interativa – EaD Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcello Vannini Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Prof. Ivan Daliberto Frugoli Material Didático – EaD Comissão editorial: Dra. Angélica L. Carlini (UNIP) Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR) Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT) Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD Profa. Deise Alcantara Carreiro – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto Revisão: Auriana Malaquias Lucas Ricardi Sumário Gestão de Projetos de TI APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7 Unidade I 1 PROJETOS ..............................................................................................................................................................9 1.1 Contextualização .....................................................................................................................................9 1.1.1 Projeto ............................................................................................................................................................9 1.1.2 Programa .................................................................................................................................................... 10 1.1.3 Portfólio .......................................................................................................................................................11 1.1.4 Operações ................................................................................................................................................... 12 1.1.5 Ciclo de vida do projeto ....................................................................................................................... 13 1.1.6 Premissa e restrição ............................................................................................................................... 13 1.1.7 Sucesso em projetos e restrição tripla ........................................................................................... 14 1.1.8 Motivações para projetos .................................................................................................................... 16 1.2 Gerenciamento de projetos .............................................................................................................. 17 1.2.1 Conceito de gerenciamento de projetos ....................................................................................... 17 1.2.2 Gerente de projetos ............................................................................................................................... 17 1.2.3 Gerenciamento de portfólio e gerenciamento de programas .............................................. 18 1.2.4 Gerenciamento ágil de projetos ....................................................................................................... 19 1.2.5 Maturidade na gestão de projetos .................................................................................................. 20 1.3 Influência organizacional .................................................................................................................. 22 1.3.1 Influência organizacional: stakeholders ........................................................................................ 23 1.3.2 Influência organizacional: cultura organizacional .................................................................... 24 1.3.3 Influência organizacional: comunicações .................................................................................... 24 1.4 Estruturas organizacionais ............................................................................................................... 25 1.4.1 Estrutura organizacional: funcional................................................................................................ 25 1.4.2 Estrutura organizacional: projetizada ............................................................................................ 26 1.4.3 Estrutura organizacional: matricial ................................................................................................. 28 1.5 Escritório de projetos .......................................................................................................................... 32 1.5.1 Escritórios de projetos: tipos de estruturas ................................................................................. 33 1.5.2 Implantação de um escritório de projetos ................................................................................... 35 2 PRINCIPAIS MODELOS E PRÁTICAS DE GERENCIAMENTO DE PROJETOS ................................. 37 2.1 Introdução ............................................................................................................................................... 37 2.2 PMBOK® .................................................................................................................................................... 39 2.2.1 Contextualização .................................................................................................................................... 39 2.2.2 Aplicabilidade do modelo .................................................................................................................... 40 2.2.3 Ciclo de vida do gerenciamento do projeto ................................................................................. 40 2.2.4 Áreas de conhecimento da gestão de projetos .......................................................................... 42 2.2.5 Certificação ............................................................................................................................................... 45 2.3 Prince2® ....................................................................................................................................................47 2.3.1 Contextualização .................................................................................................................................... 47 2.3.2 Estrutura da metodologia ................................................................................................................... 48 Unidade II 3 INTEGRAÇÃO E ESCOPO EM PROJETOS .................................................................................................. 56 3.1 Gerenciamento da integração em projetos ............................................................................... 56 3.2 Gerenciamento do escopo em projetos ...................................................................................... 72 4 CRONOGRAMA E CUSTO EM PROJETOS ................................................................................................ 83 4.1 Gerenciamento do cronograma em projetos ............................................................................ 83 4.2 Gerenciamento dos custos em projetos ...................................................................................... 91 Unidade III 5 QUALIDADE E RISCOS EM PROJETOS ....................................................................................................102 5.1 Gerenciamento da qualidade em projetos ...............................................................................102 5.2 Gerenciamento dos riscos em projetos .....................................................................................108 6 RECURSOS E COMUNICAÇÕES EM PROJETOS ...................................................................................115 6.1 Gerenciamento de recursos em projetos ..................................................................................115 6.2 Gerenciamento das comunicações em projetos ....................................................................121 Unidade IV 7 AQUISIÇÕES E PARTES INTERESSADAS EM PROJETOS ...................................................................131 7.1 Gerenciamento das aquisições em projetos ............................................................................131 7.2 Gerenciamento das partes interessadas em projetos ..........................................................137 8 MÉTODOS ÁGEIS ............................................................................................................................................144 7 APRESENTAÇÃO O objetivo desta disciplina é possibilitar que o aluno compreenda os principais conceitos relativos à área de projetos e de gestão de projetos, destacando modelos de gestão de projetos, bem como o alinhamento ao guia de boas práticas Project Management Body of Knowledge (PMBOK®), à metodologia do Project in Controlled Environments 2 (Prince2®) e a ferramentas de auxílio ao gerenciamento, além de abordar conceitos, métodos e técnicas específicos no gerenciamento de projetos de TI. Este livro-texto foi dividido em quatro unidades. Na unidade I, serão abordados conceitos gerais sobre projetos, discorrendo pelas principais estruturas organizacionais, além de contextualizar quanto às funções intrínsecas a um escritório de gerenciamento de projetos (do inglês, Project Management Office – PMO). Ainda nessa unidade, serão abordados dois dos principais modelos de gestão de projetos: PMBOK® e Prince2®. A partir da unidade II, serão estudados com maior detalhamento três grupos de processos específicos das áreas de conhecimento em gestão de projetos contemplados no Guia PMBOK®, abordando inicialmente três áreas de conhecimento quanto ao gerenciamento: integração, escopo e tempo. Na unidade III, com base no Guia PMBOK®, as áreas de conhecimento estudadas contemplam o gerenciamento sobre custos, qualidade, recursos e comunicações em projetos. Na unidade IV, ainda sob o Guia PMBOK®, serão abordadas as áreas de conhecimento em gerenciamento sobre riscos, aquisições e partes interessadas (do inglês, stakeholder). De modo a fomentar o conhecimento sobre o conteúdo abordado neste livro-texto, serão abordados conceitos e tratamentos específicos em gestão de projetos de TI. INTRODUÇÃO As organizações imprimem constante atualização e adequação de seus serviços, processos e produtos perante a demanda do mercado global. Muitos fatores, tais como compartilhamento e distribuição de serviços e processos entre parceiros de negócios, requerem atenção especial quanto ao nível de controle, interação e entrega esperado de cada processo e/ou recurso envolvido. Nesse contexto, modelos de gestão de projetos são fundamentais para as organizações que precisam se adequar rapidamente aos novos cenários. Os projetos bem gerenciados e bem-sucedidos são fatores determinantes para evolução e destaque não só de uma empresa no mercado global, mas também da eficiência no trato de recursos e suas áreas. A área de tecnologia da informação (TI) é um ponto dinâmico independentemente do segmento, como gerenciamento de projeto, segurança da informação, gerenciamento de serviços, governança de TI, entre tantos outros, visto a crescente demanda de novas tecnologias, softwares e hardwares e a alta possibilidade que tais recursos permitem quanto a criar, gerir, interagir e compartilhar informações por meio de infraestruturas de redes de dados e computadores. 8 Sob esse viés é possível vislumbrar a importância da gestão de projetos, em especial projetos de TI, alinhados estrategicamente aos negócios da organização agregando valor e ampliando as perspectivas da corporação. Boa leitura! 9 GESTÃO DE PROJETOS DE TI Unidade I 1 PROJETOS 1.1 Contextualização 1.1.1 Projeto Projeto é um conjunto de ações, executado de maneira coordenada por uma organização transitória, ao qual são alocados os insumos necessários para, em um dado prazo, alcançar o objetivo determinado. O conceito de organização transitória está diretamente relacionado a um esquema organizacional particular e temporário que somente existe para tornar o trabalho com projetos mais eficiente e intuitivo por parte da organização (VARGAS, 2018, p. 8). A partir da complexidade dos fatores envolvidos, quantidade e heterogeneidade de equipes e suas competências, imediatismo de resultados, distribuição e compartilhamento de recursos, bem como segmentação lógica de serviços e produção, a gestão por projetos é prática fundamental para obter sucesso nos negócios de uma organização. Tal prática independe de regionalidade, cultura, segmento ou demanda, é fator de sobrevivência organizacional perante as adversidades do mercado global. Os projetos atingem todos os níveis da organização. Eles podem envolver uma quantidade pequena de pessoas ou milhares delas. Podem levar menos de um dia ou vários anos. Os projetos, muitas vezes, extrapolam as fronteiras da organização, atingindo fornecedores, clientes, parceiros e governo, fazendo parte, na maioria das vezes, da estratégia de negócios da companhia (VARGAS, 2018, p. 8). Segundo Angelo e Lukosevicius (2016), projeto pode ser definido como uma organização temporária criada com o propósito de entregar um ou mais produtos de negócio de acordo com um business case pré-acordado. Para Vargas (2018), a etimologia da palavra projeto possui dois significados, podendo ser o primeiro relacionado ao esforço imbuído na produção de um serviço, produto ou obtenção de um resultado específico, e o segundo faz tanger o conceito da palavra com assuntos relacionados e/ou intrínsecos a esta, tais como disciplina do conhecimento, programas, portfólios, recursos, entre outros que suportam, derivam e até mesmo são matéria primordial para o próprio projeto. 10 Unidade I Projetos são realizados para cumprir objetivos através da produção de entregas. Um objetivo é definido como um resultado a que o trabalho é orientado, uma posição estratégica a ser alcançada ou um propósito a ser atingido, um produto a ser produzido ou um serviço a ser realizado (PMI, 2017, p. 4). Nas elucidações de todos os autores apresentados,encontram-se pelo menos três características intrínsecas quanto à definição de projeto, destacadas a seguir: • Temporal: essa característica faz alusão quanto à duração e/ou limitação do tempo de um projeto. Este tem início e fim, dia e hora para iniciar e findar. • Exclusividade: produto do projeto ou entregável do projeto, independentemente. A propriedade a ser destacada é a exclusividade deste em relação a quaisquer outros produtos e/ou serviços obtidos como resultado. • Objetivo: é condição sine qua non para um projeto que tenha uma meta(s) explícita/clara quanto ao fim/resultado esperado. Como exemplo de projetos, é possível citar a construção de um edifício, a elaboração de um livro, o desenvolvimento de um e-commerce, o projeto de um casamento, o projeto sobre instalações hidráulicas, a migração de processos legados para a Indústria 4.0, o desenvolvimento de um novo software, mudanças de estruturas organizacionais, implementação de um escritório de projetos, conformidade com novas leis e normas, projetos para desenvolvimento pessoal – treinamentos e qualidade de vida, entre tantos outros. Exemplo de aplicação A partir da definição do(s) objetivo(s) de um projeto, o resultado esperado sempre fará alusão a algo novo em todas as suas propriedades. O fato de criar algo novo torna-se uma característica totalmente pertinente a um projeto. Com base nesse contexto, pense e destaque ao menos cinco projetos cabíveis a uma empresa; então, reflita sobre os entregáveis passíveis e pertinentes que possam ser obtidos com a execução de cada um dos projetos. É válido ressaltar que um entregável não necessariamente tem de ser um produto ou o produto final, ele pode ser um serviço ou até mesmo uma entrega parcial para a continuação de outros processos pertinentes ao projeto maior/principal. 1.1.2 Programa Um programa é definido como um grupo de projetos, programas subsidiários e atividades de programa relacionados, gerenciados de modo coordenado visando à obtenção de benefícios que não estariam disponíveis se eles fossem gerenciados individualmente. Os programas não são projetos de grande porte (PMI, 2017, p. 11). 11 GESTÃO DE PROJETOS DE TI É possível citar, por exemplo, um programa para a fusão de duas grandes instituições financeiras (IF) com atuação nacional e sucursais internacionais. Esse programa contemplaria diversos projetos menores, porém, com entregáveis concomitantes ao projeto principal/maior. É importante ressaltar que os projetos menores não são menos importantes ou menosprezáveis, visto que é muito comum a dependência entre processos do projeto maior e processos menores, bem como a relação e compartilhamento de recursos entre ambos. A exemplo, cite-se o treinamento de recursos humanos para manuseio/operação dos sistemas de informação que serão vigorados durante a fusão das IF. 1.1.3 Portfólio O portfólio é um conjunto de projetos, programas e outros esforços que são agrupados para facilitar o atingimento dos objetivos estratégicos do negócio. Esses componentes (projetos, programas e outros esforços) são mensuráveis, ordenáveis e priorizáveis (VARGAS, 2018, p. 10). Uma empresa pode contemplar diversos projetos e programas em seu portfólio sem que estes tenham relação entre si. É importante entender que recursos podem ser compartilhados, visto a demanda por tarefas de mesmo grau em habilidades e competências, porém o resultado obtido esperado não apresenta qualquer relação e/ou dependência. Para contextualizar, é possível citar uma empresa que tenha em seu portfólio diferentes projetos para adequação de processos internos em conformidade a uma norma de segurança, por exemplo, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), uma norma brasileira que regulamenta o uso e tratamento de dados de pessoas físicas por empresas, um programa para a integração de dados e migração de sistemas de informação legados, e, ainda assim, manter um projeto para a mudança física da planta de trabalho. Note que nesse contexto projetos e programa são elementos contidos no portfólio de projetos da empresa. Fernandes e Abreu (2012) afirmam que as características de um portfólio são: • abrangência de ações atuais e futuras; • características temporárias diferentes dos projetos e programas. Com base nessa premissa, uma organização pode possuir e gerenciar diversas carteiras de projetos, programas e portfólios pertinentes a áreas, grupos ou até mesmo objetivos estratégicos específicos da organização. A figura a seguir apresenta o relacionamento entre portfólio, programas e projetos: 12 Unidade I Programas A (PRG_A) Projeto A (PRG_A) Subprojeto A Projeto A (PRG_A) Projeto B (PRG_A) Subprojeto A Projeto B (PRG_A) Programas B (PRG_B) Subprojeto A Programas de projeto Portfólio de projetos Escritórios de projetos Projeto A Programas A (PRG_B) Subprojeto A Projeto A (PRG_B) Figura 1 – Relação entre portfólio, programas e projetos Adaptada de: Vargas (2018). 1.1.4 Operações O gerenciamento de operações é uma área de gerenciamento preocupada com a produção contínua de mercadorias e/ou serviços. Seu objetivo é assegurar que as operações de negócios continuem de forma eficiente através do uso dos melhores recursos necessários para atender às exigências dos clientes (PMI, 2017, p. 16). Diferentemente dos projetos, as operações são compostas/representadas por processos e/ou procedimentos contínuos, repetitivos, porém, não necessariamente retilíneos/lineares. Aquém de uma característica intrínseca, a definição de projeto – duração – operações não tem término preconizado, visto que por se tratar de atividades contínuas são esperadas as entregas dos processos pertinentes às operações dentro de prazo pré-determinado, porém sem vistas ou alinhadas a um projeto específico. Para contextualizar, cite-se a definição de uma nova linha de smartwatch associada à construção de um novo modelo de smartphone – projeto –, porém, a linha de produção para a fabricação em série deste modelo se caracteriza como operação. Os dados representam a matéria-prima para a geração da informação completa e precisa. Conforme visto em seções anteriores, eles podem se apresentar de diversas formas obedecendo a uma hierarquia que se inicia na menor porção de dados manipulável por um sistema computacional: o bit. 13 GESTÃO DE PROJETOS DE TI Observação Programa é um conjunto de projetos. Portfólio é um conjunto de projetos e programas. Os projetos integrantes de um programa colaboram para que uma meta seja atingida. 1.1.5 Ciclo de vida do projeto O conjunto de fases em um projeto é chamado ciclo de vida. O ciclo de vida possibilita avaliar uma série de similaridades que podem ser encontradas em todos os projetos, independentemente de seu contexto, aplicabilidade ou área de atuação (VARGAS, 2018, p. 27). Dinsmore e Barbosa (2009) afirmam que o ciclo de vida do projeto é composto por fases, que são determinadas por características específicas e necessidade de cada projeto. A quantidade de fases de um projeto está totalmente relacionada com a complexidade e a própria composição e compartilhamento de recursos nele. O ciclo de vida do projeto é composto por quatro fases: início, organização e preparação, execução do trabalho e término. Em resumo, e reafirmando a definição de projeto, seu ciclo de vida perdura do início ao término. 1.1.6 Premissa e restrição Premissas são suposições consideradas verdadeiras, certas e reais para propósitos de planejamento, afetando diversos aspectos do projeto. As premissas precisam ser avaliadas e analisadas, no intuito de descobrir os impactos que podem causar nos projetos. Elas têm um profundo envolvimento com a gestão de risco de um projeto. Entender e segmentar de forma clara o contexto pertinente a premissas e restrições não é tarefa tão simples, visto que por vezes os contextos sobrepõem-se entre sim. É comum encontrar na gestão de projetos – em bases de conhecimento – documentação sobre restrição e premissas queforam além da definição tangencial, que permitiu entender que as definições se entrelaçaram de modo a ampliar o alcance das práticas de gestão. Exemplo de aplicação A partir da definição de premissa, considere a seguinte tarefa: conclusão da cópia de segurança – backup – de toda a base de dados da organização para início das tarefas pertinentes à migração do CRM (do inglês, customer relationship management, ou gerenciamento de relacionamento com o cliente). Assim, todas as demais tarefas subsequentes terão dependência como premissa: a conclusão do backup para início e/ou ativação. 14 Unidade I As restrições são fatores limitantes para a equipe de projetos e o gerente de projetos. Por exemplo, se em determinado condomínio as obras cíveis nos apartamentos só puderem acontecer das 8 às 18h, deveremos considerar essa restrição em qualquer projeto de mudança interna nos apartamentos, ou, ainda, considerar a liberação de acesso físico ou o próprio acesso físico restrito por horário de atendimento/trabalho de terceiros e até mesmo variações pertinentes ao ambiente de trabalho. Exemplo de aplicação Em uma região onde as temperaturas externas podem facilmente chegar a 38-40 ºC – como as cidades do estado do Rio de Janeiro –, empresas podem restringir o acesso a galpões e pátios fechados quando termômetros externos apontam ao menos 36 ºC. Desse modo, o acesso a esses espaços é impedido e/ou restrito em vista de a temperatura interna dos ambientes poder alcançar/ultrapassar os 40 ºC, sendo essa uma característica inviável e/ou até mesmo perigosa para a saúde dos recursos humanos envolvidos. 1.1.7 Sucesso em projetos e restrição tripla A restrição tripla foi abordada na quarta edição do Guia PMBOK®, em que um projeto é considerado um sucesso quando atende a pelo menos três condições fundamentais: • Execução dentro do prazo estipulado. • Execução dentro do custo desenhado. • Com a qualidade planejada, de acordo com as especificidades do projeto, requisitos de negócios e expectativas dos clientes. Esses fatores de sucesso são descritos por meio da restrição tripla, representada por um triângulo que forma um perfeito equilíbrio entre três itens: • prazo; • custo; • escopo. Em constante atualização, a sexta edição do mesmo Guia PMBOK® não mais aborda explicitamente o conceito de restrição tripla, ampliou a quantidade de restrições e trouxe adequações sobre algumas definições, como a seguir: • Não aborda as restrições com base tripla: escopo, cronograma e custo. • A base é sêxtupla e contempla: escopo, qualidade, cronograma, orçamento, recursos e risco. 15 GESTÃO DE PROJETOS DE TI • A restrição tempo é tratada como cronograma. • A restrição custo é tratada como orçamento. Ainda assim, é cabível ressaltar que, seja qual for a combinação das três restrições, sempre se deverá levar em conta o adequado equilíbrio, no intuito de alcançar a satisfação do cliente, de acordo com a qualidade almejada por ele. Essas seis restrições podem impactar os objetivos e o sucesso dos projetos, e cada uma delas pode influenciar as outras: • Diminuindo-se o prazo do projeto, haverá aumento de custo ou redução do escopo. • Diminuindo-se o orçamento, haverá aumento do prazo ou redução no escopo. • Aumentando-se o escopo, haverá aumento de cronograma ou aumento de orçamento do projeto. Outra importante informação a ser discutida, ainda acerca da restrição tripla e até mesmo sobre as atuais seis restrições, é o fato de haver restrições em outras áreas de conhecimento – totalizando dez áreas de conhecimento com base no Guia PMBOK® –, assim, as restrições podem ser adequadas e vistas com base apropriada por área de conhecimento. A figura a seguir mostra a abordagem inicial sobre a restrição tripla e sua atualização: Qualidade e satisfação do cliente Qualidade e satisfação do cliente Prazo Cronograma Es co po Es co poCusto Orçamento Partes interessadas (stakeholders) Integração Co m un ic aç õe s Riscos Recursos Aquisições Figura 2 – Restrição tripla e atualização Adaptada de: Vargas (2018). 16 Unidade I 1.1.8 Motivações para projetos Nenhuma empresa pode se considerar atualizada, a não ser por alguns momentos. Assim, todas deverão lutar contra parte de seu passado para inovar e se transformar. Há uma necessidade premente de criar produtos de sucesso, capazes de encantar clientes e gerar grande demanda e lucros. Diante disso, as empresas buscam caminhos e estratégias capazes de promover as mudanças organizacionais necessárias (ALMEIDA, 2016, p. 40). Nesse contexto, cabe ampliar a visão para além das organizações, de modo a considerar elementos externos que agem como motivadores de projetos, variação econômica, metas de qualidade, inovação, bem como a própria gestão do conhecimento. Se uma empresa trabalha com linha de produção em série, sem nenhum tipo de customização ao cliente, não tem motivo para usar o gerenciamento de projetos. Já uma empresa que oferece a seus clientes produtos únicos pode iniciar procedimentos para “projetizar” a gestão; porém esse não é o único requisito. Antes disso, é necessária uma mudança radical na cultura organizacional (CANDIDO, 2012, p. 13). Ainda sobre fatores motivacionais para a existência de projetos nas organizações: Cada cliente tem objetivos estratégicos e os projetos que fazemos para eles avançam nesses objetivos. O gerenciamento de projetos é importante porque garante que haja rigor na arquitetura dos projetos de forma que eles se encaixem bem no contexto mais amplo dos quadros estratégicos de nossos clientes. O bom gerenciamento de projetos garante que os objetivos dos projetos estejam alinhados com os objetivos estratégicos do negócio (SANTOS, 2018b). Heldman (2009) afirma que os projetos podem ser requisitados pelos seguintes itens: • Demanda do mercado. • Oportunidade estratégica ou necessidade de negócio. • Solicitação do cliente. • Avanço tecnológico. • Exigência legal. 17 GESTÃO DE PROJETOS DE TI • Impactos ecológicos. • Necessidade social. 1.2 Gerenciamento de projetos 1.2.1 Conceito de gerenciamento de projetos Com base no Guia PMBOK® (2017), gerenciar projetos empreende trabalhar conhecimentos, habilidades, ferramentas e técnicas com o propósito de alcançar os objetivos através de requisitos definidos para tal. Tal gerenciamento deve ser fiduciário ao uso e à integração de processos adequados para cada projeto. Este é um importante valor a ser considerado para obter eficiência e eficácia por meio do gerenciamento de projetos. Em relação ao gerenciamento de projetos, o manual do Prince2® o define como: planejamento, delegação, monitoramento e controle de todos os aspectos do projeto e a motivação dos envolvidos para atingir os objetivos do projeto, conforme as metas para desempenho no que diz respeito a prazo, custo, qualidade, escopo, benefícios e riscos (ANGELO; LUKOSEVICIUS, 2016, p. 3). O Guia PMBOK® (2017) menciona três competências a serem desenvolvidas/trabalhadas sobre as práticas do gerenciamento de projetos: • Associar/relacionar os resultados obtidos com o projeto aos objetivos do negócio. • Propiciar que as organizações tenham eficácia nos seus segmentos de negócio. • Ser um elemento de suporte e sustentabilidade para a organização em resposta à dinâmica do mercado, aos planos de gerenciamento de projetos. 1.2.2 Gerente de projetos Para que o gerenciamento de projetos seja eficaz, é necessário que haja uma ação efetiva de um gerente de projetos, que zele pelos níveis de qualidade desejados pelo cliente, bem como por cronograma, orçamentos, recursos e cumprimento de especificações. [...] gerente do projeto não é o nome de um título, forma de um cargo administrativo, mas a designação do responsável pelo gerenciamento do projeto. É o responsável pelo sucesso ou fracasso do projeto, mesmo quando lhe forem impostas condições absolutamente desfavoráveis (BORGES; ROLLIM, 2016, p. 12). 18 Unidade I A liderança envolve o estabelecimentode direção, o alinhamento entre as pessoas e a capacidade de inspirá-las e motivá-las, superando as resistências à mudança. Heldman (2009) considera que liderança e gerenciamento são praticamente sinônimos. A comunicação é uma das principais habilidades. Um bom gerente tem de ser um bom comunicador e extremamente hábil em trocar informações, seja na comunicação oral, escrita, interna, externa, formal, informal, mídias sociais ou vertical. O objetivo primordial do gerente de projetos é zelar para que haja sucesso no projeto e para que os produtos ou serviços sejam desenvolvidos dentro do cronograma, do orçamento, da qualidade desejada e com riscos controlados. Segundo Borges e Rollim (2016), insta compreender que obter resultados de sucesso por meio do gerenciamento de projetos exige competências e habilidades intrínsecas a um gerente de projeto, sendo necessário que este recurso desenvolva tais características a fim de aprimorar seu arcabouço de conhecimento implementando técnicas adequadas a cada situação encontrada. Um gerente de projetos precisa conhecer e considerar todos os envolvidos nele. A esses indivíduos e/ou organizações que são afetados positivamente ou negativamente pelo resultado do projeto, chama-se stakeholders ou partes interessadas. 1.2.3 Gerenciamento de portfólio e gerenciamento de programas O gerenciamento profissional do portfólio de projetos envolve analisar o planejamento estratégico das empresas e utilizar de forma profissional as disciplinas de gerenciamento de projetos, programas e portfólio para alcançar os benefícios de negócio estabelecidos neste planejamento (ALMEIDA; ALMEIDA, 2013, p. 13). O gerenciamento de portfólio pode ser caracterizado pela ordenação ou agrupamento de projetos com propósito específico. Por exemplo, portfólio de projetos do financeiro ou portfólio de projetos de tecnologia da informação. Através do gerenciamento do programa busca-se a melhor forma de administrar os projetos contidos no mesmo, maximizando os benefícios esperados e reduzindo, ao máximo possível, fatores que levem ao fracasso do programa (MUTO et al., 2008, p. 6). De modo a corroborar com a compreensão de Muto et al. (2008), segundo Fernandes e Abreu (2012), o gerenciamento de um programa é a gestão coordenada e centralizada de um programa visando atingir seus benefícios e metas estratégicas. 19 GESTÃO DE PROJETOS DE TI O gerenciamento do portfólio e o gerenciamento das operações trabalham para que as metas organizacionais sejam alcançadas a partir dos recursos organizacionais utilizados nas atividades recorrentes (operações) e nas atividades projetizadas (projetos). A figura a seguir demonstra o contexto organizacional. Recursos organizacionais Estratégias e objetivos organizacionais Alinhar o portfólio aos negócios Governança Trabalhar sobre os planos para gerenciamento Medição de desempenho Definir planos e metas quanto à mensuração de desempenho Gerenciamento da comunicação Desenvolver planos com base nos meios de comunicação adequados Gerenciamento dos riscos Desenvolver a estratégia adequada aos riscos Figura 3 – Contexto organizacional do gerenciamento do portfólio Adaptada de: Veras (2014). 1.2.4 Gerenciamento ágil de projetos Ser ágil é utilizar um conjunto recomendado de processos e ferramentas de gerenciamento de projetos, para aqueles projetos onde reinam riscos, incertezas e altas possibilidades de mudanças, e também focados muito mais no fator humano, na interatividade entre as pessoas do que em processos e ferramentas (MASSARI, 2018, p. 1). O Project Management Institute (PMI) é uma instituição de referência quanto a práticas de gerenciamento de projetos. Tais práticas, em constante atualização, são encontradas no Guia PMBOK® mantido e publicado pelo próprio PMI. Edições do Guia PMBOK® anteriores à quinta edição apresentaram técnicas e metodologias consideradas tradicionais à época para o gerenciamento de projetos, porém, a partir da quinta edição foi possível destacar o paralelo entre o dinamismo do ciclo de vida de um projeto com o desenvolvimento e adaptação colaborativa e progressiva. 20 Unidade I A partir desse contexto foram introduzidas e, desde então, evoluídas as abordagens para o gerenciamento ágil de projetos. A figura a seguir demonstra os quatro valores do manifesto ágil. Recursos humanos e seu relacionamento com elementos do projeto Processos, procedimento/tarefas e ferramentas pertinentes Aplicações e softwares como ferramentas Documentação colaborativa Relacionamento adaptativo com o cliente Adaptação/negociação de contratos Adaptação de planos Gestão de mudanças Cumprimento de requisitos e definições estabelecidos por planos Figura 4 – Os quatro valores do manifesto ágil Adaptada de: Massari (2018). 1.2.5 Maturidade na gestão de projetos O conceito de maturidade pode ser visto como um processo de aquisição de competências que ocorre gradualmente ao longo do tempo. No contexto das organizações, a maturidade precisa ser conquistada através do planejamento e ações tomadas para o aperfeiçoamento dos processos da empresa, de forma a conduzi-la para a realização de seus objetivos (MARQUES; RABECHINI; TOLEDO, 2005, p. 90). Nesse contexto, é possível compreender que a maturidade na gestão de projetos contempla parâmetros/métricas para determinar o grau de organização em que uma empresa se encontra em comparação a determinado modelo de maturidade. A possibilidade de mensurar e acompanhar a evolução de processos da organização por uma escala de maturidade propicia aos gestores identificar trilhas e/ou caminhos facilitadores para a gestão. Berssaneti, Carvalho e Muscat (2012) apontam que muitos modelos de maturidade em gerenciamento de projetos foram surgindo ao longo de pelo menos duas décadas. Os mais conhecidos são: Project Management Maturity Model (PMMM), Organization Project Management Maturity Model (OPM3) e Project Management – Competence (PM-Competence). O PMMM é composto por cinco níveis, de modo semelhante ao modelo proposto pelo Software Engineering Institute – o Capability Maturity Model (CMM) –, em que cada nível se relaciona a um grau diferente de maturidade em gerenciamento de projetos. Os níveis do PMMM podem ser vistos na figura a seguir. 21 GESTÃO DE PROJETOS DE TI Nível 2 Processos comuns Nível 1 Linguagem comum Nível 3 Metodolodia singular Maturidade: processos definidos Nível 4 Benchmarking Nível 5 Melhoria contínua Maturidade: processos gerenciados; melhoria contínua Melhoria dos processos Controle dos processos Definição dos processos Maturidade: em iniciação Conhecimento básico Figura 5 – Níveis de maturidade do PMMM Adaptada de: Kerzner (2000). Segundo Finocchio Junior (2013), o OPM3 foi criado pelo PMI, sendo utilizado conjuntamente ao PMBOK®. Esse modelo estabelece um checklist para verificar o estágio de competência das organizações, bem como identificar e destacar o uso, boas práticas, habilidades e competências que a organização possui e/ou deve possuir para se adequar ao nível de gerenciamento pretendido. A figura a seguir apresenta a estrutura de estágios a serem trabalhados/explorados em cada domínio: portfólio, programa e projeto. Iniciação Planejamento Encerramento Execução Monitoria e controle Melhoria contínua Controle Escala de maturidade Domínios que constituem o modelo OPM3: portfólio, programa e projeto Estágios de melhoria Mensuração/ mediação Padronização Grupos de processo de gerenciamento com base no Guia PMBOK® 6º edição Figura 6 – Modelo OPM3: portfólio, programa e projeto Adaptada de: PMI (2017). 22 Unidade I Proposto por Gareis e Huemann (2000), o modelo PM-Competence determina uma maturidade em cinco estágios pelos quais uma corporação deve passar para tornar-se madura e gerenciada por projetos. Esse modelo permite identificar o grau de maturidade de uma organização através de um questionário de tecnologia da informação, no qual constam perguntasrelacionadas a cada nível da escala. O conteúdo das perguntas aborda, por exemplo, conhecimentos sobre organização e cultura, planejamento de objetivo, identificação e resposta a riscos e comunicação. O resultado esperado sobre as perguntas baseia-se nas respostas: • sempre; • raramente; • nunca. Os estágios e/ou escala desse modelo são compostos por: • nível 1: compra da ideia; • nível 2: planejamento; • nível 3: implementação; • nível 4: testes; • nível 5: operação da gerência de projetos. Observação O CMM, o PMMM e o PM-Competence são modelos que permitem a mensuração/medição da maturidade na gestão de projetos. 1.3 Influência organizacional Fatores ambientais da empresa são aspectos de ambiência da organização que exercem influência no projeto. Podem ser internos ou externos (FREITAS, 2014, p. 18). Segundo Freitas (2014), comumente os projetos se integram ou são inseridos a um ambiente organizacional muito maior daquele em que foi executado e gerenciado. Dessa maneira, é de crucial importância conhecer detalhadamente todos os elementos envolvidos intrinsicamente ou tangencialmente ao projeto a fim de garantir que o projeto esteja alinhado às boas práticas já mantidas pela organização. As práticas ou técnicas de gestão e administração empresariais mantidas pela organização têm total influência sobre a forma como o projeto deverá ser estruturado e até mesmo 23 GESTÃO DE PROJETOS DE TI o nível de maturidade cabível e pretendido com base no estilo da organização. Há que se considerar também o envolvimento de entidades externas à organização, visto que entregas do projeto podem afetar ou até mesmo depender direta ou indiretamente de contratos mantidos com esses parceiros. 1.3.1 Influência organizacional: stakeholders Com base no Guia PMBOK® (2017), partes interessadas, do inglês, stakeholders, é um termo conhecido e utilizado sobre a gestão de projetos e se refere a uma pessoa, colaborador ou não, interno ou não, que tem envolvimento direto num processo ou tomada de decisão para a organização. Sendo assim, é totalmente pertinente e necessária a definição de uma estratégia a ser utilizada para a governança de toda a estrutura da organização em cada fase do projeto. Tal estratégia deve garantir que todos os membros necessários ao projeto estejam engajados no cumprimento das diretrizes definidas, e é responsabilidade do gerente de projeto monitorar a influência desses membros sobre os demais recursos do projeto, inclusive de influenciar recursos a fim de obter ou movimentar recursos e ideias para demandas emergentes em atividades definidas ou em ocorrências adversas ao planejamento do projeto. A monitoria e o controle de stakeholders é uma tarefa árdua e contínua e não deve ser restrita a um grupo específico de processos de gerenciamento de projetos. Esse processo deve ocorrer de forma transparente e tangente a todo e qualquer projeto, independentemente da atribuição de responsabilidades sobre atividades, visto que influenciadores se movimentam constantemente em detrimento de necessidades internas ou externas às da organização. Desse modo, é totalmente pertinente ter pessoal engajado na identificação e interceptação de novos influenciadores ou desgarrados ao propósito, tempo e orçamento esperado. Sponsor Stakeholders indiretos Gerente de portfólios Gerente de serviços PMO Gerenciamento do projeto Gerente do projeto Equipe auxiliar/suporte do projeto Joint ventures/ parceiros Gerentes funcionais/ áreas Clientes/ usuários Gerente de operações Equipes do projeto Stakeholders Projeto Figura 7 – Influência organizacional: stakeholders Adaptada de: PMI (2017). 24 Unidade I 1.3.2 Influência organizacional: cultura organizacional O Guia PMBOK®, em sua sexta edição (2017), afirma que uma organização pode ter sido moldada pela própria ação do mercado em que se encontra inserida ou pela maturidade e proficiência da organização quanto a processos alinhados a boas práticas de governança corporativa e gerenciamento de serviços reconhecidos quanto a sua eficiência em atingir objetivos específicos. Nesse cenário, o gerenciamento de projeto deve garantir que os objetivos propostos sejam atingidos, porém sem colidir com boas práticas em curso já implementadas na organização. Não é uma tarefa fácil! A cultura de uma organização é mórfica e constantemente recebe rearranjos empíricos de pessoas envolvidas com: • práticas, expectativas e ideias colaborativas; • marcos de regulação, normas e guias de boas práticas; • adoção de métodos de recompensa e motivação; • apetite por riscos; • entendimento da interação entre elementos hierárquicos e autoridade; • interpretação da missão, visão e valores sobre conduta, ética e trabalho; • ambiente corporativo. O ambiente operacional de uma organização é criado e mantido conforme a coexistência, experiência e maturidade de seus indivíduos. Sendo assim, é possível e cabível, se necessário, construir e propiciar um novo entendimento ou conhecimento necessário a fim de obter positiva e adequada influência sobre a cultura da organização para maximizar as chances de eficiência e eficácia sobre o projeto. O entendimento sobre a cultura organizacional deve ser ainda maior levando em consideração tanto aspectos do efeito da globalização quanto compreensão e conflitos de interesse devido à cultura cívica ou estilos administrativos e comerciais mantidos por entidades ao redor do mundo. 1.3.3 Influência organizacional: comunicações Ainda com base no Guia PMBOK® (2017), as comunicações, a distribuição e o acesso à informação por todas as partes envolvidas no projeto têm crucial importância para garantir a compreensão e o engajamento de partes interessadas, bem como na motivação de patrocinadores, do inglês, sponsor, termo utilizado pelo Guia PMBOK® designado a uma pessoa ou grupo de pessoas responsáveis por garantir recursos e suporte necessários para o sucesso do projeto. São muitos os meios e ferramentas disponíveis para a comunicação organizacional, tais como e-mails, videoconferência, portais eletrônicos, mensagens eletrônicas instantâneas, entre tantas outras. Ainda assim, é cabível ressaltar que o meio de comunicação utilizado e definido para uso deve permitir o controle e registro do acesso e até mesmo da inserção e manutenção da comunicação somente por partes devidamente identificadas. Dessa forma, outros meios de comunicação não comuns ou informais àqueles definidos para o projeto podem ser potenciais elementos de conflito diante da diversidade cultural e de estilo encontrada numa organização. 25 GESTÃO DE PROJETOS DE TI 1.4 Estruturas organizacionais Segundo Freitas (2014), uma estrutura organizacional reúne um conjunto de cargos funcionais e hierárquicos de modo que seus elementos possam interagir a fim de atingir um objetivo específico em comum. O tipo de estrutura pode variar quanto a ser funcional ou projetizada e impacta diretamente na forma como os recursos serão disponibilizados para a condução de um projeto. Cada tipo de estrutura possui características próprias para a composição da hierarquia e gestão de recursos. Cada organização tem a sua própria maneira de conduzir projetos, possuindo estruturas das mais variadas possíveis, de acordo com a regra de cultura organizacional. Não obstante, as estruturas organizacionais que gerenciam os projetos, normalmente, são enquadradas em uma das três modalidades a seguir: • funcional; • projetizada; • matricial. 1.4.1 Estrutura organizacional: funcional Esse é o tipo de estrutura mais comum e mais antigo nas corporações, conhecido também como método tradicional de organização: centrado em especializações agrupadas por função. Tem uma configuração hierárquica e relação de subordinação, em que um funcionário responde a outro imediatamente superior a ele, que responde a outro, até encontrar a última/primeira instância. Cada departamento é administrado independentemente do outro e com um controle limitado.Os recursos humanos alocados em cada um dos departamentos possuem elementos comuns e experiências semelhantes. Equipe A-1/Área A-1 Equipe B-1/Área B-1 Equipe C-1/Área C-1 Gerente A Gerente B Diretoria/executivo Gerente C Equipe A-2/Área A-2 Equipe B-2/Área B-2 Equipe C-2/Área C-2 Equipe A-3/Área A-3 Equipe B-3/Área B-3 Equipe C-3/Área C-3 Gestão e coordenação de projetos Figura 8 – Estrutura organizacional: funcional Adaptada de: Veras (2017). 26 Unidade I Principais vantagens desse tipo de organização: • Quando existem projetos, eles são planejados e implementados dentro da própria área. • Membros de equipe reportam-se ao gerente funcional. • Organização funcional duradoura, com centralização de recursos similares. • A definição de carreiras por especializações é muito clara. Principais desvantagens desse tipo de organização: • O gerente de projetos tem pouca ou nenhuma autoridade, principalmente em projetos multifuncionais. • Os funcionários dão maior ênfase ao trabalho técnico de sua área do que aos projetos da organização. • Não existem carreiras de gerente de projetos. 1.4.2 Estrutura organizacional: projetizada Essa é a estrutura mais viável para os projetos. Diferentemente do que ocorre na estrutura funcional, o gerente de projetos tem uma grande autoridade, quase absoluta, sendo, na maioria das situações, subordinado diretamente à direção. “Existe uma tendência de que as empresas, cada vez mais, migrem para a estrutura projetizada, ou seja, atuando com base na execução de projetos” (FREITAS, 2014, p. 17). O foco da organização é o próprio projeto, em vez de especialidades de cada área funcional. Os recursos organizacionais são dedicados aos projetos e a seus objetivos, respondendo diretamente aos gerentes de projetos. Nessa estrutura, as outras funções (recursos humanos, financeiro, contabilidade, entre outras) são enxergadas como apoio e, algumas vezes, respondem direto aos gerentes de projeto. Com base no Guia PMBOK® (2017) a estrutura do tipo organização projetizada apresenta grande vantagem quanto a integração, gestão de equipes, distribuição e interação de atividades por equipes e/ou áreas gerenciadas por um gerente de projeto dedicado. O poder para tomada de decisão é facilitado quando há o papel de um gerente de projeto dedicado à frente de um conjunto de equipes e/ou áreas, visto que ele monitora e controla todas as atividades pertinentes ao seu bloco. Ainda assim, é possível distribuir, realocar ou compartilhar atividades entre equipes ou áreas de outros blocos, pois o nível superior de gerência coexiste com o gerenciamento de projetos e a própria gerência do bloco. 27 GESTÃO DE PROJETOS DE TI Patah e Carvalho (2009) mencionam que a popularização da estrutura projetizada ocorre por quatro razões: • Velocidade de resposta e orientação ao mercado. • Desenvolvimento crescente de novos bens, produtos e serviços. • Rápida expansão de novidades tecnológicas. • Determinação da alta direção, que não se sente confortável nas estruturas mais antigas. As principais vantagens dessa estrutura são: • Gerente de projetos dotado de poder decisório e com recursos sob sua gerência. • Maior eficiência nos projetos. • Lealdade de recursos de projeto ao gerente de projetos. • Comunicação mais eficaz entre os componentes da equipe de projetos. As principais desvantagens desse tipo de estrutura são: • Ociosidade indesejada, porque os recursos podem não ter outro trabalho quando o projeto acaba. • Problemas como a alocação e a manutenção de recursos nas etapas finais do projeto. • Instalações, estruturas e funções duplicadas, porque cada projeto vai naturalmente exigindo seus próprios recursos e estruturas. Equipe A-1/Área A-1 Equipe B-1/Área B-1 Equipe C-1/Área C-1 Gerente de projeto A Gerente de projeto B Diretoria/executivo Gerente de projeto C Equipe A-2/Área A-2 Equipe B-2/Área B-2 Equipe C-2/Área C-2 Equipe A-3/Área A-3 Equipe B-3/Área B-3 Gerente do projeto Gestão e coordenação de projetos Figura 9 – Estrutura organizacional: projetizada Adaptada de: Veras (2017). 28 Unidade I Lembrete Existe uma tendência de que as empresas, cada vez mais, migrem para a estrutura projetizada, ou seja, atuando com base na execução de projetos (FREITAS, 2014). 1.4.3 Estrutura organizacional: matricial Essa estrutura organizacional é considerada híbrida, porque combina características da funcional e da projetizada, minimizando, assim, as diferenças entre pontos fortes e fracos dessas estruturas. A constituição hierárquica da corporação é mantida, ao mesmo tempo que se mantêm técnicas de gerenciamento de projetos eficientes. As personagens do gerente de projetos e do gerente funcional coexistem na corporação, com suas responsabilidades. O gerente funcional responsabiliza-se por questões administrativas, alocação de funcionários para projetos e áreas de apoio em geral. O gerente de projetos responsabiliza-se pelo planejamento e pela execução do projeto. A análise do desempenho dos recursos do projeto é conjuntamente executada pelos dois gerentes. Enfim, deve haver certo equilíbrio de poder entre os gerentes de projeto e funcional. Existem três categorias nessa estrutura organizacional: • matricial fraca; • matricial forte; • matricial balanceada. Na matricial fraca, os gerentes funcionais têm um pouco mais de poder que os gerentes de projeto, e estes são “reduzidos” a coordenadores de projeto, responsáveis apenas pela execução de projetos. É possível observar na figura a seguir a equipe ou área destacada com poder parcial nas tomadas de decisões sobre o projeto gerenciado, a qual funciona como um suporte ou facilitador no gerenciamento de projeto. A equipe ou área deve se reportar a seu respectivo gerente direto. 29 GESTÃO DE PROJETOS DE TI Equipe A-1/Área A-1 Equipe B-1/Área B-1 Equipe C-1/Área C-1 Gerente A Gerente B Diretoria/executivo Gerente C Equipe A-2/Área A-2 Equipe B-2/Área B-2 Equipe C-2/Área C-2 Equipe A-3/Área A-3 Equipe B-3/Área B-3 Equipe C-3/Área C-3 Gestão e coordenação de projetos Figura 10 – Estrutura organizacional: matricial fraca Adaptada de: Veras (2017). Na matricial forte, os gerentes de projeto têm um pouco mais de poder que os gerentes funcionais, conseguindo convencê-los das necessidades corriqueiras de um projeto, como pode ser visto na figura a seguir: Equipe A-1/Área A-1 Equipe B-1/Área B-1 Equipe C-1/Área C-1 Gerente de projeto A Gerente A Gerente B Diretoria/executivo Gerente C Gerência: gerentes de projeto Equipe A-2/Área A-2 Equipe B-2/Área B-2 Equipe C-2/Área C-2 Gerente de projeto B Equipe A-3/Área A-3 Equipe B-3/Área B-3 Equipe C-3/Área C-3 Gerente de projeto C Gestão e coordenação de projetos Figura 11 – Estrutura organizacional: matricial forte Adaptada de: Veras (2017). Das estruturas matriciais, a balanceada é aquela que se encontrar numa posição intermediária, com os poderes do gerente de projetos e do gerente funcional equilibrados. 30 Unidade I A estrutura do tipo organização matricial balanceada se assemelha muito à matricial fraca, porém, nessa estrutura, existe o papel do gerente de projeto dentro da hierarquia de equipes ou áreas; ainda não há uma gerência específica para o gerenciamento de projetos. A figura a seguir demonstra a estrutura: Equipe A-1/Área A-1 Equipe B-1/Área B-1 Equipe C-1/Área C-1 Gerente A Gerente B Diretoria/executivo Gerente C Equipe A-2/Área A-2 Equipe B-2/Área B-2 Equipe C-2/Área C-2 Equipe A-3/Área A-3 Equipe B-3/Área B-3 Gerente de projeto Gestão e coordenação de projetos Figura 12 – Estrutura organizacional: matricial balanceada Adaptada de: Veras (2017). As principais vantagens das estruturas matriciais são: • Controle maior por parte do gerente de projetos sobre os projetos. • Melhor utilização de recursos numa organização. • Melhora na comunicação entre os membros das equipes. As principais desvantagens são: • Existência de dois “chefes” para os recursos. • Problemas na alocação derecursos, devido a constante conflito entre os gerentes funcional e de projetos. A estrutura não deve engessar a hierarquia de uma organização. Para tanto, diversas organizações utilizam a composição de tipos organizacionais de estrutura ou estrutura organizacional híbrida, nas quais, por exemplo, são trabalhadas as estruturas organizacionais funcional e projetizada. Nesse cenário, algumas pessoas são destacadas para cumprir funções no gerenciamento de projetos aquém de suas especialidades funcionais ou até mesmo segmentar pessoas de equipes ou áreas distintas para garantir a gestão de projeto por subgrupos de uma área ou equipe. A customização e navegação entre 31 GESTÃO DE PROJETOS DE TI as estruturas organizacionais permite flexibilidade para o gerenciamento de projetos por demanda ou com necessidades específicas atribuídas ou encontradas em determinadas equipes. Dessa maneira, é possível operar sob a estrutura organizacional forte e ativar, conforme necessidade, o destacamento de equipes de pequeno porte para trabalhar em projetos ou atividades especificas adequadas ao cumprimento ou execução de tarefas relacionadas a outras áreas. A figura a seguir apresenta um exemplo de estrutura organizacional composta: Equipe A-1/Área A-1 Equipe B-1/Área B-1 Equipe C-1/Área C-1 Gerente de projeto A Gerente A Gerente B Diretoria/executivo Gerente C Gerência: gerentes de projeto Equipe A-2/Área A-2 Equipe B-2/Área B-2 Equipe C-2/Área C-2 Gerente de projeto B Equipe A-3/Área A-3 Equipe B-3/Área B-3 Equipe C-3/Área C-3 Gerente de projeto C Gestão e coordenação de projetos A Gestão e coordenação de projetos B Figura 13 – Estrutura organizacional: matricial balanceada Adaptada de: PMI (2017). No quadro a seguir, temos uma comparação das estruturas matriciais. Quadro 1 – Comparação das estruturas matriciais Matricial fraca Matricial balanceada Cargo do gerente de projetos Coordenador ou líder de projetos Gerente de projetos Enfoque do gerente de projetos Divide o enfoque do projeto entre responsabilidades funcionais Projetos e sua execução Poder do gerente de projetos Autoridade e poder mínimos Equilíbrio entre autoridade e poder Tempo do gerente de projetos Parcial nos projetos Integral nos projetos Estilo de organização Muito semelhante ao da organização funcional Combinação da matricial fraca e da forte A que o gerente de projetos se reporta Gerente funcional Um gerente funcional, mas divide a autoridade e o poder Adaptado de: Freitas (2014). 32 Unidade I Caso a corporação queira dar maior ênfase a projetos e uma crescente autoridade ao gerente de projetos, estabelece-se uma escala de importância das estruturas organizacionais, conforme a figura a seguir. Funcional Matriz balanceada Matriz fraca Matriz forte Projetizada Ênfase no projeto + Autoridade do gerente de projetos Figura 14 – Comparação das estruturas matriciais Adaptada de: Freitas (2014). 1.5 Escritório de projetos O gerenciamento de projetos começou a ganhar destaque no planejamento estratégico das empresas. Para que essa gestão aconteça de forma estruturada e eficiente, é necessário criar uma estrutura formal na organização, denominada “escritório de projeto” (Project Office – PO) ou “escritório de gerência de projetos” (Project Management Office – PMO). Essa estrutura vem sendo adotada por empresas de diferentes portes, com vistas a centralizar as atividades (CANDIDO, 2012, p. 86). O escritório de projeto é o departamento da organização responsável por gerenciar os projetos sob sua competência. Seu uso é mais comum nas estruturas organizacionais projetizadas. É atividade do escritório de projetos garantir o compliance de processos e procedimentos de gerenciamentos de projetos alinhados às boas práticas de gestão como as mantidas pelo PMI, além de se preocupar com a rentabilidade dos projetos, adequação e otimização de uso de recursos, bem como da satisfação do cliente diante dos resultados obtidos sobre o projeto gerenciado. Segundo Vargas (2018), algumas atividades requeridas sobre um escritório de projetos: • Levantar os requisitos necessários. • Analisar, interpretar e associar caso a caso a metodologia aplicável para o gerenciamento do projeto, bem como estabelecer quais documentos, políticas e procedimentos serão adotados para o gerenciamento. • Garantir que exista uma base de conhecimento e alternativas que sustentem a gestão de riscos compartilhadas entre projetos tangentes. • Identificar uma ferramenta de gerenciamento e desenvolver o gerenciamento de projetos de modo que todos os recursos necessários sejam intrínsecos a ela. 33 GESTÃO DE PROJETOS DE TI • Coordenar e ser o ponto focal de toda a comunicação e divulgação de informações sobre os projetos gerenciados. • Treinar e garantir a manutenção do conhecimento de gerentes de projeto e colaboradores pertinentes. • Garantir a monitoria e o controle sobre todas as tarefas em andamento e respectivo feedback aos gerentes de projeto pertinentes a cada projeto. • Gerenciar e conduzir pipeline, follow-up e portfólio de projetos. • Gerenciar e conduzir os recursos implícitos ao projeto de maneira que sejam atendidos o escopo, custo e o prazo definidos no planejamento de cada projeto. Ainda segundo Vargas (2018), é possível segmentar nas seguintes funções um escritório de projetos: • Suporte e administração: responsável pela manutenção de cronogramas, relatórios, manutenção de salas de reunião da equipe, manutenção do histórico do projeto e operação de ferramentas/softwares computacionais. • Consultoria e aconselhamento: suporte ao desenvolvimento de propostas, condução de avaliação de riscos, respostas imediatas a necessidades da organização e aconselhamento com a alta administração. • Treinamento: responsável pelo treinamento das equipes de projetos em geral. • Acompanhamento de profissionais: apoio na contratação de profissionais, avaliação das capacidades dos gerentes de projetos e identificação de níveis salariais. Saiba mais Consulte a obra recomendada a seguir: VARGAS, R. V. Gerenciamento de projetos: estabelecendo diferenciais competitivos. 9. ed. Rio de Janeiro: Brasport, 2018. 1.5.1 Escritórios de projetos: tipos de estruturas Com base no Guia PMBOK® (2017), um PMO pode ser implantado com base em algumas estruturas, previamente definidas no Guia PMBOK®, relacionadas ao nível de controle esperado pela organização, sendo: 34 Unidade I • Suporte: PMO fornece apoio quanto a modelos de documentos a serem utilizados e sobre como utilizá-los. • Controle: PMO garante o correto uso e aplicação da metodologia de gerenciamento de projetos pertinente. • Diretiva: PMO assume o papel focal na gerência de projetos. Ainda sobre as estruturas aplicáveis a um PMO, estas podem ser mantidas por equipe própria da organização ou ser contratada por consultoria especializada nesse segmento. Em ambas as possibilidades é cabível ressaltar algumas responsabilidades esperadas sobre cada estrutura: • Suporte: cabe devido treinamento de pessoal para garantir prática alinhada à metodologia de projeto adotada. • Controle: alinhar todo o gerenciamento de projeto com base na metodologia mais adequada à organização e aos produtos ou serviços esperados e, então, monitorar e controlar todos os processos a fim de garantir o compliance à metodologia pertinente. • Diretiva: Essa estrutura tem papel fundamental de forma direta na gerência de todo o portfólio de projetos, bem como na gestão de equipes e áreas pertinentes às entregas do projeto. O alinhamento de todos os envolvidos e até mesmo do uso de ferramentas de gerenciamento devem seguir e ser mantidas pelas diretrizes definidas por essa estrutura. Tipo de estrutura PMO Suporte Controle Diretiva Figura 15 – Escritório de projetos: tipos de estruturas Adaptada de: Vargas (2018). 35 GESTÃO DE PROJETOS DE TI Observação Segundo Vargas (2018), o termo pipeline é muito comum a gerentes de projeto. Na visão deum gestor, receber demandas em ordem e de acordo com objetivos de negócio previamente definidos seria ideal, porém, na prática, a realidade é bem diferente, demandas são recebidas de forma desordenada e muitas vezes conflitantes entre si. Cabe ao gerente de projeto identificar as características das demandas, categorizá-las e priorizá-las de acordo com o potencial requerido sobre uma demanda para esta se tornar um projeto, preferencialmente agregando valor ao negócio. Após terem sido filtradas, as demandas com características que propiciem impacto favorável ao ambiente de negócios irão se tornar projetos reais. Assim, outras demandas adiáveis ou de distinta importância devem aguardar por novos filtros e/ou fases de aprovação. Quanto maior for o período para a conclusão de um projeto, melhor deve ser a gestão do pipeline, ou demandas. Observação Outro termo também muito comum a gerentes de projeto é o follow-up de atividades e/ou tarefas pertinentes a um projeto. É o acompanhamento, monitoria ou controle de atividades, a fim de garantir que os resultados esperados serão alcançados. 1.5.2 Implantação de um escritório de projetos Vários obstáculos podem apresentar desafios para uma organização que está buscando estabelecer um PMO. A falta de entendimento do papel do PMO na organização, de sua resposta de valor e do investimento necessário para que este esteja apto a desempenha suas atividades pode levar sua implantação ao fracasso (BARCAUI, 2012, p. 35). Um escritório de projetos deve compartilhar do entendimento sobre projeto quanto às características desse trabalho em garantir ou empreender a aplicação de recursos de forma temporária, bem como do resultado que não necessariamente será um produto fim, mas, sim, um produto ou serviço que será entrada para um novo projeto. Sobre todo e qualquer projeto pertinente a um escritório de projeto, caberá seu gerenciamento, sendo requerido, por parte dos profissionais envolvidos, o know-how sobre o conhecimento acerca de boas práticas reconhecidas mundialmente para o gerenciamento de projetos, bem como de habilidades e conhecimento sobre ferramentas que auxiliam na condução e gestão dos projetos e gerenciamento de produtos de entradas e saídas de projetos. 36 Unidade I Segundo Barcaui (2012), algumas razões e fatores devem ser observados para a implantação de um escritório de gerenciamento de projetos numa organização: • A expertise e maturidade da organização quanto ao uso de documentação e compliance a boas práticas. • Aperfeiçoamento das práticas de gestão de projetos e redução de projetos que apresentam problemas. • Melhoria da satisfação dos clientes com relação aos projetos da organização. • Uso eficiente e eficaz dos recursos de projeto. • Melhor gestão do conhecimento no ambiente de gestão de projeto, favorecendo a criação do conhecimento explícito. • Necessidade de transformar o gerenciamento de projetos num gerenciamento estratégico de projetos. Alves et al. (2013) mencionam um roteiro básico de implantação de um escritório de gerenciamento de projetos: • Passo 1: estabelecimento da missão e da estratégica do escritório. • Passo 2: preparação do plano executivo • Passo 3: estabelecimento de prioridades. • Passo 4: facilitação do trabalho colaborativo entre stakeholders. • Passo 5: apoio aos projetos da empresa. • Passo 6: operação e manutenção do escritório de gerenciamento de projetos. Ainda em sua pesquisa, Alves et al. (2013) descrevem as quinze melhores práticas para a implantação de um escritório de gerenciamento de projetos: • Procurar o patrocínio do board (alta direção). • Possuir metodologia desenvolvida sendo utilizada em projetos pilotos. • Formar um escritório de gerenciamento de projetos com profissionais de reconhecida experiência. • Garantir eficiência e eficácia ao agregar valor. 37 GESTÃO DE PROJETOS DE TI • Haver total integração entre sistemas de informação e processos organizacionais. • Promover a mudança da cultura organizacional. • Gerenciar bem as diferentes partes interessadas, no seu entendimento, necessidades e expectativas. • Elaborar e controlar o plano de implantação do escritório de gerenciamento de projetos. • Simplificar a implementação do escritório de gerenciamento de projetos sem engessar processos por demasiada e/ou onerosa documentação. • Segmentar objetivos de acordo com fases ao longo da implementação. • Fornecer apoio especializado aos projetos, e não somente recursos. • Não demandar serviços antes de prover estrutura necessária. • Não postergar o início da implantação. • Utilizar as lições aprendidas, conhecimento e procedimentos existentes. • Não esquecer as partes interessadas (stakeholders) chave. Saiba mais Para conhecer um pouco mais sobre escritórios de gerenciamento de projetos, leia a obra: BARCAUI, A. (org.). PMO: escritório de projetos, programas e portfólio na prática. Rio de Janeiro: Brasport, 2012. 2 PRINCIPAIS MODELOS E PRÁTICAS DE GERENCIAMENTO DE PROJETOS 2.1 Introdução As organizações de um modo geral desejam que os seus projetos sejam executados com sucesso. De fato, é fator sine qua non que exista um escritório de gerenciamento de projetos e que haja uma conscientização de todos, desde a alta direção até as equipes de projeto, sobra a necessidade de uma metodologia ou guia de boas práticas adequado para a gestão de projetos. 38 Unidade I Segundo Ungureanu e Ungureanu (2014), é primordial identificar a metodologia adequada à situação e/ou projeto, visto que tal escolha permeará diversas possiblidades facilitadoras para a gestão do projeto. A seguir é possível destacar algumas vantagens obtidas a partir da escolha de uma metodologia pertinente: • Efetiva e clara comunicação entre todos os envolvidos no projeto. • Não engessamento de processos por demasiada documentação. • Documentação carente sobre processos que demandam maior controle por necessidade organizacional/documental ou regulamentação. • Acompanhamento abrangente sobre orçamento e cronograma por métricas claras, previamente definidas e aceitas por envolvidos pertinentes. • Garantia da apropriação do conhecimento por todos os envolvidos de maneira que a compreensão da linguagem/metodologia seja natural a todos. • Redução de conflitos, bem como proativa detecção e tratamento de fatos pontuais. • Entrega segura dos resultados obtidos a partir da produção planejada. Segundo Pace (2019), metodologias modernas de gerenciamento de projetos não se dedicam a tratar explicitamente de processos lineares. É praxe abordagens alternativas com base em necessidades/requisitos para a gestão dos projetos. Esse fenômeno se destaca em vista de alguns métodos serem mais bem adaptados para a gestão de recursos acerca do desenvolvimento de softwares, já outros, para o gerenciamento de implementação de infraestruturas de tecnologia da informação (TI), bem como práticas de gerenciamento que permitam o controle sobre compliance e/ou migração de normas e marcos reguladores, enfim, modelos diferentes para práticas de gestão de projetos diferentes. Berssaneti, Carvalho e Muscat (2012) mencionam a existência de diversas metodologias e ferramentas utilizadas na gestão de projetos conhecidas como modelos de referência. Esses modelos se sustêm na aplicação de processos estruturados, sequenciados, repetidos e contínuos utilizados de modo gradual e seguro na corporação. A grande maioria das conhecidas metodologias para a prática da gestão de projetos acumula experiência em anos de boas práticas já utilizadas nos mais diversos aspectos, perspectivas e segmentos de negócio. A seguir temos alguns dos métodos mais conhecidos: • Project Management Body of Knowledge (PMBOK®). • Six Sigma. 39 GESTÃO DE PROJETOS DE TI • Project in Controlled Environments 2 (Prince2®). • Scrum. • Association of Project Management Body of Knowledge (APMBOK). • Critical Path Method (CPM). • Guidebook of Project and Program Management for Enterprise Innovation(P2M/PMCC). Entre esses métodos, com base em Vargas (2018), o mais utilizado é o Guia PMBOK®, seguido do Prince2®. Na área de tecnologia da informação (TI), mais especificamente, existem algumas outras metodologias, como as que utilizam métodos ágeis, muito bem aceitos e aderentes aos segmentos de desenvolvimento de software e bancos de dados. Dentre os métodos ágeis, o mais conhecido é o Scrum. 2.2 PMBOK® 2.2.1 Contextualização O Guia PMBOK® foi elaborado pelo PMI, em colaboração entre diversos profissionais e especialistas filiados ao redor do mundo. Sua primeira versão foi publicada em 1996, e a atual sexta edição foi publicada em setembro de 2017. O Guia PMBOK® contempla boas práticas para a gestão e o gerenciamento de projetos, porém, no guia, não há o intuito de cadenciar recursos humanos por meio de técnicas ou ferramentas especificas para a prática da gestão. O gerenciamento se dá por grupos de processos relacionados a ferramentas e técnicas de praxe comum ao objeto tratado. Ainda assim, é cabível ressaltar que projetos geridos por meio do PMBOK® carregam as primordiais características da definição: esforço temporário em prol de um resultado e/ou produto único. O PMBOK® fornece vocabulário comum aos gerentes de projetos, assim como um guia de processos, ferramentas e técnicas que são extremamente úteis na condução dos projetos de uma organização. Observação Com base em Vargas (2018), diferentemente de um processo contínuo, projeto tem um propósito específico, composto por um cronograma – tempo: início e fim –, escopo devidamente declarado, bem como os recursos necessários para atingir os resultados esperados. 40 Unidade I 2.2.2 Aplicabilidade do modelo Vargas (2018) trata sobre a compreensão do modelo PMBOK® através do Guia PMBOK®, em que devem ser considerados os elementos adequados e aceitos para a gestão do projeto: O guia também procura identificar e descrever aquela parte do PMBOK® Guide que é geralmente aceita. O termo “geralmente aceita” significa, neste caso, que os conhecimentos e práticas descritos são aplicáveis à maioria dos projetos, na maioria das vezes, e que há um consenso amplamente difundido sobre seu valor e utilidade (VARGAS, 2018, p. 47). Com base nesse contexto, é possível compreender que os elementos selecionáveis dos grupos de processos e as áreas de conhecimento contempladas no PMBOK® devem ter fundamento quanto ao uso, ou seja, ter base empírica para ser aplicada e pertinente à prática da gestão do projeto. Como exemplo, é possível citar um projeto qualquer que não apresenta aquisição de elementos/objetos externos e/ou internos de características aquisitivas. Nesse cenário, não seria cabível ou de boa prática o uso de processos pertinentes à área de conhecimento – Guia PMBOK® – gerenciamento de aquisições. 2.2.3 Ciclo de vida do gerenciamento do projeto Segundo o Guia PMBOK® (2017), a gestão de um projeto deve apresentar uma base em comum a qualquer projeto, tanto da área de negócio quanto em TI. Para tanto, o PMBOK® apresenta um conjunto de cinco fases ou etapas para gerenciamento de projetos, sendo tais etapas uma complementar à outra. Dessa forma, para garantir o sucesso esperado sobre um projeto, exigirá o cumprimento de todas as orientações propostas a cada fase. Os grupos de processos são: • processos de iniciação; • processos de planejamento; • processos de execução; • processos de monitoria e controle; • processos de encerramento. Observação Não confundir! O ciclo de vida do projeto descreve como o projeto será executado. O ciclo de vida do gerenciamento do projeto são os grupos de processo. 41 GESTÃO DE PROJETOS DE TI O grupo de processos de iniciação reúne os processos de definição de um novo projeto ou nova fase do projeto, incluindo as aprovações para comprometimento dos recursos organizacionais necessários ao início de um projeto ou de uma fase específica. O grupo de processos de planejamento inclui os processos que estabelecem o escopo total do esforço, determinando um planejamento, bem como revisitando e refinando as metas e os objetivos do projeto. Essa é uma das fases mais importantes de um ciclo de vida de gerenciamento de projetos. O grupo de processos de execução é composto por processos que concretizam os planos de um projeto. Assegura, também, que a execução do processo permaneça sincronizada com objetivos e metas definidos. O grupo de processos de monitoramento e controle efetua as avaliações de desempenho e as analisa, visando regular, rever e controlar o progresso do desempenho do projeto. O grupo de processos de encerramento tem a responsabilidade de terminar formalmente e ordenadamente as atividades de uma fase ou do projeto propriamente dito. Em muitas situações, a esse grupo de processo é dispensada pouca atenção, o que prejudica o alinhamento final do projeto. [...] um grupo de processos é também um projeto e, portanto, possui um determinado ciclo de vida e pode ser subdividido em novos grupos de processos. Isso significa que existe uma iniciação do grupo de processos de iniciação, um planejamento do grupo de processos de iniciação (VARGAS, 2018, p. 36). Com base em Vargas (2018), compreende-se que há um caminho percorrido através dos grupos de processos que pode ser relacionado com o caminho percorrido pelas fases pertinentes à própria gestão do projeto. Para corroborar esse contexto, é possível destacá-lo em mesmo sentido, porém, de outra autoria e com vistas ao impacto dos riscos: A progressão pelos grupos de processos do gerenciamento de projetos tem as mesmas características que a progressão pelas fases do projeto. Isto é, os custos são mais baixos durante os processos de iniciação, e poucos membros da equipe estão envolvidos. No grupo de processo de execução, o custo e o número de pessoas participantes aumentam e voltam a diminuir conforme o projeto se aproxima do encerramento. As chances de sucesso são mínimas durante a iniciação e muito grandes durante os processos de iniciação, planejamento e execução, mas o impacto dos riscos durante os últimos processos. As partes interessadas têm maior influência durante os processos de iniciação e planejamento e veem essa influência diminuir ao longo dos processos de execução, monitoramento e controle e encerramento (HELDMAN, 2009, p. 30). 42 Unidade I As ações dos grupos de processos se inter-relacionam e se sobrepõem de maneira muitas vezes interativas, devendo ser revisitadas várias vezes ao longo do ciclo de vida. Esses processos produzem saídas que são encontradas em outros processos, inclusive de grupos diferentes. A inter-relação entre os grupos de processos pode ser vista na figura a seguir: 2. Planejamento 4. Monitoria e controle 3. Execução 5. Encerramento1. Iniciação Figura 16 – PMBOK®: grupo de processos Adaptada de: PMI (2017). 2.2.4 Áreas de conhecimento da gestão de projetos Embora possa ser encontrado em sites da web como uma metodologia, o PMBOK® é um guia, ou seja, deve ser utilizado como material de referência para o gerenciamento de projetos. Assim, o PMBOK® não obriga a aplicação ou uso de um requisito específico, visto que a gestão de projetos necessita ser adaptada às regras de negócio de cada organização. O PMBOK® como sugere a própria sigla: base de conhecimento em gerenciamento de projetos, do inglês Project Management Base of Knowledgment, documenta e disponibiliza uma guia de boas práticas praticadas e aceitas internacionalmente. Além das cinco fases supracitadas para a gestão de projetos, a sexta edição do PMBOK® dividiu as boas práticas para gestão de projetos em dez áreas de conhecimento, sendo: • gerenciamento de integração; • gerenciamento de escopo; • gerenciamento de cronograma; • gerenciamento de custos; • gerenciamento de qualidade; • gerenciamento de recursos; • gerenciamento de comunicação; • gerenciamento de riscos; • gerenciamento de aquisições; • gerenciamento de partes interessadas. 43 GESTÃO DE PROJETOS
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