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Antibióticos e Superbactérias: Uso Racional de Medicamentos

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FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS – FTC
DISCIPLINA: PROJETO INTEGRADOR I 
CURSO: FARMÁCIA
Discentes: Amanda Primo da Costa Freitas
Andrei Ribeiro Berbert
Beatriz Oliveira da Silva
Jessica Passos da Silva
Leandro Barreto dos Santos
Millena Farias de Souza
Tema: Antibióticos e Superbactérias
Itabuna – Bahia
2017
Discentes: Amanda Primo da Costa Freitas
Andrei Ribeiro Berbert
Beatriz Oliveira da Silva
Jessica Passos da Silva
Leandro Barreto dos Santos
Millena Farias de Souza
Trabalho para a composição da segunda nota da disciplina Projeto Integrador I do 2º bimestre de Farmácia.
Itabuna – Bahia
2017
Introdução
Os determinantes sociais da Saúde estão relacionados com as condições em que as pessoas vivem e trabalham, os fatores sociais, somados dos fatores econômicos, culturais e comportamentais influenciam a ocorrência de problemas de Saúde, e isso leva muitas vezes ao uso indiscriminado de medicamentos, visando isso, os órgãos competentes de Saúde desenvolveram praticas que buscam controlar o consumo. O uso racional de medicamentos ocorre quando pacientes recebem medicamentos apropriados para suas condições clinicas em doses adequadas as suas necessidades individuais, por um menor custo para si e para a comunidade (OMS, 1995).
Em 1977, foi dado um passo importante, visando o uso racional dos medicamentos, quando a OMS publicou a 1a Lista Modelo de Medicamentos Essenciais para apoiar os países na formulação de suas próprias listas nacionais. A definição atual de uso racional foi agregada na conferência internacional realizada no Quênia, em 1985. 
A Lei nº 8.080/90 tem como propósito garantir a segurança, eficácia e qualidade dos medicamentos, bem como a promoção do uso racional e o acesso daqueles considerados essencial a população (Brasil, 1998). A automedicação é um dos principais problemas ocorrentes na sociedade, o uso descontrolado de um ou mais medicamento ingeridos de forma incorreta pode neutralizar ou potencializar o efeito do outro, e em casos mais graves pode causar alergias, dependência e até a morte.
Mundialmente, mais de 50% de todos os medicamentos são prescritos, dispensados, ou vendidos, inadequadamente, enquanto 50% dos pacientes não tomam seus medicamentos corretamente. Além disso, cerca de um terço da população mundial não tem acesso aos medicamentos essenciais, com isso a utilização de antibióticos tornou-se rotineira diante de qualquer sinal de infecção. O grande problema é que em muitas, as infeções causadas por microrganismos resistentes tendem a responder cada vez menos à terapêutica, o que resulta em tratamentos mais longos, com custos mais elevados, e com um maior risco de morte. Por outro lado o prolongamento da doença aumenta o risco de contágio e o desenvolvimento de multirresistências.
Hoje já existem leis que regulamentam o uso de antibióticos, a Portaria 344/98 de 12 de maio de 1998 do Ministério da Saúde por exemplo que aprova o regulamento técnicos sobre substancias e medicamentos sujeitos a controle especial, isso inclui os antibióticos: os bactericidas e os bacteriostáticos. A lei prevê que para ter acesso esses medicamentos, somente com a presença da prescrição médica ou de um farmacêutico, por serem profissionais capacitados. O trabalho visa promover, conscientizar e discutir sobre o uso racional de medicamentos, e estabelecer uma relação concretas do uso indiscriminado de antibiótico e desenvolvimento de superbactérias resistentes aos mesmos.
Referencial Teórico
2.1 Mecanismo de ação dos Fármacos 
O caminho percorrido pelo medicamento no organismo, desde a sua administração até sua eliminação, é conhecido como mecanismo de ação dos fármacos. Ele trata de forma quantitativa os processos de absorção, distribuição, biotransformação e a eliminação desses fármacos “in natura” ou de seus metabolitos. Quando uma droga, tem seu trajeto por meio dos diversos compartimentos orgânicos, ela alcança a biofase (o espaço diminuto que circunda as imediações da estrutura alvo), fazendo com que interaja com os sítios com os quais mantém afinidade, isso resulta em uma cadeia de eventos que determina, em última análise, o seu efeito. A farmacodinâmica estuda a inter-relação da concentração de uma droga entre a biofase e a estrutura alvo, bem como o respectivo mecanismo de ação (ANVISA, 2003), já a farmacocinética é o caminho que a droga faz no organismo, ela estuda as etapas que a droga sofre desde a administração até a excreção, que são absorção, distribuição, biotransformação e a excreção.
Segundo a Anvisa, esses mecanismos podem ser classificados em dois grupos: Fármacos estruturalmente inespecíficos, cuja atividade resulta da interação com pequenas moléculas ou íons encontrados no organismo; e fármacos estruturalmente específicos, cuja atividade resulta da interação com sítios bem definidos apresentam, portanto, um alto grau de seletividade. As drogas desse grupo também apresentam uma relação definida entre sua estrutura e a atividade exercida. Essas interações medicamentosas é que vai definir como o organismo irá reagir a determinado medicamento, assim apresentado sua melhora ou piora do paciente.
2.2 Antibióticos e superbactérias
Os antibióticos são substâncias naturais ou sintéticas, capazes de inibir o crescimento ou causar a morte microrganismos podendo eles ser fungos ou bactérias, podendo ser classificados de acordo com sua potência em: bactericidas, quando causam a morte ou bacteriostáticos quando promovem a inibição do crescimento. Sendo assim seu principal objetivo é prevenir ou tratar uma infecção, diminuindo ou eliminando os patógenos do organismo, sem afetar o metabolismo do paciente.
Foi considerado o grande marco no tratamento das infecções bacterianas a descoberta da Penicilina por Alexander Fleming em 1928, após a descoberta deu-se início a diversas pesquisas em busca de substâncias capazes de controlar a proliferação bacteriana. Seu uso é bastante vantajoso quando feito de foram correta.
O mecanismo de ação dos antibióticos é impedir a reprodução do microrganismo, podendo impedir a formação completa do peptídeoglicano, uma substância que deixa a estrutura celular da bactéria muito mais rígida. Os cinco mecanismos básicos de ação dos antibióticos são: a) Ruptura da parede celular bacteriana por inibição da síntese de peptídeoglicanos (penicilina, cefalosporinas, glicopeptídeos, monobactano e carbapenens); b) Inibição da síntese das proteínas bacterianas (aminoglicosídeos, macrolídeos, tetraciclinas, cloranfenicol, oxizolidinonas, estrepetograminas e rifampicina); c) Interrupção da síntese do ácido nucléico (fluoroquinolona, ácido malidixico); d) Interferência no metabolismo normal (sulfonamidas e trimetoprima); e e) Atuam na replicação cromossômica.
Entretanto o uso indiscriminado de tal medicamento permitiu que os microrganismos se conseguissem adaptar, por mecanismos de aquisição e transferência de genes de resistência aos antibióticos presentes em plasmídeos e transposões, diminuindo a eficácia dos antibióticos, isso acontece pela interrupção da medicação e a automedicação.
A resistência ocorre, principalmente, em virtude do surgimento de mutações que conferem às bactérias proteção contra os antibióticos. As bactérias possuem diversos mecanismos de resistência aos antibióticos. Os principais são: alteração na permeabilidade da membrana, alteração no local de atuação do antibiótico, bombeamento ativo do antibiótico para fora da bactéria e a produção de enzimas que destroem os antibióticos.
Bactérias causadoras de doenças (patogênicas) resistentes a muitos antibióticos, principalmente aos mais tradicionais são conhecidas como superbactérias. Elas surgiram devido ao uso incorreto, indiscriminado ou sem prescrição e acompanhamento de um médico.
O aumento do número de casos de bactérias resistente a medicamentos tem aumentado e já passam a ser preocupantes, o Brasil é um dos países que tem o maior índice de resistência em determinadosorganismos, já existem bactérias no Brasil que não respondem a mais nenhum medicamento.
 Uma vez que os antibióticos apresentam diferentes mecanismos de ação, as bactérias passam desenvolver diferentes tipos de mecanismos de resistência. Normalmente a resistência bacteriana aos antibióticos é devido a: a) uma mudança na permeabilidade da membrana celular que, ou impede a entrada do antibiótico na célula, ou faz com que o antibiótico seja bombeado para fora da célula (Efluxo Ativo); b) aquisição da capacidade de degradar ou inativar o antibiótico; ou c) surgimento de uma mutação que altera o alvo de um antibiótico de modo que o novo alvo não seja afetado.
As superbactérias costumam ser encontradas em hospitais; ambiente propício devido os hospedeiros estarem debilitados em virtude de alguma doença, e portanto, menos capazes de combater a infecção. Mas atualmente têm sido encontradas superbactérias em locais fora do ambiente hospitalar.
Metodologia e métodos
Durante a pesquisa foram entrevistadas 60 pessoas: com idade entre 16 a 65; de ambos os sexo; das cidades de: Camacan, Itabuna, Barro Preto, Itajuípe. As pessoas foram abordadas na rua, onde responderam ao questionário apresentado e lhes foi informado desde o início que poderiam se recusar a responder caso quisessem.
Resultados e discursões 
Como resultado deste projeto durante a pesquisa de campo, ficou evidenciado que as cidades onde foram feitas as entrevistas tem como referencial a cidade de Itabuna tanto em saúde pública e privada, quanto em educação e lazer, uma vez que estas se deslocam para a mesma afim de receber tais serviços. Os resultados mostram também que o grau de instrução e a pouca informação que muitos tem sobre o uso indiscriminado de medicamentos sobre tudo o de antibióticos, que estes podem ter interações que causam a ineficácia do tratamento e complicações beneficiando a auto resistência bacteriana.
 
Gráfico 1 - Escolaridade Gráfico 2 – Bulas e Embalagens
Nos gráficos 1 e 2 podemos observar que apesar dos entrevistados terem um nível de escolaridade avançado, os mesmo não sabem fazer uso das informações contidas nas bulas e embalagens de medicamentos, umas das principais dificuldades é a linguagem que vem nas bulas dos medicamentos que não vem de maneira clara o que facilitaria seu entendimento, hoje as empresas são obrigadas a fornecer as bulas e embalagens com uma linguagem de mais fácil entendimento e com letras mais legíveis.
 Gráfico 3 – Doenças Crônicas Gráfico 4 – Estilo de Vida
Nos gráficos 3 e 4 podemos constatar que a maioria das doenças crônicas, está associada ao estilo de vida dessas pessoas, que por muitas vezes não praticam qualquer tipo de atividade física, além de ter um alimentação que não é saudável, e fazem uso de medicamentos que não foram prescritos por médicos, usados por indicação de terceiros. Na pesquisa foi constatado que 33% das pessoas consome algum tipo de bebida alcoólica, e que fazem o consumo enquanto estão tomando o medicamento o que acaba atrapalhando o tratamento e dessa forma causando a ineficácia do fármaco na ação contra o agente causador da doença.
 
 Gráfico 5 - Contraceptivos Gráfico 6 – Fontes de Informação e Aquisição
 
 Gráfico 7 – Medicamentos mais utilizados Gráfico 8 – Doenças Agudas
O uso de medicamentos está por muitas vezes condicionado a forma de aquisição nota-se pela análise do gráfico 6 que ainda é grande o número de pessoas que utilizam meios alternativos de informação para aquisição do medicamento (internet, amigos e familiares, etc.), mas que tem crescido o número de pessoas que buscam o farmacêutico para obter ajuda no durante a aquisição. A maioria dos medicamentos que são adquiridos pela forma de indicação são os hipertensão, os anticoncepcionais e os de venda livre, essa pratica é um risco pra saúde dessas pessoas, já que esse uso irracional pode causar até a morte devido as interações medicamentosas. O gráfico 7 mostra os medicamentos mais utilizados, os entrevistados informaram que já fizeram uso de pelo menos um tipo de medicamento sem a prescrição de um profissional de saúde, o agravante foi que dentre esses medicamentos se encontravam antibióticos que tem a venda controlada, mas mesmo assim conseguem adquirir sem uma receita. 
 
Gráfico 9 – Planos de Saúde Gráfico 10 – Serviços de Farmácia
Os serviços de saúde mais utilizados ainda é o SUS, isso porque os planos de saúde ainda são bastante caros e inacessíveis a essas pessoa, mas o relato das condições do atendimento do serviços do SUS ainda é uma das principais queixas dos usuários, isso porque o sistema tem muitas deficiências, que provocam a insatisfação da população, mesmo assim é um dos recursos mais utilizados. No entanto a farmácia do SUS é pouco utilizada já que sempre falta medicamentos nas unidades, um dos que mais tem crescido é o da Farmácia Popular, isso deve-se ao fato do custo dos medicamentos ser mais acessível, mas o preconceito em relação a este serviço ainda é grande, pois as pessoas ainda tem em mente que o medicamento genérico não faz efeito nenhum. Por este motivo que a aquisição na rede privada ainda é o mais utilizado.
Conclusão
Pela observação dos aspectos analisados é imprescindível que todos se conscientizem de que o uso indiscriminado de medicamentos pode oferecer riscos à saúde. Principalmente os antibióticos que tem se tornado um dos fatores que propicia a resistência bacteriana, tendo se tornado uma grande ameaça à saúde pública que é impulsionada tanto pelo uso adequado como inadequado de medicamentos anti-infecciosos utilizados na saúde humana. A resistência bacteriana tem preocupado o mundo, pelo seu crescimento acelerado provocando um aumento no número de mortes.
Notou-se, a partir deste estudo, que as pessoas necessitam de uma certa receptividade nos serviços de saúde e maior acessibilidade as informações, além de investimentos na área de saúde o que provavelmente mudaria o comportamento da população quanto a automedicação. 
Referências
Uso indiscriminado de antibióticos fortalece bactérias. – Disponível em: http://portal.crfsp.org.br/index.php/noticias/314-uso-indiscriminado-de-antibioticos-fortalece-bacterias-.html
Farmacêuticos realizam campanha no dia nacional de Uso Racional de Medicamentos. – Disponível em: http://fenafar.org.br/2016-01-26-09-32-20/fsa/833-farmaceuticos-realizam-campanha-no-dia-nacional-de-uso-racional-de-medicamentos
MICROBIOLOGIA E ANTIBIÓTICOS. Conceitos. Disponível em: http://vsites.unb.br/ib/cel/microbiologia/antibioticos/antibioticos.html#conceitos.
KURYLOWICZ, W. Antibióticos: uma revisão crítica. Recife: Ed. da Universidade Federal de Pernambuco, 1981.
CARDOSO FERREIRA. Farmacologia clínica: fundamentos da terapêutica racional. 3ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. 1074p.
Novas regras para antibióticos entram em vigor – Disponível em: http://www.cff.org.br/noticia.php?id=577
Lista de Gráficos
Gráfico 1 – Escolaridade 
Gráfico 2 – Bulas e Embalagens
Gráfico 3 – Doenças Crônicas 
Gráfico 4 – Estilo de Vida
Gráfico 5 – Contraceptivos
Gráfico 6 – Fontes de Informação e Aquisição
Gráfico 7 – Medicamentos mais utilizados 
Gráfico 8 – Doenças Agudas
Gráfico 9 – Planos de Saúde
Gráfico 10 – Serviços de Farmácia

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