Prévia do material em texto
MATERIAL DE APOIO DIDÁTICO UTILIZADO NA DISCIPLINA DE ALTA COMPLEXIDADE MINISTRADA PELO PROF. ANDRÉ LUIZ HOFFMANN. Campo Grande - 2018 APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 1 UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA: CONCEITOS GERAIS E PLANTA FÍSICA APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 2 1) CONCEITOS BÁSICOS E PLANTA FÍSICA A prática nas enfermarias comuns ressalta o quanto é difícil o atendimento de um paciente grave sem perturbar a rotina da clínica. O paciente grave necessita de atendimento permanente, ele é “exclusivista”, e, enquanto a enfermagem somente se dedica a ele o resto da clínica fica sem o atendimento que deveria ter (Júlio Alexandre, 1984). Foi com a prática diária de pacientes graves em enfermarias, que como solução para estes, iniciou-se a criação de uma nova unidade, para concentrar estes pacientes num mesmo ambiente. Foi com o manejo de um grande número de pacientes graves por uma mesma equipe e em contato permanente com suas urgências e suas surpresas que nasceram processos terapêuticos inéditos e mais eficazes. Pode-se até conjectuarar que as atuais Unidades de Terapia Intensiva sejam os módulos embrionários de grandes centros de atendimento para o futuro. As vantagens para o doente, o hospital, os médicos, os enfermeiros e a sociedade de modo geral são evidentes. A Unidade de Terapia Intensiva como todo organismo, altamente diferenciado, tem detalhes complicados e de suma importância para o seu funcionamento. Portanto Unidade de Terapia Intensiva é a unidade hospitalar para atender doentes graves e recuperáveis, com assistência médica e de enfermagem integrais contínuas, especializadas e empregando equipamentos diferenciados (Júlio, 1984). Unidade de Terapia Intensiva é um local onde se encontra todo e qualquer paciente com risco iminente de morte (Knobel, 1999). A UTI deve ter uma área geográfica distinta dentro do hospital e, quando possível com acesso controlado (Knobel,2006). A sua localização deve permitir fácil acesso aos elevadores de serviço e de emergência, centro cirúrgico, sala de recuperação pós-anestésica, unidade de emergência, unidades intermidiárias e serviço de laboratório e radiologia. Segundo Denis, 2006, o número de leitos necessários para fornecer uma cobertura segura e adequada para pacientes gravemente doentes em um hospital depende da população atendida neste hospital, do número de cirurgias, número de médicos e enfermeiros e dos recursos institucionais. Um método empírico freqüentemente relatado é que em um hospital deve-se destinar 10% da sua capacidade de leitos para UTI. Na prática, segundo o ministério da saúde, o número mínimo de leitos para o funcionamento de uma UTI é cinco. Instalações menores tornam-se impraticáveis e muito onerosas, com rendimento insatisfatório. O ideal do ponto de vista funcional são oito a doze leitos por unidade. Caso esteja indicado um maior número de leitos, a UTI deve ser dividida em subunidades, de modo que proporcione maior eficiência de atendimento da equipe de trabalho (Claudia, 2006). O planejamento e projeto devem se basear nos padrões de admissão de pacientes, no fluxo de visitantes, funcionários e na necessidade de instalações de áreas de apoio. A unidade de internamento deve proporcionar condições de internação de pacientes graves em ambientes individuais e/ou coletivas conforme o APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 3 grau de risco, faixa etária, doença e requisitos de privacidade. A unidade deve ter acesso aos meios de diagnóstico laboratorial, imagem e terapêutico por 24 horas. Manter condições de monitorização e assistência respiratória contínua (Luciana, 2006). Tipo de Unidade: os pacientes devem ser alocados de modo que sua visualização direta pela equipe de saúde seja possível durante todo o tempo, permitindo sua monitorização contínua. Um critério importante para a observação contínua, é a forma de disposição dos leitos na UTI, que pode ser individual ou em uma área comum. Quando falamos em área comum, está indicada a separação dos leitos por meio de divisórias laváveis de modo a proporcionar privacidade aos clientes. Ruídos: segundo o Conselho Internacional de Ruído, recomenda que os níveis de ruídos nas áreas de terapia intensiva dos hospitais não ultrapassem 45dB durante o dia e 40dB durante a noite. No entanto, o nível de ruído na maioria dos hospitais está entre 50 e 70dB. Portanto, os sinais dos sistemas de chamada de enfermagem, bem como os alarmes dos equipamentos de monitorização e telefones, além da intensa movimentação da equipe de saúde se somam e intensificam a sobrecarga de ruídos nas UTIs. Por esta razão, alguns cuidados devem ser adotados: - Utilização de pisos que absorvem os sons (levando em consideração o controle de infecção hospitalar); - As paredes e o teto, devem ser construído com materiais dotados de alta capacidade de absorção acústica; Posto de enfermagem: deve ser confortável, proporcionar a visualização de todos os leitos e permitir todas as funções da equipe de trabalho. Um espaço adequado para terminais de computador e impressoras é essencial quando forem utilizados sistemas de informatização. Deve-se também prever um lugar adequado e seguro para o armazenamento dos registros médicos, prontuários, exames. Sala de utensílios limpos e sujos: estas devem ser separadas. O piso deve ser coberto com materiais sem emendas ou junções, para facilitar a limpeza. A sala de utensílios limpos é utilizada para armazenar material estéril proveniente da central de materiais, e acondicionamento de equipamentos, roupas, etc.. Já a sala de utensílios sujos (expurgo) deve ser localizada fora da área de circulação da unidade. Esta deve conter uma pia, um tanque, ambos com torneiras misturadoras de água. Deve ter espaço para abrigar roupas sujas, um vaso para descarte de resíduos com substâncias e fluidos corporais. Sala de serviços gerais: é destinada ao armazenamento de materiais e soluções utilizadas na limpeza e desinfecção da unidade. Sala para armazenamento de equipamentos: uma área para a estocagem de equipamentos que não estejam em uso ativo. Deve permitir fácil acesso e espaço adequado para a pronta utilização e remoção do equipamento desejado. Área destinada a funcionários: deve ser prevista, em cada UTI, uma sala destinada à equipe multiprofissional que proporcione um ambiente privativo, confortável e descontraído, contendo; uma copa, e descanso. Vestiários devem ser separados. Conforto médico: deve ser próximo da área de internação, de fácil acesso. Recepção da UTI: deve ter uma área para controlar o acesso dos visitantes. Módulo de Pacientes: devem ser projetados para apoiar as funções necessárias de saúde. Sua área deve ser suficiente para conter todos os equipamentos e permitir livre movimentação da equipe. Segundo as normas para projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde, o quarto fechado para adulto ou adolescente deve ter dimensões mínimas de 12m², com distância de 1 metro entre APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 4 parede e leito, exceto cabeceira. A área coletiva deve ter dimensões mínimas para 10m², distância de 1 metro entre as paredes e 2 metros entre os leitos. O quarto isolado (isolamento) é recomendável, e deve ser dotado de banheiro, área especificada para recipientes estanques de roupa limpa e suja e lavatório. Uma UTI deve conter janelas para diminuir o estresse do paciente, e também para orientação sensorial de dia/noite. Dispor de relógios, rádio, televisão. Box do paciente: deve conternúmero de tomada suficiente tanto para voltagem de 110 e 220volts e adequadamente aterradas. As tomadas devem estar dispostas na cabeceira e localizadas aproximadamente a uma altura de 90 cm do chão, teve conter de tomada para Rx. A iluminação deve ser natural e também possuir iluminação geral de teto. O suprimento de oxigênio, ar comprimido e vácuo deve ser mantido nas 24 horas. É recomendado que se tenha 02 saídas de O2, 02 de ar comprimido e 02 de vácuo por leito de UTI. A pressão ideal para suprir a necessidade de aspiração dos clientes teve manter um mínimo de 290mmHg. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 5 TRIAGEM PARA INTERNAÇÃO NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 6 2) TRIAGEM PARA INTERNAR NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA São admitidos pacientes graves e recuperáveis, com as seguintes condições clínicas: 2.1) Grave comprometimento da função vital: - Insuficiência Respiratória Aguda; - Insuficiência Renal Aguda; - Estado de Choque; -Estado de Coma (que exige prótese respiratória, ou com desequilíbrio hidroeletrolílitoco e ácido-base); - Grande desequilíbrio hidroeletrolítico; - Grande desequilíbrio ácido-base; - Tétano; - Grande Queimado; - Parada Cardíaca; - Politraumatizados; - Intoxicações Graves. 2.2) Elevado Risco Com possibilidade eminente de sério comprometimento da função vital. - Insuficiência coronariana aguda; - Arritmias cardíacas; - Pós-operatórios especiais (Cardiovascular, Neurocirurgia, Cirurgia Torácica, Grande Cirurgia Geral). 2.3) DINÂMICA FUNCIONAL BÁSICA NA UTI - O paciente que interna na UTI está grave; - Sua vida depende da atividade da EQUIPE DA UTI; - Para sobreviver necessita da EQUIPE a TODO MOMENTO; - Cada qual tem sua missão específica; - Portanto a UTI atende as Emergências DRAMÁTICAS; - Sua DINÂMICA IMPERIOSA é em REGIME DE PLANTÃO; - FUNCIONA ININTERRUPTAMENTE dia e noite; - Deve estar PREPARADA a atuar em qualquer situação; - Possui suas NORMAS GERAIS de ação, que devem ser OBEDECIDAS RESPEITADAS (Júlio, 1984). APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 7 HUMANIZAÇÃO EM UTI APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 8 3) HUMANIZAÇÃO EM UTI Humanizar a UTI significa cuidar do paciente como um todo, tornar efetiva a assistência ao indivíduo criticamente doente, considerando-o como um todo bio-psico- sócio-espiritual. Humanizar: tornar humano, dar condição humana. Humanizar é individualizar a assistência frente às necessidades de cada um. Não é uma técnica, uma arte e muito menos um artifício, é um processo vivencial que permite toda a atividade do local e das pessoas que ali trabalham, dando ao paciente o tratamento que merece como pessoa humana, dentro das circunstâncias peculiares que cada um se encontra e no momento de sua internação. Os profissionais que assistem direta ou indiretamente os pacientes são os verdadeiros responsáveis pela humanização. É um processo que envolve todos os membros da equipe na UTI. A responsabilidade da equipe se estende para além de intervenções tecnológicas e farmacológicas focalizadas no paciente. Inclui a avaliação das necessidades dos familiares, grau de satisfação destes sobre os cuidados realizados e a preservação da integridade do paciente como ser humano. O conceito de humanização pode ser traduzido como uma busca incessante do conforto físico, psíquico e espiritual ao paciente, família e equipe. A humanização renasce para valorizar as características do gênero humano. É imprescindível no processo de humanização uma equipe consciente dos desafios a serem enfrentados e dos limites a serem transpostos. Os pacientes internados em UTI‟s, na maioria das vezes são dependentes e sentem-se imponentes com a falta de autonomia e controle de si mesma. A pessoa internada fica cercada de pessoas ativas e ocupadas o que freqüentemente pode ser um coadjuvante para a instalação da ansiedade e sentimentos de isolamento (estar só). A equipe hospitalar que ignora a presença de um paciente, independentemente do seu estado de vigilância, contribui para que ele se sinta isolado. O clichê tranqüilizador, “você ficará bom”, freqüentemente oferecido pela equipe que tentam conforta-lo, serve apenas para reforçar a sensação de distância que o paciente está sofrendo. Ele impede a expressão de temores e perguntas sobre o que ocorrerá a seguir. A eficiência e a atividade que circundam o paciente aumentam a sensação de separação. Enfim a insegurança do paciente deve ser considerada sensivelmente no processo da humanização. Segundo COHN descrevem comportamentos como característicos humanistas da assistência ao paciente que não podem ser substituídos por tecnologia: ouvir, dar atenção, humor, envolvimento e compartilhamento. COWPER-SMITH sugere a preservação da cortesia, da compaixão, do respeito, da dignidade e da sinceridade como essenciais no tratamento dos pacientes. JOURARD descreve vividamente seus sentimentos sobre a relação enfermeiro- paciente, a atenção e a influência que possuem sobre a recuperação do mesmo. O calor humano, o amor e a atenção compreensiva estão entre os elementos essenciais em qualquer recuperação. No processo da Humanização a equipe, confrontada com o sofrimento diário, passa a manifestar mecanismos de defesa para diminuição de sua sensibilidade, favorecendo o aparecimento da calosidade profissional. Para que haja a humanização total em uma UTI três diferentes aspectos devem ser considerados: -Modo de se cuidar do paciente e seus familiares; APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 9 -Atenção ao profissional da equipe; -Ambiente físico. 3.1) O PACIENTE O paciente na UTI precisa ser respeitado e atendido em algumas necessidades e direitos humanos a exemplo de: controle da dor, privacidade, individualidade, direito à informação, ser ouvido nas suas queixas e angústias, atenção ao seu pudor, atenção as suas crenças e espiritualidade, a presença de sua família e principalmente direito a cuidados paliativos quando não houver mais possibilidade terapêutica. A hospitalização na UTI, evoca no paciente a fragilidade humana, com ela a desestabilização emocional, a exacerbação dos mecanismos de defesa, inquietação, intolerância, baixa resistência a frustração e outros estímulos estressores. SEBASTIANI (1998) coloca que na hospitalização prolongada a ansiedade pode ser substituída pela angústia e depressão, falência dos mecanismos de defesa, apatia, amorfismo ou labilidade afetiva, lapsos de memória, lentificação de corso do pensamento, dispersividade intensa (comprometimento da atenção voluntária e individualitária), podendo ocorrer o surgimento de idéias destrutivas, fadiga crônica, perda da motivação e volição, prostração, insônia, isolamento, ambigüidade de sentimentos, exacerbação de atenção ás funções viscerais (indivíduo poliqueixoso), entre outras. A negatividade do paciente é evidente: as queixas somáticas se multiplicam, se desenvolvem sintomas clínicos claros, havendo predileção das manifestações mórbidas. A internação prolongada provoca a depressividade psicológica que tem em paralelo a imunodepressão, o que coloca o indivíduo em um estado de profunda fragilidade e debilidade psicofisiológica.Os sinais e sintomas descritos revelam que é impossível negar o doente e olhar apenas para a doença. 3.2) A FAMÍLIA Entende-se como família a unidade social proximamente conectada ao paciente através do amor podendo ou não ter laços legais ou de consangüinidade. Acreditando que o paciente é um seguimento da família e que esta é de vital importância para a recuperação do paciente, é necessário atender as reais necessidades dos familiares. Os multiprofissionais deveriam esclarecer seu desempenho junto ao paciente para o familiar. Nestas ocasiões informariam detalhes sobre o seu papel e função, transmitiria segurança aos familiares, estabelecendo um vínculo entre a equipe e a família. Esta, freqüentemente sente-se desamparada e temerosa à beira do leito de um paciente gravemente enfermo. Os tubos, curativos, fios e aparelhos com os quais a equipe está acostumada são amedrontadores para os membros da família. Eles vêem estes equipamentos fixados ao seu familiar e podem relutar em tocar o paciente por medo de causar dano a ele ou ao equipamento. Podem ficar surpresos e chocados ao ver alguém que amam estar tão enfermo. Neste momento a equipe tem a oportunidade de oferecer, de forma peculiar, apoio á família e ao paciente. Explicando e descrevendo o equipamento e o aspecto do paciente à família, antes que ele chegue à beira do leito, a equipe pode prepará-la para esta experiência difícil. Durante a explicação, a equipe pode usar o toque para desenvolver um sentimento de confiança e apoio coma família. À beira do leito, a equipe pode tocar o paciente, enquanto conversa com ele e um membro da família para demonstrar que o toque é seguro. Pegando a mão de um membro da família e tocando o braço, face, o ombro, ou a mão do paciente, a equipe pode ajudar a iniciar o comportamento de toque e APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 10 reduzir o medo. O processo de atuar como um modelo para a família é uma excelente forma de reduzir a ansiedade da família e do paciente e ajudá-los a sentirem-se mais a vontade em um ambiente estranho. 3.3) A EQUIPE É fundamental no processo de humanização, entender a equipe, de maneira interdisciplinar, atuando e potencializando as ações entre si, respeitando o potencial de cada um. As intercorrências inesperadas como mudanças repentinas no estado clínico de um paciente que estava bem, aumentam a tensão e a ansiedade. Estas situações geram inquietude na equipe como um todo e os faz avaliar as capacidades pessoais de conviver no ambiente da UTI. Estes sentimentos podem levar a frustração, raiva, depressão e falta de confiança em si próprio, diminuindo a satisfação com o trabalho. É importante que a equipe esteja atenta e colabore para o trabalho interativo, contribuindo para o saber multidisciplinar, facilitando sempre o processo comunicacional. O trabalho em equipe como fala CAMPOS (1995), além de acrescentar conhecimentos e dividir ansiedade, favorece o surgimento de soluções. Vale lembrar que o cuidado emocional é de responsabilidade de toda a equipe de saúde, que precisa estar em condições emocionais para trabalhar com os pacientes, seus familiares e comunidades. Ser saudável é uma conquista que deve ser buscada não só para os pacientes, mas também para a vida dos profissionais que atuam em UTI. CAMPOS comenta ainda que: o bom senso, as trocas de conhecimentos entre os profissionais, o autoconhecimento, a interajuda, o apoio entre os membros da equipe facilitarão a atuação de cada um em benefício próprio, do paciente e da instituição. Pequenas atitudes profissionais podem indicar o processo da humanização, e resgatar a dignidade do ser humano, muitas vezes abalada pela situação de internação, tais como: -Chamar o paciente pelo nome; -Utilizar tom de voz calmo e em volume normal; -Olhar para o rosto do paciente e estabelecer contato cortês e respeitoso; -Dirigir-lhe a palavra sempre que se aproximar do leito para algum procedimento; -Examinar o paciente de maneira atenciosa; -Utilizar-se do toque cuidadoso; - Não acostumar com a morte. 3.4) A IMPORTÂNCIA DO TOQUE NO CUIDAR O toque é uma forma importante de comunicação. A necessidade do contato tátil está presente em todas as pessoas ao nascimento e continua durante toda a sua vida, sendo intensificada durante episódios de estresse elevado e não pode ser totalmente atendida por outras formas de comunicação. Os enfermeiros e equipe de enfermagem, quando utilizam o toque, geralmente estão tentando transmitir compreensão, apoio, calor, preocupação e proximidade do paciente; ele não apenas melhora a sensação de bem-estar do paciente, mas também promove recuperação física da doença. Poucos avanços médicos podem superar os benefícios do toque caloroso e atencioso. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 11 Há uma necessidade aumentada na UTI, onde aparelhos e tecnologia contribuem fortemente para a despersonalização do paciente. Antes do desenvolvimento tecnológico, o máximo que um enfermeiro poderia oferecer a um paciente além de sua presença, capacidade técnica, conforto, era o toque auxiliava muito na terapêutica e no processo de comunicação enfermeiro-paciente. 3.5) EFEITOS DO TOQUE DE ENFERMAGEM Desempenha papel importante na promoção e na manutenção da orientação em relação à realidade nos pacientes propensos a confusão em relação ao tempo, ao espaço e a identificação pessoal; Útil em situações nas quais as pessoas apresentam medo, ansiedade ou depressão; Benefício em pacientes que necessitam de encorajamento ou de acalento, dificuldade em verbalizar necessidades, ou que estão desorientados, não responsivos ou em fase terminal de doença. HOLLINGER, diz que é fundamental que a equipe de enfermagem esteja ciente que para os pacientes idosos, a necessidade de comunicação é maior. As estratégias de comunicação deve incluir meios verbais e não-verbais, “sendo o toque uma forma importante de internação não-verbal entre a equipe e o paciente”. Adquire sua importância devido à necessidade de estimulação ótima do sensório remanescente em virtude do comprometimento de mais de uma modalidade sensorial, ou em processos neurológicos ou psicossociais. Além da diminuição do uso dos sentidos, idosos também podem apresentar maior necessidade de comunicação afetiva devido à sua maior tendência ao isolamento e a solidão. Estes fatores influenciam muito, a saúde física e mental do idoso. Há evidência crescente de que a natureza da interação paciente-enfermeiro (equipe) influencia os resultados físicos e psicológicos da doença. “A razão pela qual o toque é uma expressão tão emocional é que as pessoas freqüentemente sofrem por sua ausência ou escassez”. A atenção, a confiança e o apoio desenvolvidos entre o enfermeiro (equipe) e o paciente constituem o fundamento do vínculo enfermeiro (equipe) – paciente. Nenhum outro profissional de saúde tem as oportunidades consistentes e freqüentes de interagir com o paciente dentro desta mesma estrutura. Nenhuma outra estrutura de interação pode oferecer ao paciente uma fonte mais potente de apoio: um fundamento profissional, instruído e uma aceitação humana, atenciosa como uma pessoa de valor e dignidade. Humanização é um processo construído com a ajuda de toda a equipe que assiste o paciente, sem esquecer que este “é um ser único, digno, que pensa, sente, possui valores, sentimentos, crenças, relaciona-se com o mundo a sua volta e que deve ser respeitado”. 3.6) OS FAMILIARES DO PACIENTE INTERNADO NA UTI Entendemos como família a unidade social proximamente conectada ao paciente através do amor podendo ou não ter laços legais ou de consangüinidade. Acreditando que o paciente é um seguimento da família e que esta é de vital importânciapara a recuperação do paciente, é necessário atender as reais necessidades dos familiares. O núcleo familiar deve ser compreendido como uma unidade, um sistema que APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 12 possui leis internas de funcionamento e organização. Quando um membro da família é hospitalizado, o equilíbrio e os papéis ocupados por cada um são afetados. A situação de crise vivida pelos familiares de pacientes internados em UTI pode ser exemplificada pela desorganização das relações interpessoais devido ao isolamento do paciente, problemas financeiros e medo da perda da pessoa amada. WALLACE-BARNHILI (1989) refere que o tempo requerido para o ajustamento familiar após internação em UTI é influenciado pelas seguintes características: - Idade e importância do paciente para a família - Número de membros da família diretamente envolvidos - Relações individuais dentro da família - Quantidade de estresse interpessoal no momento da crise - Estabilidade psicológica geral do sistema familiar. Cabe a enfermagem segundo GOMES (1988), a habilidade para assumir o importante papel de ligação entre o paciente e a família. Os multiprofissionais deveriam esclarecer seu desempenho junto ao paciente para o familiar. Nestas ocasiões informariam detalhes sobre o seu papel e função transmitindo segurança aos familiares, discutiriam suas dúvidas, estabelecendo um vínculo entre a equipe e a família. O processo de atuar como um modelo para a família é uma excelente forma de reduzir a ansiedade da família e do paciente e ajudá-los a sentirem-se maias à vontade em um ambiente estranho. TESK (1976) afirma que a permanência dos familiares junto ao paciente hospitalizado contribui significativamente para a conservação de sua integridade, essencialmente no aspecto psicológico (amor, auto-estima). Na prática observa-se que as ações recíprocas são uma constante e que estas provocam efeitos, resultados e reações, dentre os quais citam-se, pacientes inconscientes que através de reações biológicas estavam respondendo as trocas com o ambiente, quando ao sentir a presença dos familiares, através de ações como palavras carinhosas e animadoras e pelo toque carinhoso no corpo, respondeu com aperto de mão e lágrimas silenciosas no canto dos olhos. Encontram-se vários casos de familiares que verbalizavam ansiedade por desconhecerem a situação de saúde do cliente e as suas chances de recuperação e ao serem orientados pela equipe de enfermagem demonstraram maior tranqüilidade, mesmo sabendo que o cliente estava em estado grave. E por último cita-se o caso da família que, devido à internação do cliente na UTI, declarou dificuldades para receber a aposentadoria daquele, levando-os a problemas financeiros; foram orientados a procurarem setor de benefícios do INSS para esclarecimento, tendo como resultado a tranqüilidade pela viabilização dos recebimentos da aposentadoria. Os exemplos permitem afirmar que as ações recíprocas entre i cliente de UTI e sua família e o ambiente caminharam em direção a um resultado desejado e que este tinha como objetivo manter, promover e recuperar a saúde, pelo atendimento ás necessidades humanas básicas, a nível psicobiológico, psicossocial e psicoespiritual. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 13 RECURSOS HUMANOS DE ENFERMAGEM EM UTI APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 14 4) RECURSOS HUMANOS DE ENFERMAGEM EM UTI 4.1) A EQUIPE DE ENFERMAGEM NA UTI - INTRODUÇÃO; - NÚMERO DE ENFERMEIROS; - FUNÇÃO DOS ENFERMEIROS; - NÚMERO DE TÉCNICOS DE ENFERMAGEM; - FUNÇÃO DOS TÉCNICOS DE ENFERMAGEM. PESQUISA EXTRA-CLASSE APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 15 SEGURANÇA DO PACIENTE EM UTI: O ENFERMEIRO E A PREVENÇÃO DE IATROGENIAS APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 16 5) DEFINIÇÃO O Termo iatrogenia deriva do iatros = médico; gignesthia = nascer, que deriva da palavra gênisis = produzir, e significa qualquer alteração patológica provocada ao paciente por má prática médica (Knobel, 2006). Estima-se que 7% dos pacientes hospitalizados atualmente nos EUA sofrem de um erro significativo na administração de medicamentos (Denis. 2006). O risco de ocorrência de iatrogenias tem aumentado de forma significativa devido principalmente ao maior número de opções terapêuticas e diagnósticas; Segundo Claudia, é improvável que erro no campo da medicina seja completamente eliminado. Todavia, o foco do cuidado à saúde deve proporcionar a otimização de sistemas com o intuito de reduzir o erro. 5.1) TIPOS DE IATROGENIAS: A) IATROGENIA DE AÇÃO – é aquela que ocorre pela ação do profissional da saúde, desde a relação com o paciente, passando pelo diagnóstico, terapêutico, até a prevenção. Caracteriza imprudência ou imperícia do profissional da saúde. Essas iatrogenias estão mais freqüentemente associadas aos riscos gerados por procedimentos, cirurgias, má interpretação de informações clínicas e de exames subsidiários. B) IATROGENIA DE OMISSÃO – é aquela que ocorre pela falta de ação do profissional da saúde no diagnóstico ou tratamento e caracteriza-se por ato negligente. A omissão ocorre por má avaliação do risco da ação (Knobel, 2006). 5.2) PORQUE AS IATROGENIAS OCORREM? Para Elisa, há uma íntima relação entre os fatores organizacionais, características, condições de trabalho e resultados de morbidade e mortalidade de uma UTI. Não é possível analisar um evento adverso fora do sistema de funcionamento da organização, sem levar em consideração as condições de trabalho da mesma. Os principais fatores relacionados com as iatrogenias são: A) CARACTERÍSTICA DO PACIENTE NA UTI – são os que apresentam pior condição clínica, maior gravidade da doença e agitação psicomotora. São os pacientes que recebem duas vezes mais drogas que os demais hospitalizados, aumentando sua exposição a erros. O trabalho na UTI é muito mais intenso, com múltiplas interações entre pacientes e cuidadores. E o mais importante é que o paciente de UTI tem maiores barreiras de comunicação, o que aumenta o risco de eventos adversos e reduz a possibilidade do paciente se defender. B) USO DE PROTOCOLOS – por ser uma unidade de alta complexidade, os protocolos por sua vez, favorecem a aquisição do conhecimento pela equipe, comunicação entre a mesma, coordenação do cuidado, bem como monitoramento dos resultados. Ex: traqueostomia. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 17 5.3) REDUZINDO A CHANCE DE OCORRÊNCIA DE EVENTOS ADVERSOS Sempre que ocorrer um erro notificar. Priorizar situação frente a um sistema de erros, conforme sua relevância para complicações, riscos, freqüência com que ocorre e custo; Desenvolver políticas, estratégias e procedimentos para prevenir, detectar e minimizar as conseqüências dos erros. Limitar a autorização para procedimento de alta complexidade para funcionário com maior experiência e habilidade técnica; Prescrição verbal de medicamento deve ser restrita à ocorrência de emergência e nessa ocasião sua confirmação é obrigatória. É preciso sempre aprender com os erros. 5.4) PREVENIR O ERRO ANTES QUE OCORRA Utilizar equipos para dieta enteral que não conectem no polifix de cateter venoso central. A desconexãodos cateteres de HD pode ser prevenida por meio da utilização de filme transparente nas conexões. Utilizar equipos de cores diferentes. Remover as soluções de potássio em concentração elevada das unidades que são freqüentemente letais se associadas a erros na hora de diluir. (Knobel. 2006). Trabalhar pró-ativamente para a redução de eventos adversos significa identificar, classificar e monitorar esses eventos em UTI e mudar o foco do indivíduo para o processo. Atingir um balanço adequado entre o uso de um sistema apropriado e a responsabilidade pessoal e profissional em gerenciar os erros da equipe de saúde é uma estratégia importante. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 18 INFECÇÃO NOSOCOMIAL EM UTI APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 19 6) DEFINIÇÃO Segundo o CDC, uma infecção nosocomial é qualquer infecção adquirida durante a hospitalização, que não esteve presente nem se incubou por ocasião da internação e não esteve relacionada com uma hospitalização anterior. Considerando-se que todos os pacientes de cuidados intensivos apresentam mais provavelmente algum grau de defesa de hospedeiro modificada, eles estão em grande risco para o aparecimento de infecções nosocomiais. É indispensável ao enfermeiro de cuidados intensivos compreendam as causas das infecções nosocomiais e se esforcem por protocolos para diminuir o risco de infecção para seus pacientes (Gallo, 1997). 6.1) ETIOLOGIA E TRANSMISSÃO As infecções nosocomiais específicas que surgem nos pacientes em UTI são as das vias respiratórias, vias urinárias, de feridas cirúrgicas e bacteremias freqüentemente relacionadas com dispositivos invasivos. Existem duas categorias para transmissão dessas infecções: Fontes endógenas – derivado da flora no corpo do próprio paciente. Fontes exógenas – originando-se do ambiente hospitalar, como as das mãos dos profissionais. (Bennensen, 1990). O tipo mais comum de microorganismo isolado nos grandes hospitais é Staphylococcus aureus, da família dos gram-negativos. A forma mais comum de transmissão é sem dúvida as mãos dos profissionais, seguida por medicamentos, líquidos ou equipamentos contaminados e finalmente pelo uso de dispositivos invasivos que escapam aos mecanismos de defesa normal. As fontes aeróginas e a contaminação ambiental parecem ser uma causa menos importante de infecção (Gallo, 1997). 6.2) TRATAMENTO Um dos mecanismos mais importantes para controlar as infecções nosocomiais é a lavagem das mãos. Entretanto, numerosos estudos demonstram que a equipe de cuidados intensivos descuida freqüentemente da importância desse método (Bennensen, 1990). 6.3) INTERVENÇÕES PARA DIMINUIR AS INFECÇÕES NOSOCOMIAIS Lavagem das mãos entre um e outro pacientes; Limitar os visitantes que possam estar infectados; Inserção adequada e manutenção de dispositivos invasivos; Uso adequado de equipamento esterilizado e técnica asséptica com aspiração, Entubação, troca de curativo cirúrgico; Atenção aos cuidados da pele e higiene respiratória; Uso adequado de EPI para substâncias orgânicas na precaução de contato; APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 20 Protocolo para as equipes, e controle das culturas; Vigilância contínua de todas as infecções; Uso de álcool 70% glicerinado pela equipe multidisciplinar. 6.4) Staphylococcus aureus É da família dos gram-negativos, apesar dos antibióticos terem evoluído muito nos últimos anos, o S. aureus persistiu, tornando-se um grave problema hospitalar devido a sua freqüência elevada (é considerado endêmico na maioria dos hospitais), quanto a sua patogenicidade, é de fácil disseminação intra-hospitalar e sua resistência aos antibióticos (Luis Carlos, 2006). A primeira resistência que desenvolveu foi à penicilina G, em 1940. Entretanto com o advento das penicilinas semi-sintéticas (meticilina e axacilina) houve certa tranqüilidade no tratamento deste tipo de microorganismo. Esta situação se complicou desde a década de 80 com a resistência a meticilino. Com o crescimento expressivo de infecções hospitalares pelo S. aureus meticilino-resistente, conhecido como MRSA, iniciou-se o uso freqüente de antibióticos glicopeptídeos (como a vancomicina e teicoplamina) Knobel, 2006. O principal reservatório do S. aureus na natureza é o ser humano. Por fatores desconhecidos, alguns indivíduos são pesadamente colonizados e esta taxa aumenta entre pacientes portadores de diabetes-melito insulino dependente, pessoas que fazem uso intravenoso de drogas, diálise peritoneal ou hemodiálise e tratamento alergênico com injeções. Entre os profissionais da saúde, a prevalência da colonização nasal também é maior que na população em geral (Maria Yamashita, 2006). Segundo Knobel (2006) a transmissão direta é o principal modo de transmissão hospitalar do MRSA, portanto, o cuidado com as mãos (anti-sepsia adequada) e uso correto de luvas de procedimentos são as principais formas de quebrar a cadeia epidemiológica. O principal modo de transmissão hospitalar do MRSA é por meio do paciente colonizado ou infectado. Esta transmissão é feita basicamente através das mãos do profissional de saúde. 6.5) Pseudomonas aeruginosa Segundo Knobel (2006) a importância dos bacilos gram-negativos não fermentadores no âmbito hospitalar vem aumentando á cada dia. Á Pseudomonas aeruginosa é um dos agentes mais prevalentes de infecção hospitalar de grande importância devido à sua elevada capacidade de resistir aos antimicrobianos, mesmo às drogas mais novas. Estudos dos CDC mostram que alguns agentes infecciosos como a E.coli e a Klebsiella sp. Mantiveram-se constantes ao longo dos anos, enquanto a P. aeruginosa apresentou crescimento em sua participação. A P. aeruginosa tem predileção por locais úmidos (água, terra, plantas e animais). Pode estar presente no ambiente hospitalar e também colonizando o organismo humano. Este agente costuma tornar-se patogênico quando atinge organismos que não estejam com suas defesas naturais em equilíbrio, por exemplo: pele e tecido não íntegros, pacientes que fazem uso prolongado de cateteres intravenosos e urinários, quando não há neutropenia, câncer ou tratamento quimioterápico. Para Cláudia (2006), a P. aeruginosa tem sido isolada no ambiente hospitalar, em fluidos endovenosos ou líquidos de terapia respiratória, superfícies de equipamentos expostos ás mãos dos profissionais, secreções e excreções de pacientes. A colonização de pacientes constitui um importante reservatório APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 21 principalmente nas UTIs onde os pacientes estão expostos a antibióticos de amplo espectro, dispositivos médicos e mãos dos profissionais. Alguns fatores individuais têm sido apontados para o aumento do risco de colonização pela P. aeruginosa: ileostomias, colostomia, intubação traqueal, traqueostomia, terapias com antibióticos de amplo espectro, idade acima de 65 anos, cirurgias gastrointestinal e anemia. A transmissão intra-hospitalar pode se dar através do contato com superfícies, materiais, equipamentos contaminados ou através das mãos dos profissionais de saúde que carreiam o microorganismo de paciente para paciente. Se técnicas padronizadas forem rigorosamente aplicadas como o uso de Precaução Padrão, lavagem das mãos, uso individualizado de materiais e equipamentos, técnicas corretas de limpeza, desinfecção, esterilização além de cuidados especiais como o uso de águas em procedimentos respiratórios do paciente, provavelmentea cadeia epidemiológica da transmissão estará rompida. 6.6) Enterococcus Os enterococos são bactérias gram-positivas, que normalmente habitam o trato gastrointestinal e genital de praticamente todos os animais. São também encontrados em vegetais e água provavelmente decorrente da contaminação dos mesmos por excrementos de animais. Existem duas espécies de enterococos consideradas mais freqüente e importante: Enterococcus faecalis e Enterococcus faecium. Segundo Knobel (2006), em 1989 teve surto de VRE (Enterococcus resistente a vancomicina) nos hospitais de São Paulo, correspondendo 0,4% das infecções hospitalares. O VRE tem característica própria e importante: é bastante resistente ás intempéries ambientais e, portanto, consegue sobreviver muito bem em superfícies inanimadas. Em alguns estudos de surto de infecção por enterococos, o agente foi isolado em termômetros, mãos dos profissionais da saúde e grade das camas. A taxa de mortalidade dos pacientes infectados pelo VRE é alta girando entorno de 17 a 100%. Sem considerar a mortalidade, também aumenta a morbidade e os custos para o sistema de saúde. 6.7) Acinetobacter O Acinetobacter sp è um gram-negativo largamente distribuído na terra, água e ocasionalmente na pele, mucosas e secreções. São responsáveis por septicemias, pneumonias, endocardites, meningites, infecções de pele e trato urinário. A virulência do Acinetobacter está relacionada com a presença de uma capa de polissacarídeo, capacidade de adesão a células epiteliais e de obter ferro para seu crescimento e produção de uma toxina (lipídeo A). O seu desenvolvimento de resistência é rápido. Pode ser por transmissão cromossômica ou mediada por plasmídeos. Desde 1970 vem surgindo cepas multirresistentes e nos últimos estudos resistência ao imipenem (PAN). Sensível somente a polimixina e tigacil. O Acinetobacter faz parte da flora da pele (axila, virilha, dedo do pé). Em pacientes hospitalizados, a colonização é elevada, especialmente nos pacientes encubados com alta colonização do trato respiratório. Sua propagação está relacionada com a presença de grandes reservatórios que são a pele, trato respiratório e feridas superficiais. Sua resistência em ambientes hospitalares se faz através da contaminação de profissionais de saúde, materiais de entubação e equipamentos respiratórios. A bactéria resistente no ambiente em condições difíceis, pois sobrevive em diferentes temperaturas e variações de acidez. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 22 A taxa de transmissão do Acinetobacter em pacientes não hospitalizados é baixa. Em contrapartida nos hospitalizados é alta. As medidas de controle de propagação são muito importantes para reduzir a ocorrência de infecção por essa bactéria que vem assumindo, cada vez mais as taxas de infecções hospitalares em UTI, visto a sua resistência a tratamentos antibióticos vem se tornando cada vez maior. A) MEDIDAS DE CONTROLE A higiene das mãos continua sendo a medida preventiva mais importante e que comprovadamente reduz o risco de transmissão dos microorganismos de pessoa-a- pessoa ou de um sítio para o outro no mesmo paciente. Higienizar as mãos prontamente e de maneira adequada após contato com cada paciente e após contato com sangue, fluidos corporais, secreções e equipamentos ou artigos contaminados com mesmos e após retirar as luvas, é componente importante do controle da infecção e das medidas de isolamento. B) USO DE EPI 1) LUVAS SÃO UTILIZADAS POR TRÊS IMPORTANTES RAZÕES: Promover barreira protetora e prevenir contaminação grosseira das mãos ao tocar sangue, fluídos corporais, secreções, excreções, membranas mucosas e pele não íntegra; para proteção do funcionário; Reduzir a possibilidade das mãos contaminadas com microorganismos de pacientes ou fômites serem veículos de transmissão a outros pacientes. Há necessidade de troca de luva de um paciente para outro, e lavagem das mãos ou simplesmente se estiverem limpas aplicar uma conchinha de álcool 70% glicerinado; Reduzir a possibilidade dos microorganismos presentes nas mãos da equipe de saúde serem veículos de transmissão a pacientes durante procedimentos invasivos ou outros procedimentos que envolvam contato com membranas mucosas ou pele íntegra. Aventais de tecido ou impermeáveis devem ser utilizados e são indicados nos casos de risco de contaminação das roupas dos funcionários, visitas e também para a proteção da pele do contato com sangue, fluidos e secreções corporais. Os materiais perfuro-cortantes devem ser descartados em recipientes resistentes à perfuração, enquanto outros artigos podem ser descartados em sacos seguindo corretamente as cores. Artigos de uso comunitário (monitor de transporte, respirador de transporte, torpedos de O2, bombas de infusão e suporte de soro), devem ser manuseados de maneira a reduzir o risco de transmissão de microorganismos e diminuir a contaminação ambiental no hospital, devem ser limpos com álcool 70% (CDC-1995). C) AMBIENTES SUPERFÍCIES FIXAS Devem ser tratados de maneira uniforme, basicamente com técnica de limpeza efetiva com água e sabão em superfícies fixas e álcool 70% em mobiliário. D) SUGESTÃO DE PROTOCOLO PARA CONTROLE DE BACTÉRIAS MULTIRESSISTENTES Em gosto de 1996, foi criado um grupo específico para auxiliar na execução/manutenção das medidas de prevenção e controle de infecção hospitalar. É APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 23 uma proposta trazida pelo CDC, publicado no guia de conduta Guindeline. 1) OBJETIVOS Controlar a disseminação de bactérias multirresistentes dentro das Unidades de Terapia Intensiva e Semi-intensiva; Monitorização microbiológica constante das unidades para detecção de emergência de novos padrões de resistência a antimicrobianos; Intervir precocemente em eventuais surtos de infecção hospitalar. E) SELEÇÃO DOS PACIENTES SUJEITOS À VIGILÂNCIA MICROBIANA Segundo Knobel, 2006. Pacientes que estiverem internados por mais de 72 horas no CTI sem perceptiva de alta no dia da coleta; Pacientes internados em outras unidades do hospital há mais de uma semana que forem transferidos para UTI devem ser coletado material para cultura; Pacientes internados em outras instituições há mais de 24 horas e transferido para UTI desde que estejam intubados ou traqueostomizados ou que tenham algum tipo de ferida com exsudato; Todos os citados acima deveram ser colocados em precaução de contato e submetidos á coleta de culturas. F) MATERIAIS ASEREM ENVIADOS PARA CULTURA Cultura de secreção traqueal para pacientes entubados ou traqueostomizados; Cultura de exsudato de ulcera por pressão; Culturas de feridas cirúrgicas, com qualquer tipo de exsudato; Swab-nasal; Material de drenos. G) PRIORIDADE DA COLETA DE CULTURAS Pacientes internados na UTI por mais de 72 horas, e depois uma vez por semana; Pacientes provenientes de outros hospitais (com internação a mais de 24 horas) ou de outras unidades do próprio hospital (internados a mais de sete dias) coleta-se no dia da entrada na UTI depois 01 vez por semana (APECIH-1999). APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 24 TECNOLOGIA EM UTI APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 25 7) TECNOLOGIA EM UTI O avanço da medicina tem ligação direta dos recursos tecnológicos aplicados no atendimento e diagnóstico de enfermidades que acometem o homem Porém tais recursos só tem valor quando aplicados de forma correta por profissionalhabilitado e capacitado para manipular e interpretar as informações oriundas destes equipamentos Esses recursos são desde uma simples torneira até mesmo a equipamentos mais sofisticados como tomográficos, monitores e respiradores mecânicos O uso, manutenção e conservação e que vão ditar a durabilidade de tais equipamentos, sendo que um serviço organizado é primordial para tal ocorrência A utilização de rotinas faz-se necessário LIMPEZA DA MÁQUINA DIÁRIA – ÁLCOOL 70% TERMINAL Água Sabão Álcool 70% Ácido peracético Virkon APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 26 APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 27 LIMPEZA DA MÁQUINA Deve ser realizada conforme rotina estabelecida em conjunto com SCIH levando- se em conta tipo de paciente e orientação do FABRICANTE. LIMPEZA DO CIRCUITO ONDE DEVE SER REALIZADA? NA UNIDADE Pessoal treinado Local adequado – expurgo EPI‟s adequados NA CME DESINFECÇÃO OU ESTERILIZAÇÃO MATERIAL CLASSIFICADO COMO SEMI-CRÍTICO ONDE PODE SER SUBMENTIDO A DESINFECÇÃO DE ALTO NÍVEL (Lacerda, 2003; Fernandes, 1999): Imersão em glutaraldeído 2% por 30‟ PASTEURIZAÇÃO ESTERILIZAÇÃO POR ÓXIDO DE ETILENO TRANSPORTE DO CIRCUITO MONTAGEM DO EQUIPAMENTO DEVO UTILIZAR PARAMENTAÇÃO COM AVENTAL E LUVA ESTÉRIL, MÁSCARA, TOUCA E EM SALA ESPECIAL? LUVA PLÁSTICA ESTÉRIL? LUVA DE PROCEDIMENTO APENAS? RIGOROSA HIGIENE DAS MÃOS? APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 28 BOMBA INFUSORA APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 29 RESPIRADOR DE TRANSPORTE Limpeza da máquina Desinfecção/esterilização/filtro de barreira Quedas Baterias Ajustes MONITOR DE TRANSPORTE Limpeza da máquina Quedas Baterias Ajustes MONITOR MULTIPARAMÉTRICO FIXAÇÃO MANUTENÇÃO LIMPEZA APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 30 PARAMETROS DE ALARMES MONITOR DE PIC APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 31 SISTEMAS DE GASES Limpeza Organização Suporte Fluxômetros 7.1) MONITORES CARDÍACOS, PRESSÃO ARTERIAL, RESPIRAÇÃO, SATURAÇÃO, TEMPERATURA, PRESSÃO INTRACRANIANA, PRESSÃO VENOSA CENTRAL, PRESSÃO ARTERIAL MÉDIA. São aparelhos eletrônicos usados nas Unidades de Terapia Intensiva, a beira de cada leito e proporciona a apresentação visual contínua do eletrocardiograma, do ritmo cardíaco, da pressão arterial e PAM, saturação parcial de oxigênio, respiração, pressão venosa central e pressão intracraniana. Sua função específica é acompanhar os pacientes graves internados, para ser observado as arritmias precoce (como taquiarritmias e bradiarritmias), oscilações bruscas da PA e PAM, desaturações, taquipnéais ou apnéia, hipertensões intracranianas, e se tornando medidas profiláticas evitando intercorrências fatais. Normalmente todos os monitores são compostos de módulos chamados de cardioscópio, amplificadores do ECG e ritmo cardíaco (os monitores modernos não têm mais botões isolados para estas determinadas funções, pois eles já fazem automaticamente). - CARDIOSCÓPIO – sua função é apresentar numa tela o sinal contínuo do eletrocardiograma. Todo monitor contem uma tecla liga/desliga, controle para filtro de interferência, velocidade da onda, configuração dos alarmes. - AMPLIFICADOR DO ECG – sua função é ampliar cerca de 300.000 vezes o sinal do eletrocardiograma obtido do paciente através dos eletrodos. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 32 CUIDADOS INTENSIVOS EM UTI: SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 33 8) CONCEITO “É a dinâmica das ações sistematizadas e inter-relacionadas ao ser humano. Caracteriza-se pelo inter-relacionamento e dinamismo de suas fases” (Horta, 1979). FASES: “É formado pelo histórico de enfermagem, diagnóstico de enfermagem, plano assistencial, plano de cuidados ou prescrição de enfermagem, evolução e prognóstico de enfermagem” (Horta, 1979). OBJETIVO GERAL: Tem como objetivo principal guiar as ações de enfermagem com o propósito de auxiliar o cliente a satisfazer suas necessidades individuais. Para tanto é necessário buscar informações sobre as necessidades e as demais respostas do cliente aos processos vitais. (Bub, 2001). Conhecer o processo da assistência de enfermagem, através de uma ferramenta teórico-prática. OBJETIVOS ESPECÍFICOS: contribuir para as mudanças no cenário das práticas de enfermagem no âmbito hospitalar e na saúde pública; contribuir para o ensino e pesquisa; desenvolver competências conceituais, técnicas para sistematizar a assistência de enfermagem. LEGISLAÇÃO: resolução do COFEN – 272/2002, toda instituição de saúde brasileira deve dispor da sistematização da assistência de enfermagem; considerando o código de ética dos profissionais de enfermagem, aprovado pela resolução COFEN 240 /2000. COFEN NO USO DE SUAS ATRIBUIÇÕES LEGAIS E REGIMENTAIS: Considera que a sistematização da assistência de enfermagem – SAE é atividade privativa do enfermeiro. Utiliza método e estratégia de trabalho científico para a identificação das situações de saúde /doença, subsidiando ações de assistência de enfermagem, que possam contribuir para a promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde do indivíduo, família e comunidade. Considera a institucionalização da SAE como prática de um processo de trabalho adequado às necessidades da comunidade e como modelo assistencial a ser aplicado em todas as áreas de assistência à saúde pelo enfermeiro. Considera que a implementação da SAE constitui, efetivamente, melhora na qualidade da assistência de enfermagem. RESOLUÇÃO ART. 1° - AO ENFERMEIRO INCUMBE: PRIVATIVAMENTE: A implantação, planejamento, organização, execução e avaliação do processo de enfermagem, que compreende as seguintes etapas: A consulta de enfermagem compreende o histórico (entrevista), exame físico, diagnóstico, prescrição e evolução de enfermagem. 8.1) HISTÓRICO DE ENFERMAGEM É realizado através de um roteiro sistematizado para o levantamento de informações sobre a situação de saúde do cliente, tornando possível a identificação de seus problemas de saúde (Horta, 1979). APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 34 Conhecer hábitos individuais do cliente que possam facilitar a adaptação do mesmo à unidade de tratamento, além de identificar os problemas passíveis de serem abordados nas intervenções de enfermagem; Para a coleta de dados há necessidade de um instrumento sistematizado de acordo com o referencial teórico (Horta, Orem); Os dados coletados deverão ser registrados no prontuário do paciente, obedecendo a normas, qualidade de informação e legibilidade. Foi introduzido por Wanda de Aguiar horta por volta de 1965; Era chamado de anamnese de enfermagem, que mais tarde foi mudado para histórico de enfermagem; Segundo horta 1979, o histórico de enfermagem também é denominado de levantamento, avaliação e investigação que, constitui a primeira fase do processo de enfermagem. Campedelli et al, 1989 – o histórico de enfermagem é o levantamento das condições do paciente através dautilização de um roteiro próprio, que deverá atender as especificidades da clientela a que se destina. Cianciarullo, 1976 – o histórico de enfermagem consiste de “um roteiro sistematizado para levantamento de dados que sejam significativos para a enfermagem sobre o paciente, família ou comunidade, a fim de tornar possível a identificação dos seus problemas de modo que, ao analisá-lo adequadamente, possa chegar ao diagnóstico de enfermagem”. Para Bub (2001), no histórico de enfermagem ocorre á busca de informações subjetivas e objetivas do cliente, utilizando como instrumento o diálogo, a observação e o exame físico. As informações subjetivas descrevem a visão do indivíduo em relação a uma situação ou uma série de acontecimentos, incluindo as sensações (dor, calor, frio, etc.) e sentimentos (raiva, amor, medo etc.), humor (ansioso, calmo, nervoso, agitado) idéias do cliente sobre si e seu estado de saúde e, ainda, suas expectativas quanto ás orientações propostas, efeitos indesejáveis de medicamentos ou mesmo frente á necessidade de hospitalização. Outra técnica valiosa para a coleta de informações é a chamada técnica de comunicação não verbal, que facilita e intensifica a comunicação dialógica, favorece a interação com o cliente e, muitas vezes, transmite a mensagem de forma mais eficiente e mais rápida do á comunicação verbal. Os componentes não verbais mais comuns incluem a expressão facial, a posição do corpo, o toque, a voz, o silêncio e o ouvir atuante. A utilização correta destes componentes transmite ao cliente segurança e confiança no cuidado recebido, diminuindo o medo e a ansiedade que acompanham o indivíduo quando percebem que sua saúde está ameaçada ou quando a hospitalização é necessária. Sempre manter o cliente informado acerca da sua situação de saúde, se está ameaçada ou quando a hospitalização é necessária. A observação como método de coleta de informações do histórico envolve o uso dos sentidos (visão, audição, olfato, e tato) e, sobretudo, da intuição (conhecimento proveniente da experiência pessoal). Outro método importante de coleta de informações é o exame físico. Durante o qual o enfermeiro utiliza quatro técnicas específicas: inspeção, ausculta, palpação e percussão. Estas técnicas auxiliam na avaliação das necessidades psicobiológicas afetadas em termos do sujeito da necessidade (Horta, 1979). COMPREENDE: Entrevista Exame físico APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 35 A) ENTREVISTA DE ENFERMAGEM PROCESSO COMPLEXO QUE EXIGE MUITA HABILIDADE DE: 1- Comunicação e diálogo; 2- Relacionamento interpessoal eficaz; 3- Sentimento de confiança e de respeito mútuo. 4- Ambiente tranqüilo e confidencial; Espontâneo; Amigável. CARACTERÍSTICAS DO ATENDIMENTO: Atender por atender; Rapidez é mais importante que a qualidade; Para ter sucesso o enfermeiro deve saber escutar, encorajar o cliente a se expressar. B) EXAME FÍSICO Começa logo após a entrevista (dados subjetivos) sobre a história de saúde do cliente; Os dados subjetivos são coletados sistematicamente durante a fase do exame físico para complementar e validar os dados subjetivos do cliente; Fornece uma avaliação holística do cliente. Diferencia achados físicos normais dos anormais; Avalia a condição física atual do cliente; Detecta os primeiros sinais de problemas de saúde em desenvolvimento; Estabelece uma base de dados para futuras comparações; Analisa as reações às intervenções de enfermagem; Avalia a eficácia das intervenções de enfermagem. B.1) TÉCNICAS DO EXAME FÍSICO Inspeção Ausculta Palpação Percussão 8.2) DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM O Enfermeiro após ter analisado os dados colhidos no histórico e exame físico, identificará os problemas de enfermagem, as necessidades básicas afetadas e grau de dependência, fazendo julgamento clínico sobre as respostas do indivíduo, da família e comunidade, aos problemas, processos de vida vigentes ou potenciais. Os diagnósticos de enfermagem provêm dos focos da ciência clínica da enfermagem (Gordon apud Cruz, 1997). Eles revelam as necessidades de cuidados de enfermagem e para onde se dirigem os nossos “que fazerem” (Cruz, 1997). O diagnóstico de enfermagem envolve três tipos de atividades: - Busca de informações; - Interpretação; - Denominação ou rotulação. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 36 A) Exemplo de Diagnóstico de Enfermagem mais utilizado no dia a dia: - Memória prejudicada; - Capacidade adaptativa intracraniana reduzida; - Padrão respiratório ineficaz; - Troca gasosa prejudicada; - Débito cardíaco diminuído; - Alteração da perfusão tissular ineficaz; - Risco para alteração na temperatura corporal; - Excesso de volume de líquido; - Risco para déficit no volume de líquido; - Deglutição prejudicada; - Déficit no autocuidado para alimentação; - Integridade da pele prejudicada; - Mobilidade física prejudicada; - Risco para infecção; 8.3) PRESCRIÇÃO DE ENFERMAGEM É a implantação do plano assistencial pelo roteiro diário que coordena a ação da equipe de enfermagem na execução dos cuidados adequados ao atendimento das necessidades básicas e específicas do ser humano (Horta, 1979). É o conjunto de medidas decididas pelo enfermeiro, que direciona e coordena a assistência de enfermagem ao paciente de forma individualizada e contínua, objetivando a prevenção, promoção, proteção, recuperação e manutenção da saúde. Paim, 1988 – relata que a prescrição de enfermagem significa medidas de solução para os problemas do paciente, indicados e registrados previamente pelo enfermeiro, com finalidade de atender as necessidades humanas desse mesmo paciente sob sua responsabilidade. Para Padilha, Valente 1985 – prescrição de enfermagem é um método de trabalho científico, por meio do qual o enfermeiro pode garantir uma função profissional específica; Deve ser elaborada a partir de problemas prioritários do paciente sem, contudo, serem omitidos aqueles que deverão ser tratados a “posteriori”. Segundo Padilha, Valente 1985, a prescrição de enfermagem deve anteceder a prestação da assistência; Deve ser elaborado de modo a expressar claramente o plano de trabalho; A) PRESCRIÇÃO DE ENFERMAGEM: Toda prescrição de enfermagem deve ser precedida de horário e data no início do turno; Utilizar verbos de ação (Verbo sempre no infinitivo, o que fazer; como fazer; onde fazer (parte do corpo), quando fizer e com que freqüência); Exemplo: realizar curativo oclusivo com solução fisiológica a 0,9% em incisão cirúrgica na região abdominal às 08 horas. Ser concisa e redigida em linguagem comum aos elementos da equipe; Conter determinação de horários, que devem ser checados logo após a execução dos cuidados; Ser elaborada diariamente para um período de 24 horas. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 37 Deve ser reavaliada e modificada de acordo com as condições do paciente; Especificar os cuidados em ordem cronológica de execução, conforme as prioridades estabelecidas; Deve conter ações específicas do enfermeiro. Letra legível e sem rasuras; A) A PRESCRIÇÃO DE ENFERMAGEM DEVE CONTER: Utilizar os verbos de ação no infinitivo, levando em consideração o grau de dependência e independência do paciente: Na dependência total: fazer, realizar, mudar, colocar, movimentar, levantar, aplicar, executar, lubrificar e pesar. Na dependência parcial ou de ajuda: auxiliar, ajudar, acompanhar, fornecer, facilitar. Á nível de orientação: orientar, esclarecer, discutir, debater, explicar, informar, reforçar. Á nível de supervisão: supervisionar, observar, avaliar, inspecionar, controlar...... Á nível de encaminhamento: levar, encaminhar, conduzir, dirigir..8.4) PRESCRIÇÃO DE ENFERMAGEM CLASSIFICADA POR NECESSIDADE HUMANA BÁSICA (NHB) A) NECESSIDADES PSICOBIOLÓGICAS: Regulação Neurológica - (nível de consciência, condição das pupilas, presença de cefaléia, convulsões, dormência ou alteração na mobilização de alguma parte do corpo, alteração da memória); Oxigenação - (freqüência respiratória, ausculta pulmonar, tosse, expectoração, presença de secreção, necessidade de oxigenioterapia); Regulação Vascular - (pressão arterial, pulso, PVC, PAM, característica dos pulsos radiais, poplíteo, femural e pedioso; coloração da pele e extremidades, perfusão periférica); Regulação Térmica - (temperatura axilar, retal); Hidratação - (hábitos de ingesta hídrica (volume, freqüência, preferência), turgidez da pele, condições da mucosa oral, presença de edema, sede e outras manifestações de perda ou retorno de líquidos); Alimentação - (hábitos alimentares, apetite, intolerância, deglutição e digestão); Eliminação - (hábitos intestinais (freqüência, constipação, diarréia, incontinência), estomias, hábitos urinários, disúria, urgência ao urinar); Integridade Física. Sono e Repouso - (hábitos relacionados, características, problemas); Atividade Física - (prática de exercícios, postura corporal, atividade motora); Cuidado corporal - (capacidade para auto-cuidado, condições de higiene pessoal); Segurança física - (risco para queda, fugas, ferimentos, necessidade de isolamento); Sexualidade – (traumas, problemas relacionados); B) NECESSIDADE PSICOSSOCIAL Comunicação - (distúrbio da fala, idioma, tipo de expressão da mensagem); Gregária - (isolamento social, presença de visitas); Recreação e lazer - (hábitos e preferências); APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 38 Segurança emocional - (saudade do lar, mudança de ambiente, medo da morte, medo conseqüências da doença, problemas financeiros); Auto-estima, autoconfiança e auto-respeito - (manifestação de desequilíbrio, senso de valor depreciado, não aceitação da sua condição de saúde, revolta, pessimismo, auto-depreciação); Liberdade e participação - (participação do plano terapêutico, reação à rotina hospitalar); Educação para a saúde e aprendizagem - (conhecimento sob seu estado de saúde); Auto-realização - (falta de autoconfiança, manifestações da não realização); C) NECESSIDADES PSICOESPIRITUAIS Religiosidade - (fonte de força ou significado espiritual, crença religiosa); Espiritualidade - (fonte de força ou significado espiritual, crença religiosa). Horta (1979) ressalta que as necessidades são inter-relacionadas e fazem parte de um todo indivisível do ser humano de tal forma que, quando qualquer uma se manifesta, todas elas sofrem algum grau de alteração. Assim, a proposta apresentada acima serve apenas como uma baliza teórica para a ação, jamais podendo ser entendida como algo rígido e inflexível, e sim como algo extremamente dinâmico que precisa ser validado constantemente com o cliente e modificado sempre que possível. D) PRESCRIÇÃO DE ENFERMAGEM – NECESSIDADE HUMANA BÁSICA EXEMPLO: NHB – REGULAÇÃO VASCULAR: PA 160/95mmHg, ausculta cardíaca arrítmica, ingurgitamento das jugulares, pulsos radiais arrítmicos e taquicárdico, FC- 95 bpm. NHB – OXIGENAÇÃO: Queixa de falta de ar à noite, tosse seca, Fr-26 rpm, tórax assimétrico, dispnéia, amplitude respiratória superficial, ausculta pulmonar com crepitações médias em HTE. INTEGRIDADE FÍSICA: Higiene bucal precária, presença de prótese dentária superior e inferior com presença de restos alimentares e crostas, halitose e língua saburrosa. MANTER OXIGËNIO ÚMIDO VIA MÁSCARA DE VENTURY 50%: M-T-N JUST - O oxigênio diminui o trabalho respiratório, a dispnéia e a permeabilidade capilar pulmonar. Aumenta o conforto e bem estar do paciente. A dispnéia e amplitude respiratória superficial ocorrem possivelmente devido ao aumento do coração que surgiu quando o ventrículo esquerdo entrou em falência e os pulmões se tornaram congestionados e edematosos. A dispnéia pode estar associada à ansiedade; ou também ocorre pelo mecanismo compensatório na insuficiência cardíaca congestiva pulmonar (BLACK-JACOBS 1996). MANTER CABECEIRA ELEVADA 45° OU SEMI-FOWLER: M-T-N JUST - Diminui o esforço dos músculos respiratórios e a utilização de oxigênio. Posição de semi-fowler facilita a respiração. ANOTAR TIPO E FREQÜÊNCIA RESPIRATÓRIA DE 4/4 HORAS: 8-15-16-20-24-04 JUST - Pois avalia o aumento ou a redução da congestão da rede vascular venosa APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 39 pulmonar, da elasticidade dos pulmões e do espaço para as trocas gasosas. A dispnéia se agrava quando a congestão alveolar se manifesta, pois o líquido interfere com a disfunção do oxigênio e do gás carbônico através das paredes alveolares, o que resulta na redução de oxigênio das hemáceas (BLACK E JACOBS). 8.5) EVOLUÇÃO DE ENFERMAGEM É o relatório diário ou periódico das mudanças sucessivas que ocorrem no ser humano enquanto estiver sob assistência profissional, ou seja, uma avaliação global do plano de cuidados (Horta, 1979). “Junte as folhas diariamente, cate seus problemas e resolva-os, removendo o que não serve mais, separando o que é importante e o que não é” (autor desconhecido). APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 40 8.6) EXAME FÍSICO Não toque o paciente – observe o que você vê, cultive seu poder de observação. (William Osler, 1919) A) INSPEÇÃO Aparência geral Estado de nutrição Biotipo Simetria (cefalocaudal) Postura e a marcha Fala B) AUSCULTA Envolve a audição de sons produzidos por órgãos internos. Esta técnica fornece informações sobre a fisiopatologia de um órgão. Á ausculta isolada não tem nenhum significado. C) PALPAÇÃO É o uso da sensibilidade tátil, para determinar as características de um sistema orgânico. Exemplo: uma massa pulsátil no abdômen poderia ser um aneurisma de aorta abdominal. D) PERCUSSÃO Está relacionada „a percepção tátil e ao som produzido quando um golpe agudo é aplicado a uma região que está sendo examinada. Á percussão oferece informação valiosa sobre a estrutura do órgão ou tecido subjacente. 8.7) CABEÇA E PESCOÇO Não é necessário equipamento especial para o exame de cabeça e pescoço; O exame consiste de inspeção e palpação; Paciente deve estar sentado, de frente para o examinador. A) INSPEÇÃO DA CABEÇA E PESCOÇO Inspecionar a posição da cabeça; Mantém cabeça ereta; Assimetria da estrutura facial; Se a cabeça é proporcional ao resto do corpo. Inspecionar couro cabeludo quanto: lesões, massas, quelóides, descrever tipo do cabelo, sujidade, oleosidade, pedículos, caspas. Inspecionar órbitas oculares quanto presença de proptose (disfunção da tireóide). Descrever cor, ires, presença de secreção.... Inspecionar pescoço à procura de assimetria; APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 41 Inspecionar presença de cicatrizes, massas, nódulos, fissuras, tireóide; bócio; Inspecionar a naturalidade do pescoço; Presença de ingurgitamento das veias jugulares externas. B) PALPAÇÃO DA CABEÇA E PESCOÇO A palpação confirma as informações obtidas pela inspeção; A cabeça deve ficar ligeiramente fletida e apoiada pela mão do examinador; Toda região do crânio deve ser palpada a procura de dor, ou de massas, sempre utilizando a polpa dos dedos. Caso sejam palpados nódulos, deve ser avaliado quanto seu tamanho, consistência, dor, mobilidade. Exemplo: nódulos doloridos = processo inflamatório. Nódulos firmes, fixos = sugestivos de neoplasia. Palpação da glândula tireóide. Abordagem anterior: leve flexão do pescoçoe rotação. Abordagem posterior: ocorre colocação das duas mãos do examinador. Sempre procurar sentir a consistência da glândula tireóide, dor, ausculta. - CLÍNICO PATOLÓGICO Um aumento da tireóide pode estar associado ao hipertireóidismo, hipotireoidismo, bócio simples ou multinodular. Sinais cutâneos de hipertireoidismo incluiu: Pele quente; Eritema; hiperidrose (aumento da sudorese); Hiperpigmentação Alterações do crescimento das unhas. C) TÓRAX Utilizaremos inspeção, ausculta, percussão e palpação. Inspeção do tórax: Conforto do paciente, desconforto agudo, dilatação nasal, respiração oral, se há sinais audíveis de respiração com estridor ou sibilo, se há cianose. Inspecionar postura do paciente. C.1) INSPEÇÃO DO TÓRAX A configuração do tórax pode indicar doença pulmonar; Inspecionar o diâmetro antero-posterior; Tipos de tórax: normal, barril, cifose, pectus excavatum e o pectus carinatum (peito pombo); Avaliar a freqüência e o padrão respiratório (bradipnéia, taquipnéia, apnéia, hiperpnéia (aumento da profundidade da respiração), respiração kussmaul, Cheyne-stokes, Biot. Sempre inspecionar as mãos quanto baqueteamento digital, perda do ângulo entre a unha e a falange terminal (está associado com vários distúrbios: tumores intratorácicos, DPOC, fibrose). C.2) AUSCULTA TÓRAX É a técnica de escutar os sons produzidos pelo corpo; Ausculta do tórax é para identificar os ruídos pulmonares (normais) e os ruídos APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 42 adventícios (patológicos); Nunca deve ser ouvido por cima de roupas. - MURMÚRIOS VASICULARES - NORMAIS Traqueal: som rude, alto, agudo, tempo I:E é igual, ouvido sobre a traquéia. Brôquio: som alto, agudo, soam como ar passando por um tubo, tempo I:E inspiração mais curta do que a expiração, houvesse sobre o manúbrio. Broncovesicular: é uma mistura de som brônquio e vesiculares, som moderado, tom moderado, tempo I:E é igual, são ouvido geralmente no 1º e 2º espaço intercostal (sobre o brônquio-fonte) Vesiculares: som suave, grave, ouvido sobre a maior parte dos campos pulmonares. Tempo I:E inspiração maior que a expiração, ouvido geralmente no 3º e 4º espaço intercostal (bases pulmonares). - RUÍDOS ADVENTÍCIOS - PATOLÓGICOS Os ruídos adventícios ou também ditos de patológicos são: Sibilos: são ruídos musicais, contínuos ouvidos principalmente durante a expiração. Ocorre devido ao estreitamento do brônquio por edema, secreção, espasmos, tumor, ou corpo estranho. Estertores: ruídos não musicais, descontínuos, curtos, ouvidos principalmente durante a inspiração. Parece estar relacionado com líquido no interior do brônquio. Atrito pleural: é um som de rangido da pleura, impedido por resistência. Roncos: som grosso, por acúmulo de secreções. C.3) PALPAÇÃO DO TÓRAX Consiste na técnica de colocar as mãos, consiste na seguinte avaliação: Áreas de dor á palpação; Simetria da incursão torácica; Frêmito tátil. - PALPAÇÃO PARA PESQUISA DE DOR Devem ser avaliadas todas as áreas torácicas; Golpeia-se suavemente o dorso do paciente com o punho do examinador; Uma queixa de dor pode estar relacionada somente com dor musculoesquelética, e não do coração e do pulmão. - AVALIAÇÃO DA INCURSÃO TORÁCICA Esta é a técnica da mão aberta sobre o dorso do paciente ou também dita técnica da prega dorsal. Caso paciente possua doença pulmonar a sua expansão do tórax afetado. - FRÊMITO TÁTIL É a palpação da parede torácica enquanto o paciente fala, estas vibrações podem ser sentidas pelas mãos. O frêmito tátil fornece informações úteis sobre a densidade do tecido pulmonar subjacente e a cavidade torácica; Condições que aumentem a densidade do pulmão e o tornem mais sólido, fazem com que o som ressoe mais, frêmito tátil estará aumentado. Se houver excesso de tecido adiposo, ar ou líquido na cavidade torácica, haverá diminuição do frêmito tátil. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 43 C.4) PERCUSSÃO DO TÓRAX Á percussão do tórax consiste em dar pancadinhas em uma superfície para determinar a estrutura subjacente. O som ouvido e a sensação tátil percebida dependem da relação entre o ar e o tecido; Á percussão sobre um tecido sólido como o fígado, produz uma nota maciça, de baixa amplitude e curta duração, sem ressonância. Á percussão sobre um órgão contendo ar e tecido como o pulmão, produz uma nota ressonante, de maior amplitude e tom mais grave. Á percussão sobre uma estrutura oca contendo ar, como o estômago, produz uma nota timpânica e timbre alto. Á percussão sobre uma massa muscular, como a coxa, produz uma nota de timbre alto e claro. Quando os pulmões estão preenchidos por líquido se tornam mais densos, como na pneumonia, a ressonância é substituída por macicez. O termo hiper-ressonância (hipertimpânico) foi aplicado à nota de percussão obtida de um pulmão com densidade reduzida, como ocorre no enfisema. 8.8) O CORAÇÃO Ao realizar a ausculta cardíaca devemos levar em consideração: Foco aórtico: no segundo espaço intercostal, borda esternal direita; Foco pulmonar: segundo espaço intercostal, borda esternal esquerda; Foco tricúspide: quinto espaço intercostal esquerdo próximo esterno; Foco mitral: quinto espaço intercostal esquerdo abaixo do mamilo, também dito de ápice cardíaco=ponto de impulso máximo (pim). A) CICLO CARDÍACO Com o fechamento das válvulas atrioventriculares, tricúspide e mitral produz a primeira bulha cardíaca b1 (tum); Com o fechamento das válvulas semilunares, aórtico e pulmonar, produz a segunda bulha cardíaca b2 (tá). APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 44 AVALIAÇÃO NEUROLÓGICA NA UTI APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 45 9) DEFINIÇÃO Para muitos Enfermeiros Intensivistas, a avaliação e o tratamento de um paciente com um problema neurológico constituem um dos maiores desafios (GALLO, 1997). Há três objetivos principais na avaliação de Enfermagem de um paciente com um problema neurológico real ou potencial. O primeiro objetivo é reunir dados sobre o funcionamento do sistema nervoso de uma forma objetiva e ordenada (deve ser usado um formulário padrão para todos os enfermeiros, para que não haja dúvida na hora de realizar uma avaliação de enfermagem quanto ao seu estado de consciência). O segundo objetivo da avaliação neurológica é correlacionar os dados com o tempo. O terceiro objetivo da avaliação neurológica pela enfermagem é determinar o efeito da disfunção sobre a vida diária do paciente e a capacidade de cuidar de si próprio (GALLO, 1997). A avaliação neurológica começa no primeiro encontro com o paciente. O diálogo com o paciente e a sua família é uma fonte vital de dados necessários para avaliar o funcionamento geral. 9.1) EXAME FÍSICO NEUROLÓGICO A) NÍVEL DE CONSCIÊNCIA A qualidade de consciência de um paciente é o parâmetro mais básico e mais crítico que exige avaliação. O nível de consciência de um paciente e de resposta ao ambiente é o indicador mais sensível de disfunção do sistema nervoso. A avaliação do nível de consciência é um dos parâmetros mais importantes para se determinar as necessidades assistenciais de um paciente, principalmente daqueles com distúrbios neurológicos (HOHL, 2003). Sabe-se que a consciência depende da função encefálica intacta e que as alterações da mesma são sinais de insuficiência cerebral. Os distúrbios da consciência refletem disfunção cerebral e o coma significa insuficiência cerebral. A enfermeira deve conhecer eidentificar as alterações no nível de consciência de um paciente, atuando prontamente quando necessário; ou detecte precocemente os sinais e sintomas relativos ao desequilíbrio da função cerebral, pois eles constituem um dos problemas de enfermagem mais importante para determinar as necessidades básicas afetadas do paciente (HOHL, 2003). Alguns sistemas são usados para classificar alterações no despertar e na consciência. Termos como letárgico, torporoso, semicomatoso estão em uso comum em várias áreas. Em um ambiente de Terapia Intensiva, onde o tempo para colher dados é limitado, a Escala de Coma de Glasgow pode fornecer um caminho útil (GALLO, 1997). Esta escala permite ao examinador classificar objetivamente as três principais respostas do paciente ao ambiente: abertura dos olhos, verbalização e movimento. Portanto um escore total máximo para uma pessoa totalmente desperta e alerta é de 15 pontos. Um escore mínimo de 3 indica um paciente completamente não-responsivo. Um escore geral de 8 pontos ou menor está associado ao coma; se mantido, com o tempo pode prever uma recuperação funcional insatisfatória. Uma alternativa às escalas de graduação é descrever que estímulo é usado e APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 46 qual foi a resposta do paciente. Uma ordem sugerida de estímulo é: - Chamar o paciente pelo nome; - Falar o nome mais alto; - Associar o nome a um toque leve; - Associar o nome a um toque vigoroso (“sacudir e gritar”); - Causar estímulo doloroso. Quando são necessários estímulos dolorosos para obter uma resposta, o enfermeiro deve prestar atenção ao local onde é aplicado o estímulo. Sabe-se que a mão em posição errada pode causar lesão grave da pele ou do tecido. As áreas a serem evitadas ao estímulo doloroso incluem a pele dos mamilos e a área genital. Em vez de se aplicar dor nestas regiões, aplicar dor no externo, no trapézio, crista supra- órbita (cuidando para não lesar o olho). B) INTERPRETAÇÃO DA ESCALA DE COMA DE GLASGOW É uma escala cujos critérios são de base fisiológica. Os indicadores são avaliados independentemente e o escore final reflete o estado funcional do encéfalo. Esse sistema de nota, pontuação foi designado como um guia para rápida avaliação do paciente com enfermidade aguda ou lesão grave, cujo estado pode se alterar rapidamente. Não é útil como guia para avaliação de pacientes em comas prolongados ou durante recuperação prolongada de lesão encefálica grave (Koizumi, 1996, Hohl, 2003) 1) 11 a 15 pontos (escore) Reflete um indivíduo neurofisiológico normal no que se refere ao nível de consciência. Os escores máximos em cada índice demonstram que o paciente está com sua perceptividade e reatividade normal. Geralmente estes pacientes saem-se bem. O paciente encontra-se completamente alerta, desperto e orientado, mantendo um bom grau de relacionamento com o meio externo (percepção) e o tronco cerebral é quem controla a consciência. 2) + ou – que 7/8 pontos À medida que os escores vão diminuindo, verifica-se que há uma queda na perceptividade e/ou reatividade do paciente. Escore menor de 7/8 é comumente aceito como ponto crítico das alterações dos mecanismos nervosos adquiridos. Geralmente o prognóstico é fraco, pode se prever uma recuperação funcional insatisfatória. Indica lesão cerebral significativa e possível necessidade de proteção da via área (coma). 3) 03 pontos É a menor pontuação possível. Indica nenhuma resposta do paciente para qualquer estímulo empregado. Encontra-se apercebido e arreativo. Indica morte cerebral. Ou morte encefálica. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 47 4) ESCALA DE COMA DE GLASGOW. ABERTURA DOS OLHOS ESPONTÂNEA COM ESTIMULO VERBAL COM ESTIMULO DOLOROSO NENHUMA RESPOSTA NÃO TESTÁVEL 4 3 2 1 NT RESPOSTA VERBAL ORIENTADO CONFUSO PALAVRAS IMPRÓPRIAS SONS INCOMPREENSÍVEIS NENHUMA RESPOSTA NÃO TESTÁVEL 5 4 3 2 1 NT RESPOSTA MOTORA OBEDECE A COMANDOS LOCALIZA E RETIRA ESTÍMULO LOCALIZA O ESTÍMULO RESPONDE COM FLEXÃO(decorticação) RESPONDE COM EXTENÇÃO(descerebração) NENHUMA RESPOSTA NÃO TESTÁVEL 6 5 4 3 2 1 NT C) ALTERAÇÕES NO NÍVEL DE CONSCIÊNCIA As alterações do nível da consciência variam desde o alerta total ao coma profundo. Na prática clínica, é útil classificar em subcategorias pacientes com alterações da consciência de acordo com o estágio em que se encontra. Devido a muita confusão em torno dos termos usados para definir os estados de inconsciência, é importante registrar as respostas do paciente aos vários estímulos (GALLO, 1997). 1) ALERTA/CONSCIENTE: representa o estado normal, orientado, obedecendo aos comandos verbais por mais simples que seja. 2) VIGÍLIA/CONFUSO: pode dormir mais que o habitual ou estar um pouco confuso ao despertar pela primeira vez, mas totalmente orientado quando desperto. É definida como a incapacidade de se manter uma linha de pensamento ou de ação coerentes. O substrato neurológico da confusão é a desatenção. Atenção é a capacidade de um indivíduo escolher e classificar os vários estímulos sensoriais e as possíveis respostas motoras, de tal forma que um pensamento ou uma ação possam ser completados de maneira coerente. 3) SONOLÊNCIA/LETÁRGICO/OBNUBILADO: sonolento, mas obedece a comandos simples quando estimulado. Caracterizam-se pelo pronto despertar, capacidade de resposta verbal, movimentos em resposta a estímulos dolorosos na ausência de hemiparesia ou afasia. Definem o comportamento do paciente que se mostra inativo, sonolento, indiferente, mas que é capaz de responder a estímulos, embora atrasada e incompleta. 4)TORPOROSO/ESTUPOR: muito difícil de despertar; pode obedecer inconscientemente a comandos simples ou fala palavras isoladas ou frases curtas. Caracteriza-se pelo despertar incompleto a estímulos dolorosos. A resposta aos comandos verbais é inconsciente e vaga. Não se obtém resposta verbal ou gemido. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 48 Todavia, as respostas motoras ainda são adequadas. 5) SEMI-COMATOSO/COMA SUPERFICIAL: os movimentos são intencionais quando estimulados. Não há resposta ás tentativas de despertar. Há preservação dos reflexos córneo-palpebral. 6) COMA PROFUNDO/ COMATOSO: pode responder á postura reflexiva quando estimulado ou pode não responder a qualquer estímulo. Estão abolidos os reflexos córneo-palpebral. 7) COMA IRREVERSSÍVEL: ausência de resposta a quaisquer estímulos, inclusive os labirínticos. Distúrbio neuro-vegetativo grave. 9.2) MOVIMENTO, FORÇA E COORDENAÇÃO A fraqueza muscular é um sinal básico de disfunção em vários distúrbios neurológicos. O Enfermeiro pode testar a força dos membros através do oferecimento de resistência a vários grupos musculares, através do uso dos músculos do próprio Enfermeiro ou da gravidade. A observação de fraqueza em qualquer destes membros pode indicar lesão das vias dos neurônios motores do sistema piramidal, que transmitem comandos para movimentos voluntários (GALLO, 1997). A hemiparesia (fraqueza) e a hemiplegia (paralisia) constituem a disfunção unilateral que resulta de uma lesão contralateral do trato corticoespinhal. A paraplegia pode resultar de disfunções bilaterais da medula espinhal ou dos nervos periféricos. A quadriplegia está associada a lesões bilaterais da medula espinhal, dinfução do tronco encefálico e grandes lesões bilaterais no cérebro. 9.3) ESCALA DE GRADUAÇÃO PARA FORÇA MUSCULAR 0 = ausência de contração muscular 1 = tremor ou vestígio de contração 2 = movimenta, mas não pode superar a gravidade 3 = movimenta contra agravidade, mas não pode superar a resistência dos músculos do examinador 4 = movimenta com alguma fraqueza contra a resistência dos músculos do examinador 5 = energia e força normal O Enfermeiro também deve estar atento para a presença de movimentos involuntários, desde fasciculação leve até movimentos em golpe, violento de um membro. 9.4) TIPOS DE MOVIMENTOS INVOLUNTÁRIOS TREMOR: É movimento sem propósito REPOUSO: Lesão nos gânglios da base INTENÇÃO: Lesão no cerebelo ASTERIXIS: Distúrbio metabólico FISIOLÓGICO: Devido fadiga ou estresse FASCICULAÇÃO: É a contração dos músculos em repouso; devido à lesão do nervo periférico ou da medula espinhal ou influências metabólicas como frio ou agentes anestésicos. CLÔNUS: Movimento repetitivo, produzido com reflexo de estiramento e implica lesão APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 49 dos tratos corticospinhais. MIOCLÔNUS: Movimento não rítmico, movimentos isolados semelhantes a espasmos, simétricos, de etiologia desconhecida. HEMIBALISMO: Movimento em golpes do membro, movimento violento, não presente durante o sono, lesão nos gânglios da base. CORÉIA: Movimentos irregulares, envolve os membros e os músculos da face, movimentos assimétricos em repouso, estes podem aumentar quando forem testados movimentos intencionais. ATETOSE: Movimento de escrita lento. O cerebelo é responsável por sincronização suave, equilíbrio e ordenação dos movimentos. Não inicia quaisquer movimentos; portanto, um paciente com disfunção cerebelar não apresenta paralisia. Em vez disso, ataxia, dismetria e ausência de sincronização de movimentos são manifestações comuns. Alguns testes mais comuns para sincronização cerebelar do movimento com equilíbrio incluem os seguintes: - TESTE DE ROMBERG: solicita-se que o paciente fique em pé com os pés juntos, primeiro com os olhos abertos, depois fechados. Observe se há oscilação ou direção da queda e esteja preparado para segurar o paciente se necessário. - TESTE DEDO-NARIZ: solicita-se ao paciente que toque com um dedo o dedo do examinador, e depois o próprio nariz. Se ultrapassar ou não chegar á marca é denominado dismetria. Ambos os lados são testados individualmente. A resposta motora na pessoa comatosa pode ser apropriada, inapropriada ou ausente. Resposta apropriada, como a localização ou retirada, significam que as vias sensoriais e as vias corticoespinhais estão funcionando. Pode haver hemiplegia, indicando que as vias corticoespinhais estão interrompidas de um lado. As respostas inapropriadas incluem rigidez em DECORTICAÇÃO e rigidez em DESCEREBRAÇÃO. - DECORTICAÇÃO - resulta de lesão da cápsula interna, gânglios da base, tálamo ou hemisfério cerebral, que interrompem as vias corticoespinhais. É caracterizado por flexão dos braços, punhos e dedos, por adução dos membros superiores, e extensão, rotação interna e flexão plantar dos membros inferiores. - DESCEREBRAÇÃO - consiste em extensão, adução e hiperpronação dos membros superiores e extensão dos membros inferiores, com flexão plantar dos pés. Sendo que muitas vezes o paciente está em opistótono, com dentes cerrados. A lesão localizada no mesencéfalo e na ponte causa os reflexos de descerebração. A região chamada de Tronco Encefálico é formada pelo mesencéfalo, ponte e bulbo (como ilustrado na figura). Portanto AVC de tronco é uma lesão na área do bulbo, ponte e mesencéfalo. 9.5) REFLEXOS Para Gallo (1997), um reflexo ocorre quando um estímulo sensorial desperta uma resposta motora. Não são necessários controle cerebral e consciência para que ocorra um reflexo. Os reflexos superficiais e profundos são testados em lados APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 50 simétricos do corpo e comparados por preferência com a força de contração produzida. Os reflexos são classificados em normais, anormais (patológico) e ausentes. Um exemplo é o reflexo plantar. O estímulo sensorial é aplicado golpeando-se bruscamente a borda externa da planta do pé e seguindo-se arrastando em direção aos dedos com um objeto rombo como um abaixador de língua ou uma chave. A resposta motora normal (positivo) é a flexão inferior ou plantar dos dedos. Uma resposta anormal (negativo) é o sinal de Babinski, que é a dorsoflexão do hálux, com ou sem afastamento dos outros dedos. 9.6) ALTERAÇÕES PUPILARES É um dos parâmetros mais úteis para a distinção das causas metabólicas e estruturais, podendo, inclusive, auxiliar na localização anatômica de uma disfunção cerebral. O tronco cerebral também controla as pupilas. O seu tamanho e a sua reatividade à luz detectam o comprometimento de determinadas estruturas nervosas. As alterações pupilares mostram deterioração do estado neurológico e localizam a sede da lesão. Quando avaliamos as pupilas, devemos avaliar: o tipo de pupila, o diâmetro das pupilas (tamanho) e a foto reação pupilar. Tamanho das pupilas em um adulto normal sem luz direta varia de 3-4 mm. Quando ao examinarmos uma pupila e ela se apresentar entre 1-2 mm, diremos que é miose. Quando nos deparamos com pupilas 8-9 mm, dizemos que é midríase máxima. As pupilas médias variam de 4-5 mm. Pupilas puntiformes seu diâmetro é menor de 1 mm. Alguns fatores podem influenciar no tamanho pupilar, nos pacientes criticamente doentes ou comatosos que são: - Pupilas pequenas, simétricas, foto-reativas: é devido a um coma metabólico ou causado por drogas sedativas. Gallo (1997) descreve que as pupilas reativas indicam mesencéfalo intacto. Pupilas reativas em pacientes inconsciente, com ausência dos movimentos extraoculares e reflexo corneopalpebral, são sugestivos de alterações metabólicas (ex: hipoglicemias ou ingestão de drogas barbitúricas). - Pupilas fixas, dilatadas unilateral (anisocoria) ou midríase unilateral, paralítica: representa paralisia do III nervo craniano e herniação do lobo temporal devido à compressão do nervo contra a artéria cerebral posterior. Outros componentes de disfunção do terceiro nervo (é a ptose palpebral a abdução do globo ocular como resultado da paresia do músculo reto interno) podem ocorrer concomitantemente a ou seguir-se a dilatação pupilar. Lesões mesencefálicas por compressão ou lesão direta em geral não se expressam por midriase paralítica. - Pupilas fixas, na posição média (pupilas médio-fixas), não foto-reativas: sugerem patologias de mesencéfalo (afecção do tronco cerebral). - Pupilas puntiformes, não foto reativas ou reagem minimamente: significam lesão pontina (distúrbio estrutural) tais como infarto ou hemorragia na ponte. - Pupilas midriáticas: sem resposta á estímulo doloroso no pescoço (reflexo cilioespinhal) indica integridade da porção caudal do tronco cerebral. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 51 “AS ALTERAÇÕES NO TAMANHO DAS PUPILAS E NA REAÇÃO À LUZ PODEM INDICAR UM AUMENTO PERIGOSO NA PRESSÃO INTRACRANIANA. PORTANTO, EXAME PUPILAR É EXTREMAMENTE IMPORTANTE EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA.” FOTO 1) PUPILA ISOCÓRICA E FOTORREAGENTE PUPILA NORMAL. 3-4MM FOTO 2) PUPILA MIÓTICA POR SEDATIVO PUPILA COM 1-2 mm FOTO 3) PUPILA ANISOCÓRICA E>D. POR TCE APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 52 FOTO 4) PUPILAS MÉDIO-FIXAS. DIÂMETRO 4-5 mm. DISFUNÇÃO MESENCEFÁLICA. FOTO 5) PUPILAS MIDRIÁTICA, MIDRÍASE PARALÍTICA. DIÂMETRO DE 8-9 mm LESÃO ENCEFÁLICA IRREVERSÍVEL. “É DE RESPONSABILIDADE DO ENFERMEIRO DETECTAR AS ALTERAÇÕES PUPILARES, PARA UMA MELHOR CONDUTA”. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 53 9.7) SINAISVITAIS Os sinais clássicos de aumento da pressão intracraniana incluem uma pressão sistólica elevada em conjunto com pulso forte e lento, e irregularidades respiratórias. Após um tratamento de emergência (ajuste do ventilador, drogas), os sinais vitais devem ser determinados imediatamente e acompanhados com freqüência de 1/1 horas e após 2/2 horas. Devemos lembrar que os sinais vitais são apenas sinais, e não são infalíveis na determinação do estado neurológico (GALLO, 1997). 9.8) PADRÃO RESPIRATÓRIO A respiração é um ato integrado pelas influências nervosas que se originam de diferentes níveis encefálicos (KOIZUMI, 1990). A interpretação do padrão respiratório ajuda a localização e, em casos, a determinar a natureza do processo. Distinguem se a alteração neurológica do paciente é devido à lesão hemisférica cerebral, lesão do tronco cerebral (AVC, TU, TCE, infecções ou doenças degenerativas) ou de causa metabólica (hipoglicemias, ingestão de drogas). Devemos avaliar: - Freqüência respiratória; - Ritmo respiratório; - Amplitude dos movimentos respiratórios; - Expansão. 9.9) PARÂMETROS RESPIRATÓRIOS MAIS COMUM NA UTI: A) RESPIRAÇÃO DE CHEYNE-STOKES: caracteriza-se por hiperventilação regularmente alternada com apnéia. O período de hiperventilação é freqüentemente mais longo que o de apnéia e se traduz nem ritmo crescente até um pico, decrescendo em seguida até ausência da respiração. A seguir a respiração reassume o ritmo e gradualmente chega à hiperventilação. Este ritmo respiratório não indica o local da lesão, mas tende a evidenciar uma disfunção transtentorial grave e raramente uma disfunção do mesencéfalo ou porção superior da ponte. Pode também ser um sinal precursor da herniação transtentorial devido à hipertensão intracraniana ou edema cerebral intenso. O paciente apresenta-se aperceptivo, porém reativo. Pode apresentar-se em postura de descerebração ou decorticação. B) HIPERPNÉIA/HIPERVENTILAÇÃO NEUROGÊNICA CENTRAL: caracteriza-se pelo aumento da freqüência respiratória (maior de 25mrpm) e da amplitude da respiração (profunda), sem, contudo haver distúrbio do ritmo. O aumento da regularidade do ritmo respiratório é fator de mau prognóstico e está relacionado ao aprofundamento do coma. Este padrão respiratório é observado na disfunção do tronco encefálico, entre o mesencéfalo e o terço médio da ponte. Está também associado com alteração do nível de consciência em grau de intensidade variável e também no coma vigil. D) RESPIRAÇÃO APNÊUSTICA: há pausa inspiratória prolongadas, alternadas com expiratórias também prolongadas. Estas pausas duram de dois a três segundos podem ter igual duração, porém a pausa inspiratória é mais prolongada. Acredita- se a sede da lesão seja a ponte. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 54 D) RESPIRAÇÃO ATÁXICA OU AGÔNICA (RESPIRAÇÃO DE BIOT): consiste em um padrão respiratório completamente irregular, com respirações profundas e superficiais ocorrendo ao acaso, intercaladas de pausas de duração variada. A freqüência respiratória pode diminuir até chegar à apnéia. Indicam lesão nos centros respiratórios bulbares. 9.10) OUTRAS OBSERVAÇÕES A) SINAL DE BATAN: é uma equimose sobre a área do mastóide, que sugere fratura de base do crânio (Gallo, 1997). B) OLHO DE RACCOON/GUAXIMIN: edema e equimose periorbital que sugere fratura frontobasilar. C) RINORRÉIA: drenagem de LCE do nariz sugere fratura da lâmina crivosa com herniação de um fragmento da dura e aracnóide através da fratura. D) OTORRÉIA: drenagem de LCE do ouvido geralmente está associada à fratura da porção petrosa do osso temporal. E) IRRITAÇÃO MENÍNGEA: pode ser detectada pela rigidez de nuca em conjunto com febre, cefaléia e fotofobia. E também muitas vezes sinal de Kernig positivo (dor no pescoço quando a coxa é fletida sobre o abdomem e a extensão a partir do joelho). TRAUMA: FRATURA BASE TRAUMA: SINAL DE BATAN CRANIO. OLHOS DE GUACHIMIN APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 55 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM UTI AO CLIENTE COM COMPROMETIMENTO NEUROLÓGICO APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 56 10) ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO (AVE ANTIGO AVC) É uma perda abrupta da função cerebral, tem um início súbito e dura mais de 24 horas, pode ser resultante de uma DVC; Resultante da interrupção do fluxo sangüíneo cerebral; Existe AVE – H, que é resultante de doença vascular hipertensiva; Existe AVE – I, que é resultado trombos que ocluem a luz do vaso; A) FISIOPATOLOGIA Quando o fluxo sangüíneo para qualquer parte do encéfalo é impedido em virtude de um trombo, começa a privação de oxigênio no tecido cerebral. Privação de oxigênio por um minuto pode levar a sintomas reversíveis, como perda da consciência. Acima de um minuto leva a necrose dos neurônios. Isto chama-se de infarto cerebral. O AVE devido a êmbolos pode ser uma conseqüência de coágulos sangüíneos, fragmentos de placas de ateromas ou ar. Já se for AVE Hemorrágico, a hipertensão é um fator precipitante. Anormalidades vasculares como MAV e aneurisma. B) ETIOLOGIA - Arterioesclerose; - Mav; - Vasoespasmos; - Embolias; - Trombose; - Aneurisma. C) FATORES DE RISCO - Hipertensão arterial; - Sedentarismo; - Obesidade; - Diabete Melitus; - Idade avançada; - Tabagismo; - Doença cardíaca. D) CAUSAS DE AVE Trombose cerebral (formação de um coágulo sangüíneo na luz de um vaso cerebral); Embolia cerebral (quando um coágulo de sangue é carregado até o cérebro pela corrente sangüínea, proveniente de outra parte do corpo); Isquemia cerebral (redução do aporte de sangue para uma determinada área do encéfalo); Hemorragia cerebral (rotura de um vaso sangüíneo cerebral). E) FATORES DE RISCO E PREVENÇÃO DO AVE APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 57 Controle rigoroso da pressão; Cardiopatias (reumática, distúrbios do ritmo – FA, ICC,); Controle do volume globular (VG) – aumentam risco de infarto cerebral; Controle do diabetes – acelera a aterogênese; Anticoncepcional – risco maior; Drogas – uso pelo adolescente; Controle de colesterol. F) MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Déficit motor – hemiplegia e a hemiparesia; Déficit de comunicação – pode se manifestar da seguinte forma: Disartria (dificuldade na pronúncia); Disfasia ou afasia (perda da fala); apraxia (incapacidade de levar um gesto ou ação); Distúrbio da percepção – capacidade de interpretar sensações, hemianopsia homônica (perda da metade do campo visual); Comprometimento da atividade mental e psicológica – lesão no lobo frontal, dificuldade em aprender. Disfunção vesical – incontinência urinária transitória, devido a confusão mental. 10.1) ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO ISQUÊMICO Quando o fluxo sangüíneo para qualquer parte do encéfalo é impedido em virtude de um trombo ou êmbolo, começa a privação de oxigênio no tecido cerebral. Se os neurônios estão apenas isquêmicos ainda não necrosaram existe a possibilidade de voltar ás funções normais. O AVE embólico pode ser conseqüência de coágulos sangüíneos, fragmentos de placas ateromatosas ou ar. Originam-se mais freqüentemente no coração, secundários ao IAM ou Fibrilação Atrial. Após a isquemia pode haver edema e herniação com piora do quadro clínico até morte. (GALLO, 1997). Os AVEs trombóticos são o tipo mais comum, sendo responsável por 40% de todas as doenças isquêmicas (geralmentese deve a estenose ou lesões ateroscleróticas). As embolias podem causar 30% de todos os AVEs isquêmicos. Sintomas são: déficit de comunicação, confusão mental, vertigens, cefaléias. 10.2) ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO HEMORRÁGICO Se a Hemorragia for à etiologia de um AVE, a hipertensão freqüentemente é um fator precipitante. Anormalidades vasculares como Má Formação Arteriovenosa e Aneurismas cerebrais são mais propensos a rupturas e causam hemorragia na presença de hipertensão. A Hemorragia cerebral é responsável por apenas 10% de todos os AVEs, porém são muito mais catastróficas. A instalação tipicamente súbita, embora o sangramento pode continuar, pode progredir por horas (SILVA, 2002). A chave para a diferença clínica é: cefaléia intensa, náuseas, vômitos, diminuição do nível de consciência. Locais mais comuns da Hemorragia Cerebral: Extradural, subdural, subaracnóidea, intracerebral. A) SINTOMATOLOGIA: APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 58 - É de início agudo; - Forte cefaléia; - Febre; - Convulsões; - Inconsciência; - Respiração é ruidosa e difícil; - Hipertensão seguida de hipotensão; - Taquicardia após bradicardia. B) PROGNÓSTICO Índice muito alto de mortalidade. C) TRATAMENTO A maioria dos pacientes em fase aguda são admitidos nos hospitais em coma. Estes pacientes tem muitas vezes como causa da morte complicações clínicas como, pneumonia aspirativa, história de trombose e embolia pulmonar por imobilidade. D) COMPROMENTIMENTO NOS AVEs - Déficit motor; - Déficit de comunicação; - Distúrbio de percepção (hemianopsia); - Disfunção vesical; - Comprometimento da atividade mental e efeitos psicológicos; - Disartia; - Disfagia; - Disfunção sensitiva; - Diplopia; - Hemiplegia; - Ataxia. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 59 10.3) ANEURISMA (CLIPAGEM DE ANEURISMA) É uma dilatação sacular, redonda, da parede arterial que se desenvolve em virtude de fraqueza da parede. Surge preocupação se a saliência na parede do vaso se romper ou tornar-se suficientemente grande para exercer pressão sobre as estruturas encefálicas circundantes. Entre 20% a 40% das vítimas morrem no momento do sangramento inicial de seus aneurismas. E a sua recidiva de sangramento é a principal causa de morte. (Gallo, 1997). A) FISIOPATOLOGIA DOS ANEURISMAS Os vasos arteriais são compostos de três camadas: o revestimento endotelial, o músculo liso e o tecido conjuntivo. Um defeito da camada de músculo liso permite ao revestimento endotelial salientar-se através dela criando um aneurisma (Gallo, 1997). Alguns aneurismas são denominados “aneurisma em framboesa” por ter semelhança á fruta, possuindo uma haste e um colo. Os aneurismas saculares não possuem um colo, mas assemelha-se ao abaulamento do vaso. A maioria dos aneurismas originam-se de artérias maiores ao redor da seção anterior do círculo de Willis. O local de ocorrência mais freqüente é a junção da artéria comunicante posterior com a artéria carótida interna. Como os vasos formadores de aneurismas geralmente situam-se no espaço entre a aracnóide e o encéfalo, a hemorragia de um aneurisma ocorre no espaço subaracnóide. Algumas vezes a força do vaso que se rompe pode ser tão grande que empurra o sangue através da pia-mater para a substância encefálica, causando uma hemorragia intracerebral, ou através da aracnóide para o espaço subdural, provocando uma hemorragia subdural (Gallo, 1997). B) MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Vários aneurismas são silenciosos e nunca causam um problema, mas podem ser descobertos ao exame post mortem. Antes que um aneurisma sangre ou rompa-se, cerca da metade dos pacientes apresentará alguns sinais de aviso. Estes podem incluir cefaléias, letargia, dor no pescoço, um “ruído na cabeça” (sopro) e disfunção do nervo craniano óptico, oculomotor ou trigêmeo (Gallo, 1997). Após o sangramento ou ruptura de um aneurisma, o paciente geralmente se queixa de uma cefaléia explosiva. Ocorrendo diminuição do nível de consciência, disfunção do nervo craniano, distúrbios visuais, hemiparesia ou hemiplegia, freqüentemente vômitos. Aumento da pressão intracraniana. A quantidade de sangue que se perde através de um aneurisma geralmente é muito pequena devido à acentuada vasoconstrição na área do aneurisma. Este vasoespasmo pode ajudar a interromper o sangramento, mas também pode causar isquemia de partes do encéfalo, resultando em déficits neurológicos localizados. Quando o sangramento irrita o tronco cerebral, causa atividade anormal nos centros do sistema nervoso autônomo, freqüentemente causando arritmia cardíaca e hipertensão e hidrocefalia quando o sangue fica alojado no espaço subaracnóide. C) ESTUDO DIAGNÓSTICO APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 60 Geralmente é feito com base na anamnese, exame físico, punção lombar, arteriografia cerebral e tomografia cerebral. O Doppler Transcraniano pode ser útil para diagnosticar e tratar o vasoespasmo. D) TRATAMENTO É cirúrgico. E) COMPLICAÇÕES Vasoespasmo, hidrocefalia, arritmias, aumento da pressão intracraniana. # PESQUISA: O QUE É UM VASOESPASMO, PORQUE OCORRE, QUAIS OS CUIDADOS DE ENFERMAGEM COM PACIENTE COM VASOESPASMO. # O QUE É DIABETES INSÍPIDUS, COMO OCORRE, CUIDADOS DE ENFERMAGEM. 10.4) ILUSTRAÇÃO DE ANEURISMA NA ARTERIOGRAFIA (FONTE RETIRADO DE MATERIAL DO DR. AGUIAR. NEURCIRURGIÃO HUC – POS EM UTI PUC-PR) APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 61 10.5) ILUSTRAÇÃO DE ANEURISAMA NA TAC CRANEO E ARTERIOGRAFIA. 10.6) ILUSTRAÇÃO DE ANEURISMA DE ARTÉRIA COMUNICANTE POSTERIOR APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 62 10.7) SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NOS AVEs DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM DEFINIÇÃO PRESCRIÇÃO DE ENFERMAGEM JUSTIFICATIVA -PADRÃO RESPIRATÓRIO INEFICAZ. -TROCA GASOSA PREJUDICADA. -INCAPACIDADE PARA MANTER RESPIRAÇÃO ESPONTÂNEA. -DESOBSTRUÇÃO INEFICAZ DAS VIAS AÉREAS. Estado em que o indivíduo apresenta um padrão de inspiração e expiração que não proporciona um enchimento ou esvaziamento adequado dos pulmões. Está relacionado com a troca gasosa inadequada, secreções aumentadas, redução da capacidade de oxigenar adequadamente, medo e exaustão. 1) Manter cabeceira elevada 45°. MTN. 2) Manter oxigênio contínuo sob névoa úmida 10l/m. MTN. 3) Atentar para padrão respiratório (esforço, uso de musculatura acessória). MTN. 4) Realizar ausculta pulmonar (Enfermeiro). MTN. 5) Atentar para FR e SPO2. MTN. 6) Anotar nível de consciência. MTN 7)Realizar aspiração das VAS com sonda n° 12. 6/6 horas. 8)Realizar aspiração do TOT ou Traqueostomia, com SF 0,9% -10ML. 2/2 horas. 9) Atentar para diâmetro pupilar. MTN O O2 diminui o trabalho respiratório, aumenta o conforto respiratório e bem estar do paciente. A oxigenação adequada fornece uma boa perfusão tissular. Manter a cabeceira elevada favorece a diurese através de uma melhora da perfusão renal, o retorno venoso ao coração (pré-carga) e aos pulmões é reduzido a congestão pulmonar é avaliada e a pressão do fígado sobre o diafragma é atenuado. -RISCO PARA DÉBITO CARDÍACO DIMINUIDO. -ALTERAÇÃO NA PERFUSSÃO TISSULAR (CEREBRAL, GASTROINTESTINAL, RENAL, PERIFÉRICA). -RISCO PARA DISFUNÇÃO NEUROVASCULAR PERIFÉRICA. É a necessidade do organismo de transportare distribuir nutrientes vitais através do sangue pra os tecidos e remover substâncias desnecessárias, com o objetivo de manter a homeostase dos líquidos corporais e a sobrevivência do organismo (Guyton e Hall, 2000). 1) Realizar ausculta cardíaca (enfermeiro). MTN. 2) Apoiar os MMSS com travesseiros. MTN 3) Anotar grau de edema. MTN 4) Realizar controle rigoroso da PVC. MTN 5) Atentar para cianose de extremidades. MTN Apoiar os braços com os travesseiros expande a caixa torácica, proporciona maior entrada de oxigênio, facilitando as trocas gasosas. O edema ocorre devido a retenção de líquidos pelos rins. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 63 -DEGLUTIÇÃO PREJUDICADA. ALTERAÇÃO NA NUTRIÇÃO. -DÉFICIT NO AUTO CUIDADO PARA ALIMENTAÇÃO. Estado em que o indivíduo tem dificuldade para passagem voluntária de nutrientes líquidos ou sólidos da boca para o estômago. 1) Realizar passagem de SNG. MTN 2) Realizar passagem de SNE para alimentação. M 3)Atentar para quantidade, aspecto da estase gástrica. MTN. 4) Manter infusão de dieta pela SNE rigorosamente. MTN -ALTERAÇÃO NA ELIMINAÇÃO URINÁRIA E INTESTINAL. É a necessidade do organismo de eliminar substâncias indesejáveis ou presentes em quantidades excessivas com o objetivo de manter a homeostase corporal. 1) Anotar quantidade, aspecto e odor da diurese, 2/2 horas. 2) Realizar controle rigoroso do balaço hídrico, 2/2 horas. 3) Comunicar se balaço hídrico positivo, se débito urinário abaixo de 200ml 24 horas. MTN 4) Atentar e comunicar mensuração da PVC. MTN A diurese satisfatória é aquela em que o sistema renal consegue depurar, 50 a 100 ml/h. a diurese apropriada serve para fornecer uma boa perfusão tissular. A diurese eficaz reduz a hemodiluição assim promovendo uma maior capacidade de transporte de oxigênio para o sistema vascular. -INTEGRIDADE DA PELE PREJUDICADA. -INTEGRIDADE TISSULAR PREJUDICADA. -MOBILIDADE FÍSICA PREJUDICADA. Estado em que o indivíduo experimenta uma restrição ou perda da capacidade para realizar movimentos físicos intencionais. Pode ser temporário ou permanente. É a necessidade do organismo manter as características de elasticidade, sensibilidade, vascularização, umidade e coloração do tecido epitelial, subcutâneo e mucoso com o objetivo de proteger o corpo. 1)Realizar mudança de decúbito de 2/2 horas. M-T-N. 2)Atentar para áreas de hiperemia. M-T-N. 3)Realizar massagem e hidratação corporal com óleo mineral (se T < 37.5°). M-T-N Mudança de decúbito facilita a diurese, através do aumento da perfusão renal. Diminui a pressão sobre as proeminências ósseas, promovendo irrigação vascular, melhora da oxigenação tecidual, diminuindo a isquemia e ulcera por pressão. Promove movimentação das secreções pulmonares para áreas de maior calibre, favorecendo troca gasosa. -DÉFICIT NO AUTO- Estado em que o Realizar banho no O banho favorece a APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 64 CUIDADO BANHO E HIGIENE indivíduo experimenta uma capacidade prejudicada ou incapacidade para realizar ou completar por si mesmo atividades de aplicar água, ensaboar, esfregar e secar o próprio corpo. leito. M Realizar Higiene oral com creme dental e cepacol 3x dia. 08/14/22. remoção da flora bacteriana exógena, meio de proporcionar conforto, relaxamento da musculatura e também serve para inspecionar a pele do paciente. A HO, além de remover a sujidade da cavidade oral, a halitose e a sialorréia, ela hidrata a mucosa interna, e ativa a salivação. -ALTERAÇÃO NO PROCESSO DO PENSAMENTO. -MEMÓRIA PREJUDICADA. CONFUSÃO AGUDA. -CAPACIDADE ADAPTATIVA INTRACRANIANA REDUZIDA. DESCREVA PRESCREVA JUSTIFIQUE APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 65 PROBLEMAS RESPIRATÓRIOS COMUNS EM UTI APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 66 11) PROBLEMAS RESPIRATÓRIOS COMUNS EM UTI 11.1) PRINCIPAIS MANIFESTAÇÕES DA DOENÇA BRONCOPULMONAR Quando estudamos o sistema respiratório devemos sempre em mente a fisiologia respiratória e saber que a TOSSE: é o mecanismo de defesa utilizado para desimpedir vias aéreas. A tosse pode ser produtiva (quer dizer quando há eliminação de secreção pela expectoração ou quando se percebe a presença de secreções não expectoradoras); existe também a tosse improdutiva ou não-produtiva (é seca, sem eliminação de secreção. Pode ser intensa, repetida e incontrolável). As secreções pulmonares possuem características próprias: clara ou mucóide (é típica de infecções virais, bronquite crônica); secreção espessa amarelada ou esverdeada (corresponde a infecções bacterianas); as secreções ferruginosas (pode indicar pneumonia bacteriana, em pacientes sem antibioticoterapia); as fétidas (provém de abscesso pulmonar, infecção por anaeróbios); as secreções rósea e espumosa (edema agudo de pulmão) e também existe a hemoptise (escarro com sangue). É de competência do Enfermeiro realizar ausculta pulmonar, dentro dos parâmetros existe os murmúrios broncovesiculares que são os sons normais e os ruídos adventícios que são os sons anormais. O ruído da respiração normal sobre a parede torácica é gerado pela velocidade pela qual o ar flui através das passagens superiores da árvore brônquica. Já que a inspiração é mais curta que a expiração, o ar flui com velocidade maior durante a inspiração. O ruído inspiratório é mais alto que o expiratório. Os ruídos se dividem em: A) RUÍDOS ADVENTÍCIOS - ESTERTORES CREPTANTES: presentes na inspiração, são percebidos como o crepitar de papel ou fricção do cabelo próximo da orelha, podem ser audíveis nas pneumonias, fibrose pulmonar e ICC; - BOLHOSOS: presente na expiração, significa secreção fluida na árvore bronquica. - RONCOS: ruídos com vibrações musicais descontínuas (tipo chiado) de grande duração. Significam obstrução nas vias aéreas. São audíveis tanto na inspiração quanto na expiração. Podem variar de altura, qualidade e intensidade; - ATRITO PLEURAL: se assemelha ao ruído de couro áspero, rangente, perceptível tanto na inspiração quanto na expiração e é induzido por inflamação das superfícies pleurais. - SIBILOS: é um som musical alto tanto na inspiração quanto na expiração, é normalmente ouvido em enfisema, asma. 11.2) SÍNDROME DA ANGÚSTIA RESPIRATÓRIA AGUDA (ADULTO) - SARA A) ALTERAÇÕES RESPIRATÓRIAS A síndrome foi inicialmente descrita em 1967 por Ashbauf e colaboradores como síndrome da angustia respiratória do adulto (sara), sendo uma forma grave de lesão pulmonar microvascular. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 67 B) DEFINIÇÃO Em 1992, uma conferencia de consenso internacional, reunindo entidades mundiais recomendou que se substituísse a expressão adulto por aguda. Também estipulou que lesão pulmonar aguda fosse definida como “uma síndrome de inflamação e aumento de permeabilidade associada a uma variedade de anormalidades clínicas, radiológicas e fisiológicas, que não podem ser explicadas, mas podem coexistir com hipertensão atrial esquerda ou hipertensão capilar pulmonar”. “SARA É UMA SÍNDROME DE INFLAMAÇÃO E AUMENTO DE PERMEABILIDADE ASSOCIADA A UMA VARIEDADE DE ANORMALIDADES CLÍNICAS, RADIOLÓGICASE FISIOLÓGICAS, QUE NÃO PODEM SER EXPLICADAS, MAS PODEM COEXISTIR COM HIPERTENSÃO ATRIAL ESQUERDA OU HIPERTENSÃO CAPILAR PULMONAR” A SARA é definida como a forma mais severa de lesão pulmonar aguda. É uma síndrome clinica caracterizada por uma diminuição progressiva no conteúdo arterial de oxigênio, que ocorre após uma lesão ou patologia grave. “A TAXA DE MORTALIDADE DESTA SINDROME ESTÁ ENTRE 50 E 60%. A TAXA DE SOBREVIDA PODE SER MELHORADA QUANDO A PATOLOGIA FOR DETERMINADA O MAIS PRECOCE POSSIVEL, BEM COMO A SUA CAUSA PRIMARIA”. C) FATORES QUE PODEM DESENCADEAR SARA Existe uma grande variedade de fatores associados ao desenvolvimento da sara: - Broncoaspiração; - Sufocação; - Ingestão ou overdose de drogas; - Distúrbios hematológicos; - Inalação prolongada de altas concentrações de oxigênio; - Nicotina e substancias corrosivas; - Infecção localizada; - Distúrbios metabólicos (pancreatite e uremia); - Choque; - Trauma direto e indireto; - TCE; - Doença vascular cerebral; - Cirurgias de grande porte; - Trombo Embolismo Pulmonar (TEP); - Sepse sistêmica; - Tumores; - Idiopática; D) QUADRO CLINICO: Habitualmente, transcorre de algumas horas até três dias entre o evento desencadeante e o inicio do quadro clinico, embora aproximadamente 80% dos pacientes desenvolvem o quadro dentro das primeiras 24 horas. O quadro clinico caracteriza-se pela presença de dispnéia APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 68 progressiva,taquipnéia, taquicardia, utilização de musculatura acessória (tiragem) e ocasionalmente cianose. A ausculta do tórax do paciente pode revelar estertores difusos, o paciente pode apresentar-se agitado, e confuso pela presença de hipóxia cerebral; Sinais relacionados a etiologia podem estar presentes, como febre, tosse, expectoração purulenta, hipertensão, ou hipotensão, dor localizada, edema ou anasarca, ortopneia... E) FISIOPATOLOGIA SARA: A SARA caracteriza-se por uma série de eventos patológicos seqüenciais e entrelaçados: dano alveolar difuso com alteração da permeabilidade endotelial seguida de fibrose alveolar e capilar. Esse processo de progressiva lesão endotelial alveolar leva à hipoxemia e inadequada troca de CO2 . A difusão também está afetada pela presença de fluidos intersticial; Um débito cardíaco aumentado também pode contribuir para a hipoxemia, diminuindo o tempo de trânsito da hemácia dentro do capilar alveolar e, portanto piorando a difusão; A presença de edema e de exsudato inflamatório dentro dos alvéolos, alem do fluido intersticial e da fibrose levam à diminuição da complacência pulmonar através da redução do surfactante; A mecânica pulmonar também evidencia aumento da resistência de vias aéreas conseqüente à hiper-reatividade brônquica por ação de diversos mediadores como: edema da parede interna das vias aéreas e exsudato dentro da luz. F) CRITÉRIOS DIAGNOSTICO: Sinais clínicos de insuficiência respiratória aguda; Rx de tórax com presença de infiltrados pulmonares bilaterais; G) TRATAMENTO: Definir e tratar a etiologia; - Fornecer a ventilação adequada; - Fornecer suporte circulatório; - Fornecer o controle hídrico adequado; - Fornecer suporte nutricional; - Fornecer terapêutica médica adequada; O diagnostico precoce, o tratamento da causa e a prevenção da infecção são fundamentais. Inicialmente, o paciente pode requerer apenas o2 suplementar, a mediada que a doença progride a entubação e a ventilação mecânica é essencial; Monitorização invasiva: realizada a partir da inserção de um cateter apropriado (cateter de Swan-ganz) no interior da artéria pulmonar, pode ser útil para garantir a manutenção de um débito cardíaco adequado. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 69 1) MONITORIZAÇÃO COM CATETER DE SWAN-GANZ APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 70 H) IMAGEM RADIOGRAFICA DO CATETER I) PROFILAXIA: O ideal na sara deve ser prevenir a sua ocorrência em pacientes de risco, evitando suas conseqüências. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 71 J) COMPLICAÇÕES: A taxa de mortalidade é alta em torno de 60% e 90% associada á sepsis. Se o paciente sobreviver à fase aguda, a infecção pulmonar secundária passa a constituir a causa mais freqüente de óbito, a intolerância a atividade física se mostra presente. K) CONSIDERAÇÕES Em resumo, a sara é um tipo de edema pulmonar não cardiogênico associado a vários distúrbios clínicos, resultando em lesão da membrana alveolocapilar, causando extravasamento de liquido para dentro dos espaços intersticiais alveolares e do leito capilar a identificação dos pacientes em risco, a detecção precoce e o tratamento são fundamentais para a perspectiva de vida do paciente. 11.3) INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA NA UTI: ANATOMIA E FISIOLOGIA DA INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA A) INTRODUÇÃO Seja qual for a patologia que leve o paciente à Unidade de Terapia Intensiva, ele estará sujeito à insuficiência no sistema respiratório. Isto se comprova pelo alto índice, nas utis como causa primaria ou secundária ao internamento. B) FISIOLOGIA RESPIRATÓRIA: RESPIRAÇÃO é a troca de oxigênio e dióxido de carbono entre a atmosfera e as células do organismo. Para que ocorra respiração, existem dois sistemas envolvidos: SISTEMA PULMONAR E O SISTEMA CARDIOVASCULAR. A Freqüência respiratória em um adulto normal, varia de 12 a 18rpm. Na atmosfera o ar ao nível do mar contém aproximadamente 20% de O2 e 0,04% de CO2. O principal mecanismo que regula o processo respiratório, consiste no centro respiratório que está localizado no bulbo raquidiano. Contém tanto o centro inspiratório quanto o expiratório. Fatores que interferem no mecanismo respiratório: - QUIMIORECEPTORES: são receptores químicos localizados no centro respiratório, aorta e seios carotídeos. São sensíveis as modificações da composição química do sangue e líquidos intersticial. - PRE-RECEPTORES: são estimulados quando ocorre uma descompensação na pressão arterial que estimula o seio carotídeo e depois o Centro Respiratório. - PROPRIOCEPTORES: estão localizados nos músculos e tendões das articulações móveis. Estes receptores são estimulados pelo movimento do corpo. O exercício ativo é estimulante para a respiração. C) COMANDOS DO CENTRO RESPIRATÓRIO APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 72 D) MECANISMO DA VENTILAÇÃO São os fatores físicos que orientam a entrada e a saída de ar nos pulmões. O ar flui de uma região de maior pressão para outra de menor pressão. A resistência é determinada principalmente pela luz da via aérea através da qual o ar flui. O gradiente de pressão entre a cavidade torácica e a atmosfera faz com que o ar flua para dentro e para fora dos pulmões. No inicio da fase inspiratória, a pressão intrapulmonar é menor que a pressão atmosférica – quando as pressões se equilibram, cessa a entrada de ar – é o fim da fase inspiratória. Na fase expiratória, a pressão intrapulmonar torna-se maior que a pressão atmosférica – a fase expiratória termina quando desaparece o gradiente de pressão entre o pulmão e a cavidade pleural; A complacência pulmonar está sujeita as variáveis como postura, distensão abdominal, imobilização do diafragma, obesidade e ainda doenças crônicas e infecções aguda. A POSTURA TEM GRANDE INFLUÊNCIA SOBRE A COMPLACÊNCIA DA PAREDE TORÁCICA, SENDO 30% MAIOR NO INDIVÍDUO SENTADO EM RELAÇÃO À POSIÇÃO DE DEITADO. E) AS CONDIÇÕESQUE PROVOCAM A BAIXA COMPLACÊNCIA PROVOCAM UM AUMENTO DO ESFORÇO RESPIRATÓRIO. 1) SURFACTANTE APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 73 O surfactante pulmonar é produzido por células epiteliais alveolares chamadas de pneumócitos granulares do tipo II, que se localizam nos alvéolos, e é estimulada por mecanismos ß-adrenérgicos. Os fosfolipídeos são os principais componentes do surfactante, sendo os principais a fosfatidilcolina e a fosfatidilglicerol. A função do surfactante é diminuir a tensão superficial alveolar, aumentado á complacência pulmonar e diminuindo o trabalho inspiratório. Outra função do surfactante é manter os alvéolos secos, as forças de tensão superficial, além de tender a colabar o pulmão, também promovem uma sucção do líquido dos capilares para os espaços alveolares. F) MÚSCULOS RESPIRATÓRIOS Os músculos respiratórios são constituídos por fibras estriadas e apresentam as seguintes características: - Apresentam 55% de fibras estriadas do tipo I vermelhas (resistentes á fadiga) e 45% de fibras estriadas tipo II brancas (fatigáveis). - Os músculos respiratórios trabalham vencendo cargas elásticas, que são as forças de retração dos pulmões e caixa torácica e cargas resistivas das vias aéreas. - Os músculos respiratórios contraem-se de maneira rítmica, intermitente e durante toda a vida. 1) MÚSCULOS INSPIRATÓRIOS - DIAFRAGMA - Principal músculo inspiratório, com forma de cúpula voltada cranialmente, e separa a cavidade abdominal da cavidade torácica. O diafragma é inervado pelo nervo frênico, que sai das raízes de c3 a c5. Na inspiração de repouso o diafragma é responsável por 70% do volume inspirado. Outros músculos responsáveis pela inspiração como, músculos intercostais, escalenos, peitoral maior, peitoral menor, trapézio, serrátil anterior e o esternocleidomastoídeo. 2) MÚSCULOS EXPIRATÓRIOS Músculos abdominais - É composto pelo reto abdominal, oblíquo interno, oblíquo externo e transverso. G) DIFUSÃO E PERFUSÃO: - DIFUSÃO: É o processo pelo qual o O2 e o CO2 são permutados na interface ar – sangue, estes gazes atravessam a membrana alveolocapilar sem dificuldade, nos pulmões saudáveis. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 74 - PERFUSÃO: É o fluxo real de sangue através da circulação pulmonar. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 75 H) TRANSPORTE DE OXIGÊNIO: O O2 e o CO2 são transportados simultaneamente de duas maneiras: Primeiro como O2 fisicamente dissolvido no plasma e segundo em combinação hemoglobina das hemácias. Cada 100ml de sangue arterial transportam 0,3ml de oxigênio fisicamente dissolvido no plasma e 20ml ligados á hemoglobina. I) O QUE É INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA A insuficiência respiratória é um distúrbio funcional provocado por qualquer condição que afete a capacidade pulmonar de manter a oxigenação arterial ou a eliminação de dióxido de carbono. TIPOS: AGUDA: é a falência respiratória que surge no paciente cujos pulmões eram estrutural e funcionalmente normais, antes do inicio da crise. CRÔNICA: é a falência respiratória provocada por uma patologia pré-existente (cronicidade). Muitos fatores influenciam a troca gasosa adequada, incluindo a integridade dos sistemas respiratório e cardiovascular. A alteração em um destes sistemas pode desequilibrar a ventilação – perfusão e, por fim, causar uma troca gasosa inadequada. 12) EDEMA AGUDO DE PULMÃO Caracterizado pelo acúmulo súbito e anormal de líquido nos espaços extra- vasculares do pulmão. Na grande maioria das vezes é conseqüente à Insuficiência Cardíaca Esquerda. A elevação da pressão no AE e capilar pulmonar o principal fator responsável pela transudação de liquido para o interstício e Interior dos alvéolos. Interfere nas trocas gasosas Pulmonares com redução parcial de oxigênio no sangue arterial. 12.1) VARIÁVEIS FISIOLÓGICAS QUE INTERFEREM NO EDEMA AGUDO DE PULMÃO No pulmão existem quatro compartimentos interligados anatômica e fisiologicamente, que é o vascular (que contém as arteríolas, vênulas e capilares), o alveolar (que corresponde aos alvéolos). O interstício (situado entre os pequenos vasos pulmonares e os alvéolos), e o linfático (que contém os vasos linfáticos). São fundamentalmente quatro as variáveis que tomam parte neste processo: pressão capilar hidrostática, pressão oncótica, permeabilidade capilar e drenagem linfática. A) MECANISMOS FISIOPATOLÓGICOS Aumento pressão capilar hidrostática; Diminuição da pressão colodosmótica do plasma (pressão oncótica); Alteração da permeabilidade capilar; Comprometimento da drenagem linfática. B) PRESSÃO CAPILAR HIDROSTÁTICA Representa aquela pressão que a coluna líquida exerce no interior de um espaço vascular lateralmente, tendendo extravasar o conteúdo e esta tendência crescerá na razão direta do aumento desta pressão. No indivíduo normal a pressão capilar é de 07 APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 76 a 10 mmHg. Para que haja transferência de líquido para o espaço extra-vascular esta pressão precisa atingir valores em torno de 25 a 30 mmHg. (Assad. 1985). 12.2) DIMINUIÇÃO DA PRESSÃO COLOIDOSMÓTICA (PRESSÃO ONCÓTICA) Tende a manter o líquido no espaço vascular em oposição a pressão hidrostática capilar. Esta pressão é dada pela concentração de proteína plasmática. Seu valor normal é em torno de 28mmHg. É a resultante desta diferença que irá determinar o sentido que o fluido assumirá, isto é, se ele permanecerá no espaço vascular ou se dirigirá para o extra- vascular. Portanto não só a pressão hidrostática elevada como a pressão oncótica baixa pode permitir a transudação de líquido. O alvéolo e o capilar são extremamente próximos, separados apenas por uma barreira delgada, constituída pelo endotélio do vaso e epitélio do alvéolo (septo alvéolo-capilar). Entre as células aí presentes situa-se o interstício. O aumento da permeabilidade da membrana endotelial capilar é a segunda principal causa de edema pulmonar agudo. Ocorre nas lesões do endotélio em que haja perda da propriedade de membrana semipermeável que resulta no aumento da passagem de proteínas do capilar para o interstício. 12.3) PERMEABILIDADE CAPILAR Determinadas substâncias aumentam a permeabilidade capilar permitindo uma lesão alvéolo capilar. O epitélio alveolar é bem menos permeável do que o endotélio capilar, por isso, substâncias de baixo peso molecular atravessam mais facilmente a membrana alvéolo capilar do que as de maior peso molecular. Quando a permeabilidade da membrana aumenta, maior o volume do líquido será filtrado. 12.4) DRENAGEM LINFÁTICA A disfunção da drenagem linfática está relacionada com EAP. Os linfáticos pulmonares protegem o pulmão do edema. Os linfáticos estão na bainha que circunda as vias respiratórias e os vasos sangüíneos, e vão do hilo das unidades respiratórias terminais (Bronquíolos terminais) até o hilo pulmonar na camada submesotelial da pleura visceral, no tecido conjuntivo interlobular. A direção do fluxo da linfa para o hilo é assegurada por válvulas. O movimento inspiratório constitui força auxiliar na movimentação da linfa. O maior desempenho dos linfáticos pulmonares reside em fazer retornar a proteína (e não só água) à circulação sistêmica. 12.5) RESUMO Normalmente o pulmão é “seco”, pois as forças se equilibram no sentido de evitar transudação anormal do capilar para o interstício e para o alvéolo. Se houver predomínio de forças, então ocorre o edema. O EAP é devido basicamente ao extravasamento de líquidopara o interstício pulmonar. Se as pressões que tendem a levar líquidos para o interstício sobrepujarem a pressão oncótica plasmática, haverá uma transudação. A rede linfática se carrega de drenar esse líquido intersticial transudado, sendo uma parte perdida por evaporação através da respiração. No ponto em que a transudação é maior que a drenagem, instala-se o edema intersticial, diminuindo a complacência pulmonar. Frente à diminuição da complacência pulmonar, há um aumento do trabalho respiratório, com aumento da freqüência respiratória e redução do volume corrente. Persistindo a transudação, o paciente terá maior dificuldade respiratória, e aumento de sangue para áreas superiores dos pulmões. A partir desse ponto há extravasamento de líquido para o APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 77 interior dos alvéolos com a instalação clínica do Edema Agudo de Pulmão. O mecanismo fisiopatológico básico do edema pulmonar cardiogênico é o – aumento da pressão hidrostática na rede capilar pulmonar; Não cardiogênico – principais fatores são: alteração na permeabilidade do endotélio alveolar e a diminuição da pressão oncótica. 12.6) CAUSAS DE EDEMA AGUDO DE PULMÃO CAUSAS CARDÍACAS: insuficiência ventricular esquerda, infarto agudo do miocárdio, arritmias cardíacas, sobrecarga de volumes, doença mitral (porque ocorre refluxo). CAUSAS NÃO CARDÍACA: Inalação de gases tóxicos; infecções, coagulação intravascular disseminada (aumenta fibrina na circulação), uremia; afogamento; SARA. 12.7) CAUSAS MAIS COMUM DE PRESSÃO PULMONAR HIDROSTÁTICA: - Doenças do coração que determinam falência cardíaca; - Edema pulmonar agudo cardiogênico. Independente do tipo das alterações funcionais e anatômicas, o denominador comum é sempre o aumento da pressão hidrostática nos capilares pulmonares que pode atingir 25 a 30 mmHg (triplo do normal). A) O AUMENTO DA PRESSÃO CAPILAR PULMONAR - Insuficiência ventricular esquerda: IAM, hipertensão arterial, lesão válvula aórtica, arritmias cardíacas; - Doença venoclusiva pulmonar; - Fibrose pulmonar; - Transfusões exageradas; - Embolia pulmonar; - DPOC, grandes altitudes; - Fatores neurogênicos (meningite, encefalite, tumores cerebrais, TCE, AVC); - Estenose congênita das veias pulmonares; - Hiper-hidratação (Timerman, 1993). B) AUMENTO DA PERABILIDADE CAPILAR - Inalação de gases tóxicos (monóxido de carbono, gás mostarda, tetracloreto, ozônio); - Drogas, sedativos, narcóticos; - Uremia; - Pneumonias; - Reações alérgicas. C) DIMINUIÇÃO DA PRESSÃO ONCÓTICA DO PLASMA - Síndrome nefrótica (perda de albumina urinária); - Hepatopatias com hipoalbuminemia, cirrose, necrose hepática; - Enteropatias perdedoras de proteína, colite ulcerativa, tumores do TGI. D) DISFUNÇÃO NA DRENAGEM LINFÁTICA APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 78 - Neoplasias pulmonares; - Drogas e sedativos hipnóticos; - Pneumonias. 12.8) QUADRO CLÍNICO Pode se instalar como primeira manifestação de uma patologia ou ocorrer durante a evolução de uma moléstia já instalada: Dispnéia rapidamente progressiva que chega à ortopnéia; Tosse, inicialmente seca: a seguir produtiva; Expectoração rósea e espumosa (vômica); Ansiedade com angústia intensa e sensação de morte iminente; Jugulares túrgidas; Sudorese fria; Hemoptise; Batimento cardíaco em ritmo de galope; Cianose; Estertores, inicialmente nas bases, disseminando-se por todo o pulmão; Hipofonese das bulhas cardíacas; Taquipnéia; Hipertensão; Palidez. 12.9) EXAMES COMPLEMENTARES ECG – não apresenta características específicas, mas pode indicar as possíveis causas – IAM e arritmias; RX de tórax – avalia o grau de extensão do edema, vasculatura pulmonar e a área cardíaca. Dosagens gasométricas – estabelecer o grau de hipoxemia, alterações de pH arterial e ventilação pulmonar. Posição paciente – se possível sentado, com o MMII endentes; Acesso venoso – administrar medicação, central para medir PVC. Oxigênio – por cateter nasal de 5 a 10 l/min – mistura de água e álcool (proporções iguais para reduzir a tensão superficial do líquido no interior das vias respiratórias). Sondagem Vesical – para controle do débito urinário. 12.10) TRATAMENTO FARMACOLÓGICO Morfina ou meperidina – 5 a 10mg (morfina) ou 50 a 100 mg (meperidina) ev ou im – produzem vasodilatação esplancnica (sangria farmacológica) – diminuir o retorno venoso ao coração, fazer sedação e reduzir os reflexos broncoconstritores. Diurético – furosemida dose de 20 a 40 mg ev; Digital – ação principal é aumentar a contratilidade miocárdica e reduzir a FC, (útil nos casos de FA com freqüência ventricular alta e nas cardiomegalias). Inotrópicos não digitálicos – Dopamina e Dobutamina – quando em casos de hipotensão e choque – Dopamina dose de 2 a 10mcg/g/min; Dobutamina – dose 5 a 15 mcg/kg/min. Vasodilatadores – indicação no EAP conseqüente ao IAM, crises hipertensivas e lesões orovalvares (mitral e aórtica) – interferem na pré-carga e na pós-carga, criando condições favoráveis à função ventricular. (Kasinski, 1995). Nitroprussiato de sódio – droga com potente ação vasodilatadora, efeito imediato e controlável, que desaparece logo após sua interrupção. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 79 Dinitrato de isossorbitol – 1 comprimido de 5mg sl, nos casos de cardiopatias isquêmicas, podendo repetir 3 ou 4 horas após. (obs.hipotensão arterial – causada pelos vasodilatadores). Aminofilina - dose de 240 mg, via ev – provoca broncodilatação, além de ter ação diurética e cardiotônica. Dose de manutenção 500mg gt a gt diluída em soro. Tem especial indicação nos pacientes com broncoespasmo provocado pela congestão pulmonar. 12.11) TROMBOEMBOLISMO PULMONAR (TEP) É uma síndrome clínica e fisiopatológica que resulta da oclusão da circulação arterial pulmonar por um ou mais êmbolos. O Tromboembolismo Pulmonar tem origem em 90% dos casos estão relacionados a êmbolos originados em sítios de TVP, principalmente de vasos da coxa e pelve. Raramente podem ser relacionados as veias renais, membros superiores e ventrículo direito. 12.12) TEP O processo de trombogênese foi descrito pela primeira vez no século XIX por Virchow. Os principais fatores de risco para desenvolver o tromboembolismo pulmonar: - Trombose Venosa Profunda (TVP); - Idade (aumento exponencial > 50 anos) - Imobilização (restrição no leito); - História prévia de TEP; - Anestesia (maior risco de anestesia geral que regional); - Gravidez (aumento risco no período pós-parto) - Neoplasia (TVP ou TEP podem ser manifestações de neoplasia presente ou preceder o seu aparecimento); - Estados de hipercoagubilidade; - Excesso de inibidor do ativador do plasminogênio tecidual; - Policitemias; - Cirurgias; - Trauma tecidual (ativação da coagulação e trauma direto sobre o vaso); - Obesidade; - Varizes de MMII; - Anticoncepcional; 12.13) TEP CAUSAS IMPORTANTES - Imobilização prolongada no leito – pós-operatório, doenças crônicas e debilitantes; - Fraturas – ossos da perna e pelve; - Cardiopatias – IC grau funcional III e IV (NYHA) e fibrilação atrial. - Politraumatizados – incidência 15% - Queimaduras extensas – (alterações do endotélio vascular (passagem de tromboplastina tecidual para circulação, desidratação e imobilidade). 12.14) QUADRO CLÍNICO TEP Condições cardiopulmonares prévias do paciente; - Tamanho do êmbolo; - Número de episódios embólicos; - Resposta neuro-humoral. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 80 - Hemoptise - Dor - Atrito pleural; - Febre; - Flebite; - Taquicardia. 12.15) TEP – SINAIS E SINTOMAS - TEP agudo e maciço – áreaarterial pulmonar com lesão de mais de 50% ( síncope e colapso cardiovascular (DC e fluxo cerebral). - Cerca de 30% evoluem com instabilidade hemodinâmica. - Dor retroesternal em cerca de 30% - hipoperfusão coronariana e isquemia de VD; - Cianose, taquicardia PVC elevada e ritmo de galope (bordo esternal E) – 75%. 12.16) TEP – DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL - IAM; - Pneumonia; - ICC; - Asma brônquica; - DPOC; - Neoplasia torácica; - Fratura de costela; - Pneumotórax; - Dor de origem muscular – esquelética e bacteremia. 12.17) TEP - EXAMES - ECG – decepcionante do ponto de vista diagnóstico. Aspecto relevante é a transitoriedade das alterações cardíacas observadas. - Clássica – desvio de eixo complexo QRS para direita, aparecimento de onda S DI, onda Q em DIII e inversão onda T em DIII. - Outras – infra ou supra desnivelamento do segmento ST, inversão onda T na parede anterior, distúrbio de condução de ramo D e arritmias supra e/ou ventriculares. 12.18) TEP – EXAMES LABORATORIAIS - Gasometria arterial - hipoxemia e hipocarbia secundária a hiperventilação (PaO² < 50 mmHg); - Tríade de Wacker – elevação de DHL (tecidos extrapulmonares), da bilirrubina com níveis de TGO é observada em 4% pacientes. - Leucócitos raramente excedem 15.000/mm³ - ficando em 10.000/mm³ com discreto desvio a D; - VHS – é elevado; 12.19) TEP – EXAMES IMAGEM - RX – freqüentemente normal (hipotransparência na região irrigada pelos ramos segmentares ou lobares da artéria pulmonar); - Alterações inespecíficas; - Diminuição volume pulmonar lado embolizado (atelectasia e elevação hemicúpula diafragmática); - Atelectasias segmentares; - Derrame pleural. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 81 12.20) TEP – EXAMES DE IMAGEM - Ecocardiograma – mostra sinais indiretos de TEP; - Aumento das câmaras direitas; - Desvio septo ventricular da D/E; - Insuficiência tricúspide; - Redução das câmaras esquerdas; - Área hipocinesia VD; - Presença de trombos nos ramos arteriais principais ou intracavitários; - Permite quantificar gravidade HP; - Ecodoppler Vascular – presença de trombos no sistema venoso profundo, vasos ilíacos e veia cava; - Cintilografia pulmonar. 12.21) TEP - Tratamento - Heparinização sistêmica; - Anticoagulação oral (por meses enquanto se aguarda mecanismos fibrinolíticos endógenos que lisem o trombo permitindo recanalização vascular); - Uso do trombolítico no TEP – promove dissolução ativa no trombo, restabelece precocemente a circulação pulmonar com conseqüente melhora da HP. (1980 – EUA). 12.22) FISIOPATOGENIA DA FALÊNCIA DO VENTRICULO DIREITO NO TEP A) Aumento das dimensões do VD e redução VE; B) Normalização pós SK AD, AE VD e VE. 12.23) TROMBOLÍTICOS NO TEP – INDICAÇÕES Os fibrinolíticos aprovado (FDA) são: SK – fator ativador de plasminogênio tecidual recombinante (rt-PA) Uroquinase (UK) APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 82 12.24) SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NAS ENFERMIDADES RESPIRATÓRIAS DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM DEFINIÇÃO PRESCRIÇÃO DE ENFERMAGEM TROCA DE GASES PREJUDICADA; PADRÃO RESPIRATÓRIO INEFICAZ; INCAPACIDADE PARA MANTER RESPIRAÇÃO ESPONTÂNEA; DESOBSTRUÇÃO INEFICAZ DAS VIAS AÉREAS. Estado em que o indivíduo experimenta uma diminuição na passagem de oxigênio e/ou dióxido de carbono entre os alvéolos pulmonares e o sistema vascular 1)Manter a cabeceira elevada 45°. MTN; 2)Manter oxigênio contínuo sob máscara de ventury 50%. MTN; 3)Realizar ausculta pulmonar (enfermeiro). MTN; 4)Avaliar os sinais de angústia respiratória como aumento da freqüência cardíaca, agitação, sudorese, cianose. MTN; 5)Avaliar excursão e simetria torácica. MTN; 6)Monitorar rigorosamente os ganhos e perdas. MTN; 7)Atentar para valores gasométricos (↓PaO2, ↑PaCO2). MTN; 8)Manter material de entubação testado e próximo. MTN; DEPURAÇÃO INEFICAZ DAS VIAS AÉREAS. Estado em que o indivíduo é incapaz de eliminar secreções ou obstruções do trato respiratório para manter a permeabilidade das vias aéreas. 9)Atentar para parâmetros ventilatórios. MTN; 10)Manter posição apropriada do TOT. MTN; 11)Realizar aspiração do TOT com SF 0,9% - 10ml, de 02/02 horas; 12)Realizar aspiração das Via Aérea Superior e boca utilizando técnica asséptica. 06/06 horas; Atentar para cor, quantidade e consistência da secreção a cada aspiração. MTN; 13)Verificar pressão do Cuff, 01 vez ao dia; Atentar para posição correta do TOT. MTN; APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 83 14)Realizar mudança do TOT quanto à rima labial. MTN; RISCO PARA EXCESSO DE VOLUME DE LÍQUIDOS. Estado em que o indivíduo experimenta uma retenção de líquidos. Relacionado ao edema pulmonar não-cardíaco, PEEP causando redução do retorno venoso. 15)Verificar balanço hídrico rigorosamente para entradas e saídas (enfermeiro). MTN; 16)Atentar para os sinais e sintomas de diminuição do débito cardíaco (pulso aumentado, PA baixa, diminuição débito urinário e diminuição da PCO2). MTN; 17)Avaliar sinais de sobrecarga hídrica: edema de partes inferiores, aumento da PVC, estertores pulmonares. MTN; ALTO RISCO PARA ANSIEDADE Relacionado a doença grave, medo da morte ou desfiguração, mudança de papel dentro do meio social ou incapacidade permanente. 18) Manter diálogo; 19)Manter família participativa. RISCO PARA INFECÇÃO Relacionado à retenção de secreções, tosse ineficaz, imobilidade e Ventilação Mecânica. 20)Atentar para picos temperatura. MTN; 21)Manter técnica asséptica para todas as portas (CVC, TOT, SNG, SVD, aspiração). MTN; Manter precauções universais. MTN; 22)Atentar para mudanças na viscosidade, coloração das secreções traqueobrônquicas. MTN APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 84 VENTILAÇÃO MECÂNICA NA UTI APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 85 13) VENTILAÇÃO MECÂNICA Ventilação mecânica é o método artificial de ventilar pacientes com incapacidade de respirar espontaneamente, diminuindo desta forma o trabalho respiratório e prevenindo a progressiva insuficiência circulatória devido à maior produção de CO2 (BEJAÍ, 1991). A ventilação mecânica é um método artificial para a manutenção da ventilação em pacientes impossibilitados de respirar espontaneamente, feito através da introdução de prótese na via aérea do paciente e mediante ventiladores mecânicos, capazes de fornecer uma pressão positiva ao sistema respiratório para a expansão pulmonar (KNOBEL, 2006). Ventilador artificial é uma prótese respiratória com a função de ventilar, oxigenar e umidificar o aparelho respiratório. O termo ventilar significa: - administrar uma massa de gás denominada volume corrente; - retirar o gás oferecido trazendo juntamente o gás carbônico; - repetir o processo periodicamente. A oxigenação tem por objetivo manter a PaO2 entre 85 a 100 mmHg. A umidificação tem como objetivo manter a umidade relativa do gás inspirado em 100% a 37°C a fim de evitar ressecamento das mucosas. A necessidade de ventilação está presente na grande maioria dos pacientes internados em Unidade de Terapia Intensiva, e em todos os que desenvolvem um quadro grave de insuficiência respiratória (TATIANE, 2002). 13.1) INDICAÇÕES DA VENTILAÇÃOMECÂNICA A ventilação mecânica (VM) é um recurso utilizado em qualquer (situação) condição em que a atividade respiratória esteja ausente, ou se presente, seja incapaz de assegurar as trocas gasosas alvéolo-capilar em níveis compatíveis com a vida. O ventilador garante a manutenção da vida, enquanto são corrigidos os fatores que determinam sua utilização. São utilizados em: - Tratamentos de pacientes após grandes cirurgias; - Prevenção de atelectasias; - Correção de distúrbio ácido-básico; - Insuficiência respiratória provocada pela falência de múltiplos órgãos; - Pacientes que apresentam PO2 menor de 60 mmHg; - Pacientes que apresentam uma PCO2 maior que 55 mmHg; - Pacientes que apresentam freqüência respiratória maior que 40mrpm; - Pacientes que mantém um volume corrente menor que 5ml/Kg/peso; - Reverter hipercapnia e acidose respiratória. 13.2) PARÂMETROS VENTILATÓRIOS A) VOLUME CORRENTE É o volume de ar trocado durante cada respiração (8 a 12 ml/Kg). O volume corrente é selecionado juntamente com a freqüência respiratória para a obtenção de uma ventilação minuto e a PaCO2 ideais. Altos valores de volume corrente estão associados a danos pulmonares e, em caso de baixas complacências, é indicado o uso de pequenos volumes correntes (3 a 8 ml/kg) para proteger os pulmões de altas pressões de distensão. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 86 B) FRAÇÃO INSPIRADA DE OXIGÊNIO (FiO2) É a fração inspirada de O2 fornecida ao paciente pelo ventilador. Pode variar de 21 a 100%. O objetivo é sempre manter uma FiO2 inferior a 50%, porém adequada para manter a oxigenação. Deve evitar expor o paciente a riscos de toxicidade ao O2 (pode causar fibrose se superior a 50% por muito tempo). Normalmente deve-se manter a saturação de O2 acima de 90%. C) FREQÜÊNCIA RESPIRATÓRIA É o número de respirações realizadas por minuto. É um dos principais parâmetros capazes de alterar a ventilação alveolar. O aumento da freqüência respiratória aumenta o volume/minuto com queda subseqüente da PaCO2. D) VOLUME / MINUTO É o volume de ar respirado a cada minuto, resultante do volume corrente e freqüência respiratória utilizada (5 a 10L/min). E) RELAÇÃO I:E É relação entre o tempo inspiratório e o tempo expiratório. Sendo usualmente 1:2 ou 1:3. O tempo inspiratório usual para adultos é de um segundo. A inversão desta relação pode ser utilizada em casos de insuficiência respiratória refratária. F) SENSIBILIDADE É usada para determinar o esforço do paciente para iniciar uma ventilação assistida. Deve ser programada para permitir o disparo do ventilador sem demasiado esforço. Quanto menor a sensibilidade maior o esforço que o paciente terá que fazer para respirar, consequentemente mais facilmente poderá entrar em fadiga. G) PRESSÃO DE PICO É utilizado para resgatar a pressão da via aérea durante a ventilação, o normal é de 25 a 30cmH2O. É importante frisar que durante períodos de tosse o respirador alarma, pois a pressão de pico aumenta momentaneamente. H) PRESSÃO POSITIVA EXPIRATÓRIA FINAL (PEEP) É a pressão expiratória positiva final, mantendo uma pressão intra-alveolar por todo o ciclo respiratório. O PEEP fisiológico oscila entre 3 e 5 cmH2O. I) COMPLACÊNCIA É a medida da elasticidade pulmonar e da caixa torácica. Baixa complacência pulmonar é observada nas situações em que há dificuldade de expansão pulmonar e complacência pulmonar elevada está presente nas alterações do parênquima em que há diminuição da retração elástica. J) RESISTÊNCIA É a resistência oferecida pelas vias aéreas à entrada do ar. Está relacionada com o calibre das aéreas e com o fluxo de ar. K) VOLUME RESIDUAL É o volume de ar que permanece nos pulmões mesmo após uma expiração forçada. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 87 L) SHUNT PULMONAR É a passagem de sangue por alvéolos não ventilados M) ESPAÇO MORTO FISIOLÓGICO Consiste na somatória do ar que permanece nas vias aéreas, traquéia e nos brônquios (espaço morto anatômico) com o ar que preenche os alvéolos não- perfundidos (espaço morto alveolar). 13.3) MODALIDADES DE VENTILAÇÃO A) VENTILAÇÃO CONTROLADA POR VOLUME (CMV) Nesta modalidade, todos os movimentos ventilatórios são gerados pelo aparelho e o paciente não é capaz de iniciar respirações adicionais. Assim, a freqüência respiratória é programada no próprio respirador e a sensibilidade do aparelho não interfere em sua ciclagem. Essa modalidade só será possível em pacientes incapazes de esforços respiratórios espontâneos, estando sincronizado com o aparelho. B) VENTILAÇÃO CONTROLADA POR PRESSÃO (PCV) Nesta modalidade, o equipamento é ciclado a tempo, permitindo a limitação do pico de pressão expiratório. O valor de pressão preestabelecido é rapidamente alcançado no início da inspiração e se mantém durante toda a fase inspiratória do ciclo. C) VENTILAÇÃO ASSISTIDA (AMV) Neste tipo de ventilação, o aparelho é deflagrado pelo esforço inspiratório do paciente, que ao reduzir a pressão intratorácica, faz cair a pressão das vias aéreas, determinando a freqüência respiratória. O controle do nível de esforço é fornecido através da sensibilidade ajustada de acordo com a dificuldade inspiratória do paciente e tem como finalidade diminuir o trabalho muscular durante a ventilação. Nesta modalidade, é necessário que o paciente tenha drive respiratório, pois o ventilador não cicla sozinho. D) VENTILAÇÃO ASSISTIDA-CONTROLADA (A/C) Permite um mecanismo misto de disparo: o ciclo do aparelho dependerá do esforço respiratório do paciente, porém, com uma freqüência respiratória pré-determinada no aparelho, caso o paciente apresente apnéia ou queda importante da freqüência respiratória. E) VENTILAÇÃO MANDATÓRIA INTERMITENTE (SIMV) Esta modalidade permite ao paciente em respiração controlada, a possibilidade de respirar espontaneamente entre as ventilações geradas pelo aparelho. Para isto, há manutenção de um fluxo de ar no circuito entre uma injeção de ar e outra, permitindo que o paciente respire sozinho nestes intervalos, combinando assim ventilação controlada com espontânea. F) VENTILAÇÃO DE PRESSÃO DE SUPORTE (PSV) É uma modalidade de ventilação assistida, que consiste na oferta de níveis de pressão positiva constante na via aérea durante a fase inspiratória. O fornecimento de ar é interrompido quando o fluxo inspiratório do paciente cai a um determinado valor e a válvula expiratória se abre. Quanto maior é a pressão de suporte, maior é o trabalho ventilatório que cabe ao aparelho e menor ao paciente. O volume corrente depende APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 88 do estímulo respiratório do paciente, da resistência da via aérea, da complacência pulmonar e da pressão de suporte determinada. G) PRESSÃO CONTÍNUA NAS VIAS AÉREAS (CPAP) É uma modalidade de ventilação espontânea, na qual a expiração ocorre contra um obstáculo, acumulando ar nos pulmões mesmo ao final da expiração e novas ventilações começam a partir desse novo volume. 13.4) INDICAÇÕES DA VENTILAÇÃO MECÂNICA A) Insuficiência respiratória hipoxêmica nas quais ocorre: - Hipóxia refratária; - Necessidade de utilização de PEEP; - Trabalho excessivo. B) Insuficiência respiratória ventilatória causada por: - Anormalidades da parede torácica; - Doença neuromuscular; - Estímulo (drive) ventilatório diminuído; - Aumento da resistência das vias aéreas e/ou obstrução. 15.5) COMPLICAÇÕES DA VENTILAÇÃO MECÂNICA A) BAROTRAUMA: aplicação de pressão positiva aos pulmões, com altos valores de pressão média das vias aéreas levando à ruptura alveolar. É manifestado por pneumotórax, pneumomediastino, pneumopericardio e ou enfisema subcutâneo.O risco de barotrauma aumenta com altas pressões de insuflação e em pacientes com lesões pulmonares preexistentes ou naqueles submetidos a procedimentos torácicos invasivos. Pode-se prevenir esta complicação, controlando o pico de pressão das vias aéreas, mantendo níveis ideais de PEEP, evitando o auto-PEEP e assegurando o sincronismo paciente ventilador. B) PNEUMONIA: habitualmente desenvolve-se 48 horas após iniciada a ventilação mecânica. Observa-se um novo ou progressivo infiltrado pulmonar associado à febre, leucocitose e secreção pulmonar purulenta. A pneumonia é decorrente da perda das barreiras naturais de defesa das vias aéreas superiores, mobilidade diminuída, reflexo de tosse comprometido ou ainda de fatores exógenos, como a manipulação inadequada dos equipamentos ou a não aderência da equipe às técnicas assépticas preconizadas. C) ATELECTASIA: pode ser difusa por administração prolongada de volumes correntes inadequadamente baixos, diminuição da complacência pulmonar ou desproporção da relação ventilação/perfusão; ou localizada, geralmente provocada por acúmulo de secreções ou intubação seletiva. D) ALTERAÇOES HEMODINÂMICAS: alteração no retorno venoso para os dois átrios, alterações de complacência das câmaras cardíacas e alterações da pós-carga de ambos os ventrículos. Para reduzir o risco de alterações hemodinâmicas, é necessária a utilização de modalidades ventilatórias adequadas ao paciente, assim como a redução do pico de pressão e platô, ajuste da PEEP e da relação I:E APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 89 (KNOBEL, 2006). E) OUTRAS COMPLICAÇÕES DECORRENTES DA VENTILAÇÃO MECÂNICA: necrose traqueal, fístula traqueoesfágica (por pressões de cuff elavado, diminui a nutrição da microcirculação traqueal conseqüentemente isquemia e necrose), tem-se necessidade de verificar pressão do cuff, valor de referência ideal 20 – 25mmHg. - oclusão do TOT ou traqueostomia por secreção: é evitado com aspiração adequada, e fluidificação adequada, através de filtro bacteriológico ou umidificadores e balanço hídrico do paciente. - entubação seletiva do paciente, podemos evitar com ausculta rigorosa, imagem radiográfica do tórax, fixação correta do TOT, atentando para rima e altura do tubo (numeração), cuidados durante manuseio do paciente (banho). 13.6) DESMAME DA VENTILAÇÃO MECÂNICA Significa à retirada gradual do suporte ventilatório até a retomada da ventilação espontânea. Muito desmames são difíceis, trabalhosos e demorados. Desmame difícil é considerado nos pacientes que apesar de submetidos à correção dos distúrbios funcionais e a técnicas de ventilação mecânica e de treinamento muscular, não conseguem se manter em ventilação espontânea e falham sucessivamente nas tentativas de desmame. Devem ser seguidas algumas modalidades para desmame da ventilação mecânica: - Iniciar com pressão de suporte (PSV); - Tubo T; Alguns critérios devem ser levados em consideração na hora de iniciar o desmame ventilatório: - Melhora ou resolução da doença de base que determinou o uso da ventilação mecânica; - Estabilidade hemodinâmica; - Capacidade de iniciar esforços respiratórios; - Estabilidade do quadro infeccioso; - PEEP 10cmH2O; - pH ≥ 7.35 com uma PaCO2 < 55mmHg; - PaO2 > 80% para FiO2 ≤ 40%; - Nível de consciência. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 90 13.7) SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA VENTILAÇÃO MECÂNICA DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM DEFINIÇÃO PRESCRIÇÃO DE ENFERMAGEM ELIMINAÇÃO TRAQUEOBRONQUICA INEFICAZ; TROCA DE GAZES PREJUDICADAS; PADRÃO RESPIRATÓRIO INEFICAZ; NUTRIÇÃO ALTERADA; - Relacionado à intubação, ventilação, processo patológico, estado debilitado e fadiga. - Relacionado à secreção retida, ou ajuste impróprio do ventilador; - Relacionado à fadiga, aumento das secreções ou obstrução do tubo endotraqueal. - Relacionado à ingestão menor que as necessidades corporais, relacionado à doença grave, aumento das necessidades metabólicas, incapacidade de consumir alimentos por via oral. 1) Manter cabeceira elevada 45°. MTN. 2) Atentar para nível de consciência. MTN 3)Anotar rigorosamente os parâmetros do ventilatórios. MTN 4)Realizar SSVV (PA, FC, FR, T, SPO2) 2/2 HORAS. 5)Realizar ausculta pulmonar (Enfermeiro). MTN 6)Atentar para expansão torácica. MTN 7)Atentar para esforço respiratório. MTN 8)Interpretar dados gasométricos (enfermeiro). MTN 9)Verificar pressão do cuff (enfermeiro). MTN 10)Manter TOT em altura de 23cm. MTN 11) Realizar mudança do TOT da rima labial. MTN 12) Realizar aspiração de vias aéreas superiores de 6/6 horas 13) Realizar aspiração do TOT com SF 0,9% 10ml de 2/2 horas 14) Anotar, comunicar a quantidade, aspecto, coloração e odor da secreção traqueobrônquica. MTN 15) Proteger pele dos lábios com gaze. MTN 16) Hidratar lábios com óleo mineral ou manteiga de cacau. MTN COMUNICAÇÃO VERBAL PREJUDICADA; ANSIEDADE; DOR; - Relacionado a instituição do tubo endotraqueal; - Relacionado ao temor da doença/morte, e do ambiente de UTI. - Dor relacionado a ventilação mecânica, instituição de TOT. 17) Explicar todos os procedimentos que serão realizados (caso paciente acordado). MTN 18) Incluir família na assistência. MTN 19) Sedar quando necessário e se prescrito pelo médico (enfermeiro). MTN APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 91 20) Atentar para sinais de psicose na UTI. MTN 21) Realizar mudança de decúbito (se tolerar e se não contra indicado) com coxins de conforto. 2/2 horas ALTO RISCO PARA INJÚRIA; ALTO RISCO PARA PERFUSÃO TISSULAR ALTERADA; ALTO RISCO PARA INFECÇÃO - Relacionado ao estresse, e a VM. - Relacionado a VM com pressão positiva, PEEP, e hipotensão. - Relacionado á instituição do tubo em estado debilitado. 22) Atentar para posição do TOT. MTN 23) Monitorar paciente quanto distensão abdominal. MTN 24) Realizar ausculta abdominal (enfermeiro). MTN 25) Anotar e comunicar sinais de infecção (aspecto da secreção, temperatura). MTN 26) Manter em precaução universal. MTN 27) Lavar a mão freqüentemente. MTN ALTO RISCO PARA EXCESSO DE VOLUME - Relacionado ao balaço hídrico positivo durante a ventilação mecânica. 28) Anotar e comunicar alterações do débito urinário a cada 2 horas. 29) Anotar presença e evolução de edema de MMSS, MMII. MTN 30) Avaliar turgor da pele. MTN 31) Realizar controle rigoroso da PVC. 2/2 horas APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 92 AVALIAÇÃO GASOMÉTRICA NA UTI 14) AVALIAÇÃO GASOMÉTRICA APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 93 O pH do meio interno do ser humano é mantido normalmente entre limites estreitos. Qualquer desvio neste equilíbrio poderá acarretar danos. O sistema respiratório em conjunto com os rins e o complexo sistema tampão sangüíneo atua para manter o organismo com pH equilibrado, mesmo nas mais adversas situações. 14.1) PARÂMETROS DA GASOMETRIA pH normal do sangue é 7.35 a 7.45. Chamamos alcalose para pH > 7.45. Chamamos de acidose para pH < 7.35. Pressão parcial de CO2 (PaCO2) normal varia de 35 a 45 mmHg. Uma PCO2 baixa indica hiperventilação. Uma PCO2 elevada indica hipoventilação. 14.2) PARÂMETROS DA GASOMETRIA A variação normal do bicarbonato (HCO3) no sangue é de 20 a 30mEq/L.O excesso de base (BE) corresponde à quantidade, em mEq /L, de ácido ou base necessária para titular uma amostra de sangue, até o pH normal. BE varia de –3 a +3. 14.3) PARÂMETROS DA GASOMETRIA A pressão parcial de O2 (PaO2) normal varia de 70 a 100 mmHg. PO2 abaixo de 50 significa gasometria hipoxêmica. 14.4) CAUSAS E CORREÇÕES DOS DISTÚRBIOS ACIDO-BÁSICO A) ACIDOSE RESPIRATÓRIA É causado pelo aumento do ácido carbônico, pH diminuído. Pode ser aguda ou crônica. AGUDA: é devido à hipoventilação (retenção de CO2 e aumento do H2CO3 nos líquidos orgânicos). Edema agudo de pulmão, infecção aguda pulmonar, atelectasia por obstrução brônquica, pneumotórax, distensão abdominal severa, intoxicação por opióide, etc. CRÖNICA: por fibrose pulmonar, enfisema, bronquiectasia, embolia pulmonar múltipla e asma brönquica. Os sinais e sintomas da acidose respiratória são a sudorese, taquicardia, ansiedade, coma, dispnéia intensa, cianose, diminuição do pH. Já os achados laboratoriais são PaCO2 aumentada, pH reduzido ou normal, na dependência do grau de compensação, HCO3 aumentado ou normal, na dependência do grau de compensação. CORREÇÃO – se faz através da desobstrução de vias aéreas e ventilação mecânica corrigida. B) ALCALOSE RESPIRATÓRIA É a diminuição na concentração do ácido carbônico, pH maior que 7.45. Ocorre devido hiperventilação por ansiedade, lesão do Sistema Nervoso Central, ou até mesmo alcalose após acidose e falta de O2. Os principais sinais e sintomas são: irritabilidade, lipotimia, hipotensão, parestesia, aumento do pH. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 94 Já os achados laboratoriais são PaCO2 reduzido, pH aumentado ou normal na dependência do grau de compensação. HCO3 normal ou reduzido, na dependência do grau de compensação. CORREÇÃO – ajuste do ventilador, diminuindo o volume minuto, sedação. C) ACIDOSE METABÓLICA Ocorre a redução primária na concentração de bicarbonato e aumento do H. com diminuição do pH. Pode decorrer primeiramente pelo excesso de ganho de ácido, por exemplo, na acidose diabética, induções e manutenções anestésicas, febre alta, doença infecciosas, anorexia, exercícios físicos excessivos, convulsões, coma hepático, choque, acidose hipóxica. Por excesso de ingesta de ácido (ASS, ASPIRINA); ou por retenção de ácidos normalmente produzidos como no caso de insuficiência t=renal e acidose urêmica. Muitos casos de acidose metabólica podem ser gerados por perda de base por fístulas intestinais, diarréia, ou erros inatos do metabolismo no caso de acidose tubular renal. Os principais sinais e sintomas da acidose metabólica é o torpor, taquipnéia, inconsciência, respiração de Kussmaul (respiração ofegante), pH abaixo de 7.30. Já os achados laboratoriais é o bicarbonato reduzido, pH reduzido ou normal, na dependência do grau de compensação; ou uma PaCO2 reduzida ou normal, na dependência do grau de compensação. CORREÇÃO – tratar a causa básica, administrando bicarbonato e hiperventilação. D) ALCALOSE METABÓLICA É um excesso na concentração de bicarbonato. Com aumento do pH ( 7.45). Ocorre devido à ingestão ou administração excessiva de bicarbonato, ou por administração de diuréticos. Os principais sinais e sintomas são a depressão respiratória, tetania e convulsões, pH sangüíneo acima de 7.45. Os achados laboratoriais são o bicarbonato elevado, pH alto ou normal com a compensação, e a PaCO2 normal e levemente elevado. CORREÇÃO – deve-se tratar a causa básica, e hipoventilação. E) EXEMPLO GASOMETRIA pH – 7.19 PaCO2 – 80mmHg PaO2 – 48mmHg HCO3 – 30mEq/L BE - -0,5mEq/L INTERPRETAÇÃO: pH abaixo de 7.35 significa acidose. Já a PCO2 acima de 45 significa hipoventilação = distúrbio respiratório, e a PO2 abaixo de 50 = hipoxemia grave. PORTANTO TEMOS UMA ACIDOSE RESPIRATÓRIA IMPORTANTE COM QUADRO DE HIPOXEMIA. F) INTERPRETE OS VAORES GASOMÉTRICOS ABAIXO APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 95 A)pH – 7,10 PO2 – 60 PCO2 – 15 HCO3 – 10 BE - - 10 B)pH – 7,25 PO2 – 75 PCO2 – 50 HCO3 – 20 C)pH – 7,40 PO2 – 80 PCO2 – 59 HCO3 – 32 D)pH – 7,20 PO2 – 70 PCO2 – 75 HCO3 – 30 E)pH – 7,20 PO2 – 60 PCO2 – 50 HCO3 – 30 BE - + 2 F)pH - 7,15 PO2 – 80 PCO2 – 55 HCO3 – 20 BE - -4 G)pH – 7,55 PO2 – 90 PCO2 – 20 HCO3 – 20 BE - -3 H)pH – 7,36 PO2 – 87 PCO2 – 38 HCO3 – 26 BE - + 3 APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 96 PROBLEMAS CARDIOVASCULARES MAIS COMUNS EM UTI APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 97 15) ANATOMIA E FISIOLOGIA CARDÍACA A atividade elétrica do coração é resultado do movimento de íons através da membrana celular. As alterações elétricas registradas resulta no potencial de ação cardíaco, e é medida pelas concentrações de Na+ e K+, além de Ca++, Mg++ e ânions. O ciclo cardíaco começa quando houver liberação de um impulso, iniciando a fase de despolarização. Com o movimento desses íons para fora da célula, o interior se torna positivo. A contração do músculo ocorre junto com a despolarização A CÉLULA REPOLARIZADA: ocorre a medida que a célula retorna ao seu estado inicial o que corresponde ao relaxamento do músculo miocárdico. PERÍODO REFRATÁRIO: ocorre entre a repolarização e a polarização, neste período o músculo cardíaco não pode ser reestimulado para contrair-se. Isso protege o coração da contração persistente (tetania), que poderia resultar em morte cardíaca súbita. A associação eletromecânica normal e a contração do coração dependem da composição do líquido intersticial. Cálcio contração das fibras musculares cardíacas Quando inicia a contração miocárdica é liberado Ca++, que se difunde pelas miofibrilas e catalisa as reações químicas que promovem o deslizamento dos filamentos de actina e miosina, produzindo a contração muscular. Quando o potencial acaba, os íons de cálcio são transportados para dentro do retículo sarcoplasmático, e a densidade de cálcio em torno das miofibrilas caem abaixo da necessidade para manter a contração resultando no relaxamento muscular. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 98 A) ESTRUTURAS DO SISTEMA DE CONDUÇÃO DO CORAÇÃO As células MUSCULARES contração; células NEUROMUSCULARES Iniciação e condução de impulsos elétricos para a contração CÉLULAS NEUROMUSCULARES – SISTEMA DE CONDUÇÃO 1 – NÓDULO SINUSAL OU SINO ATRIAL (NSA) Localização: parede posterior do átrio direito, próximo a inserção da veia cava superior, mede +/- 3X5cm. Função: considerado o marcapasso do coração, inicia o impulso elétrico para a estimulação cardíaca, controla a freqüência cardíaca. Ritmo: 60 a 100 vezes por minuto. Marcapasso ectópico: é considerado qdo, por problemas do NSA, qualquer outra área do coração assume a sua atividade. ECG:a estimulação auricular é registrada como onda P 2 – FEIXES INTERNODAIS (ANTERIOR, MÉDIO E POSTERIOR) São vias que conduzem os impulsos do NSA ao nódulo átrio ventricular. 3 – NÓDULO ÁTRIO VENTRICULAR (AV)Localização:sob o endocárdio do átrio direito na base do septo interatrial, p‟roximo a válvula tricúspide. Função:grupo de células especializadas, semelhante ao NSA, porém com freqüência de +/- 40 a 60 btpm. Atrasa o impulso ligeiramente (1/10 seg) a fim de permitir tempo suficiente para a contração atrial completa, antes da contração subseqüente simultânea dos ventrículos. Permite a entrada completa do sangue nos ventrículos. Terminado esta pausade 1/10 seg (retardo fisiológico) o nódulo AV é estimulado, iniando-se um impulso elétrico que desce pelo Feixe de His e para os seus ramos. 4 – FEIXE DE HIS Localização: origina-se no nódulo AV e se bifurca em 2 ramos – direito e esquerdo no septo interventricular. O ramo esquerdo por ser mais curto, será despolarizado primeiro, levando a contração ventricular esquerda, seguida da despolarização ventricular direita. 5 - FIBRAS DE PURKING Localização: nascem dos ramos do Feixe de His. Função: transmitir os estímulos elétricos para as células miocárdicas dos ventrículos. ECG: é registrada como o complexo QRS. B) ELETROCARDIOGRAMA – É um registro gráfico da atividade elétrica do coração. Esta atividade elétrica é captada em forma de deflexões positivas, negativas ou isoelétricas. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 99 C) CICLO CARDÍACO NORMAL – PADRÃO ELÉTRICO 1 – ONDA P Impulso inicial gerado no NSA e a sua passagem através dos átrios; Representa a DESPOLARIZAÇÃO AURICULAR; Corresponde à ativação de ambos os átrios, ou seja sístole atrial; É uma deflexão pequena; Duração de 0,05 a 0,11 seg.; O aumento da onda P indica aumento da aurícula; Se presente, forma e tamanho normal o estímulo teve seu inicio no NSA;Se ausente, ou mal posicionada, é indicativo de que o impulso não se originou no NSA; Sua identificação é primordial para a diferenciação entre ritmo sinusal e ritmo ectópico. 2 – INTERVALO PR Corresponde ao intervalo entre a onda P até o inicio do complexo QRS; Duração de 0,12 a 0,20 seg; Intervalo menor de 0,12seg. Estimulação precoce dos ventrículos (o impulso alcançou os ventrículos através de um sistema de fibras de condução mais curto do que a via normal) q Intervalo maior de 0,20seg Bloqueio (retardo) de condução átrio ventricular 3 – INTERVALO QRS Atividade elétrica da contração ventricular (despolarização dos ventrículos); É a maior deflexão do ECG devido a maior massa muscular; Duração normal é de 0,05 a 0,12 seg; Duração maior do que 0,12 seg, significa que os ventrículos foram estimulados com atraso. 4 – SEGMENTO ST Situado entre o final do complexo QRS e o inicio da onda T; Compreende o período entre o término da despolarização e o início da repolarização (recuperação) dos músculos ventriculares; A elevação ou depressão indica uma anormalidade no início da repolarização ventricular (injúria), ex: IAM 5 – ONDA T Representa a repolarização ventricular; Encontra-se invertida no IAM e elevada quando hiperpotassemia. 6 – INTERVALO QT Define a duração total das fases de despolarização e de repolarização; Corresponde ao período desde o início do complexo QRS até o final da onda T; Duração de 0,40 seg; Prolongado ocorre na: hipocalcemia, hipopotassemia, bloqueio de ramo e IAM; Incurtado ocorre na: hipercalcemia e efeitos digitálicos. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 100 O eletrocardiograma (ECG) representa a corrente elétrica que percorre o coração durante um batimento cardíaco. Cada parte do ECG é designada por uma letra. Cada batimento cardíaco começa com um impulso do principal marcapasso do coração (nódulo sinoatrial). Esse impulso ativa primeiramente as câmaras superiores do coração (átrios). A onda P representa essa ativação dos átrios. Em seguida, a corrente elétrica flui até as câmaras inferiores do coração (ventrículos). O complexo QRS representa a ativação dos ventrículos. A onda T representa a onda de recuperação, enquanto a corrente elétrica dissemina-se de forma retrógrada sobre os ventrículos. 15.1 - DERIVAÇÕES PERIFÉRICAS (MEMBROS) DI: capta a diferença entre o braço dir. e o esq; DII: capta a diferença entre o braço dir. e a perna esq; DIII: capta a diferença entre o braço esq. e a perna esq; aVR: terminal + braço dir; aVL: terminal + braço esq; aVF: terminal + perna esq. PRECORDIAIS (TÓRAX) V1: 4º espaço intercostal na borda dir do esterno; V2: 4º espaço intercostal na borda esq do esterno; V3: entre V2 e V4, sobre o septo interventricular; V4: 5º espaço intercostal a esq (linha hemiclavicular a esq); V5: 5º espaço intercostal na linha axilar anterios a esq; V6: 5º espaço intercostal na linha axilar média a esq. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 101 SIGNIFICADO DO ECG Não informa sobre a condição física do coração ou sobre sua função, ele simplesmente revela a atividade elétrica cardíaca; Tem relação com as fases sistólicas e diastólicas da ação ventricular; 15.2 – ARRITMIAS A - BRADICARDIA O NSA origina impulsos a uma freqüência inferior a 60 bpm. B - TAQUICARDIA SINUAL O NSA origina impulsos a uma freqüência superior a 100 bpm. CAUSAS: hiperativação do SNS (febre, ansiedade, atividade física), mecanismo compensatório de uma ICC esq. C - ARRITMIA SINUSAL Os impulsos se originam no NSA mas possuem ritmo irregular. CAUSAS: variações da influência vagal sobre o NSA, produzindo alternantes de FC baixa e alta CARACTERÍSTICA: pulso irregular, FC aumenta durante a inspiração e diminui durante expiração. Mais evidente em crianças. TRATAMENTO: não requer nenhum tratamento. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 102 D - PARADA SINUSAL O NSA deixa de enviar estímulos aos átrios, não produzindo ondas P. É uma das causas, raras, de PCR. E - FIBRILAÇÃO ATRIAL É devida á existência de muitos focos ectópicos nos átrios, que disparam o estímulo a freqüências distintas, produzindo uma atividade caótica e irregular dos átrios. Manifesta-se por uma linha com ondas irregulares chamadas F, sem ondas P. Os complexos QRS não são rítmicos e os espaços entre os mesmos são irregulares. TRATAMENTO: farmacológico ou choque precordial eletivo. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 103 F - FLUTTER ATRIAL Deve-se a um movimento circular no átrio, que se dispara regularmente a uma freqüência rápida, em torno de 300 pulsações/min. As ondas tem aspecto de “dentes de serra”. CAUSAS: foco de irritabilidade no músculo atrial TRATAMENTO: cardioversão. G - TAQUICARDIA VENTRICULAR É a que se origina nos ventrículos mostrando QRS largos e rápidos. Qdo a sua duração é superior a 30 seg pode degenerar em fibrilação ventricular e morte. TRATAMENTO: lidocaína e choque precordial. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 104 H - FIBRILAÇÃO VENTRICULAR Deve-se ao aparecimento de múltiplos focos ectópicos nos ventrículos, que provocam uma atividade caótica e irregular. Há atividade elétrica, mas não um bombeamento eficaz do coração. É a mais grave arritmia. CAUSAS: irritabilidade miocárdica. TRATAMENTO: desfibrilação, correção da acidose lática, profilaxia de novos episódios (lidocaína). I - FLUTTER VENTRICULAR Caracteriza-se pela existência de ondas eletrocardiográficas com aspecto sinusoidal regular, que não deixam ver a linha isoelétrica basal. Quase sempre se transforma em fibrilação ventricular. 15.3 - EXTRA SÍSTOLES São ondas prematuras que se apresentam antes do esperado, antecipando-se ao estímulo sinusal. A - EXTRA SÍSTOLES ATRIAIS Deve-se a foco ectópico no átrio, que produz uma onda P prematura, ou seja, antes do esperado. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 105 B - EXTRA SÍSTOLES NODAIS Nascem em um foco ectópico situado no NAV. Não mostram onda P e o complexo QRS é igual ao dos impulsos sinusais.C - EXTRA SÍSTOLES VENTRICULARES Provêm de um foco ectópico situado no ventrículo. Não são precedidos de onda P e o complexo QRS é largo e de morfologia aberrante. Pode produzir taquicardia ventricular. Qdo coincide com uma onda T, deve-se observar o pcte, uma vez que esta alteração ocorre no período crítico da repolarização dos ventrículos, podendo desencadear graves arritmias, como fibrilação ventricular. Bigenismo: 1 extra-sístole, 2 pulsações normais. Trigenismo: 1 extra-sístole, 3 pulsações normais. Quadrigenismo: 1 extra-sístole, 4 pulsações normais APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 106 15.4 - EFEITOS DOS FÁRMACOS E ELETRÓLITOS SOBRE O ECG A - DIGITÁLICOS Pode causar: - depressão vagal no NSA e no NAV; - diminui a FC; - diminui a condução atrioventricular; - no ECG: depressão suave do segmento ST, prolongamento do intervalo PR arritmias (extra sístoles ventrículares, bloqueio atrioventricular, taquicardia atrial com bloqueio AV, taquicardia nodal e ventricular). B - ANTIARRITMICOS Pode produzir o efeito arritmogênico. - Bradicardia sinusal; - Bloqueio atrioventricular. C – CÁLCIO E POTÁSSIO Hipercalcemia: aparece no ECG um segmento QT largo. Hipocalcemia: aparece uma segmento QT diminuído. Hiperpotassemia: aparece no ECG um espaço PR prolongado, onda T alta em forma de tenda, segmento ST deprimido e arritmias ventriculares. Hipopotassemia: onda T baixa, ligada uma onda U alta, originado um espaço QT largo. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 107 DROGAS DE USO NA UTI APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 108 16 - DROGAS DE USO NA UTI 16.1 – INTRODUÇÃO O desenvolvimento da medicina e de seus métodos propedêuticos ampliou acentuadamente o armamentário terapêutico e conseqüentemente a utilização de novas drogas. O acúmulo de novos conhecimentos farmacológicos veio facilitar e racionalizar o uso de drogas embora no paciente gravemente enfermo muitas vezes seja um problema de difícil solução em virtude do envolvimento de múltiplas variáveis. A utilização de drogas nas unidades de terapia intensiva, onde as urgências e emergências são constantes, exige do intensivista um conhecimento fisiopatológico, clínico e terapêutico amplo para a conclusão satisfatória do paciente. O paciente crítico de um modo geral não se apresenta com distúrbio fisiopatológico único, e que dificulta ainda mais o diagnóstico e a terapêutica. Concomitantemente a falência de sistemas orgânicos importantes pode alterar o uso de determinadas drogas tornando mais complexa sua abordagem terapêutica pelo intensivista (RATTON, 1997). No paciente gravemente enfermo, com falência de múltiplos sistemas a farmacocinética e a farmacodinâmica das drogas utilizadas não se comportam como no paciente não crítico, alterando a resposta ao tratamento. Cinco aspectos são fundamentais para o uso racional de determinada droga e conseqüente otimização do tratamento e redução da iatrogênese: 1. efeitos colaterais e contra-indicações; 2. interação medicamentosa; 3. presença de insuficiência hepática; 4. presença de insuficiência renal; 5. gravidez. O conhecimento dos efeitos colaterais ou outros efeitos da droga que não aqueles que desejamos, e as contra-indicações, muitas vezes nos ajudam a interpretar sinais e sintomas novos, que podem estar contribuindo para agravar ainda mais o estado do paciente. 16.2 - CLASSIFICAÇÃO DAS DROGAS MAIS USADAS EM U.T.I. A - VASODILATADOR CORONARIANO DINITRATO DE ISOSSORBIDA (ISORDIL – MONOCORDIL) Produz vasodilatação; mais venosa que arterial, diminuindo a pressão diastólica final do V.E. e o volume diastólico final do V.E. (pré-carga), o que resulta na redução do consumo de O2. Aumenta o fluxo coronário através da dilatação das artérias coronárias e da melhora do fluxo de regiões isquêmicas. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 109 Farmacocinética: absorção rápida pela mucosa oral e T.G.I. uso VO e SL. início da ação: 2 a 5 min. Indicação: no tratamento agudo dos ataques anginosos SL, VO - 2,5 – 5 mg, angina, ICC. Eliminação: pela urina praticamente transformada. Contra-indicação: hipersensibilidade; anemia severa. Reações adversas: - - Hipotensão, taquicardia, bradicardia; - - Dor abdominal, náusea, vômito; - - Cefaléia, sudorese. - Cuidados de enfermagem: - Checar PA e FC devido ação vasodilatadora; - Observar queixa de cefaléia pois este é o efeito colateral mais comum; - Instruir mudança de decúbito suave, devido hipotensão postural. B - SEDATIVOS – ANALGÉSICOS Chamados sedativos aqueles medicamentos usados para reduzir a alteração consciente do paciente com o tratamento que recebe, diminuição da sua ansiedade e tornando menos estressante sua convivência com algumas condutas mais agressivas; e com um local não reconhecido como amigável. A avaliação da intensidade da sedação tem sido uma preocupação freqüente. Várias escalas foram criadas para mensuração dolorosa, a mais utilizada é a de RANSEY (1974). (RATTON, 1997). C - BENZODIAZEPÍNICOS São sedativos moderados, fortes ansiolíticos, desprovidos de ação analgésica, também tem ações anticonvulsionantes e miorrelaxante. Seu metabolismo é principalmente hepático e os metabólitos são eliminados pelo rim. Tem como efeitos colaterais mais importantes: desorientação, depressão respiratória, instabilidade hemodinâmica leve. Sua ação pode ser ampliada pelos opióides, e é comum sua associação. Podem ser antagonizados pelo Flumazenil. DIAZEPAM (VALIUM) – ANSIOLÍTICO Ação ansiolítica, sedativa, miorrelaxante e anticonvulsionante. Atua como depressor do SNC. Farmacocinética: a eliminação pode ser prolongada no recém-nascido, idosos e pacientes com comprometimento renal e hepático. Uso VO, IM e IV – atinge seu pico em 3 a 5 min. EV, eliminação em 15-60 min. Indicação: ansiedade, agitação, sedação, espasmo muscular e crise convulsiva. Dose: 5 a 15 mg/dia, de acordo com a situação clínica do paciente. Contra-indicação: - Psicose; APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 110 - Coma; - Intoxicação por álcool; - Miastenia gravis; - Gestação, lactação. Reações adversas: - Hipotensão, bradicardia, taquicardia, hipertensão; - Diaforese, dermatite, desconforto abdominal, náusea, vômito, diarréia, flebite, visão turva, depressão respiratória, letargia, apatia, febre. Cuidados de enfermagem: 1. Produz amnésia, quando usado separado não atinge solução satisfatória; 2. Monitorização e controle de SSVV; 3. Monitorar função renal, hepática e hematopoética; 4. Administrar lentamente; evitar extravasamento; 5. Observar sinais de flebite; 6. Atentar para depressão respiratória; 7. Devido náuseas e vômitos, elevar cabeceira, lateralizar cabeça do paciente e/ou manter SNG aberta. MIDAZOLAM (DORMANID) – HIPNÓTICO De ação rápida, excelente droga para procedimentos invasivos devido seu início de atividade precoce e rápida inativação. Uma de suas maiores vantagens é permitir o despertar rápido do paciente após sua superação, é perdida quando em uso prolongado; o desaparecimento do seu efeito é bem mais lento; pode-se administrar em solução contínua para sedação de base, assim como em bolo endovenoso. Farmacocinética: início da ação (indução do sono) VO, IM e IV. (rápida) 80 seg. duração da ação hipnótica – 4-5 min.Biotransformação: hepática. Eliminação: pela urina. Indicação: sedação, amnésia pré-operatório em pacientes adultos e pediátricos. Ampolas de 5ml – 10ml – 15 ml. Adultos: 60 anos, debilitados ou doentes. Crônicos: 20 – 30 mg/kg. Contra-indicação: - Choque; - Pacientes comatosos; - Com depressão do SNC; - Dor severa não controlada; - Glaucoma; - Gestação/lactação; - Cuidado com casos de doença pulmonar ICC, prejuízo renal/hepático. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 111 Reações adversas: - PC – arritmias; - Náusea, vômito; - Flebite, dor, visão borrada; - Apnéia, depressão respiratória; - Agitação, sonolência, sedação excessiva; - Cefaléia. Cuidados de enfermagem: 1. Monitorização de SSVV; 2. Vigilância contínua; 3. Atentar para depressão respiratória; 4. Controlar rigorosamente FC e FR; 5. Manter material de emergência próximo (carrinho de emergência e Bandeja de entubação). PROPOFOL – SEDATIVO HIPNÓTICO De ação rápida, com menor efeito amnésico e ansiolítico que os Benzoadizepínicos, em doses normais não tem ação analgésica. Muito lipofilico; vem preparado em solução lipídica, merecendo vigilância no seu uso prolongado em pacientes com intolerância às gorduras. Recomenda-se uso em veia central. Depressor respiratório causa hipotensão, mais freqüentemente em hipovolêmicos e portadores de baixa reserva miocárdica por este motivo sugere-se evitar o uso em bolus. Em doses altas há referência a isquemias coronarianas. Metabolizado no fígado, sem metabólitos ativos pode produzir cor esverdeada ao ser eliminado pela urina. Manter em geladeira. Indicação: anestésico de ação curta para indicação e manutenção da anestesia geral. Farmacocinética: possui ligação muito alta às proteínas, sendo rápida e extensivamente distribuído no organismo. Rápida distribuição – 2-4 min., rápida eliminação (meia vida – 30-40 min.) e uma fase final menos acelerada. Depuração corpórea (1,5 – 2 litros/min.). A eliminação ocorre por processos metabólicos, provavelmente mantidos no fígado, por inativação de conjugados de propofol e seus derivados quinol, que são excretados na urina. A farmacocinética é linear ao longo da faixa recomendada de velocidade de infusão. Farmacodinâmica: a ação é de 30-40 seg. A recuperação é rápida. O mecanismo de ação como todos os anestésicos gerais é pouco conhecido podendo provocar um efeito não específico na membrana lipídica. Na sua administração observa-se aumento da PA e leve mudança no tônus cardíaco. Reduz o fluxo sanguíneo cerebral a PIC e o metabolismo cerebral. A redução da PIC é maior em pacientes com elevada PIC. Indicação: indicação anestésica. As doses devem se individualizadas; frascos ampolas de 20-50 e 100 ml. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 112 Contra-indicação: hipersensibilidade à droga ou aos componentes (emulsão) e anestesia obstétrica. Reações adversas: - Náusea, vômito, dor; - Apnéia, solução, tosse; - Cefaléias, tontura, febre. Cuidados de enfermagem: 1. Vigilância hemodinâmica pela possibilidade de hipotensão secundária ao efeito, vasodilatador e leve depressão miocárdica; 2. Pode proporcionar a diminuição de fluxo sanguíneo e metabolismo encefálico (HIC); 3. Sua interrupção promove o despertar rápido (10-15 min.); 4. A solução deve ser trocada de 6-12 hs; 5. Deve-se ajustar a dieta devido a sua base lipídica. D - NEUROLÉPTICOS São drogas, com efeito, antipsicótico, antieméticos e antihistamínicos. Potencializam os efeitos de sedativos e analgésicos. As fenotiazinas deprimem mais o SNC, enquanto os neurolépticos harmonizam o seu funcionamento. Principalmente as primeiras têm inotropismo negativo com alterações eletrocardiográficas; os neurolépticos podem produzir sintomas extrapiramidais. HALOPERIDOL (HALDOL) É a droga de escolha para uso em estados delirantes em terapia intensiva; também muito usado em abstinência alcoólica e como antiemético. Farmacocinética: bem absorvida, efeito máximo de 2 a 6h, com duração do efeito de 8 a 12 horas. Metabolismo, excreção pelo fígado. Indicação e doses: psicoses agudas e crônicas, síndrome de Tourette, distúrbios de comportamento graves em crianças/antiemético. Eliminação: pelo fígado. Contra-indicação: depressão do SNC, doença hepática ou cardiovascular grave. Reações adversas: hipotensão, taquicardia, bradicardia, PCR, ICC, icterícia, hiper - hipoglicemia, infertilidade, leucopenia, anemia, cefaléia, tremor. Cuidados de enfermagem: 1. Monitorizar o balanço hídrico e pesar diariamente o paciente; 2. Observe se o paciente apresenta sinais e sintomas de desidratação; 3. O uso com o propanolol deve ser evitado pois pode causar bradicardia; 4. Possui pouco efeito hipnótico, hemodinâmico ou depressor da respiração; porém, observar SSVV; APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 113 5. Deve ser evitado em pacientes com alteração de tireóide ou naqueles em uso de lítio. CLORPROMAZINA (AMPLICTIL) Tem efeitos sedativos e anti-psicóticos. É potencializado pelo diazepínico. Como as doses terapêuticas são próximas das tóxicas, tem sido cada vez menos usada em terapia intensiva. Antipsicóticos que bloqueiam os receptores dopaminérgicos no cérebro. Farmacocinética: nível sanguíneo de 2 a 4h. Eliminação de 10-20 h. O seu mecanismo de ação ainda não é totalmente conhecido, agem em todo SNC. Possui ação estabilizadora do SNC e periférico, e ação depressora seletiva sobre o SNC. Apresenta poder sedativo, efeito hipnótico. Absorvida por VO, difundindo-se por todo o organismo. Atravessa a barreira hematomeníngea sendo que as contrações no tecido cerebral são superiores às concentrações plasmáticas. Atravessa a placenta e é excretada pelo leite materno. Eliminação lenta e prolongada (4 semanas ou mais). Intensa metabolização hepáticas, eliminação pela via urinária e pelas fezes. Indicação: Psicoses. Possui amplas indicações terapêuticas em clínica geral. Neuropsiquiatria, obstetrícia, ginecologia, pediatria, cirurgia, psiquiatria, no tratamento da porfiria aguda intermitente e do tratamento adjunto do tétano, náusea, vômito Contra-indicação: - Risco de retenção urinária; - Não usar em estados comatosos; - Supressão da medula óssea; - Glaucoma; - Doença de Parkinson. Reações adversas: - Anemia hemolítica; - Trombocitopenia; - Irregularidades no ciclo menstrual; - Ginecomastia; - Hipertensão, taquicardia, arritmias; - Constipação, náuseas, vômito, retenção urinária; - Agitação, insônia, aumento de apetite e peso; - Visão turva, anorexia, asma, edema de laringe, edema cerebral. Cuidados de enfermagem: 1. Monitorar níveis de Bilirrubina e função hepática; 2. Observar coloração da urina; 3. Observar e comunicar retenção urinária ou constipação; APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 114 4. Observar SSVV – PA; 5. Se IM, observar técnica de aplicação e local verificando formação de abscessos; 6. Posicionar constante o paciente após administração. FENERGAN (PROMETAZINA) Anti-histamínico H. Bloqueia os efeitos da histamina. Efeito inibitório na zona de gatilho quimiorreceptora na medula, resultando em propriedades antieméticas. Altera os efeitos da dopamina no SNC. Farmacocinética: IM – VO, IV. Proporciona efeito sedativo, antiemético, anticolinérgico. Os efeitos aparecem após 20 min. e duram de 4-6 horas. É metabolizada pelo fígado. Age em nível de sistema respiratório, SNC e pele. Não bloqueia a liberação de histamina. Concentra-se nos órgãos de eliminação: fígado, rins e intestino. A depuração renal representa 1% - e os metabólitosencontrados na urina representam 20% da dose. Indicação: - Tratamento e profilaxias de náusea e vômito; - Sedação pré-operatória; - Trabalhos de parto. Contra-indicações: - Coma; - Obstrução da bexiga; - Não é indicado para tratamento de trato respiratório inferior incluindo asma. Reações adversas: - Bradicardia; - Hipotensão; - Fotossensibilidade; - Constipação; - Discrasias sanguíneas (Trombocitopenia, Leucopenia, Anemia Hemolítica); - Hepatite medicamentosa; - Diplopias; - Desorientação. Cuidados de enfermagem: 1. Observar nível de consciência; 2. Manter suporte de O2; 3. Verificar SSVV; 4. Controlar hemograma; 5. Observar sinais e sintomas para hepatite. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 115 E - BARBITÚRICOS São lipídicos e anticonvulsionantes, seu uso tem sido mais limitado pela baixa reserva terapêutica, efeitos colaterais acontecem em níveis séricos próximos aos de sedação. Provocam depressão do SNC, alterações circulatórias e respiratórias. Sua indicação mais comum em terapia intensiva é no controle da hipertensão intracraniana, embora trabalhos demonstram a queda da pressão intracraniana, não há alteração significativa na mortalidade. THIOPENTAL A sua ação é rápida e, em cuidados intensivos, é usado como indutor anestésico para realização de técnicas como a entubação, e também em bolo e infusão contínua para induzir um coma barbitúrico em paciente com hipertensão intracraniana, já que, ao reduzir o metabolismo cerebral e o seu consumo de O2, diminui-se a lesão cerebral. Lipofílico, cruza rapidamente a barreira crânio-encefálica, o ideal será manter na PIC de 15-20 mmHg com pressão de perfusão cerebral maior que 60 mmHg. Conservação: Temperatura (15 a 30ºC – antes da reconstituição e, 2 a 8ºC após a reconstituição). Farmacocinética: agem aumentando as respostas ao GABA, diminui as respostas do glutamato e deprimindo diretamente a excitabilidade pelo aumento na condutância da membrana. Desta forma ocorre significativa diminuição na excitabilidade neuronal para a produção de ação anestésica. O mecanismo não foi ainda completamente estabelecido. Os barbitúricos parecem agir no tálamo, onde inibem a condutância ascendente na formação reticular interferido deste modo com a transmissão dos impulsos ao córtex. É redistribuído do cérebro aos outros tecidos do organismo, isto é, primeiro para os órgãos viscerais altamente irrigados (fígado, rins, coração) e para o músculo e depois para os tecidos adiposos. Os anestésicos barbitúricos atravessam a placenta e aparecem na corrente sanguínea do cordão umbilical. Se em dose altas é excretado no leite materno. A meia vida de distribuição é rápida de 4,6 a 8,5 min. A eliminação é de 10 a 12h. Início de ação rápida (IV) devido a alta solubilidade lipídica. A anestesia tem ação em 30 e 60 seg. Indicações e doses: - Anestesia completa de curta duração. - Para induzir anestesia geral; - Auxiliar na anestesia regional e no controle de convulsões; - Hipnótico na anestesia equilibrada. Contra-indicações: APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 116 - Doença cardiovascular grave; - Hipertensão ou choque; - Disfunção renal/hepática; - Mixedema, asma. Reações adversas: - Depressão respiratória; - Depressão miocárdio; - Arritmia cardíaca; - Sonolência prolongada; - Broncoespasmo; - Anafiláticos. Cuidados de enfermagem: 1. SSVV; 2. Manter material de reanimação próxima; 3. Observar retorno da anestesia. F - ANESTÉSICOS OPIÓIDES É o mais prescrito e efetivo meio de fazer analgesia em pacientes graves. São potentes analgésicos, com moderado efeito sedativo. Deprimem mais intensamente o sistema respiratório e menos o cardiovascular. São metabolizados por via hepática com excreção renal. MORFINA Farmacocinética: início da ação imediata. Uso V.O./IM/IV – Embora não se tenha determinados os sítios precisos ou os mecanismos de ação, as alterações na liberação de vários neurotransmissores dos nervos aferentes sensitivos aos estranhos da dor, podem ser responsáveis pelos efeitos analgésicos, quando utilizados como adjuvantes na anestesia, as ações analgésicas podem proporcionar proteção dose-relacionada contra as respostas hemodinâmicas ao estresse cirúrgico. A morfina exerce sua atividade agonista primariamente no receptor mu, amplamente distribuído através do SNC, especialmente no sistema límbico (córtex frontal, córtex temporal, amígdalas e hipocampo), tálamo, corpo estriado, hipotálamo e mesencéfalo assim como as lâminas I, II, IV e V do corpo dorsal e na coluna vertebral. A eliminação primária é essencialmente renal (85%) sendo que 9% a 12% são excretas sem modificação. Por via E.V. o pico analgésico é obtido aos 20 min. e a duração analgésica é de 4/5 h. Indicações: analgésico sistêmico, usado para o alívio da dor. que não responde a nenhum outro analgésico narcótico sistêmico.Aplicado por via peridural ou intratecal promove o alívio da dor por períodos maiores. Na suplementação de analgesia geral, regional ou local. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 117 Contra-indicações: - Alergia; - Asma brônquica; - Obstrução de V.A.S.; - Infecção no local da injeção (peridunal); - Terapia anticoagulante. Reações adversas: - Dependência física; - Depressão respiratória; - Prurido; - Retenção urinária; - Sedação excessiva: perda da função motora, sensorial; - Constipação; - Cefaléia, insônia, agitação; - Distúrbio visual; - náusea, vômito; - produz liberação de histamina. Cuidados de enfermagem: 1. Avaliar o nível de consciência e FR, devido risco de depressão respiratória e sedação; 2. Monitorar PA e FC por ter efeito colateral taquicardia e hipotensão arterial; 3. Promover oxigenação por máscara ou cateter quando necessário. FENTANIL Diferente de morfina não tem efeito euforizante e não libera histamina. Muito lipossolúvel, apresenta rápida penetração no SNC. Farmacocinética: opióide sintético 50 a 100 vezes mais ativo que a morfina. Após administração E.V. inicia em 2/3 min. seu efeito permanece durante 30 min. É eliminado após Biotransformação hepática, pela via urinária, sob forma de metabólitos inativos e menos de 10% é eliminado sob a forma inalterada. Cerca de 9% é eliminada nas fezes sob forma de metabólitos. Indicações: Anestesia curta durante período anestésico. Uso como anestésico único com O2, em determinados pacientes de alto risco, como os submetidos a cirurgias cardíacas ou certos procedimentos neurológicos e ortopédicos difíceis. Dose IV – frasco ampola de 10 ml diluição em solução glicosada a 5%. Contra-indicações: a pacientes com intolerância conhecida à droga, a qualquer componente da fórmula ou a outros morfinominéticos. Reações adversas: - Depressão respiratória; APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 118 - Rigidez muscular; - Bradicardia; - Hipotensão, náusea, vômito, sudorese; - Broncoespasmo, prurido; - Oligúria; - Miose; - Cefaléia, tremor; - Choque; - Edema. Cuidados de enfermagem: 1. Vigilância respiratória – importante droga depressora do sistema respiratório; 2. Vigilância hemodinâmica (pode causar hipotensão em pacientes hipovolêmicos); 3. Em idoso, doses elevadas podem causar rigidez torácica, progredindo a complacência pulmonar. TRAMAL (TRAMADOL) Inibe a recaptação de serotonina e norepinefrina no SNC. Substância opióide para eliminar a dor. Atua da mesma forma que as endorfinas, ativando com suas moléculas, receptores, ao nível de células nervosas, o que leva adiminuir a dor. Farmacocinética: o início da ação é rápida, de 4 a 6h. Deve ser armazenado em temperatura ambiente 15 a 30ºC, lugar seco e protegido da luz. Atravessa a barreira placentária, é excretado no leite materno. Após administração IV, a diminuição das concentrações plasmáticas, é seguida por uma fase inicial da distribuição breve, depois por uma fase mais lenta nos tecidos pertencentes ao compartimento periférico. Nos pacientes com insuficiência renal o “clearence” é diminuído ao da creatinina, a média é de 12 h. Indicações: alivia a dor de intensidade moderada ou grave de caráter agudo, subagudo ou crônico. Contra-indicações: - Insuficiência respiratória severa; - Dependência física; - Gestação/lactação. Reações adversas: - Vasodilatação; - Prurido, sudorese; - Constipação, náuseas, dor abdominal, diarréia, flatulência, vômito; - Hipertensão; - Distúrbios visuais; - Convulsões, anorexia, cefaléia, ansiedade. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 119 Cuidados de enfermagem: 1. Monitorizar função intestinal; 2. Prevenção da constipação – estimulando ingestão de líquidos e do volume da dieta; 3. Cuidados com a mudança de decúbito devido hipotensão postural; 4. Estimular estímulo da tosse: prevenindo infecções pulmonares; 5. Observar nível de consciência. DOLANTINA Substância analgésica sintética apresenta efeitos farmacológicos similares aos da morfina. Uso IV. Farmacocinética: suas principais funções sobre o SNC, e os elementos renais do intestino. São principais ações terapêuticas, são a analgesia e a sedação. A petidina pode produzir menos espasmo da musculatura lisa, constipação e depressão do reflexo da tosse. O início da ação é mais rápido que com morfina e a duração é levemente menor. Indicações: para o alívio da dor moderada e aguda como medicação pré-anestésica, na manutenção da anestesia e para analgesia obstétrica. Contra-indicação: em pacientes hipersensíveis às substâncias ativas. Reações adversas: - Depressão respiratória; - Depressão circulatória - choque; - Sedação, náusea, vômito; Cuidados de enfermagem: 1. Pode provocar excitação, tremores musculares e convulsões; 2. O uso em pacientes com disfunção renal deve ser criterioso; 3. Vigilância cardiológica, pela possibilidade do efeito depressor do miocárdio e de episódios de taquicardia por apresentar estruturas similar à atropina. G - RELAXANTES MUSCULARES – BLOQUEIO NEUROMUSCULAR Não tem efeito analgésico sedativo. É imperativo que antes de seu uso sejam feitas sedações para evitar o grande desconforto emocional que é um paciente paralisado e consciente. Há uma tendência universal de evitar o uso prolongado destes medicamentos em terapia intensiva devido à grande fragilidade que causa nos pacientes (pode facilitar o aparecimento de tromboembolismo, úlceras de decúbito, atrofia muscular), e podem ter efeitos prolongados em alguns pacientes graves. PAVULON Na U.T.I. indicado para apoiar a ventilação artificial de pacientes entubados e adapta-los a V.M. Tem ação mais lenta, inicia-se em mais ou menos 4 min., permanece ativo por 90 min. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 120 Metabolização hepática – 80% renal – 10% biliar. Produz liberação de histamina moderada, por degradação dos mastócitos. Farmacocinética: a excreção renal é a principal via de eliminação. Exerce uma ação vagolítica insignificante e dose dependente. Bloqueia o processo de transmissão entre a terminação nervosa e a musculatura estriada, ligando-se competitivamente com a acetilcolina, aos receptores nicotínicos localizados na região terminal da placa motora do músculo estriado. Paralisia muscular geral adequada para qualquer tipo de procedimento é estabelecida dentro de 2-4 min. Indicações: uso E.V. Adjuvante da anestesia geral. - Facilitar a entubação traqueal; - Promove o relaxamento da musculatura esquelética, durante procedimentos cirúrgicos. Contra-indicações: reações anafiláticas. Reações adversas: - Insuficiência renal; - Doença hepática ou de vias biliares; - Doença neuromuscular - Hipotermia; - Obesidade; - Dep. Respiratória; - Hipocalemia (diarréia, vômito); - Desidratação; - Acidose; - Insuficiência renal - Distúrbio eletrolítico grave; - Taquicardia; - Miose – diminuição da pressão intraocular. Cuidados de enfermagem: 1. Observar rigorosamente dosagem, via de administração; 2. Controlar SSVV; 3. Monitorização; 4. Atentar para padrão respiratório. TRACRIUM Início de ação intermediária. Produz poucas alterações cardio-vasculares, induz liberação de histamina. Tem metabolização plasmática, sua eliminação não se altera por hepato ou nefropatias. Relaxante neuromuscular não despolarizante. Farmacocinética: A meia vida de eliminação é de aproximadamente 20 min. Indicações: adjuvante de anestesia geral, para facilitar a entubação endotraqueal e propiciar o relaxamento da musculatura esquelética ou a ventilação controlada durante a cirurgia. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 121 Contra-indicações: hipersensibilidade aos componentes da fórmula. Reações adversas: - Broncoespasmo; - Bradicardia; - Urticária; - Carcinogenicidade; - Mutagenicidade; - Comprometimento da fertilidade; - Risco para gravidez; - Reações alérgicas; - PC; - Hipotensão, vasodilatação. Cuidados de enfermagem: 1. Vigilância contínua; 2. SSVV (FC, FR, ST, PA, T); 3. Observar integridade cutânea (sinais de reação alérgica); 4. Observar arritmias. 16.3 - ANTIARRITMICOS AMIODARONA Está indicada no tratamento dos taquiarritmias na prevenção e recidiva da fibrilação e flutter atrial e taquicardias, supraventriculares, nodal e ventricular. Usa-se em infusões contínuas e também em comprimidos no tratamento profilático. É antagonista alfa e beta, não competitivo (não estimulante). Tem propriedades antiisquêmicas, já que produz vasodilatação coronariana com aumento do fluxo coronário, diminuição do consumo de O2, redução da FC e queda das resistências periféricas. Tem também propriedades antiarrítmicas já que tornam mais lento o automatismo sinusal e a condução sinoatrial, atrial e nodal. Farmacocinética: prolonga o potencial de ação e uso V.O. – EV. O período refratário inibe o estímulo adrenérgico. Retarda o ritmo sinusal, aumenta os intervalos PR e QT e diminui a resistência vascular periférica (vasodilatação). Absorção variável – início de ação lenta. Indicações: tratamento e profilaxia das arritmias ventriculares que necessitam de terapia por toda vida e resistentes aos agentes menos tóxicos. Contra-indicações: disfunção grave do nódulo S.A., bloqueio AV de 2º e 3º graus, bradicardia. Usar cuidadosamente nos casos de ICC, disfunções tireoidianas e doença pulmonar ou hepática grave. Reações adversas: - Cefaléia, Bradicardia, hipotensão, ICC; APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 122 - Distribuição renal, ginecomastia, náusea, vômitos, constipação, flebite superficial, pigmentação azulada da pele. Cuidados de enfermagem: 1. Monitorar PA e FC, pode produzir vasodilatação e hipotensão arterial; 2. Verificar acesso pois seu extravasamento é lesivo ao tecido subjacente causando hepatite; 3. Diluido em SG 5% em frasco que não seja de PVC e administrar em BI. LIDOCAÍNA Pertence ao grupo amida de anestésicos locais, mas em cuidados intensivos é usada por sua ação específica sobre o tecido cardíaco. Aumenta o potencial de entrada e prolonga o tempo de condição que se torna útil e de escolha no tratamento da taquicardia ventricular e em sobras de extrasístoles ventricularesincontroláveis. Após uma dose inicial em bolo endovenoso, administra-se por infusão contínua E.V. como profilaxia. Farmacocinética: bloqueia reversivamente a propagação do impulso no longo das fibras nervosas. Pode ter efeito similar em membranas excitáveis no cérebro e no miocárdio. USO – IV, IM e tópico. Início da ação 90 segundos. Eliminação 10-20 minutos. Devido a essa rápida velocidade com a qual é metabolizada, qualquer condição que afete o funcionamento do fígado pode alterar a cinética. A meia vida pode ser dobradas em paciente com disfunção hepática. A disfunção renal não afeta a cinética, mas pode aumentar a concentração de metabólitos. Indicações: - Anestesia local/regional (inserção percutânea); - Arritmia ventricular causada por IAM; - Manipulação cardíaca e T.V. Contra-indicações: - Bloqueio de 2º e 3º graus; - Bradicardia; - ICC; - Disfunção renal, hepática; - Idosos; - Pessoas com menos de 50 kg. Reações adversas: - Hipotensão; - Bradicardia; - Vômito, náusea, sudorese; - Tremores; - Sensação de calor e frio; APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 123 - Convulsões; - Depressão respiratória; - Reações alérgicas. Cuidados de enfermagem: 1. Observar alterações neurológicas, pois doses excessivas podem produzir sonolência, desorientação, parestesias musculares; 2. Monitorar FC e ritmo a fim de avaliar a eficácia da medicação e evitar toxicidade; 3. Monitorização e vigilância contínua; 4. Monitorar, níveis de eletrólitos, creatininas; 5. Comunicar imediatamente ao surgimento de arritmias; 6. Manter equipamentos de reanimação próximos. SELOKEN (TARTARATO DE METROPROLOL) Bloqueador beta, hipotensor arterial, vasodilatador coronariano. Farmacocinética: bloqueia os receptores beta-adrenérgicos em doses muito menores que as necessárias para o bloqueio dos receptores beta. Insignificante efeito estabilizador de membrana e não mostra atividade agonista parcial. Reduz ou inibe o efeito agonista das catecolaminas no coração, reduz o aumento usual da freqüência do débito e de contratilidade cardíacas e da PA, produzida pelo aumento agudo das catecolaminas. Uso – IV, VO. Início da ação – 15 min. Indicações: - Hipertensão; - Angina pectoris; - IAM. Contra-indicações: - Bradicardia sinusal (< 45 bpm); - Bloqueio de 2º e 3º graus; - Choque cardiogênico; - Lactação; - Usar conforme cuidado em Diabetes, asma, DPOC. Reações adversas: - Arritmia; - Insuficiência vascular periférica; - Hipotensão; - Pruridos, pele seca; - Sudorese; - Hiper/hipoglicemia; - Conjuntivite; - Edema pulmonar; - Broncoespasmo; - Febre. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 124 Cuidados de enfermagem: 1. Verificação de SSVV; 2. Vigilância contínua; 3. Monitorizar funções hepática, renal e respiratória do paciente; 4. Controlar glicemia capilar; 5. Controlar débito urinário; 6. Manter o paciente com suporte de O2. CEDILANIDE (CARDIOTÔNICO DIGITÁLICO) Aumenta a contrariedade cardíaca, e diminui FC (devido ao prolongamento do período refratário do nódulo AV). Alivia a sintomatologia clínica dos I.C. (congestão venosa, edema periférico). Farmacocinética: Uso IV. Ação 10-30 min. Meia vida – 35-36h. Eliminação: pela urina. A absorção gastrintestinal é de 60-75%. Um dos principais metabólitos é a digoxina; 50% da dose administrada é executada pelos rins. Indicações e doses: - ICC aguda e crônica; - Fibrilação ou flutter supraventricular; - Aumento da FC; - Taquicardia Paroxística supraventricular. Contra-indicações: - Bloqueio AV completo; - Bloqueia AV do 2º grau; - Parada sinusal; - Bradicardia sinusal excessiva. Reações adversas: - Intoxicação digitálica devido uso associado á diuréticos - depressão de potássio; - Anorexia, náusea, vômito; - Confusão mental; - Sudorese; - Convulsões; - PC; - Prurido, urticária. Cuidados de enfermagem: 1. Monitorizar SSVV; 2. Monitorizar ECG; 3. Administração lentamente e sob controle de pulso. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 125 16.4 - ANTICOLINÉRGICOS Atropina Farmacocinética: Uso IM – IV. Que inibe a acetilcolina na junção do sistema parassimpático bloqueando o efeito no nódulo S. A, diminui o tono vagal cardíaco, o que aumenta a condição através do nódulo AV e o batimento cardíaco. Início da ação: em até 5 min. Indicações: - Bradicardia pós-infarto; - Bradicardia por uso de betabloqueadores; - Bradiarritmia; - Pré-operatório para diminuir a secreção e bloquear o reflexo vagal. Contra-indicações: - Glaucoma; - Doença destrutiva do trato GI; - Miastenia gravis; - Íleo paralítico; - Atonia intestinal; - Instabilidade cardiovascular em hemorragia aguda e megacólon. *Usar com cuidado em Síndromes de Down, paciente mais sensíveis a drogas. Reações adversas: - Boca seca; - Confusão mental; - Taquicardia; - Constipação; - Calor-rubor; - Leucopenia; - Midríase; - Coma; - Cefaléia; - Redução de secreção mucosa e da natalidade ciliar. Cuidados de enfermagem: 1. Monitorizar a retenção urinária em idosos; 2. Monitorar FC; 3. Usar com cautela na presença de isquemia miocárdica, pelo aumento do consumo miocárdico de O2; 4. Pode causar bradicardia paradoxal, em paciente com bloqueio AV intranodal e de III graus com QRS alargado de início recente; 5. Manter suporte de O2 e material de reanimação próximo do paciente. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 126 EPIREFRINA (AMINA VASOATIVA – ADRENALINA) Farmacocinética: fármaco de escolha para o tratamento da PCR. Congrega-se também em infusão contínua para a manutenção da PA. Estimula os receptores alfa e beta, e medicamentos os beta2. Em dose baixa predomina o efeito beta e produz um aumento da FC, do volume sistólico, do consumo cardíaco e uma diminuição das resistências sistêmicas. Em doses maiores aparece vasoconstrição por efeito alfa agonista. A este efeito se deve a sua utilidade na PC, já que contraria a vasodilatação da PCR que provoca a queda da pressão da perfusão coronária e a irreversibilidade da PC. Apresentação: ampola com 1 ml. Uso: IV, SC ou cânula endotraqueal (intranasal). Início da ação: imediata – 3 a 5 min. Incompatibilidade: via E.V. com amnofilina e BIC. Eliminação: metabolização hepática e excreção renal. Principal transmissão química simpática. Sua injeção provoca uma descida da PA, devido a vasoconstrição das arteríolas. A adrenalina provoca 2 ações: 1. VASOCONSTRITORA (EFEITO ALFA); 2. VASODILATADORA (EFEITO BETA). É um potente estimulante por ação direta no miocárdio, estimula 4 propriedades deste: cromo, batmo, dromo e inotrópica. Afeta tanto os receptores Beta1 adrenérgicos (cardíaco) e Beta2 – adrenérgicos (pulmonar). Produz broncodilatação. Também tem propriedades agonistas alfa adrenérgicas que resultam em vasoconstrição. Indicações: - Choque anafilático; - Tratamento da P.C.; - Tratamento da hemorragia superficial; - Tratamento em ataques agudos graves de asma; - Bradicardia. Contra-indicações: - Angina do paciente; - Cuidado com idosos, diabéticos e hipertensos ou com lesões no miocárdio. Reações adversas: - Cefaléia; - Taquiarritmia, FV, TV; - Crise hipertensiva; APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 127 - A.V.C. hemorrágico; - Angina; - Edema pulmonar; - Palidez; - Hiperglicemia; - Diminuição do débito urinário; - Retenção urinária. Cuidados de enfermagem: 1. Monitorar PA e PC pois pode ocorrer isquemia miocárdica,angina e aumento de consumo miocárdico de O2; 2. Verificar permeabilidade do acesso venoso, pois o extravasamento pode causar necrose tecidual; 3. Broncodilatador – auxiliar a ausculta pulmonar, o padrão respiratório, a PA e o pulso; 4. Relatar quantidade de secreção e coloração; 5. Observar se apresenta broncoespasmo e comunicar; 6. Vasopressor – monitorizar PA, pulso, FR e ECG; 7. Monitorizar padrões hemodinâmicos e débito urinário; 8. Choque – Realizar infusão de volume corrigir a hipovolemia; 9. Exames Laboratoriais – observar níveis de K+ sérico, glicose e níveis de ácido lático; 10. Intranasal – em uso concomitante com glicocorticóides ou inalação de ipatrópio, o broncodilatador deve ser administrado primeiro e os outros medicamentos 5 min. após para evitar toxicidade pela inalação de propulsores de fluorocarbono; 11. Endotraqueal – se o paciente estiver entubado, a droga poderá ser injetada diretamente na árvore bronquial, através do TOT, executa 5 insuflações rápidas administrar 10 ml (1 mg/1 ml) e após 5 insuflações rápidas. 16.5 - DROGAS VASOATIVAS São fármacos que melhoram a contratilidade miocárdica sendo amplamente usados no choque cardiogênico, na PCR e na IC atuam estimulando os receptores adrenérgicos alfa e beta. O estímulo dos receptores alfa produz vasoconstrição, dilatação das íris, relaxante intestinal e contração dos esfíncteres instetinal e vesical. O estímulo dos receptores Beta1 produz aceleração cardíaca e aumento da força contrátil do miocárdio, e os Beta2 – vasodilatação – broncodilatação e relaxante intestinal. Padronização – a diluição dessas drogas para a utilização varia de hospital para hospital. Uma padronização facilitará o trabalho da equipe e diminuirá a possibilidade de erro na administração (KNOBEL, 2006). Quanto mais diluída a solução, maior a sua estabilidade assim quanto mais concentrada maior a dificuldade em mantê-la estável. Em certos casos o paciente crítico necessita de um volume de infusão mais concentrado para evitar receber excesso de líquidos. Conforme tabela Knobell (p. 569), Dobuta, Dopa, Tridil e Nipride em SF/SG. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 128 Noradrenalina em SG 5%. A estabilidade em SF é confusa porque existe nas perdas de potência maior antes de 24 h de preparo, portanto, é recomendado em SG 5%. Estabilidade referente ao produto em vidro, conforme informação do fabricante. DOBUTAMINA Tem intensos efeitos agonistas Beta1 e fracos efeitos Beta2. Aumenta o volume sistólico e o consumo cardíaco, aí encontrando a sua maior indicação. Em doses elevadas produz um aumento da FC. Catecolamina sintética com atividade primária Beta1-adrenérgica com propriedades isotrópicas posteriores e mínima vasodilatação periférica. Apresentação: ampola de 20 ml = 250 mg. Farmacocinética: Uso E.V. A dobutamina é um agente inotrópico de ação direta. Sua atividade primária resulta da estimulação dos receptores Beta1 do coração, tem poucos efeitos Alfa1 (vasoconstritor) e Beta2 (vasodilatador). A Dobutamina não depende da liberação da Norepinefrina endógena e, portanto não depende das reservas cardíacas desse mediador (ao contrário da Dopamina). Os efeitos sobre a FC, a condução intracardíaca e a PA são moderados. A fraca elevação da PA se explica pela compensação do aumento do DC concomitante com a diminuição da resistência vascular periférica. A Dobutamina aumenta o volume sistólico e o DC. Diminui a pressão ventricular de enchimento (reduz a pré-carga) e as resistências vascular pulmonar e sistêmica total. Como a dobutamina não age sobre receptores dopaminérgicos não dilata seletivamente os vasos renais ou esplâncnicos, assim pode melhorar o débito sanguíneo renal, a taxa de filtração glomerular, o débito urinário e a excreção de sódio. Início da ação: ½ min. Metabolização ocorre no fígado, gerando produtos inativos: eliminação renal. Indicações: Aumento da contratilidade miocárdica sem que haja grande interferência na resistência vascular periférica. Sua ação é dose dependente. Hipoperfusão nos quais o DC é insuficiente para suportar demandas circulatórias - na I.C. aguda – ICC. Contra-indicações: - Estenose subaórtica; - Taquiarritmias (FV); - Cardiomiopatia hipertrófica obstrutiva. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 129 Reações adversas: - Reações no local da infusão intravenosa (flebite); - Hipotensão (interrupção abrupta da infusão); - Náusea, cefaléia; - Arritmias; - Hipertensão; - Angina; - Aumento da FC sistólica e da PVC. Cuidados de enfermagem: 1. Controle de SSVV; 2. Suporte de O2; 3. Controle rigoroso do ECG; 4. Monitorar níveis de potássio sérico; 5. Monitorar DC; 6. Realizar controle de balanço hídrico. DOPAMINA Atuar diretamente sobre os receptores adrenérgicos Beta1 e indiretamente na liberação de Noradrenalina das terminações simpáticos. Pode ser uma substância irritante, é administrado em veias de grande calibre. Em doses superiores a 2 a 8 mg/kg/min, exerce um efeito agonista Beta adrenérgico provocando o aumento da FC e do volume sistólico. É uma catecolamina vasopressora que atua como pneumotransmissor no SNC e periférico e estimular receptores alfa, beta e dopaminérgicos. Diminui a resistência periférica, e causa vasodilatação mesentérica e renal. Uso: EV. Início de ação: 1-2 min. Indicações: - Pressão arterial; - Choque arterial; - Choque pós-infarto; - Choque cirúrgico; - Choque hipovolêmico / hemorrágico; - Choque anafilático; - Síndrome de baixo débito. Contra-indicações: - Taquicardia; - FA. Reações adversas: - Arritmias; APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 130 - Hipotensão; - Vasoconstrição; - Hipertensão; - Necrose de tecido (extravasamento); - Dispnéia; - Cefaléia. Cuidados de enfermagem: 1. Monitorar PA e FC, pode causar hipotensão, taquicardia, pode induzir ou exacerbar arritmias; 2. Seu extravasamento pode causar necrose tecidual. Observar acesso venoso; 3. Não administrar com solução alcalinas, pois a droga é inativada; 4. Observar débito urinário; 5. Observar nível de consciência. NOREPINIEFRINA (NORADRENALINA) Aumenta a contratilidade cardíaca é vasoconstritor do fluxo mesentérico e renal. Apresentação: ampola com 4 ml (1mg/ml). Ação: início da ação rápida. Farmacocinética: Efeito de ação direta sobre os receptores alfa e beta-adrenérgicos. Com doses baixas interage com receptores betas, aumenta a contratilidade cardíaca sem interferir na resistência periférica. Na prática o efeito alfa-agonista é mais utilizado. Mecanismo de ação: a estimação dos receptores alfa e Beta1 – adrenérgicos causa aumento da contratilidade cardíaca e das condições AV. Sua estimulação inotrópica ocasiona o aumento da FC e dilatação das artérias coronárias. No corpo conhecem 3 catecolaminas: Norepinefrina: neurotransmissor endógeno ao nível dos nervos simpáticos pós- ganglionares e no interior do SNC. Epinefrina: com funções metabólicas, predominantemente. Dopamina: neurotransmissor central. Os agentes simpaticominéticos diferem em suas ações em concordância com os receptores nos quais atuam. A subdivisão básica é alfa e beta, receptores adrenérgicos. Farmacocinética: a norepinefrina tem ação rápida e maior sobre os receptores alfa- andrógenos e menos marcados em beta adrenérgicos. Mais importante efeito da Nora é elevar a pressão sistólica e diastólica, causando vasoconstrição com redução do fluxo sanguíneo nos rins, fígado, pele e fragmento músculo esquelético. Indicações: - Estabilização do PA / Hipotensão; - Coadjuvante no tratamento da PC;- Anestesia; - IAM. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 131 Contra-indicações: - Hipovolemia; - Hipóxia profunda; - Trombose mesentérica ou periférica; - Gestação. Reações adversas: - Bradicardia; - Hipertensão; - Cefaléia – fotofobia/palidez; - Hemorragia cerebral; - Edema pulmonar; - Angina, arritmia; - PC; - Dificuldade respiratória; - Retenção urinária; - Hipo(hiperglicemia); - Sudorese; - Hipersalivação; - Necrose local em caso de entrosamento. Cuidados de enfermagem: 1. Observar SSVV continuamente; 2. Observar o local da infusão devido necrose; 3. Atentar para padrão respiratório, oferecendo suporte de O2; 4. Manter próximo material para RCP. NITROGLICERINA (TRIDIL) Ampola de 10 ml (50mg). Está indicado no tratamento e na profilaxia da isquemia miocárdica, tanto no IAM como na angina de peito. Tem efeito vasodilatador da fibra lisa vascular, o que permite um maior aporte de O2 ao miocárdio, um menor consumo enérgico e um melhor rendimento cardíaco. Farmacocinética: agente vasodilatador de ação direta, predominantemente venosa, causando diminuição do tônus venoso, diminuindo a tensão da parede ventricular e a pós-carga. Seu mecanismo de ação tem como base a conversão da nitroglicerina em óxitro nítrico (NO). Aumento. ativa o GMP cíclico causando vasodilatação arterial periférica. O mecanismo de tolerância relacionada ao uso prolongado de nitroglicerina e outros nitratos está associado ao consumo dos grupos Sulfidril por parte dos nitratos. Os efeitos cardiovasculares se dão por venodilatação sistêmica, diminuição do retorno venoso, das pré-cargas e das pressões de enchimento ventricular. A vasodilatação no sistema vascular sistêmico aumenta a complacência venosa, reduzindo o retorno venoso para o coração. redução da pré e pós-carga com diminuição da demanda de O2 pelo miocárdio. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 132 Indicações: - Insuficiência cardíaca sem hipotensão arterial; - Edema pulmonar cardiogênico; - Crises agudas de angina; - ICC / hipertensão. Uso: EV. Início da ação: ½ min. Contra-indicações: - Anemia severa IAM, TCE, hemorragia cerebral, gestação, lactação. Reações adversas: - Cefaléia, hipotensão, trompocitopenia, angina progressiva, esofagite de refluxo, dermatite de contato, sudorese. Cuidados de enfermagem: 1. Observe SSVV; 2. Manter monitorização contínua; 3. Observar nível de consciência; 4. Manter suporte de O2; 5. Valorizar queixas de dor; 6. Orientar quanto a cefaléias – efeito colateral normal. NITROPRUSSIATO DE SÓDIO (NIPRIDE) Pó Liofilizado – 50 mg mais diluente 2 ml. Potente hipotensor de ação rápida de fugaz, que produz declínio das resistências periféricas e um notável declínio da PA. Usar em BI. Protegê-lo em grupo fotossensível. A ação vasodilatadora venosa e arterial deve-se ao óxido nítrico sobre a musculatura lisa. Esta vasodilatação poderá causar um discreto aumento reflexo da FC, leve diminui do D.C. e do volume sistólico e da R.V.P. Farmacocinética: Potente vasodilatador, sem efeito sobre os vasos sanguíneos inicia após o início da infusão, é fácil de ser controlado e cessa logo depois do término da infusão. Exerce seus efeitos inicialmente sobre os vasos sanguíneos contraídos por espasmo, enquanto que a dilatação generalizada dos vasos periféricos ocorre com doses mais elevadas. Esses vasos incluem tanto as arteríolas quanto o leito da capacitância (venoso) pós-capilar. Indicação: Crise hipertensiva e ICC. Contra-indicações: - Hipertensão compensatória (shunt arteriovenoso e estenose da aorta); APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 133 - ICC associada a RVP reduzida. Reações adversas: - Náusea, vômito, sudorese; - Cefaléia, bradicardia; - Alteração no ECG; - ileo paralítico; - Aumento da PIC. Cuidados de enfermagem: 1. Observar paradas hemodinâmicas; 2. Verificar SSVV – 2/2 h; 3. Monitorar ECG e arritmias; 4. Controlar nível da PIC; 5. Realizar controle hídrico. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 134 MONITORIZAÇÃO HEMODINÂMICA APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 135 17) DEFINIÇÃO A monitorização é uma parte integral do manuseio de pacientes fisiologicamente instáveis. O propósito da monitorização hemodinâmica à beira do leito é ajudar no estabelecimento de um diagnóstico, guiar e otimizar a terapia e promover informação diagnóstica. A monitorização de parâmetros fisiológicos à beira do leito, de maneira segura, rápida e confiável, tornou-se pedra angular no manuseio de pacientes em estado grave nos últimos 20 anos, especialmente após a introdução para uso clínico do catéter-balão, fluxo dirigido por SWAN e colaboradores, no início dos anos 70. Deve- se entretanto, sempre ter em mente que tais parâmetros invasivos não estão livres de riscos e só trarão benefícios evidentes se os dados obtidos forem acurados. Todo paciente admitido numa unidade de tratamento intensivo é submetido a um conjunto de processos seqüenciais que obedecem a um princípio lógico, visando sua melhor recuperação. O algoritmo básico é constituído por: 1) suporte vital básico; 2) correção de fatores precipitantes; 3) suporte vital avançado; 4) suporte a falências orgânicas; e 5) tratamento de complicações e intercorrências. Após o suporte vital básico e a correção de fatores precipitantes, instituem-se as medidas de suporte vital avançado: suporte ventilatório e de oxigenação associado ao suporte hemodinâmico. O controle hemodinâmico constitui-se, portanto, numa das tarefas iniciais e mais importantes na assistência aos doentes graves. 17.1) PRESSÃO ARTERIAL MÉDIA (PAM) Consiste na monitorização da PA intra-arterial e é empregada para obter as mensurações diretas e contínuas da PA em pacientes criticamente doentes que apresentam hipertensão ou hipotensão grave. GERALMENTE É SELECIONADA A ARTÉRIA RADIAL, BRAQUIAL, FEMORAL OU DORSAL DO PÉ. PRESSÃO ARTERIAL MÉDIA: É constituída pela pressão sistólica mais duas vezes a pressão diastólica dividida por três. 17.2) PRESSÃO VENOSA CENTRAL (PVC) A PVC é a pressão na veia cava ou átrio direito, é usada para avaliar a função ventricular direita e o retorno do sangue venoso para o lado direito do coração. Pode ser continuamente medida conectando – se um cateter, posicionando na veia cava ou porta proximal de um cateter de artéria pulmonar, a um sistema de monitorização de pressão. A) SÍTIOS DE PUNÇÃO: - Jugular Interna; - Subclávia; As pressões no AD e VD podem igualar-se no final da diástole, a PVC constitui um método indireto para determinar a pressão de enchimento ventricular direito (pré- carga). APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 136 B) INDICAÇÕES: pacientes criticamente enfermos e a necessidade de monitorização quando se trata o volume hídrico de um paciente instável. C) PRESSÃO CRESCENTE: Pode ser causada por hipervolemia ou por IC, que resulta em uma diminuição da contratilidade miocárdica. D) PRESSÃO DIMINUÍDA: Indica pré-carga ventricular direita mais frequentemente causada por hipovolemia. OBS: A MONITORIZAÇÃO DA PVC NÃO É CLINICAMENTE ÚTIL EM UM PACIENTE COM IC NA QUAL A INSUFICIÊNCIA VENTRICULAR ESQUERDA PRECEDE A INSUFICIENCIA VENTRICULAR DIREITA, PORQUE NESSES PACIENTES UMA PVC ELEVADAÉ UM SINAL MUITO TARDIO DA I.C. E) VALORES DE REFERENCIA: NORMAL - 4 A 10 cmH2O; 2 A 6 mmHg. F) A PVC AUMENTA DEVIDO A: - Infusão excessiva de líquidos EV; - Congestão venosa (tamponamento, TEP, ICC avançada; - Shunt esquerda-direita, estenose mitral grave. - Contratilidade reduzida do ventrículo direito (infarto, pericardite); - Resistência vascular pulmonar alta (edema pulmonar, DPOC); G) A PVC DIMINUI DEVIDO A: - Hemorragias; - Ampliação do terceiro espaço; - Vasodilatação profunda. H) CUIDADOS DE ENFERMAGEM: Controle rigoroso do balanço hídrico. A preparação do local e o cuidado são idênticos àqueles para os cateteres da PAM. Atentar para sinais de complicações mais comuns que são a infecção e a embolia gasosa. 17.3) MONITORIZAÇÃO PRESSÃO INTRACRANIANA (M-PIC) Quando ocorre um aumento de volume dentro da caixa craniana, por qualquer etiologia que faça com que aumenta a quantidade de liquido circulante,ou cause edema , hematoma em seu interior o resultado se transmite difusamente pelo cérebro. A fisiologia da PIC relaciona-se com fenômenos compressivos e isquêmicos, que fazem com que ocorra interferência com o fluxo sangüíneo. O CO2 é um importante vasodilatador cerebral. Com o aumento da PCO2 há vaso dilatação para que se APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 137 consiga drenar para fora da circulação cerebral. Inversamente se diminuído PCO2 ocorre vaso constrição para que este gás se acumule. A) VOLUME INTRACRANIANO Estes são os três volumes que circulam. - Volume encefálico 86%; - Volume sangüíneo cerebral 4%; - Volume de Liqüor 10%. B) MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - Estado mental alterado; - Cefaléia; - Náusea; - Vômitos; - Diplopia, visão Borrada (papiloedema) e cegueira. No edema cerebral, podem ser. Observados sintomas progressivos, incluindo perda de Consciência, hipertensão sistólica, bradicardia, convulsões e herniação cerebral em casos graves, (ANISOCORIA) C) MONITORIZARÃO INVASIVA DA PRESSÃO INTRACRANIANA Dreno (cateter) ventricular acoplado a um transdutor de pressão externo são transdutores de pressão invasiva acoplados na drenagem ventricular externa em contato com a coluna de líquido (Liqüor). D) CUIDADOS DE ENFERMAGEM: Manter cabeceira do leito elevada 45° SENDO MUITAS VEZES NECESSÁRIO 60° MTN. Documentar medidas da PIC quando houver alterações MTN. Manter os MMSS elevados acima da linha axilar anterior, MTN; Manter cabeça alinhada, mantendo-a sem hiperextensão ou hiperflexão, MTN; Manter gases úmidas e geladas em palpebral bilaterais, MTN; Realizar aspiração das VAS (nasotraqueal com sonda n°10) MTN; Realizar aspiração endotraqueal atentando para seu respectivo aumento, MTN; Avaliar diâmetro pupilar de 2/2 horas. Atentar para debito urinário. 2/2horas; Atentar para coloração da diurese. 2/2 horas; Realizar controle rigoroso balanço hídrico, 2/2 horas; 17.4) MONITORIZAÇÃO HEMODINAMICA COM CATETER DE SWAN-GANZ O catéter de Swan-Ganz, também conhecido como catéter balão-fluxo dirigido devido a presença de um balonete inflável na ponta do catéter, onde o próprio fluxo sangüíneo o dirige até a artéria pulmonar. Tem geralmente um diâmetro de 7F (French), de 110 cm, graduação a cada 10 cm, duas vias para transmissão do sinal pressórico (distal e proximal), termissor incorporado para cálculo do débito cardíaco e uma via com válvula para inflação do balonete (Araújo, 1992; Cintra, 2000). Quando APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 138 posicionado corretamente, obtém-se os parâmetros fisiológicos como pressão venosa central, pressão sistólica e diastólica do ventrículo direito (obtidas durante o posicionamento), pressões sistólica e diastólica da artéria pulmonar. Quando se insufla o balonete dentro de um dos ramos da artéria pulmonar, verifica-se os valores da pressão capilar pulmonar (PCP) ou pressão da artéria pulmonar ocluída (PAPO), que servirá de dados para se identificar a pressão hidrostática capilar pulmonar e a pré-carga do ventrículo esquerdo. Além desses parâmetros, poderá utilizar-se do catéter na coleta de sangue venoso misto para análise gaso e oximétrico e para a mensuração do débito cardíaco através do método de termodiluição. A inserção é realizada por punção percutânea geralmente das veias subclávia, jugular interna ou externa, veia femural ou dissecção de veia antecubital. A) CAMINHO PERCORRIDO PELO CATETER Introduza o catéter pelo introdutor. ele percorrerá seu caminho até encontrar a primeira câmara cardíaca, ou seja, o Átrio Direito (AD). Neste momento, haverá o registro no monitor de uma curva de PVC, com 3 ondas, a onda a, c e v e seus colapsos x e y. Então pode-se insuflar o balonete com ar (1,5 ml), permitindo que o fluxo sangüíneo dirija a ponta do catéter para o Ventrículo Direito. Os valores médios oscilam entre 3-5 mmH, segundo ARAÚJO. Agora, através da ajuda do fluxo sangüíneo, dirija o catéter até a próxima câmara cardíaca, ou seja, o Ventrículo Direito (VD). Sabe-se que o catétr se encontra em VD devido a uma alteração na curva, apresentando esta uma oscilação ampla, com valores de 20-25 mmHg (sistólica) e 0-2 mmHg (diastólica). ARAÚJO APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 139 Também podem surgeir algumas extras-sístoles durante a passagem do catéter pelo VD, principalmente pelo estímulo causado pela ponta do catéter sobre a parede do ventrículo. Quando é atingido a Artéria Pulmonar (AP), a curva se altera, surgindo uma pressão sistólica de 20-25 mmHG e diastólica de 8-12 mmHg. ARAÚJO.] Como o balonete está insuflado, ao progredir com o catéter pela artéria pulmonar, o mesmo irá ocluir um dos ramos da artéria pulmonar, fazendo que aparaça uma curva semelhante a da PVC, só que com valores médios um pouco maior, 8-12 mmHg. Também é semelhante ao valor da pressão diastólica da artéria pulmonar. Um dos testes existentes para uma maior certeza de que o catéter se encontra "capilarizado", ou seja, ocluíndo a artéria pulmonar, a curva deve se alterar imediatamente após a desinsuflação do balonete, ertornando a curva da pressão da AP. Ao término de todo o processo, onde o catéter está posicionado corretamente na artéria pulmonar, e a curva de capilarização ou artéria pulmonar ocluída aparecem com facilidade durante o enchimento do balonete, o médico extende a bainha ou "camisinha" sobre o catéter (colocada antes de introduzir o catéter no paciente) para facilitar futuras manipulações sem contaminar o catéter caso o mesmo venha a se deslocar da artéria pulmonar. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 140 17.5) MONITORIZAÇÃO DAS PRESSÕES PELO CATETER DE SWAN-GANZ: A) Pressão arterial média: A pressão arterial média (PAM) é o valor médio da pressão durante todo um ciclo do pulso de pressão. A PAM é que determina a intensidade média com que o sangue vai fluir pelos vasos sistêmicos. PAM: PS + (2x PD) 3 Valores normais da PAM: de 6 a 8 mmHg sendo a média de, 8mmHg. A canulação arterial ou o posicionamento de um catétr intra-arterial permite: - Monitorização contínua direta da pressão arterial; - Retirada frequente de sangue para exames e medição de gases sanguíneos arteriais, evitando-se desconforto e lesão arterial provocados pela punçõ frequente; - Posição de um local para remoção rápida do volume sanguíneo, em situações de sobrecarga volêmica; - Mensuração acurada, frequente e contínua da pressão arterial nos pacientes que utilizam drogas vasoativas potentes (dopamina, nitroprussuiato de sódio, adrenalina etc.). 1) Locais de inserção:Preferencialmente, artéria radial, dorsal do pé ou pediosa e femural, obtida pelo método da punção percutânea com Abocath no 18 ou 20. Sem dúvida, a mais frequentemente utilizada é a artéria radial sempre que possível do lado corporal não dominante e após a realização do teste de Allen (o tempo de enchimento capilar da mão pela artéria ulnar deve ser inferior a 5 segundos). 2) Conexão ao Manômetro de mercúrio ou ao transdutor eletrônico: A conexão da obtenção da PAM ao manômetro de mercúrio ou ao transdutor eletrônico é feito por interposição de catéter de polietileno rígido esterilizado, não menor que 30cm nem maior que 120cm de comprimento. Todo o sistema deve ser preenchido com solução salina fisiológica estéril. (500ml de SF a 0,9% com 1 ml de liquemine e sistema pressurizado). Qualquer bolha de ar deve ser eliminada do sistema. 3) Quidados de Enfermagem: a) Manter curativo seco, estéril e compressivo no local; b) Imobilizar punho e observar perfusão e satruração periférica; c) Manter membro aquecido e em posição funcional; d) Lavar continuamente o sistema através do intra-flow ou lavagem intermitente por meio de seringa com solução heparinizada, para evitar trombose arterial e intra- cateter. Lembre-se que, o sistema pressurizado com intra-flow lava o cateter continuamente com 3ugts./min, devendo ser lavado também a cada 30‟ com seringa ou através do intra-flow, para garantir a permeabilidade do sistema; APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 141 e) Posicionar o zero ao nível da linha axilar média, com o paciente em decúbito dorsal horizontal ou num ângulo máximo de 40 . Conferir a posição a cada troca de plantão. f) Retirar as bolhas de ar do sistema; g) Computar no balanço hidroeletrolítico, o volume do líquido utilizado para a lavagem do sistema; h) Utilizar técnica asséptica para a manipulação do sistema; i) Restringir a canulação arterial ao tempo máximo necessário para o controle hemodinâmico do paciente (ideal 48hs, limite de 4 ou 5 dias) 4) Análise das curvas: Após a montagem de todo o sistema de conexão da linha arterial ao transdutor de pressão, o monitor eletrônico deve ser programado para o registro das curvas. Posiciona-se o transdutor ao nível da linha zero de referência e zera-se o aparelho. Zerado o aparelho e posicionado a linha zero de referência, o sistema é fechado para a atmosfera e aberto para a linha arterial, iniciando-se os registros de pressões. Daí a importância de uma análise cautelosa da conformação das ondas de pressão registradas no monitor, para se detectarem problemas técnicos que possam estar interferindo de modo significativo nos valores reais da pressão arterial. Principais alterações encontradas: a) OVERSHOOT: onda de pico de pressão sistólica apiculada (em agulha), de valor maior que o real, ocasionada por fenômeno de ressonância em catéteres excessivamente longos (maiores que 120cm). b) CURVA AMORTECIDA: curvas de pressões achatadas, muitas vezes de valor inferior ao real. Podem ser ocasionadas por cateteres muito finos, bolhas de ar no sistema, vazamentos, trombose ou obstrução da artéria ou catéter. c) OSCILAÇÃO DA LINHA DE BASE: ocasionada por movimentos respiratórios excessivos, movimentação do transdutor ou do braço do paciente. Obs.: Estes fenômenos também ocorrem no Swan-Ganz, na PVC e PAE (pressão de átrio esquerdo) que estejam conectadas ao monitor eletrônico. Em geral, há uma discrepância de 5 a 20mmHg entre as medidas da pressão arterial pelo método auscultatório e pelo método direto. A disparidade entre as mensurações direta e indireta da pressão arterial pode ser minimizada observando-se os seguintes procedimentos técnicos: a) Aquecer o transdutor e o monitor antes de zerar e calibrar o sistema por no mínimo 10minutos; b) Zerar o transdutor sempre que mudar de rótulo; c) Retirar todo o ar do sistema de pressão; d) Checar todos os encaixes e ajustes; e) Usar extensões e conexões rígidas, não complacentes, de menor comprimento possível, evitando-se a utilização de mais de uma torneirinha de 3 vias interposta entre o catéter e o transdutor; f) Manter o catéter limpo, pérvio para evitar a formação de trombos; g) Posicionar as extensões das conexões, próximas do paciente a fim de evitar linha pulsátil; APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 142 h) Checar o ponto zero e calibrar o sistema sempre que o nível ou posição do paciente for alterada e pelo menos uma vez por turno de plantão. i) Remover o catéter sempre que observar: isquemia distal, infecção local, curva de pressão persistentemente amortecida e dificuldade em se obter sangue pelo cateter; j) Utilizar domos descartáveis; B) PRESSÃO VENOSA CENTRAL: A PVC corresponde a pressão atrial direita e reflete a pressão diastólica final do ventrículo direito quando a válvula tricúspide está aberta. É uma indicação do estado da hidratação e da função cardíaca direita. Com o advento do cateter de Swan-Ganz, observou-se grandes discrepâncias entre os valores obtidos da PVC e da pressão atrial esquerda obtida através da pressão da artéria pulmonar ocluída (PAPO), em determinadas situações clínicas. Mostrando, portanto, que nem sempre é possível correlacionar a pressão atrial direita com a função atrial esquerda. O método de mensuração da PVC com coluna d‟água, devido a extrema simplicidade e baixo custo, é bastante popular e largamente utilizado, dispensando transdutores eletrônicos sofisticados. Desta forma a PVC é um dado extremamente útil na avaliação das condições cárdio- circulatórias de pacientes em estado crítico, desde que se analisem suas limitações, seja utilizada de maneira criteriosa e sempre que possível associada a outros parâmetros clínicos e hemodinâmicos. a) Locais de Inserção: veia antecubital, veia jugular interna ou externa, veia subclávia. b) Determinantes da PVC: volume de sangue circulante, tônus vascular e função ventricular direita. c) Cuidados de enfermagem: a) A obtenção da linha venosa para posicionamento do catéter é feita por punção percutânea ou dissecção venosa ( a ponta do catéter deve estar posicionada em veia central (veia cava superior), devendo-se evitar seu posicionamento dentro do átrio direito para evitar arritmias ou perfuração); b) Checar radiologicamente a posição do catéter antes de instalar a PVC; c) O catéter e as conexões rígidas não devem ultrapassar o comprimento de 120cm; d) Preencher o sistema com solução salina fisiológica estéril heparinizada; e) Retirar qualquer bolha de ar do sistema de mensuração; f) Medir a PVC através da coluna d‟água graduada em cm ou medir por meio de transdutor e monitor calibrados em mmHg selecionando o "range" em 20 ou 40mmHg; g) Observar a oscilação da coluna d‟água ou da linha de base no monitor elétrico, acompanhando os movimentos respiratórios do paciente; h) Manter local de punção com curativo estéril; i) Utilizar técnica asséptica para manuseio do sistema; j) Observar local de punção quanto a presença de dor, calor, rubor e edema; não deixar o catéter por mais que 5 dias; APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 143 l) Obter as curvas típicas de PVC no osciloscópio com a presença de ondas A, C e V e colapsos X e Y conforme desenho abaixo: Observados estes preceitos técnicos mencionados acima e utilizando-se a linha axilar média como o ponto zero de referência, obtêm-se valores normais de PVC entre 6- 10cm H20 (coluna d‟água) ou de 3-6 mmHg (transdutor eletrônico). d) Fatores que interferem no valor real da PVC: 1) Em relação ao paciente: Mudança de posição no leito; movimentação excessiva; movimentos respiratórios amplos e laboriosos (inspiratórios ou expiratórios); pacientesconectados a respiradores mecânicos com pressão inspiratória ou PEEP, pois haverá diminuição do retorno venoso e consequentemente níveis alterados de PVC. 2) Em relação ao catéter e os sistemas de conexão: mau posicionamento da ponta do catéter; coágulo no catéter; catéteres excessivamente finos ou de alta complascência; presença de bolhas de ar no sistema; catéteres dobrados ou com pontos de estrangulamento; catéteres e conexões com vazamentos. 3) Em relação ao sistema de mensuração: zero de referência inadequadamente posicionado, zero elétrico inadequado; alteração na membrana do trnsdutor; transdutor e amplificador inadequadamente calibrados; pequena faixa de resposta da coluna d‟água, em relação aos parâmetros hemodinâmicos. C) PRESSÃO DE ÁTRIO ESQUERDO: É o valor da pressão exercida pelo sangue ao nível do átrio esquerdo. Introduz-se o catéter no átrio esquerdo e mede-se a PAE em cmH20 ou mmHg através do monitor eletrônico. Valores normais: PAE média: 6-10mmHg 12-14cmH20 D) USO DO CATÉTER DE SWAN-GANZ E MONITORIZAÇÃO DA PRESSÃO DA ARTÉRIA PULMONAR OCLUÍDA. a) Introdução: A cateterização da artéria pulmonar (AP) à beira do leito, introduzida por Swan e Col. em 1970, é, atualmente, procedimento rotineiro nas Unidades de terapia Intensiva, embora, em nosso meio, seu uso seja limitado pelo alto custo que representa. A presença de um balonete inflável facilita o seu posicionamento na artéria pulmonar, pois o próprio fluxo sanguíneo o dirige. Através do catéter de Swan-Ganz obtêm-se os seguintes parâmetros hemodinâmicos medidos diretamente: PAD, Pressão sistólica e Diastólica do VD, Pressões sistólica e diastólica da AP, Pressão do capilar pulmonar. O catéter serve ainda para a colheita de sangue misto para análise gasométrica e oximétrica e para a mensuração do DC através do método de termodiluição. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 144 b) Indicações: 1) Manuseio das complicações do Infarto do Miocárdio: a) Hipovolemia e choque cardiogênico; b) Ruptura do septo ventricular e regurgitação mitral; c) Severa falência ventricular esquerda; d) Infarto do ventrículo direito; e) Angina Instável; f) Taquicardia ventricular refratária a terapêutica. 2) Determinação da causa de dispnéia e hipóxia (doença pulmonar severa X falência ventricular esquerda). 3) Avaliação da redução na terapia de pós-carga nos pacientes com falência ventricular esquerda. 4) Diagnóstico diferencial de choque (ex.: hemorragia, sepsis, embolismo pulmonar, falência cardíaca, desidratação). 5) Avaliação da possibilidade de tamponamento cardíaco (medida da função ventricular e pressões de enchimento). 6) Manuseio de pacientes de pós-operatório de cirurgia cardíaca. 7) Manuseio de pacientes com condições clínicas associadas à doença cardiovascular: a) hemorragia gastrointestinal; b) sépsis; c) falência respiratória; e d) falência renal. 8) Manuseio de pacientes que sugerem condições críticas associadas a doença cardiovascular durante a cirurgia cardíaca. c) Contra-indicações: Embora não exista contra-indicação absoluta para o uso dos catéteres de fluxo dirigido, podem existir relações contra-indicativas que envolvem pacientes com sépsis recorrente ou estados de hipercoagulação onde o catéter poderia servir como um foco de sépsis ou formação de trombos. Os catéteres que têm membrana protetora (são protegidos) contra trombos, são contra-indicados em pacientes com sensibilidade conhecida pela heparina. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 145 PROBLEMAS RENAIS MAIS COMUNS EM UTI APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 146 18) NOÇÕES DE ANATOMIA E FISIOLOGIA DO SISTEMA URINÁRIO O sangue transporta substâncias nutritivas e oxigênio a todas as células do organismo e remove os produtos dos catabolismos celulares. Sendo encaminhado a locais apropriados para excreção, como o sistema respiratório, tubo intestinal, a pele e o sistema urinário que remove a maior parte dos produtos excretórios dissolvidos em água. O sistema renal auxilia no equilíbrio de líquidos e eletrólitos do organismo. As doenças do sistema urinário e do sistema circulatório estão estreitamente relacionadas. Um fluxo de sangue abaixo pode perturbar o funcionamento renal. Deve existir uma pressão sistólica em torno de mais de 70 mmHg para os rins formarem urina. O sistema urinário é constituído de dois rins, dois ureteres, uma bexiga e uma uretra. Os rins formam a urina a partir dos produtos de excreção captados do sangue. A urina é conduzida dos rins para a bexiga pelos ureteres e a uretra conduz a urina da bexiga ao exterior do organismo (JÚLIO,97). 18.1) RINS É um órgão par, abdominal, localizado posteriormente ao peritônio com forma de feijão, medindo aproximadamente 11cm de comprimento, 6,5 cm de largura e 3cm de espessura. Aproximadamente 1litro de sangue passa pelo rim a cada minuto, purificando o sangue, e a água e os produtos excretados pelos rins é denominado urina (JÚLIO, 1997). A concavidade central da parte interna do rim é denominada de hilo, onde da entrada e saída do ureter, vasos sangüíneos e linfáticos e nervos. A pelve é uma estrutura oca com forma de funil e torna-se menor á medida que se aproxima do hilo. A parte de tecido que circunda a pelve é denominada de substância medular ou medula, com projeções em forma de cone, são denominados de pirâmides, que se projetam para dentro da pelve renal em forma de cálice. A porção exterior do rim é conhecida como substância cortical ou córtex. O córtex e a medula contém milhares de unidades denominadas de néfrons. Estas estruturas microscópicas, constituem as unidades funcionais do rim, no qual as excretas são filtradas do sangue. Cada néfron é contituído de 03 partes principais: glomérulo, a cápsula de Bowman e um túbulo contorcido. O glomérulo é um enovelado de minúsculos vasos sanguíneos ramificados da artéria renal que fazem saliência para o interior da parte de cima de uma esfera oca chamada de cápsula de Bowman. A água e as substâncias são filtradas do sangue para o interior da cápsula, e o líquido pelo tubo contorcido abaixo. Os produtos que o corpo humano pode reutilizar novamente são reabsorvidos ao longo de inúmeras partes dos túbulos por capilares que circundam o mesmo retornando ao organismo por meio da veia renal. O líquido que permanece nos túbulos coletores é conhecido como urina e cai na pelve renal (JÚLIO,1997). 18.2) URETER É um tubo muscular que une o rim à bexiga. Partindo da pelve renal, que constitui sua extremidade superior dilata, com mais ou menos 25 a 30 cm de comprimento e cerca de 4 a 5mm de diâmetro. O ureter é capaz de contrair a realizar movimentos peristálticos. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 147 18.3) BEXIGA É um órgão oco localizado na cavidade pélvica, sendo elástico muscular, revestido por uma mucosa semelhante a do ureter. Sua função é atuar como reservatório de urina. Quando acumula uma quantidade de urina, cerca de 200ml de urina, e sentindo a necessidade de urinar, contrai-se o tecido muscular liso das paredes forçando a urina para fora. Esse processo de eliminação denomina-se micção. 18.4) URETRA É um tubo revestido por mucosa, que leva a urina para fora da bexiga. Na mulher é curta, com cerca de 3,5cm, servindo apenas como passagem da urina. No homem é mais longa, com cerca de 18cm, e dá passagem tanto a urina quantoas secreções das glândulas reprodutoras. A uretra tem dois esfíncteres que circundam, que impedem o fluxo contínuo de urina a partir da bexiga. Esses esfíncteres se relaxam quando a bexiga se contrai, ocorrendo a micção. O orifício de saída da uretra é denominada meato uretral. 18.5) URINA Sua composição é constituída e excesso de água, e produtos excretórios que contém nitrogênio e excesso de sais. A excreção nitrogenada constitui o resultado final do metabolismo das proteínas, e são principalmente a uréia e a creatinina. A proporção de elementos sólidos e a água determina a densidade urinária. Resulta da comparação entre o peso da urina e o peso da quantidade igual de água. A densidade pode variar de 1010 a 1030, em relação a água, que tem densidade de 1000. Uma densidade fora do normal pode indicar uma doença do rim ou de outro órgão. A densidade da urina é regulada pelos rins, atuando sob influência do hormônio antidiurético (ADH). Uma eficiência do hormônio antidiurético ocasiona a DIABETES INSÍPIDUS, que é a eliminação de grande volume de urina de baixa densidade. Geralmente um adulto elimina cerca de 1200 a 1500ml de urina nas 24 horas. Uma multiplicidade de fatores pode reduzir o débito urinário. Por exemplo, diarréia, vômitos, hemorragias, patologias renais, cardopatias etc. O paciente tem POLIÚRIA quando elimina uma grande quantidade de urina, OLIGÚRIA quando excreta uma pequena quantidade de urina. Se os rins não produzirem urina é denominado de ANÚRIA. 18.6) INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA A falha renal pode estar associada com a diminuição na filtração glomerular, alteração na permeabilidade do glomérulo, perda da função tubular e obstrução do fluxo. Caracteriza-se por um declínio abrupto da função renal (JÚLIO, 1984). É a retenção aguda de produtos nitrogenados e muitas vezes da redução do débito urinário. A insuficiência renal aguda é classificada em pré-renal, intra-renal e pós renal. A principal função renal é a regulação dos equilíbrios-eletrolíticos e ácido-base, da pressão arterial, e da excreção dos produtos finais do catabolismo e ações hematopoéticas e proteinopoética (TATIANA, 2002). A IRA se refere à súbita (horas a alguns dias) perda da função renal caracterizada por um aumento do nitrogênio ureico no sangue e da creatinina sérica (GALLO, 1997) 18.7) INSUFICIÊNCIA RENAL PRÉ-RENAL A causa não está no rim. Apresenta uma diminuição do fluxo sangüíneo renal, determinando retenção de produtos nitrogenados e eliminação da excreção de sódio. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 148 As principais causas são: A) DISTÚRBIOS DA VOLEMIA POR PERDAS DE ÁGUA E ELETRÓLITOS, PLASMA E SANGUE: ocorre diminuição da pressão arterial média, ocorrendo uma diminuição da perfusão renal, podemos observa nas grandes hemorragias, nos grandes queimados, nos casos de diarréia e vômitos persistentes, febre, drenagem digestiva, cetose diabética descompensada, desidratação, depleção salina, ocasionando uma estenose da artéria renal. Em casos de redu ução da volemia, diminui a pressão hidráulica glomerular e a taxa de filtração glomerular. Sob tais condições a composição da urina nesta fase é: ↓ do Na+, ↓ do K+ e aumento da osmolaridade. B) DISTÚRBIOS CARDIOVASCULARES: nos quadros de ICC e insuficiência vascular periférica. A insuficiência pré-renal, pode se apresentar nos estados edemáticos, ICC, cirrose, choques, traumas. 18.8) INSUFICIÊNCIA INTRA-RENAL A categoria intra-renal da IRA inclui acometimentos fisiológicos que afetam diretamente a estrutura e função do tecido renal. Esses incluem, freqüentemente, acometimentos que causam danos para o interstício e para o tecido do néfron. Os rins perdem sua capacidade de excretar resíduos nitrogenados produzidos pelo metabolismo protéico. A lesão tubular leva uma incapacidade de concentração da urina. Além disso, quando as condições que causam a insuficiência pré-renal criam uma destruição do tecido renal, a doença progride para a fase intra-renal. A necrose tubular aguda é um exemplo comum dessa categoria de IRA (GALLO, 1997). A) POR LESÕES TUBULARES (NECROSE), LESÕES ISQUEMICAS: Hemorragias (através de queimaduras, traumatismos, e emergências abdominais), choque infeccioso, ou através de perda de água e eletrólitos (nos casos de enterites, vômitos, peritonite). Hemólise (pela transfusão de sangue incompatível, pancreatite, grande queimado). Nefrotoxina (intoxicações por metais pesados como o mercúrio, solventes orgânicos, contrastes radiológicos, pesticidas, fungicidas, picadura de cobra ou medicamentos). B) NAS LESÕES VASCULARES E GLOMERULARES: vasoconstrição renal através da estimulação do sistema simpático, e secreção de angiotensina, obstrução das artérias e veias renais, glomérulo-nefrite aguda, lúpus eritematoso, endocardite bacteriana, hipertensão maligna. 18.9) INSUFICIÊNCIA PÓS-RENAL A categoria pós-renal inclui qualquer obstrução no fluxo urinário desde os canais coletores no rim até o orifício uretral externo, ou o fluxo sangüíneo venoso do rim. As obstruções podem ser de causas anatômicas ou funcionais. As anatômicas são geralmente acometimentos tais como, a estenose, os tumores ou cálculos. A funcionais podem incluir medicamentos, como agentes bloqueadores ganglionares, que interrompem a nutrição autônoma para o sistema urinário. Ocorre muito nos casos de litíase, cistos, neoplasias, hipertrofia de próstata, lesões de bexiga, fibrose retro-peritoneal, e por aitrogênias. 18.10) FASES DA INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA A IRA pode expressar-se de acordo com a fase evolutiva ou de recuperação. A fase inicial é também chamada de oligúria pois a urina pode chegar até 400ml/dia APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 149 (400ml/24 horas). Inicia pouco tempo após a agressão pelo agente etiológico, 24 – 48 horas. Uma das principais causas da oligúria é a obstrução das vias urinárias, através da ação mecânica que restringe a filtração por aumento da pressão intra-cápsula de Bowmam. 18.11) I FASE (OLIGÚRIA) A) INSUFICIÊNCIA RENAL PÓS-ISQUÊMICA A isquemia faz com que ocorra uma desorganização celular, as células desgarram-se do epitélio e invadem a luz tubular. Ao invadirem a luz tubular elas formam grandes lacunas no epitélio, favorecendo a passagem direta do fluido para o interstício. A IRA pós isquêmica pode ser ocasionada por antibióticos (pois o mesmo causa injúria, produzindo substâncias tóxicas e letais para o sistema renal). IRA por radiocontraste: produzem vasoconstrição renal, e diminuem o fluxo sangüíneo renal, podendo formar cilindros que vem a obstruir as vias urinárias. Pode haver injúria aumentando a hipóxia por aumento do consumo de O2. B) IRA POR NECROSE TUBULAR AGUDA (NTA) É a mais grave das lesões renais, pois a nefrotoxicidade e isquemia renal lesam as paredes do rim e o túbulo também. As toxinas alteram a membrana luminal, fazendo com que ocorra uma redução do ATP. Reduzindo o ATP ocorre liberação de ácidos graxos que perde a borda do túbulo contorcido proximal que por sua vez diminui a reabsorção tubular eliminando material celular que pode precipitar e obstruir, levando assim a uma insuficiência renal aguda renal. A necrose tubular deve ser corrigida rapidamente para impedir complicações. Uma vez constatado o aparecimento da NTA, o principal tratamento é manter o equilíbrio hidroeletrolítico. Durante a fase oligúrica, o volume urinário é geralmente inferior a 400ml/dia, e as perdas invisíveis são em média de 800 a 1000ml/dia e virtualmente livre de eletrólitos. Portanto a reposição deve ser rápida, precisa e conduto controlada para não haver sobre carga cardíaca e edema agudo de pulmão. Deve ser controlado a acidose metabólica, atentando sempre para a gasometria. Etambém um controle rigoroso do potássio para que o paciente não evolua com hipercalemia. Sua forma de manifestação clínica é através das alterações cardíacas e neuromusculares. C) IRA POR OBSTRUÇÃO INTRARRENAL É muito comum pela formação de cristais ou precipitação de corpos cilíndricos, que levam a obstrução do túbulo e consequentemente oligúria (exemplo é o ácido úrico da gota e o uso de quimioterápico) D) IRA POR OBSTRUÇÃO EXTRARRENAL A causa mais freqüente é a formação de cálculos urinários e hipertrofia prostática. E) IRA POR DISFUNÇÃO RETRÓGADA O filtrado glomerular ao longo do túbulo passa para o sangue peritubular através dos espaços originados pela descontinuidade do epitélio. Uma vez estabelecida a oligúria, obviamente a azotemia se instala. Ocasionando redução na velocidade de filtração glomerular e consequentemente edema intersticial. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 150 18.12) II FASE (DIURESE) Classificamos esta fase quando o volume diário de urina aumenta de 400ml/24 horas. Ocorre quando já está ocorrendo regeneração, porém a célula está imatura e não há reabsorção adequada. Corresponde a restauração parcial da circulação renal e da filtração glomerular. A capacidade e reabsorção do rim é de concentrar a urina aumenta progressivamente. 18.13) III FASE (DIURESE TARDIA) Ocorre uma diminuição progressiva do nitrogênio urêico e normalização do volume de urina. Há ainda isostenúria por semanas ou meses. 18.14) IV FASE (RECUPERAÇÃO) Nesta fase não há mais sinais de IRA. Porém ainda há certa isostenúria. 18.15) SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM PARA PACIENTE COM IRA DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM DEFINIÇÃO PRESCRIÇÃO DE ENFERMAGEM PERFUSÃO TISSULAR RENAL ALTERADA Relacionada com oligúria ou anúria, elevação da taxa de uréia e creatinina. Os principais fatores relacionados: traumas com hipovolemia. 1)Monitorizar rigorosamente SSVV (PA, PAM, FC, FR, T, PVC, DC E PAP) 2/2 HORAS. 2)Atentar para parâmetro ventilatório. MTN 3)Realizar aspiração do TOT com SF 0,9% 10ml, 2/2 horas. 4)Realizar aspiração de VAS e boca. MTN 5)Atentar para quantidade, aspecto da secreção traqueobrônquica. MTN 6)Monitorar débito urinário rigorosamente 2/2 horas. 7)Atentar e comunicar alterações no nível de consciência. MTN 8)Realizar ausculta pulmonar (enfermeiro). MTN 9)Avaliar turgor da pele. MTN 10)Avaliar mucosa oral rigorosamente. MTN 11)Avaliar exames laboratoriais de rotina (enfermeiro). MTN 12)Atentar para traçado ECG do monitor cardíaco. MTN 13)Realizar mudança de decúbito se condição hemodinâmica 2/2 horas ALTO RISCO PARA INFECÇÃO Relacionado com á IRA 14)Atentar para temperatura APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 151 ALTO RISCO PARA LESÃO EXCESSO DE VOLUME DE LÍQUIDOS Relacionado com anemia secundária a IRA Relacionado á IRA, filtração precária e ingestão endovenosa corporal rigorosamente 2/2 horas. 15)Observar os locais de inserção de CVC OU CVP quanto hiperemia, exsudato. MTN 16)Observar rigorosamente o aspecto da estase gástrica, fazem teste de catalase. MTN 17)Examinar (enfermeiro) MMSS e MMII quanto presença de edema com cacifo. MTN ELIMINAÇÃO URINÁRIA ALTERADA ALTO RISCO PARA ALTERAÇÃO DO CONFORTO Relacionado á obstrução secundária Relacionada á eliminação urinária ineficaz 18)Manter permeabilidade da sonda urinária. MTN 19)Atentar para presença de grumos na sonda urinária. MTN 20)Atentar para presença de hematúria. MTN NUTRIÇÃO ALTERADA Ingestão menor que as necessidades corporais, relacionado á perda de apetite e fadiga secundária á insuficiência cardíaca congestiva e IRA 21)Realizar passagem de SNE (enfermeiro). M 22)Manter cabeceira elevada 45° MTN 23)Infundir dieta precisamente nos horários. MTN 24)Realizar ausculta abdominal (enfermeiro). MTN 25)Atentar para posição da SNE. MTN 26)Atentar para distensão abdominal. MTN FONTE: CUIDADOS INTENSIVOS DE ENFERMAGEM. HUDAK E GALLO. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 152 19 - ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO POLITRAUMATIZADO APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 153 19) DESCRIÇÃO O Traumatismo é a causa principal de óbito em pessoas entre 01 e 44 anos de idade. Nos grupos etários mais velhos, ele é ultrapassado apenas por câncer e doença cardiovascular. Entretanto, o custo de traumatismo em termos de possível perda de anos de vida produtiva excede tanto o câncer como o da doença cardiovascular. Os principais avanços nos cuidados de pacientes politraumatizados foram feitos nas últimas décadas. O desenvolvimento de centros de traumatismos diminuiu muito a mortalidade e a morbidez entre as vítimas de acidentes. Os cuidados pré-hospitalares e os transportes melhorados levaram a um número crescente de pessoas gravemente lesadas que chegam vivas aos hospitais. Conseqüentemente os pacientes que chegam as Unidades de Terapias Intensivas tendem a apresentar graves lesões que envolvem múltiplos órgãos, e eles necessitam com freqüência de ampla e complexa prescrição de enfermagem e cuidados diferenciado (GALLO,1997). O Trauma é definido como uma lesão corporal causada pela exposição aguda a uma forma de energia. Pode-se definir politraumatizado como o indivíduo vítima de traumatismo de média e grande intensidade que atinja no mínimo dois compartimentos corporais representados pelo crânio, tórax, abdomem, coluna vertebral e extremidades com necessidade imperiosa de intervenção cirúrgica com objetivo de salvar a vida ou recuperar funções orgânicas ou do aparelho locomotor. Os acidentes de trânsito representam a causa mais comum dos eventos traumáticos em todas as idades, representando predominância em sua mortalidade em crianças e jovens (TATIANE, 2002). As mortes devido ao trauma têm uma distribuição trimodal, com cada pico correspondente a um tipo de intervenção que seria mais efetiva em reduzir a mortalidade. O PRIMEIRO PICO: as mortes imediatas representam os pacientes que morrem antes de chegar ao hospital. As lesões acometendo estas mortes incluem os grandes traumas cranianos e lacerações cardíacas ou de grandes vasos. Pouco destes pacientes teriam qualquer chance de vida, mesmo com acesso imediato aos hospital. O SEGUNDO PICO: as mortes precoces são aquelas que ocorrem, nas primeiras horas após o trauma. Elas são devidas principalmente á insuficiência respiratória e as hemorragias internas e são quase todas tratáveis. Entretanto, as primeiras horas após o trauma são chamadas de horas de ouro do trauma, porque o prognóstico definitivo do paciente politraumatizado depende fundamentalmente da eficiência com que suas lesões são abordadas e tratadas neste período. O TERCEIRO PICO: são as mortes tardias, consiste dos pacientes que morrem após dias ou semanas do trauma. A grande maioria se deve a sepse e á disfunção de múltiplos órgãos e sistemas. O atendimento adequado na unidade de terapia intensiva é importante para reduzir estas mortes. 19.1) CLASSIFICAÇÃO INICIAL O indivíduo gravemente lesado deve ser avaliado rápido e eficazmente. O Comitê de Traumatismo desenvolveu critérios e esquemas para facilitar a avaliação inicial, intervenção e triagem das vítimas traumatizadas. A) Lesões que interferem com funções vitais e ameaçam imediatamente a vida, como APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 154 a obstruçãovias aéreas, perdas sangüíneas volumosas, pneumotórax hipertensivo, tamponamento cardíaco; B) Lesões sem ameaça imediata da vida, as quais representam a maioria dos casos. Incluem vítimas de projeteis de arma de fogo (FAF), por arma branca (FAB), contusão torácica, abdominal ou cranianas, que apresentam suas funções vitais estáveis; C) Pacientes com ferimentos produtores de lesões ocultas nas quais a natureza exata da extensão e gravidade das mesmas não são evidentes e que a evolução, se não descoberta, é demorada em relação as anteriores. 19.2) FISIOPATOLOGIA DO TRAUMA A maioria dos óbitos precoce em pacientes politraumatizados decorre da insuficiência respiratória aguda ou choque hipovolêmico. A insuficiência respiratória aguda é definida como situação aguda em que os pulmões não mantêm as trocas gasosas normais entre os alvéolos e sangue. No paciente politraumatizado o diagnóstico de insuficiência respiratória deve ser clínico e o tratamento instituído imediatamente. Laboratorialmente convencionou-se definir a insuficiência respiratória nas situações em que a PaCO2 estiver acima de 50mmHg ou uma PaO2 abaixo de 60mmHg com pacientes respirando em ar ambiente. Os mecanismos responsáveis pela hipercapnia e hipoxemia no trauma são explicados a seguir. A retenção de CO2 resulta comumente de hipoventilação alveolar, seja por obstrução das vias aéreas (a causa mais comum), ou falha no comando central (por traumatismo crânio-encefálico grave), ou ainda por falha mecânica pulmonar (trauma torácico). Já a hipoxemia pode ser decorrente de hipoventilação por si só, mas também pode ocorrer com normocapnia ou hipocapnia em casos de distúrbios da relação ventilação perfusão, difusão anormal de gases e shunt intrapulmonar (aspiração de secreções, contusão pulmonar) O choque é a síndrome clínica onde há diminuição da perfusão sangüínea em órgãos específicos e tentativa do organismo em compensá-la através de taquicardia e vasoconstrição dos leitos vasculares da pele, músculos e vísceras abdominais, para preservar o cérebro e o coração. O mecanismo básico da insuficiência circulatória é a baixa oferta do substrato energético mais importante, oxigênio, resultando em hipóxia tecidual e lesão orgânica progressiva. A) PRÉ-HOSPITALAR O tratamento inicial determina, freqüentemente, o prognóstico final. Essa fase começa no cenário do acidente com uma rápida avaliação de lesões ameaçadoras á vida. Uma vez estabilizada uma via aérea, fazem-se uma avaliação e apoio da respiração e circulação. A reanimação circulatória inicial inclui o controle de hemorragia externa, início de terapêutica hídrica intravenosa e, ás vezes, a aplicação de um vestuário pneumático anti-choque. As possíveis fraturas também são imobilizadas antes do transporte. B) HOSPITALAR A avaliação e os cuidados realizados na chegada ao Hospital podem ser divididos em quatro fases: avaliação primária, reanimação, avaliação secundária e cuidados definitivos. (abordagem minuciosa com urgência e emergências). APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 155 19.3) TRAUMATISMO CRANIENCEFÁLICO Os traumatismos cranianos estão entre as catástrofes mais devastadoras e letais em seres humanos. Há muitos termos usados para descrever ou classificar pacientes com traumatismo craniano. Antigamente usava-se muito os termos „aberto‟, “fechado”, bem como “golpe” e “contragolpe”. Mas estes termos induzem a erro se usados para descrever o grau de intensidade da lesão. Um traumatismo craniano aberto poderia ser uma laceração do couro cabeludo, ou uma perfuração do encéfalo por um projétil de arma de fogo. Hoje, é usado o banco de dados de coma traumático com base no escore da escala de coma de glasgow. E os termos traumatismo craniano leve, moderado e grave são úteis para relacionar os parâmetros de avaliação à terapia e resultados ao longo de um tratamento (GALLO, 1997). A) CONCEITO – é o conjunto de alterações conseqüentes a uma agressão mecânica ao crânio. Seus envoltórios e conteúdos, direta ou indireta, produzindo uma fratura do mesmo e/ou sinais de comprometimento encefálico, focais ou difusos, precoces ou tardios. B) CAUSAS - acidente de automóvel/motocicleta - Agressões violentas - Acidentes de trabalhos - Acidente desportivo - Queda de nível - Ferimento por arma de fogo e/ou branca 19.4) TIPOS DE TRAUMATISMO - LACERAÇÀO DO COURO CABELUDO; - FRATURAS DE CRÂNIO – estas são extremamente importante, pois o couro cabeludo se apresenta edemaciado, doloroso e com equimose. A fratura será sempre confirmada por raios-X de crânio. As fraturas podem ser: - Fratura linear: quando á uma simples ruptura da continuidade do osso - Fratura cominutiva: existem no crânio inúmeros fragmentos oriundos de diversas fraturas lineares - Fratura com afundamento: quando ocorre deslocamento de fragmentos para dentro comprimindo as meninges e o cérebro. A) Observações: - As fraturas de base de crânio são espacialmente perigosas porque se situam próximas a estruturas do tronco cerebral; - A presença ou a ausência de fraturas de crânio não é índices de gravidade do estado do paciente; - Podem ocorrer fraturas com pouca ou nenhuma lesão do cérebro, ao passo que podem ocorrer lesões cerebrais graves e letais sempre que haja fratura; APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 156 - Todo paciente com fratura de crânio deve ser observado e verificando os sinais neurológicos anormais, por causa do traumatismo cerebral subjacente e por causa do perigo de uma subseqüente hemorragia intracraniana; - Em caso de alta do paciente do serviço de emergência após o traumatismo de crânio, deve-se orientar a família, que observe o nível de sonolência do paciente, dores de cabeça, vômitos e fraqueza. 19.5) CATEGORIAS QUE DEFINEM A INTENSIDADE DO TRAUMATISMO CRANIANO. A) TRAUMA LEVE: - pode haver perda da consciência; - pode haver amnésia, mas por manos de 30 minutos; - não há fratura do crânio, contusão cerebral e hematoma; - freqüência gira em torno de 55%. B) TRAUMA MODERADO: - perda da consciência e/ou amnésia por mais de 30 minutos, porém por menos de 24 horas. - pode haver uma fratura do crânio. - freqüência 24%. C) TRAUMA GRAVE: - perda da consciência e/ou amnésia por mais de 24 horas; - também incluem aqueles que estão com contusão cerebral, laceração ou hematoma intracraniano. - freqüência gira em torno de 21%. 19.6) MECANISMO DE LESÃO Os mecanismos de lesão apresentam grande papel na determinação das conseqüências fisiopatológicas do traumatismo craniano. Uma lesão por aceleração ocorre quando um objeto em movimento golpeia a cabeça estacionária, como em uma lesão por um projétil ou por objeto rombudo. Já uma lesão por desaceleração é aquela na qual a cabeça golpeia um objeto relativamente imóvel, como o painel de um automóvel ou o chão. Também pode existir o golpe e o contragolpe, onde ambas as forças podem estar associadas ao deslocamento rotacional da cabeça, causando estiramento e lesão por cisalhamento da substância branca e do tronco encefálico. Segundo gennarelli e cols existem as lesões “focais” e “difusas” como categorias de traumatismos graves da cabeça em uma tentativa de acompanhar mais especificamente. Como lesão focal resulta em danos localizados, incluindo contusão e hematomas intracerebrais. Já as difusas são agrupadas em: lesão axional difusa, hipóxica, edema cerebral e hemorragias em todo o encéfalo. 19.7) SISTEMA NERVOSO CENTRAL O TECIDO NERVOSO POSSUI ESTRUTURAS QUE LHE CONFEREM PROTEÇÃO, SÃO ELAS: CAIXA CRANIANA E MENINGES. A estrema vulnerabilidade da célula nervosa as situações de hipóxia faz com que o fluxo sangüíneo cerebral seja o que possuimelhor auto revelação de todos os outros tecidos do corpo. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 157 PARA QUE O CÍRCULO DESENVOLVA SUAS FUNÇÕES É NECESSÁRIO: # 15 a 20% do débito cardíaco (750 ml/min de fluxo sangüíneo cerebral) #18% do O2 obtido pelos pulmões. Ao se estabelecer qualquer aumento de volume dentro da caixa craniana, o resultado se transmite difusamente pelo cérebro. A fisiologia da PIC relaciona-se com fenômenos compressivos e isquêmicos, que fazem com que ocorra interferência com o fluxo sangüíneo. O CO2 é um importante vasodilatador cerebral. Com o aumento da PCO2 há vasodilatação para que se consiga drenar para fora da circulação cerebral. Inversamente se diminuído PCO2 ocorre vasoconstrição para que este gás se acumule (GALLO, 1997). A PIC é resultado de 03 volumes: - Volume encefálico 86%; - Volume sangüíneo cerebral 4%; - Liqüor 10%. 19.8) TRAUMATISMOS CEREBRAIS (LESÃO D0 ENCÉFALO PROPRIAMENTE DITA). A) LACERAÇÃO DO COURO CABELUDO Por causa da vascularização intensa do couro cabeludo, as soluções de continuidade do couro cabeludo podem causar hemorragias importantes, com subseqüente hipovolemia. Para controlar o sangramento usa-se compressa para fazer compressão direta das bordas do ferimento, ou aplicar-se pressão sobre a artéria temporal superior até que os vasos atingidos possam ser suturados. Controlada a hemorragia, deve-se proceder á limpeza do ferimento antes de proceder a sutura, para prevenir que ocorra uma infecção intracraniana. A administração do toxóide tetânico e antibiótico também como medida de proteção ao paciente contra infecção (TATIABNE, 2002). B) FRATURAS DE CRÂNIO Suspeita-se de fratura de crânio quando uma área do couro cabeludo se apresenta edemaciada, dolorosa e com equimose. A fratura é confirmada por RX ou mais propriamente pela TAC-Cranio. As fraturas podem ser: - FRATURA LINEAR: é uma simples ruptura da continuidade do osso; - FRATURA COMINUTIVA: existem no crânio inúmeros fragmentos oriundos de diversas fraturas lineares; - FRATURA COM AFUNDAMENTO: quando ocorre o deslocamento de fragmentos para dentro comprimindo as meninges e o cérebro. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 158 C) CONCUSSÃO CEREBRAL Uma concussão é uma síndrome que envolve uma forma leve de lesão cerebral difusa. É uma disfunção neurológica temporária e reversível com ou sem perda da consciência. Se ocorrer perda da consciência, esta pode durar alguns segundos ou minutos. Pode ocorrer desorientação e confusão mental por um curto período de tempo. Outros sintomas incluem cefaléias, incapacidade de concentração, problemas de memória, tonteira e irritabilidade. B) CONTUSÃO CEREBRAL A contusão cerebral descreve uma área do cérebro que apresenta uma “equimose” sem ser puncionada ou lacerada. A equimose situa-se na superfície e é composta de uma área de pequena hemorragia que é difundida por toda substância cerebral naquela área, em lugar de estar em uma localização distinta. A contusão cerebral é a lesão observada com maior freqüência após traumatismo craniano. Os sinais e sintomas das contusões variam dependendo da localização e do grau. Pode haver lesões pequenas, resultam somente em déficit neurológico focais. E outras com áreas maiores podendo expandir-se por 2 ou 3 dias após a lesão e criar disfunções disseminadas em virtude do edema cerebral crescente. Que pode causar um aumento na PIC, e elevando a taxa de mortalidade para até 45%. C) HEMATOMA EPIDURAL OU EXTRADURAL É um acumulo de sangue no espaço entre a tábua interna do crânio e a camada mais externa das meninges, a dura-máter. Estes hematomas ocorrem em virtude da ruptura de pequenos ramos da artéria meninge média ou artéria meninge frontal. Aproximadamente 85% estão associados a uma fratura linear do crânio, geralmente do osso temporal. Os pacientes com hematoma epidural compõem um grande grupo daqueles na categoria “falar e morrer”. Os sinais e sintomas incluem uma breve perda da consciência no momento do impacto seguida por um período relativamente lúcido de minutos ou horas. Este período de conversação é então seguido por uma rápida deterioração neurológica de confusão a coma, de movimento intencional à postura em decorticação ou descerebração e de pupilas simétricas a anisocoria. Estes são sinais rápidos de herniação e devem ser tratados rápidos para evitar a morte do paciente. O hematoma ao expandir-se causa cefaléia, inconsciência, dilatação e fixação da pupila, hemiparesia ou hemiplegia, convulsão, reflexo de babinski. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 159 D) HEMATOMA SUBDURAL É um acumulo de sangue abaixo da camada meníngea da dura e acima do revestimento aracnóide do encéfalo. Á causa geralmente é a ruptura de veias superficiais ou descolamento de acúmulos de sangue venoso que são encontrados nesta área. Freqüentemente está associado a uma contusão cerebral subjacente por aceleração-desaceleração e forças rotacionais de impacto. Os hematomas subdurais são classificados como agudos, subagudos e crônicos com base no momento da lesão até o início dos sintomas. Os pacientes como hematoma subdural agudo geralmente apresentam sintomas dentro de 24 a 48 horas após traumatismo.E a manifestação mais comum é o aumento da PIC e exigem intervenção de emergência. Os pacientes com hematomas subdurais subagudos, podem apresentar sintomas clínicos de 2 dias a 2 semanas após a lesão. Aqui começa comprimir o tronco encefálico. Já os crônicos, ocorrem de 2 semanas até 3 a 4 meses após trauma inicial. Os sintomas incluem cefaléia, letargia, confusão, convulsões e ocasionalmente disfasia. E) HEMATOMA INTRACEREBRAL É uma coleção de sangue de 25 ml ou mais dentro do parênquima encefálico. E é difícil distingui-lo de uma contusão. As causas traumáticas incluem fraturas do crânio com afundamento, lesões penetrantes por projéteis e movimentos súbitos de aceleração de desaceleração. O tratamento cirúrgico é controverso mais indicado o tratamento clínico. 19.9) FISIOPATOLOGIA RELACIONADA AO TCE A) Edema cerebral; B) Traumatismo do tronco cerebral; C) Sistema respiratório; D) Sistema musculoesquelético (comprometimento da mobilidade física); E) Sistema gastrointestinal (equilíbrio e desequilíbrio da hidratação, ato de deglutição); F) Sistema nervoso (capacidade de comunicação); G) Complicações (edema pulmonar, extravasamento de líquido cerebroespinhal, convulsões). A) EDEMA CEREBRAL Geralmente está presente em grau maior ou menor em todo traumatismo crânio encefálico de certa gravidade. Ocorre no local do trauma e na periferia, podendo atingir áreas distantes. Ocorre devido a rotura da barreira hemato-cerebral, aumentando o volume do conteúdo intracraniano levando a compressão das estruturas vitais provocado pelo extravasamento de fluido e eletrólitos para o espaço extracelular. É causa importante de hipertensão intracraniana. B) TRAUMATISMO DO TRONCO CEREBRAL As lesões intracranianas e o edema cerebral, provocando expansão, podem causar herniamentos do cérebro, com subseqüente compressão do tronco cerebral resultando na falência da medula oblonga e provocando a morte. B.1) CARACTERÍSTICA CLÍNICA APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 160 Geralmente apresenta taquicardia regular, reduzindo de forma gradual por si só, ao contrário de outras taquicardias. B.2) CARACTERÍSTICA ELETROCARDIOGRÁFICA - Freqüência: geralmente entre 100 – 150 bpm; - Ritmo: regular; - Onda P: normal; - Intervalo PR: normal; - QRS: normal B.3) TRATAMENTO O primeiro passo é tentar identificar a causa da arritmia, ao invés de tentar diminuir a freqüência, poisa mesma pode ser compensatória. Ex: insuficiência cardíaca esquerda. Uma vez identificado à causa, o tratamento é orientado para a correção da causa básica. Ex: se a taquicardia for devido à febre, deve-se tentar diminuir a febre ou se for proveniente a ansiedade, sedativa ou tranqüilizante podem ser usados. B.4) PAPEL DA ENFERMAGEM Identificar a arritmia e se possível registra-la, comunica-la; Observar sinais no paciente; B.5) QUADRO CLÍNICO Os traumatismos graves costumam ser acompanhados de lesões faciais importantes: - Com obstrução de vias aéreas. Estas podem decorrer da presença de corpos estranhos, fragmentos dentários ou restos alimentares. - Alteração do nível de consciência. O nível de consciência reflete o grau de relacionamento do paciente com o meio externo. Sua alteração indica melhora ou piora da função cerebral. Sabe-se que a consciência depende da função encefálica intacta e que as alterações da mesma são sinais de insuficiência cerebral. - Alteração psicomotora. É comum, podendo traduzir dor, manifestação de confusão mental ou primeiro sinal de hipertensão intracraniana e de um hematoma. - Crise convulsiva. Podem ser focais ou generalizadas e traduzem uma lesão cerebral, quer por comprometimento direto, quer por distúrbios metabólicos e anóxia. - Rigidez de nuca. Geralmente traduz hemorragia de meníngeas. - Hipertensão intracraniana. É caracterizada pela tríade de cushing: - Hipertensão; - Bradicardia; - Anisocoria; - Alteração do nível de consciência; - Alteração do ritmo ventilatório. B.6) EXAMES COMPLEMENTARES - Raio –x de crânio; - Angiografia cerebral; - Tomografia computadorizada; - Eletroencefalografia. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 161 B.7) TRATAMENTO - Cirúrgico; - Clínico; - Conservador. B.8) COMPLICAÇÕES - FÍSTULA LIQUÓRICA: devido perda de liqüor pelo nariz e ouvido pode durar vários dias após o trauma craniano. Aparece geralmente nos traumas de região frontal e temporal devido às lesões da dura-máter. - MENINGITES: febre e sinais de irritação meningea indicam esta complicação, que é confirmado pelo exame de liqüor. - ABSCESSO CEREBRAL: apresenta sinais de hipertensão intracraniana e disfunção neurológica. Tratamento é cirúrgico. B.9) SEQÜELAS DO TRAUMATISMOCRÂNIO-ENCEFÁLICO - SÍNDROME PÓS-TRAUMÁTICA: cefaléias, vertigens, irritabilidade, costumam ocorrer semanas ou até meses após o trauma. - DEFICIÊNCIA MENTAL OU MOTORA: compreende a fraqueza muscular ou distúrbios mentais podem persistir, às vezes incapacitando o paciente ao trabalho. - EPILEPSIA: em alguns casos aparecem vários meses após o trauma. Trata-se com anticonvulsivantes. - DEFEITOS ÓSSEOS DO CRANIO: decorrer do afundamento ou ressecção cirúrgica. Podem ser corrigidos por crânio-plastia feita com acrílico, em adultos, ou enxerto ósseo. B.10) PROGNÓSTICO Extremamente variável. Índice de mortalidade de 5% a 60 % dependendo da gravidade e origem das estatísticas. B.11) AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE CONSCIÊNCIA Escala de coma de glasgow; C) PADRÃO RESPIRATÓRIO: O padrão respiratório é avaliado no que se refere à freqüência, ritmo e amplitude da respiração. Quando há distúrbios respiratórios de origem central, as alterações que são observadas podem indicar a estrutura que está sendo afetada. A respiração de Cheyne-Stokes, á vista freqüentemente na hipertensão intracraniana e representa uma disfunção hemisférica bilateral, indica que o tronco cerebral está intacto, porém os hemisférios não. A hiperpnéia neurogência central, indica disfunção do tronco cerebral devido à lesão mesencefálicas; A respiração apneustica indica lesão do tronco cerebral ao nível da ponte; A respiração atáxica é uma respiração completamente irregular e é algumas vezes referida com fibrilação dos centros respiratórios. Isto representa falência bulbar. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 162 D) TAMANHO E REATIVIDADE PUPILAR: Com relação às pupilas devemos observar: 1)Isocórica 2)Tamanho: midríase, média, miose e puntiforme 3)Responsiva a luz. E) MOVIMENTOS OCULARES: Deve-se examinar os movimentos oculares, tanto espontâneos como em respostas aos estímulos. Este somente realizado pelo médico. 1) REFLEXO OCULOCEFÁLICO - realizado no paciente com alteração do nível de consciência, faz-se uma rotação súbita da cabeça para um lado, o que ocasiona um desvio conjugado do olhar para o lado oposto. Isto significa que o tronco cerebral está intacto. Já os movimentos oculares assimétricos o desconjugados e ou ausentes, tem lesão de tronco cerebral. 2) REFLEXO OCULOVESTIBULAR- é o estímulo com água gelada. F) RESPOSTA MOTORA: Podemos observa: - força motora nos quatro membros; 1) Hemiparesia 2) Hemiplegia 3) Postura de descerebração 4) Postura de decorticação 5) Convulsões 6) Rigidez 19.10) SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM DEFINIÇÃO PRESCRIÇÃO DE ENFERMAGEM TROCA DE GASES PREJUDICADA Relacionado a perda do controle voluntário dos músculos respiratórios e/ou lesão afetando a freqüência, ritmo, profundidade ou automaticidade da respiração. 1) Avaliar o ritmo/padrão respiratório 2/2 horas; 2) Avaliar os ruídos respiratórios a cada 4/4 horas (enfermeiro); 3) Avaliar resultados da GSA. 4) Atentar para os SSVV (PA, FR, FC, SAT O2, T) 2/2 horas; ELIMINAÇÃO TRAQUEOBRÔNQÜICA INEFICAZ Relacionado a secreções retidas, vias aéreas obstruídas, ou edema pulmonar. 5) Manter cabeceira do leito elevado 45°. MTN 6) Realizar aspiração de TOT com SF 0,9% 10ml, 2/2 horas; 7) Realizar aspiração de VAS (se não tiver fratura de base) e boca 8/8 horas; APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 163 8) Atentar para quantidade, odor, coloração e aspecto da secreção traqueobrônquica. 2/2 horas 9) Atentar para os parâmetros do ventilador. MTN MOBILIDADE FÍSICA PREJUDICADA Relacionada a hemiparesia, hemiplegia, postura anormal, espasticidade, contraturas ou á própria fratura 10) Realizar decúbito de 2/2 horas se não houver contra indicação; 11) Manter almofadas, coxins para manter o alinhamento articular. 2/2 horas; INTEGRIDADE DA PELE PREJUDICADA Relacionada a imobilidade prolongada, e as fraturas, ou MPIC 12) Atentar para inicio de hiperemia em região sacra- coccigeana e calcâneos. MTN; 13) Realizar massagem de conforto com hidratante. MTN; 14) Manter rodas de conforto em região occipital, calcâneos. MTN; 15) Realizar rigorosamente decúbito se não contra indicado. MTN; NUTRIÇÃO ALTERADA Relacionada com a ingestão menor que as necessidades corporais, relacionada com a demanda metabólica excessiva, incapacidade de deglutir, confusão, agitação, alteração do nível de consciência ou depressão. 16) Manter cabeceira elevada pelo menos 30° ao iniciar com dieta. MTN; 17) Realizar passagem de SNE para as próximas dietas. MTN; 18) Manter a SNG fechada e avaliar distensão abdominal. MTN; 19) Retirar SNG se mais de 24 horas com ele fechada e não houve distensão e vômitos. 20) Atentar para posicionamento da SNE antes de iniciar dieta. MTN; 21) Lavar SNE com 40ml DE SF 0,9% após administração de medicamentos e após termino da dieta. MTN; 22) Realizar troca da fixação da SNE conforme rotina; ELIMINAÇÃO Relacionada a perda de 23) Atentar para quantidade, APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 164 URINÁRIA ALTERADA controle voluntário da bexiga, hipertonicidade ou bexiga espástica coloração e turgor da urina. MTN;24) Realizar higiene íntima da glande e uretra durante banho; 25) Atentar para presença de exsudato no canal uretral. MTN; 26) Comunicar se eliminação urinária estiver alterada (oligúria, poliúria ou anúria). MTN; COMUNICAÇÃO VERBAL PREJUDICADA Relacionado ao trauma, lesão cerebral, entubação endotraqueal. 27) REALIZE PRESCRIÇÃO PARA COMUNICAÇÃO VERBAL PREJUDICADA. ALTO RISCO PARA INFECÇÃO Relacionado com o trauma, procedimento cirúrgico, métodos invasivos 28) Realize prescrição para risco de infecção 19.11) PRESSÃO INTRACRANIANA (PIC) A) O QUE É? É o produto final do volume de tecido cerebral, do volume de sangue e do volume do liqüor (LCR) dentro do crânio, num determinado momento. O crânio é um compartimento rígido, que contém tecido cerebral (1400g), sangue (75ml) e liquor (75ml). O volume e a pressão estes três componentes costumam estar em estado de equilíbrio. Uma vez que existe um espaço limitado para a expansão dos mesmos dentro do crânio, o aumento de qualquer um destes componentes implica em modificação no volume dos demais – aumentando a reabsorção do LCR ou reduzindo a volemia (volume de sangue) cerebral. B) VALOR NORMAL A PIC normal oscila de acordo com a posição do indivíduo, devendo normalmente ser igual ou inferior a 15 mmHg. C) INDICAÇÃO DA MONITORIZAÇÃO DA PIC - Traumatismo de crânio - Hemorragia subaracnóidea - Tumores cerebrais - AVC - Hidrocefalias Patologias tais como traumatismos cranianos, AVC, lesões inflamatórias, tumores cerebrais ou cirurgias intracranianas alteram a relação entre volume e pressão intracraniana. Habitualmente, a hipertensão intracraniana se acompanha de lentificação don pulso e de irregularidades respiratórias. Tais alterações da pressão arterial, pulso e ritmo respiratório são de importância clínica, porque evidenciam a APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 165 existência de uma PIC elevada. O efeito final de hipertensão intracraniana é a isquemia cerebral. D) FORMAS DE MONITORIZAÇÃO A medida da PIC deve ser considerada sempre como um dos diversos parâmetros de avaliação. É importante não menosprezar o exame neurológico e geral a intervalos freqüentes. É importante a íntima monitorização da temperatura, pulso e da respiração do paciente. Sempre devemos manter a cabeça do paciente na mesma posição em relação ao transdutor. A PIC é monitorizada medindo-se as pressões do LCR no interior do ventrículo lateral, no espaço subaracnóideo, ou no espaço subdural. Há quatro técnicas básicas para medir a PIC: (1) intraventricular; (2) subaracnóidea/subdural e (3) intraparenquimatoso e (4) epidural. A duração habitual para monitorização da PIC é de 3 a 5 dias. 1) INTRAVENTRICULAR Foi descrita em 1951 e ainda é a mais usada com mais freqüência. Consiste na instalação de um cateter no ventrículo lateral. Nesta técnica é utilizado um conector Y na extremidade proximal do cateter que facilita fixação do monitor e um sistema de drenagem de LCE. - VANTAGENS: - Medida direta da pressão do LCE - Acesso para drenagem de amostragem do LCE - Acesso para determinação das respostas de volume-pressão - DESVANTAGNES: - Necessidade de punção cerebral - Dificuldade de localizar o ventrículo lateral - Bloqueio do cateter por componentes líquidos ou pela parede ventricular - Riscos de hemorragias intracranianas e infecção 2) SUBARACNÓIDE A medida da PIC é por meio de um parafuso na subaracnóidea. - VANTAGENS: - Medida direta da pressão do LCE; - Não é necessário penetrar no cérebro - Acesso para drenagem e coleta de amostra do LCE - Facilidade na inserção 3) INTRAPARENQUIMATOSA Esta técnica proporciona um meio de obter registros da PIC em pacientes com ventrículos comprimidos e deslocados. É uma técnica recente. É introduzido através de um parafuso na subaracnóidea, um parafuso, após punção da dura mater e coagulação das membranas aracnóides, avançando vários centímetros dentro da substância branca do encéfalo. - VANTAGENS: - Precisa - Facilidade de inserção - Minimiza artefato, extravasamentos, tração e infecção. - DESVANTEGENS - Ruptura do cateter com curvaturas APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 166 - Não há possibilidade de drenagem e coleta de amostra de LCE - Requer equipamento exclusivo 4) EPIDURAL Envolve o posicionamento de dispositivo epidural com um balão com radionuclídios transmissor de rádio ou transdutor de fibra óptica. - VANTAGEM Menos invasiva - DESANTAGENS: Tempo de resposta lento Ausência de via para drenagem e coleta de LCE E) OBJETIVOS DA MONITORIZAÇÃO DA PIC SÃO: - Identificar precocemente a elevação - Quantificar o grau de anormalidade - Permitir que se iniciasse tratamento adequado - Possibilitar acesso ao LCR para obtenção de amostragem e de drenagem - Avaliar a eficácia do tratamento F) TRATAMENTO PARA DIMINUIR A PIC - Descompressão cirúrgica - Ventilação mecânica - Posição da cabeça do paciente - Hiportermia (PESQUISA DE CAMPO) - Pressão arterial - Drenagem de líquido cerebroespinhal - Esteróides - Coma induzido (curare) 19.12) SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM PARA M-PIC DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM DEFINIÇÃO PRESCRIÇÃO DE ENFERMAGEM PERFUSÃO TISSULAR ALTERADA Relacionada a diminuição do espaço para perfusão cerebral, edema tecidual cerebral, diminuição sistêmica da perfusão, ou ausência de perfusão cerebral devido á embolia ou interrupção do fluxo vascular 1) Manter cabeceira do leito elevada 45°. MTN; 2) Manter cabeça do paciente alinhada corretamente. MTN; 3) Atentar para valores da MPIC continuamente. MTN; 4) Documentar a medida da PIC quando houver alterações. MTN; 5) Evitar flexão do pescoço ou virar a cabeça bruscamente. MTN; 6) Avaliar diâmetro pupilar APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 167 2/2 horas; 7) Realizar controle rigoroso e preciso dos SSVV (T, FC, FR, PA SAT O2). 2/2 horas; 8) Atentar para aspiração endotraqueal.MTN; 9) Manter um registro preciso das entradas e saídas. 2/2 horas; 10) Atentar para débito urinário. 2/2 horas; 11) Atentar para coloração da diurese. 2/2 horas; 12) Manter gazes úmidas nas palpebral. MTN; 13) Realizar higiene ocular com SF 0,9%. MTN; 14) Evitar movimentos bruscos com paciente. MTN; 15) Manter MMSS elevados á nível do coração. MTN; DÉFICIT DE VOLUME DE LÍQUIDOS Relacionado ao diabetes insípidus. 16) Realizar controle rigoroso das entradas e saídas 2/2 horas; 17) Observar a coloração da diurese. MTN; ALTO RISCO PARA TEMPERATURA CORPORAL ALTERADA Relacionado á lesão ou infecção do tecido encefálico 18) Atentar para aumentos brusco da temperatura. MTN; 19) Manter técnica asséptica com todos os procedimentos invasivos. MTN; 20) Atentar para presença de líquor em cavidade nasal, auricular ou na inserção do cateter MPIC. MTN 21) Atentar para aspecto das secreções traqueobrônquicas. MTN; 22) Realizar ausculta pulmonar (enfermeiro). MTN; APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 168 19.13) PESQUISA EXTRA-CLASSE A) HIPOTERMIA (DESCRIÇÃO, PRINCÍPIO FISIOLÓGICO, COMPLICAÇÕES, DX DE ENFERMAGEM, PRESCRIÇÃO DE ENFERMAGEM). B) DIABETES INSÍPIDUS (ETIOLOGIA, DESCRIÇÃO, DX ENFERMAGEM, PRESCRIÇÃO DE ENFERMAGEM PARA VASOESPASMO CEREBRAL). APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 169PÓS – OPERATÓRIO NA UTI APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 170 20) PÓS – OPERATÓRIO DE CIRURGIA TORÁCICA A cirurgia torácica refere-se a diversos procedimentos cirúrgicos que implicam na abertura da cavidade torácica (toracotomia) e (ou) órgãos da respiração. As indicações da cirurgia torácica podem ser para retirada de tumores e drenagem de abscessos, ou reparação do esôfago e vasos torácicos. Na avaliação do paciente deve ser considerada a função cardiopulmonar. São contra-indicações para a cirurgia, as disritmias não-controláveis, o IAM, a ICC e a angina instável. O sucesso da cirurgia não depende somente da habilidade da equipe que opera, mas, também, da qualidade dos cuidados de enfermagem durante os períodos pré e pós-operatório. 20.1 - MECÂNICA DA RESPIRAÇÃO (Retirado aula professora Luciana Kobus – PUC 2006). A - TÓRAX • Proteção aos pulmões, coração e grandes vasos; • Composta de 12 pares de costelas; • Músculos da respiração – intercostais; • Diafragma; • Invercação Diafragmática – 3ª, 4ª, 5ª. B – PULMÕES • Localizam-se no interior da caixa torácica, em ambos os lados do coração; • O pulmão D apresenta 3 lobos e o E 2 lobos; • Cada um ainda pode ser divido em 10 segmentos broncopulmonares – porções supridas por um brônquio terciário específico; • Mediastino – separa os dois pulmões (coração, aorta, veia cava, vasos pulmonares, esôfago, parte da traquéia, brônquios e timo); C - CONSTITUIÇÃO PULMONAR Constituído por ar, sangue, paredes alveolares finas e estruturas de suporte pulmonares fibras elásticas e colágenos, que permitem ao pulmão se insuflar em todas as direções, inclusive se for aplicada uma força de estiramento a partir da superfície externa do corpo. D - ESPAÇO PLEURAL É um espaço VIRTUAL entre as duas membranas serosas, a pleura visceral e a pleura parietal. Pleura Visceral – recobre o pulmão e as fissuras entre os lobos do pulmão Pleura Parietal – recobre a parte interna de cada um dos hemitórax, o mediastino e a parte superior do diafragma. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 171 •As pleuras se unem no hilo, que é uma endentação na superfície medial do pulmão, através do qual penetram nos pulmões os brônquios, os vasos sanguíneos e os nervos pulmonares. •Não existe espaço entre as pleuras, o que atua como lubrificante é um líquido seroso, mantendo as membranas pleurais aderidas, criando uma força de pressão que ajuda a manter os pulmões expandidos. E - VENTILAÇÃO É a movimentação do ar para dentro e para fora dos pulmões. Três forças envolvidas: • Propriedades de distensão elástica do pulmão e do tórax; • Resistência de vias aéreas; • Esforços musculares da musculatura respiratória; • Os pulmões são estruturas elásticas; • Apresentam tendência de se retrair até que atinjam um volume pouco menor que o volume residual (volume de ar que permanece no pulmão seguindo-se a uma expiração máxima); • A força necessária para distender os pulmões é a diferença entre a pressão alveolar e a pressão intrapleural = complacência; • A caixa torácica tem tendência a uma expansão externa; • As forças opostas do pulmão e da caixa torácica criam uma força subatmosférica (negativa) de cerca de – 5cm de água no espaço intrapleural a final de uma exalação em repouso. • A pressão no interior dos pulmões (pressão alveolar) e entre as pleuras (intrapleural ou intratorácica) deve ser inferior à Patm para que seja possível a inspiração; • À medida que o diafragma e os músculos intercostais externos atuam na expansão das dimensões do tórax, as pressões intrapleural e alveolares caem abaixo da Patm. • O tórax em expansão cria uma pressão intrapleural mais negativa, gerando a expansão pulmonar. • A pressão alveolar, então, torna-se menor que a Patm e o ar flui para dentro dos pulmões. • Durante a expiração a musculatura respiratória relaxa. • O rechaço elástico do tecido pulmonar, juntamente com a elevação (menos negativa) da pressão intrapleural faz com que o ar deixe os pulmões. Quando houver cirurgia no espaço de pressão negativa do tórax instalação de drenagem de tórax. Quando a Pressão Pleural = Pressão Alveolar Colabamento pulmonar diminui a elasticidade (capacidade de expansão) e os movimentos respiratórios. 20.2 - Drenagem de Tórax • Em quase todas as cirurgias torácicas há necessidade de um dreno de tórax no pós- operatório; A - FINALIDADE – Remover sólidos, líquidos e gases do espaço intrapleural, cavidade torácica e mediastino; – Reestabelecer a função pulmonar; APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 172 – Restaurar a função cardiorespiratória; • A cirurgia de tórax causa um pneumotórax do lado operado. • Durante a toracotomia, a pleura parietal é incisada e o espaço pleural é penetrado; • O ar atmosférico penetra no espaço pleural; • Transforma pressão negativa em pressão positiva; • Após o fechamento da parede torácica a pressão no interior do espaço pleural é ainda a atmosférica; • Ainda que a pleura seja suturada, é possível que ainda haja escape de ar para o interior do espaço pleural, por pequenas lesões; • Leva tempo para cicatrizar; • O traumatismo da cirurgia faz com que possa acumular líquido serossanguinolento na cavidade torácica, e até que ocorra cicatrização – meio de cultura infecção; • Este líquido pode causar espessamento pleural, reduzindo a elasticidade pulmonar e as capacidades ventilatória e de difusão dos pulmões, enrijecendo-os. • Como conseqüência, o pulmão retorna ao seu tamanho não expandido, permanecendo em colapso; • A coesão das pleuras visceral e parietal é rompida; •(traumatismo torácico); 20.3 - Drenagem Torácica Fechada • Após toracotomia: – Promover e permitir a drenagem do ar e ou líquido serossanguinolento do espaço pleural e prevenir seu refluxo; – Ajudar a reexpandir tecido pulmonar restante, reestabelecendo a pressão pulmonar negativa, normal, no espaço pleural; – Prevenir o desvio do mediastino e do tecido pulmonar em colapso, equalizando as pressões em ambos os lados da cavidade torácica (operados e não operados). 20.4 - Drenagem de Tórax • Princípios: – Gravidade; – Aspiração; – Selo D‟água. A - DRENAGEM DE TÓRAX POR GRAVIDADE – O ar e o líquido fluem de um nível superior para um nível inferior (pressão atmosférica); – Manter sempre o frasco de drenagem abaixo do nível do leito. – O líquido pleural escoa normalmente, por ação da gravidade, para um frasco de 2000ml; – Esse frasco tem uma tampa de borracha, perfurada por um tubo longo e outro tubo curto. – A ponta do tubo longo deve ficar submersa em água, o que chamamos de selo d‟água, cuja finalidade é impedir a entrada de dar na cavidade pleural; APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 173 – Deve-se preencher com SF ou AD numa quantidade suficiente para cobrir pelo menos 2 cm da ponta do tubo longo (250ml); B - DRENAGEM DE TÓRAX POR SELO D’ÁGUA – O selo d‟água proporciona uma barreira entre a pressão atmosférica (pressão do lado de fora do corpo) e a pressão intrapleural (subatmosférica – negativa); – Quando ocorre expiração – o ar e líquido do espaço pleural passam através do tubo de drenagem até o interior do frasco, borbulha para cima através da garrafa e penetra no ar atmosférico; – Quando ocorre inspiração – o selo d‟água previne que o ar atmosférico seja aspirado de volta para o interior do espaço pleural (colapso do pulmão). – O líquido no compartimento com selo d‟água não é puxado para a cavidade pleural, já que fica mais pesado que o ar. – À medida que se iniciaa drenagem de ar e líquido a pressão no espaço pleural se torna mais negativa. – Quanto mais negativa for esta pressão mais o pulmão se expande – A expansão pulmonar também força maior passagem de líquido e ar para fora do espaço pleural – este ciclo continua até que o pulmão esteja totalmente expandido e a pressão intratorácica negativa volte ao normal (subatmosférica). C - DRENAGEM DE TÓRAX POR ASPIRAÇÃO – Utiliza uma força de sucção inferior à pressão atmosférica, pode ser aplicada a um sistema de 2 a 3 frascos. – Uma força de 10 a 20 cm de água pode ser aplicada ao sistema de drenagem caso a drenagem pela gravidade não seja suficiente (tosse ou respiração fraca) e também: – Caso o ar esteja escapando para o espaço pleural com maior velocidade que o ar que pode ser removido pelo aparelho de selo d‟água; – Para apressar a remoção de ar do espaço pleural – Com a aspiração o ar passa da cavidade pleural através do selo d‟água, através do suspiro até o inferior da câmara de aspiração e a seguir até a fonte de aspiração; – Caso o tubo longo não esteja imerso em água, o ar atmosférico passa diretamente do ar do suspiro até a fonte de aspiração, com rapidez igual à da aspiração aplicada; – A passagem do ar pela água retarda o ar e a força de aspiração é controlada; – A oclusão do suspiro aéreo é perigosa pois faz com que a aspiração seja aplicada diretamente à cavidade pleural. – São utilizados frascos de 2000ml; – O primeiro frasco é idêntico ao do sistema simples; – O segundo frasco tem 3 tubos na tampa – um longo e dois curtos; – Os tubos curtos medem cerca de 12 cm de comprimento, devendo sua extremidade inferior ficar dentro do frasco, acima do nível da água; – O tubo longo deve ter comprimento suficiente para a extremidade superior ficar aberta para o exterior e a extremidade inferior ficar mergulhada na AD ou SF, em uns 12 a 15 cm. – Um dos tubos curtos se comunica com o primeiro frasco, e o outro com a fonte de aspiração, que é um aspirador elétrico ou a vácuo, de parede; APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 174 •Cuidados – Observar a função do segundo frasco (estabilizador), que é controlar a pressão do aspirador. – Quando o sistema está em funcionamento, deve haver borbulhamento no segundo frasco e oscilação da coluna líquida em selo d‟água no primeiro frasco (coletor) Borbulhamento (Causado pela passagem do ar para fora do espaço pleural e para o interior do líquido do frasco). • O borbulhar intermitente é normal – indica que o sistema está removendo ar do espaço pleural; • O borbulhar contínuo durante a ins e expiração indica que o ar está vazando para o interior do sistema de drenagem ou para a cavidade pleural – deve ser corrigido. – Localizar a fonte de vazamento; – Parede torácica perto do local de inserção do cateter; – Examine o tubo e as conexões; • O borbulhar rápido sem vazamento de ar indica razoável perda de ar, como a de uma incisão ou rompimento da pleura. – Comunicar o cirurgião imediatamente a fim de prevenir o colapso do pulmão ou desvio do mediastino; – A presença de um frasco de controle de aspiração serve para que se controle a sua intensidade. É caracterizado por borbulhar contínuo. – Evitar entrada de ar no sistema, vedando tampas e conexões com esparadrapo. Verificar se há furo nas conexões de borracha. – Manter os frascos sempre abaixo do nível do tórax, inclusive ao transportar o paciente, e nas trocas dos frascos. Deve-se pinçar duplamente a borracha que fica entre o dreno e o frasco, por medida de segurança. – Fazer movimentos de ordenha na conexão de borracha, para evitar obstrução por coágulos ou secreção; – Fazer anotações sobre o volume, aspecto do líquido drenado e funcionamento do sistema. Observar se há borbulhamento no frasco estabilizador 500 a 1000ml nas primeiras 24 horas (100 a 300ml nas primeiras 2 horas – após deve diminuir); – Estimular o paciente sempre a tossir e respirar profundamente (quando acordado, respiração espontânea); – Solicitar ao paciente que não se deite do lado do dreno – se necessário, apoiar com coxins; – Evitar dobras no dreno ou nas conexões de borracha – tubos nem muito grandes, nem muito pequenos; – Fazer curativo oclusivo na incisão. Observar e anotar presença de exsudato no local de implantação do dreno; – As conexões de borracha podem ser presas ao colchão ou cama do paciente; – Examinar com freqüência a permeabilidade dos tubos de drenagem e dos cateteres torácicos; – Utilizar técnica asséptica sempre na troca dos aparelhos de drenagem torácica ou qualquer das conexões; APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 175 20.5- Drenagem de Tórax EMERGÊNCIAS – O QUÊ FAZER? •CASO O FRASCO COM O SELO D’ÁGUA SEJA ACIDENTALMENTE ELEVADO ACIMA DO TÓRAX DO PACIENTE: – Abaixe o sistema – comunique o enfermeiro; – O líquido pode ser drenado para dentro do espaço pleural colapso do pulmão, desvio do mediastino. •CASO O APARELHO ESTEJA QUEBRADO: – O ar atmosférico entra no espaço pleural através do tubo de drenagem; – Se não estiver borbulhando, pinçar o cateter e reconecte a outro sistema de drenagem. •CASO A SONDA TORÁCICA SEJA REMOVIDA ACIDENTALMENTE: – Cubra o local da inserção com uma gaze umedecida em SF estéril e comunique o enfermeiro; – Monitore SSVV e principalmente esteja atento à dispnéia; •CASO O TUBO TORÁCICO TENHA SIDO PINÇADO: – Dispnéia, taquipnéia, respiração superficial, apreensão, dor torácica e cianose pneumotórax hipertensivo; 20.6 - Drenagem de Tórax RETIRADA • Indicações de que a evacuação do ar e do líquido intrapleural já terminou e que o pulmão já reexpandiu; – Interrupção da flutuação no tubo longo do frasco de selo d‟água; – 2 ou 3 dias de drenagem torácica pós operatória; – Mesmo assim são deixados por mais 4 horas após ter interrompido a drenagem de todo o líquido; – Às vezes os cateteres são pinçados temporariamente para ver a resposta do paciente; – Não são removidos se ainda drenam de 50-70ml/ dia; – Ausculta, percussão e RX – reexpansão. • Dolorosa; • Tesouras estéreis; • Gaze estéril; • Esparadrapo; • Expiração. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 176 20.7 - Cirurgias Pulmonares Outros Problemas que podem Levar à Drenagem Torácica A - PNEUMOTÓRAX ESPONTÂNEO – Por pequenos esforços, recidivas, toracotomia; B - FRATURAS DE COSTELA – Podem causar lesão no coração, pulmões e grandes vasos; – Dor, crepitação, deformidade no tórax, resp. superficial, epistaxe espumante. C - PNEUMOTÓRAX HIPERTENSIVO – O ar entra mas não sai – colapso do pulmão; – Desvio da traquéia. D - PNEUMOTÓRAX ABERTO – Quando há um ferimento penetrante – comunicação entre a pleura e a atmosfera E - HEMOTÓRAX MACIÇO – Rápido acúmulo de sangue F - TAMPONAMENTO CARDÍACO 20.8 – CUIDADOS DE ENFERMAGEM • Avaliar o aumento da FR, dispnéia, uso de músculos acessórios para respirar, cianose, aumento dos ruídos adventícios; • Controlar presença de dispnéia intensa, taquipnéia, taquicardia, extremo cansaço e agitação, cianose progressiva e desvio da traquéia para outro lado; • Avaliar presença de ar sob o tecido subcutâneo demarcando com caneta em torno da inserção do dreno, no tórax e pescoço; • Monitorizar para a presença de sinais de dor torácica, taquidispnéia, febre e hemoptise; • Avaliar presença de dispnéia, crepitações, tosse persistente, expectoração espumosa e cianose; • Avaliar a área de curativo – incisão; • Avaliar a eliminação de secreção no sistema de drenagem torácica; • Controlar a FC, FR, PA diminuída, agitação, nível de consciência, débito urinário, pele fria, pálida e pegajosa; • Monitorizar para apresença de edema unilateral de perna, dor na panturrilha, vermelhidão, calor incomum; • Auxiliar na realização de exercícios com as pernas e não colocar travesseiros sob os joelhos, cruzar as pernas ou sentar-se durante tempo prolongado; • Colocar o paciente em Semi Fowler após SSVV estáveis; APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 177 • Ajude o cliente a tossir e a respirar após adm. de medicações analgésicas; • Orientar que os exercícios respiratórios não prejudicam o pulmão nem a linha de sutura; • Orientar a imobilização manual da área de incisão durante a tosse e a respiração profunda; • Avaliar os resultados das radiografias de tórax; • Avalie a necessidade de aspiração e de umidificação das VVAA; • Avaliar presença, tipo, características e irradiação da dor torácica; • Auxiliar no posicionamento correto e técnicas de relaxamento; • Realizar mudança de decúbito; • Orientar para que seja evitando tração sobre os drenos ao mudar o paciente de posição, atentando para dobras ou compressões; • Auxiliar na deambulação; • Iniciar exercícios de movimentação passiva do ombro afetado; • Encorajar para que utilize o braço do lado afetado para as atividades da vida diária; • Orientar que faça repouso adequado entre as atividades; 20.9 - INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM NO PÓS- OPERATÓRIO As intervenções têm por objetivo otimizar a oxigenação e ventilação, mantendo a vigilância das complicações, controle da dor e auxilio ao paciente na recuperação de sua função cardiopulmonar. Devido ao posicionamento intra-operatório e à terapêutica pré e peri-operatória, as atelectasias e acúmulos de secreções são freqüentes no período pós-operatório. A ventilação do paciente pode ser superficial em conseqüência da dor pós-operatória, o que contribui, também, para a formação de atelectasias e estase das secreções.Após a estabilização dos sinais vitais, o paciente será colocado na posição Semi-Fowler, favorecendo, assim, a expansão dos pulmões, facilitando a ventilação com menor esforço possibilitando a drenagem da sonda torácica. O paciente será reposicionado pelo menos a cada 2 horas para prevenção da estase de secreções e manutenção do equilíbrio da ventilação/perfusão. A mobilização do paciente será indicada conforme a fase de recuperação e o tipo de cirurgia realizada. O decúbito lateral é indicado após a cirurgia até a recuperação da sua consciência, visto que promove estabilidade hemodinâmica e previne broncoaspiração, exceto, porém, após pneumectomia, porque, nesta intervenção, o mediastino pode ser deslocado e a mudança de posição excessiva possibilitaria o desvio do mesmo e a compressão do pulmão restante. A equipe da unidade permanecerá alerta para possíveis complicações da cirurgia torácica, tais como: Insuficiência respiratória (provavelmente resultante da alteração do nível de consciência pelo uso de anestésicos, medicações para dor, reinsuflação pulmonar incompleta, diminuição do esforço respiratório devido a dor e, ainda, limpeza inadequada da via aérea); Pneumotórax hipertensivo e desvio de mediastino (podem ocorrer por vazamento de ar através das linhas de incisão pleurais, caso a drenagem torácica fechada não esteja funcionando adequadamente); Enfisema subcutâneo (devido a vazamento de ar no local da incisão pulmonar); Embolia pulmonar (uma possível complicação no pós-operatório e causa de hipoxemia); APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 178 Edema pulmonar (a hipóxia aumenta a permeabilidade capilar, fazendo com que o líquido penetre no tecido pulmonar, acrescente-se o fato que, a sobrecarga circulatória pode resultar da redução do tamanho do leito vascular em virtude da remoção do tecido pulmonar, fato que retarda a reexpansão do pulmão); Arritmias cardíacas (bastante comuns, resultam da associação de vários fatores, como aumento do tônus vagal, hipóxia, desvio do mediastino e pH sangüíneo anormal); hemorragia, hemotórax, choque hipovolêmico (devido a vazamento capilar, planos teciduais do tórax bastante extensos e vascularizados); Tromboflebite (a anestesia e imobilidade reduzem o tônus vasomotor, diminuindo o retorno venoso e a deposição periférica de sangue). O conhecimento prévio de tais complicações faz a diferença na assistência de enfermagem especializada, proporcionando ao paciente segurança e confiança na equipe que o está assistindo. 21 - CIRURGIAS GASTRINTESTINAIS, ABDOMINAL E ANORRETAL Os pacientes em período pós-cirurgias abdominais eletivas freqüentemente precisam de assistência em UTI. O requisito para assistência intensiva pode ser uma necessidade de observação rigorosa, porém, mais comumente deve-se à múltiplas complicações potenciais que possam ocorrer- pela complexidade da cirurgia e dos fatores de risco inerentes ao paciente. Vários procedimentos cirúrgicos são empregados no trato gastrintestinal, incluindo o esôfago e ânus, embora estes não estejam contidos na cavidade abdominal, assim como o fígado, pâncreas, vesícula biliar e baço. A) Gastrectomia: ressecção do estômago. Pode ser subtotal. Genericamente se refere a qualquer cirurgia com remoção parcial ou total do estômago; é a principal intervenção para o tratamento de câncer gástrico extenso. B) Pancreatectomia: é remoção parcial ou total do pâncreas. Os distúrbios do pâncreas exócrino enquadram-se em 4 grupos: inflamatório (pancreatite aguda ou crônica), neoplasias, traumáticos e genéticos (fibrose cística, pancreatite hereditária e familiares). A pancreatite aguda é a inflamação do pâncreas que pode resultar em auto-digestão do órgão por suas próprias enzimas. As manifestações desaparecem com a eliminação dos fatores causais, que podem estar relacionados com a ingestão excessivas de álcool e doença do trato biliar. Pancretite crônica é uma doença progressiva inflamatória e destrutiva do pâncreas. Geralmente o tratamento é cirúrgico, tendo como objetivos corrigir a doença primaria, aliviar a obstrução ductal e a dor. C) Hepatectomia: é a ressecção de um ou mais lobo do fígado por neoplasia. D) Colecistectomia : é a excisão da vesícula biliar, sendo a intervenção mais comum para remoção de cálculos biliares. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 179 E) Esplenectomia : é a remoção do baço, sem prejuízo nos adultos por não ser um órgão essencial, visto que suas funções são também efetuadas por outros órgãos. Nas crianças sua indicação é após 6 anos de idade para não comprometer o sistema imune (cap. 46 Du Gas). A indicação mais freqüente da esplenectomia é o rompimento do baço complicado por hemorragia e geralmente causada por acidentes traumáticos. F) Proctolectomia : é a remoção do cólon e do reto, com fechamento do ânus. É utilizada comumente para tratamento da colite ulcerativa, complicações da doença de Chron, tumores, megacólon tóxico, abscessos e fístula. Geralmente é feita uma ileostomia permanente. 21. 1- ANATOMIA E FISIOLOGIA WWW.GOOGLE.COM.BR/IMAGENS GASTROINTESTINAL. O trato gastrointestinal é o trajeto (7,5 a 8,5 m de comprimento total) que se estende da boca através do esôfago, estômago, intestino e ânus. O esôfago está localizado no mediastino, na cavidade torácica, anterior à coluna e posterior à traquéia e ao coração. Este tubo flexível de cerca de 25 cm de comprimento, torna-se distendido quando o alimento passa através dele. A porção remanescente do trato gastrointestinal está localizada dentro da cavidade peritoneal. O estômago está situado na porção superior do abdome à esquerda da linha média, logo abaixo do diafragma esquerdo. È uma bolsa que se distende, tendo uma capacidade de aproximadamente 1.500 ml. A entrada do estômagoé chamada de junção esofagogástrica. È circundada por um anel de músculo liso, o esfíncter esofagiano inferior, que ao se contrair, fecha a comunicação entre o estomago e o esôfago. O estomago pode ser dividido em quatro regiões anatômicas: cárdia APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 180 (entrada), fundo, corpo e piloro (saída).A musculatura lisa circular na parede do piloro forma o esfíncter pilórico e controla a abertura entre o estomago e o intestino delgado. O intestino delgado é o maior segmento do trato GI, responsável por cerca de dois terços do total do comprimento do trato. Ele é dobrado para frente e para trás, sobre si mesmo, permitindo que aproximadamente 7.000 cm da superfície da área faça secreção e absorção. O intestino delgado é dividido em três partes anatômicas: uma parte superior, chamada duodeno; uma parte medial, chamada jejuno; e uma parte inferior, chamada íleo. O canal biliar comum, que permite a passagem tanto da bile quanto das secreções pancreáticas, esvazia-se no duodeno, na ampola de Vater. A junção entre os intestinos delgado e grosso está localizada na porção inferior direita do abdome. Ela é chamada de ceco. Nesta junção encontra-se a válvula ileocecal, que funciona no controle da passagem dos conteúdos intestinais no intestino grosso e previne o refluxo de bactérias para o intestino delgado. É nesta área que o apêndice vermiforme está localizado. O intestino grosso consiste em um segmento ascendente, no lado direito do abdome; um segmento transverso, que se estende do lado direito para o esquerdo, no abdome superior; um segmento descendente, no lado esquerdo do abdome. A porção terminal do intestino grosso consiste em duas partes; o cólon sigmóide e o reto. O reto é continuo com o ânus. A saída anal é regulada por uma rede de músculos estriados que forma tanto o esfíncter anal interno quanto o externo. 21.2- PROCESSO DIGESTIVO As principais funções digestivas do trato gastrointestinal são especificamente relatadas para fornecer estas necessidades do corpo: - Reduzir as partículas alimentares à forma molecular para a digestão; - Absorver na corrente sanguínea as pequenas moléculas produzidas pela digestão; E- liminar restos alimentares não-digeridos e não-absorvidos e outros produtos tóxicos nocivos ao corpo. À medida que o alimento é impulsionado através do trato gastrointestinal, ele entra em contato com uma grande variedade de secreções que ajudam na sua digestão, absorção ou eliminação por esse trato. A – ESÔFAGO www.google.com.br/esofago APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 181 Existem muitas afecções no esôfago, incluindo: disfunção da motilidade, refluxo gastroesofagiano, hérnias de hiato, divertículos, anéis e membranas, perfuração, corpos estranhos, queimaduras químicas, tumores benignos e carcinoma. 1 - REFLUXO GASTROESOFAGIANO Algum grau de refluxo gastroesofagiano (RGE), ou o retorno do conteúdo gástrico ou duodenal no esôfago, é normal tanto no adulto quanto na criança. Excessivo refluxo pode ocorrer devido a um incompetente esfíncter esofagiano inferior, estenose pilórica ou desordem da motilidade. A ocorrência de refluxo parece que aumenta com a idade. Manifestações clinicas: os sintomas podem incluir pirose (sensação de queimação no esôfago), dispepsia (indigestão), regurgitação, disfagia ou odinofagia (dificuldade em engolir; dor ao engolir), hipersalivação ou esofagite. Os sintomas podem imitar os de um ataque cardíaco. Tratamento e cuidados de enfermagem: o tratamento se inicia ensinando ao paciente a evitar fatores que diminuem a pressão no esfíncter esofagiano inferior ou causem irritação esofagiana. O paciente é instruído a ingerir uma dieta com pouca gordura e muita fibra; evitar cafeína, tabaco e hortelã; evitar comida ou bebida 2 h antes de dormir; evitar ficar com peso acima do normal; e elevar cabeceira da cama com blocos de 15 a 20 cm. Se o refluxo gastroesofagiano persistir, o paciente pode usar medicamentos como os antiácidos, bloqueadores receptores de histamina ou inibidores da bomba do ácido gástrico. Se o tratamento não resultar, intervenções cirúrgicas podem ser necessárias. 2 - HÉRNIA DE HIATO www.google.com.br/hernia de hiato. O esôfago penetra no abdome através de uma abertura no diafragma, e esvazia-se na sua porção final inferior na parte superior do estomago.Normalmente, a abertura no diafragma enrola-se, de forma constrita, no esôfago, e o estomago aloja- se completamente dentro do abdome. Em uma condição conhecida como hérnia de hiato, a abertura no diafragma através da qual o esôfago passa torna-se alargada e parte do estomago superior tende a se movimentar para cima, na porção inferior do tórax. A hérnia de hiato ocorre mais freqüentemente na mulher do que no homem. Existem dois tipos de hérnias: axial e paraesofagiana. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 182 Manifestações clinicas: na axial o paciente pode experimentar azia, regurgitação e disfagia. Pelo menos 50 % dos pacientes são assintomáticos. Paraesofagianas: o paciente experimenta uma sensação de plenitude após se alimentar, ou pode ser assintomático. Podem ocorrer complicações como hemorragia, obstrução e estrangulamento. Tratamento e cuidados de enfermagem: o tratamento freqüentemente inclui pequenas porções de alimentos que passam facilmente através do esôfago. O paciente é orientado no sentido de não reclinar por 1 h após se alimentar, para prevenir refluxo ou movimentação da hérnia, e a elevar a cabeceira da cama, para evitar que a hérnia deslize para cima. A cirurgia é indicada para cerca de 15% dos pacientes. 3 - DIVERTÍCULOS www.google.com.br/diverticulos O divertículo é uma saliência da mucosa e submucosa que se projeta através de uma porção fraca da musculatura. O divertículo pode ocorrer em uma destas três áreas do esôfago: 1) faringoesofagiana ou parte superior do estômago, 2) esofagiana média ou 3) epifrênica ou parte inferior do esôfago, ou pode ocorrer ao longo da borda do esôfago, intramuralmente. Manifestações clínicas: o paciente percebe uma dificuldade em engolir e uma sensação de plenitude no pescoço, podendo se queixar de eructação, regurgitação ou de comida não digerida e barulhos após se alimentar. O divertículo, ou bolsa, torna-se cheio de comida e liquido. Quando o paciente fica reclinado, o alimento não digerido é regurgitado e pode também causar tosse, devido irritação na traquéia. Halitose e um gosto azedo na boca também são comuns devido à decomposição do alimento retido no divertículo. Tratamento: como a condição é progressiva, o único meio de cura é a remoção cirúrgica do divertículo. No pós-operatório, alimentos e líquidos ficam suspensos até que os estudos radiológicos mostrem que não existe vazamento no local da cirurgia. 4 - VARIZES ESOFAGIANAS As varizes esofagianas são veias dilatadas, tortuosas, em geral encontradas na submucosa do esôfago inferior. Entretanto elas podem se desenvolver em local mais alto no esôfago ou se estender para o estomago. Tal condição quase sempre é causada por hipertensão porta, que, por sua vez, é devida à obstrução da circulação venosa portal dentro do fígado cirrótico. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 183 Devido ao aumento da obstrução da veia porta, o sangue venoso do trato intestinal e baço procura uma saída pela circulação colateral (novas vias de retorno para o átrio direito). O efeito é um aumento de pressão, particularmente nos vasos da camada submucosa do esôfago inferior e partesuperior do estomago.Estes vasos colaterais não são muito elásticos, mas tortuosos e frágeis, sangrando facilmente. Os sangramentos de varizes esofagianas são ameaçadores à vida e pode resultar em choque hemorrágico, produzindo uma diminuição de perfusão cerebral, hepática e renal. Tratamento: a avaliação requer que seja mensurado o sangramento e verificados continuamente os sinais vitais quando hematêmese e melena estiverem presentes. Os sinais de uma potencial hipovolemia são observados, tais como frio, pele pegajosa; taquicardia, queda de pressão sanguínea, eliminação de urina diminuída, inquietação e pulsos periféricos acelerados ou fracos. Os líquidos e os expansores de volume são usados para restaurar o volume de líquido e repor os eletrólitos. A transfusão dos componentes do sangue também podem ser necessários. O uso do balão para controlar a hemorragia, pode ser usado em alguns pacientes, a pressão é exercida na cárdia (orifício superior do estomago) e contra as varizes em sangramento por um tamponamento de balão duplo (sonda de Sengstaken- Blakemore). O balão é inflado no estomago e a sonda é levemente empurrada para exercer força contra a cárdia. Já na escleroterapia endoscopia, um agente esclerosante é injetado por um endoscópio de fibra óptica nas varizes esofagianas sangrantes para promover trombose e eventual esclerose.Embora a superioridade da escleroterapia endoscópica sobre outros tratamentos continue a ser objeto de estudo, o procedimento foi usado com sucesso para tratar a hemorragia gastrointestinal aguda. B - ESTÔMAGO 1 - GASTRITE AGUDA É a inflamação da mucosa estomacal, sendo freqüente por imprudência dietética. A pessoa come demais ou muito rápido, ou come alimentos muito temperados ou contaminados com microrganismos que causam doenças. Outras causas de gastrite aguda incluem o álcool, aspirina, refluxo biliar ou radioterapia. Uma forma mais grave de gastrite aguda é causada por ingesta de ácidos ou alcalinos fortes, os quais podem fazer com que a membrana gangrene e perfure. Manifestações clinicas: desconforto abdominal, com dor de cabeça, lassidão, náusea e anorexia, freqüentemente acompanhada de vômito e soluço. Tratamento e cuidados de enfermagem: o paciente é orientado a abster-se de álcool e alimentos até que os sintomas passem. Quando puder se alimentar, deve respeitar uma dieta não-irritante. Se houver sangramento, o tratamento é semelhante aos procedimentos usados para hemorragia do trato gastrointestinal superior. Se a gastrite é causada pela ingesta de fortes ácidos ou alcalinos, o tratamento consiste em diluir e neutralizar o agente agressor. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 184 B - GASTRITE CRÔNICA Inflamação prolongada do estomago, pode ser causada tanto por úlceras malignas quanto benignas do estomago, ou pela bactéria Helicobacter pylori. Manifestações clinicas: anorexia, azia após se alimentar, sensação de plenitude gástrica, gosto azedo na boca ou náusea e vômito. Tratamento: é tratada modificando-se a dieta do paciente, promovendo o repouso, reduzindo o estresse e iniciando farmacoterapia. A bactéria H. pylori pode ser tratada com antibióticos como a tetraciclina ou amoxicilina e sais de bismuto. C - ÚLCERA PÉPTICA A úlcera péptica é uma escavação (cavidade) formada na parede mucosa do estomago, do piloro, do duodeno ou do esôfago. A úlcera péptica é chamada freqüentemente de ulcera gástrica, duodenal ou esofagiana, dependendo da sua localização. Manifestações clinicas: sintomas de uma ulcera podem durar por alguns dias, semanas e ou meses, podendo até desaparecer para então reaparecer, quase sempre sem causa identificável. Muitas pessoas têm sintomas de úlcera, e de 20 a 30% podem sofrer perfuração ou hemorragia sem nenhuma manifestação anterior.O paciente portador de úlcera queixa-se de dor maçante, corrosiva, ou de sensação de queimação no médio epigástrio ou nas costas, sendo geralmente aliviada pela alimentação, pois a comida neutraliza o ácido, ou pela ingestão de alcalino, que age da mesma forma. Sintomas como a pirose, vômito, constipação e sangramento também foram verificados. Tratamento: A meta é controlar a acidez gástrica. Alguns métodos usados para isso incluem mudanças no estilo de vida, medicamentos e intervenções cirúrgicas. Redução do estresse e repouso; parar de fumar; evitar temperaturas extrema e muita estimulação por extratos de carnes, álcool e café. Normalmente os medicamentos usados mais freqüentemente no tratamento das úlceras são, antagonistas de receptores da histamina (antagonistas de receptores H2) que diminuem a secreção ácida no estomago; inibidores da bomba de próton, que também diminuem a secreção ácida; agentes citoprotetores, que protegem as células da mucosa do ácido. D - HEMORRAGIA DIGESTIVA Os sangramentos do tubo digestivo podem ser divididos em três categorias distintas: hemorragia digestiva alta, hemorragia digestiva baixa e perda oculta de sangue. A hemorragia digestiva alta manifesta-se por hematêmese, melena, fezes fétidas e, às vezes, com sangue vivo, vômitos com aspecto de borra de café e alguns coágulos e, também, com uma elevação inesperada do nível sérico da uréia. A melena não deve ser confundida com fezes com sangue, que podem ser a reapresentação um sangramento de qualquer nível do tubo digestivo. Nos casos de sangramento digestivo alto intenso, as fezes com sangue vivo apresentam um odor extremamente fétido. Tratamento da hemorragia digestiva alta: deve-se iniciar imediatamente a reposição intravenosa de líquidos; administrar concentrado de hemácias, com a finalidade de restabelecer o transporte de oxigênio até níveis seguros; plasma fresco APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 185 também pode ser utilizado em doentes cujos estudos de coagulação demonstrem atividade protrombínica diminuída e/ou tempo de tromboplastina aumentados. Os sinais de choque hemorrágico são facilmente reconhecidos em fases de apresentação. Taquicardia, taquipnéia, pulsos débeis, hipotensão, pele fria e úmida e obnubilação mental indicam choque hemorrágico grave. A presença de oliguria reflete hipoperfusão renal, representando um guia útil na monitorização da reposição volêmica. Nos doentes de alto risco, deve-se monitorar os gases sanguíneos, a administração adequada de oxigênio e a pressão arterial até que o volume sanguíneo se estabilize. A endoscopia digestiva alta de urgência e a tentativa de aplicação de medidas hemostáticas através da mesma são indicadas em todos os doentes com hemorragia digestiva alta. Se os sangramentos provem de varizes esofagianas, a administração de vasopressina pode estancar a hemorragia em muitos casos. Também utilizado em sangramentos ativos de varizes esofagianas é a esclerose endoscópica. O tamponamento esofágico com o balão de Sengstaken-Blackmore é discutido no manuseio das varizes sangrantes, embora ainda seja utilizado quando o emprego da vasopressina ou da somatostatina, da escleroterapia e da embolização não obtiveram sucesso. Tratamento da hemorragia digestiva baixa: os procedimentos endoscópicos hemostáticos são úteis para controlar a hemorragia de lesões cólicas localizadas como os divertículos, os pólipos e as angiodisplasias. Muitos colonoscopistas utilizam com grande sucesso a eletrocoagulação. E - ABDOME AGUDO NO PACIENTE GRAVE Pacientes que desenvolvem abdome agudo na UTI: são pacientes que se encontram em tratamento por outras causas e que desenvolvem abdome agudo: • Perfuração gastroduodenal: é uma das freqüentes complicações que ocorrem em pacientes graves. A perfuração pode ocorrer tanto no estomago como no duodeno e pode ser associada à ulceração aguda ou á perfuração em úlcera crônica. • HemorragiaDigestiva: é uma complicação abdominal freqüente no paciente grave. Pode ocorrer todo o tipo de sangramento que ocorre no paciente grave. São freqüentes as ulcerações agudas na mucosa gastroduodenal, sangramento de ulcera preexistente, sangramento da mucosa esofagiana pelo refluxo já existente ou agravado pelo uso da sonda nasogastrica. Hemorragia baixa secundária a lesões angiodisplásicas do cólon, diverticulose e até patologia orificial como hemorróidas, também podem estar presentes. • Íleo: generalizado ou colônico - nos pacientes graves ocorrem alterações nutricionais e mesmo hemodinamicas no intestino que, em conjunto, podem acarretar distensão localizada ou generalizada. São freqüentes estes quadros nos pacientes em choque ou que se recuperam do estado de choque, nos submetidos à circulação extracorporea ou assistida prolongada, nos pacientes sépticos, nos pacientes em respirador. • Isquemia Mesentérica: os pacientes graves, recebendo diferentes tipos de suporte como o nutricional, o hemodinâmico, o ventilatório e outros, podem desenvolver quadro de isquemia mesentérica com redução de fluxo para a mucosa ou APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 186 mesmo para a totalidade da parede intestinal, acarretando quadro de distensão abdominal, redução da atividade peristáltica, alteração do mecanismo de circulação de líquidos digestivos. Manifestações clinicas: a dor é o principal sintoma, podendo estar associado náuseas, vômitos, parada de eliminação de gases ou fezes, enterorragia, melena, hematêmese, distensão abdominal. Sintomas Gerais: febre, anorexia, taquicardia, dispnéia, confusão mental, descompensação diabética, descompensação súbita e inexplicada em pacientes sem causa aparente. Icterícia e colúria inexplicadas. Tratamento: entre as medidas gerais encontramos a reposição volêmica; antibioticoterapia; proteção da mucosa gástrica através do uso de sucralfate, inibidores da bomba de prótons e antiácidos, cuidados com a nutrição, devendo avaliar a necessidade de dieta enteral ou parenteral conforme o caso do paciente. Já entre as medidas específicas, o tratamento cirúrgico é obrigatório para os casos de: perfuração gastroduodenal; colecistite aguda; obstrução intestinal com sofrimento de alça ou que não responde ao tratamento clínico; trombose mesentérica e abscesso pancreático. A abordagem cirúrgica permite uma verificação direta do fator desencadeante com possibilidade de cura do processo. C – INTESTINO FIGURA 01 – RETIRADO APOSTILA FUNDAMENTS CURSO TÉCNICO PUC-PR. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 187 A - APENDICITE O apêndice é um anexo com cerca de 10 com de comprimento, ligado ao ceco logo abaixo da valva ileocecal. O apêndice enche-se de alimento e esvazia-se regularmente no ceco. Como ele se esvazia ineficientemente e a sua luz é pequena, está propenso a tornar-se obstruído, sendo particularmente vulnerável a infecção (apendicite). Apendicite, a causa mais comum de inflamação aguda no quadrante inferior direito da cavidade abdominal, é a razão mais comum de cirurgia abdominal de emergência. Uma parcela de cerca de 7% da população terá apendicite em algum momento de sua vida; os homens são mais afetados do que as mulheres, e os adolescentes mais do que os adultos. Manifestações clinicas: o apêndice torna-se inflamado e edemaciado como resultado de uma torção ou obstrução, possivelmente por um fecaloma (massa de fezes endurecidas), tumor ou corpo estranho. O processo inflamatório aumenta a pressão intraluminal, iniciando uma dor progressivamente intensa, generealizada ou na região abdominal superior, dentro de poucas horas tornando-se localizada no quadrante inferior direito do abdome. Eventualmente, o apêndice inflamado fica cheio de pus. A dor, geralmente é acompanhada de febre baixa, náusea, e vômito. Sinal de Rovsing pode ser elicitado, palpando-se o quadrante inferior esquerdo, o que paradoxalmente, faz com que a dor seja percebida no quadrante inferior direito. Se o apêndice foi rompido, a dor torna-se mais difusa; desenvolve distensão abdominal como resultado do íleo paralítico, e a condição do paciente piora. Tratamento: a cirurgia é indicada se a apendicite for diagnosticada. Antibióticos e líquidos endovenosos são administrados até que a cirurgia seja realizada. Os analgésicos podem ser administrados após o diagnóstico ser feito. B - DIVERTICULITE www.google.com.br/diverticulite O divertículo é como uma bolsa que extravasa da camada interna do intestino e que se estende por um defeito na camada muscular. O divertículo pode ocorrer em qualquer lugar ao longo do trato gastrointestinal. Diverticulose existe quando múltiplos divertículos estão presentes sem inflamação ou sintomas. Diverticulite resulta quando a retenção de alimento e de bactéria em um divertículo produz infecção e inflamação que pode impedir a drenagem e levar à perfuração ou à formação de abscesso. Diverticulite é mais comum no cólon sigmóide (95%). APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 188 Manifestações clinicas: a constipação freqüentemente precede por muitos anos de desenvolvimento da diverticulose. Os sinais de diverticulose aguda são: irritabilidade do intestino e intervalo de diarréia, dor em forma de câimbra no quadrante inferior esquerdo do abdome e febre baixa. Náuseas e anorexia podem estar presentes. Coma as repetidas inflamações locais do divertículo, o intestino grosso pode se estreitar com constrição fibrótica, levando a câimbras, fezes finas e aumento da constipação. Sangramento oculto pode ocorrer, produzindo anemia por deficiência de ferro. Além disto, a fraqueza e a fadiga são evidentes. Tratamento: o intestino fica descansado quando se evitam ingesta oral, administração de líquidos endovenosos e instituição de sucção nasogástrica se o vomito ou a distensão estiver presente. Antibióticos de largo espectro são prescritos de sete a 10 dias. Meperidina (demerol) é prescrita para alivio da dor. Ingesta oral é aumentada à medida de que os sintomas passem. Apesar de a diverticulite aguda geralmente passar com tratamento médico, cerca de 25% dos casos requerem intervenções cirúrgicas por causa da perfuração, peritonite, formação de abscesso, hemorragia e obstrução. C - PERITONITE É a inflamação do peritônio-membrana serosa interna da cavidade abdominal que recobre toda a víscera. Geralmente, é o resultado de infecção bacteriana; o organismo está com uma doença no trato gastrointestinal ou, nas mulheres, nos órgãos reprodutores internos. A peritonite pode resultar também de fontes externas, como acidentes ou traumas (isto é, feridas por tiro ou facada), ou da inflamação de um órgão fora da área peritoneal, como os rins. As bactérias mais comumente envolvidas são E.coli, Klebsiella, Proteus e Pseudomonas. Inflamação e íleo paralítico são os efeitos diretos da infecção. Outras causas comuns da peritonite são apendicite, úlcera perfurada, diverticulite e perfuração do intestino. A peritonite pode também estar associada a procedimentos cirúrgicos abdominais e diálise peritoneal. Manifestações clinicas: os sintomas dependem da localização e da extensão da inflamação. As principais manifestações clínicas da peritonite freqüentemente são os sintomas dos distúrbios causando a condição. Primeiro um tipo difuso de dor é sentido. A dor tende a se tornar constante, localizada, sendo mais intensa perto do local da inflamação. Geralmente se agrava com o movimento. A área afetada do abdome torna-se extremamente sensível, e os músculos ficam rígidos. Sensibilidade de rechaço e íleo paralítico pode estar presente. Geralmente, náusea e vomito ocorrem e a peristalse está diminuída. A temperatura e a freqüênciade pulso aumentam, e existe quase sempre uma elevação da contagem de leucócitos. Tratamento: reposição de líquidos, colóides e eletrólitos; devido hipovolemia por causa da grande quantidade de líquidos e eletrólitos que saem da luz intestinal para a cavidade peritoneal e esgota os líquidos do espaço vascular. Analgésicos são prescritos para dor; antieméticos para náusea e vomito; sondagem intestinal e sucção assistida para aliviar a distensão abdominal e promover a função intestinal. Líquidos na cavidade podem causar pressão que restringe a expansão dos pulmões e causa insuficiência respiratória. Antibioticoterapia; objetivos cirúrgicos para remoção de material infectado e correção da causa. O tratamento é direcionado para excisão (apêndice), ressecção com ou sem anastomose (intestino), reparo (perfuração) e drenagem (abscesso). APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 189 21.3 - DISTURBIOS METABOLICOS, HEPATICOS E BILIARES. A - PANCREATITE A pancreatite aguda, ou inflamação do pâncreas é causada pela digestão deste órgão por suas próprias enzimas, principalmente tripsina. Oitenta por cento dos pacientes com pancreatite aguda tem doença do trato biliar. O uso de álcool a longo prazo é uma causa comum de episódios agudos de pancreatite, mas o paciente em geral teve uma pancreatite crônica não diagnosticada antes de ocorrer o primeiro episódio de pancreatite aguda. Outras causas menos comuns de pancreatite incluem a infecção bacteriana ou viral; um impacto abdominal, doença por ulcera péptica, doença vascular isquêmica, hiperlipidemia, hipercalcemia e o uso de corticosteróides, diuréticos de tiazida e anticoncepcionais orais. Manifestações clinicas: a dor abdominal e a sensibilidade, juntamente com a dor nas costas, resultam de irritação e edema do pâncreas inflamado que estimula as terminações nervosas.A dor pode ser acompanhada de vômitos, distensão abdominal. A hipotensão é típica e reflete hipovolemia e choques causados por perda de grandes quantidades de líquidos. Tratamento: é sintomático e visa evitar ou tratar complicações. Toda a ingestão oral é suspensa para inibir a estimulação pancreática e a secreção das enzimas pancreáticas. A nutrição parenteral total na pancreatite é geralmente uma parte importante da terapia, sobretudo em pacientes debilitados, devido ao estresse metabólico associado à pancreatite aguda. É indicado um agressivo cuidado respiratório devido ao alto risco de elevação do diafragma, infiltrado pulmonar, derrame e atelectasia. A hipoxemia ocorre em um número significativo de pacientes com pancreatite aguda, mesmo sem presença de anomalias nos Raio x. A necrose pancreática é uma causa importante de morbimortalidade em pacientes com pancreatite aguda. O paciente que desenvolve necrose corre risco de hemorragia, choque séptico e insuficiência orgânica múltipla. O paciente deve se submeter os procedimentos diagnósticos para confirmar a necrose pancreática. Deve ser feito o debridamento cirúrgico ou a inserção de vários drenos. O paciente com necrose pancreática em geral esta criticamente mal e requer um experiente tratamento medico e de enfermagem. Em geral, o paciente é transferido para a unidade de tratamento intensivo, de modo a ser feita uma atenta monitorização. B - CIRROSE HEPÁTICA Existem três tipos de cirrose ou cicatrizes de fígado: • Cirrose portal de Laemec (alcoólica, nutricional), na qual o tecido cicatrizado envolve caracteristicamente as áreas portais. • Cirrose pós-necrótica, na qual existem bandas largas de tecido cicatrizado, como resultado f8inal de uma hepatite viral aguda prévia. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 190 • Cirrose biliar, na qual ocorre cicatriz no fígado ao redor dos dutos biliares. Este tipo geralmente é o resultado de obstrução biliar crônica e infecção. Manifestações clinicas: incluem uma icterícia intermitente e febre. Inicialmente, o fígado está aumentado, duro e irregular; eventualmente, torna-se atrófico. Tratamento: é geralmente baseado nos sintomas apresentados pelo paciente. Por exemplo, os antiácidos são prescritos para diminuir o sofrimento gástrico e minimizar a possibilidade de sangramento gastrointestinal. As vitaminas e os suprimentos nutricionais promovem a cicatrização das células hepáticas danificadas e melhoram a condição nutricional geral do paciente. Os diuréticos poupadores de potássio (espironolactona) podem ser indicados para diminuir a ascite, se presente, e diminuir as alterações de líquidos e eletrólitos comuns com outros agentes diuréticos. Metas de enfermagem: aumento de energia e de participação nas atividades; manutenção da temperatura corporal normal; melhora da integridade da pele e proteção de tecido edemaciado; melhora da condição nutricional; aumento do nível de conforto; restauração do volume normal de liquido; melhorar as condições mentais; melhora da condição respiratória; prevenção de sangramento e hemorragia; detecção logo no início do sangramento; prevenção de encefalopatia hepática. C - COLECISTITE A vesícula biliar pode ser o local de uma infecção aguda (colecistite), que causa dor aguda, sensibilidade e rigidez do abdome direito superior, associada a náuseas e vômitos e os sinais usuais de uma inflamação aguda. Esta condição é chamada de colecistite aguda. Se a vesícula biliar for encontrada cheia de pus, há um empiema da vesícula biliar. A colecistite com cálculos ocorre em mais de 90 % dos pacientes com colecistite aguda. Na colecistite com cálculos, eles obstruem o efluxo da bile. A bile que permanece na vesícula biliar inicia uma reação química; ocorrem autólise e edema; e os vasos sanguíneos na vesícula biliar são comprimidos, comprometendo seu suprimento vascular. COLELETÍASE: em geral se forma na vesícula biliar a partir de constituintes sólidos da bile e varia muito em tamanho, forma e composição. Os cálculos biliares são incomuns em crianças e adultos jovens, mas incidem cada vez mais após os 40 anos de idade. A incidência de colelitiase aumenta daí em diante, de tal modo que se avalia que, aos 75 anos, 1 em cada 3 pessoas terá cálculos biliares. Manifestações clinicas: os cálculos biliares podem ser silenciosos, ou produzir sofrimento epigástrio, tal como plenitude, distensão abdominal e vaga dor no quadrante superior direito do abdome. Já se um cálculo obstruir o duto cístico, o paciente pode sofrer cólicas biliares com intensa dor no quadrante superior direito do abdome, com irradiação para as costas ou ombro direito, geralmente associado a náuseas e vômitos. O paciente se move inquietamente, incapaz de achar uma posição confortável. A icterícia pode acontecer devido obstrução do duto biliar, e do fluxo da bile. Tratamento: a remoção cirúrgica da vesícula biliar pelos esforços cirúrgicos tradicionais foi considerada o enfoque padrão para o tratamento por mais de 100 anos. Entretanto, ocorreram marcantes mudanças nos tratamentos cirúrgicos e não- cirúrgicos da doença da vesícula biliar. Embora os enfoques não-cirúrgicos tenham a APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 191 vantagem de eliminar o risco cirúrgico, eles estão associados a sintomas persistentes ou formação recorrente de cálculos. A maioria dos enfoques não-cirurgicos, incluindo a litotripsia e a dissolução dos cálculos biliares, da uma solução apenas temporária para os problemas associados aos cálculos biliares. Com o amplo uso da colecistectomia laparoscópica, onde a vesícula biliar é removida por uma pequena incisão pelo umbigo, o risco cirúrgico tem diminuído juntamente com o tempo de estada no hospital e o longo período de recuperação associados à colecistectomia cirurgia padrão. 21.4 - PACIENTE QUE REQUER CUIDADO GASTROINTESTINALA – GASTROSTOMIA A gastrostomia é um procedimento cirúrgico realizado para criar uma abertura no estomago com o propósito de administrar alimentos e líquidos. Em alguns momentos, a gastrostomia é usada para nutrição prolongada, como no idoso ou no paciente debilitado. Cuidados de Enfermagem: os principais cuidados visam a obtenção do nível de nutrição desejada, ausência de infecção, manutenção da integridade da pele, melhora dos métodos para lidar com a situação, ajustes ás mudanças corporais, conhecimento e habilidade para o autocuidado e ausência de complicações. B - ILEOSTOMIA Uma ileostomia é a criação cirúrgica de uma abertura no íleo ou no intestino delgado, geralmente por meio de um estoma no íleo na parede abdominal. Ela permite a drenagem de material das fezes do íleo para fora do corpo. A drenagem é muito pastosa e ocorre em intervalos freqüentes. A ileostomia pode ser temporária ou permanente. Cuidados de Enfermagem: o cuidado da ferida cirúrgica abdominal geral é necessário. O estoma é observado com relação à cor e tamanho. Ele deverá ser rosa para vermelho-vivo e brilhante. Para a ileostomia tradicional, uma bolsa plástica APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 192 temporária com um adesivo é colocada sobre a ileostomia e pressionada firmemente de encontro à pele circundante. A ileostomia é monitorizada para a drenagem das fezes, que deve começar 72 h após a cirurgia. Os conteúdos drenam na bolsa plástica e são mantidos fora do contato com a pele. Eles são controlados e medidos, conforme a bolsa vai ficando cheia. C – COLOSTOMIA A palavra estoma tem origem grega, “stóma”, e exprime a idéia de boca. É a abertura cirúrgica que permite a comunicação entre um órgão interno e meio exterior. A colostomia é uma criação cirúrgica de uma abertura artificial ( estoma ) no cólon que é uma parte do intestino grosso, podendo ser temporária ou permanente, fazendo com que uma parte do intestino fique exposta no abdome. Esta abertura será o local por onde sairão ás fezes, que por sua vez serão armazenadas em uma bolsa coletora. Dependendo da localização da colostomia, ela pode ser classificada em: C Colostomia Ascendente – As fezes são líquidas; Co Colostomia Transversa – As fezes são semi-líquidas; Co Colostomia Descendente – As fezes são formadas; Colostomia Sigmóide – As fezes são firmes e solida APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 193 21.5 - INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM O paciente submetido a estas cirurgias pode desenvolver quaisquer das complicações de um procedimento cirúrgico. Além dos cuidados pós-operatórios gerais, a equipe permanecerá atenta às complicações imediatas que incluem: distensão abdominal, obstrução intestinal, hemorragias e deiscência da linha de sutura. Além disto, avaliará se ocorrem complicações cirúrgicas gerais, tais como: choque, problemas pulmonares, trombose, evisceração, íleo paralítico e infecção. Geralmente durante o período pós-operatório o paciente precisará de uma sonda nasogástrica para prevenir a retenção de secreções gástricas. Estas sondas serão mantidas na mesma posição, abertas em drenagem por gravidade. Se a sonda nasogástrica estiver permeável (desobstruída), náuseas e vômitos não ocorrerão. Os ruídos hidroaéreos serão auscultados pelo menos a cada 8 horas, para avaliar o retorno da atividade intestinal normal. O paciente submetido a uma gastrectomia é mais vulnerável à dor, que piora com a tosse e a respiração profunda, porque a incisão, localizada na porção superior do abdômen e a distensão também interferem na insuflação abdominal. No pós-operatório o paciente manterá jejum e uma sonda nasogástrica em drenagem. A permeabilidade desta será mantida para assegurar que o coto gástrico não seja distendido por um acúmulo de secreções, gases ou drenagem, que esticariam a sutura e romperiam o coto. Na proctolectomia, o enfermeiro deve monitorar o estoma (ileostomia), para certificar-se que não esteja sendo exercida pressão sobre o mesmo, que possa interferir na circulação. A cor será avaliada em intervalos freqüentes. Caso torna-se pálida, pardacenta ou cianótica comunica-se ao médico imediatamente. As ileostomias raramente geram problemas no pós-operatório, porém, podem ocorrer complicações como hemorragia, hipóxia e desequilíbrio hidroeletrolítico. Considerando-se que uma ileostomia drena continuamente, será usado um kit para drenagem aberta de ostomia. Este deve ser moldado de forma a apresentar uma adaptação de aproximadamente 0,15 a 0,3 cm maior que o estoma, evitando-se, assim, irritação da pele, que pode variar de hiperemia, dermatite secretante até ulceração. A irritação pode resultar também de adesivos ou remoção freqüente do APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 194 dispositivo. A pele será lavada com água e sabão, enxaguada e seca, e o estoma, coberto com gaze entre as trocas. O enfermeiro permanecerá atento a ineficácia do padrão respiratório resultante da distensão abdominal, ascite, dor na incisão ou complicação respiratória, avaliando a respiração quanto à freqüência e esforço. A avaliação deve incluir: ausculta pulmonar, percussão torácica, inspeção do tipo respiratório, avaliação dos gases sanguíneos, secreção pulmonar e do Raios X. O paciente em Poi de pancreatectomia pode apresentar défict de volume de líquidos e desequilíbrio eletrolítico por vômitos, drenagem nasogástricas, jejum, desvio de fluidos corporais, hipertermia e sudorese. Os cuidados de enfermagem a estes pacientes incluem: monitorização hemodinâmica para avaliação de possíveis mudanças no estado hídrico e alterações de ritmo cardíaco que podem ser a primeira indicação de desequilíbrio eletrolítico. O enfermeiro deve conferir os valores dos exames laboratoriais para detectar modificações significativas e observar os sinais e sintomas, indicativos de hiperglicemia, hipocalemia e hipocalcemia .Também deve estar atento a resposta do paciente à administração de fluidos e hemoderivados, observando edemas, ruidos pulmonares, turgor cutâneo, estado de membranas mucosas e monitorar ingesta e excreção. O enfermeiro deve avaliar a capacidade funcional do tecido pancreático restante após a excisão do pâncreas. Se o paciente perdeu toda a função endócrina necessitará de insulina, será necessária uma rigorosa monitorização da hipoglicemia. A assistência de enfermagem aos pacientes em POI de hepatectomia variam de acordo com o grau de disfunção metabólica, problemas hemorrágicos, edema, ascite, incapacidade de biotransformar detritos endógenos e exógenos (drogas), hipoproteinemia, ictericia e complicações endócrinas e respiratórias. O enfermeiro deve monitorar o estado hidroeletrolitico, devido sobrecarga hídrica podendo ocasionar: edema pulmonar e ICC, possíveis sinais de sangramento devido anastomoses; permeabilidade dos drenos abdominais, a obstrução destes drenos podem causar aumento da pressão intrabdominal em virtude do acumulo de ascite e sangue. Em geral, a esplenectomia é seguida de leucocitose e trômbocitose leve, porém persistentes. A trombocitose predispõe à formação trombos. Para previnir as complicações trombóticas o enfermeiro deve estimular os exercícios no leito, deambulação precoce e a hidratação adequada. 22 - CIRURGIA VASCULAR A integridade e a permeabilidade do sistema vascular, incluindo-se as artérias, veias e vasos linfáticos, são essenciais para a vida dos tecidos humanos. Os problemas vasculares podem ser agudos e constituírem umaemergência que coloque em risco a vida ou um membro. Os objetivos no tratamento dos pacientes cirúrgicos vasculares são: suporte do sistema vascular, remoção da causa, evitando-se episódios posteriores de isquemia. De maneira geral, a cirurgia vascular envolve a retirada da obstrução através da ressecção e remoção de trômbos e êmbolos. A) Embolectomia : retirada cirúrgica de um êmbolo de um vaso sanguíneo. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 195 B) Aneurismectomia: aneurisma é uma dilatação localizada da parede arterial e que provoca uma alteração da forma do vaso e do fluxo sanguíneo. Pode ser abdominal ou torácico. Existem quatro formas de aneurisma: fusiforme, quando ocorre dilatação de um segmento inteiro de uma artéria; sacolar, envolvendo apenas um dos lados da artéria; dissecante, quando ocorre rotura da íntima provocando um "shunt" de sangue entre a íntima e a média de um vaso e pseudo-aneurisma, resultante da rotura de uma artéria. C) Endarterectomia: abertura da artéria sobre uma obstrução e alívio desta ou ressecção de material ateromatoso que está provocando o bloqueio. D) Simpatectomia: ressecção de segmentos selecionados do sistema nervoso simpático para desnervar o sistema vascular, produzindo vasodilatação. E) INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM A assistência de enfermagem pós-operatória, na cirurgia vascular, é determinada pelo local da cirurgia; pela extensão da revisão cirúrgica e anestesia. Os principais objetivos no cuidado aos pacientes vasculares são: suporte do sistema vascular, estabilização hemodinâmica e controle da dor. Geralmente o paciente é internado por 24 a 48 horas numa UTI, onde são monitorizados sinais vitais e outros parâmetros hemodinâmicos; há acompanhamento do equilíbrio hídrico e eletrolítico. O doente é mantido no respirador para facilitar as trocas gasosas. A avaliação pós-operatória e os cuidados de enfermagem a pacientes submetidos à cirurgia da aorta incluem: monitorar as condições circulatórias para determinar a permeabilidade do enxerto, verificando a presença e qualidade dos pulsos arteriais periféricos e profundos (femoral e poplíteo e pedioso dorsal); avaliar o sistema neurovascular através da presença e localização da dor, palidez, parestesia, paralisia e ausência de pulso; verificar a temperatura, coloração e mobilidade dos membros. É necessário manter o volume hídrico vascular adequado, através da constatação da estabilidade hemodinâmica, para prevenir choque hemorrágico em decorrência da perda de sangue na cirurgia ou no pós-operatório. O paciente é posicionado em decúbito dorsal ou Trendelemburg, com cabeceira elevada em 300 a 400 e orientado a não fletir os joelhos ou quadris,na presença de enxertos abdominais ou femorais. A correção de aneurisma é considerada uma grande cirurgia e várias complicações pós-operatórias específicas podem surgir. Uma das mais sérias é o IAM, decorrente de doença arterial das coronárias. A monitorização da função dos rins, através da ingestão e eliminação de líquidos, é vital, pois complicações renais podem ocorrer, devido à isquemia por baixo fluxo aórtico, redução do débito cardíaco, êmbolos, hidratação inadequada ou pinçamento da aorta acima das artérias renais durante a cirurgia. Êmbolos também podem alojar-se nas artérias das extremidades inferiores ou mesentéricas. As manifestações clínicas incluem: sinais de oclusão arterial aguda (dor ou perda dos nervos sensitivos decorrentes da isquemia, parestesias e perda da sensação de posição, poiquilotermia (frieza), paralisia, palidez cutanea, ausência de pulso), necrose intersticial, íleo paralítico, diarréia e dor abdominal. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 196 Isquemia da medula espinhal pode ocorrer, resultando em tetra/paraplegia, incontinência urinária e retal ou anestesia, hipoestesia nos hemisférios de correlação clínica e alteração do tonus vascular podendo resultar em comprometimento da temperatura, quando o aneurisma estiver rompido. Os cuidados de enfermagem a estes pacientes são essenciais nas primeiras 24 horas e incluem: avaliação cuidadosa dos sinais vitais e da função neurológica (reação pupilar, nível de consciência, função motora e sensorial). Manter a cabeça ereta e elevada ajuda na permeabilidade das vias aéreas e minimiza o "stress" no local da cirurgia. Avalia-se o padrão respiratório, a pulsação e a pressão arterial. A pressão arterial sistólica será mantida entre 120 e170mmHg para garantir a perfusão cerebral. Pode ocorrer obstrução das vias aéreas superiores devido ao engurgitamento do pescoço ou à formação de hematoma localizado. Se ocorrer está hematoma é indicada aplicação de frio no local da incisão. As complicações mais comuns da cirurgia vascular são: a hemorragia e o choque, que podem resultar da cirurgia ou de uma lesão associada à aorta, à veia cava ou a vasos próximos, inclusive artérias e veias ilíacas, renais ou lombares. Tensão e edema na linha de sutura. O paciente deve ser posicionado em semi- fowler baixa, com a cabeça elevada cerca de 30 graus. Esta posição promove a drenagem das secreções, reduz o edema, evita a compressão nas linhas de sutura e facilita as respirações. Mobilizar, estimular a tosse e respiração profunda são essenciais para evitar atelectasias e pneumonia hipostática (cp62) e( RPA). Geralmente a drenagem do estoma da traquestomia é mínima. O curativo fica sujo devido às secreções e sudorese. O mesmo deve ser trocado sempre que necessário e a pele mantida limpa e seca para evitar maceração e infecção. A pele ao redor do estoma deve ser limpa com soro fisiológico e solução antisséptica. As bordas da traqueostomia protegidas com gazes dobradas. A fixação da cânula de traqueostomia deve ser suficiente para assegurar uma tensão adequada e evitar deslocamento ou saída acidental, que pode resultar em complicações agudas das vias aéreas. F) CONSIDERAÇÕES FINAIS A assistência de enfermagem no pós-operatório imediato é de fundamental importância dentro do contexto do atendimento multidisciplinar ao paciente grave. Evidentemente, além dos cuidados de enfermagem que visam promover o conforto e o bem estar do paciente, o profissional nesta unidade deve ter amplo conhecimento das alterações fisiológicas induzidas pelo ato cirúrgico, estando apto a detectar precocemente alterações que possam comprometer a evolução deste, comunicando e discutindo o quadro clínico com a equipe multidisciplinar, para que ações imediatas possam ser tomadas. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 197 23) FERIDAS APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 198 23.1) ESTRUTURA DA PELE A pele é também chamada de cútis, é um manto de revestimento do organismo, indispensável à vida, pois isola os componentes orgânicos do meio exterior; É formada por quatro camadas: Epiderme; Derme; Tecido subcutâneo; Tecido adiposo. A pele representa cerca de 15% do peso corpóreo, e apresenta alterações ao longo de sua extensão como sendo flexível ou rígida (palma das mãos e planta dos pés). Também, possui os apêndices epidérmicos que são as glândulas écrinas, apócrinas, sebáceas, folículo piloso e as unhas. 23.2) EPIDERME É a camada externa, formada por tecido delgado e estratificado, que fica em contato direto com o ambiente externo. A espessura da epiderme varia de 0,04 mm a 1,6 mm nas palmas das mãos e planta dos pés. No tecido epidérmico encontramos algumas células que são: •Ceratinócitos •Melanócitos.A) CERATINÓCITOS São considerados as células mais importantes da epiderme. São responsáveis por produzir ceratina. Que por sua vez é responsável pela formação de uma barreira rígida epidérmica ceratinizada. B) MELANÓCITOS São células epidérmicas produtoras de pigmentos, encontradas alojadas entre as células basais. Os melanócitos – melanossomas (que são grânulos pigmentares) que contém a melanina. A melanina é produzida na epiderme e em camadas correspondentes do folículo piloso. Ela também é depositada na deerme a partir da epiderme. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 199 C) APÊNDICES EPIDÉRMICOS GLÂNDULAS ÉCRINAS: são as responsáveis por produzir suor, pela termorregulação, e encontram-se em toda pele, exceto nos lábios, leito ungueal, glânde peniana e nos pequenos lábios. Encontram-se em maior quantidade nas axilas, palma das mãos, planta dos pés, sobrancelhas. GLÂNDULAS APÓCRINAS: nas axilas, aréola mamária, área anogenital e pálpebras. Está relacionada com a produção odorífera, para despertar o impulso sexual. GLÂNDULA SEBÁCEAS: são encontradas em toda pele, exceto nas mãos e planta dos pés. Está associada aos folículos pilosos e o principal hormônio responsável pelo desenvolvimento da glândula é o androgênio. 23.3) DERME • É uma camada de tecido denso abaixo da epiderme; • É responsável por fornecer à pele a maior parte de suas substâncias; • Tem uma espessura de 1 a 4mm; • A derme contém fibroblastos, macrófagos, mastócitos e linfócitos que são responsáveis pela cicatrização; • Na derme encontramos irrigação linfática e vascular e inervação da pele. • A derme também é a principal estrutura de suporte da pele; • A epiderme é importante para o recobrimento da feridas; • A derme é responsável pela integridade estrutural e propriedades físicas da pele. A) TIPOS DE DERME DERME PAPILAR: é a que contém maiores quantidades de colágenos, vaso sangüíneos, glândulas sudoríparas e elastina, está em contato com a epiderme; DERME RETICULAR: também possui colágeno, porém maiores quantidade de tecido elástico maduro. FUNÇÕES DA PELE PROTEÇÃO: constitui a barreira de proteção para as estruturas internas do organismo contra a ação de agentes externos de qualquer natureza; APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 200 PROTEÇÃO IMUNOLÓGICA: a pele, graças aos seus componentes dérmicos, é um órgão de grande atividade imunológica; PERCEPÇÃO SENSORIAL: através de complexa e especializada rede nervosa cutânea, a pele é o órgão receptor sensitivo do calor, frio, dor e tato; B) FUNÇÕES DA PELE SÍNTESE DE SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS: esta é uma importante função que a pele realiza, que seja, sintetização de algumas substâncias essenciais para o nosso organismo; SECREÇÃO SEBÁCEA: serve para manutenção da pele; MELANINA: proteção contra os raios ultravioleta; VITAMINA D: anti-raquítica. C) LESÕES ELEMENTARES DA PELE RELACIONADAS COM ALTERAÇÕES DA COR: são chamadas de manchas ou máculas, sendo as mais importantes: eritema, cianose, exantemas; FORMAÇÕES SÓLIDAS: resultam de processos inflamatórios ou neoplásicos, sendo as principais; pápulas, nódulos e placas; RELACIONADAS COM LESÕES DE LÍQUIDOS: são aquelas com conteúdo líquido, pode ser seroso, sanguinolento ou purulento. São elas: vesículas, bolhas, pústulas, abscessos e hematomas; ALTERAÇÕES DE ESPESSURA: edema, cicatriz 1) MÁCULA • É uma lesão plana e não palpável, embora evidenciada por alterações na cor. • A maioria das máculas são mais vermelho-escuras ou castanhas do que a pele normal; • Uma leve descamação pode ser característica de uma mácula; • Um exemplo típico de uma mácula epidérmica é o LENTIGO, que se deve a um aumento da quantidade de melanócitos epidérmicos basais; • Um exemplo de mácula dérmica é a púrpura (que se deve a um extravasamento de sangue dos vasos capilares) sem alterações epidérmicas. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 201 2) PÁPULA E NÓDULOS • As pápulas são lesões que costumam apresentar elevações visíveis acima da superfície da pele, e são características de alguns tumores comuns. • Os nódulos também podem localizar-se profundamente na derme, podendo ainda estar acastanhados na pele, no lugar de uma lesão elevada, exemplo dermatofibromas; • O tamanho faz com que uma pápula ou um nódulo sejam avaliados conjuntamente, já que, o tamanho por si só, não constitui uma divisão diagnóstica muito apropriada. Diferentes autores, utilizam as medidas de 0,5 a 1,0 cm, como linha divisória entre pápula e o nódulo. • A maioria dos nódulos desenvolvem-se a partir de uma pápula, e nem todas as pápulas irão aumentar e se tornar um nódulo. 3) PLACAS • É uma área que costuma apresentar mais de 20 mm de diâmetro, com superfície ligeiramente elevada e alterações na cor e/ou textura. • Uma alteração semelhante, de menos tamanho, é denominada de pápula plana. Já, múltipla pápula e nódulos podem aglutinar-se para formar uma placa; • O termo placa, também é usado para indicar áreas de superfície plana, de dimensões similares, que apresentam alterações de textura palpável; • Tipos de placas: placas liqueficadas, psoriasiformes e placas descamativas solitárias. 4) VESÍCULAS E BOLHAS • São formações edematosas elevadas e circunscritas que contêm fluido livre; • As bolhas são maiores do que as vesículas; • De forma arbitrária, diferentes autores definem bolhas como aquelas com diâmetro superior a 5 ou 10 mm; • Na prática as vesículas apresentam apenas alguns milímetros de diâmetro. • As bolhas surgem de uma separação da epiderme ou junção dermo-epidérmica. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 202 5) PÚSTULAS • Constituem um acúmulo de pus epidérmica ou dérmica superior, um produto decomposto de leucócitos; • Apresentam-se clinicamente turvos, de coloração amarelada ou esverdeada; • As pústulas em fase de cicatrização podem formar uma crosta em alguns distúrbios, principalmente na pustulose palmo-plantar, onde uma escama acastanhada se inicia à medida que o processo de cicatrização progride. 6) ABSCESSO • É uma coleção localizada profunda de pus, que pode ter muitas causas (infecciosas, inflamatórias, degeneração de tumores); 7) ERITEMA • Consiste em um aumento da coloração vermelha, resulta da maior visibilidade de sangue intravascular sendo, portanto, o resultado da vasodilatação; • Em muitos casos, os vasos que contribuem para ocasionar o eritema não são detectáveis individualmente a olho nu, mas aparecem como uma vermelhidão difusa. 8) EDEMA • É um inchaço localizado ou generalizado devido ao acúmulo de líquido nas células, espaços intercelulares e cavidades serosas 9) HEMATOMA • É uma massa localizada, de sangue, geralmente coágulo, em um tecido ou parte do corpo, causado pelo rompimento de um vaso sangüíneo. 10) CICATRIZ • A pele é a primeira linha de defesa contra patógenos; • Quando esta barreira é rompida por qualquer cirurgia, trauma, o corpo se torna vulnerável ao ataque de microorganismos; • Nessa bem coordenada seqüência de fases, onde a afetividade de um evento depende do sucesso do procedente, o corpo mobiliza suas forças sentido de: - estancar a perda de sangue; - remover patógenos e restos celulares da ferida; APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 203 - proteger a ferida contra a infecção; - regenerar a cobertura epidérmica natural; - reparar o tecido mais profundo danificado. 23.4) ÚLCERAS É umaárea de perda de epiderme e de derme, que em alguns casos é tão profunda, que chega a atingir os músculos ou ossos. A) CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS DAS ÚLCERAS Em todos os distúrbios bolhosos, as bolhas rompem-se deixando erosões que – através de infecção ou trauma – podem se tornar mais profundas, formando úlceras; B) FATORES QUE FAVORECEM O SURGIMENTO DAS ÚLCERAS POR PRESSÃO • O bloqueio da circulação sangüínea e falta da movimentação normal do paciente são as causas básicas das ulceras de pressão; • A corrente sangüínea é bloqueada principalmente pelo peso do corpo, que pressiona os ossos salientes, comprimindo tecidos macios contra uma superfície. C) PREVENÇÃO • Distribuição do peso; • Manter pacientes limpos; • Manter a pele sempre limpa; • Nutrição adequada; • Estimular circulação epidérmica APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 204 D) CLASSIFICAÇÃO DAS FERIDAS As feridas podem ser classificadas de três formas diferentes: de acordo com a maneira como foram produzidas, de acordo com o grau de contaminação e de acordo com o comprometimento tecidual. Quanto ao mecanismo de lesão as feridas podem ser descritas como incisas, contusas, lacerantes ou perfurantes. E) CLASSIFICAÇÃO • As feridas incisas ou cirúrgicas são aquelas produzidas por um instrumento cortante (as feridas limpas geralmente são fechadas por sutura); • As feridas contusas são produzidas por objeto rombo e são caracterizadas por traumatismo da partes moles, hemorragia e edema; • As feridas laceradas são aquelas com margens irregulares como as produzidas por vidro ou arame farpado; • As feridas perfurantes são caracterizadas por pequenas aberturas na pele. Um exemplo são as feridas feitas por bala ou ponta de faca. F) GRAU DE CONTAMINAÇÃO FERIDAS LIMPAS: são aquelas que não apresentam inflamação e que não são atingidos o trato respiratório, digestivo, genital e urinário. FERIDA LIMPA - CONTAMINADA: são aquelas nas quais o trato respiratório, digestório ou urinário são atingidos, porém em condições controladas. FERIDA CONTAMINADA: incluem feridas acidentais, recentes e abertas e cirurgias em que a técnica asséptica não foi respeitada devidamente. FERIDAS INFECTADAS OU SUJA: são aquelas nas quais os microorganismos já estavam presentes antes da lesão. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 205 23.5) ESTÁGIO DE COMPROMETIMENTO TECIDUAL DE UMA FERIDA ESTÁGIO I: caracteriza-se pelo comprometimento da epiderme apenas, com formação de eritema em pele íntegra e sem perda tecidual. ESTÁGIO II: caracteriza-se por abrasão ou úlcera, ocorre perda tecidual e comprometimento da epiderme, derme ou ambas. ESTÁGIO III: caracteriza-se por presença de úlcera profunda, com comprometimento total da pele e necrose de tecido subcutâneo, entretanto a lesão não se estende até a fáscia muscular. ESTÁGIO IV: caracteriza-se por extensa destruição de tecido, chegando a ocorrer lesão óssea ou muscular ou necrose tissular. 23.6) CAUSAS A pressão nos tecidos é examinada em relação a três fatores, considerando a etiologia das úlceras: A) INTENSIDADE DA PRESSÃO A pressão capilar desempenha um importante papel. É reportado que a pressão capilar no final arterial seja de 30 a 40 mmHg, de 10 a 14 mmHg no final venoso e de 25 mmHg na porção média do capilar. Pressão Capilar dentro do leito capilar. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 206 Pressão de fechamento capilar é a quantidade mínima de pressão requerida para o colapso do capilar. Este colapso leva à anóxia tecidual. A pressão usual para este colapso é de 12 a 32 mmHg. Para quantificar a intensidade da pressão que é aplicada externamente na pele é medida a pressão interface corpo/colchão, com o paciente na posição sentada ou supina. Estudos demonstram que a pressão interface obtida em posições supinas ou sentadas freqüentemente excedem a pressão de fechamento capilar. As pessoas saudáveis são capazes de mudar o seu peso e não desenvolver a úlcera de pressão com elevadas pressões de interface.Entretanto, uma pessoa com diminuição da percepção sensorial, como um paciente com lesão da medula espinhal, pode não ser capaz de identificar ou responder ao desconforto do excesso de pressão. Camas e colchões especiais assim como almofadas são baseadas nos princípios da intensidade da pressão. Estes produtos tendem a diminuir a intensidade da pressão. B) DURAÇÃO DA PRESSÃO • É um fator importante que precisa ser considerado em associação com a intensidade da pressão. • Existe um relacionamento inverso entre a duração e a intensidade da pressão para a criação da isquemia tecidual. Os danos podem ocorrer com: • Pressão de baixa intensidade durante um longo período de tempo. • Pressão de intensidade elevada durante um curto período de tempo. C) TOLERÂNCIA TECIDUAL • A tolerância tecidual é o terceiro fator que determina o efeito patológico do excesso de pressão e é influenciada pela capacidade da pele e estruturas subjacentes em trabalharem juntas para redistribuir a carga imposta no tecido. • A isquemia tecidual profunda pode ocorrer sem a manifestação cutânea. APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 207 23.7) A TOLERÂNCIA TECIDUAL É INFLUENCIADA POR VÁRIOS FATORES: A) CISALHAMENTO: é causado pela combinação da gravidade e fricção. Exerce uma força paralela à pele e resulta da gravidade que empurra o corpo para baixo e da fricção ou resistência entre o paciente e a superfície de suporte. Quando a cabeceira da cama é elevada, a pele adere-se ao leito mas o esqueleto empurra o corpo para baixo. Os vasos sanguíneos são esticados ou acotovelados dificultando ou interrompendo o fluxo sanguíneo. O cisalhamento causa a maior parte do dano observado nas úlceras de pressão. B) FRICÇÃO: Se sua ação for isolada, a sua capacidade de danos está restrita a epiderme e derme. Resulta em uma lesão semelhante a uma queimadura leve. Ocorre com maior freqüência em pacientes agitados. A forma mais grave de dano por fricção ocorre associada ao cisalhamento. C) AUMIDADE: altera a resistência da epiderme para forças externas. D) DÉFICIT NUTRICIONAL: a alteração da nutrição pode afetar o desenvolvimento da úlcera de pressão pois a hipoalbuminemia altera a pressão oncótica e causa a formação de edema. A difusão de oxigênio no tecido edemaciado fica comprometida. Há uma diminuição da resistência a infecção devido ao efeito no sistema imunológico. A anemia também afeta o transporte de oxigênio. As deficiências de vitaminas A, C e E também podem contribuir para o desenvolvimento da úlcera de pressão devido ao papel que estas vitaminas tem na síntese do colágeno, imunidade e integridade epitelial. 23.8) OUTROS FATORES IMPORTANTES NO DESENVOLVIMENTO DA ÚLCERA DE PRESSÃO A) Idade avançada: muitas mudanças ocorrem com o envelhecimento e incluem: achatamento da junção entre a derme e epiderme; menor troca de nutrientes, menor resistência a força de cisalhamento, diminuição da capacidade de redistribuir a carga mecânica da pressão. B) Baixa pressão sangüínea: a hipotensão pode desviar o sangue da pele para órgãos vitais. As pressões geralmente consideradas são pressão sistólica abaixo de APOSTILA ELABORADA PELA ENFERMEIRA PROFESSORA EDIVANE CONTE. 208 100 mmHg e diastólica abaixo de 60 mmHg. Capilares podem ocluir-se com pressões