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PRÁTICA SIMULADA V (CÍVEL) CCJ0049 PLANO DE AULA 04 Aluno RICARDO MENEGUSSI PEREIRA

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PRÁTICA SIMULADA V (CÍVEL) - CCJ0049 PLANO DE AULA 04 Aluno RICARDO MENEGUSSI PEREIRA 
 
Habeas data 
Ação que assegura o livre acesso de qualquer cidadão a informações a ele próprio relativas, 
constantes de registros, fichários ou bancos de dados de entidades governamentais ou de 
caráter público. 
 
O habeas data é um remédio constitucional, previsto no artigo 5º, inciso LXXII, destinado a 
assegurar que um cidadão tenha acesso a dados e informações pessoais que estejam sob posse 
do Estado brasileiro, ou de entidades privadas que tenham informações de caráter público. Ou 
seja, é o direito de saber o que o governo sabe (ou afirma saber) sobre você. Ele também pode 
ser acionado para corrigir dados pessoais que estejam inexatos. 
O habeas data surgiu no ordenamento jurídico brasileiro com a Constituição de 1988. Foi 
inspirado pelas legislações de Portugal, Espanha e Estados Unidos, que desde os anos 1970 
passaram a incluir o direito de cidadãos acessarem dados pessoais em bancos de entidades 
governamentais. Segundo Arnoldo Wald e Rodrigo Fonseca, a inclusão do habeas data na 
Constituição foi motivada por um fator político: o Sistema Nacional de Informações (SNI), banco 
de dados mantido pelo regime militar (1964-1985), reunia diversas informações sobre os 
cidadãos brasileiros. O remédio facilitou o acesso aos dados do SNI. 
 
QUEM PODE IMPETRAR UMA AÇÃO DE HABEAS DATA? 
É garantido a todo cidadão brasileiro o direito a requerer habeas data. A ação é gratuita, não são 
cobradas custas judiciais. Mas o cidadão precisa acionar um advogado. É importante perceber 
também que o impetrante pode apenas pedir acesso a seus próprios dados, e não de terceiros. 
Uma exceção a essa regra ocorre no caso de um cônjuge pedir a liberação de dados do parceiro 
falecido. 
 
EM QUE CONDIÇÕES ALGUÉM PODE PEDIR UM HABEAS DATA? 
Segundo súmula do Superior Tribunal de Justiça (STJ), o habeas data só é cabível se antes 
disso o cidadão solicitar o acesso a dados pessoais a um órgão público e esse órgão se negar a 
disponibilizar os dados. Sem essa recusa prévia, o pedido de habeas data é negado. 
 
Por conta disso, o cidadão precisa observar o rito estabelecido pela lei 9.507/97, que regula o 
habeas data. Antes de mais nada, a pessoa interessada deve apresentar um pedido de acesso 
aos dados para o órgão público, que por sua vez tem dois dias para analisar o pedido. Feita a 
análise, o cidadão é informado em 24 horas da decisão do órgão. Se recusado o requerimento, 
cabe o habeas data. 
 
Em casos de inexatidão de dados, o interessado deve fazer uma petição com documentos que 
comprovem o problema. Apresentada a petição, o órgão tem 10 dias para corrigir os dados 
inexatos e comunicar a correção para o requerente. 
 
COMO FUNCIONA UM PROCESSO DE HABEAS DATA? 
Digamos que você tenha pedido seus dados pessoais a um órgão público e este se recusou a 
entregá-las. E agora, quais são os próximos passos? 
A primeira coisa que você deve fazer é elaborar uma petição inicial, que precisa cumprir os 
requisitos mínimos (art. 319 do Código de Processo Civil), além de incluir provas. Essa petição 
precisa ser entregue em duas vias ao tribunal. O órgão processado (chamado de coator) recebe 
uma dessas vias e tem 10 dias para prestar esclarecimentos. 
Após esse prazo, o Ministério Público deve se manifestar em cinco dias e por fim, o juiz terá 
outros cinco dias para proferir a sentença. Se aceito o pedido de habeas data, o juiz marcará 
uma data para que o órgão coator disponibilize os dados ao cidadão. 
 
 
 
CASO CONCRETO: OAB 2010.3 - PROVA PRÁTICO - PROFISSIONAL - ÁREA: DIREITO 
CONSITUTCIONAL. Tício, brasileiro, casado, engenheiro, na década de setenta, participou de 
movimentos políticos que faziam oposição ao Governo então instituído. Por força de tais 
atividades, foi vigiado pelos agentes estatais e, em diversas ocasiões, preso para averiguações. 
Seus movimentos foram monitorados pelos órgãos de inteligência vinculados aos órgãos de 
Segurança do Estado, organizados por agentes federais. Após longos anos, no ano de 2010, Tício 
requereu acesso à sua ficha de informações pessoais, tendo o seu pedido indeferido, em todas 
as instâncias administrativas. Esse foi o último ato praticado pelo Ministro de Estado da Defesa, 
que lastreou seu ato decisório, na necessidade de preservação do sigilo das atividades do 
Estado, uma vez que os arquivos públicos do período desejado estão indisponíveis para todos 
os cidadãos. Tício, inconformado, procura aconselhamentos com seu sobrinho Caio, advogado, 
que propõe apresentar ação judicial para acessar os dados do seu tio. 
Na qualidade de advogado contratado por Tício, redija a peça cabível ao tema, observando: 
a) competência do Juízo; 
b) legitimidade ativa e passiva; 
c) fundamentos de mérito constitucionais e legais vinculados; d) os requisitos formais da peça 
inaugural. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA 
(10 linhas) 
TÍCIO, brasileiro, casado, engenheiro, portador do RG. Nº XXXX, inscrito no CPF sob o nº XXXXXX, 
residente e domiciliado na Rua. XXX, no município de XXXX, Estado XXX, vem respeitosamente, 
à presença de Vossa Excelência, com fundamento no art. 5º, LXXII, da Constituição Federal de 
1988 e Lei 9.507/1997, e art. 282e ss do Código do Processo Civil, impetrar: 
HABEAS DATA 
em face do ato praticado pelo MINISTRO DE ESTADO DE DEFESA, pelos motivos de fato e de 
direito a seguir aduzidos: 
I - DO FORO COMPETENTE 
O art.105, I, “b”, da Constituição Federal, bem como o art.20, I, “b”, da Lei 9507/97, 
estabelece que: 
“Compete ao Superior Tribunal de Justiça, processar e julgar, 
originariamente, os mandados de segurança e os habeas data contra ato 
de Ministro de Estado, dos Comandantes da Marinha, do Exército e da 
Aeronáutica ou do próprio Tribunal”. 
Desse modo, verifica-se que a competência para processamento e julgamento da presente ação 
é originária do Superior Tribunal de Justiça. 
II- DO INTERESSE DE AGIR 
Nos termos do art.8º, parágrafo, único da Lei 9507/1997, comprovado o interesse de agir 
di Impetrante, legitimador do presente Habeas Data, pois j unta-se cópia do anterior 
indeferimento do pedido à ficha de informações pessoais, no período em que, Tício, foi 
monitorado pelos órgãos de inteligência vinculados aos órgãos de Segurança do Estado. 
Como se verifica dos documentos juntados, a atitude da Autoridade Coatora viola 
flagrantemente, o direito do Impetrante em ter acesso, às suas informações pessoais e, 
portanto, de seu pessoal interesse, que estão nos arquivos públicos do período em que foi 
monitorado e preso para averiguações. 
III- DOS FATOS 
Ocorre que o impetrante na década de setenta integrou certos movimentos políticos que faziam 
oposição ao governo da época. Por isso foi vigiado por agentes estatais e diversas vezes foi preso 
para averiguações, sendo assim, seus movimentos foram monitorados pelos órgãos de 
inteligência vinculados aos órgãos de segurança do estado, organizados por agentes federais. 
Depois de um longo período de tempo, em 2010, Tício Amoreira requereu acesso à sua ficha de 
informações pessoais, tendo o seu pedido indeferido, em todas as instâncias administrativas. 
Esse foi o último ato praticado pelo Ministro de Estado da Defesa, que lastreou seu ato decisório, 
na necessidade de preservação do sigilo das atividades do Estado, uma vez que os arquivos 
públicos do período desejado estão indisponíveis para todos os cidadãos. Conforme o artigo 8º, 
parágrafo único, da lei 9507/1997,comprova-se o interesse do impetrante, pois junta-se cópia 
do anterior indeferimento do pedido à ficha de informações pessoais, no período em que, Tício 
Amoreira, foi monitorado pelos órgãos de inteligência vinculados aos órgãos de Segurança do 
Estado. Observados os documentos juntados, a atitude da autoridade coatora viola o direito do 
Impetrante em ter acesso, às suas informações pessoais e, portanto, de seu pessoal interesse, 
que estão nos arquivos públicos do período em que foi monitorado e preso para averiguações. 
IV - DO DIREITO 
Ocorre que o artigo 5º, LXXII, da Constituição Federal dispõe que será concedido Habeas Data 
para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de 
registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público bem como 
para retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou 
administrativo. O artigo 5º, XIV da Constituição diz que é assegurado a todos o acesso à 
informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional. Assim, 
observa-se que ocorreu violação aos dispositivos constitucionais trazidos. 
art. 5º, LXXII, da CF/1988 assim dispõe: 
Conceder-se-á “habeas-data”: 
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à 
pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados 
de entidades governamentais ou de caráter público; 
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-
lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo. 
Resta visível que o ato que nega o fornecimento de informações do impetrante, inclusive com o 
esgotamento da via administrativa, se mostra ilegal e abusivo, já que é contrário aos dispositivos 
Constitucionais que garantem o direito de acesso à informação de dados do impetrante. 
V- DO PEDIDO 
Diante de todo o exposto, requer o impetrante que: 
A) seja citada a autoridade coatora sobre os fatos narrados a fim de prestar as informações que 
entender necessárias; 
B) seja determinada a intimação do representante do Ministério Público no prazo de cinco dias; 
C) seja julgado procedente o pedido, determinando ao impetrado o fornecimento das 
informações pleiteadas; 
 
Dá-se a causa o valor de Alçada (R$ XXXXX). 
 
Nestes termos, pede deferimento. 
 
Local..., data... 
Advogado... 
OAB/UF n.º...

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