Buscar

Direito Constitucional (7) Teoria do Estado Organização dos Poderes Poder Legislativo

Prévia do material em texto

DIREITO CONSTITUCIONAL (7)
TEORIA DO ESTADO – ORGANIZAÇÃO DOS PODERES
1 PODER LEGISLATIVO
1.1 ESTRUTURA 
(a) Estrutura Externa: Bicameralismo. Câmara dos Deputados e Senado Federal. O Senado é o único órgão legislativo cujos membros não são eleitos pelo sistema eleitoral proporcional. Os representantes são eleitos pela quantidade de votos obtidos por cada candidato. 
Já à Câmara, aplica-se o sistema eleitoral proporcional, elegendo-se pela força do partido político. Pode não ser eleito o candidato mais votado, mas o candidato do partido político mais forte.
SF – mandato de 2 legislaturas. Renovação parcial de modo alternado de 1/3 ou 2/3. A casa nunca será renovada totalmente. Órgão de equilíbrio.
(b) Estrutura Interna: a estrutura de ambas as casas são iguais. Plenário não é órgão pertecente à Casa, é a reunião das casas. 
Mesa é o órgão que dirige os trabalhos da Casa.
A Casa exerce as suas funções fins através da comissão. A comissão permanente é também denominada de comissão temática, porque não se vincula a prazos, mas sim a temas. 
Se está sujeita a prazo, a Comissão é denominada temporária. A Comissão especial em processo legislativo pode ser criada em dois casos principalmente: proposta de emenda à Constituição, qualquer que seja a matéria, além de tramitar por todas as comissões temáticas que tiver que tramitar pela sua afetação em relação ao tema; e projeto de lei quando seja afeto a mais de três comissões permanentes/temáticas. 
Comissão externa é criada para dirigência investigatória externa ao recinto da Casa legislativa na qual tiver sido instituída.
Comissão temporária de inquérito é a CPI, para investigação parlamentar. 
Serviços administrativos ou auxiliares são responsáveis pelas atividades meio da Casa. 
Polícia ou guarda é responsável pela segurança interna do recinto da Casa legislativa.
Observação: havendo licenciamento do presidente do Senado, assume a presidência do Senado o Vice na Casa, mas a presidência do CN ocupa o Vice Presidente da Câmara, porque ele é o primeiro Vice do CN de acordo com o art. 57, §5º CRFB. Os cargos são ocupados de forma alternada, o presidente do CN é o presidente do SF o 1º vice é o vice da CD e o 2º vice é o 2º vice do SF.
1.2 FUNCIONAMENTO
	O Poder Legislativo em âmbito federal exerce três atribuições: representativa (representar o Estado), investigatória (de fatos de relevância política e administrativa) e produzir as normas legais.
	(a) Atribuição representativa: incorporação dos tratados e convenções internacionais ao ordenamento normativo brasileiro. O Legislativo representa o Brasil na incorporação de tratados internacionais.
	(b) Atribuição investigatória: comissão parlamentar de inquérito. Comissão temporária cujo fato gerador é o inquérito parlamentar.
	(c) Atribuição legislativa: processo legislativo. Rito de produção e espécies normativas.
1.2.1 Incorporação de Tratados e Convenções Internacionais a Ordem Jurídica Brasileira
	Art. 5º, §3º CRFB, redação pela EC 45/04. 
	Antes da EC 45/04: arts. 49, I, e 84, VIII (atribuição para a celebração do tratado cabe ao PR). Votação era feita pelo CN em sessão unicameral, maioria simples de votos para aprovação e único turno de votação. Status normativo supralegal.
	Depois da EC 45/04: art. 5º, §3º. Similar ao de proposta de EC. Sessões isoladas em cada Casa, quórum de aprovação de 3/5 nas 4 votações e dois turnos de votações em cada Casa. Status normativo constitucional. 
Se a matéria não for alusiva a direitos humanos aplica-se o rito do art. 49, sendo matéria de direitos humanos deve ser verificado o momento da sua incorporação, se antes ou depois da EC 45/04. Se antes, status supralegal, depois status de norma constitucional.
1.2.2 Comissão Parlamentar de Inquérito
	
	Comissão temporária para investigação parlamentar. Fundamentos legais: art. 58, §3º CRFB e Lei 1.579/52 (Lei das CPIs).
Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões permanentes e temporárias, constituídas na forma e com as atribuições previstas no respectivo regimento ou no ato de que resultar sua criação.
§ 3º As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores.
	Definição: (a) Natureza do órgão – comissão temporária de inquérito. 
	(b) Natureza da função – As investigações levadas a cabo pelo Poder Legislativo são duas: investigação financeiro-orçamentária (com auxílio do TCU no controle externo – não pertence ao PL, é órgão constitucional independente); e investigação político-administrativa (intermédio da CPI). 
	É uma comissão temporária com atribuição de investigação político-administrativa.
	Pressupostos Materiais: possui dois pressupostos, substancial e temporal. Art. 58, §3º - [...] para a apuração de fato determinado e por prazo certo [...].
	Essa norma tem sido flexibilizada pelo STF. Malgrado a CRFB fale em fato determinado, o STF tem aceitado que a investigação da CPI recaia sobre outros fatos que não aqueles que deram ensejo a sua instauração, mas a eles conexos. 
Em relação ao prazo certo o STF tem aceitado a prorrogação da CPI desde que ocorra dentro da mesma legislatura. 
	Conceitos conexos: Legislatura – intervalo de tempo de 4 anos. 
	Sessão Legislativa – intervalo de tempo de 1 ano. 
	Período Legislativo – período legislativo de 6 meses.
	Sessão – intervalo de tempo de um dia.
	Justificativa teórica: princípio da unidade da legislatura. A legislatura é una, os assuntos discutidos em uma legislatura não podem ser necessariamente carreados para outra legislatura. A pauta é zerada para que outros assuntos possam ser discutidos. Explicação prática: pode ser que os membros eleitos para a composição da CPI não sejam eleitos para a próxima legislatura.
	Requisitos: 
(a) Requerimento da constituição – de membros da Câmara, Senado ou do CN. 
	(b) Inquérito Parlamentar 
	(c) Relatório da Investigação – encaminhado ao MP. 
	Observação: a luz do princípio da democracia há o direito das minorias parlamentares à investigação que pode ser vislumbrado no requerimento da constituição que não é submetido à deliberação plenária. 
	Democracia é o resultado da soma da regra da maioria mais a regra da minoria. Deve haver o respeito a vontade da maioria, desde que respeitados os direitos das minorias (valores fundamentais que a minoria pode eventualmente representar). 
Basta que o requerimento seja formulado atendendo aos requisitos da CRFB, que é único, subscrição por 1/3 dos membros da CD, SF ou CN. A Casa ficará vinculada a criação da CPI (ato vinculado) nos termos do pedido (não pode desconfigurar o objeto da CPI, restringindo-o ou ampliando-o).	
	
1.3 ATRIBUIÇÃO LEGISLATIVA
	Arts. 61 a 69 CRFB.
1.3.1 Procedimento Legislativo 
	Observações: o procedimento legislativo acima ilustrado aplica-se a produção de legislação ordinária. Não abarca, por exemplo, a EC (não possui sanção), a MP (não tem deliberação).
	(a) Fase Introdutória – iniciativa, ato que dá início ao processo legislativo. A iniciativa geral é para toda e qualquer matéria, salvo aquelas que a CRFB tenha reservado; enquanto que a iniciativa
Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição.
Comentário: trata de quase todas as autoridades e órgãos que possuam iniciativa legislativa. Desde a EC 80/14, há umaautoridade que não foi citada pelo caput do art. 61, o Defensor Público Geral Federal, que passou a possuir iniciativa para matérias afetos a estrutura, funcionamento e garantia dos membros da DPU. Iniciativa legislativa reservada.
As pessoas e órgãos destacados no caput possuem a iniciativa legislativa geral. As demais autoridades são titulares de iniciativa reservada e somente estão nesse dispositivo porque os demais titulares são relacionados a matérias específicas. O PR é o único que possui as duas iniciativas.
EC 80/14
Se a matéria estiver incluída entre esses artigos, será de iniciativa reservada. Só o seu titular pode oferecer o projeto de lei. Caso não seja o titular da iniciativa, o projeto padecerá de vício formal de constitucionalidade. Mesmo que o PR sancione, o vício persistirá porque o ato é nulo e nulidade é inconvalidável. 
Observação: (1) Iniciativa popular na proposta de EC. Art. 60, I, II e III (não consta cidadão). Art. 61, §2º (projeto de lei). Lacuna técnica ou silêncio eloqüente? A questão é controversa em doutrina. Segundo JAS e Pedro Lenza é possível aplicação de analogia, por ser uma lacuna técnica, sendo o cidadão, portanto, também titular da iniciativa para PEC (posição minoritária). Para Manuel Gonçalves Ferreira Filho, não se trata de lacuna técnica, mas de silêncio eloquente, não foi a vontade do constituinte prever essa possibilidade. STF se manifestou assentando o entendimento de se tratar de silêncio eloquente (posição majoritária).
(2) Análise de caso. Projeto de lei sobre o aumento da remuneração de servidores federais (art. 61, §1º, II, a e c - iniciativa privativa do Presidente da República). Na CD ou SF é aprovada emenda a esse projeto que desconfigura o seu objeto passando de aumento para criação de cargos públicos, destinando o mesmo quantitativo de dinheiro, isso é possível? Sim, desde que mantida a pertinência temática (servidor público). É vedado o contrabando legislativo. E desde que seja atendida a condição implícita do não aumento da despesa (quem gerencia a despesa orçamentária é o chefe do Poder Executivo). 
As normas gerais de procedimento legislativo são de repetição obrigatória nos Estados e Municípios, princípio da simetria, salvo a norma do art. 61, §1º, II, “b”. Organização administrativa judiciária, matéria tributária e orçamentária, serviços públicos e pessoal da administração dos territórios. Essa norma se restringe somente aos territórios.
Fase constitutiva – deliberação é o ato que sujeita a propositura legislativa à discussão e votação é o ato que submete a propositura legislativa a escrutínio.
Quórum é diferente de maioria. Quórum é número mínimo exigido para que a sessão seja instalada. O quórum é invariável, sendo previsto no art. 47 parte final.
Art. 47. Salvo disposição constitucional em contrário, as deliberações de cada Casa e de suas Comissões serão tomadas por maioria dos votos, presente a maioria absoluta de seus membros.
A maioria do dispositivo não é colocada em sentido jurídico, mas em sentido matemático. É o primeiro número inteiro após a metade.
E o adjetivo “absoluta” refere-se ao número de membros existentes na Casa, e não o número de presentes.
Maioria é o número mínimo para que a matéria seja aprovada. Maioria simples (relativa) é a regra (art. 47, início); e maioria qualificada é a exceção (absoluta – art. 69; 2/3 – art. 53, § 8º; ou 3/5 – art. 60, §2º).
Tanto na maioria simples e quanto na maioria qualificada absoluta leva-se em conta o primeiro número inteiro após a metade e não a metade mais 1. A diferença é que na maioria simples considera-se como base de cálculo o número de membros presentes na sessão. Já na maioria qualificada absoluta a base de cálculo é o número de membros da Casa.
Observações: a sanção ou rejeição ao veto é o termo inicial de vigência de uma norma legal. Até a sanção/veto fala-se em projeto. 
Levando-se em conta o critério formal, o veto pode ser total ou parcial. Pelo critério material o veto pode ser político (contrariedade ao interesse público) ou jurídico (controle de constitucionalidade político preventivo). 
A promulgação é o ato que atesta a existência da lei e a publicação é o ato de publicização.
O termo inicial de eficácia é no mínimo a data da publicação. Se houver vacatio, é a data da publicação + vacatio.
1.3.2 Espécies Normativas
Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de:
I - emendas à Constituição;
II - leis complementares;
III - leis ordinárias;
IV - leis delegadas;
V - medidas provisórias;
VI - decretos legislativos;
VII - resoluções.
Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração, redação, alteração e consolidação das leis.
Observação: resoluções dos Conselhos Nacionais. A ADC 12 analisada pelo STF, discutiu a questão do rol apresentado pelo art. 59 ser ou não taxativo. Para o STF é exemplificativa. Compondo o rol ainda as resoluções dos Conselhos Nacionais de Justiça e do MP. O STF reconheceu que esses conselhos possuem poder normativo primário. Note-se que essas resoluções não abarcam as resoluções das casas legislativas, CD e SF.
(a) Leis Complementares: o que identifica uma lei complementar é o seu caráter ontológico formal (Paulo de Barros Carvalho), ontológico porque a lei complementar somente regulará as matérias que a Constituição expressamente atribuir a ela e formal porque a sua aprovação exige a maioria absoluta de votos.
Há três correntes doutrinárias sobre a existência de hierarquia entre leis complementares e leis ordinárias. Hugo de Brito Machado – sempre há hierarquia em razão do caráter ontológico formal da lei complementar. Celso Ribeiro Basto – nunca há hierarquia entre as leis ordinárias e complementares, porque o fundamento de validade das leis é o mesmo, a Constituição. Paulo de Barros Carvalho – em regra não há hierarquia, salvo quando a Constituição identifica uma lei complementar e prevê que ela deve regular o modo de produção da lei ordinária. O único caso previsto na Constituição, segundo o autor, é o do art. 59, parágrafo único. LC 95/98. Gérmen do status supralegal. 
(b) Leis Ordinárias - possuem caráter residual, regula matérias que a Constituição não atribui a outra espécie normativa. Contudo, em alguns casos a Constituição indica o conteúdo próprio da lei ordinária, “lei específica” (art. 37, VII – greve de servidor público; art. 150, §6º - renúncia de receita pública).
(c) Leis Delegadas – formal em relação à MP. PR.
(d) Decretos Legislativos – tudo o que a Constituição trouxer no art. 49 possui a forma de decreto legislativo.
Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:
I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional;
V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa;
(e) Resoluções – das Casas Legislativas. Tudo que a Constituição trouxer nos arts. 51 e 52 tem a forma necessária de resoluções. 51 para CD e 52 para o SF. 
Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados:
III - elaborar seu regimento interno;
Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:
XII - elaborar seu regimento interno;
(f) Medidas Provisórias – art. 62, EC 32/01. Três alterações significativas: prazo de vigência foi duplicado, de 30 passou a ser de 60 dias; não havia norma da Constituição que de modo expresso determinasse que algumas matérias não poderiam ser tratadas por MP; permitiu a reedição da MP, limitada a uma única vez. 
MP é a principal influência parlamentarista na nossa Constituição presidencialista. Na Itália e na Espanha (que são parlamentaristas) quem edita a MP é o PM submetendo a apreciação do parlamento, se o parlamento aprovar, converte-se a MP em lei, se o parlamento não aprovar (voto censura/monção de confiança – formalização da desconfiança) o governo pode resistir apelando à nação o que obriga ao Chefe do Estado dissolver o parlamento e convocar novas eleições. Por isso,nesses países há uma baixa taxa de produção de MP.
Pressupostos materiais: relevância e urgência. Relevância é igual a interesse público. 
(a) Relevância: interesse público.
(b) Urgência: STF é aquilo que não possa aguardar 90 dias. Procedimento legislativo sumário (rito mais rápido) – art. 64, §§1º e 2º. A urgência, a contrario sensu, foi extraída do procedimento legislativo sumário, pois o menor prazo que a CRFB prevê para a produção de uma lei é de 90 dias. O PR pode oferecer projeto de lei que ao final de 90 dias será aprovado ou recusado. Se porventura não houver possibilidade de se aguardar o prazo, o assunto é urgente, sendo cabível MP.
Art. 64. § 1º O Presidente da República poderá solicitar urgência para apreciação de projetos de sua iniciativa.
§ 2º Se, no caso do § 1º, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal não se manifestarem sobre a proposição, cada qual sucessivamente, em até quarenta e cinco dias, sobrestar-se-ão todas as demais deliberações legislativas da respectiva Casa, com exceção das que tenham prazo constitucional determinado, até que se ultime a votação.
	Observação: controle de constitucionalidade. O STF pode declarar a MP inconstitucional? Desde 2001 o STF modificou o seu posicionamento para reconhecer a possibilidade de aferir a validade material (conteúdo), avaliar a compatibilidade formal com a CRFB e o atendimento dos requisitos da relevância e urgência (desde que as irregularidades sejam patentes, dispensando a necessidade de análise do mérito), podendo assim declarar a inconstitucionalidade da MP.
	Pressupostos Formais:
	(a) Edição pelo Presidente da República – enquanto for PR, mesmo em caráter interino, tem a possibilidade de editar e reeditar MP.
	(b) Submissão ao Congresso Nacional – uma vez editada, deve ser submetida ao controle do CN. Alguns autores falam em submissão “imediata” ao controle do CN. Esse controle pode não ser imediato? Via de regra, deve ser imediato, mas o art. 62, §4º da CRFB prevê uma situação em que o controle pode não ser realizado de forma imediata (recesso parlamentar – prazo suspenso), sendo mais acertado falar apenas em “controle” em vez de “controle imediato”.
Art. 62.§ 3º As medidas provisórias, ressalvado o disposto nos §§ 11 e 12 perderão eficácia, desde a edição, se não forem convertidas em lei no prazo de sessenta dias, prorrogável, nos termos do § 7º, uma vez por igual período, devendo o Congresso Nacional disciplinar, por decreto legislativo, as relações jurídicas delas decorrentes.
§ 4º O prazo a que se refere o § 3º contar-se-á da publicação da medida provisória, suspendendo-se durante os períodos de recesso do Congresso Nacional.
O prazo de validade da MP é de 60, sendo possível uma reedição (120 dias). 
Sendo editada durante o recesso, o PR deve aguardar o retorno das atividades parlamentares para submeter a MP ao controle do CN. Se a MP tiver sido editada durante o recesso não se inicia a contabilização do prazo para o controle. Se editada enquanto CN estava atuante, suspende-se o prazo, que é retomado com o fim do recesso parlamentar.
1.4 GARANTIAS DOS MEMBROS DO CONGRESSO NACIONAL	
Garantias dos Membros do Congresso Nacional
(a) Identidade de Retribuição Pecuniária (art. 49, VII) - a forma de retribuição pecuniária de Deputados e Senadores é o subsídio (retribuição pecuniária paga aos agentes políticos). A garantia efetiva é a da identidade de valor entre Deputados e Senadores, nada obstante o acesso ao Senado ser mais difícil.
Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:VII - fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais e os Senadores, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
	(b) Limitação ao Dever de Testemunhar (art. 53, §6º) – não se trata de sigilo profissional, pois Deputado e Senador não são regulados por lei (são funções públicas temporárias). Não há configuração de profissão que a lei regulamente como tal. 
	É uma garantia mais ampla que o sigilo profissional (compreende somente fatos), porque Deputados e Senadores não só não são obrigados a testemunhar sobre informações obtidas no desempenho do mandato como também sobre pessoas que conheceram enquanto exerciam as funções que lhes são próprias.
Art. 53.§ 6º Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações.
	(c) Restrição ao Serviço Militar (art. 53, §7º) – necessidade de licença da Casa para incorporação às Forças Armadas, ainda que seja da vontade do parlamentar.
	Essa é a última licença que resta. No passado havia também a licença para processamento (se seria processado por crime imputado contra ele). A Casa pode requerer ao STF a suspensão do processo, mas não há mais licença.
Art. 53.§ 7º A incorporação às Forças Armadas de Deputados e Senadores, embora militares e ainda que em tempo de guerra, dependerá de prévia licença da Casa respectiva.
(d) Foro Especial (arts. 53, §1º, e 102, I, “b”) – prerrogativa de função. Julgamento pelo STF. Prerrogativa não é privilégio. A prerrogativa é funcional, é atribuída à função, o privilégio é pessoal.
Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. § 1º Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal.
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República;
O termo inicial da prerrogativa é a diplomação (ato solene pelo qual se declara de que houve aquisição de mandato eletivo e de que a pessoa está apta a desempenhá-lo).
Controvérsia quanto ao termo final: Teoria da Fuga de Foro. Termo final da prerrogativa de foro = cessação da investidura do mandato eletivo, salvo no caso de fuga de foro (exceção construída pelo STF, ler inquérito 608). Na fuga de foro, o Deputado ou Senador, renuncia ao cargo com o propósito deliberado de não ser submetido à jurisdição do STF (abuso do direito de defesa). Nesse caso, se a renuncia ocorrer após a instrução probatória, permanece a prerrogativa de foro.
	(e) Imunidades Parlamentares (art. 53, caput, §§2º a 5º e 8º) – Observações iniciais: EC 35/01. Mudanças quanto a imunidade material e formal. Antes da EC afirmava-se que a imunidade parlamentar material importava uma irresponsabilização penal, mas começou a haver discussão se importaria também a irresponsabilização civil (configuração de dano patrimonial ou moral). O STF já havia decidido pela irresponsabilização também civil, jurisprudência que foi consolidada e constitucionalizada com a EC 35/01 – “civil e penalmente”.
	Outra modificação ocorreu em relação à imunidade parlamentar formal. Umas das imunidades parlamentares formais era tratada como condição de procedibilidade ou causa impeditiva do processo. Essa mesma imunidade parlamentar deixou de ser uma condição de procedibilidade e passou a ter a possibilidade de ser uma condição de prosseguibilidade, deixou de ser uma causa impeditiva para ser uma causa suspensiva do processo. 
Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos.
§ 2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão.
§ 3º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seusmembros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação. 
§ 4º O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo improrrogável de quarenta e cinco dias do seu recebimento pela Mesa Diretora.
§ 5º A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato.
§ 8º As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão durante o estado de sítio, só podendo ser suspensas mediante o voto de dois terços dos membros da Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora do recinto do Congresso Nacional, que sejam incompatíveis com a execução da medida.
	Imunidade Parlamentar Material – a imunidade parlamentar penal implica na inviolabilidade dos membros do Poder Legislativo por suas opiniões, palavras e votos, na medida em que exclui a caracterização da infração penal, não havendo a instalação de inquérito e processo criminal. 
	Observação: natureza jurídica. Posição dominante Luis Vicente (ex-ministro do STJ) adotada pelo STF, não há configuração de infração penal porque a natureza jurídica é de causa de exclusão de tipicidade. A imunidade afasta a tipicidade. Posição minoritária (Damásio de Jesus e Alexandre Marinho), causa de exclusão da punibilidade. Há crime, mas não há pena. Note-se que há repercussões práticas para fins de reincidência. Para a primeira teoria, havendo prática posterior de crime, o réu seria primário, enquanto que para a segunda seria reincidente.
	Para que haja configuração da imunidade parlamentar material deve haver a nexo funcional, nexo entre a função e o fato. A CRFB não exige que o fato tenha sido praticado no desempenho estrito do mandato (palavra e opinião não ocorrem obrigatoriamente durante o desempenho do mandato). O Deputado ou Senador está protegido por aquilo que vier a praticar in officium assim como em propter officium, embora fora do CN ou das suas respectivas Casas.
	Segundo o STF, se o fato houver sido praticado dentro da Casa, há presunção absoluta de que ocorreu no desempenho do mandato. Se o fato ocorreu fora do recinto das Casas, a presunção é relativa, admite prova em contrário. Sendo a presunção ilidida, há configuração do ilícito. 
	Imunidades Parlamentares Formais – as imunidades parlamentares processuais podem importar na improcessabilidade dos membros do Poder Legislativo, uma vez que não exclui a configuração da infração penal, embora (prisão provisória) limite a prisão ao flagrante de crime inafiançável, havendo a instauração de inquérito e processo criminal, entretanto (ação penal pública) o andamento da ação pode ser suspenso por iniciativa de partido político com representação na Câmara dos Deputados e/ou Senado Federal. 
	Observação: prisão provisória. Se houver prisão em flagrante deve-se verificar se o crime é inafiançável ou não. Sendo crime inafiançável, a autoridade policial deve lavrar o auto de prisão em flagrante e remetê-lo à autoridade da Casa legislativa a qual pertence o Senador ou Deputado, que deliberará sobre a conveniência e oportunidade da prisão, que poderá ser relaxada. É uma situação de relaxamento de prisão fora do Poder Judiciário.
	Nota: ação penal pública. Rito anterior à EC 31/01 – ocorrido o fato era realizado o inquérito, sendo esse encaminhado para o MPF que oferecia a denúncia ao STF. Ocorre que segundo a CRFB a denúncia era somente recebida pelo STF caso houvesse licença para processamento da Casa (condição de procedibilidade). Atualmente a causa é suspensiva (hipótese não prevista no CPP). 
2 PODER EXECUTIVO
2.1 ESTRUTURA 
	
	O Poder Executivo em plano federal está estruturado em cinco órgãos, Presidência da República, Vice-Presidência da República (órgão autônomo em relação à Presidência), Ministérios de Estado, Conselho da República e Conselho de Defesa Nacional.
	
2.1.1 Mandato presidencial
Aquisição – a regra é a eleição direta, conforme art. 77, caput da CRFB, pelo sistema eleitoral majoritário (Direito Eleitoral) de maioria absoluta, o mandato eletivo é adquirido pelos votos obtidos pelo candidato, sendo eleito o mais votado. É possível o segundo turno, quando o candidato não alcança a maioria absoluta.
Há apenas uma situação de eleição indireta prevista na CRFB. Caso de vacância de ambos os cargos de PR e VPR nos últimos dois anos do mandato. 
Art. 81. Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, far-se-á eleição noventa dias depois de aberta a última vaga.
§ 1º - Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período presidencial, a eleição para ambos os cargos será feita trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei.
	Distinção entre sucessão e substituição. Sucessão é definitiva e substituição é temporária. 
VPR é o único sucessor que o PR possui. Já substitutos o PR possui 4: VPR em caráter interino (PR em exercício), Presidente da Câmara, Presidente do Senado e Presidente do STF.	
O PR eleito indiretamente apenas complementa o período deixado pelos seus antecessores. Mandato tampão = não se adquire novo mandato.
Art. 81.§ 2º - Em qualquer dos casos, os eleitos deverão completar o período de seus antecessores.
No direito argentino a eleição indireta é realizada pelo congresso, mas não obrigatoriamente entre os seus pares, ao contrário do Brasil. Somente Deputado ou Senador pode ser eleito. 
Duração: via de regra, é de quatro anos (art. 82), podendo haver uma reeleição (art. 14, §5º).
Art. 82. O mandato do Presidente da República é de quatro anos e terá início em primeiro de janeiro do ano seguinte ao da sua eleição.
Art. 14.§ 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único período subseqüente.
A reeleição é limitada a uma vez porque na República o poder político é temporário, porém essa característica contrapõe-se a outro princípio da CRFB, a eficiência. 
Segundo o STF, no quanto toca ao art. 14, §5º, não são computados, para efeitos de reeleição, o período de substituição. Contudo, basta um dia de sucessão para que essa mandato seja computado de forma integral.
Caso Alckmin: eleição do Gov e VGov no estado de SP. Durante o mandato o vice assumiu o cargo de Gov na qualidade de substituto. Ambos se candidataram à reeleição e lograram êxito. Durante o segundo mandato o Gov veio a óbito, assumindo o cargo o VGov na condição de sucessor. Ocorre que encerrado esse mandato, candidatou-se novamente ao cargo sendo eleito. Três mandatos (substituto, sucessor e titular). Orientação do STF: essa eleição é válida, não contraria o art. 14, §5º.
Desincompatibilização – não basta licença, deve haver renúncia (rompimento do vínculo eleitoral). A desincompatibilização é dirigida a outro cargo, não para eleição no mesmo cargo. 
Art. 14, §6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito.
Na Constituição Americana não há o termo “subsequente”, a reeleição vale apenas para mais um mandato. O PR que já foi eleito e reeleito é vitaliciamente inelegível para o mesmo cargo. No Brasil só não é possível realizar três mandatos subsequentes.
Perda do mandato: perda é gênero – extinção (não possui viés de punição) e cassação (punição, prática de ilícito penal ou político-administrativo).
Renúncia é ato abdicativo, unilateral e definitivo (irreversível).
Perda é privação definitiva e suspensão é temporária (art. 15). Se, porventura, algum cidadão tiver direitos políticos perdidos ou suspensos por algum motivo e nesse momento ocupa o cargo de PR, o efeito colateral será a perda do próprio mandato.
O não comparecimento à investidura do mandato eletivo é não comparecimento injustificado.
Crime comum é ilícito penal. A sua persecução se dá através de ação penal pública. Crime de responsabilidade é ilícito político-administrativo. A sua persecução se dá através do processo de impeachment.
Impeachment 
(a) Nomenclatura - proibirque se coloque de pé (inglês arcaico). 
(b) Definição – processo de investigação e julgamento do PR por crime de responsabilidade (conceito stricto sensu). Meio de responsabilização dos agentes políticos na República (conceito latu sensu).
(c) Natureza – Segundo Paulo Brossard impeachment é imune ao controle do Poder Judiciário, seria insindicável, para o autor é processo político (causa política e consequência política). Para Miguel Reale Júnior é um processo político-penal. Político em sua causa e penal em sua consequência. Portanto, atos praticados durante o impeachment não fiariam imunes ao controle por parte do Judiciário quando provocado para tanto. O STF, em 1992, ratificou a posição de que é um processo político penal e novamente em 2015. É possível que haja controle judicial dos atos durante o impeachment, mas esse controle não alcança o mérito, apenas a legalidade. 
(d) Condição – condição de procedibilidade. Art. 52, parágrafo único é regulado pela Lei 1079/50 (Lei do Impeachment). O PR deve estar no desempenho do mandato eletivo do qual é titular. Já houve discussão sobre essa condição ser também de prosseguibilidade, nesse caso o processo de impeachment somente teria continuidade enquanto o PR mantivesse o mandato, ou seja, a renúncia teria por consequência a extinção do procedimento. Para Denise Freitas era condição de prosseguibilidade, para Luis Roberto Barroso não. STF entendeu que não é condição prosseguibilidade. 
Impeachment tardio. 2015. Questão que não tinha como ser aventada em 1992, quando não havia possibilidade de reeleição. PR condenado no segundo mandato por ato praticado no primeiro mandato. Pedro Serrano sustenta que impeachment tardio é juridicamente tardio, porque são dois mandatos distintos. Para Gustavo Badaró é juridicamente possível porque a única condição que a Lei 1079 impõe está no art. 15 (estar no desempenho do mandato). Essa questão não foi apreciada pelo STF porque no impeachment da Dilma o presidente da Câmara aceitou a acusação somente quanto aos fatos ocorridos no segundo mandato.
(e) Procedimento – Procedimento bifásico (juízo de admissibilidade da acusação e juízo de mérito). O juízo de admissibilidade é feito pela Câmara. Se houver juízo negativo de admissibilidade a consequência é o arquivamento. Se o juízo for positivo (a CRFB exige 2/3 dos votos dos membros da CD) a consequência será de possibilidade de julgamento pelo SF. 
O controle de freios e contrapesos é tríplice. O chefe do Poder Executivo Federal é acusado. A Casa julgadora pertence ao Poder Legislativo Federal. A presidência da sessão compete ao presidente do STF. 
ADPF 378. O ato praticado pelo SF é vinculado ou discricionário para processar o PR? Na ADPF o STF entendeu que se trata de ato discricionário. O SF pode ou não instaurar o processo. Arquivamento anômalo. São necessárias duas votações anteriores. Votação para a instauração do processo. Votação para a pronúncia do denunciado. SF atua de modo discricionário. 
Admitida a acusação pela CD o processo é encaminhado ao SF que formará uma Comissão especial para a elaboração de parecer a ser levado ao plenário. Nas votações de instauração do processo e pronunciamento deverá ser obtida a maioria simples dos votos, caso não seja alcançada há arquivamento anômalo. Entre as votações há elaboração de novo parecer. A terceira votação é a do julgamento que exige 2/3 dos votos. Perda do cargo e inabilitação para desempenho de funções públicas por 8 anos.
2.2 FUNCIONAMENTO
Observação inicial: presidencialismo é um sistema de governo no qual O Poder Executivo é unipessoal, o PR ocupa duas funções de chefe de Estado e Chefe de Governo. O PR representa o país interna e externamente.
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
Enquanto chefe de Estado na representação em relações internacionais:
VII - manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus representantes diplomáticos;
VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional;
XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas condições, decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional;
XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Congresso Nacional;
XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas;
XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente;
Enquanto Chefe de Estado na representação em relações internas:
XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, os Governadores de Territórios, o Procurador-Geral da República, o presidente e os diretores do banco central e outros servidores, quando determinado em lei;
XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Ministros do Tribunal de Contas da União;
XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nesta Constituição, e o Advogado-Geral da União;
Enquanto Chefe de Governo na determinação das políticas nacionais:
III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta Constituição;
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução;
V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;
VI – dispor, mediante decreto, sobre:
a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos; 
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;
IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio;
X - decretar e executar a intervenção federal;
XI - remeter mensagem e plano de governo ao Congresso Nacional por ocasião da abertura da sessão legislativa, expondo a situação do País e solicitando as providências que julgar necessárias;
XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei;
XIII - exercer o comando supremo das Forças Armadas, nomear os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, promover seus oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que lhes são privativos;
XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, as contas referentes ao exercício anterior;
XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos termos do art. 62;
Enquanto Chefe de Governo na direção da administração pública:
I - nomear e exonerar os Ministros de Estado;
II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção superior da administração federal;
XVII - nomear membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII;
XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional;
XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as propostas de orçamento previstos nesta Constituição;
XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma da lei;
XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta Constituição.
Observação: (1) Decreto Autônomo - busca sua fundamentação de validade diretamente na CRFB. Inova na ordem jurídica, porque não regulamenta lei. Atenta ou atende a separação dos Poderes? Hely Lopes Meireles, influenciado pela doutrina francesa, defendia que o decreto autônomo atende à separação de poderes. Já José Cretela Junior, influenciado pela doutrina americana, afirmava que seria um atentado a separação dos poderes. O STF possuía posicionamento no sentido de não ser admissível, aceitando ADIn sob esse fundamento. EC 32/01. Salvo José dos Santos Carvalho Filho e Maçal Justen Filho, entende a doutrina que essa emenda criou no Brasil uma situação de decreto autônomo. 
No inciso IV do Art. 84 fala-se expressamente em lei (decreto regulamentar), o mesmo não ocorre no inciso VI (decreto autônomo).
Se implicar aumento de despesa ou criaçãoe extinção de órgãos públicos, deve ser realizado por meio de lei. E extinção de funções ou cargos públicos somente quando vagos, do contrário deve ser feito por lei. Nesse ponto a EC foi atécnica, porque o cargo foi criado por lei e se vago pode ser extinto por decreto, ferindo a simetria. Não há nomenclatura para esse fenômeno, porque não é revogação, já que as normas não são simétricas. 
(2) Parágrafo Único – O Presidente da República poderá delegar as atribuições mencionadas nos incisos VI, XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da União, que observarão os limites traçados nas respectivas delegações. 
Portanto, embora o caput do artigo afirme ser competência privativa do PR, quase todas as atribuições contidas nos incisos são exclusivas, havendo exceções somente quanto às hipóteses enumeradas no parágrafo único.
2.3 GARANTIAS DO CHEFE DO PODER EXECUTIVO
	
Foro especial por prerrogativa de função – tecnicamente é foros especiais (STF, crime comum, e SF, crime de responsabilidade). 
O juízo de admissibilidade feito pela CD não se limita ao impeachment, ocorre em qualquer situação de acusação mesmo por crime comum contra o PR.
Imunidade temporária à prisão provisória – temporária porque dura o tempo do mandato. Provisória abarca flagrante, preventiva e temporária. Enquanto não sobrevier sentença condenatória, as infrações comuns o PR não estará sujeito à prisão. É mais extensa que a imunidade parlamentar formal, que comporta uma exceção, crime inafiançável. Em relação ao PR a imunidade é absoluta.
Imunidade Temporária à Persecução Criminal – o PR na vigência do mandato não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício das suas funções. Ato estranho = ato praticado antes da sua investidura ou ato praticado no curso do mandato que não possui correlação com o seu exercício. Essa é a única garantia que o PR possui que comporta exceção. Haverá possibilidade de persecução após a cessação da investidura.
3 PODER JUDICIÁRIO
Somente o Poder Judiciário possui caráter nacional. Em rigor técnico não se pode falar em Poder Judiciário municipal, estadual ou federal. A classificação é feita sobre a Justiça.
ESTRUTURA
(a) Natureza do órgão: se a Justiça estiver vinculada funcionalmente à União, é Federal. Se estiver vinculada funcionalmente ao Estado, é estadual.
Justiça Federal (4)
Justiça Estadual (2)
	(b) Natureza da função: o critério é a matéria submetida a sua apreciação. Justiça comum é a aquela que tem por objeto toda e qualquer matéria, ressalvadas aquelas que são reservadas à Justiça especializada (trabalho, eleitoral e militar).
	Justiça Comum (2)
	Justiça Especializada (4)
	O Brasil possui 6 Justiças, 2 Tribunais de Superposição e um órgão Judiciário não jurisdicional.
	Justiça Federal Comum – arts. 106 a 110 da CRFB. A primeira instância é composta pelos Juízos Federais (Juiz Federal é agente público e Juízo Federal é órgão público) e em segunda instância pelos Tribunais Regionais Federais (TRFs). 
	Justiça Estadual Comum – art. 125, caput e §1º. A primeira instância é composta pelos Juízos de Direito e a segunda instância pelos Tribunais de Justiça (TJs). A EC 45/04 extinguiu os Tribunais de Alçada que eram criados para matérias especializadas (descentralização judiciária), os seus membros foram integrados aos TJs na condição de desembargadores.
	Justiça do Trabalho – arts. 111 a 116. É composta em primeira instância pelos Juízos do Trabalho, em segunda instância pelos Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs) e em última instância pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST).
	Justiça Eleitoral – arts. 118 a 121 da CRFB. É composta em primeira instância pelas Juntas Eleitorais (apuração, caso ainda haja uso contingencial da cédula escrita para votação, e diplomação para mandatos principais; e diplomação em caso de eleição local, prefeito ou vereador) e Juízos Eleitorais (demais matérias), em segunda instância pelos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) e em última instância pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). As Juntas Eleitorais possuem competência diminuta.
	Justiça Militar Federal – arts. 122 a 124 da CRFB. É composta em primeira instância pelos Conselhos de Justiça Militar e em última instância pelo Superior Tribunal Militar (STM). 
	Justiça Militar Estadual – arts. 125, §§3º a 5º. É formada em primeira instância pelos Conselhos de Justiça Militar e Juízos Militares (sendo esses últimos incluídos pela EC 45/04 – possibilidade de em duas situações o juiz togado – civil – julgar monocraticamente a causa sem que qualquer oficial militar tenha participação no julgamento; crime militar impróprio, praticado por militar contra civil não sendo crime doloso contra a vida; e ações cíveis que envolvam a prática de infração disciplinar com conseqüente aplicação de sanção administrativa). Em segunda instância, pode ser composta pelos Tribunais de Justiça Militar (TJMs) e Tribunal de Justiça (TJs). A CRFB prevê .distinções entre Estados que possuem grandes e pequenas corporações. Estados com pequenas corporações devem ter TJ, que assume a segunda instância da Justiça Comum e da Militar. Estados com grande corporação possuem a opção de criar o TJM, caso não criado o TJ funcionará como segunda instância também da Justiça Militar. 
	Órgãos de Superposição – Supremo Tribunal Federal, arts. 101 a 103, CRFB. Superior Tribunal de Justiça, arts. 104 a 105, CRFB e Conselho Nacional de Justiça, art. 103-B, CRFB. Superposição é um termo de origem alemã que indica que existem órgãos que não se enquadram em nenhuma Justiça, mas que sobrepairam as outras Justiças sem se enquadrar administrativamente em qualquer delas. 
	STF possui competência preponderantemente para matéria constitucional e o STJ possui competência predominantemente para matéria legal federal. Até a EC 45/04 o STF era competente exclusivamente para apreciar matéria constitucional e o STJ, exclusivamente para apreciar a matéria legal federal. Após a EC perdeu-se essa exclusividade. 
O STJ possui competência para julgar no mínimo competência para julgar matéria constitucional em um caso e o STF possui competência para julgar matéria legal federal em dois casos.
Exceção STJ:
Art. 109, §5º - Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: § 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
	Incidente de Deslocamento de Competência – desloca a competência da Justiça Estadual para a Justiça Federal no mesmo Estado. O legitimado ativo é o PGR e o órgão competente é o STJ. A matéria é a violação de tratado internacional de direitos humanos (matéria constitucional).
	Exceções STF:
	Art. 36. A decretação da intervenção dependerá:
III - de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de representação do Procurador-Geral da República, na hipótese do art. 34, VII, e no caso de recusa à execução de lei federal.
	No caso de recusa à execução de lei federal pertencia à competência do STJ. 
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: 
III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida: 
d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal.
	Nova hipótese de recurso extraordinário, que antes da EC era matéria de competência do STJ. 
	Última alteração da EC 45/04: Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Órgão judiciário (art. 92 da CRFB – o objetivo foi evitar a alegação de que sua criação seria inconstitucional caso fosse órgão que realizasse controle externo sobre o Judiciário; o controle é interno, integraa estrutura do Judiciário) não jurisdicional (art. 103-B, §4º - limites da competência do CNJ. Controle da atuação administrativa-financeira e cumprimento de deveres funcionais dos juízes). 
Linhas de jurisprudência do STF sobre os limites do CNJ na sua atuação de controle (administrativo, financeiro e disciplinar) – não pode ter ingerência sobre a atividade jurisdicional; a atividade correcional do CNJ é em regra subsidiária, a princípio deve-se aguardar a atividade do tribunal de origem de onde provém a questão. Só no caso de omissão ou anomalia deve o CNJ atuar; o CNJ ao desempenhar a sua atividade deve respeitar as peculiaridades da atividade jurisdicional e dos costumes locais da sede dos juízos e dos tribunais (exemplo horário de funcionamento). 
3.2 FUNCIONAMENTO
	Quando os órgãos pertencentes ao Judiciário exercem as funções que lhe são próprias não só devem observar as leis e a Constituição, como também as Súmulas Vinculantes (art. 103-A).
	Súmula Vinculante – em rigor técnico é enunciado/verbete da jurisprudência predominante do STF com eficácia vinculante. Art. 103-A com redação dada pela EC 45/04. CPC, art. 927, III. Lei nº 11.417/06.
	Definição: instituto tendencioso a dar concretização a três valores constitucionais – estabilidade (das relações jurídicas), igualdade (das partes) e previsibilidade (da decisão). 
	Para André Ramos Tavares, súmula vinculante é o ponto de convergência entre o controle de constitucionalidade abstrato principal (efeito vinculante) e o controle de constitucionalidade concreto incidental (pressupõe reiteração de casos).
	Causas que justificam a de súmula vinculante: 
	Observações iniciais: não são pressupostos alternativos, mas cumulativos. Não são pressupostos de edição, mas de produção sumular (edição, revisão e cancelamento). São pressupostos interligados.
	(a) Controvérsia atual - deve haver demonstração da atualidade da questão.
	(b) Multiplicação de processos sobre questão idêntica – a questão deve ser indicada e provada de que se trata de questões idênticas.
	(c) Reiteradas decisões sobre matéria constitucional – o tema envolve a interpretação e aplicação da Constituição. STF atua como guardião da Constituição.
	(d) Grave insegurança jurídica – a insegurança deve ser grave e comprovada.
	Condições formais impostos para a produção sumular:
	(a) Iniciativa – no mínimo (art. 103-A) deve se possibilitar aos legitimados para a ação direta de inconstitucionalidade, abrindo-se a possibilidade para a legislação infraconstitucional ampliar o rol. Além desses, por força da Lei 11.417/06, há mais três legitimados (que não integram o rol da ADI), Defensor Público Geral Federal, Tribunais de Justiça, Regionais e Superiores e Municípios, em processos nos quais figure como parte, em que haja requerimento incidental (Procurador Geral do Município).
	(b) Aprovação – 2/3 dos membros do plenário (já que a Constituição exige a reserva de plenário em casos que envolvam apreciação de inconstitucionalidade).
	(c) Publicação – a legislação exige duas publicações: Diário Oficial da União e Diário da Justiça da União. Ao final da última publicação passará a operar os seus efeitos.
3.3 GARANTIA DOS MEMBROS DO PODER JUDICIÁRIO
Art. 95 da CRFB. Os juízes gozam das seguintes garantias:
I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de exercício, dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença judicial transitada em julgado;
II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na forma do art. 93, VIII;
III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.
Garantia institucional (todo) x garantia funcional (parte). As garantias abordadas no art. 95 são garantias funcionais. As garantias institucionais constam nos arts. 99 e 168 (autonomia administrativa, orçamentária e financeira).
Garantias funcionais: 
(a) Vitaliciedade - o cargo do membro do Judiciário é vitalício. Existem cargos efetivos e de comissão, quase sempre destinados ao pessoal de apoio administrativo, mas juízes, desembargadores e ministros são cargos vitalícios. Por serem cargos vitalícios, uma vez adquirida a vitaliciedade pelo exercício efetivo do cargo por dois anos (salvo situações em que o estágio probatório é dispensado, como o nos casos de ministro do STF e quinto constitucional) esse cargo só pode ser perdido por decisão judicial transitada em julgado. 
(b) Inamovibilidade – no âmbito do Judiciário, via de regra, as remoções (mudança de agente de um órgão público para outro) devem ser voluntárias (unilateral/ a pedido ou bilateral/permuta). Remoção compulsória é sanção administrativa de média gravidade que independe da vontade.
Em caso excepcional é possível a remoção compulsória desde que haja interesse público e que esse interesse público seja aferido por órgão colegiado (contraditório e ampla defesa).
(c) Irredutibilidade de Subsídio – art. 39, §4º c/c art. 37, § 11 (retribuição pecuniária, fixada em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer outra espécie remuneratória, ressalvada as de natureza indenizatória, nesse caso podendo até ultrapassar o teto do subsídio).
Irredutibilidade compreende uma obrigação de não-fazer (não redução do valor nominal) e obrigação de fazer (concessão de reajustes para recomposição de perdas inflacionárias).
4 FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA
	
	Complexo orgânico que, embora não conformando um quarto Poder do Estado, recebeu a seu cargo a função de provedoria da justiça.
	Observações: (1) Natureza Jurídica – 	A natureza jurídica das funções essenciais é de órgão, não de entidade. Pontes de Miranda fazia distinção entre personalidade jurídica e personalidade judiciária (capacidade para ser parte em processo na defesa das suas prerrogativas funcionais). Para o autor esses órgãos possuem apenas personalidade judiciária. 
	(2) Posicionamento Institucional – advocacia pública e Defensoria Pública, quanto ao posicionamento institucional, possuem vinculação ao Poder Executivo, mas em intensidade diferente. A advocacia pública se encontra mais vinculada que a DP. Já o MP, quanto ao posicionamento institucional, possui características próprias de poder (materiais) embora não seja formalmente um poder. Não há mais que se falar em vinculação do MP ao Executivo. Por outro lado, não chega ser um quarto poder. MP para Hugo Nigro Mazzilli é um quase quarto Poder, para Paulo Cezar Pinheiro Carneiro é um órgão com elevado status constitucional e para Diogo de Figueiredo Moreira Neto é um organismo constitucional independente.
	(3) Função Precípua – função de provedoria da justiça. A sua função precípua é de alimentação do Poder Judiciário com causas, já que a atuação do Judiciário depende de provocação.
	Defensoria Pública: assistência jurídica. Representação judicial, prática de atos jurídicos extrajudiciais (requisição de certidões de casamento, óbito, nascimento) e consultoria jurídica (aconselhamento, informação e orientação).
	Advocacia Pública: consultoria (editais, licitações, concursos públicos) e assessoramento jurídico do Poder Executivo.
	Ministério Público: defesa da ordem jurídica (função), do regime democrático (campo de atuação) e dos interesses sociais e individuais indisponíveis (destinação).

Continue navegando

Outros materiais