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Texto apoio Sociologia 1 periodo

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TEXTO DE APOIO – SOCIOLOGIA – 1º Bim. 
 
Surgimento da Sociologia 
A Sociologia é uma ciência social que surge em consequência das ideias iluministas e da busca de diferentes 
intelectuais de compreender a sociedade e suas dinâmicas. O principal fator social que conduz ao surgimento deste 
campo de conhecimento foi a Revolução Industrial e suas consequências, como a divisão do trabalho e o 
processo de urbanização. 
Autores como Karl Marx, Friedrich Engels, Alexis de Tocqueville, Le Play, Spencer, se dedicaram a estudar os 
problemas da nova sociedade que surgia na Europa. Em diferentes países começava a aparecer, no século XIX, o 
interesse de conhecer os problemas sociais e políticos a partir de um ponto de vista científico e todo esse processo 
indicava o surgimento de um novo campo de conhecimento. 
O nome “Sociologia” foi criado por Auguste Comte, também considerado o pai do positivismo. Comte 
observava uma transformação da sociedade europeia, mais especificamente da sociedade francesa, em que a 
sociedade militar e teocrática era substituída por uma sociedade industrial e científica (LALLEMENT, 2008, pg. 71). 
Essa crise poderia ter consequências catastróficas, e a memória do que havia sido a Revolução Francesa ainda 
era muito recente para desejar que outras revoltas acontecessem. 
É assim que surge, no século XIX, a Sociologia, enquanto campo de estudos da sociedade e suas dinâmicas. A 
sociologia francesa é conhecida como a principal responsável pela institucionalização da disciplina, quando Émile 
Durkheim foi convidado a ministrar a disciplina em Bordéus em 1887. Assim sendo, foi primeiramente na França 
que a disciplina passou a ser considerada uma ciência e a fazer parte das disciplinas universitárias. 
Émile Durkheim, foi na verdade o primeiro a estabelecer um método sociológico e a definir o objeto de análise dessa 
disciplina, é por isso que ele também é considerado um dos pais da Sociologia. Assim como Comte, Durkheim 
também pretendia entender a sociedade e seus problemas para evitar crises e revoltas sociais. O problema que mais 
o inquietava era o da anomia social, ou seja, a falta de solidariedade e o crescimento do individualismo. Ele 
também foi responsável por conceituar o fato social enquanto saber coletivo, formas de agir e pensar, que 
coagem os indivíduos. 
Outro autor que também é considerado um dos fundadores da sociologia é Gabriel Tarde. Ele também se dedicou a 
compreender o que constitui o vínculo social e o fato social, mas sua teoria se distanciava da de Durkheim por 
considerar que o fato social poderia ser definido a partir das interações entre as consciências individuais. Para Tarde 
o fundamento do vínculo social era a imitação, os homens imitam os atos dos outros homens e ao reunirem esses 
atos em comum, de pequenas ações, de modos de pensar, essas similitudes formam um conjunto, o coletivo. 
Por fim, é na virada do século XIX para o XX que a Sociologia realmente se estabelece como uma ciência e uma 
disciplina universitária. Foi na França, na Alemanha, nos Estados Unidos e na Inglaterra que surgiram suas principais 
teorias. E autores como Max Weber, Georg Simmel, Thorstein Veblen, Robert E. Park, dentre outros são também 
importantes neste início. 
Referências Bibliográficas: 
LALLEMENT, M. História das ideias sociológicas: das origens a Max Weber. Petropólis, RJ: Vozes, 2008. 
BERTHELOT, J.M. Que sais-je? Paris, PUF, 1991. 
 
Por Marcele Juliane Frossard de Araujo Mestre em Ciências Sociais (PUC-Rio, 2015) Graduada em Ciências Sociais 
(UERJ, 2012) https://www.infoescola.com/sociologia/surgimento-da-sociologia/ 
 
O estranhamento e a desnaturalização dos fenômenos sociais na prática pedagógica 
 
Num primeiro momento, é importante destacar um princípio epistemológico que caracteriza a estrutura da pesquisa 
e do ensino das Ciências Sociais, ou seja, que aparece como perspectiva, como fundamento para o desenvolvimento 
do ensino da Sociologia no Ensino Médio: O movimento de estranhamento e desnaturalização. 
O movimento do estranhamento é o ato de estranhar no sentido de se admirar, de se espantar diante de algo que 
não se tem conhecimento ou costume; pode-se alcançar o “estranho” ao perceber algo ou alguém de forma 
diferente do que se conhece, ao assombrar-se em função do desconhecimento de certos fatores, ao se sentir 
incomodado diante de um fato novo ou de uma nova realidade, ao não se conformar com algo ou com a situação em 
que se vive; ao não se acomodar. Ao rejeitar. 
O Estranhamento, nesse sentido, se apresenta ao ensino das Ciências Sociais como uma via que possibilita no 
individuo o surgimento de uma vontade primeira do saber, de uma vontade em se conhecer o novo, em se habituar 
a ele e assim o entender melhor. Surge como uma ferramenta essencial para o início da problematização de um 
fenômeno social a partir das perguntas que suscita em cada aluno: “Por que isso ocorre?”, “Sempre foi assim?”, “É 
algo que só existe agora?”. Por exemplo, frente à questão da violência podemos perguntar: “Houve violência em 
todas as sociedades?”, “Como era a violência na Antiguidade?”, “Em outros países, há a violência que vemos no 
nosso cotidiano?”, “Há um só tipo de violência?”, “Quais as razões para tais e quais tipos de violência?”, etc. 
Estranhar as situações, inclusive as que fazem parte da experiência de vida do aluno, é uma condição necessária às 
Ciências Sociais. O estranhamento possibilita o início de um movimento capaz de caminhar para além das 
interpretações marcadas pelo senso comum. Surge como uma maneira de se começar a estruturar o objetivo de 
uma análise sistemática da realidade. 
Ao lado do estranhamento, outro movimento epistemológico tem papel importante na fundamentação do ensino da 
disciplina de Sociologia: a desnaturalização. 
É comum ouvirmos no cotidiano da prática pedagógica a expressão: “Isso é natural”. Esta expressão aponta para a 
ideia de algo que sempre foi, é ou será da mesma forma, imutável na relação tempo e espaço. Em consequência, por 
exemplo, podemos nos deparar com uma situação assim: “É natural que exista a desigualdade social, é normal, afinal 
ela sempre existiu e sempre existirá. O mundo é assim mesmo”. Dessa forma, os indivíduos manifestam o 
entendimento de que os fenômenos sociais são de caráter natural, ou seja, não lhes é sabido que tais fenômenos 
são na verdade constituídos socialmente, isto é, historicamente produzidos e reproduzidos, resultado das relações 
sociais em suas mais diversas estruturas. A desnaturalização das concepções a respeito dos fenômenos sociais surge 
como um papel central do movimento do pensamento sociológico. 
 Há desestruturação da tendência de se compreender as relações sociais, as instituições, os modos de vida e de 
organização das sociedades, o aparato político, etc., a partir de argumentos “naturalizadores” possibilita o resgate, 
primeiro, da historicidade desses fenômenos e, segundo, da noção de que certas mudanças ou continuidades 
históricas decorrem e dependem de um jogo de poder calcado em razões objetivas. 
Um paralelo entre a noção do estranhamento e da desnaturalização nos leva de encontro à noção de que a vida em 
sociedade estrutura-se de forma dinâmica, ou seja, está em constante processo de transformação; constitui-se a 
partir da multiplicidade das relações sociais que, por sua vez, são capazes de revelar as mediações e as contradições 
da realidade objetiva de um período histórico. É também apreendida por um conjunto de ações capazes de alterar o 
curso dos acontecimentos, provocando transformações notórias nas formas de organização humana. O saber 
sociológico, portanto, pode ser construído a partir da sistematização teórica e prática do processo social. 
Dessa forma, a postura inicial de atuação das Ciências Sociais no Ensino Médio pode ser compreendida pela 
superação do senso comum em direção a uma análisecientífica da sociedade. O movimento de estranhamento e 
desnaturalização mesmo diante de situações tidas como óbvias, como, por exemplo, na temática familiar, confere 
especificidade ao ensino da Sociologia, pois permite que fenômenos aparentemente consolidados suscitem dúvidas, 
revelem contradições, etc. 
O processo de estranhamento oferece ao aluno um ponto de partida, uma possibilidade para o desenvolvimento de 
um saber capaz de levar o indivíduo de encontro a um debate mais amplo. Somado a isso, a desnaturalização surge 
como o início da superação de certas noções consolidadas naturalmente, o que permite que o aluno ultrapasse os 
limites do senso comum. Esse movimento permite ao individuo inquietar-se criticamente com questões corriqueiras 
e consagradas pela normalidade. 
O pensamento sociológico propicia aos jovens o exame de situações que fazem parte do seu dia a dia, imbuídos de 
uma postura crítica e investigativa, quando traz à tona a tarefa do estranhamento e da desnaturalização dos 
fenômenos sociais. Despertar no aluno a sensibilidade para perceber e modificar o mundo à sua volta deve ser a 
tarefa de todo professor. 
Bibliografia: 
Coordenação Amaury César Moraes. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2010. (Coleção 
Explorando o Ensino; volume 15). 
 
O processo de socialização 
Na sociologia, o processo de socialização é fundamental para a construção das sociedades em diversos espaços 
sociais. É através dele que os indivíduos interagem e se integram por meio da comunicação, ao mesmo tempo que 
constroem a sociedade. 
Para o sociólogo brasileiro Gilberto Freire, a socialização pode ser definida da seguinte maneira: 
“É a condição do indivíduo (biológico) desenvolvido, dentro da organização social e da cultura, em pessoa ou homem 
social, pela aquisição de status ou situação, desenvolvidos como membro de um grupo ou de vários grupos.” 
A socialização (efeito de ser tornar social) está relacionada com a assimilação de hábitos culturais, bem como ao 
aprendizado social dos sujeitos. Isso porque é por meio dela que os indivíduos aprendem e interiorizam as regras e 
valores de determinada sociedade. 
Quanto a isso, vale lembrar as palavras do sociólogo francês Durkheim, quando afirma que: 
“A educação é uma socialização da jovem geração pela geração adulta”. 
De tal modo, o processo de socialização é desencadeado por meio da complexa rede de relações 
sociais estabelecidas entre os indivíduos durante a vida. 
Assim, desde criança os seres humanos vão se socializando mediante as normas, valores e hábitos dos grupos 
sociais que o envolvem. Observe que nesse processo, todos os sujeitos sociais sofrem influência comportamentais. 
 
Importante notar que existem diferentes processos de socialização de acordo com a sociedade em que estamos 
inseridos. 
Qualquer que seja a classe social e a realidade, os processos de socialização são muito diversos. Tanto podem 
ocorrer entre pessoas que vivem numa favela como entre os burgueses que habitam a zona sul de São Paulo. 
Seja qual for a cor, a etnia, a classe social, todos os seres humanos desde cedo estão em constante processo de 
socialização, seja na escola, na igreja, na faculdade ou no trabalho. Alguns fatores podem afetar esse processo, tal 
como um local marcado por guerras. 
As consequências dos processos de socialização geralmente são positivas e resultam na evolução da sociedade e dos 
indivíduos. Por outro lado, as pessoas que não se socializam podem apresentar muitos problemas psicológicos, 
determinados, por exemplo, pelo isolamento social. 
O processo de socialização vem se alterando ao longo do tempo, através das mudanças da sociedade. Note que os 
processos de socialização da antiguidade e da atualidade são bem distintos, o que decorre da evolução dos meios de 
comunicação e do avanço tecnológico. 
 
Os processos de socialização estão classificados em dois tipos: 
Socialização Primária: como o próprio nome já indica, esse tipo de socialização ocorre na infância e se desenvolve no 
meio familiar. Aqui, a criança tem contato com a linguagem e vai compreendendo as relações sociais primárias e os 
seres sociais que a compõem. Além disso, é nesse estágio em que são interiorizados normas e valores. A família 
torna-se a instituição social mais fundamental desse momento. 
Socialização Secundária: nesse caso, o indivíduo já socializado primariamente vai interagindo e adquirindo papéis 
sociais determinados pelas relações sociais desenvolvidas, bem como a sociedade que está inserido. Se por acaso o 
sujeito social teve uma socialização primária afetada, isso poderá gerar diversos problemas na sua vida social, uma 
vez que o primeiro momento de socialização é essencial na construção do caráter do indivíduo. 
 
Juliana Bezerra Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ https://www.todamateria.com.br/processo-de-socializacao/ 
O Trabalho nas Diferentes Sociedades Nelson Dacio Tomazi 
O TRABALHO NAS SOCIEDADES TRIBAIS 
A idéia de trabalho, como uma coisa separada das outras atividades, é algo que não existe nessas sociedades, isto 
porque as atividades vinculadas à produção nas sociedades tribais estão associadas aos ritos e mitos, ao sistema de 
parentesco, às festas, às artes, enfim a toda a vida social, econômica, política e religiosa. O trabalho separado das 
outras coisas não tem sentido, não tem valor em si. 
As sociedades tribais com as mais diferentes estruturas sociais, políticas e econômicas possuíam uma organização do 
trabalho em geral baseado na divisão por sexo, em que os homens e mulheres executavam atividades diferentes. Os 
seus equipamentos e instrumentos são muitos simples e rudimentares, ainda que muito eficazes, classificando-os 
como sociedades de economia de subsistência e de técnica rudimentar. 
Essas sociedades não só tinham todas as suas necessidades matérias e sociais plenamente satisfeitas, como também 
dispunham de mínimo de horas diárias vinculadas à atividade de produção, sendo classificadas como "sociedades do 
lazer", ou as primeiras "sociedades de abundância". O fato de se dedicar menos tempo às tarefas vinculadas à 
produção não significa que se tenha uma vida de privações. Ao contrario, essas sociedades viviam muito bem 
alimentadas. É importante ressaltar que isso foi antes do contato com o "mundo civilizado". 
A explicação para o fato de trabalharem muito menos que nós, está no modo como se relacionam com a natureza. 
Não são os homens que produzem ou caçam, pois eles simplesmente recebem aquilo que precisam da mãe 
"natureza". Por outro lado, há um profundo conhecimento do meio que vivem o que faz com que conheçam as 
plantas, os animais, a forma como crescem, reproduzem. 
Não se tem a idéia de que se deve produzir mais para poupar ou acumular riquezas. A sua riqueza está na vida e na 
forma como passam os dias. 
O aspecto mais importante das comunidades tribais é o sentido de unidade existente no cotidiano dessas 
sociedades. 
 
O TRABALHO NA SOCIEDADE GRECO-ROMANA 
Os gregos faziam uma distinção clara entre o trabalho braçal, o trabalho manual, e atividades do cidadão que se 
discute e resolve os problemas da sociedade. Os gregos possuíam três concepções para a idéia de trabalho: labor, 
poiesis e praxis. 
Para labor entendia-se o esforço físico voltado para a sobrevivência do corpo, sendo, portanto, uma atividade 
passiva e submissa ao ritmo da natureza. Em poiesis a ênfase recai sobre o ato de fabricar, de criar alguma coisa ou 
produto através do uso de algum instrumento ou mesmo das próprias mãos. Praxis é aquela atividade que tem a 
palavra como seu principal instrumento, isto é, que utiliza o discurso como um meio para encontrar soluções 
voltadas para o bem-estar dos cidadãos. 
É necessário que se entenda a questão da escravidão no interior dessas sociedades. A sociedade greco-romano não 
era constituída somente de escravos e senhores,apenas a quarta parte da mão-de-obra era escrava, pois havia uma 
serie de outros trabalhadores. Mesmo assim a escravidão caracteriza essas sociedades, uma vez que todos os 
trabalhadores viviam, de uma forma ou de outra, oprimidos pelos senhores e proprietários. 
Nessas sociedades, o escravo era propriedade de seu senhor e, portanto, podia ser vendido, doado, trocado, 
alugado, não só ele, mas todos da família e todos os bens que porventura tivesse. 
Para a maioria dos escravos, a finalidade precípua de suas vidas era tornarem-se livres, mesmo que isso não lhes 
desse a condição de cidadão, já que só o seriam se tivessem bens e propriedades. 
Havia uma classe de ricos e notáveis senhores que viviam de renda e eram desobrigados de qualquer atividade que 
não fosse à arte de discutir os assuntos da cidade e o bem-estar dos cidadãos. Por isso a escravidão era tão 
fundamental nessas sociedades, pois era o trabalho escravo que dava o suporte material para que os cidadãos não 
precisassem viver do suor de seu rosto. 
 
O TRABALHO NA SOCIEDADE FEUDAL 
O fim do Império Romano do Ocidente fez com que todo aquele imenso território, antes mantido unido por Roma e 
seus exércitos, se fragmentassem a tal ponto que surgissem muitas formas de organização social e política, 
dependendo das condições de cada região naquele momento. Mas, apesar desse fracionamento e de toda a 
diversidade de estruturação do sistema feudal, podem-se definir algumas características predominantes nesse 
sistema: 
A terra é o principal meio de produção, e as principais relações sociais desenvolvem-se em torno dela, uma vez que 
se tem uma economia fundamentalmente agrícola. Mas a terra não pertence aos produtores diretos, pertencem aos 
senhores feudais, devidamente hierarquizados. 
Os trabalhadores têm direito ao usufruto e à ocupação das terras, mas nunca à propriedade delas. Os senhores 
através de laços feudais, tem direito de arrecadar tributos sobre os produtos ou sobre a própria terra. 
Uma rede de vínculos pessoais de direitos e deveres e de honra entre os senhores, e entre estes e os servos, em que 
uns trabalham em regime de servidão, no qual não se goza de plena liberdade, mas, também, não se é escravo. O 
que há é um sistema de deveres para com o senhor e deste para com os seus servos. 
A sociedade feudal é uma organização social que se estrutura em estamentos, e estes tem uma relação entre si 
muito diversa e complexa. 
Os servos além de trabalharem em suas terras, eram também obrigados a trabalhar nas terras do senhor, bem como 
na construção e manutenção de estradas e pontes. Essas obrigações se chamavam corvéia. Havia uma serie de 
outras obrigações que os servos tinham para com os senhores, como um imposto que se pagava por pessoa e atingia 
unicamente os servos. O censo era outro imposto, mas esse era pago somente pelos homens livres. A tacha era uma 
taxa que se pagava sobre tudo o que se produzia na terra e atingia todas as categorias dependentes. As banalidades 
consistiam em outra obrigação devida ao senhor, e eram pagas pelos servos e camponeses pelo uso do moinho, do 
forno, dos tonéis de cerveja e pelo fato de, simplesmente, residirem na aldeia. 
Os senhores feudais e o clero viviam do trabalho dos outros. Algo parecido com a sociedade greco-romana, ainda 
que em outras condições históricas. 
As associações dos trabalhadores de diferentes ofícios são traços marcantes da sociedade feudal. Havia uma 
regulamentação que estabelecia o conceito de oficio, criava os mecanismos de controle da profissão e ainda 
determinava um grupo de conselheiros encarregados de fazer observar os estatutos da associação. Essas associações 
se tornaram conhecidas como corporações de ofícios. No topo da escala da corporação encontrava-se o mestre, que 
controlava o trabalho de todos os que faziam parte de uma determinada corporação, encarregando-se de pagar os 
direitos ao rei ou ao senhor feudal e de fazer respeitar todos os compromissos com a corporação. Abaixo dele vinha 
o oficial, que ocupava uma posição entre o mestre e o aprendiz. O aprendiz, que ficava na base dessa hierarquia, 
devia ter entre 12 e 15 anos e pertencer a um só mestre. 
Segundo a concepção feudal, com base na Igreja Cristã, o trabalho era uma verdadeira maldição e deveria existir 
somente na quantidade necessária à sobrevivência, não tendo nenhum valor em si mesmo. 
 
O trabalho na sociedade capitalista 
COMO O TRABALHO SE TRANSFORMA EM MERCADORIA 
 
Trabalho se transforma em força de trabalho quando se torna uma mercadoria que pode ser comprada e vendida. E, 
para que ele se transforme em mercadoria, é necessário que o trabalhador seja desvinculado de seus meios de 
produção, ficando apenas com a sua força de trabalho pra vender. 
O processo que levou à desvinculação entre o trabalhador e seus meios de produção foi longo e está relacionado 
com todas as transformações que permitiram a constituição do modo de produção capitalista. Vários foram os 
fatores que concorreram para que houvesse essas transformações. Os mais significativos foram os cercamentos das 
terras comunais e a expropriação dos camponeses, o que permitiu a liberação de terras para a produção de lã, bem 
como a expulsão de milhares de pessoas sem trabalho para cidades, ou seja, pôde-se dispor de muita matéria-prima 
e, ao mesmo tempo, de um exercito de pessoas que possuíam apenas a sua força de trabalho para vender. 
O processo resultante da conjugação de todos esses fatores passou a ser conhecido com acumulação primitiva do 
capital. É dessa forma que um grupo de pessoas conseguiu acumular riquezas e ter dinheiro nas mãos para aplicar 
em empreendimentos voltados para fabricação de mercadorias em outra escala de produção e com a finalidade de 
vender exclusivamente. Com isso financiaram e organizaram a produção de mercadoria através de duas formas de 
coordenação do processo de trabalho dos artesões: ou reunia os artesões de um determinado oficio em um mesmo 
local de produção ou eles podiam trabalhar dispersos por vários locais, inclusive na sua própria casa. Entretanto, 
quem definia o que produzir e quanto produzir era o dono do capital, que financiava tudo. 
A cooperação simples é o processo no qual os trabalhadores ainda mantém a hierarquia da produção artesanal, 
entre o mestre e o aprendiz. Neste sistema o artesão ainda desenvolve, ele próprio, todo o processo produtivo. A 
diferença é que agora ele está à serviço de quem lhe financia não só a matéria-prima como até mesmo alguns 
instrumentos de trabalho, e ainda define o local e as horas a serem trabalhadas. 
A manufatura ou a cooperação avançada é a segunda forma de organizar a força de trabalho antes da forma 
especificadamente capitalista. Na manufatura há a dissolução inicial desses processos de trabalho baseados nos 
ofícios. O trabalho artesanal continua sendo a base, só que reorganizado e decomposto através da fragmentação de 
suas tarefas, definindo assim uma nova divisão de trabalho. Nessa cooperação no final de uma produção se tem um 
produto que foi produzido por vários artesãos, mas por nenhum em particular. A manufatura é o segundo passo 
para que surja o trabalho coletivo. 
 
MUDANÇA NA CONCEPÇÃO DE TRABALHO 
Ate então o trabalho foi sempre visto como uma verdadeira tortura, entretanto, as mudanças ocorridas nas relações 
sociais fizeram com que o trabalho passasse a ser visto como o criador de toda a riqueza. 
A Reforma Protestante desenvolveu uma analise que alteraria o pensamento cristão sobre o trabalho. Na nova visão 
a profissão de cada um passa a ser vista como vocação, e a preguiça, como uma coisa perniciosa e má, que se 
contrapõe à ordem natural do mundo. O trabalho passa a ser encarado como uma virtude, e ao se trabalhar 
arduamente, pode-se chegar ao êxito na vida material, o que é expresso nas bênçãos divinas sobre os homens. O 
cristão protestante deve levar uma vida ascética, e costumes simples, e o quese pode poupar deve ser reinvestido 
no trabalho, dessa forma gerando mais oportunidade para outros trabalharem. 
Nessa concepção, a riqueza em si não é condenável, mas sim aquilo a que ela pode levar: o não-trabalho, o desfrute 
ostentatório e a preguiça que ela pode causar. 
 
TRABALHO E CAPITAL: UMA RELAÇÃO CONFLITUOSA 
A cooperação simples e a manufatura são dois momentos que precederam e que possibilitaram a emergência de um 
novo modo de produzir: a maquinofatura, ou seja, a produção de mercadorias por meio de maquinas reunidas num 
mesmo local: a fábrica. 
A mecanização revoluciona o modo de produzir mercadorias, não só pelo fato de incorporar as habilidades dos 
trabalhadores, mas também porque os subordina a maquina. A fonte de energia está fora deles. Este, agora, serve a 
maquina, ela o domina, dá-lhe o ritmo de trabalho. O trabalhador ao necessita ter um conhecimento especifico 
sobre algum oficio. Ele não precisa ter qualificação determinada. 
Aparentemente, o que vemos entre o capitalista e o trabalhador é uma relação entre iguais, uma relação entre 
proprietário de mercadorias, que se dá mediante a compra e a venda da força de trabalho. 
O trabalhador ao assinar um contrato para trabalhar numa determinada empresa, esta dizendo ao seu proprietário 
que se dispõe a trabalhar, por exemplo, oito horas diárias, por um determinado salário. O capitalista passa a ter 
direito de utilizar essa força de trabalho no interior da fábrica. O que acontece é que o trabalhador, em apenas cinco 
ou seis horas de trabalho, produz um valor correspondente ao seu salário total, sendo o valor produzido nas horas 
restantes apropriado pelo capitalista. O que se produz nessas horas restantes chama-se mais-valia, que faz com que 
o capitalista enriqueça rapidamente. Esse processo denomina-se acumulação de capital. 
Para obter mais lucros, os capitalistas aumentam as horas de trabalho, gerando a mais-valia absoluta, ou, passam a 
utilizar equipamentos e diversas tecnologias para tornar o trabalho mais produtivo, decorrendo daí a mais-valia 
relativa. 
Os conflitos entre os capitalistas e os operários aparecem a partir do momento em que os trabalhadores percebem 
que estão trabalhando mais e que estão cada dia mais miseráveis. Essa forma de analisar a questão do trabalho na 
sociedade capitalista foi desenvolvida por Karl Marx. 
Existe outro pensador, Émile Durkheim, que analisa as relações de trabalho na sociedade capitalista de forma 
diferente. Para ele, há dois tipos de solidariedade: a mecânica e a orgânica. A solidariedade mecânica deriva da 
aceitação de um conjunto de crenças e de tradições comuns. O que une as pessoas não é o fato de uma depender do 
trabalho da outra, mas toda uma gama de sentimentos comuns. 
A orgânica, ao contrario, pressupõe não a identidade, mas, a diferença entre os indivíduos nas suas crenças e ações. 
FORDISMO 
No período da maquinofatura o trabalhador ainda tem algum contato com a máquina, pois precisa ficar observando 
e alimentando a máquina, o que o faz trabalhar por ele e o mantém subordinado a ela. 
A maquinofatura desenvolveu-se, e a produção passou a organizar-se em linhas de montagem. O aperfeiçoamento 
contínuo dos sistemas produtivos deu origem a uma divisão do trabalho muito bem detalhada e encadeada, que 
resultou na diminuição de horas de trabalho. Essa forma de organização do trabalho passou a ser chamada de 
Fordismo. Essa expressão nasceu a partir da forma como Henry Ford estruturou a produção na sua fabrica de 
automóveis. 
As mudanças introduzidas por Ford visavam à produção em série de um produto para o consumo em massa. Ele 
implantou a jornada de 8 horas de trabalho por cinco dólares por dia. Iniciava-se assim, aquilo que veio a se chamar 
a era do consumismo: Produção em massa para consumo em massa. 
Junto com as propostas introduzidas por Ford já existiam as propostas de Fredrick Taylor que propunha aplicar 
princípios científicos na organização do trabalho, buscando maior racionalização do processo produtivo. A partir daí 
as expressões fordismo/taylorismo passaram a ser usadas para identificar um mesmo processo: aumento de 
produtividade com uso mais adequado possível de horas trabalhadas, através do controle as atividades dos 
trabalhadores, divisão e parcelamento das tarefas, mecanização de parte das atividades com a introdução da linha 
de montagem, e um sistema de recompensas e punições conforme o comportamento dos trabalhadores. 
Outros dois exemplos externo a fabrica contribuíram muito para o sucesso das medidas propostas por Taylor e Ford: 
O atrelamento do movimento sindical aos interesses capitalistas. 
A presença significativa do Estado. 
 
PÓS-FORDISMO 
O capita, na sua busca incessante de valorizar-se, procurou novas formas de elevar a produtividade do trabalho e a 
expansão dos lucros. Assim desenvolve-se uma nova fase no processo produtivo capitalista, que poderíamos chamar 
de pós-fordismo ou a da acumulação flexível, caracterizada por: 
Flexibilização dos processos de trabalho, 
Flexibilização e mobilidade dos mercados de trabalho, 
Flexibilização dos produtos e também dos padrões de consumo. 
Com a automação, assistimos à eliminação do controle manual por parte do trabalhador. Substituído por tecnologias 
eletrônicas, o trabalhador só intervém no processo para fazer o controle e a supervisão. 
A robótica, tecnologia responsável pela automação de processos produtivos, entra como um componente novo nas 
indústrias de bens de consumo duráveis, e estar alterando profundamente as relações de trabalho. 
Os mercados de trabalho foram flexibilizados. Os empregadores desenvolveram a tendência de utilizar as mais 
diferentes formas de trabalho: trabalho doméstico e familiar, trabalho autônomo, trabalho temporário, entre 
outros. Elas substituem a forma clássica de emprego regular, com contrato, permitindo uma alta rotatividade da 
mão-de-obra e, consequentemente, baixo nível de sindicalização e forte retrocesso da ação dos sindicados na defesa 
dos direitos trabalhistas. 
Com a crescente utilização de tecnologia computadorizadas e automatizadas, com a flexibilização da produção e do 
mercado de trabalho, criou-se uma grande instabilidade para os trabalhadores, que passam a não ter mais segurança 
de um trabalho estável. O desemprego é hoje o maior problema em todas as sociedades industrializadas. 
Em algumas das economias mais avançadas, os trabalhadores ainda podem contar com um seguro-desemprego 
estável e de valor significativo. Entretanto, na maioria dos paises a situação é terrível, deixando os desempregados 
em uma situação desesperadora. 
Uma das alternativas para o desemprego é elevar o número de trabalhadores ocupados através da diminuição das 
horas de trabalhos semanais. Não se pode prever se essas políticas conseguirão aliviar o desemprego, mas é um dos 
caminhos possíveis: trabalhar menos horas para que todos possam ter um emprego e renda.

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