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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ PÓLO: JUAZEIRO DO NORTE-CEARÁ CURSO BACHARELADO EM SERVIÇO SOCIAL DISCIPLINA: ESTÁGIO SUPERVISIONADO II PROFESSORA: EDILMA SOARES DA SILVA PROJETO DE INTERVENÇÃO: “Doce Infância” Cuidados e proteção com a Primeira Infância MARIA IASMYN CALDAS DANTAS ABAIARA – CE 2018 UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ PÓLO: JUAZEIRO DO NORTE-CEARÁ CURSO BACHARELADO EM SERVIÇO SOCIAL DISCIPLINA: ESTÁGIO SUPERVISIONADO II PROFESSORA: EDILMA SOARES DA SILVA PROJETO DE INTERVENÇÃO: “Doce Infância” Cuidados e proteção com a Primeira Infância MARIA IASMYN CALDAS DANTAS Projeto de intervenção apresentado ao Curso de Serviço Social da Universidade Estácio de Sá, como atividade avaliativa da disciplina de Estágio Supervisionado II. Supervisora de Campo: Giselle Magalhães Ribeiro Supervisora Acadêmica: Cristiane Alencar dos Santos ABAIARA – CE 2018 Sumário 1. Dados de Identificação: ............................................................................. 4 2. APRESENTAÇÃO ....................................................................................... 5 3. DIAGNÓSTICO ........................................................................................... 6 4. JUSTIFICATIVA .......................................................................................... 7 Objetivo Geral ............................................................................................... 8 Objetivos Específicos ................................................................................... 8 6. REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................... 9 6.1 Lei N° 8.742- Lei orgânica da assistência social .............................. 9 6.2 Centro de referência de assistência social (CRAS) ....................... 10 6.3 A importância da Primeira Infância ................................................. 11 6.4 Programa Primeira Infância no SUAS- Criança Feliz em Abaiara-CE ..............................................................................................................15 7. METODOLOGIA ........................................................................................ 16 8. RECURSOS .............................................................................................. 18 8.1 Humanos ............................................................................................ 18 8.2 Materiais ............................................................................................. 18 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 19 1. Dados de Identificação: Nome do Projeto: “Doce Infância”, Cuidados e proteções com a Primeira Infância Órgão / Instituição Responsável: Centro de Referência de Assistência Social (CRAS l SEDE) Equipe: Ayala Gabriela de Oliveira Macêdo (Coordenadora) Maria Iasmyn Caldas Dantas (Estagiária) Giselle Magalhães Ribeiro (Assistente Social) Markcilane Duarte Freire (Visitadora) Francisco Célio do Nascimento Rodrigues (Visitador) Ana Karla Tavares de Medeiros (Visitadora) Supervisora de Campo: Giselle Magalhães Ribeiro CRESS/CE 6802 – 3ª Região Supervisora Acadêmica: Cristiane Alencar dos Santos CRESS/CE 3445- 3ª Região 2. APRESENTAÇÃO O projeto de intervenção nominado como Doce Infância- Cuidados e proteção com a Primeira Infância, visa aproximação e oferecimento de momentos com orientação para os usuários e seus familiares do Programa Criança feliz, aumentando consequentemente o vínculo entre o público alvo e o assistente social, tendo em vista, que isso raramente ocorre, segundo essas famílias, pois as visitas são realizadas pelos visitadores como determinado pelo programa e pela instituição. Esses momentos ocorrem uma vez ao mês durante o período do estágio curricular II (Data determinada de acordo com a disponibilidade da instituição e dos profissionais) no CRAS SEDE I do município de Abaiara. No referido projeto é debatido assuntos voltados para a Primeira Infância como: O adulto, a criança e o mundo do faz de contas, prevenção de acidentes, ambos, afim de dialogar sobre a importância dessa fase inicial de vida, assuntos esses, que mais eram solicitados pelas famílias, que recebiam apenas visitas rotineiras, mas raramente eram convidadas a ir ao CRAS para uma roda de conversa e esclarecimento justamente da temática do programa que participam por parte do governo: O Criança Feliz. Deste modo ao realizar o estágio I e II no Programa Primeira Infância no SUAS- Criança Feliz, e ouvir os usuários do programa, notei a necessidade da participação dessas famílias em atividades desenvolvidas dentro da própria instituição. O que se faz necessário para que além de se aproximarem na íntegra do espaço, estarão mais a par de seus direitos e deveres, com também, dos profissionais que podem mediá-los, já que são acompanhados pelo programa justamente por estarem dentro do perfil adequado, desde idade a renda familiar. A instituição como já mencionada é o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS l SEDE), ele tem um papel fundamental na articulação das ações do SUAS que integram o Programa Criança Feliz com a rede intersetorial na perspectiva de uma atenção integral as famílias participantes do programa. O mesmo é localizado na Rua Clóvis Leite Martins, Nº 182 no Bairro Alto da Alegria no Município de Abaiara/CE, foi inaugurado no dia 01 de Setembro de 2008, denominado de pequeno porte l, por ter capacidade de atender até 2.500 famílias referenciadas no seu território, sendo que este referencia o público do Programa Primeira Infância no SUAS Criança Feliz, aderido no início do ano de 2017, podendo realizar o acompanhamento de 100 famílias. Para que a população tenha acesso a estes serviços, e não apenas seja visitada, traremos essa família ao CRAS para conversamos e debatermos sobre temas relacionados a primeira infância, por ser o espaço de estágio supervisionado. Sendo assim foi elaborado este projeto de intervenção com o tema: “ “Doce Infância”, Cuidados e proteção com a Primeira Infância” com a finalidade de levar informações relacionadas ao tema para as famílias da área de abrangência do projeto. O referido projeto será desenvolvido no Centro de Referência de Assistência Social – CRAS SEDE I 3. DIAGNÓSTICO O público do projeto são os integrantes do Programa Primeira Infância no SUAS- Criança Feliz, ele é composto 98 famílias, dentre elas 20 (gestantes), 75 (crianças de 0 a 3 anos) e 3 (crianças de 4 a 6), famílias essas em situação de vulnerabilidade social e extrema pobreza. A partir dos estágios, convivências e conhecendo essas famílias mais de perto, ouvindo suas problemáticas, dificuldades e anseios, diagnostiquei que há uma grande falta de inserção de todos os usuários na instituição e elas são apenas visitadas pelos visitadores (que não são profissionais capacitados do SUAS), e com isso leva a substituição do assistente social, e retarda ou diminui o contato dessas famílias com esse profissional. Com isso, os problemas de vulnerabilidade social, renda familiar baixa, violações de direitos, problemática dessas ainda crescem em grande escala, devido a assistente social e o CRAS não proporcionaremmomentos de escuta e compartilhamento de informações, tornando-se um grupo excluído, que são apenas visitados e ponto, não por eles mas pelos visitadores. A partir disso, as famílias demonstravam nas poucas visitas realizadas pela assistente social, em querer conhecer mais a instituição, seus direitos, quais os projetos, em destaque sobre a primeira infância, pois compreendiam as visitas do programa, como dos agentes comunitários de saúde, não sabendo distingir. É perceptível que mesmo havendo profissionais capacitados dentro da instituição, os mesmo se acomodam e se adequam as situações eu lhe são postas como por exemplo: as visitas domiciliares realizadas pelos visitadores, tiveram grande queda, por não haver transportes suficientes para todos os profissionais, o que retarda os serviços, assim como, as informações fornecidas através das expressões no eixo familiar. Com isso, o contato é ainda mais difícil entre os visitadores e consequentemente com o profissional de Serviço social. 4. JUSTIFICATIVA O projeto de intervenção: “ “Doce Infância”, Cuidados e proteção com a Primeira Infância”, justifica sua importância na medida em que identifiquei a necessidade de ações voltadas as famílias, uma vez que estas podem contribuir para uma melhor qualidade de vida da população, garantindo as mesmas, acesso aos seus direitos, através da convivência em grupo, que têm o objetivo de promover o desenvolvimento pessoal e social, além de estimular a autonomia dos participantes no âmbito do território do CRAS I. Justifica-se também pelo fato de que atualmente o CRAS I é para acompanhar essas famílias, mas deixa de lado, por achar que não é necessário já que eles têm os visitadores, com isso o serviço encontra-se fragilizado devido a essa circunstância: o programa Criança Feliz tem sede no CRAS, mas é tratado com algo a parte, sem importância. Então, eu, enquanto estagiária, pretendo retomar oficinas voltadas a essas famílias, com intenção de que o projeto “Doce Infância”, Cuidados e proteção com a Primeira Infância”, possa garantir a proteção das crianças assistidas o desenvolvimento humano a partir do apoio e do acompanhamento do desenvolvimento infantil integral, fortalecendo os vínculos e o papel das famílias para o desempenho da função de cuidado, proteção e educação de crianças na faixa etária de até 6 anos de idade e efetivar o acesso ao serviço de proteção básica. O Serviço Social especifica-se na atuação sobre todas as necessidades humanas de uma dada classe social, ou seja, aquela formada pelos grupos subalternizados, pauperizados ou excluídos dos bens, serviços e riquezas que a sociedade oferece e o Centro de Referência de Assistência Social é a unidade por excelência onde o Assistente Social atua nas demandas que surgem oriundas destas necessidades e situações. Comparando com a equipe multiprofissional do meu estágio, é visto que, a equipe é comprometida com o trabalho, mas por vezes há um distanciamento entre as atividades e a possíveis pontuações que poderiam ser realizadas para que os serviços fossem ofertados como deveriam ser, e não se acomodar em ter falta de comunicação, divisão de transporte com instituições de um município inteiro, pois o principal prejudicado nesse sentido é o usuário da Política Nacional de Assistência. 5. OBJETIVOS: Objetivo Geral Difundir para os usuários do Centro de Referência de Assistência Social – CRAS l SEDE, A importância da Primeira infância, apresentando os cuidados e proteção que os responsáveis precisam ter e com isso aproximar o público assistido pelo Programa Primeira Infância no SUAS- Criança Feliz, ofertado pelo mesmo, promovendo acompanhamento do desenvolvimento infantil integral na primeira infância. Objetivos Específicos Incentivar as famílias atendidas pelo CRAS, desde as gestantes e crianças beneficiárias do Programa Bolsa Família (PBF) e Benefício de Prestação Continuada (BPC) a conhecer os serviços socioassistenciais voltados a primeira infância através de rodas de conversas; Apoiar as famílias com gestantes e crianças na primeira infância no exercício da função protetiva e ampliar o acesso a serviços e direitos, através da disseminação dos serviços e trazendo esse usuário até a instituição para os acompanhamentos devidos; Estimular o desenvolvimento integral das crianças na primeira infância, em situação de vulnerabilidade e risco social, com palestras sobre as proteções devidas para com as mesmas, e assim fortalecer vínculos familiares e comunitários; Fortalecer os vínculos entre o público assistido e a instituição por meio das ações mensais de roda de conversa, palestra, dinâmicas de grupo; Promover ações de educação que abordem especificidades, cuidados e atenções a gestantes, crianças na primeira infância e suas famílias, com explicações repassadas por profissionais do CRAS, respeitando todas as formas de organização familiar; 6. REFERENCIAL TEÓRICO 6.1 Lei N° 8.742- Lei orgânica da assistência social A construção do direito da Assistência Social é recente na história do Brasil. No decorrer de muitos anos a questão social esteve ausente das formulações de políticas no país. O grande marco é a Constituição de 1988, chamada de Constituição Cidadã, que confere, pela primeira vez, a condição de política pública à assistência social, constituindo, no mesmo nível da saúde e previdência social, o tripé da seguridade social que ainda se encontra em construção no país. A partir da Constituição, em 1993 temos a promulgação da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), n° 8.742, que regulamenta esse aspecto da Constituição e estabelece normas e critérios para organização da assistência social, que é um direito, e este exige definição de leis, normas e critérios objetivos. Esse alicerce legal vem sendo aprimorado desde 2003, a partir da definição do governo de estabelecer uma rede de proteção e promoção social, de modo a cumprir as determinações legais. Dentre as iniciativas, destacamos a implementação do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), em 2005, conforme determinações da LOAS e da Política Nacional de Assistência Social. É o mecanismo que permite interromper a fragmentação que até então marcou os programas do setor e instituir, efetivamente, as políticas públicas da área e a transformação efetiva da assistência em direito. 6.2 Centro de referência de assistência social (CRAS) O Serviço de Proteção e Atendimento Integral á Família- PAIF, está localizado na Proteção Social Básica, executado no Centro de Referência de Assistência Social. O CRAS também é responsável por executar: Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos; Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoas com Deficiência e Idosas. De acordo com as orientações técnicas do CRAS (2009), seu objetivo é prevenir a ocorrência de situações de vulnerabilidades e riscos sociais nos territórios, por meio do desenvolvimento de potencialidades e aquisições, do fortalecimento de vínculos familiares e comunitários, e da ampliação do acesso aos direitos de cidadania. A contrarreferência é exercida sempre que a equipe do CRAS recebe encaminhamento do nível de maior complexidade (proteção social especial) e garante a proteção básica, inserindo o usuário em serviço, benefício, programa e/ou projeto de proteção básica. Nesse sentido, destacam- se como principais atuações do CRAS: O CRAS é um espaço físico, uma unidade pública estatal de referência da Rede de Proteção Social Básicado SUAS, presente no território onde vivem famílias e indivíduos em situação de vulnerabilidade social; Presta serviços continuados de Proteção Social Básica de Assistência Social para famílias, seus membros e indivíduos em situação de vulnerabilidade social, por meio do PAIF tais como: acolhimento, acompanhamento em serviços socioeducativos e de convivência ou por ações socioassistenciais, encaminhamentos para a rede de proteção social existente no lugar onde vivem e para os demais serviços das outras políticas sociais, orientação e apoio na garantia dos seus direitos de cidadania e de convivência familiar e comunitária; Articula e fortalece a rede de Proteção Social Básica local; Previne as situações de risco no território onde vivem famílias em situação de vulnerabilidade social apoiando famílias e indivíduos em suas demandas sociais, inserindo-os na rede de proteção social e promover os meios necessários para que fortaleçam seus vínculos familiares e comunitários e acessem seus direitos de cidadania. O Centro de Referência de Assistência Social (CRAS l SEDE) é um campo que abrange muitas áreas das políticas sociais. A importância das políticas públicas para atenção à primeira infância foi recentemente reconhecida no Brasil pela Lei 13.257/2016 – o Marco Legal da Primeira Infância. A legislação ressalta a necessidade da integração de esforços da União, dos estados, dos municípios, das famílias e da sociedade no sentido de promover e defender os direitos das crianças e ampliar as políticas que promovam o desenvolvimento integral da primeira infância. O Programa Primeira Infância no SUAS- Criança Feliz foi criado para reforçar a implementação do Marco Legal e promover, assim, o desenvolvimento integral das crianças na primeira infância, considerando sua família e seu contexto de vida. Em todas as ações realizadas pela assistente social supervisora do Programa Primeira Infância no SUAS Criança Feliz no CRAS l SEDE a comunicação através da fala é essencial. O profissional depende da relação com os usuários, não apenas para cumprir os requisitos básicos do atendimento, mas também para avançar em um acompanhamento qualificado, que propicie uma atuação responsável e competente. 6.3 A importância da Primeira Infância No Brasil ainda é recente o interesse pelos anos iniciais da vida da criança, mas, em países economicamente desenvolvidos, há grande preocupação com essa fase da vida, isso porque pesquisas mostram que essa é de fundamental importância para o desenvolvimento intelectual e cognitivo do indivíduo. Os países-membros da OCDE têm voltado atenção especial para as políticas públicas relacionadas à primeira infância, e o governo tem criado e aprimorado leis para garantir a atenção de que essa fase da vida necessita (OLIVEIRA, 2008, p. 207). Figueiró (2014) médico clínico e psicoterapeuta - explica que o cérebro humano começa a se formar na quinta semana de gestação e que, por volta da 20ª semana de gestação, já possui cerca de 100 bilhões de neurônios. Após o nascimento, o cérebro precisa de estímulos adequados para se desenvolver plenamente. Nessas fases do desenvolvimento, existem ”janelas” preciosas de oportunidades, que não podem ser desperdiçadas. A falta desses estímulos e/ou um ambiente de estresse pode levar à morte de neurônios, fato esse que pode comprometer determinadas capacidades do cérebro para toda a vida. Essas explicações ajudam a entender( p. 30), “a pobreza na primeira infância tem efeitos mais sérios do que em qualquer outro estágio do ciclo vital porque pode impedir seriamente a aquisição de habilidades fundamentais” e também porque países que não conseguem fazer isso raramente investem o necessário em educação. Figueiró (2009, f. 1) demonstra em seu artigo “O impacto da primeira infância na compreensão do mundo” as implicações da falta de comprometimento com a educação na primeira infância. Dos 22 milhões de crianças brasileiras de zero a seis anos, mais de 14 milhões estão fora de qualquer atendimento escolar da educação infantil ou de apoio institucional. O percentual de não-atendidos chega à quase 70%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A agência Senado informa que 13 milhões de crianças nessa mesma faixa etária, pertencentes a famílias carentes, estão fora de creches. Somos também detentores do triste recorde de termos as crianças mais estressadas do mundo (FIGUEIRÓ, 2009, f. 1). Os serviços apresentados às crianças pobres são geralmente de qualidade inferior àqueles apresentados às crianças com nível social maior. Os investimentos são menores, os professores costumam ser menos experientes ou menos qualificados e os locais de atendimento, inadequados para a aprendizagem. É importante que, além de uma política educacional infantil, haja uma ação governamental com políticas sociais eficazes que ajudem a diminuir a pobreza nas famílias. Para Dickinson (2008, p. 114), a linguagem infantil precisa ser desenvolvida desde o nascimento até os três anos, isso porque a linguagem que as crianças atingem até o final da educação pré-escolar pode afetar, de forma significativa, a capacidade de a criança adquirir novo vocabulário. Sendo assim, é importante compreender como as instituições que atendem as crianças pequenas e à família contribuem para o desenvolvimento daquelas. Pesquisas mostram que, quanto mais for desenvolvida a linguagem da criança, maior será sua capacidade de aprender novas palavras. O citado autor também propõe se estudar a maturação do cérebro para se compreender o desenvolvimento da criança. Segundo estudos, “aos três anos de idade a criança atinge seu pico de desenvolvimento nas áreas da 11 linguagem e no córtex frontal” (DICKINSON, 2008, p.116). É nessa fase que ela consegue estabelecer e manter as conexões neurológicas. Oliveira (2008) fundador e presidente do Instituto Alfa e Beto (IAB) e tem como prioridades assegurar a alfabetização de crianças no 1o ano do ensino fundamental e promover políticas eficazes de educação na primeira infância. Segundo Oliveira (2008, p. 208), Mais de 80% dos neurônios que nos acompanham ao longo da vida são conectados durante os três primeiros anos de vida, e a qualidade das conexões depende fundamentalmente do ambiente e dos contextos em que a criança vive. Essa citação evidencia a importância de se investir não apenas na criança, a partir do momento em que ela ingressa na escola, mas a necessidade de um programa que ajude todo o meio em que ela está inserida. A criança precisa de um ambiente que favoreça seu desenvolvimento, sua criatividade, sendo assim, é importante ter um ambiente afetuoso e seguro. O convívio com adultos e a estimulação são outros fatores importantes para que a criança aprenda a interagir com o meio e com outras pessoas. A falta desses estímulos nos anos iniciais pode acarretar em problemas nos desenvolvimentos afetivo, motor, visual e cognitivo. Para Heckman (2009) – economista americano e ganhador do Prêmio Nobel de 2000 -, a melhor política pública que pode haver é o investimento nos primeiros anos de vida da criança, isso porque a educação é fator determinante para o crescimento do país. Heckman (2009) enfatiza a importância de as escolas investirem além das habilidades cognitivas, é necessária a criação de programas sociais que envolvam a família. Para ele, pequenas atitudes dos pais podem fazer grandes transformações na aprendizagem da criança. Embora se saiba da importância da atenção familiar, em especial da mãe, para o bom desenvolvimento dacriança, percebe-se a dificuldade que as mães e as famílias enfrentam na sociedade atual para dispor dessa atenção. É cada vez maior o número de mães que trabalham fora em tempo integral, aumentando assim o número de crianças atendidas em instituições como creches. Também há um grande número de crianças que nascem e vivem em condições de pobreza e de constante risco, fatores esses que 12 prejudicam o desenvolvimento pleno delas. Diante disso, faz-se necessária a criação de políticas complementares que envolvam a família e a auxiliem nas ações diante das necessidades da criança. Oliveira (2008, p. 211) cita em seu artigo um estudo liderado por James Heckman que mostra que investir de forma adequada na primeira infância é o melhor investimento que se pode fazer para haver indivíduos de sucesso. Estima-se que há um retorno de até 18% sobre o capital investido, dependendo da qualidade do ensino que é oferecida. Inicialmente se acreditava que isso refletia somente em um maior nível escolar, em um melhor emprego, além da diminuição das taxas de gravidez precoce, prisão, desemprego. Mas recentes pesquisas mostram que há um aspecto acumulativo na aquisição de habilidades, portanto, quanto mais cedo e com maior qualidade se investir na educação na primeira infância, maiores serão as competências aprendidas e acumuladas. Uma criança de 8 anos que recebeu estímulos cognitivos aos 3 conta com um vocabulário de cerca de 12 000 palavras - o triplo do de um aluno sem a mesma base precoce. E a tendência é que essa diferença se agrave (HECKMAM, 2009, f.1). É provável que uma criança que tenha um vocabulário tão restrito tenha maiores dificuldades em assimilar novos conhecimentos, o que limitará muito sua capacidade de adquirir novas habilidades. Esse fator, além de atrapalhar a vida escolar da criança, terá reflexo na vida adulta e profissional desse indivíduo. Experiências internacionais demonstram à necessidade de se combater a pobreza, a desagregação familiar, lares com pais e mães solteiros, aumentar o nível de estudo dos pais, oferecer serviços de qualidade na saúde, investir em moradias, melhorar a segurança das cidades (BENNETT, 2008, p. 31), entre outros fatores, para que de fato a educação possa ter transformações positivas. Segundo Bennett (2008, p.31), “um esforço coletivo da sociedade é necessário para atacar a pobreza infantil eficientemente e melhorar os resultados educacionais das crianças pobres”. Diante de tais evidências, apresentar-se-ão alguns o programa de intervenção na primeira infância para o desenvolvimento cognitivo e de linguagem das crianças participantes. 6.4 Programa Primeira Infância no SUAS- Criança Feliz em Abaiara-CE O Criança Feliz é um programa federal e foi instituído por meio do Decreto nº 8.869, de 05 de outubro de 2016 tendo como fundamento a Lei nº 13.257, de 08 de março de 2016, que trata do Marco Legal da Primeira Infância, no qual é o período que abrange os 06 (seis) primeiros anos completos, ou seja, os 72 meses de vida da criança. O programa tem como ideia principal viabilizar o desenvolvimento integral da criança, considerando sua família e seu contexto de vida, possuindo assim, o caráter intersetorial, já que envolve várias políticas públicas, tais como: políticas de assistência social, educação, cultura, saúde, direitos da criança e do adolescente, entre outras. No município de Abaiara/CE a efetivação do programa ocorreu em agosto de 2017, várias ações voltadas a para esse público já foram realizadas no município. Estamos planejando várias atividades a serem desenvolvidas no decorrer do ano de 2018, na busca de fortalecermos a rede intersetorial e aprimorar os acompanhamentos dessas famílias, pois esta é a estratégia fundamental Primeira Infância no SUAS/Criança Feliz. Enfatizando o objetivo geral do Programa Primeira Infância no Suas – CRIANÇA FELIZ que é: Promover a atenção e o apoio à família, o fortalecimento de vínculos e o estímulo ao desenvolvimento infantil. É destinado ao nosso município de Abaiara/CE uma meta de cem (100) acompanhamentos, obedecendo as normativas que rege o programa, esse público deve ser exclusivamente beneficiários do programa de transferência de renda Bolsa Família ou que seja beneficiários do BPC ( Benefício de Prestação Continuada), que seja mulheres em período gestacional, Crianças de zero à três anos de idade completos ou crianças até seis anos de idade completos que recebam o BPC. 7. METODOLOGIA Os aspectos metodológicos adotados incluem em difundir para a população da área de abrangência do Centro de Referência de Assistência Social – CRAS l SEDE, A importância da Primeira infância, apresentando os cuidados e proteção que os responsáveis precisam ter e com isso aproximar o público assistido pelo Programa Primeira Infância no SUAS- Criança Feliz, ofertado pelo mesmo, promovendo acompanhamento do desenvolvimento infantil integral na primeira infância. Será desenvolvido diversas atividades internas em conjunto com os usuários e suas famílias. O projeto está dividido em etapas, a primeira etapa foi realizada através de uma reunião realizada com a equipe da instituição para apresentação do projeto e confirmar a implementação e participação de todos. A segunda etapa iniciou-se com a elaboração e sistematização do projeto de intervenção, assim como a confecção dos materiais necessários para a viabilização do mesmo conforme listagem abaixo: Pesquisa em mídias sociais por materiais audiovisuais relacionado ao projeto; Elaboração de cartão com uma citação sobre os direitos garantidos pelo SUAS, para acolhida dos participantes; Elaboração de slides com as informações a serem divulgadas para as famílias; Elaboração de um folder informativo para distribuição com os participantes ao final da apresentação do projeto e nas visitas domiciliares; Elaboração de um instrumento de avaliação; Confirmação com do dia e hora da apresentação; Além desse os materiais estarão descritos em cada atividade em anexos. Por último com todo material pronto e agenda de ações confirmadas em deu-se início a execução do projeto de intervenção como relacionado a seguir: Acolhida dos participantes com um cartão/mensagem; Apresentação da estagiária, da assistente social e do projeto; Ações 1, 2 e 3 da tabela (Aplicadas mensalmente) Diálogo com os participantes para avaliação de encontros; Agradecimento aos participantes e aos parceiros. Data Agosto Tema Busca ativa e planejamento Objetivo Planejar a ação e organizar convites para serem entregues as famílias Metodologia Trabalho externo de Busca ativa e trabalho interno de planejamento Data Setembro Tema O adulto, a criança e o mundo do faz de contas. Objetivo Trabalhar o papel dos brinquedos e das brincadeiras no desenvolvimento saudável da criança. Levantar as possíveis situações de vulnerabilidade, risco social e potencialidades existentes nas famílias e no território; Desenvolver estratégias para o uso de brinquedos e brincadeiras por parte do responsável pela criança; Observar o brincar da criança com o responsável; Proporcionar momentos lúdicos para a interação entre crianças X crianças e Crianças X responsáveis; Desmistificar o brincar por brincar. Metodologia Roda de conversa sobre o SCVF e o papel do brincar no desenvolvimento infantil da criança; Aplicação de dinâmicas de grupos; Momento de brinquedos e brincadeiras (recreação com adultos). Data Outubro Tema Prevenção de Acidentes na Primeira InfânciaObjetivo Prevenir a ocorrência de acidentes graves na Primeira Infância através de ações de informação e educação; Sensibilizar os responsáveis pelas crianças para evitar situações em que a criança esteja exposta a agentes nocivos ou situações que favoreça a ocorrência de acidentes/lesões não intencionais; Disseminar informações sobre a prevenção de acidentes (lesões não intencionais), de forma a reduzi-las efetivamente Metodologia Dinâmica de grupo; Exibição de vídeos motivacionais; 8. RECURSOS 8.1 Humanos Equipe do CRAS; Assistente Social; Visitadores; 8.2 Materiais Arquivo; Cadeira; Caderno de anotações; Canetas; Cartuchos de tintas; Computador; Data show; Dinâmica de grupo e material; Equipamentos de som; Folder; Folhas A4; Impressora; Lanche; Mesa; Notebook; Panfletos; Pen Drive; Transporte. 9. CRONOGRAMA FÍSICO: Período da execução Atividades Agosto Setembro Outubro Discussão acerca de como seria desenvolvido o projeto. X Fundamentação teórica, elaboração e sistematização do projeto de intervenção; X Confecção de materiais que serão utilizados na apresentação do projeto: folder, faixa, fotos, slides, cartão de acolhida, questionário para avaliação, vídeos, dinâmicas; X X X Confirmação de horário e data de Roda de conversa apresentação X X X Apresentação do projeto AÇÃO 1 X Apresentação do projeto AÇÃO 2 X Apresentação do projeto AÇÃO 3 X Avaliação do projeto; X Revisão de literatura. X 10. CRONOGRAMA FINANCEIRO: Relação de valores Descrição Unidade Quantidade Valor Unitário Folhas A4 1 Pacote 25.00 Canetas 1 Caixa 30.00 Folder 100 Unidade 40.00 Papel Cartão 1 Pacote 32.00 Caderno 1 Unidade 22.00 Total 149.00 REFERÊNCIAS BARNES, Jacqueline. Experiências na primeira Infância e o desenvolvimento de competências cognitivas e de linguagem: evidências disponíveis e recomendações para os pais e educadores. Brasília, DF, 2012. p. 17-65. Coleção IAB de Seminários Internacionais. Educação Infantil: evidências científicas e melhores práticas, 2012. BENNETT, John. Políticas da infância para crianças de zero a três anos em países da OCDE. In: CICLO DE SEMINÁRIOS INTERNACIONAIS EDUCAÇÃO NO SÉCULO XXI: modelos de sucesso; educação infantil. Seminários... Rio de Janeiro: SENAC: Comissão de Educação e Cultura da Câmara de Deputados: Confederação Nacional do Comércio e Instituto Alfa e Beto, 2008. v. III, p. 9-111. BRASÍLIA. Secretaria de Assuntos Internacionais. Ponto de Contato Nacional para as Diretrizes da OCDE. Brasília, DF, 2013. Disponível em: . Acesso em: 10 NOV. 2018. DICKINSON, D. K. Políticas de apoio às famílias com crianças de zero a três anos: evidência científica e recomendações. 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