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A construção das identidades surdas no livro didático Libras em Contexto. Olhar

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� PAGE \* MERGEFORMAT �4� 
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE
CENTRO DE EDUCAÇÃO, LETRAS E ARTES
LICENCIATURA EM LETRAS LIBRAS
LEOCLICE DA SILVA SENE
ORLANDO MENEZES DA SIVA
 
 
 
 
 
 
A CONSTRUÇÃO DAS IDENTIDADES SURDAS NO LIVRO DIDÁTICO “LIBRAS EM CONTEXTO” 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 RIO BRANCO 
2018 
LEOCLICE DA SILVA SENE
ORLANDO MENEZES DA SILVA
 
 
A CONSTRUÇÃO DAS IDENTIDADES SURDAS NO LIVRO DIDÁTICO “LIBRAS EM CONTEXTO” 
 
 
 
 
 
 
Trabalho apresentado como requisito para obtenção de nota de N¹ da disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso I do Curso de Letras/Libras da Universidade Federal do Acre, ministrada pela Profª. Drª. Rosane Garcia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RIO BRANCO 
2018 
SUMÁRIO
1 Introdução	4
1.1 Tema	6
1.1.1 Delimitação do Tema	6
1.2 Problemas da Pesquisa	6
2 Objetivos	7
2.1 Objetivos Específicos	7
3 Justificativa	8
4 Referencial Teórico	10
5 Metodologia	14
6 Cronograma	16
7 Referências	17
Apêndices	15
Anexos	16
(NOSSO TRABALHO TERÁ APENDICE E ANEXO? ACHO QUE NÃO, NÉ!?)
�
INTRODUÇÃO 
Os surdos, durante séculos, lutaram para conseguir o direito ao reconhecimento de sua identidade e cultura. Foram diversas batalhas travadas contra a sociedade, instituições religiosas, governamentais (Sêneca, apud Silva, 1986) e, alguns casos, até mesmo familiares. A cultura histórica dessa comunidade surda surge com a busca a seus direitos na sociedade, hoje vemos que muito se têm feito para melhorar esse meio interacional e social dos surdos com os ouvintes.
Se tratando de identidades surda, vemos que tem crescido o interesse da sociedade ouvinte em conhecer a língua da comunidade surda, que de acordo com a Lei nº 10.436/2002 (BRASIL, 2012a), estabelece A Língua Brasileira de Sinais (Libras) como língua oficial das pessoas surdas. De acordo com o termo:
Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais - Libras a forma de comunicação e expressão, em que o sistema lingüístico de natureza visualmotora, com estrutura gramatical própria, constituem um sistema lingüístico de transmissão de idéias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil.
A Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos – FENEIS define a Língua Brasileira de Sinais – Libras como a língua materna dos surdos brasileiros e, como tal, poderá ser aprendida por qualquer pessoa interessada pela comunicação com esta comunidade. Como língua, está composta de todos os componentes pertinentes às línguas orais, como gramática, semântica, pragmática, sintaxe e outros elementos preenchendo, assim, os requisitos científicos para ser considerado instrumento linguístico de poder e força. Possui todos elementos classificatórios identificáveis numa língua e demanda prática para seu aprendizado, como qualquer outra língua. (...) É uma língua viva e autônoma, reconhecida pela linguística.
	De acordo com Honora, 2009, p. 41: 
As línguas de sinais são naturais, pois surgiram do convívio entre as pessoas surdas. Elas podem ser comparadas à complexidade e à expressividade das línguas orais, pois pode ser passado qualquer conceito, concreto ou abstrato, emocional ou irracional [...]. Trata-se se línguas organizadas e não de simples junção de gestões. Por este motivo, por terem regras e serem totalmente estruturadas, são chamadas de LÍNGUAS. [...]. As línguas não são universais. Cada uma tem sua própria estrutura gramatical, sendo assim, como não temos uma única língua oral, também não temos apenas uma língua de sinais.
Segundo Sánchez (1990:17) a comunicação humana “é essencialmente diferente e superior a toda outra forma de comunicação conhecida. Todos os seres humanos nascem com os mecanismos da linguagem específicos da espécie, e todos os desenvolvem normalmente, independentes de qualquer fator racial, social ou cultural”. Uma demonstração desta afirmação se evidencia nas línguas oral-auditivas (usadas pelos ouvintes) e nas línguas visoespacial (usadas pelos surdos). As duas modalidades de línguas são sistemas abstratos com regras gramaticais.
Brito (1995, p. 36 – 41), diz que estrutura da Língua Brasileira de Sinais é constituída de parâmetros primários e secundários que se combinam de forma sequencial ou simultânea. Assim, a Libras concebida como uma língua viva como qualquer uma outra. É partindo desse ponto da pesquisa, que iniciamos um estudo com base na análise do livro didático “Libras em Contexto”
Esta pesquisa busca enfoque na análise de uma obra pensada para o ensino da Libras a ouvintes, considerando que não se pode ensinar uma língua sem retratar as identidades construídas por ela, visamos analisar a maneira como as identidades surdas se constroem no livro didático “Libras em Contexto”. 
TEMA
A construção das identidades surdas no livro didático “Libras em Contexto”.
1.1.1 DELIMITAÇÃO DO TEMA
	Reflexão acerca da construção das identidades surdas desenvolvidas no livro didático “Libras em Contexto”.
PROBLEMAS DA PESQUISA
Quais características linguísticas que (re) constroem as identidades surdas no livro didático “Libras em Contexto”?
OBJETIVOS
OBJETIVO GERAL
Produzir uma reflexão acerca das identidades surdas construídas no livro didático “Libras em Contexto”. 
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Analisar as características linguísticas apresentadas pelo individuo surdo na formação de sua identidade e sua cultura;
Observar as características culturais e identitárias do surdo apresentadas no livro didático “Libras em Contexto”; 
Analisar os elementos linguísticos que produzem sentidos relacionados às identidades surdas desenvolvidas no livro “Libras em Contexto”.
JUSTIFICATIVA
A formação cultural e identitária dos surdos estão ligadas diretamente às práticas linguísticas. No entanto, historicamente, o acesso a uma língua de sinais, como também aos diferentes conhecimentos advindos da educação formal, foi negado ao público surdo por este ser considerado incapacitado a aprender, sobretudo, um sistema linguístico. Os surdos, durante séculos, lutaram para conseguir o direito à educação, bem como o reconhecimento de sua própria identidade e cultura. Foram diversas batalhas travadas contra a sociedade, instituições religiosas, governamentais (Sêneca, apud Silva, 1986) e, alguns casos, até mesmo familiares.
Apesar da exclusão do indivíduo surdo aos diferentes ambientes de aprendizagem relacionados à educação formal, as comunidades surdas, independente da exclusão social, foram se desenvolvendo, mostrando que a população destas comunidades apresentava traços (sócio)linguísticos significativos que possibilitaram a organização de um grupo socialmente constituído. Assim, por se tratar de um grupo social, os surdos construíram marcas identitárias próprias que estão em relação à cultura ouvinte majoritária. Desta forma, por ser uma minoria social e linguística, produziram identidades a partir de uma constante luta por direitos (FELIPE e MONTEIRO, 2007).
Segundos os estudos de Ferreira Brito, seguido dos estudos de Quadros, no Brasil, o resultado desta busca por visibilidade social resultou no reconhecimento institucional da LIBRAS como a língua natural do povo surdo. Embora a LIBRAS já fosse usada por surdos, o seu estatuto de língua não era reconhecido. A possibilidade de se ter a LIBRAS como uma das línguas oficiais no Brasil, possibilitou, ainda mais, o empoderamento da comunidade surda, dando a ela visibilidade frente a possíveis políticas linguísticas em território brasileiro. Inevitavelmente, a legalidade da LIBRAS produziu ou intensificou identidades surdas construídas em diferentes processos e ambientes, principalmente quando é oficializada como língua pela Lei nº 10.436. 
Entendendo que as identidades sociais estão em constantetransformação e em relação com outras identidades (BAUMAN, 2005), as subjetividades surdas não estão isoladas daquelas construídas na sociedade majoritariamente composta por pessoas ouvintes. Consequentemente, as identidades surdas são (re)construídas em relação aos sentidos (re)criados na cultura ouvinte. Por isso, sobretudo pela visibilidade política dos surdos, resultado do reconhecimento linguístico desta comunidade, as pessoas que não têm deficiência auditiva viram necessidade em aprender a LIBRAS para ter comunicação com os usuários desta língua. Neste ínterim, com intuito de sanar uma lacuna referente ao ensino da LIBRAS a ouvintes, foi desenvolvido o livro “Libras em Contexto” de Tanya A. Felipe com apoio do Ministério da Educação – Secretaria de Educação Especial. O livro apresenta material didático-pedagógico para os cursos básicos de Libras que são ministrados nos Centros de Apoio à Educação de Surdos – CAS. Sendo este material um divulgador de práticas culturais e identitárias de surdos para ouvintes – já que entendemos que o ensino de língua não está separado das práticas culturais que a envolve – propomos uma reflexão acerca da construção das identidades surdas apresentadas neste livro didático. Considera-se esta investigação importante para se poder refletir como os surdos e sua cultura são caracterizados a um público que, muitas vezes, desconhece as características socioidentitárias dos usuários da LIBRAS como língua materna. Além disso, entende-se que esta reflexão é importante para contribuir com o conhecimento científico sobre a população surda. 
REFERENCIAL TEÓRICO
Cada um de nós possuímos uma identidade pessoal e cultural, mesmo sendo seres únicos e tendo várias representatividades ao mesmo tempo, seres únicos porque temos características singulares e muito particulares que são de cada indivíduo e vários pelo fato de estarmos inseridos em culturas onde absorvemos e compartilhamos de ideias, pensamentos, conceitos, sentimentos, dúvidas e reflexões e construímos nossa própria representação no mundo enquanto pessoa. Esse compartilhar de riquezas que nos indica a criação de nossa identidade enquanto pessoa, que pode ser mais rica socialmente e culturalmente dependendo das interações que cada indivíduo compartilhar.
Os surdos, durante séculos, lutaram para conseguir o direito à educação, bem como o reconhecimento de sua própria identidade e cultura. Foram diversas batalhas travadas contra a sociedade, instituições religiosas, governamentais (Sêneca, apud Silva, 1986) e, alguns casos, até mesmo familiares. 
Vemos alguns projetos apoiados nas Leis: 10.436, de 24 de abril de 2002, na Lei 5.626, de 22 de dezembro de 2005, e na Lei nº 12.319, de 1º de setembro de 2010, que retratam sobre a importância da língua de sinais, do processo de inclusão do aluno surdo na rede pública de ensino e também da formação que regulamenta a profissão do Tradutor e Interprete da Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS, que nesse caso entra como sendo um interlocutor, dando voz aos autores sociais surdos quando estes vivenciam seu papel cultural repleto de gírias e expressões idiomáticas sem depender de uma imaginária estética ouvinte. Verifica-se nesse contexto que o surdo é ao mesmo tempo autor e protagonista de sua comunicabilidade e, em verdade, não motivos para surdos e ouvintes continuarem a não se reconhecer como partícipes de uma mesma sociedade brasileira, isto é, a sociedade ainda acreditar na incapacidade e não evolução do surdo, que ele tem sua própria língua e identidade.
O parágrafo 2º do artigo 12 da Resolução do CNE/CEB nº 2/2001, institui as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, assegurando ao aluno surdo, o acesso aos conteúdos curriculares, em sua língua, a língua de sinais, em consonância ao ensino da língua portuguesa, sem prejuízos, o que garante aos surdos uma identidade própria, porém, o descaso com que a educação brasileira trata os surdos é visível, uma vez que estes dependem e se vinculam ao intérprete, e não ao professor regente. Temos de encarar a cultura surda como algo a não ser imposto e modificado, mas como algo a ser experimentado, com gratidão pelo fato de estarmos lidando com um universo diferente, mas deveras humanizado.
O material “Libras em Contexto” favorece o estudo e o ensino da língua de sinais falada pelos surdos do Brasil, por meio de material impresso e vídeos elaborados pela própria comunidade surda, o apoio do MEC ao processo de formação de instrutores de Libras e de professores para atuar na educação escolar dos surdos garante o respeito à diferença e a identidade surda.
No entanto, seu uso, como meio de comunicação e como língua de instrução, precisa ser implantado nas escolas brasileiras, independente destas terem matrículas de alunos surdos ou não. Segundo Felipe (2007), o material surgiu da necessidade de surdos, que ensinando sua língua de sinais sem preparo acadêmico e metodológico, perceberam a importância de uma sistematização de um material didático-pedagógico para o ensino de Libras. Em 2007, saiu a 6ª edição do livro do professor, a qual tem como objeto contribuir para uma renovação na educação de surdos, onde mais pessoas, surdas ou ouvintes, possam ter a oportunidade de aprender Libras e se comunicar com professores, alunos e familiares.
Martins (2005) mostra que a cultura é uma luta por significados e poderes. Nesta luta ocorrem algumas conquistas e algumas vitórias, e são elas que tornam possível, a constituição da identidade do indivíduo. A produção da cultura surda é permeada por dúvidas sobre como essas subjetividades serão negociadas e construídas ao longo da vida dos indivíduos e grupos surdos.
Para Bauman (2005) a questão da identidade também está ligada ao colapso do Estado de bem-estar social e ao posterior crescimento da sensação de insegurança, com a “corrosão do caráter” que a insegurança e a flexibilidade no local de trabalho têm provocado na sociedade. Estão criadas as condições para o esvaziamento das instituições democráticas e para a privatização da esfera pública, onde todos vociferam suas próprias justificativas sem jamais conseguir produzir efeito sobre a injustiça e a falta de liberdade existentes no mundo moderno, ele zomba educadamente dos que tentam conceitualizar em definitivo a relevância política da identidade. Numa sociedade que tornou incertas e transitórias as identidades sociais, culturais e sexuais, qualquer tentativa de “solidificar” o que se tornou líquido por meio de uma política de identidade levaria inevitavelmente o pensamento crítico a um beco sem saída. O debate sobre a identidade, ou as culturas identitárias é, assim, uma convenção socialmente necessária que é usada com extremo desinteresse no intuito de moldar e dar substância a biografias pouco originais.
A identidade e cultura própria do surdo é um discurso disseminado pelos surdos e ouvintes em muitos ambientes sociais que discutem e articulam questões próprias à área da surdez. Contudo, acrescentaria à asserção um plural, e diria que somos permeados, sejamos surdos ou ouvintes, por múltiplas identidades e culturas (Gesser, 2006: 136-144)). No singular, a afirmação sublima a ideia do purismo identitário e cultural. E é essa ideia que a pesquisadora surda Karin Strobel acertadamente procura descontruir quando fala de várias identidades de culturas surdas:
Ao analisarmos sua história, vemos que a identidade e cultura surda foi marcada por muitos estereótipos, seja através da imposição da cultura dominante, seja das representações sociais que narram o povo surdo como seres deficientes. Muitos autores escrevem lindos livros sobre oralismo, bilinguismo, comunicação total, ou sobre os sujeitos surdos... Mas eles realmente conhecem-nos? Sabe o que é a identidade ou cultura surda? Sentiram na própria pele com o é ser surdo? Esta é uma reflexão importante a ser feita atualmente, porque as metodologias citadas não foram criadas pelo povo surdo e sim por ouvintes.Não digo que seja errado, o que quero dizer é que essas metodologias não seguem a cultura surda... O que o povo surdo almeja realmente é a pedagogia surda. Para a comunidade ouvinte que está em maior sintonia com o povo surdo – os parentes, amigos, intérpretes, professores de surdos – , reconhecer a existência da cultura surda não é fácil, porque no seu pensamento habitual acolhem o conceito unitário da cultura e, ao aceitarem a cultura surda, eles têm de mudar as suas visões usuais para reconhecerem a existência de várias culturas, de compreenderem os diferentes espaços culturais obtidos pelos povos diferentes. Mas não se trata somente de reconhecerem a diferença cultural do povo surdo, e sim, além disso, de perceberem a cultura surda através do reconhecimento de suas diferentes identidades, suas histórias, suas subjetividades, suas línguas, valorização de suas formas de viver e de se relacionar [ Entrevista concedida em 02 de março de 2008 ao blog Vendo Vozes].
A identidade e “cultura própria” do surdo sugere a ideia de um grupo que precisa se distinguir da maioria ouvinte para marcar sua visibilidade. Quadros, 2002 coloca que os surdos têm características culturais que marcam seu jeito de ver, sentir e se relacionar com o mundo, e a cultura do povo surdo “é visual, ela se traduz de forma visual”. Todavia não se pode criar o mito de que o surdo não compartilha de outras culturas como, por exemplo, das culturas ouvintes. E isso – é importante que se diga – não os torna menos surdos.
Cada surdo possui uma identidade e cultura própria. Gesser (2009) afirma que mais importante que enfatizarmos no termo “uma” devemos fortalecer a palavra “própria”, no sentido de que essa afirmação seja percebida pela maioria ouvinte para que o surdo não seja excluído. Não existe uma batalha para saber qual identidade e cultura que se destaca, mas sim o reconhecimento de um povo.
Pensando em identidade como algo mutável nas sociedades complexas, podemos realizar um paralelo com a questão dos surdos, percebendo-os como indivíduos que transitam em diferentes formas de uma identidade surda, sendo, portanto, mais adequado, pensarmos em identidades surdas, no plural, conforme explica a pesquisadora e militante surda, Gladis Perlin (2011).
Perlin critica o saber ouvintista, isto é, o saber ouvinte em relação aos direitos e demais aspectos da vida dos surdos e ressalta as múltiplas identidades surdas: híbridas, de transição, incompletas e flutuantes; relacionando-as aos diferentes níveis de pensamento e envolvimento com a comunidade surda e com o movimento surdo. (PERLIN, 2011).
O que se quer ao reivindicar uma identidade, no caso dos surdos, é poder fazer parte da vida social, tendo, porém, sua diferença marcada exatamente para ser respeitada. A apreensão das coisas é diferente, a língua é diferente e os resultados disso são diferentes. Não há como respeitar uma diferença sem conhecê-la minimamente, se se tornar sensível a ela, o que significa perceber a si mesmo e ao outro em sua alteridade, o que é proposto no livro “Libras em Contexto” e que pode através da formação de instrutores de Libras, além de disseminar a identidade e cultura surda, capacitar professores para o uso desta língua em sala de aula e/ou outros espaços, reconhecendo os direitos linguísticos dos alunos surdos, pois antes deste do livro não havia materiais didático-pedagógico voltado para a metodologia do ensino de língua.
METODOLOGIA
O planejamento da pesquisa concretiza-se mediante a elaboração de um projeto, que é o documento que organiza as ações a serem desenvolvidas ao longo do processo de pesquisa (MARCONI e LAKATOS, 2003, p. 215). Assim, o projeto interessa sobretudo ao pesquisador e a sua equipe, já que apresenta o roteiro das ações a serem desenvolvidas ao longo da pesquisa; além de interessar, também, a muitos outros agentes pertencentes ao processo de desenvolvimento do projeto (GIL, 2002).
Trata-se de uma pesquisa com abordagem qualitativa pois propomos a uma um olhar no tocante a construção da identidade do surdo a partir da verificação das abordagens feitas no livro didático “Libras em Contexto”. Não nos preocupamos com representações numérica, nem pretendemos aqui fazer julgamentos à maneira que o livro apresenta as identidades. Pois o conhecimento do pesquisador é parcial e limitado. O objetivo é produzir informações aprofundadas e ilustrativas: seja ela pequena ou grande, o que importa é que ela seja capaz de produzir novas informações (DESLAURIERS, 1991, P. 58). 
A pesquisa é de natureza básica, pois não pretendemos desenvolver aplicações práticas, mas uma análise do livro utilizado em cursos para ouvintes que tem interesse em conhecer a Língua de Sinais.
Apresentamos um estudo que tem objetivos a pesquisa exploratória, pois temos em vista proporcionar ao leitor maior familiaridade com a formação das identidades do surdo a partir do estudo do livro; Pesquisa descritiva pois de acordo com Triviños (1987), este tipo de pesquisa descreve os fatos e fenômenos de determinada realidade. Assim pretendemos apresentar informações sobre as identidades surdas presentes no livro didático “Libras em Contexto. É ainda pesquisa explicativa, porque de acordo com Gil (2007) esse tipo de pesquisa preocupa-se em identificar os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos. Ou seja, pretendemos explicar a forma como o livro didático “Libras em Contexto” apresenta as identidades surdas em seus cursos para ouvinte. Segundo Gil (2007, p. 43), uma pesquisa explicativa pode ser a continuação de outras descritiva, posto que a identificação de fatores que determinam um fenômeno exige que este esteja suficientemente descrito e detalhado.
Para tanto, o presente projeto propõe uma pesquisa de procedimento bibliográfica, que, segundo Fonseca (2002), é: 
[...] feita a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de web sites. Qualquer trabalho científico inicia-se com uma pesquisa bibliográfica, que permite ao pesquisador conhecer o que já se estudou sobre o assunto. Existem porém pesquisas científicas que se baseiam unicamente na pesquisa bibliográfica, procurando referências teóricas publicadas com o objetivo de recolher informações ou conhecimentos prévios sobre o problema a respeito do qual se procura a resposta (FONSECA, 2002, p.32) 
A partir da leitura e da análise de um arcabouço teórico sobre o processo de construção de identidades (BAUMAN, 2005 e 2007; ORLANDI, 1995; MOITA LOPES, 2006) e, sobretudo, de identidades surdas (GUESSER, 2009 e 2012; LUZ, 2013; JÚNIOR, 2015, entre outros) analisaremos a (re)construção de identidades dos membros das comunidades surdas no livro didático “Libras em Contexto”. 
Desta maneira, propomos uma análise reflexiva do livro didático “Libras em Contexto”, analisando a maneira que o livro (re)constrói elementos considerados pertencentes das comunidades surdas; como se trata de um livro didático com o objetivo de ensinar a Libras para ouvintes, observaremos como são passadas a estes alunos aprendizes as características socioidentitárias de surdos; assim, ao expor imagem(ns), por meio de textos verbais e não-verbais, de surdos e de seus comportamentos sociais, o livro Libras em Contexto (re)constrói modelos identitários (re)produzindo discursos sobre a comunidade surda e seus membros. Além disso, pretendemos fazer uma comparação entre as análises científicas, já publicadas, sobre a formação de identidades surdas em comunidades diversas pelos Brasil e o modelos socioidentitários desenvolvidos no livro Libras em Contexto; portanto, entendemos que a pesquisa qualitativa, por não apresentar tabulação e quantificação de dados e, por conseguinte, preconizar a análise interpretativa do objeto de estudo, melhor se coaduna à proposta de pesquisa aqui exposta. 
 
CRONOGRAMA
	Atividades/Etapas
	Ano 2018ABR
	MAI
	JUN
	JUL
	AGO
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
 
REFERÊNCIAS:
BAUMAN, Zygmunt. Identidade: Entrevista a Benedetto Vecci/Zygmunt Bauman; tradução: Carlos Aberto Medeiros. Rio de Janeiro: Zahar, 2005.
BRASIL. Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 25 abr. 2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/leis/2002/l10436.htm. Acesso em: 24 jul. 2018.
BRITO, Lucinda Ferreira. Por uma gramática de línguas de sinais. Rio de
Janeiro: Tempo Brasileiro: UFRJ, Departamento de Lingüística e Filologia, 1995.
FONSECA, J. J. S. Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza: UEC, 2002. Apostila.
GESSER, Audrey. LIBRAS?: Que língua é essa?: crenças e preconceitos em torno da língua de sinais e da realidade surda – São Paulo: Parábola Editorial, 2009.
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa/Antônio Carlos Gil. - 4. ed. - São Paulo: Atlas, 2002.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2007.
HONORA, M.; FRIZANCO, E.; LOPES, M. Livro Ilustrativo da Língua Brasileira de Sinais. São Paulo: Ciranda Cultural, 2009.
TRIVIÑOS, A. N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987.

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