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MÓDULO 02 (CEFC) PREVENÇÃO MEDIAÇÃO E RESOLUÇÃO PACÍFICA DE CONFLITOS

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Prévia do material em texto

ESTADO DO MARANHÃO
SECRETARIA DE ESTADO DA SEGURANÇA PÚBLICA
POLÍCIA MILITAR DO MARANHÃO
DIRETORIA DE ENSINO
CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO DE PRAÇAS
Criado pela Lei Estadual nº 3.602, de 04/12/1974
End: BR 135, Km 2–End: BR 135, Km 2–Tirirical
Tel: (98) 98162-3250 - Email: eadcfappmma@outlook.com.br - Plataforma EAD: www.pm.ma.gov.br/eadpm
EAD PM 2019
CEFC I
2019
DE CONFLITOS 
RESOLUÇÃO PACÍFICA
PREVENÇÃO, MEDIAÇÃO
2 
APRESENTAÇÃO 
 
Este trabalho representa um esforço coordenado dos integrantes do 
Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças – CFAP e objetiva fomentar 
a produção de conhecimento, padronização de procedimentos operacionais e 
proporcionar subsídios àqueles interessados em adquirir informações, 
proporcionando também base teórica que deverá ser usada por todas as 
Unidades Polos de Ensino da PMMA, por ocasião de Cursos de Formação ou 
atualização, bem como poderá ser aprimorada e utilizada em outras atividades 
de ensino que, com certeza, haverão de acontecer. Certamente, os 
conhecimentos não foram exauridos e também não foi essa a nossa pretensão, 
mas sim deixarmos nossa parcela de contribuição nesse contexto. 
 
 
Cel QOPM Auceri Becker Martins - Cmt. CFAP 
Responsável pela edição e aprimoramento textual 
 
3 
PALAVRAS DO COMANDANTE DO CFAP 
O incremento intelectual e técnico na qualidade do serviço dos profissionais 
em segurança pública é filosofia de gestão do Centro de Formação e 
Aperfeiçoamento de Praças da PMMA desde que travei meu primeiro contato com 
o ensino nessa instituição. 
O educador militar persegue o objetivo de satisfazer plenamente nosso 
cliente e estabelece o conceito de “confiável” para um formando na prestação de 
serviços. Alinhados com o discurso de aliança entre modernidade e tradições, os 
profissionais desse Centro buscam ininterruptamente, identificar oportunidades de 
melhoria a partir da experimentação e aprimoramento de práticas, nunca 
indiferentes às possibilidades de inovação, preservando valores éticos pautados 
em respeito ao cidadão e ao próprio policial militar. 
Em um ano de profunda inquietação social e de eventos da magnitude de 
uma eleição presidencial e de uma copa do mundo em nosso país, enfrentamos o 
desafio de fazer segurança pública de qualidade. Vivemos essa nova ordem 
mundial, sem fronteiras na informação, onde ideologias se inflamam e paixões 
transbordam preceitos de respeito, civilidade e urbanidade. Momento em que a 
preservação da paz social se faz imperativa, sob pena de sucumbirmos ante ao 
caos, o crime e a anarquia. 
É na preparação desse profissional que sustentará os alicerces da 
democracia nas ruas e nas palavras que debruçamos nossos esforços, talentos e 
trabalho incessante. Precisamos estar familiarizados com as frequentes 
exigências desse mundo em ebulição social, moral e ideológica, perseguindo 
novos instrumentos de aprimoramento e progresso na seara educacional. 
Atentos aos acontecimentos do nosso tempo, estamos inaugurando uma 
nova gama de ferramental pedagógico, comparável às mais modernas instituições 
de ensino da contemporaneidade, ofertando o uso de uma plataforma virtual 
extremamente prática, funcional e confiável para o processo educativo. Trata-se 
da Plataforma Moodle, fruto do sonho e empenho dos comandantes que me 
antecederam na gestão dessa Unidade Escola. 
 
4 
Estaremos disponibilizando esse sistema magnífico durante toda a extensão 
dos cursos oferecidos pelo CFAP, com profissionais, oficiais e praças PMS, 
gabaritados e treinados por tutores experientes oriundos das universidades mais 
respeitáveis do Estado do Maranhão, sempre na busca da excelência na 
prestação de nosso serviço aos matriculados no ensino a distância. 
Dessa forma senhores e senhoras, com a alma cheia de vontade e o 
semblante humilde, ciente de que estamos recém iniciando essa jornada, que 
começamos a trabalhar no ideal proposto por este Centro de Formação, que é a 
de aproximar o policial militar da comunidade ampliando seu espectro de 
percepções e sensibilidades sem jamais descuidar do seu preparo técnico e 
intelectual para a prestação de um serviço à altura das expectativas do nosso 
povo. 
Reitero o fraterno e sincero abraço de meus predecessores, certo que darei 
continuidade mesma trajetória e ao mesmo sonho comum. Muito obrigado! 
 
 
Cel QOPM Auceri Becker Martins - Cmt. CFAP 
Responsável pela edição e aprimoramento textual 
 
5 
Sumário 
CAPÍTULO I – CONFLITOS ..................................................................................................... 8 
1 – Entendendo os conflitos: conceitos e reflexões ................................................... 8 
2 – Estilos de manejo de conflitos ......................................................................................... 10 
CAPÍTULO II - MÉTODOS AUTOCOMPOSITIVOS DE SOLUÇÃO DE ......................... 17 
CONFLITOS .............................................................................................................................. 17 
1 – Métodos autocompositivos de solução de conflitos (MASCs) .................................... 17 
2 - Diferença entre conciliação e mediação ......................................................................... 23 
3 – O Sistema Multiportas ....................................................................................................... 23 
CAPÍTULO III – MEDICAÇÃO DE CONFLITOS ................................................................. 28 
3.1 – Aspectos introdutórios sobre o tema ........................................................................... 29 
3.1. Definição, princípios e objeto da mediação .............................................................. 29 
2 – Modelos e técnicas de mediação .................................................................................... 31 
3 – Procedimentos da mediação de acordo com a lei n° 13.140/2015 ........................... 35 
CAPÍTULO IV – O MEDIADOR .............................................................................................. 41 
1 – O mediador e a Lei nº 13.140/2015 ................................................................................ 42 
2- Aspectos da formação do mediador ................................................................................. 43 
2.1 Conhecimentos, habilidades e atitudes .......................................................................... 43 
3 - Ética do mediador ............................................................................................................... 48 
3.1. Obrigações éticas do mediador ...................................................................................... 48 
3 - Ética do mediador ............................................................................................................... 56 
3.1. Obrigações éticas do mediador ...................................................................................... 56 
 
 
6 
INTRODUÇÃO 
No final da década de 90, por meio da Resolução nº 26/1999, o Conselho 
Econômico e Social das Nações Unidas recomendou fortemente que os Estados 
desenvolvessem, ao lado dos respectivos sistemas judiciais, a promoção das 
chamadas Resoluções Alternativas de Disputas (ADRs). 
A utilização desses métodos contribui para a desconstrução dos conflitos 
(atuais e potenciais), a restauração da relação entre as pessoas e a construção de 
uma solução. Além disso, no contexto da segurança pública, propiciam a cidadania 
ativa e auxiliam a transformação e a contenção da escalada de conflitos 
interpessoais em sua origem (a comunidade), evitando a eclosão de episódios de 
violência e de crime e auxiliando na construção da paz. 
Num contexto de ênfase ao policiamento comunitário, a ação do policial está 
mais voltada para as relações interpessoais e,desta forma, conceitos como os de 
mediação e resolução de conflitos, prevenção da violência e outros deverão estar 
presente em seus estudos. 
Este curso criará condições para que você possa estudar distintas 
abordagens e técnicas de resolução de conflitos, detendo-se com maior 
profundidade na perspectiva da mediação, com base na Lei nº 13.140 de 26 de 
junho de 2015*. 
*Dispõe sobre a mediação entre particulares como meio de solução de 
controvérsias e sobre a auto composição 
De conflitos no âmbito da administração pública; altera a Lei n° 9.469, de 10 
de julho de 1997, e o Decreto n° 70.235, de 6 de ma rço de 1972; e revoga o § 2° do 
art. 6° da Lei no 9.469, de 10 de julho de 1997. 
Espera-se que o conteúdo do curso possa auxiliá-lo nas suas atividades de 
segurança pública e, ao mesmo tempo, inspirar experiências de mediação 
comunitária. 
Bom estudo!
7 
OBJETIVOS DO CURSO 
Ao final do curso, você será capaz de: 
 
Definir conflito, dissociando-o de outras formas de violência; 
Listar os métodos auto compositivos para resolução de conflitos; 
Enumerar os modelos e técnicas de mediação de conflitos; 
Descrever o procedimento de mediação de conflitos; 
Reconhecer a importância da neutralidade, da ética do mediador e da 
confidencialidade do mediador, das partes e demais profissionais ou pessoas 
envolvidas no processo de mediação. 
 
 
Estrutura do curso 
Este curso possui os seguintes módulos: 
 
CAPÍTULO 1 – CONFLITOS; 
CAPÍTULO 2 – MÉTODOS AUTOCOMPOSITIVOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS 
(MASCS); 
CAPÍTULO 3 – MEDIAÇÃO DE CONFLITOS; 
CAPÍTULO 4 – O MEDIADOR. 
 
8 
CAPÍTULO I – CONFLITOS 
 
1 – Entendendo os conflitos: conceitos e reflexões 
 
1.1. O que é um conflito? 
1.2. É comum as pessoas confundirem conflito com discussões, brigas e 
violência, pois muitas situações conflituosas tem seu fim com um ato violento. 
1.3. Mas, então cabe perguntar: VOCÊ SABE O QUE É CONFLITO? 
1.4. Conflitos representam a dificuldade de lidar com diferenças nas relações 
e diálogos, associada a um sentimento de impossibilidade de coexistência de 
interesses, necessidades e pontos de vista. 
 
1.2. Reflexões sobre o tema 
De acordo com Seidel (2007), há quatro pontos de vista sobre conflitos que 
possibilitarão a você refletir sobre o tema: 
 
a. Conflitos não são problemas 
Há uma tendência geral de se ter uma visão negativa do conflito. Porém, 
conflitos são normais e não são, em si, positivos ou negativos; bons ou ruins. A 
resposta que se dá aos conflitos é o que os torna: 
� Negativos ou positivos; 
� Construtivos ou destrutivos. 
A questão central é como se resolvem os conflitos: 
� Por meios violentos? 
� A partir do diálogo? 
Os conflitos devem ser compreendidos como parte da vida humana. Podem 
ser organizados em três níveis: 
1. Pessoais; 
2. Grupais; e 
3. Entre nações. 
Frente ao conflito, podem-se assumir três atitudes básicas: 
� Ignorar os conflitos da vida; 
� Responder de forma violenta aos conflitos; ou. 
� Lidar com os conflitos de forma não violenta, por meio do diálogo. 
9 
b. Conflito X briga 
Conflitos não são sinônimos de intolerância ou desentendimento, nem se 
confundem com briga. A briga já é uma resposta ao conflito. Um conflito pode ser 
definido como a diferença entre duas metas, sustentadas por agentes de um sistema 
social. 
c. Benefícios dos conflitos 
É justamente a não aceitação dos conflitos que provoca a violência, pois esta 
busca resolver o conflito, negando o outro. Todavia, quando se aprende a lidar com 
o conflito de forma não violenta, ele deixa de ser encarado como o oposto da paz e 
passa a ser visto como um dos modos de existir em sociedade. 
� Entre os benefícios do conflito, é possível citar: 
� Estimulam o pensamento crítico e criativo; 
� Melhoram a capacidade de tomar decisões; 
� Reforçam a consciência da possibilidade de opção; 
� Incentivam diferentes formas de encarar problemas e situações; 
melhoram relacionamentos e a apreciação das diferenças; promovem a auto 
compreensão. 
d. Paz e Conflitos 
“O conflito não é um obstáculo à paz”. (SEIDEL, 2007, p.11). Ao contrário, a 
construção de uma cultura de paz exige mudanças de atitudes, crenças e 
comportamentos. 
A paz é um conceito dinâmico que nos leva a provocar, enfrentar e resolver 
os conflitos de uma forma não violenta. Uma educação para a paz reconhece o 
conflito como um trampolim para o desenvolvimento: que não busca a eliminação do 
conflito, mas sim, modos criativos e não violentos de resolvê-los. 
De acordo com Seidel (2007, p. 11), pode-se falar de três caminhos 
fundamentais em relação ao conflito: 
� Prevenção do conflito - desenvolvendo a sensibilidade à presença ou 
potencial de violência e injustiça (sistemas de alerta prévio) e a 
capacidade de análise do conflito 
� Resolução do conflito, ou seja, o enfrentamento do problema e a busca 
de mecanismos. 
� A transformação do conflito - em vista de estratégias para mudança, 
reconciliação e construção de relações positivas. 
10 
 
2 – Estilos de manejo de conflitos 
2.1. Evolução dos norteadores para resolução de conflitos 
 
De acordo com os consultores da ISA-ADRS e do MEDIARE, é possível 
observar quatro gerações na evolução dos norteadores para resolução de conflitos, 
o que não significa dizer que as primeiras formas de resolução tenham sido 
abandonadas. Apenas demonstram que à medida que a humanidade desenvolve 
seus sistemas de códigos e escritas, bem como tratados, convenções, leis etc., 
aprimoram-se também as formas de resolução de conflitos. 
1ª Geração: Resolução baseada na imposição, pela força e pelo poder. 
2ª Geração: Baseado no Direito. 
3ª Geração: Baseado nos interesses. 
4ª Geração: Identificação dos interesses de todas as pessoas envolvidas, e a 
possibilidade de atendê- los (auto composição). 
 
Importante! 
Um olhar mais atento possibilitará que você perceba que esta evolução nas 
formas de resolução também representa uma mudança de foco: da preocupação 
com o resultado do problema (objeto do conflito) para preocupação com as pessoas 
(relações interpessoais). 
 
2.2 Manejando conflitos interpessoais 
A mudança de foco na evolução da resolução de conflitos reforça que não há 
uma receita única para resolvê-los; contudo, os autores que estudam o tema 
destacam aspectos importantes que devem ser observados no manejo de conflitos, 
ou seja, na forma de abordá-los. 
Segundo Moscovici (1997, p. 146) 
“antes de pensar numa forma de lidar com o conflito, é importante e 
conveniente procurar compreender a dinâmica do conflito e suas variáveis.” 
Schimidt e Tannenbaum (1992 apud MOSCOVICI, 1997, p. 146) chamam a 
atenção para três variáveis que devem ser observadas ao se fazer um diagnóstico 
de uma situação de conflito. Vejam quais são elas: 
 
11 
 
� Natureza das diferenças (ponto de vistas e interesses divergentes). 
� Os fatores subjacentes (informações, percepções e papel que ocupam 
na sociedade). 
� O estágio de evolução do conflito (momento em que o conflito se 
encontra). 
Para que você possa compreender as possibilidades de manejo de conflitos 
interpessoais observe a figura a seguir, proposta por Kilmann-Thomas (1975) e 
adaptada por ISA-ADRS e MEDIARE (2007) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1 – Manejo de Conflitos Interpessoais 
Fonte: Kilmann-Thomas (1975) adaptada por ISA-ADRS e do 
MEDIARE (2007). 
 
Assertividade: Grau em que o indivíduo procura defender seus interesses e 
necessidades com coerência de sentimento, pensamento e ação. 
Cooperação: Grau em que o indivíduo procura satisfazer o interesse de 
outras pessoas. 
Competição: O indivíduo busca seus interesses às custas dos interesses de 
outras pessoas. Evitação: Representa a supressão ou negaçãodo conflito. 
Colaboração: O indivíduo se esforça para trabalhar com o outro na busca de 
uma solução que atenda, plenamente, o interesse de ambos. 
12 
Colaboração: O indivíduo se esforça para trabalhar com o outro na busca de 
uma solução que atenda, plenamente, o interesse de ambos. 
Concessão: As partes buscam o consenso ou uma solução mútua, e que 
essa atenda parcialmente seus interesses. 
Para Kilmann, R. e Thomas (1975), o manejo de conflito envolve os 
processos de: 
 
� Comunicação; 
� Percepção; 
� Atitudes para com o outro; e 
� Orientação para o resultado do problema. 
 
Esses processos determinam dois importantes campos de força que dividem 
as possibilidades de manejo apresentadas: “competição” e “colaboração”. 
Veja a seguir como os processos se apresentam para cada um dos campos 
de força. 
 
Processos envolvidos Abordagem da Competição Abordagem da Competição 
Comunicação 
Comunicação truncada, com 
informações escassas. 
Os participantes negam a fala 
um do outro. Estão 
interessados em mostrar que 
o outro está errado. 
Há monólogo. 
Comunicação clara, aberta 
com informações relevantes. 
Os participantes se 
empenham para trocar 
informações. 
Há diálogo. 
Percepção 
Fazem questão de mostrar as 
diferenças e fazem pouco 
caso da percepção do outro. 
Estimulam o sentimento de 
oposição: “Eu estou certo e 
você errado.” 
Se preocupam em verificar 
quais são os interesses 
comuns. 
Estimulam a convergência. 
Deixam claros a suas crenças 
e valores. 
Atitudes para com o outro 
Atitude hostil, podendo ser 
agressiva. Responde 
negativamente as solicitações 
do outro. 
Atitude amistosa. Se 
preocupa em responder as 
dúvidas do outro de forma 
amigável. 
Orientação para o resultado 
do problema 
Só aceita os resultados se 
favorecer a ele. 
Utilizam a coerção e a força 
para influenciar o outro. 
Os resultados são analisados 
mutuamente. 
Utilizam a colaboração para 
auxiliar diante de percepções 
divergentes. 
13 
As outras duas formas de manejo apresentam a negação do conflito ou a 
anulação de uma das partes envolvidas, apresentando ausências de assertividade e 
de cooperação. 
 
Saiba mais... 
Seidel (2007, p. 19) defende a resolução não violenta de conflitos. Para que 
possa compreender o que é e o que não é resolução não violenta de conflitos, as 
dificuldades para a sua utilização e as características que envolvem esta forma de 
resolução. 
Finalizando... 
Neste módulo, você estudou que: 
 
� Conflito pode ser definido como desentendimento entre duas ou mais pessoas 
sobre um tema de interesse comum. 
� Seidel (2007) apresenta quatro pontos de vista que possibilitam a reflexão 
sobre o tema. São eles: conflito não são problemas, diferença entre conflito e briga, 
os benefícios do conflito e paz e conflito. 
� De acordo com os consultores da ISA-ADRS e do MEDIARE, é possível 
observar quatro gerações na evolução dos norteadores para resolução de conflitos. 
� A mudança de foco na evolução da resolução de conflitos reforça que não há 
uma receita única para resolvê-los. Contudo, os autores que estudam o tema 
destacam aspectos importantes que devem ser observados no manejo de conflitos, 
ou seja, na forma de abordá-los. 
� Schimidt e Tannenbaum (1992 apud MOSCOVICI, 1997, p. 146), chamam a 
atenção para três variáveis que devem ser observadas ao se fazer um diagnóstico 
de uma situação de conflito. São elas: a natureza das diferenças (ponto de vistas e 
interesses divergentes); os fatores subjacentes (informações, percepções e papel 
que ocupam na sociedade) e o estágio de evolução do conflito (momento em que o 
conflito se encontra). 
� Para Kilmann, R. e Thomas (1975) o manejo de conflito envolve os processos 
de comunicação, percepção, atitudes para com o outro e orientação para o resultado 
do problema . Esses processos determinam dois importantes campos de força que 
dividem as possibilidades de manejo apresentadas: “competição” e “colaboração”. 
 
14 
Exercícios 
 
1. Defina conflito. 
 
2. No que confere à definição de conflito, pode-se dizer que: 
a. É sinônimo de intolerância ou desentendimento. 
b. É um obstáculo à paz. 
c. É o desentendimento entre duas pessoas sobre um mesmo tema. 
d. É a forma violenta de resolver um mesmo assunto. 
 
3. Tomando como referência as possibilidades de manejo de conflitos 
interpessoais, arraste os itens da primeira coluna para seu correspondente, na 
segunda coluna. 
 
(1) Concessão 
(2) Colaboração 
(3) Evitação 
(4) Competição 
(5) Cooperação 
(6) Assertividade 
 
( ) Grau em que o indivíduo procura satisfazer o interesse de outras pessoas. 
( ) Grau em que o indivíduo procura defender seus interesses e necessidades 
com coerência de sentimento, pensamento e ação. 
( ) O indivíduo busca seus interesses às custas dos interesses de outras 
pessoas. 
( ) As partes buscam o consenso, ou uma solução mútua, que atenda 
parcialmente seus interesses. 
( ) Representa a supressão ou negação do conflito. 
( ) O indivíduo se esforça para trabalhar com o outro na busca de uma 
solução que atenda, plenamente, o interesse de ambos. 
 
4. De acordo com os autores estudados, arraste os itens da primeira 
coluna para seu correspondente, na segunda coluna. 
 
15 
(1) Kilmann, R e Thomas (1975) 
(2) Seidel (2007) 
(3) Schimidt e Tannenbaum (1992 apud MOSCOVICI, 1997) 
 
( ) Apresenta quatro pontos de vista que possibilita a reflexão sobre o tema. 
São eles: conflitos não são problemas, diferença entre conflito e briga, os benefícios 
do conflito e paz e conflito. 
( ) Três variáveis devem ser observadas ao se fazer um diagnóstico de uma 
situação de conflito. São elas: a natureza das diferenças; os fatores subjacentes e o 
estágio de evolução do conflito. 
( ) O manejo de conflito envolve os processos de comunicação, percepção, 
atitudes para com o outro e orientação para o resultado do problema. 
Gabarito 
1. Orientação de resposta: Desentendimento entre duas ou mais pessoas 
sobre um tema de interesse comum. 
2. Resposta Correta: Letra C 
3. Resposta Correta: 5-6-4-1-3-2 
4. Resposta Correta: 2-3-1 
 
16 
Apresentação do capítulo 
 
No módulo anterior, você terminou seus estudos lendo o texto de SEIDEL 
(2007) a respeito da resolução não-violenta de conflitos, lembra-se? 
Nesta aula, você estudará os métodos autocompositivos que favorecem a 
solução de conflitos: conciliação, mediação e negociação. 
 
Objetivos do Módulo 
Ao final do estudo desse módulo, você será capaz de: 
� Identificar os métodos autocompositivos de solução de conflitos; 
� Reconhecer as vantagens da utilização dos métodos autocompositivos 
de solução de conflitos; Compreender o sistema multiportas; 
� Enumerar os princípios que diferenciam a conciliação, da mediação. 
 
 
Estrutura do Módulo 
Este módulo é composto pelas seguintes aulas: 
Aula 1 - Métodos autocompositivos de solução de conflitos (MASCs); 
Aula 2 - Diferenças entre a conciliação e mediação; 
Aula 3 - O sistema multiportas. 
 
17 
CAPÍTULO II - MÉTODOS AUTOCOMPOSITIVOS DE SOLUÇÃO DE 
CONFLITOS 
1 – Métodos autocompositivos de solução de conflitos (MASCs) 
1.1 Aspectos Gerais 
A administração de conflitos interpessoais, que podem ser tratados com o 
auxílio da Lógica, da História, da Psicologia, da Sociologia e do Direito, não é uma 
atribuição exclusiva do Estado. Entretanto, num primeiro momento, a decisão de se 
delegar para um terceiro a solução de um conflito parecia ser a maneira mais 
tranquila e eficaz de solução dos problemas. Tais quais as crianças fazem com os 
pais na disputa por uma bola, o Estado – representado pelo Judiciário e pela Polícia 
– era, e é, visto como o grande pai que solucionará as disputas que versamsobre 
grandes brinquedos. 
Contudo, com o passar do tempo, a aparente facilidade na delegação de 
problemas a terceiros passou a ser um incômodo, pois a visão de mundo desses 
terceiros não é necessariamente a mesma das partes, e o tempo dos processos e 
inquéritos não é o da vida real. 
Sensação de impunidade, reincidências, sentimento de ineficácia dos serviços 
públicos, sobrecarga de seus prestadores. Como romper esse ciclo? 
Diante dessa realidade e da necessidade de que as controvérsias fossem 
resolvidas de forma mais rápida, com a participação das partes e com resultados 
satisfatórios para elas, novos métodos foram progressivamente construídos pela 
humanidade, destinados à administração de conflitos. 
Os métodos de resolução de conflitos são, muitas vezes, denominados 
“meios de resolução alternativa de disputas” (RADs), mas como você verificou na 
apresentação do curso, com base na Lei nº 13.140/2015, utilizaremos a 
denominação de Métodos Autocompositivos para Solução de Conflitos (MASCs) – 
conciliação, mediação e negociação – em contraposição aos métodos 
heterocompositivos – via judicial e arbitragem. 
Importante! 
O termo autocomposição refere-se ao fato de que os métodos utilizados 
auxiliam as partes a compor as pretensões para a solução do conflito. Já a 
heterocomposição indica que há a figura de um terceiro imparcial, com autoridade 
para impor uma solução para as partes. 
18 
1.2 Por que utilizar os MASCs? 
Como você já estudou, não é atribuição exclusiva do Estado a administração 
de conflitos. O Estado nem sempre existiu, surgiu a partir da Idade Moderna. 
Contudo, sempre que se fala em sociedade organizada, considera-se a existência 
de uma autoridade acima das partes (supra partes), com poder de estabelecer 
limites de comportamento humano. Portanto, o Estado é imprescindível à 
pacificação do convívio social. 
Em contraponto, a expansão do Capitalismo deveu-se à ferramenta da 
vinculação e exigibilidade dos negócios aos contratos, cuja validade depende da 
autonomia da vontade. A notícia da intervenção de terceiros, estranhos às relações 
negociais entre dois ou mais sujeitos, voltados à facilitação do entendimento entre 
esses e à otimização das negociações, não é nova. Sempre ocorreu como prática 
muito consolidada nas relações internacionais e nas relações sociais, desde os 
tempos de Salomão. 
 
Importante! 
Os MASCs não devem ser encarados numa dimensão privatista, substitutiva 
do Judiciário, nem tampouco como terapia ou política pública, devotados a 
resolverem o déficit da justiça judiciária pelo lado da demanda. A finalidade dos 
MASCs não é diminuir o número de processos. Isso até pode acontecer, mas o seu 
alcance é muito mais relevante. 
 
Os MASCs são de amplo alcance social porque propõem a desconstrução 
dos conflitos (atuais e potenciais) e a restauração da relação entre as pessoas e a 
coconstrução de uma solução. 
Segundo Slandale (2007 apud ISA –ADRS e MEDIARE, 2007, Anexo), os 
métodos de resolução de conflitos ocupam um lugar especial no processo de 
modernização da justiça, permitem a desjudicialização da solução de alguns 
conflitos e a descentralização dos serviços oferecidos. 
Além dos aspectos ressaltados anteriormente, pode-se dizer que os MASCs 
apresentam as seguintes vantagens: 
� Permitem avaliar e adequar os métodos aos temas que motivam a sua 
procura 
19 
� Ampliam a atuação preventiva no que se refere a combates futuros e a 
relações interpessoais 
� Viabilizam o aumento do leque de ofertas de métodos cooperativos não 
adversárias 
� Possibilitam a resolução de conflitos em tempo real 
 
Os MASCs propiciam, também, a cidadania ativa para a transformação e a 
contenção da escalada de conflitos interpessoais em sua origem (a comunidade), 
evitando a eclosão de episódios de violência e de crime. 
1.3. Os métodos autocompositivos 
São métodos autocompositivos: 
� Conciliação 
� Mediação 
� Negociação 
Veja, a seguir, as características de cada um deles. 
1.3.1 Conciliação 
Não se deve confundir conciliação com acordo entre duas partes, nem com o 
seu sentido literal de harmonização de litigantes ou pessoas desavindas que fazem 
as pazes, nem tampouco com a negociação. 
A conciliação é pontual e trabalha na superfície do problema. Não objetiva 
uma melhora na qualidade da relação das partes e tem suas próprias 
características. Cuida-se de um meio de administração pacífica da disputa por um 
terceiro, o conciliador, que tem a prerrogativa técnica de intervir e sugerir um 
possível acordo, após uma criteriosa avaliação das vantagens e desvantagens que 
sua proposição traria às partes. 
Esse instrumento pode ser indicado nos casos em que os envolvidos não se 
conheçam, não tenham relações continuadas ou, se as têm, quando não há 
possibilidade de uma intervenção mais aprofundada para administração do conflito. 
Exemplos típicos são as conciliações judiciais nos Juízos Trabalhistas ou nos 
Juizados Especiais Cíveis e Penais - Lei nº 9.099/95. 
Exemplo: 
Este exemplo é baseado na conhecida narrativa que reproduz a situação não 
judicial do slice and choice (“corta e escolhe”). Um pai, diante de duas crianças que 
brigam pela última fatia de um bolo de chocolate, propõe-lhes que decidam 
20 
amigavelmente entre duas possibilidades: uma criança corta o pedaço em duas 
partes e a outra escolhe primeiro uma das partes. 
 
Veja o que um conciliador deverá fazer. 
 
• Ser Imparcial /Equidistante 
• Estar preparado para decidir caso as partes não cheguem a um acordo (apesar 
de ter o poder decisório, não deverá decidir durante a conciliação) 
• Administrar disputas e não conflitos 
• Trabalhar para que as partes cheguem a um acordo 
• Enfatizar critérios objetivos 
• Interferir formulando propostas para que as partes possam avaliar as 
vantagens e as desvantagens e, assim, chegarem a uma solução amigável 
• Estimular as partes a concessões mútuas 
• Controlar o tempo, que deve ser curto 
• O conciliador não tem por objetivo a necessária melhora ou transformação da 
inter-relação 
 
1.3.2 Mediação 
Por ser objeto do curso, esta alternativa será estudada mais a fundo no módulo 
3. Contudo, é importante que você compreenda a mediação como descrita no 
parágrafo único, do artigo 1º, da Lei nº 13.140 de 26 de junho de 2015, a qual entrou 
em vigor 180 dias após a sua publicação oficial, ou seja, em dezembro de 2015. 
Art. 1º 
(...) 
Parágrafo único - Considera-se mediação a atividade técnica exercida por 
terceiro imparcial sem poder decisório, que, escolhido ou aceito pelas partes, as 
auxilia e estimula a identificar ou desenvolver soluções consensuais para a 
controvérsia. 
A mediação se diferencia da arbitragem e do provimento jurisdicional, porque o 
mediador não decide pelas partes, também está distante da conciliação porque 
21 
trabalha mais profundamente os conflitos interpessoais e não as disputas; não 
direcionando, não aconselhando ou sugerindo saídas. 
O objetivo da mediação não é apenas a hipótese de um acordo*, mas a 
transformação do padrão de comunicação e relacionamento dos envolvidos, com 
vias a um entendimento. Isto porque acordos em si nem sempre significam a 
transformação do padrão de relacionamento. Em muitas oportunidades, há a 
conciliação, o acordo, a renúncia à representação. O processo acaba e o conflito 
permanece e, logo em seguida, é retomado. 
*Lei nº 13.140/2015, Art. 20. (...) Parágrafo único. O termo final de mediação, 
na hipótese de celebração de acordo, constitui título executivo extrajudicial e, 
quando homologado judicialmente, título executivo judicial. 
 
1.3.3 Negociação 
Negociar faz parte das nossas relações humanas. Negociar, ainda que sem o 
rigor e a sofisticação de técnicas destinadas a otimizar os seus resultados, constitui 
expressão cotidiana dasrelações interpessoais, na qual, de modo pacífico, busca-se 
a composição das pretensões e expectativas de todos nós. 
 
A negociação pode ser conceituada como a arte da persuasão. O sucesso 
numa negociação contribui para: 
• a conduta assertiva das partes 
• o equilíbrio entre emoção e razão 
• a visão do problema pela ótica do oponente ou da outra parte 
• a obtenção do máximo de informações sobre o tema e o contexto do conflito 
• a confiabilidade do processo 
 
A negociação pode ocorrer isolada, anteriormente ou durante a utilização de 
outros meios de resolução de conflitos. Os agentes ativos ou negociadores podem 
ser as próprias partes, alguém em seu nome, com ou sem um terceiro facilitador. 
22 
Na negociação existem algumas etapas que podem ser seguidas, mas que não 
necessitam ser encaradas de forma rígida, apenas um norte para sistematização do 
processo. São elas: 
• Preparação/ abertura 
• Exploração 
• Clarificação 
• Ação final 
• Avaliação 
Como estratégia, considera-se desejável que o negociador identifique o 
objetivo da negociação, separe as pessoas do problema, busque e concentre-se nos 
interesses das partes, explore alternativas de ganhos mútuos, fixando previamente 
prazos e critérios para avaliação. O negociador deverá: 
• ter foco na disputa 
• operar por critérios de resultado objetivo 
 
 
 
 Conciliação Mediação 
 
Objetivo 
- Construção de um acordo; 
- Oferece o enquadramento legal 
- Esclarece sobre o direito; 
- Propõe possibilidades de 
acordo permitindo ao 
 conciliador: opinar, sugerir, 
 apontar vantagens 
e desvantagens; 
- O acordo é construído para 
 o tempo presente, baseado 
em acontecimento passado. 
O objetivo da mediação não é apenas 
a hipótese de um acordo*, 
mas a transformação do padrão 
de comunicação. 
e relacionamento dos envolvidos, . 
com vistas ao entendimento. 
*Lei nº 13.140/2015, Art. 20. (...) Parágrafo 
 único. O termo final de mediação, 
na hipótese de celebração de acordo, 
constitui título executivo extrajudicial e, 
quando homologado judicialmente, 
título executivo judicial. 
 
Partes 
Confere voz às partes e 
aos seus representantes. 
O mediador será designado pelo tribunal 
ou escolhido pelas partes. 
(Lei nº 13.140, art. 4º) 
23 
2 - Diferença entre conciliação e mediação 
Você deve ter observado que há diferenças existentes entre: conciliação/ 
mediação, mas há também um objetivo comum entre elas, qual seja, a resolução do 
conflito por meios pacíficos. 
Contudo, é importante que você compreenda os princípios que diferenciam a 
conciliação e da mediação para que fique mais fácil identificar que método utilizar ou 
até mesmo quais são possíveis de se combinar, caso seja possível utilizar um 
sistema multiportas, como estudará na próxima aula. 
2.1. Princípios que diferenciam a conciliação da mediação 
 
3 – O Sistema Multiportas 
De acordo com Slandale (apud ISA - ADRS e MEDIARE, 2007, Anexo), 
multiportas é um conceito baseado na oferta de métodos de resolução de conflitos 
complementares aos serviços habitualmente oferecidos pelo judiciário. 
O Sistema Multiportas de Resolução de Conflitos (Multi Doors System), 
adotado já por alguns Estados americanos, integra o painel de opções da American 
Arbitrarion Association e da Câmara de Comércio Internacional (CCI), entidades 
renomadas no campo da resolução extrajudicial de controvérsias. Este sistema 
oferece recursos customizados, tendo sido alguns deles formatados para atuar 
preventivamente, resolvendo o conflito, durante a sua construção, ou antes dela – 
resolução em tempo real (just in time resolution). (ALMEIDA, apud ISA -ADRS e 
MEDIARE, 2007). 
O sistema multiportas possui inúmeras aplicabilidades, principalmente em 
relação aos conflitos oriundos de questões ambientais, pois seu processo exige a 
combinação de diferentes métodos de resolução de conflitos. 
Os convênios e parcerias com o poder público revelam que a promoção dos 
MASCs pode e deve ser vista como política pública de justiça não judiciária, mas o 
fato de não ser judiciária não quer dizer que não possua com o judiciário nenhuma 
forma de relacionamento institucionalizado. 
A exemplo das experiências de outros países, também estamos vivendo o que 
os autores denominam de surto de juridificação , que consiste na expansão, na 
diversificação e na sofisticação dos mecanismos jurídicos pelos quais o poder 
24 
público passou a interferir em relações sociais, histórica e originariamente 
concebidas como pertencentes ao domínio do mercado ou da tradição. 
Contudo, cabe ressaltar o que foi destacado por Andrighi e Foley (2008) no 
artigo publicado na Folha de São Paulo em 24 de junho de 2008. 
Com raras exceções, não há, no Brasil, serviços 
públicos que ofereçam oportunidades e técnicas 
apropriadas para o diálogo entre partes em litígio. Diante 
de tal carência, as pessoas utilizam os meios de 
resolução de conflito disponíveis: a aplicação da "lei do 
mais forte", seja do ponto de vista físico, seja do armado, 
do econômico, do social ou do político - o que gera 
violência e opressão; a resignação - o que provoca 
descrédito e desilusão; o acionamento do Poder 
Judiciário, cuja universalidade de acesso ainda é uma 
utopia. 
(...) ainda que o sistema de justiça se esforce em 
modernizar os seus recursos - humanos, materiais, 
normativos e tecnológicos -, a dinâmica da explosão de 
litigiosidade ocorrida nas últimas décadas no Brasil 
continuará apresentando uma curva ascendente em muito 
superior à relativa aos avanços obtidos. Para o sistema 
operar com eficiência, é preciso que as instâncias 
judiciárias, em complementaridade à prestação 
jurisdicional, implementem um sistema de múltiplas 
portas, apto a oferecer meios de resolução de conflitos 
voltados à construção do consenso - dentre eles, a 
mediação. (ANDRIGH e FOLEY, 2008) 
Saiba mais... 
Para saber mais, leia o artigo denominado “O sistema de múltiplas portas e o 
judiciário brasileiro”. 
No próximo módulo, você irá aprofundar seus estudos sobre mediação e 
conflito, estudando os modelos e as técnicas a serem utilizadas. 
25 
Finalizando... 
Neste módulo, você estudou que: 
� Os métodos de resolução de conflitos são, muitas vezes, denominados “meios 
de resolução alternativa de disputas” (RADs), mas como você verificou na 
apresentação do curso, com base na Lei nº 13.140, utilizaremos a denominação de 
Métodos Autocompositivos para Solução de Conflitos (MASCs) – conciliação, 
mediação e negociação, – em contraposição aos métodos heterocompositivos - via 
judicial e arbitragem. 
� O termo autocomposição refere-se ao fato de que os métodos utilizados 
auxiliam as partes a compor as pretensões para a solução do conflito. Já a 
heterocomposição indica que há a figura de um terceiro imparcial, com autoridade 
para impor uma solução para as partes. 
� A arbitragem é um método heterocompositivo. 
� São três os métodos autocompositivos: conciliação, mediação e negociação. 
� É importante que você compreenda os princípios que diferenciam a conciliação 
da mediação para que fique mais fácil identificar que método utilizar, ou até mesmo 
quais são possíveis combinar, caso seja possível utilizar um sistema multiportas. 
� De acordo com Slandale (apud ISA -ADRS e MEDIARE, 2007, Anexo), 
multiportas é um conceito baseado na oferta de métodos de resolução de conflitos 
complementares aos serviços habitualmente oferecidos pelo judiciário. 
 
26 
Exercício 
1. Sobre os MASCs, marque as alternativas verdadeiras: 
a. É atribuição do Estado a administração de conflitos interpessoais. 
b. Os meios de Resolução Pacífica de Conflitos são, muitas vezes, 
denominados “meios de resolução alternativa de disputas ”. 
c. O Estado não é imprescindível à pacificação do convívio social. 
d. Os MASCs devem serencarados numa dimensão privatista. 
e. Os MASCs não devem ter por finalidade diminuir o número de processos. 
 
2. Sobre as vantagens dos MASCs, marque as alternativas FALSAS. 
a. Permitem avaliar e adequar os métodos aos temas que motivam a sua 
procura. 
b. Diminuem a atuação preventiva no que se refere a combates futuros e à 
relação interpessoal. 
c. Viabilizam aumentar o leque de ofertas de métodos cooperativos/não 
adversais. 
d. Não possibilitam a resolução de conflitos em tempo real. 
e. Ampliam a atuação preventiva no que se refere a lides futuras e à relação 
interpessoal. 
 
3. Negociação pode ser conceituada como: 
a. Sofisticadas técnicas destinadas a aperfeiçoar resultados. 
b. A composição das pretensões e expectativas de todos nós. 
c. Equilíbrio entre emoção e razão. 
d. Confiabilidade e sagacidade. 
e. Arte da persuasão. 
 
4. De acordo com Slandale, multiportas é um: 
a. Conceito baseado na oferta de métodos de resolução de conflitos 
complementares aos serviços 
habitualmente oferecidos pelo judiciário. 
b. Conceito baseado na oferta de métodos de resolução de conflitos 
complementares aos serviços 
habitualmente oferecidos pelo legislativo. 
27 
c. Conceito baseado na oferta de métodos de resolução de disputas 
complementares aos serviços 
habitualmente oferecidos pelo legislativo. 
d. Conceito baseado na oferta de métodos de resolução de disputas 
complementares aos serviços 
habitualmente oferecidos pelo judiciário. 
 
Gabarito 
1. Resposta Correta: 
Letras B e E 
2. Resposta Correta: 
Letras B e D 
3. Resposta Correta: 
Letra D 
4. Resposta Correta: 
Letra E 
5. Resposta Correta: 
Letra A 
 
 
28 
CAPÍTULO III – MEDICAÇÃO DE CONFLITOS 
Apresentação 
Neste módulo, além da definição, você estudará os modelos, as técnicas de 
mediação e os principais aspectos legais a respeito do tema. 
Antes de iniciar seus estudos, salve em seu computador a Lei nº 13.140/2015, 
pois ela orientará o processo de mediação. 
Objetivos do Módulo 
Ao final do estudo desse módulo, você será capaz de: 
� Definir mediação de conflitos; 
� Listar os princípios que orientam a mediação; 
� Caracterizar os modelos e técnicas de mediação; 
� Descrever os procedimentos de mediação. 
 
Estrutura do Módulo 
Este módulo é composto pelas seguintes aulas: 
 
Aula 1 – Aspectos introdutórios sobre o tema; 
Aula 2 – Modelos e técnicas de mediação; 
Aula 3 – Procedimentos da mediação de acordo com a lei nº 13.140/2015. 
 
 
 
29 
3.1 – Aspectos introdutórios sobre o tema 
 
3.1. Definição, princípios e objeto da mediação 
A mediação de conflitos pode ser definida como: 
A atividade técnica exercida por terceiro imparcial sem poder decisório, que, 
escolhido ou aceito pelas partes, as auxilia e estimula a identificar ou desenvolver 
soluções consensuais para a controvérsia. (Lei 13.140/2015, art. 1º) 
Observe que a definição apresentada deixa claro que a mediação considera as 
partes como autoras das soluções que deverão ser compostas de forma consensual. 
A autonomia da vontade das partes está relacionada entre os princípios da 
mediação, descritos no artigo 2º, da Lei 13.140/15. São eles: 
I - imparcialidade do mediador; 
II - isonomia entre as partes; 
III - oralidade; 
IV - informalidade; 
V - autonomia da vontade das partes; 
VI - busca do consenso; 
VII - confidencialidade; 
VIII - boa-fé. 
 
Importante! 
Segundo Seidel (2007), as partes devem ser entendidas como sujeitos do 
processo. São elas que devem controlar o conteúdo da mediação e definir a 
natureza do acordo. 
 
O objeto da mediação de conflito versa sobre direitos disponíveis ou sobre 
direitos indisponíveis que admitam transação (Lei n° 13.140/2015, art. 3º), podendo 
versar sobre todo o conflito ou parte dele. (Lei n° 13.140/2015, art. 3ª § 1º). 
Os direitos disponíveis são aqueles em que o titular pode abrir mão diante da 
sua autonomia de vontade. Exemplo: um bem imóvel. Já, os direitos indisponíveis 
dizem respeito aos direitos que uma pessoa não pode abrir mão ou para os quais a 
lei impõe restrições de disponibilidade. Exemplo: direito à vida, à liberdade, à saúde 
etc. 
30 
Sobre os direitos indisponíveis que admitem transação, é possível citar, como 
exemplo: as questões envolvendo o interesse do menor, como o detalhamento da 
guarda e da visita, ou a questão de alimentos no Direito de família, que é também 
indisponível, mas o valor a ser repassado ao alimentado admite transação. 
 
3.2 Circunstâncias favoráveis à mediação 
De acordo com ISA-ADRS e MEDIARE (2007), as seguintes circunstâncias 
concorrem positivamente para que a mediação aconteça: 
• O desejo de manter controle/autoria sobre a decisão. 
• A necessidade de celeridade e/ou sigilo. 
• A disponibilidade para rever a posição adversarial e a postura irredutível 
que a caracterizava, assim como trabalhar em prol de atender interesses mútuos. 
 
3.3. Características da mediação 
A mediação tem como objetivo a transformação do padrão de comunicação e 
relacionamento dos envolvidos, com o propósito de entendimento. Por isso, 
apresenta as seguintes características: 
Quanto ao processo 
• É um processo participativo e flexível. 
• É confidencial. 
Quanto à metodologia 
• Trabalha, parte a parte, o problema a ser resolvido pelos próprios 
envolvidos (protagonismo). 
• Não existe julgamento ou oferta de soluções. As saídas são encontradas 
no consenso 
Quanto aos aspectos comunicacionais 
• Devolve às pessoas o controle sobre o conflito. 
• Trabalha a comunicação e o relacionamento das partes. 
 
Importante! 
A mediação constitui um instrumento formado por técnicas que impõe 
capacitação específica. (Lei n°13.140/2015 – art. 9 º e 11). 
Art. 9º. Poderá funcionar como mediador extrajudicial qualquer pessoa 
capaz que tenha a confiança das partes e seja capacitada para fazer mediação, 
31 
independentemente de integrar qualquer tipo de conselho, entidade de classe 
ou associação, ou nele inscrever-se. (Grifo nosso). 
Art. 11. Poderá atuar como mediador judicial a pessoa capaz, graduada 
há pelo menos dois anos em curso de ensino superior de instituição 
reconhecida pelo Ministério da Educação e que tenha obtido capacitação em 
escola ou instituição de formação de mediadores, reconhecida pela Escola 
Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados - ENFAM ou pelos 
tribunais, observados os requisitos mínimos estabelecidos pelo Conselho 
Nacional de Justiça em conjunto com o Ministério da Justiça. (Grifo nosso) 
2 – Modelos e técnicas de mediação 
2.1 Tipos de mediação 
A mediação é um processo que facilita o diálogo e auxilia a construção de 
soluções cooperativas. Atualmente o processo de mediação privilegia as relações 
interpessoais, e por isso é importante que se perceba as particularidades de cada 
situação, considerando a natureza de cada conflito. 
De acordo com UCB (2009), temos os seguintes tipos de mediação: 
Mediação técnica: O processo de mediação técnica está associado à 
empresas. Nesse contexto, “os mediadores são geralmente técnicos recrutados por 
uma instituição que recebem formação específica e atuam em nome dessa 
instituição na mediação de conflitos”. (UCB, 2009). Os mediadores possuem 
formação específica (direito, psicologia, e pedagogia) e muitos possuem vínculo 
empregatício. 
Mediação comunitária: Esse processo aparece relacionado aos conflitos da 
comunidade. Os mediadores são membros da própria comunidade e muitas vezes 
recebem formação específica para atuarem nos processos de mediação. 
Mediação forense: Refere-se aos processos de mediação realizados nas 
unidades do poder judiciário. Mediação penal: Realizada em alguns países como 
forma de resolver problemas existentes nos presídios, como a superlotação 
carcerária.Mediação familiar: É o processo que oferece à família em crise, estrutura e 
apoio profissional para resolução dos conflitos com o mínimo de comprometimento 
da estrutura psicoafetiva de seus membros. 
32 
É importante destacar que essas divisões são apenas didáticas, pois, na 
prática, muitas vezes os modelos se associam. Veja alguns exemplos hipotéticos: 
Exemplo 1: Um núcleo de mediação técnica instituído na Defensoria Pública 
possui articulação com experiências comunitárias de mediação de conflitos. 
Exemplo 2: Um núcleo de mediação em uma delegacia ou em uma unidade 
de policiamento comunitário estabelece articulação com a associação de moradores 
local que atua na mediação de conflitos. 
Além dos tipos citados anteriormente, é possível citar outros exemplos: 
mediação educativa ou nas escolas, nas instituições de saúde, nas questões de 
meio ambiente; mediação corporativa, nas organizações e no trabalho. Mediação 
transcultural e política; no ambiente familiar, tanto na perspectiva transgeracional 
quanto no interior da mesma geração, nos conflitos conjugais, de filiação, da partilha 
de bens e, sobretudo, da guarda dos filhos. 
A Lei n° 13.140/2015 apresenta duas modalidades de mediação: 
Mediação judicial – mediação realizada por intermédio do poder judiciário, 
ou seja, acompanhada por ele, por meio de solicitação homologada; 
Mediação extrajudicial – mediação realizada fora do poder judiciário. 
Importante! 
É importante que você compreenda as modalidades de mediação previstas na 
legislação, pois delas decorrerão as orientações dos procedimentos a serem 
seguidos. 
2.2 Modelos de mediação 
Enquanto os tipos apontam e reforçam os campos de utilização, os modelos 
se relacionam com diferentes aspectos teóricos – metodológicos (diferentes 
escolas), que servem de subsídio para a condução do processo de mediação. 
De acordo com Suares (1997 apud Padilha, ambitojuridico.com.br) são três os 
modelos de mediação mais utilizados nos Estados Unidos: o Modelo Tradicional-
Linear de Harvard, o Modelo Transformativo de Bush e Folger e o Modelo Circular-
Narrativo de Sara Cobb. 
Estude cada um deles! 
Modelo tradicional - linear 
Esse modelo teve origem em Harvard e está focado na resolução de 
problemas ou na construção de um acordo. Está orientado para o passado, ou seja, 
33 
o que levou a acontecer o conflito e como podemos resolver. A mediação é o 
processo para buscar este acordo. 
O mediador, nesse caso, dentro de um processo 
linear, claro, e em etapas pré- estabelecidas, apenas 
ajuda às partes a chegar em um acordo satisfatório para 
todos, dentro de um amplo espectro de atuação. Dentro 
dessa vertente, mediação é o termo genérico de toda 
intervenção de terceiro em um conflito, sendo o termo 
“conciliação” um objetivo natural do mediador. (arcos.org. 
br). 
Modelo Circular 
Esse modelo criado por Sara Cobb busca unir os modelos tradicional-linear e 
transformativo, pois foca tanto nas relações das pessoas envolvidas no conflito, 
quanto no acordo. De acordo com o modelo, o conflito, as pessoas e o contexto 
(história) não podem ser vistos de forma isolada, mas sim de forma inter-
relacionada. 
“Dentro dessa vertente, o pensamento sistêmico, a teoria das narrativas e o 
enfoque em redes sociais são as bases para a atuação do mediador”. (arcos.org.br). 
 
Importante! 
É importante reforçar que a legislação brasileira não elegeu um modelo de 
mediação, deixando aberta as possibilidades para a utilização de qualquer um deles. 
 
34 
2.3 Técnicas de mediação 
Cada um dos modelos que você estudou no item anterior traz um conjunto de 
técnicas, alinhando a natureza do conflito ao foco que se propõe a alcançar, ao 
processo e a formação do mediador . 
Modelo tradicional – linear 
Conforme Bispo (rh.com.br), as técnicas utilizadas nesse modelo estão 
relacionadas aos quatro princípios de negociação de Harvard, que envolvem: 
• Separação das pessoas do problema; 
• Focalização dos interesses e não nas posições; 
• Criação de opções para o benefício mútuo; e 
• Utilização de critérios objetivos. 
Seguindo esses quatro princípios, o mediador deve: 
• Analisar as partes envolvidas em relação à capacidade de cada uma, 
sua influência no ambiente, bem como observar qual o objeto da 
disputa, sua importância e possibilidade de resolução; 
• Reforçar às partes que os interesses de cada um(a) pode ser convergido 
em um meio-termo. As posições antagônicas, em geral, não sofrem 
declinação, muitas vezes pelo simples orgulho ou teimosia; 
• Sugerir que as partes cheguem a uma solução boa para ambas; 
• Ponderar as possíveis soluções encontradas pelas partes, no sentido de 
que sejam possivelmente exequíveis e legais. 
O mediador tem como funções facilitar o diálogo centrado no verbal e 
estabelecer a ordem a partir do caos de pensamentos, percepções e sentimentos. 
Modelo transformativo 
As técnicas associadas ao modelo transformativo possibilitam o 
reconhecimento do outro como protagonista do processo. Sendo assim, buscam 
promover a análise conjunta da situação. O mediador motiva as partes para que 
juntas possam tomar decisões. 
Modelo circular 
35 
• As técnicas utilizadas no modelo circular buscam a preservação do 
vínculo dos envolvidos, estimulam a reflexão sobre o conflito e a reação das partes 
envolvidas; 
• Muitas vezes, o mediador modifica os significados de fatos ocorridos, 
para que as partes percebam as possibilidades para solução do conflito. 
Cabe observar nas técnicas descritas que, independente do modelo, o diálogo 
entre as partes é estimulado. Seja para rever as causas do conflito ou para verificar 
as possibilidades de soluções. 
De acordo com UCB (2009), autores mais contemporâneos apostam num 
modelo de mediação híbrido e flexível, no qual o mediador seja um facilitador, ou 
seja, o mediador guia as partes, buscando o equilíbrio de poder e o 
compartilhamento de responsabilidades, por meio dos processos de comunicação e 
cooperação para que as partes, em conjunto construam um acordo ou entendam o 
conflito. 
3 – Procedimentos da mediação de acordo com a lei n° 13.140/2015 
Veja a seguir, de forma resumida, os principais procedimentos para cada uma 
das modalidades de acordo com a lei. 
As nomenclaturas das fases não estão descritas na lei, sendo apenas um 
recurso didático para apresentação. 
PRÉ- MEDIAÇÃO 
Modalidade Extrajudicial 
O mediador é escolhido pelas partes. (Redação com base no art.4º). 
Modalidade Judicial 
O mediador será designado pelo tribunal. (Redação com base no art. 4º). E 
não estarão sujeitos à prévia aceitação das partes, observado o disposto no art. 5° 
desta Lei. (Art.25). 
 
INÍCIO 
Modalidade Extrajudicial 
1ª reunião de mediação – Nessa data é instituída a mediação (Art. 17). 
No início da primeira reunião de mediação, e sempre que julgar necessário, o 
mediador deverá alertar as partes acerca das regras de confidencialidade aplicáveis 
ao procedimento. (Art.14). 
36 
Art. 21. O convite para iniciar o procedimento de mediação extrajudicial 
poderá ser feito por qualquer meio de comunicação e deverá estipular o escopo 
proposto para a negociação, a data e o local da primeira reunião. 
Parágrafo único. O convite formulado por uma parte à outra considerar-se-á 
rejeitado se não for respondido em até trinta dias da data de seu recebimento. 
Modalidade Judicial 
1ª reunião de mediação – Nessa data é instituída a mediação (Art. 17). 
No início da primeira reunião de mediação, e sempre que julgar necessário, o 
mediador deverá alertar as partes acerca das regras de confidencialidade aplicáveis 
ao procedimento. (Art.14). 
É importante se atentar que, enquanto transcorrer o procedimento de 
mediação, ficará suspenso o prazo prescricional. (Art. 14, parágrafo único). 
MEIO 
Art. 4 
(...)§ 1º O mediador conduzirá o procedimento de comunicação entre as partes, 
buscando o entendimento e o consenso, e facilitando a resolução do conflito. 
Uma vez iniciada a mediação, as reuniões posteriores com a presença das 
partes somente poderão ser marcadas com a sua anuência. (Art.18). 
No desempenho de sua função, o mediador poderá reunir-se com as partes, 
em conjunto ou separadamente, bem como solicitar das partes as informações que 
entender necessárias para facilitar o entendimento entre aquelas. (Art.19). 
As partes poderão ser assistidas por advogados e defensores públicos. (Art. 
10). 
FIM 
O procedimento de mediação será encerrado com a lavratura do seu termo 
final, quando for celebrado acordo ou quando não se justificarem novos esforços 
para a obtenção de consenso, seja por declaração do mediador nesse sentido ou 
por manifestação de qualquer das partes. (Art. 20). 
Modalidade Extrajudicial 
O termo final de mediação, na hipótese de celebração de acordo, constitui 
título executivo extrajudicial. (Redação com base no art. 20, parágrafo único). 
 
37 
Modalidade Judicial 
O termo final de mediação, na hipótese de celebração de acordo, quando 
homologado judicialmente, constitui título executivo judicial. (Redação com base no 
art. 20, parágrafo único). 
Art. 28. O procedimento de mediação judicial deverá ser concluído em até 
sessenta dias, contados da primeira sessão, salvo quando as partes, de comum 
acordo, requererem sua prorrogação. 
Fonte: Criado pela conteudista com base na Lei nº 13.140/2015. 
 
Importante! 
Havendo previsão contratual de cláusula de mediação, alguns procedimentos 
serão distintos dos apresentados anteriormente. Verifique na lei n° 
13.140/2015, § 1º do art. 2º e os artigos 22 e 23. 
3.2 Sobre a confidencialidade 
A Lei nº 13.140/2015 possui uma seção específica sobre a confidencialidade 
e suas exceções, como você verá a seguir: 
Art. 30. Toda e qualquer informação relativa ao procedimento de mediação 
será confidencial em 
Relação a terceiros, não podendo ser revelada sequer em processo arbitral 
ou judicial salvo se as partes expressamente decidirem de forma diversa ou quando 
sua divulgação for exigida por lei ou necessária para cumprimento de acordo obtido 
pela mediação. 
§ 1° O dever de confidencialidade aplica-se ao mediador, às partes, a seus 
prepostos, advogados, assessores técnicos e a outras pessoas de sua confiança 
que tenham, direta ou indiretamente, participado do procedimento de mediação, 
alcançando: 
I - declaração, opinião, sugestão, promessa ou proposta formulada por uma 
parte à outra na busca de entendimento para o conflito; 
II - reconhecimento de fato por qualquer das partes no curso do procedimento 
de mediação; 
III - manifestação de aceitação de proposta de acordo apresentada pelo 
mediador; 
IV - documento preparado unicamente para os fins do procedimento de 
mediação. 
38 
§ 2° A prova apresentada em desacordo com o disposto neste artigo não será 
admitida em processo arbitral ou judicial. 
§ 3° Não está abrigada pela regra de confidencialidade a informação relativa à 
ocorrência de crime de ação pública. 
§ 4° A regra da confidencialidade não afasta o dever de as pessoas 
discriminadas no caput prestarem informações à administração tributária após o 
termo final da mediação, aplicando-se aos seus servidores a obrigação de manterem 
sigilo das informações compartilhadas nos termos do art. 198 da Lei n° 5.172, de 25 
de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional. 
 
Art. 31. Será confidencial a informação prestada por uma parte em sessão 
privada, não podendo o mediador revelá-la às demais, exceto se expressamente 
autorizado. 
Importante! 
De acordo com o art. 46, da lei nº 13.140/2015, “a mediação poderá ser feita 
pela internet ou por outro meio de comunicação que permita a transação à 
distância, desde que as partes estejam de acordo”. 
 
No próximo módulo, você estudará sobre o mediador. 
Finalizando... 
Neste módulo, você estudou que: 
� A mediação de conflitos pode ser definida como “atividade técnica 
exercida por terceiro imparcial sem poder decisório, que, escolhido ou aceito pelas 
partes, as auxilia e estimula a identificar ou desenvolver soluções consensuais para 
a controvérsia”. (Lei nº 13.140/2015, art. 1º) 
� A bibliografia aponta alguns tipos de mediação, por exemplo: técnica, 
comunitária, familiar, penal, forense, dentre outras; 
� São três os modelos de mediação: modelo linear-tradicional, modelo 
transformativo e modelo circular. 
� Cada um dos modelos apresentados traz consigo um conjunto de 
técnicas alinhadas à natureza do conflito, ao foco que se propõe a alcançar, ao 
processo e à formação do mediador. 
� De acordo com UCB (2009), autores mais contemporâneos apostam 
num modelo de mediação híbrido e flexível, no qual o mediador é um facilitador, ou 
39 
seja, o mediador guia as partes, buscando o equilíbrio de poder e o 
compartilhamento de responsabilidades, por meio dos processos de comunicação e 
cooperação para que as partes, em conjunto, construam um acordo ou entendam o 
conflito. 
� A lei n° 13.140/2015 abrange duas modalidades de m ediação de conflito: 
judicial e extrajudicial. Os procedimentos comuns às duas modalidades, bem como 
os específicos que as caracterizam, são descritos na seção III, do capítulo 1. 
Exercícios 
1. Considerando os tipos de mediação, arraste os itens da primeira 
coluna para seu correspondente, na segunda coluna. 
(1) Mediação técnica 
(2) Mediação comunitária 
(3) Mediação forense 
(4) Mediação penal 
(5) Mediação familiar 
( ) Os mediadores são membros da própria comunidade e muitas vezes 
recebem formação específica 
para atuarem nos processos de mediação. 
( ) É utilizada para resolver superlotação em presídio. 
( ) “Os mediadores são geralmente técnicos recrutados por uma instituição 
que recebem formação 
específica e atuam em nome dessa instituição na mediação de conflitos”. 
( ) Refere-se aos processos de mediação realizados nas unidades de justiça. 
( ) Seu objeto é a família em crise. 
 
2. Marque as alternativas VERDADEIRAS 
a. A mediação de conflitos só poderá correr presencialmente. 
b. Independente do modelo, o diálogo entre as partes deverá ser estimulado. 
c. Autores mais contemporâneos apostam num modelo de mediação híbrido e 
flexível, onde o mediador seja um facilitador. 
d. No modelo tradicional-linear, o mediador tem como funções facilitar o 
diálogo centrado no verbal e estabelecer a ordem a partir do caos de pensamentos, 
percepções e sentimentos. 
e. A orientação seguida no modelo transformativo aponta para o passado. 
40 
3. Considerando os procedimentos das modalidades de mediação 
judicial e extrajudicial, marque as alternativas VERDADEIRAS 
a. Na modalidade extrajudicial, o mediador é escolhido pelas partes. 
b. Nas duas modalidades, o mediador conduzirá o procedimento de 
comunicação entre as partes, 
buscando o entendimento e o consenso e facilitando a resolução do conflito. 
c. Não cabem às partes serem assistidas por advogados e defensores 
públicos. 
d. O termo final da mediação de contrato possui nomenclaturas distintas para 
cada uma das modalidades. 
e. Na modalidade extrajudicial, o procedimento de mediação deverá ser 
concluído em até sessenta dias. 
f. O dever de confidencialidade aplica-se ao mediador, às partes, a seus 
prepostos, advogados, assessores técnicos e a outras pessoas de sua confiança 
que tenham, direta ou indiretamente, participado do procedimento de mediação. 
Gabarito 
1. Resposta Correta: 
* 2-4-1-3-5 
2. Resposta Correta: *Letras B, C e D 
3. Resposta Correta: *Letras A, B, D e F 
 
41 
CAPÍTULO IV – O MEDIADOR 
Apresentação do módulo 
Além das partes, o mediador é uma das figuras importantes para a condução 
doprocesso de mediação. Segundo Seidel (2007), “a ação do mediador tem em 
vista capacitar os disputantes a controlar seus futuros, ajudando-os a assumir 
responsabilidades de suas próprias ações e tomar decisões.” 
Neste módulo, você estudará a respeito do mediador. 
Objetivos do Módulo 
� Ao final do estudo desse módulo, você será capaz de: 
� Definir o papel do mediador no processo de mediação de acordo com a 
lei n° 13.140/2015; 
� Identificar os conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias ao 
mediador; 
� Reconhecer a importância da ética no processo de mediação. 
 
Estrutura do Módulo 
Este módulo é composto pelas seguintes aulas: 
 
Aula 1 - O mediador e a lei nº 13.140/2015; 
Aula 2 - Aspectos da formação do mediador; 
Aula 3 - A ética do mediador. 
 
 
 
 
 
 
 
 
42 
1 – O mediador e a Lei nº 13.140/2015 
Considerando a Lei nº 13.140/2015, talvez o mais correto fosse falar em 
“mediadores” ao invés de “mediador”, uma vez que as exigências de atuação são 
diferentes para cada modalidade de mediação. 
Veja as diferenças a seguir. 
O mediador nas modalidades de mediação 
QUEM É? 
Modalidade extrajudicial 
Qualquer pessoa capaz que tenha a confiança das partes e seja capacitada 
para fazer mediação, independentemente de integrar qualquer tipo de conselho, 
entidade de classe ou associação, ou nele inscrever- se. (Art. 9º). O mediador é 
escolhido pelas partes. 
 
Modalidade judicial 
Pessoa capaz, graduada há pelo menos dois anos em curso de ensino 
superior de instituição reconhecida pelo Ministério da Educação e que tenha obtido 
capacitação em escola ou instituição de formação de mediadores, reconhecida pela 
Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados - ENFAM ou pelos 
tribunais, observados os requisitos mínimos estabelecidos pelo Conselho Nacional 
de Justiça em conjunto com o Ministério da Justiça. (Art. 11). O mediador é 
designado pelo tribunal. 
 
O QUE FAZ? 
Modalidade extrajudicial 
O mediador conduzirá o procedimento de comunicação entre as partes, 
buscando o entendimento e o consenso e facilitando a resolução do conflito. (Art 4, § 
1º) 
Art. 19. No desempenho de sua função, o mediador poderá reunir-se com as 
partes, em conjunto ou separadamente, bem como solicitar das partes as 
informações que entender necessárias para facilitar o entendimento entre aquelas. 
 
 
43 
Modalidade judicial 
O mediador conduzirá o procedimento de comunicação entre as partes, 
buscando o entendimento e o consenso e facilitando a resolução do conflito. (Art 4, § 
1º). 
Art. 19. No desempenho de sua função, o mediador poderá reunir-se com as 
partes, em conjunto ou separadamente, bem como solicitar das partes as 
informações que entender necessárias para facilitar o entendimento entre aquelas. 
Ver também: Artigos 5º ao 8º e 25. 
 
OBSERVAÇÕES 
Modalidade judicial 
Art. 5º Aplicam-se ao mediador as mesmas hipóteses legais de impedimento 
e suspeição do juiz. 
Parágrafo único. A pessoa designada para atuar como mediador tem o dever 
de revelar às partes, antes da aceitação da função, qualquer fato ou circunstância 
que possa suscitar dúvida justificada em relação à sua imparcialidade para mediar o 
conflito, oportunidade em que poderá ser recusado por qualquer delas. 
2- Aspectos da formação do mediador 
2.1 Conhecimentos, habilidades e atitudes 
É importante que o mediador compreenda que o processo de mediação 
envolve conflitos interpessoais, e que por isso ele lidará durante o processo com 
visões diferenciadas sobre o mesmo conflito. O papel do mediador envolve como 
competência básica a capacidade de criar condições para que as partes possam 
obter uma solução e, principalmente, estabelecer o diálogo. 
O desenvolvimento dessa competência requer do mediador, dentre outros 
aspectos, o seguinte conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes: 
Conhecimentos sobre: 
• Conflito e gerenciamento de conflitos; Relações interpessoais; 
• Processo comunicacional; 
• Técnicas de resolução pacífica de conflitos; 
• Metodologia do processo de mediação; e 
• Legislação pertinente à mediação. 
 
44 
Habilidades para: 
• Promover a reflexão e o diálogo; 
• Escutar e refletir; 
• Gerenciar conflitos; 
• Identificar impasses; e 
• Identificar interesses comuns. 
Atitudes para agir de forma: 
• Imparcial; 
• Competente; 
• Ética; e 
• Sigilosa. 
 
2.2 Ferramentas de comunicação para auxiliar no processo 
Com base em Seidel (2007), podem ser destacadas duas ferramentas a 
serem utilizadas pelo mediador para auxiliá-los no processo de mediação. São elas: 
Escuta Ativa e Questionamento Criativo. 
Veja a seguir cada uma delas! 
2.2.1 Escuta ativa 
Qual o objetivo? 
Garantir a atenção das partes durante o processo, possibilitando que tenham 
uma visão do conflito a partir de alguns elementos técnicos, como a paráfrase*. 
* Recurso de comunicação que consiste em repetir com as suas palavras a 
mensagem dita pelo outro. Esse mecanismo auxilia na compreensão mútua da 
mensagem, fortalecendo a comunicação e favorecendo que “outro” possa escutar-se 
a partir de outra pessoa. 
Como fazer? 
De acordo com Seidel (2007, p. 24), ao mediador caberá: 
Criar um ambiente em que as pessoas possam se expressar livremente e de 
forma confiante. 
Para isso, o mediador deverá realizar a introdução com algumas perguntas 
que permitam desenvolver um debate sobre a situação a ser mediada: 
� Pergunte à primeira pessoa: O que aconteceu? Parafraseie: Você está 
dizendo que aconteceu... 
45 
� Pergunte à primeira pessoa: Como você está se sentindo? Parafraseie: 
Você está se sentindo... 
� Pergunte à segunda pessoa: O que aconteceu? Parafraseie: Você está 
dizendo que aconteceu... 
� Pergunte à segunda pessoa: Como você está se sentindo? Parafraseie: 
Você está se sentindo... 
O que o mediador deve fazer nesta etapa? 
� Ajudar os envolvidos a não criar um clima de acusações, de forma que 
se centrem no miolo do conflito e diferenciem posição de interesse. 
� Estimular a capacidade das partes em compreender o ponto de vista da 
outra parte e evitar ficar procurando culpados. 
2.2.2 Questionamento criativo 
Qual o objetivo? 
Auxiliar as partes a levantarem alternativas de solução. 
Como fazer? 
Na oportunidade de procurar soluções, agora o mediador, segundo Seidel 
(2007, p.24) deve: 
Perguntar à primeira pessoa: O que você poderia ter feito de forma diferente? 
Parafraseie. 
Perguntar à segunda pessoa: O que você poderia ter feito de forma diferente? 
Parafraseie. 
Perguntar à primeira pessoa: O que você pode fazer aqui e agora para ajudar 
a solucionar o problema? Parafraseie. 
Pergunte à segunda pessoa: O que você pode fazer aqui e agora para ajudar 
a solucionar o problema? Parafraseie. 
Importante! 
Utilize o questionamento criativo para uma maior aproximação entre as 
pessoas a fim de uma solução. 
Saiba mais... 
Antes de concluir o estudo dessa aula, leia o texto “Mensagem - Eu”, do 
professor Daniel Seidel. A “Mensagem - Eu” é uma excelente ferramenta que auxilia 
no processo de comunicação. 
3.2 Cuidados a serem tomados no processo de mediação 
46 
Alguns cuidados devem ser tomados pelo mediador antes, durante e após ter 
desenvolvido as etapas do processo de mediação. São eles: 
Antes de iniciar o processo, verifique se: 
• Recebeu capacitação conceitual, legal, técnica e adequada para atuar 
na modalidade de mediação a qual irá participar. 
• O conflito em questão pode ser mediado. Se não há desequilíbrio entre 
as partes, se há capacidade de ambas as partes contribuírem para a construção 
conjunta de soluções e se ambas as partes desejam adotar esse processo para o 
conflito em questão. 
• Possui legitimidade para atuar como um terceiro imparcial, ou seja,se é 
aceito pelas partes, naquele conflito, ou foi indicado judicialmente. 
• Durante o processo de mediação , de acordo com a UCB (2009), devem 
ser tomados pelo mediador os seguintes cuidados: 
• Proporcione um ambiente de cooperação, evitando a competição e o 
confronto. O mediador deve evitar o julgamento, com o estabelecimento de rótulos 
entre as partes e seus argumentos como “certo e errado”, “culpado e inocente”, 
“verdadeiro e falso”, “bom e mau” etc. O pré-julgamento de cada uma das partes ou 
de suas atitudes de acordo com os valores e convicções do mediador pode estimular 
a competição durante a mediação, fazendo com que uma das partes busque 
derrotar a outra e não cooperar com ela. 
• Equilibre e mantenha o equilíbrio de poder entre as partes. O mediador 
deve evitar que uma das partes submeta ou subjugue a outra, evitando que esta se 
manifeste livremente. Nesse sentido, devem ser evitadas atitudes ofensivas ou 
desrespeitosas e deve-se estimular que todas as opiniões sejam ouvidas com 
abertura e respeito. 
• Busque a escuta e o entendimento dos argumentos e necessidades de 
cada parte, estimulando o diálogo e o entendimento do ponto de vista do outro. O 
mediador deve saber escutar o que não foi dito de forma clara, entender o conteúdo 
das entrelinhas e buscar estimular que os conteúdos não explícitos fiquem mais 
claros, facilitando a comunicação. No entanto, não imponha soluções, pois essas 
podem ser vistas como positivas da perspectiva do mediador e, de fato, não serem 
aceitáveis pelas partes. 
• Acredite na importância da relação entre as partes e na capacidade dos 
envolvidos poderem construir a solução para os seus problemas. 
47 
• Saiba quando interromper uma discussão não apropriada, sem ofender 
as partes. Nesse sentido, o mediador deve sempre usar uma linguagem neutra, 
desprovida de reprovação. 
• Respeite as partes e tenha sensibilidade para diferenças culturais, 
religiosas, de gênero, raça e etnia. 
 
 
 
 
 
Importante! 
A mediação é um processo voluntário. As partes possuem liberdade de 
optar pela adoção ou não da mediação, e podem desistir do processo a 
qualquer momento. – Art. 2º § 2° Ninguém será obrig ado a permanecer em 
procedimento de mediação. - A opção pela mediação, além de voluntária, tem 
também de ser consciente. Ou seja, a mediação tem de ser precedida pela 
informação e explicação sobre como funciona o processo, para que os 
envolvidos possam então decidir sobre a adoção ou não desse processo. 
 
48 
3 - Ética do mediador 
3.1. Obrigações éticas do mediador 
É obrigação do mediador zelar pelo sigilo de todos os procedimentos em 
mediação. De acordo com ISA -ADRS e MEDIARE (2007), o sigilo envolve: 
• Informações e dados manuseados por toda a equipe técnica; e 
• Informações das reuniões privadas. 
Importante! 
Você já estudou, mas vale relembrar! 
 Art. 30. Toda e qualquer informação relativa ao procedimento de mediação 
será confidencial em relação a terceiros, não podendo ser revelada sequer em 
processo arbitral ou judicial salvo se as partes expressamente decidirem de forma 
diversa ou quando sua divulgação for exigida por lei ou necessário para 
cumprimento de acordo obtido pela mediação. 
§ 1° O dever de confidencialidade aplica-se ao medi ador, às partes, à seus 
prepostos, advogados, assessores técnicos e a outras pessoas de sua confiança 
que tenham, direta ou indiretamente, participado do procedimento de mediação (...). 
O mediador tem a obrigação de zelar pelo equilíbrio entre as partes. Este 
equilíbrio envolve: 
Equilíbrio de poder – Tom de voz, questões de encaminhamento e 
legitimidade; 
Equilíbrio de informações – o mediador deve orientar as partes a buscarem 
todas as informações necessárias à tomada de decisão. 
Importante! 
O equilíbrio é fundamental para a livre e genuína AUTONOMIA DE 
VONTADES. (ISA-ADRS e MEDIARE, 2007) 
Finalizando... 
Neste módulo, você estudou que: 
� Considerando a Lei nº 13.140/2015, talvez o mais correto fosse falar em 
“mediadores” ao invés de “mediador”, uma vez que as exigências de atuação são 
diferentes para cada modalidade de mediação. 
� O papel do mediador envolve como competência básica a capacidade 
de criar condições para que as partes possam obter uma solução e, principalmente, 
estabelecer o diálogo. 
49 
� Com base em Seidel (2007), podem ser destacadas duas ferramentas a 
serem utilizadas pelo mediador para auxiliá-los no processo de mediação. São elas: 
escuta ativa e questionamento criativo. 
� Alguns cuidados devem ser tomados pelo mediador antes, durante e 
após ter desenvolvido as etapas do processo de mediação. 
� É obrigação do mediador zelar pelo sigilo de todos os procedimentos em 
mediação. De acordo com ISA-ADRS e MEDIARE (2007) o sigilo envolve: 
informações e dados manuseados por toda a equipe técnica e informações das 
reuniões privadas. 
� O mediador tem a obrigação de zelar pelo equilíbrio entre as partes. 
Este equilíbrio envolve: equilíbrio de poder e equilíbrio de informações. 
Exercícios 
1. Ao mediador são requeridos conhecimentos sobre: 
a. relações humanas; 
b. legislação trabalhista; 
c. conflitos e gerenciamento de conflitos; 
d. processo jurídico; 
e. metodologia do processo. 
2. Marque a alternativa em que não corresponda à habilidade do 
mediador. 
a. promover a reflexão e o diálogo; 
b. utilizar de antíteses; 
c. escutar e refletir; 
d. gerenciar conflitos; 
e. identificar impasses 
3. Assinale os itens VERDADEIROS 
a. O papel do mediador envolve como competência básica a capacidade de 
criar condições para que as partes possam obter uma solução e, principalmente, 
estabelecer o diálogo. 
b. De acordo com a legislação, na modalidade extrajudicial, poderá ser 
mediador, qualquer pessoa capaz que tenha a confiança das partes e seja 
capacitada para fazer mediação, independentemente de integrar qualquer tipo de 
conselho, entidade de classe ou associação, ou nele inscrever-se. 
50 
c. O mediador auxilia as partes, a identificarem interesses comuns, 
complementares ou divergentes e a construírem em conjunto, alternativas de 
solução visando o consenso e a satisfação mútua. 
d. De acordo com o código de ética dos mediadores, a prática da mediação 
irá requerer do mediador conhecimento e treinamento específico sobre as técnicas 
de persuasão, exigindo qualificação e aperfeiçoamento contínuo para a melhoria das 
suas atitudes e habilidades profissionais. 
 
Gabarito 
1. Resposta Correta: 
Letra C 
2. Resposta Correta: 
Letra B 
3. Resposta Correta: Letras A, B e C 
 
51 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
ALMEIDA, Tânia. Mediação de conflitos: um meio de prevenção e resolução de 
controvérsias em sintonia com a atualidade. Disponível 
em:<http://www.mediare.com.br/08artigos_13mediacaodeconflitos.html> Acesso em: 
25 ago 2015. 
ALVAREZ, Marcos César. Democracia, cidadania e políticas públicas de segurança. 
Disponível em <http://www.sbpcnet.org.br/livro>. Acesso em 09 set 2008. 
ANDRIGH e FOLEY. Folha de São Paulo. 24 de junho de 2008. 
BISPO. Patrícia. As técnicas que ajudam a mediar conflito. Disponível em < 
http://www.rh.com.br/Portal/Grupo_Equipe/Materia/5041/as-tecnicas-que-ajudam-a-
mediarconflitos.html>. Acesso em: 28 jul 2015. 
BRASIL. Lei nº 13.140 de 26 de junho de 2015. 
BRASIL. Ministério da Justiça. Secretaria Nacional de Segurança Pública. Rede 
Nacional de Educação a Distância para Segurança Pública. Curso mediação de 
conflito I. Bernadete Moreira Pessanha Cordeiro et al. Disponível em: 
<http://senasp.dtcom.com.br/> Acesso em: 28 jul 2015. Acesso restrito ao conteúdo 
com login e senha. 
BRASIL. Ministério da Justiça. Secretaria Nacional de Segurança Pública. Rede 
Nacional de Educação a Distância para Segurança Pública. Curso mediação de 
conflito II. Bernadete Moreira Pessanha Cordeiro

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