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Painel - A acumulação primitiva e a acumulação de capitais

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Painel – A acumulação de capitais e a chamada acumulação primitiva�
Como dissemos no painel anterior: Para Marx, a análise da reprodução, assim como da formulação de leis de acumulação para o capital em geral, demonstram a diferença do capitalismo em relação aos demais modos de produção. N´O Capital, Marx expõe as leis da acumulação capitalista no capítulo XXIII e, em seguida, no capítulo XXIV, analisa a chamada acumulação primitiva, caminhando do complexo ao simples, como resultado de sua metodologia dialética.
Acumulação de capitais - A lei geral da acumulação sinaliza: miséria e riqueza social. Para o autor, o principal fator na investigação do impacto da acumulação sobre a classe trabalhadora é a composição do capital. A composição é a relação entre meios de produção e força de trabalho (composição técnica), ou entre capital constante e variável (composição do valor), e envolve tanto as condições técnicas do processo de trabalho, ou meios físicos de trabalho — número de trabalhadores, volume de meios de produção — quanto o valor dos elementos. Há uma inteiração recíproca entre os aspectos técnicos e de valor da composição do capital, reunidos na categoria-síntese: composição orgânica do capital. Naturalmente, uma elevação da composição orgânica do capital leva a que as frações adicionais do capital acumulado absorvam proporcionalmente menos trabalhadores. Na medida em que o aumento da composição orgânica seja uma característica geral do processo produtivo — o que ocorre no regime de maquinaria — verifica-se no processo uma tendência à absorção proporcionalmente declinante de força de trabalho. Conseqüência deste processo é:
a formação do exército industrial de reserva: 
acumulação/concentração/centralização/concorrência.
Acumulação Primitiva – As condições para o devir do capital não estão contidas no modo de produção capitalista; devem encontrar uma explicação fora dele. Nesse sentido, a análise histórica torna-se fundamental para o entendimento do processo na sua totalidade. Assim, o método de Marx nos leva a considerar as condições prévias do capital, as quais pertençam à história de sua formação, de modo algum à sua história contemporânea (Rosdolsky, 2001:227).
As condições da relação capitalista pressupõem: 1. De um lado, a disponibilidade da capacidade viva de trabalho como existência meramente subjetiva, separada dos elementos de sua realidade objetiva; logo, separada das condições de realizar trabalho vivo e dos meios de existência, meios de conservar a força viva de trabalho. 2. De outro lado, o capital, o valor que se contrapõe, e que deve ser “uma acumulação de valores de uso suficientemente grande, de modo a proporcionar as condições objetivas não só para produzir os produtos ou valores necessários para reproduzir ou conservar a capacidade viva de trabalho, mas também para absorver mais-trabalho, para lhe suprir material objetivo” (Rosdolsky, 2001:228). 3. Deve existir uma “livre relação de troca entre as partes, ou seja, uma produção que não proporciona diretamente, ao produtor, os meios de subsistência, sendo mediada pela troca, e na qual ninguém pode apoderar-se diretamente do trabalho alheio, devendo comprá-lo através de uma operação de intercâmbio com o trabalhador”. 4. À parte que se confronta com o trabalhador “deve entrar em cena como valor e ter como finalidade última gerar valores, autovalorizar-se, obter dinheiro, e não criar valores de uso e desfrutar diretamente deles” (Rosdolsky, 2001:228).
Na assim chamada acumulação primitiva, Marx nos revela os segredos desta forma embrionária da acumulação capitalista detalhando com lentes históricas 1. a expropriação do povo do campo de sua base fundiária; 2. a legislação sanguinária contra os expropriados desde o final do século XV; 3. a gênese dos arrendatários capitalistas; 4. a repercussão da revolução agrícola sobre a indústria; 5. criação do mercado interno para o capital industrial; 6. gênese do capitalista industrial.
� O objetivo central deste painel é embasar nossas reflexões sobre O capital de K. Marx e fornecer um pano de fundo para o semestre letivo, assim como complementar os painéis anteriores, através das lentes de dois conceituados comentaristas da economia política clássica e marxiana. Fontes: Coutinho, M. C. Marx: notas sobre a teoria do capital. São Paulo: HUCITEC, 1997. Rosdolsky, Roman. Gênese e estrutura de O capital de Karl Marx. Rio de Janeiro: EDUERJ: Contraponto, 2001.
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