Buscar

CO1015 AC

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

CO1015_AC/CO1015_AC_M3.zip
Uso_de_Probioticos_na_Recuperacao_da_Flora_Intestinal.pdf
 
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 
INSTITUTO DE NUTRIÇÃO 
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM TERAPIA NUTRICIONAL 
Uso de Probióticos na recuperação da flora intestinal 
Anna Carolina Accioly Lins Santos 
Rio de Janeiro 
2010 
 
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 
INSTITUTO DE NUTRIÇÃO 
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM TERAPIA NUTRICIONAL 
Uso de Probióticos na recuperação da flora intestinal, durante a 
antibioticoterapia 
Monografia apresentada ao Curso de Pós-
Graduação Lato Sensu do Instituto de 
Nutrição como requisito parcial para a 
obtenção do título de Especialista em 
Terapia Nutricional. 
Aluna: Anna Carolina Accioly Lins Santos 
Orientadora: Henyse Gomes Valente 
Rio de janeiro 
2010 
 
CATALOGAÇÃO NA FONTE 
UERJ / REDE SIRIUS / BIBLIOTECA CEH/A 
Autorizo apenas para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta 
monografia. 
___________________________________________ _______________ 
 Assinatura Data 
S237 Santos, Anna Carolina Accioly Lins. 
 
 Uso de probióticos na recuperação da flora intestinal, 
durante antibioticoterapia / Anna Carolina Accioly Lins 
Santos - 2010. 
 
 30 f. 
 
 Orientadora : Henyse Gomes Valente. 
 
 Monografia apresentada como conclusão do curso de 
Especialização em Terapia Nutricional. 
 
 1. Probióticos. 2. Nutrição humana. 3. Antibióticos. 4. 
Bacterioses. I. Valente, Henyse Gomes. II. Universidade do 
Estado do Rio de Janeiro. Instituto de Nutrição. II. Título. 
 
 CDU 613.292 
 
Aluno: Anna Carolina Accioly Lins Santos 
Título do trabalho: Uso de Probióticos na recuperação da flora intestinal. 
Sub-título do trabalho: Uso de Probióticos na recuperação da flora intestinal, durante 
antibioticoterapia 
Monografia apresentada ao Curso de Pós-Graduação Lato Sensu do Instituto de 
Nutrição da Universidade do Estado do Rio de Janeiro como requisito parcial para obtenção 
do título de Especialista em Terapia Nutricional. 
AVALIAÇÃO 
1. APRESENTAÇÃO (2 pontos) Nota: _____________ 
2. OBJETIVIDADE (2 pontos) Nota: _____________ 
3. CONTEÚDO (3 pontos) Nota: _____________ 
4. SUFICIÊNCIA (3 pontos) Nota: _____________ 
NOTA FINAL: _____________ 
Observações: 
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________ 
AVALIADO POR: 
(Nome completo, por extenso) _____________________________________ 
(assinatura) 
Rio de Janeiro, ______ de ________________ de ________ 
 
Dedicatória: 
Dedico esse trabalho à minha família, em especial, meu pai Mauricio, 
minha mãe Sylvia e meus irmãos Marcello e Felippe, que me 
acompanham por todos esses anos, nos bons e maus momentos. 
Aos meus amigos do Colégio Teresiano que continuam a fazer parte 
da minha vida. 
Ao meu namorado Daniel, pelos momentos incríveis por que 
passamos, e por ser muito mais do que eu poderia imaginar. 
Obrigado por me surpreender a cada dia com todo seu amor, carinho 
e paciência. 
 
Agradecimentos: 
As grandes amigas que construi nesses anos de faculdade e pós 
graduação e que espero levar para toda vida: Bruna Oliveira, Daiana 
Serpa e Celina Palhares. 
A toda equipe Multiprofissional de Terapia Nutricional do Hospital 
Samaritano, que me deu apoio durante essa etapa de estudos. 
 
“Se você desistir diante das adversidades durante a juventude, ou, pelo contrário, 
conseguir transformar as dificuldades em nutrientes para o seu progresso, determinará se 
será vitorioso, ou não, no futuro. Aqueles que são prósperos em qualquer campo de 
atuação, de alguma forma utilizarão os obstáculos encontrados em sua juventude como 
vantagens para o desenvolvimento." Daisaku Ikeda 
 
RESUMO 
A flora intestinal humana tem papel importante na saúde. Em alguns momentos este 
equilíbrio não é alcançado e por esta razão a suplementação da dieta com probióticos se faz 
necessária, para assegurar uma microbiota favorável, como por exemplo, em terapia 
antimicrobiana no tratamento de infecções bacterianas. Entende-se como probióticos, 
microorganismos vivos, que administrados em quantidades adequadas, conferem benefícios à 
saúde do hospedeiro. O presente estudo descreve alguns conceitos e os benefícios que estas 
substâncias conferem à saúde humana, em especial na recuperação da flora intestinal, além de 
estudar a utilização de próbioticos, durante a antibioticoterapia. 
Palavras-chaves: Probióticos. Flora Intestinal. Antimicrobianos. 
 
ABSTRACT 
The human intestinal flora performs an important role in human health. In some 
instances this balance is not reached, then it is necessary to supplement the diet with 
probiotics to assure a favorable microbiotic, as for example, in the antimicrobiotics therapy in 
the bacterial infection treatment. The probiotics is known as living microorganisms that, when 
prescribed in adequate quantities, provide great benefits to the dweller’s health. The present 
study describes some concepts and the benefits that those substances provide to the human 
health, particularly in the intestinal flora recovery, besides studying the use of probiotics 
during the antibiotic therapy. 
Key Words: Probiotics, Intestinal Flora, Antimicrobial 
 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
FIGURA 1: Distribuição de bactérias anaeróbias ao longo do trato gastrointestinal..............15 
FIGURA 2: Distribuição Bacteriana ao longo do Trato Gastrointestinal................................18 
FIGURA 3: Benefícios do consumo de probióticos a saúde humana......................................25 
FIGURA 4: Função Imunomoduladora dos probióticos..........................................................26 
TABELA 1: Principais Probióticos comercializados...............................................................22 
TABELA 2 : Bactérias Probióticas..........................................................................................23 
11 
SUMÁRIO 
1. INTRODUÇÃO 11 
2. OBJETIVOS.................................................................................................................... 12 
2.1 Objetivo Geral................................................................................................................... 12 
2.2 Objetivos Específicos.........................................................................................................12
3. JUSTIFICATIVA 13 
4. METODOLOGIA............................................................................................................14 
5. REVISÂO TEÓRICA......................................................................................................15 
5.1 Microbiota Intestinal..........................................................................................................15 
5.1.1 Desenvolvimento da Microbiota Intestinal......................................................................15 
5.1.2 Ações da Microbiota Intestinal........................................................................................16 
5.1.3 Diferenciação da Microbiota Intestinal de acordo com a área do Trato Gastrintestinal...... 
...................................................................................................................................................16 
5.1.4 Disbiose Intestinal............................................................................................................18 
5.2. PROBIÓTICOS.................................................................................................................19 
5.2.1 Conceito...........................................................................................................................19 
5.2.2 Sua História......................................................................................................................20 
5.2.3 Classificação e Tipos.......................................................................................................20 
5.2.4 Funções............................................................................................................................23 
5.2.5 Indicações........................................................................................................................26 
5.2.6 Efeitos Colaterais/Contra Indicações..............................................................................29 
5.2.7 Estudos Relacionados ao uso do probiótico em pacientes com uso de antibióticos............ 
...................................................................................................................................................30 
6. CONCLUSÃO.....................................................................................................................33 
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................................34 
12 
1. INTRODUÇÃO 
Os probióticos são alimentos suplementados com microorganismos vivos e que, 
consumidos regularmente em quantidades suficientes, devem produzir efeitos benéficos à 
saúde e ao bem estar; além dos efeitos nutricionais habituais que beneficiam o hospedeiro por 
meio da melhoria no equilíbrio da microbiota intestinal (Fuller, 1989; Gibson; Roberfroid, 
1995; Henker et al., 2007). 
A microbiota intestinal exerce influência considerável sobre série de reações 
bioquímicas do hospedeiro. Em equilíbrio, impede que microorganismos potencialmente 
patogênicos nela presentes exerçam seus efeitos maléficos. Por outro lado, o desequilíbrio 
dessa microbiota pode resultar na proliferação de patógenos, com conseqüente infecção 
bacteriana podendo levar a diarréia, inflamação da mucosa, desordem de permeabilidade e 
ativação de carcinógenos no conteúdo intestinal. (Ziemer, Gibson, 1998). 
A influência benéfica dos probióticos sobre a microbiota intestinal humana se 
deve ao aumento da resistência contra patógenos, estimulando a multiplicação de bactérias 
benéficas ao hospedeiro, reforçando os mecanismos naturais de defesa (Puupponen-Pimiä et 
al., 2002). 
Os probióticos mais utilizados são estirpes de bactérias produtoras de ácido 
láctico como Lactobacillus e Bifidobacterium fazendo parte dos chamados Alimentos 
Funcionais em leites fermentados e em alguns iogurtes. Elas aumentam de maneira 
significativa o valor nutritivo e terapêutico dos alimentos, pelo aumento dos níveis de 
vitaminas do complexo B e aminoácidos, absorção de cálcio, ferro e magnésio (Rolfe, 2000; 
Coudray et al., 2005; Snelling, 2005). 
Como os antibióticos agem na flora intestinal eliminando seletivamente as 
bactérias, favorecendo o crescimento de fungos, produzindo toxinas que irritam diretamente a 
barreira intestinal, aumentando a permeabilidade e absorvendo as toxinas pela corrente 
sanguínea, foram desenvolvidas estratégias alimentares, objetivando a manutenção e o 
estímulo das bactérias normais, ali presentes, sendo assim indicados os probióticos no 
tratamento da diarréia durante a antibioticoterapia (Gibson, Fuller, 2000). 
13 
2. OBJETIVOS 
2.1 Geral 
Estudar a influência dos probióticos sobre a microbiota intestinal humana, através de 
revisão bibliográfica. 
2.2 Específicos 
Identificar os principais probióticos utilizados na prática clínica. 
Identificar as recomendações de probióticos para restauração da microbiota intestinal, 
durante a antibioticoterapia. 
14 
3. JUSTIFICATIVA 
Com o aumento na expectativa de vida da população, aliado ao crescimento 
exponencial dos custos médico-hospitalares, a sociedade necessita vencer novos desafios, 
através do desenvolvimento de novos conhecimentos científicos e de novas tecnologias que 
resultem em modificações importantes no estilo de vida das pessoas. 
O número de casos de diarréia, causada pelo uso de antibióticos em unidades 
hospitalares, é grande, prejudicando o estado nutricional e aumentando a morbidade dos 
envolvidos. 
Diante da importância da saúde da nossa população, é importante estudarmos as 
possíveis terapêuticas para minimizar os efeitos deletérios da antibioticoterapia durante a 
internação hospitalar, melhorando o estado nutricional e por consegüinte a recuperação dos 
pacientes envolvidos. 
15 
4. METODOLOGIA 
A metodologia aplicada para a elaboração da revisão bibliográfica foi à análise de 
artigos científicos originais, livros e publicações recentes. Para isso foram realizadas consultas 
a bancos de dados do SCIELO, PUBMED, MEDLINE, JPEN e revistas especializadas no 
assunto, referente aos últimos 5 anos. 
A pesquisa foi realizada nos idiomas português, espanhol e inglês, utilizando as 
seguintes palavras-chaves: probiotics, diahrrea, infection, nutrition, risk factors, treatment. 
16 
5. REVISÃO TEÓRICA 
5.1 MICROBIOTA INTESTINAL 
5.1.1 Desenvolvimento da microbiota Intestinal 
O trato gastrintestinal do feto é estéril, mas após o nascimento as superfícies e 
mucosas são colonizadas rapidamente por microorganismos. A duração desse processo varia 
de 6 a 12 meses, até que uma microbiota semelhante à de um adulto se instale (Borba LM. 
2003; Nicoli JR, 2000). 
O parto tem uma influência grande neste processo uma vez que a microbiota 
intestinal materna é transmitida ao recém nascido durante o parto normal, o que não ocorre 
nos partos cesáreos, reduzindo assim, neste grupo o estabelecimento das bactérias anaeróbias 
(Adlerberth I, 1998). 
Outros fatores que podem ser citados são o colostro e o leite humano, que têm 
uma carga microbiana secundária variável, originada do mamilo, ductos lactíferos, pele 
circundante e mãos (Carvalho G, 2002) 
Durante o estabelecimento da microbiota intestinal, o teor elevado de oxigênio no 
intestino do recém-nascido favorece primeiramente o crescimento de bactérias aeróbias ou 
anaeróbias facultativas, como Enterobactérias, Enterococos e Stafilococos. Com o consumo 
do oxigênio por estes grupos, o ambiente torna-se altamente reduzido e, portanto, adequado 
ao crescimento de bactérias anaeróbias
obrigatórias, ocasionando a proliferação de 
Bacteróides, Bifidobactérias e Clostridium (Adlerberth I, 1998) 
A localização de predominância da flora também varia. A Escherichia coli, por 
exemplo, predomina no íleo distal e no cólon predominam a flora anaeróbia, com espécies do 
gênero Bacteróides sendo encontradas com mais frequência (Borba LM, 2003). 
FIGURA 1 - Distribuição de bactérias anaeróbias ao longo do trato gastrointestinal 
 
Fonte: Adaptado de AFMCP, 2007 
17 
5.1.2 Ações da microbiota Intestinal 
A microbiota intestinal saudável é definida como aquela que conserva e promove 
o bem estar e a ausência de doenças, especialmente do trato gastrintestinal. Ela forma uma 
barreira contra os microorganismos invasores, potencializando os mecanismos de defesa do 
hospedeiro contra os patógenos, melhorando a imunidade intestinal pela aderência à mucosa e 
estimulando as respostas imunes locais. Além disso, ela também compete por combustíveis 
intraluminais, prevenindo o estabelecimento das bactérias patogênicas. 
Quando benéfica ajuda a digerir os alimentos e a fermentar carboidratos que 
permaneçam mal absorvidos ou resistentes à digestão, além de ajudar a converter as fibras da 
dieta e a produzir ácidos graxos de cadeia curta (AGCC - butirato, propionato, acetato e 
lactato) e proteínas, que são parcialmente absorvidos e utilizados pelo hospedeiro. 
O ácido butírico ou butirato é o alimento preferido dos colonócitos, sendo 
produzido pela fermentação das bactérias intestinais sobre a fibra da dieta, particularmente a 
fibra solúvel (Coppini LZ, 2001). 
Atualmente se reconhece que os AGCC exercem papel fundamental na fisiologia 
normal do cólon, no qual constituem a principal fonte de energia para os enterócitos e 
colonócitos, estimulam a proliferação celular do epitélio, o fluxo sanguíneo visceral e 
intensificam a absorção de sódio e água, ajudando a reduzir a carga osmótica de carboidrato 
acumulado (Mathai K, 2002). 
Existem ainda outras funções metabólicas e nutricionais, incluindo a hidrólise de 
ésteres de colesterol, de andrógenos, estrógenos e de sais biliares e a utilização dos 
carboidratos, proteínas e lipídeos (Beyer PL, 2002), além de haver a formação de vários 
nutrientes, quando da síntese bacteriana, que são disponíveis para a absorção, contribuindo 
assim para o suprimento de vitaminas como a vitamina K, B12, tiamina e riboflavina (Klein 
S, 2003). 
5.1.3 Diferenciação da Microbiota Intestinal, de acordo com a região do 
Trato Gastrintestinal 
Em diferentes regiões do trato gastrintestinal estão presentes grupos específicos de 
microorganismos, que são capazes de produzir uma grande variedade de compostos, com 
variados efeitos na fisiologia. Esses compostos podem influenciar a nutrição, a fisiologia, a 
eficácia de drogas, a carcinogênese e o processo de envelhecimento, assim como a resistência 
do hospedeiro à infecção (Teshima E, 2003). 
18 
A colonização do trato gastrintestinal compreende uma população bacteriana 
estável. As bactérias nativas não se proliferam aleatoriamente no trato gastrintestinal, sendo 
que determinadas espécies são encontradas em concentrações e regiões específicas (Borba 
LM, 2003). 
A regulação ocorre, portanto, pelo próprio meio, devido à presença dos diversos 
grupos que se estabelecem à medida que as condições apresentam-se favoráveis em relação às 
interações microbianas e substâncias inerentes ao seu metabolismo, aos fatores fisiológicos do 
hospedeiro, como estado clínico; idade; o transito e o pH intestinal; suscetibilidade a 
infecções; estado imunológico e nutrientes provenientes da dieta alimentar. (Carvalho G, 
2004; Castilho AC, 2006) 
A cavidade oral contém uma mistura de microorganismos, em especial bactérias 
anaeróbicas, encontradas na concentração de 106 - 109UFC/ml, em especial: Bifidobactéria, 
Propionibactéria, Bacterióides, Fusobactéria, Leptotrichia, Peptostreptococci, Estreptocci, 
Veillonella e Treponema. 
Normalmente há pouca ação bacteriana no estômago, pois o ácido clorídrico atua 
como um agente germicida. As condições marcadas pela secreção diminuída de ácido 
clorídrico podem diminuir a resistência à ação bacteriana, ocasionalmente levando à 
inflamação da mucosa gástrica ou um risco maior de super crescimento no intestino delgado, 
que em geral é relativamente estéril (Mcfarland LV, 2000). 
A microbiota do intestino delgado consiste em 103 - 104 UFC / ml do íleo 
proximal, com predominância de bactérias gram-positivas aeróbicas, e 1011 - 1012UFC/ml do 
íleo distal, com concentração de bactérias gram-negativas anaeróbicas. O curto espaço de 
trânsito através do intestino delgado não permite maior crescimento bacteriano. 
O trato gastrintestinal humano contém aproximadamente 1014 bactérias, 
representando mais de 500 espécies diferentes. No cólon, no qual o tempo de trânsito é mais 
prolongado, ocorre, o estabelecimento de uma microbiota bastante rica (Mcfarland LV, 2000). 
No intestino grosso, como um todo, há três níveis distintos que podem ser 
observados, sendo uma microbiota predominante, um grupo de subdominante e um grupo 
residual. 
A microbiota dominante (109 - 1011 UFC/ml de conteúdo) é constituída por 
bactérias anaeróbias estritas como Bacteróides, Eubacterium, Fusobacterium, 
Peptostreptococcus, Bifidobacterium. 
19 
Na microbiota subdominante (107 - 108 UFC/ml de conteúdo), predominam as 
bactérias anaeróbia facultativa, dentre elas Escherichia coli, Enterococcus faecalis e algumas 
vezes Lactobacillos. 
Na microbiota residual (< 107 UFC/ml de conteúdo), há uma grande variedade de 
microorganismos procarióticos: Enterobacteriaceae, Pseudomonas, Veillonella, além de 
eucarióticos: leveduras e protozoários (Nicoli, 2003). 
FIGURA 2 - Distribuição Bacteriana ao longo do Trato Gastrointestinal 
 
Fonte: Clinical Nutrition: A Functional Approach. IFM, 2004 
5.1.4 Disbiose Intestinal 
Disbiose, um distúrbio cada vez mais considerado no diagnóstico de várias 
doenças, é caracterizado por disfunção colônica, ocasionada pela alteração da microbiota 
intestinal, na qual ocorre predomínio das bactérias patogênicas sobre as bactérias benéficas. 
As principais causas desta alteração são o uso indiscriminado de antibióticos, que 
matam tanto as bactérias úteis como as nocivas; além de favorecem o crescimento de fungos, 
produzirem toxinas que irritam diretamente a barreira intestinal, aumentarem a 
permeabilidade intestinal, absorvendo as toxinas pela corrente sanguínea. Os antiinflamatórios 
hormonais e não-hormonais também alteram a flora intestinal, bem como o abuso de laxantes; 
o consumo excessivo de alimentos processados em detrimento de alimentos crus; a excessiva 
20 
exposição a toxinas ambientais; as doenças consumptivas, como câncer e síndrome da 
imunodeficiência adquirida (AIDS); as disfunções hepatopancreáticas; o estresse e a 
diverticulose (Silva LFG, 2006). 
Existem outros fatores que levam ao estado de disbiose, como a idade, o tempo de 
trânsito e pH intestinal, a disponibilidade de material fermentável e o estado imunológico do 
hospedeiro (Carvalho G, 2006). 
Uma das principais funções da mucosa intestinal é sua atividade de barreira, que 
impede as moléculas ou microorganismos antigênicos ou patógenos de entrarem na circulação 
sistêmica. Quando a mucosa é rompida, a permeabilidade intestinal pode ocorrer e as 
bactérias do intestino, alimento não digerido ou toxinas podem se translocar através desta 
barreira (Bloch AS, 2002). 
A translocação bacteriana é a passagem potencial de bactérias do lúmen intestinal 
ou de endotoxinas através da mucosa epitelial do trato gastrintestinal para o sangue
ou sistema 
linfático, iniciando uma resposta inflamatória sistêmica. A exata etiologia da alteração da 
permeabilidade intestinal não é clara, porém, a ingestão dietética e o desequilíbrio bacteriano 
no intestino foram sugeridos como fatores (Mathai K, 2002). 
5.2 PROBIÓTICOS 
5.2.1. CONCEITO 
Lilly & Stillwel (1965) usaram o termo probiótico para denominar substâncias 
secretadas por um protozoário que estimula o crescimento de outros, e Parker (1974), para 
denominar suplementos alimentares destinados a animais, incluindo microorganismos e 
substâncias que afetam o equilíbrio da microbiota intestinal. 
Fuller (1989) considerou que os probióticos são suplementos alimentares que 
contêm bactérias vivas que produzem efeitos benéficos no hospedeiro, favorecendo o 
equilíbrio de sua microbiota intestinal, enquanto Havenaar & Huis In’t Veld (1992) 
consideraram que são culturas únicas ou mistas de microorganismos que, administrados a 
animais ou humanos, produzem efeitos benéficos no hospedeiro por incremento das 
propriedades da microbiota nativa. Esses autores restringiram o uso desse termo a produtos 
que contenham microorganismos viáveis que promovem a saúde de humanos ou animais, e 
que exercem seus efeitos no aparelho digestivo, no trato respiratório superior ou no trato 
urogenital (Havenaar et al., 1992). 
Schrezenmeir & De Vrese (2001) propuseram que o termo probiótico deveria ser 
usado para designar preparações ou produtos que contêm microorganismos viáveis definidos e 
21 
em quantidade adequada, que alteram a microbiota própria das mucosas por implantação ou 
colonização de um sistema do hospedeiro, e que produzem efeitos benéficos em sua saúde. 
Atualmente, nas várias definições disponíveis, nota-se uma maior preocupação em se 
enfatizar a atividade profilática ou mesmo terapêutica desses microorganismos (Fioramonti et 
al., 2003). 
Assim, probióticos podem ser definidos como sendo microorganismos vivos que, 
se administrados em quantidades adequadas, conferem benefícios à saúde do hospedeiro 
(Sanders, 2003). Eles compreendem apenas um pequeno percentual da nossa microbiota, entre 
1% a 13%. 
5.2.2. SUA HISTÓRIA 
Embora o termo e a definição precisa de probiótico tenham sido desenvolvidos a 
partir de 1990, o interesse por microorganismos potencialmente benéficos para a saúde vem 
de longo tempo. Estudos do final do século XIX, nos primórdios da Microbiologia, já 
detectavam diferenças entre a microbiota intestinal de pessoas doentes e a de pessoas 
saudáveis, despertando para a importância da mesma na manutenção do estado de saúde. 
A observação original do papel positivo desempenhado por 
algumas bactérias foi atribuída à Eli Metchnikoff. O russo ganhou o Prêmio Nobel por seu 
trabalho no Instituto Pasteur no início do século passado. Segundo o pesquisador, “a 
dependência dos microorganismos intestinais, tornava possível tomar medidas para alterar a 
flora intestinal e para substituir os micróbios nocivos por micróbios úteis" (Metchnikoff, 
1907). 
 
O francês e pediatra Tissier Henry observou que as fezes das crianças com 
diarréia tinham um pequeno número de bactérias com uma morfologia distinta como Y 
(Tissier, 1906). Ele sugeriu a possibilidade de ingestão destas bactérias em pacientes com 
diarréia para facilitar a restauração da flora intestinal saudável. 
 
Os trabalhos de Metchnikoff e Tissier foram os primeiros a apresentarem 
propostas ao uso de bactérias probióticas na ciência. 
5.2.3. CLASSIFICAÇÃO E TIPOS 
Os probióticos mais utilizados são estirpes de bactérias produtoras de ácido 
láctico como Lactobacillus, que são bactérias anaeróbias facultativas e gram positivas e 
normalmente são predominante no intestino delgado, e Bifidobacterium, bactérias aeróbicas 
estritas ou anaeróbicas, gram positivas e presentes no cólon. 
22 
Dentre as bactérias pertencentes ao gênero Bifidobacterium, destacam-se B. 
bifidum, B. breve, B. infantis, B. lactis, B. animalis, B. longum e B. thermophilum. 
Dentre as bactérias láticas pertencentes ao gênero Lactobacillus, destacam-se Lb. 
acidophilus, Lb. helveticus, Lb. casei - subsp. paracasei e subsp. tolerans, Lb. paracasei, Lb. 
fermentum, Lb. reuteri, Lb. johnsonii, Lb. plantarum, Lb. rhamnosus e Lb. salivarius (Collins, 
Thornton, Sullivan, 1998; Lee et al.,1999; Sanders, Klaenhammer, 2001). 
Cerca de 56 espécies do gênero Lactobacillus foram descritas até hoje. Essas 
bactérias estão distribuídas por vários nichos ecológicos, sendo encontradas por todo o trato 
gastrointestinal e geniturinário, constituindo uma importante parte da microbiota de homens e 
animais. A sua distribuição, porém, é afetada por diversos fatores ambientais como: pH, 
disponibilidade de oxigênio, nível de substrato especifico, presença de secreções e interações 
bacterianas, tendo propriedades potencialmente probióticas, favorecendo beneficamente o 
organismo humano. Por isto, L. acidophilus e L. casei têm sido amplamente utilizados pelos 
laticínios para produção de leites fermentados e outros derivados lácteos (Sozzi,1980; 
Pedrosa, 1995; Mustapha, 1997; Guerin-Dananet, 1998; Gomes, 1999). 
A viabilidade de L. acidophilus pode ser melhorada nos produtos pela seleção 
adequada de cepas resistentes a acidez estomacal e a bile, utilização de recipientes 
impermeáveis ao oxigênio, fermentação em duas etapas, adaptação ao estresse, incorporação 
de peptídeos e aminoácidos (Gomes, 1999). Entretanto, deve ser salientado que o efeito de 
uma bactéria é específico para cada cepa, não podendo ser extrapolado, inclusive para outras 
cepas da mesma espécie (Guarner, 2003). 
As bactérias S. thermophilus, pertecentes ao gênero Streptococos são bactérias 
anaeróbicas facultativas, que podem ter efeitos benéficos a saúde, sendo uma das duas 
espécies mais comumente utilizadas na produção de iogurtes assim como o L.bulgaricus. 
Os Enterococos são encontrados em uma vasta gama de produtos probióticos. 
Neste grupo o E. faecium tem sido estudada por apresentar efeitos benéficos à saúde 
gastrintestinal, a despeito de o gênero Enterococos ser um reconhecido causador de infecções 
no ser humano. Recentemente, um grupo de pesquisadores iniciou estudos para a utilização de 
uma linhagem de Escherichia coli com características probióticas (Kruis, 2004; Schultzet, 
2004; Ukena, 2007; Henker, 2007; Schlee, 2007). 
O fungo Saccharomyces boulardii é outro probiótico utilizado com freqüência 
(Qamaret, 2001; Geyik, 2006; Canani, 2007). 
23 
Em geral, pode-se considerar efeito probiótico a utilização de um bilhão de 
unidades formadoras de colônias (UFC), variando a dose conforme o tipo de bactéria, a 
qualidade da preparação e o objetivo (Jelen, Lutz, 1998). Os principais probióticos utilizados 
comercialmente estão representados na tabela 1: 
TABELA 1 - Principais probióticos comercializados 
 
24 
TABELA 2 - Bactérias probióticas 
 
Fonte: SENOK, A.C. et al., Probiotics: facts and myths. Clin Microbiol Infect ; 11: 958–966, 2005. 
5.2.4. FUNÇÕES 
Os probióticos normalmente têm pouco tempo de vida e ação e, por isso mesmo, 
devem ser mantidos bem refrigerados. Ao serem ingeridos através dos alimentos, vão para o 
intestino e ali se somam à microbiota já existente, sem se fixarem, equilibrando-a e, com isso, 
auxiliam o trabalho de absorção dos nutrientes. Suas principais funções são: 
Nutricional: Síntese de vitaminas do complexo B (B1, B2, B3, B5, B6, ácido fólico, B12) e 
vitamina K participando de forma importante para o pool desta vitamina no organismo; 
Digestória: Síntese de enzimas digestivas, sobretudo da enzima lactase, mas também de 
proteases e peptidases.
Regula o trânsito intestinal e a absorção dos nutrientes; 
Cardiovascular:
 
Tem um papel na normalização do colesterol e triglicerídeos plasmáticos; 
Metabólica:
 
As bactérias probióticas produzem ácidos graxos de cadeia curta (AGCCs, como 
o butirato), que são substrato metabólico para os colonócitos, promovendo, em condições 
ideais, 40-50% da energia requerida. Além disso, produzem enzimas citocromo P450-like, 
que estimulam a expressão gênica do citocromo no fígado favorecendo a destoxificação 
hepática; evitam a ressíntese de hormônios já degradados e convertem muitos flavonóides às 
suas formas ativas. Algumas cepas produzem substâncias que, após absorvidas, parecem ter 
25 
efeito inibitório sobre a HMG-CoA redutase, provocando a redução da produção do 
colesterol. Auxiliam, ainda, na metabolização de medicamentos, hormônios, carcinógenos, 
metais tóxicos e outros xenobióticos; 
Imunomoduladora:
 
Essas bactérias são essências para o desenvolvimento e a maturação do 
sistema imune entérico e sistêmico (GALT e MALT), visto que estimulam a expansão clonal 
de linfócitos e previnem sua apoptose. Produzem substâncias antimicrobianas que agem sobre 
uma vasta gama de microorganismos patogênicos, por tornarem o ambiente desfavorável ao 
seu crescimento e desenvolvimento. Previnem a adesão de patógenos através da competição 
por sítios receptores. Contribuem para a promoção da tolerância oral, mecanismo pelo qual 
nosso organismo passa a não reagir a determinados antígenos. Atuam na manutenção da 
barreira mucosa intestinal, assim como na produção de anticorpos (IgA intestinal e sérica), na 
atividade de fagócitos e na dos linfócitos matadores naturais (NK-kB). Reduzem a produção 
intestinal de citocinas pró-inflamatórias (TNF-a, Interferon- , IL-8) e aumentam a produção 
intestinal de citocinas anti-inflamatórias (IL-10 e TGF-ß), (Paschoal V. et al., 2010). Vide 
figura 4. 
26 
FIGURA 3 - Benefícios do consumo de probióticos a saúde humana 
Resposta imunológica 
equilibrada 
Resistência a 
Colonização 
Desconjugação e secreção de sais 
biliares 
Fornecimento de SCFA Hidrólise da Lactose 
e vitaminas (ex: Folato) ao 
epitélio do colón Baixo nível de reações toxigênicas 
 e mutagênicas no intestino 
Fonte: Nutr Clin Pract. 2009; 24:10-14 
Fatores que influem sobre a composição da microbiota intestinal única que cada 
um alberga incluem; idade, tempo de trânsito intestinal, pH intestinal, disponibilidade de 
material fermentável, interação entre componentes da microbiota, suscetibilidade a infecções, 
estado imunológico, requerimentos nutricionais, uso de antibióticos e imunossupressores. É 
importante destacar que, destes dez fatores citados, pelo menos seis têm associação direta com 
a nutrição realizada pelo indivíduo. 
Supressão de 
Patógenos 
Endógenos 
Ex: Antibiótico 
associado à 
diarréia
 
Controle da 
síndrome do 
intestino irritável
 
Controle de 
doenças 
intestinais 
inflamatórias 
Melhora dos 
sintomas de 
alergia 
alimentar em 
crianças Normalização 
da composição 
da microbiota 
intestinal Imunomodulação
 
Imunidade 
Inata reforçada
 
Probióticos
 
Supressão de 
patógenos 
exógenos 
ex: Diarréia do 
viajante 
Diminuição do 
colesterol sérico
 
Efeitos metabólicos
 
Redução dos 
fatores de risco 
para o câncer de 
colón
 
Melhora da 
intolerância a Lactose 
27 
FIGURA 4 - Função Imunomoduladora dos probióticos 
Resistência a colonização Manter a função da barreira 
(Exclusão Competitiva) (Reduz a permeabilidade macromolecular e a 
translocação bacteriana e mantém as junções 
firmes) 
 
 
Efeitos Metabólicos: Bacteriócitos Melhora da Flora Microbiana 
 Diminuição do pH Imunomodulação adaptativa/Inata 
 Quantidade de sensibilidade Aumento da produção de Mucina 
Modulação do sinal de transdução Aumento das citocinas 
Fonte: Nutr Clin Pract. 2009; 24:10-14 
5.2.5. INDICAÇÕES 
a) Intolerância à lactose e a outros dissacarídeos
 
– provavelmente é uma das utilizações mais 
antigas dos probióticos, pois desde há muito se sabe que o iogurte é muito melhor tolerado 
que o leite pelos indivíduos intolerantes à lactose. Esta melhor tolerância tem sido atribuída à 
redução do conteúdo em lactose no iogurte devido à fermentação pelas bactérias produtoras 
28 
de ácido láctico, à atividade da ß-galactosidase das próprias bactérias que produzem o iogurte 
e, também, à menor velocidade de esvaziamento gástrico deste em relação ao leite. A 
administração de um probiótico como Sacharomyces boulardii melhora a sintomatologia em 
indivíduos com déficit em sacarase-isomaltase (Kolars, 1984; Marteau, 2001; Callanan, 2005; 
Janeret, 2005; Ward, 2006). 
b) Diarréia
 
– O maior número de estudos com probióticos tem incidido quer na prevenção 
quer no tratamento da diarréia aguda infecciosa. Em ensaios preventivos, verificou-se uma 
diminuição significativa da incidência da diarréia nas crianças que ingeriram probióticos em 
comparação com os controles (Isolauri, 2003; Canani, 2007; Rolfe, 2000; Gorbach, 2000; 
Shamir, 2005). 
Em ensaios terapêuticos, o conjunto dos resultados aponta para diferenças 
significativas a favor dos grupos com probióticos no que diz respeito à intensidade e duração 
da diarréia, ao número de dias de internação e dos dias em que os vírus são eliminados no 
caso da diarréia e por rotavírus. Tendo em conta que a diarréia é uma causa importante de 
mortalidade nos países em desenvolvimento, sobretudo em crianças e adultos com má 
nutrição, os probióticos, pela sua eficácia preventiva e terapêutica, são úteis em Saúde Pública 
(Rolfe, 2000; Juntunen, 2001). 
Várias estirpes têm comprovado a eficácia dos probióticos na prevenção e 
tratamento da diarréia associada aos antibióticos. Os mais utilizados têm sido 
Bifidobacterium, Saccharomyces boulardi e Lactobacillus. O consumo de leite fermentado 
com Lactobacillus casei defensis DN-114 001 reduziu significativamente a incidência de 
diarréia associada ao uso de antibióticos e a incidência de diarréia infecciosa por Clostridium 
difficile (Hickson, 2007). 
A Diarréia do viajante é a doença mais comum durante a visita às regiões tropicais 
e sub-tropicais. O efeito dos probióticos para prevenir esta diarréia não está suficientemente 
demonstrado e alguns trabalhos são contraditórios. No entanto, alguns ensaios clínicos 
demonstram um declínio de incidência da diarréia de acordo com as regiões visitadas e as 
doses utilizadas (Szajewska; Mrukawicz, 2005). 
c) Doença inflamatória crônica do intestino e outras situações gastroenterológicas
 
– Parece 
bastante promissor o uso de probióticos, especialmente de Saccharomyces boulardii e do 
Lactobacillus casei na doença de Crohn, na colite ulcerosa e na inflamação crônica da bolsa 
29 
ileal. Existem resultados animadores com a utilização de probióticos na síndrome do intestino 
curto e na alergia alimentar, provavelmente pela diminuição da permeabilidade intestinal e 
pelas suas propriedades antiinflamatórias. 
d) Síndrome do Intestino Irritável:
 
Algumas cepas ou combinações de cepas probióticas têm 
sido associadas a alívio de sintomas relacionados à Síndrome do Intestino Irritável (SII). As 
possíveis ações para estes benefícios podem ser: Correção da microbiota
intestinal com 
conseqüente melhora de motilidade, sensibilidade e produção de gases no intestino e/ou 
ativação imunológica de baixo grau, com normalização do perfil de citocina pró - inflamatória 
do tipo Th1. Um estudo com o uso de um leite fermentado contendo Bifidobacterium animalis 
DN-173 010 indicou melhoras no desconforto e inchaço, e na freqüência de evacuações, em 
indivíduos com SII. (Guyonnet, 2007). 
e) Constipação intestinal: Talvez o benefício dos probióticos mais estudado seja sobre a 
constipação intestinal e, por isso, este é o benefício mais comprovado e com maior número de 
estudos comprovativos. Os mecanismos de ação que diminuíriam o tempo de trânsito 
intestinal, propostos são principalmente: aumento do peso e volume das fezes, aumento da 
concentração de ácidos graxos de cadeia curta na luz intestinal, redução do pH, produção de 
gases, estímulo à produção de colecistocinina, redução do limiar de resposta à estímulo 
químico da musculatura lisa do ceco e metabolização bacteriana dos ácidos biliares liberados 
(Amores et al., 2004; Rodrigues, 2008). 
Estudos apontam melhorias na dor e na flatulência, além de alívio na constipação 
com a administração de Bifidobacterium animalis. Um estudo revela que a administração de 
B. animalis DN-173 010 reduziu, em até 40%, o tempo de trânsito colônico em humanos 
(Rodrigues, 2008). 
f) Dislipidemias
 
– Uma das propriedades das bifidobactérias é a sua influência no 
metabolismo lipídico. Vários estudos clínicos apresentam como resultado de utilização dos 
probióticos, diminuições significativas dos níveis de colesterol total pela diminuição do 
colesterol LDL, enquanto os níveis de colesterol HDL aumentam ligeiramente. O efeito 
hipocolesterolemiante das bifidobactérias resulta da diminuição da absorção e do transporte 
do colesterol alimentar para o fígado via quilomicrons e, por outro lado, pela desconjunção 
dos sais biliares com menor absorção do colesterol pelo intestino. A niacina formada pelas 
bifidobactérias diminui o fluxo de ácidos graxos livres que, ao diminuir a biossíntese da 
30 
lipoproteína VLDL, contribui para a redução dos níveis plasmáticos dos triglicérideos 
(Pereira; Mccartney; Gibson, 2003; Chiu et al., 2005; Liong; Shang, 2005; Zhao; Yahg, 
2005). 
g) Sistema Imunológico:
 
Estudos sugerem que os probióticos podem estimular tanto a 
resposta imune não-específica como a específica, por ativação de macrófagos, aumento dos 
níveis de citocinas, aumento da atividade das células Natural Killer e/ou dos níveis de 
imunoglobulinas; sem o desencadeamento de uma resposta inflamatória prejudicial (Saad, 
2006). 
h) Alergia: A microbiota intestinal modula a resposta imunológica por afetar, nos primeiros 
anos de vida, o desenvolvimento do tecido linfático associado ao intestino (GALT). Por este 
motivo, o uso de agentes microbianos apropriados, em idades precoce, pode reduzir o risco de 
atopia. Há algumas evidências de redução de manifestações alérgicas específicas com o uso 
de bactérias ácido-lácticas (Rodrigues, 2007). 
i) Infecção por Helicobacter pylori:
 
Estudos in vitro e in vivo relatam que a associação de 
bactérias ácido-lácticas com antibióticos para o tratamento de Helicobacter pylori exerce um 
efeito antagonista a este patógeno, embora a erradicação da bactéria não tenha sido obtida. 
j) Infecções virais: O efeito benéfico dos probióticos em infecções virais está ligado ao 
estímulo ao sistema imunológico do hospedeiro e com a exclusão competitiva. Estudos em 
humanos apontam que bactérias ácido-lácticas podem estimular a produção de gama-IFN 
pelos linfócitos sanguíneos periféricos, aumentar o IgA sérico e estimular a capacidade 
fagocítica de leucócitos. Sugere-se que o consumo regular de probióticos pode ter efeito 
benéfico na redução de infecções do trato respiratório em longo prazo (Rodrigues, 2007). 
5.2.6. EFEITOS COLATERAIS/CONTRA INDICAÇÕES 
Alguns indivíduos podem vivenciar pouco dos efeitos colaterais relacionados à 
ingestão dos probióticos. Devido à morte dos patógenos no ambiente intestinal, visto que 
estes liberam produtos celulares tóxicos, reação chamada de “die-off reaction”. Nesses casos, 
deve-se persistir no uso dos probióticos para que haja melhora dos sintomas. Percebe-se um 
aumento discreto na produção de gases, desconforto abdominal e até mesmo diarréia, que se 
31 
resolve com o tempo. Alguns estudos mostram certas exceções de reações adversas severas 
com o uso de probióticos, como no caso de pacientes internados em unidades de terapia 
intensiva e/ou com o estado imunológico extremamente debilitado e alta permeabilidade 
intestinal, ocorrendo a translocação bacteriana e bacteremia. 
Os autores Besselink MG, et al., estudaram os efeitos da profilaxia com 
probióticos em pacientes com pancreatite aguda grave. Os métodos utilizados neste estudo 
multicêntrico, randomizado, duplo-cego, controlado por placebo em 298 pacientes, com 
previsões de pancreatite aguda (APACHE > 8, Imrie score > 3 ou PCR > 150 mg / L) foram 
distribuídos aleatoriamente dentro de 72h de início dos sintomas para receber uma preparação 
de multiespécies de probióticos (n = 153) ou placebo (n = 145), administrada via enteral duas 
vezes por dia durante 28 dias. O primeiro ponto foi o composto de complicações infecciosas, 
ou seja, necrose pancreática infectada, bacteremia, pneumonia, urosepsis, ou ascite infectada, 
durante a internação de 90 dias de acompanhamento. A análise foi por intenção de tratar. Um 
indivíduo em cada grupo foi excluído das análises devido a diagnósticos incorretos de 
pancreatite, portanto, 152 indivíduos do grupo de probióticos e 144 no grupo placebo foram 
analisados. Os grupos foram praticamente os mesmos na linha de base em termos de 
características do paciente e da gravidade da doença. As complicações infecciosas ocorreram 
em 46 (30%) pacientes no grupo de probióticos e 41 (28%) daqueles no grupo placebo (risco 
relativo 1,06, IC 95% 0,75-1,51). 24 (16%) pacientes no grupo de probióticos morreram, 
comparado com nove (6%) no grupo placebo (risco relativo 2,53, IC 95% 1,22-5,25). Nove 
pacientes do grupo de probióticos desenvolveram isquemia no intestino (oito com desfecho 
fatal), em comparação com nenhum no grupo placebo (p = 0,004). Resultando nos pacientes 
com pancreatite aguda grave prevista, a profilaxia com probióticos com esta combinação de 
cepas probióticas não reduz o risco de complicações infecciosas e sendo associado com um 
risco aumentado de mortalidade. A profilaxia com probióticos não deve ser administrado 
nesta categoria de pacientes. 
5.2.7. ESTUDOS RELACIONADOS AO USO DO PROBIÓTICO EM 
PACIENTES COM USO DE ANTIBIÓTICOS 
Alberda C, et al., realizaram um estudo sobre os efeitos dos probióticos em pacientes 
críticos, que relacionou 28 deles em terapia intensiva, sendo três grupos: controle, bactérias 
não viáveis e bactérias viáveis 9x1011 (Lactobacilos casei, plantarum, acidophilus e 
bulgaricus, Bifidobactérias longum, breve e infants, e Streptococos thermophilus). O 
32 
tratamento ocorreu durante sete dias e os resultados obtidos foram: nenhum paciente obteve 
sepse por lactobacilos, aumento de IgG e IgA secretora e redução na diarréia (23% placebo, 
14% bactérias). 
Rohde LC, et al., estudaram o uso de probióticos na prevenção e no tratamento da 
diarréia associada ao uso de antibiótico. A pesquisa mostrou que 90% das infecções causadas 
por Clostridium difficile são causadas pelo uso de antibióticos (principalmente 
fluoroquinolonas (norfloxacino, ciprofloxacino, levofloxacino...), clindamicina e 
cefalosporinas). O Tratamento para Clostridium difficile iniciou-se com metronidazol 500mg 
3x/dia durante 10 dias, pelo
fato de não ter ocorrido uma melhora, o fármaco foi substituído 
por vancomicina 125mg 4x/dia durante 10 dias via oral ou via enteral. Por infusão venosa a 
Vancomicina não alcançaria o cólon. 
Segundo os autores são considerados probióticos as bactérias que: 
1. São resistentes à digestão gástrica, biliar e pancreática; 
2. Estão em número suficientes para levar a alterações; 
3. Viáveis após a cultura, manipulação e armazenamento; 
4. Habilidade em trazer benefícios funcionais ao hospedeiro; 
5. Capacidade de induzir resposta na microflora intestinal; 
6. Grande resistência aos antibióticos; 
7. Quando não tem colonização permanente na mucosa colônica; sendo dois mais 
eficientes como o Saccharomyces boulardii e Lactobacilus GG. 
- Saccharomyces boulardii: 
- Fungo não existente na microbiota normal do intestino. 
- Estudos demonstram redução na incidência de diarréia associada a antibiótico, mas não em 
pacientes críticos. 
- Quando associado à vancomicina, reduz recorrência de diarréia associada à Clostridium 
Difficile. Possui uma forte evidência. 
- É eliminado de 2 a 5 dias após o término do uso. 
- Lactobacilus GG: 
- Forte evidência em redução de diarréia associada a antibiótico em crianças, mas não em 
adultos. 
- Combinações de cepas reduzem em quase 52% a diarréia associada a antibiótico. 
33 
- Não é recomendado em pacientes críticos (devido à redução do fluxo esplânico, hipóxia e 
possível translocação) e imunodeprimidos. 
Sherman PM, et al., investigaram os mecanismos de ação dos probióticos e 
constataram a produção de bacteriocinas que matam bactérias patogênicas, a ligação à sítios 
de toxinas e patógenos, a produção de mucina (L. plantarum) que funciona como barreira 
física, a prevenção da translocação de NFkB do citosol para o núcleo por bloqueio da 
fosforilação, a produção de AGCC e peróxido de H, reduzindo pH do lúmen e o crescimento 
de patógenos, o aumento da secreção de IgA secretora e a competição por nutrientes contra 
patógenos. 
Koretz RL, et al., fizeram uma revisão de dez artigos randomizados, controlados e 
duplo cegos. Concluíram que não há alteração na mortalidade e no tempo de internação dos 
pacientes, mas que ocorreu uma redução de infecção quando houve o uso de probióticos 
combinados (ex: Pediococcus, Leuconostocos, L. paracasei, L. plantarum) e se atentaram 
para cuidados com pacientes críticos devido à isquemia intestinal e possível translocação 
bacteriana. 
Imhoff A, et al., mostraram através de seu estudo, que a via de contaminação do 
Clostridium difficile é oro-fecal. A diarréia causada por Clostridium difficile é perdedora de 
proteína. Ocorre a produção de toxina A e B que se ligam a receptores na membrana celular, 
rompendo a parede celular e alterando suas funções. Os sintomas são: colite, diarréia aquosa, 
febre, dor e distensão abdominal, náusea, desidratação. O aumento de leucócitos e da Proteína 
C reativa foi observado. 
A bactéria S. Boulardii possui forte evidência em evitar recorrência de Diarréia 
associada ao Clostridium difficile. 
O Lactobacilus casei, bulgaricus e Streptococos thermophilus 108 reduzem a Diarréia 
associada a antibióticos e diarréia associada ao Clostridium difficile em idosos hospitalizados. 
Uma série de casos (sem estudos randomizados) relata redução na recorrência 
diarréia associada ao Clostridium difficile com o uso de L. rhamnosus e plantarum 109 2 
vezes ao dia durante 15 dias. O Tratamento para evitar recorrência pode durar meses com o 
uso de probióticos e deve continuar de 15 a 21 dias após o término de antibióticos. 
Probióticos não devem ser usados em pacientes com doença ou prótese de válvula 
cardíaca, doença reumática cardíaca e próximo a acessos venosos profundos (há aerolização e 
possível contaminação do acesso). 
34 
Probióticos feitos diretamente via jejunal tem maior número de bactérias viáveis e 
questiona-se se há riscos. 
Bacteremia por lactobacilos e fungemia por S. Boularddi ocorre em raros casos 
em pacientes imunodeprimidos. Não há relato de bacteremia por Bifidobactérias. 
Probióticos (L. rhamnosus, casei e Bifidobacterium breve) que produzem L -
lactato reduzem a acidose láctica em pacientes com síndrome do intestino curto e os 
probióticos que produzem ácido lático devem ser evitados. 
Bacillus são contra indicados, pois são resistentes às defesas do organismo e 
difíceis de erradicar, podendo levar à translocação bacteriana. 
6. CONCLUSÃO 
A microbiota intestinal é uma mistura complexa de células que contribuem para a 
execução de inúmeras funções essenciais e por isso, cada vez mais se levam em consideração 
os papéis destes microorganismos na promoção da saúde ou doença. 
A estabilidade da microbiota intestinal normal é fundamental para o bom 
funcionamento do sistema imunológico e para diversas funções metabólicas do organismo, 
porém diversos fatores podem alterar a composição da microbiota intestinal, entre eles, alguns 
hábitos de vida, como alimentação e estresse, além do uso de medicamentos. 
A incorporação de alimentos probióticos na alimentação humana visa estimular o 
crescimento de determinados microorganismos benéficos para o hospedeiro. 
Nos últimos anos houve um aumento do interesse pelos benefícios terapêuticos dos 
probióticos e cada vez mais estudos têm sido realizados. Cada cepa de bactéria probiótica 
pode ter efeito específico e diferente sobre o hospedeiro. Estudos devem ser conduzidos com 
cepas e matrizes alimentares específicas, de modo a identificar benefícios distintos à saúde 
humana. 
Estudos mostraram que o uso de probióticos para reduzir a diarréia associada à 
antibióticos em pacientes não imunodeprimidos e não críticos com hipoperfusão (instáveis 
hemodinamicamente), têm demonstrados resultados positivos. Uma série de casos (sem 
estudos randomizados) relata redução na recorrência diarréia. Porém apenas um estudo 
demonstra que o uso de Saccharomyces boulardii junto com vancomicina pode evitar 
recorrência de infecção por Clostridium difficile. 
35 
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
1. Alberda C. et al., Effects of probiotics therapy in critically ill patientes: a randomized, 
double-blind, placebo-controlled trial. Am J Clin Nutr, 2007, 85:816-23. 
2. Adlerberth I. Estabelecimento da microflora intestinal normal do recém nascido. In: 
Probióticos, outros fatores nutricionais e a microflora intestinal. Vevey. Suíça: Nestlé 
Nutrition Services; 1998. p.7-10. 
3. Almeida, LB. et al., Disbiose Intestinal. Revista Brasileira Nutrição Clínica, Belo 
Horizonte. 2009; 24 (1): 58-65. 
4. ANVISA. Resolução RDC nº 2, de 07 de janeiro de 2002. Regulamento Técnico de 
Substâncias Bioativas e Probióticos Isolados com Alegação de Propriedades Funcional e ou 
de Saúde. D.O.U. - Diário Oficial da União; Poder Executivo, de 09 de janeiro de 2002. 
5. Amores R. et al., Probióticos. Revista Española de Quimioterapia, v.17, n.2, p.131- 
139, 2004. 
6. Besselink MG. et al., Probiotic prophylaxis in predicted severe acute pancreatitis: a 
randomised, double-blind, placebo-controlled trial - JPEN J Parenteral Enteral Nutrition 
Online First, published on May 5, 2009). 
7. Beyer PL. Digestão, absorção, transporte e excreção de nutrientes. In: Mahan LK, 
Escott-Stump S, editores. Krause – alimentos, nutrição e dietoterapia. 10ª ed. São Paulo: 
Roca; 2002. p.3-17). 
8. Borba LM. Ferreira CLLF. Probióticos em bancos de leite humano. In: Ferreira CLLF. 
Prebióticos e Probióticos: atualização e prospecção. Viçosa: UFV; 2003. p.103-22.2. 
9. Carvalho G. Nutrição, probióticos e disbiose. Disponível em: 
<http://www.nutconsult.com/artigos.htm> Acesso em 31 mai. 2006. 
10. Castilho
AC, Cukier C, Magnoni D. Probióticos no câncer. IMEN – Instituto de 
Metabolismo e Nutrição; 2006. Disponível em: <http://www.nutricaoclinica.com.br 
/index.php?searchword=disbiose+intentinal&option=com_search&Itemid=23>. Acesso em 12 
mar. 2006. 
11. Coppini LZ. Fibras alimentares e ácidos graxos de cadeia curta. In: Waitzberg DL, 
editor. Nutrição oral, enteral e parenteral na prática clínica. 3ª ed. São Paulo: Atheneu; 2001. 
p.79-94. 
12. Coppola M.M, Turnes G.C. Probióticos e resposta imune. Ciência Rural, Santa Maria, 
v.34, n.4, p.1297-1303, jul-ago, 2004. 
36 
13. Coudray C. et al., Dietary inulin intake and age can significantly affect intestinal 
absorption of calcium and magnesium in rats: a stable isotope approach. Nutrition Journal, 
London, v. 4, n. 29, p. 117-122, 2005. 
14. Fioramonti J. et al., Probiotics: what are they? What are their effects on gut 
physiology? Best Practice & Research. Clinical Gastroenterology, v.17, n.5, p.711-724, 2003. 
15. Fooks LJ, Gibson GR. Probiotics as modulators of the gut flora. Br. J. Nutr. 2002, 88 
(Suppl1), S39–S49. 
16. Fuller R. Probiotics in man and animals. J. Appl. Bacteriol., Oxford, v.66, p.365-378, 
1989. 
17. Gibson G.R., Roberfroid M.B. Dietary modulation of the human colonic microbiota: 
introducing the concept of prebiotics. J. Nutr., Bethesda, v.125, p.1401-1412, 1995. 
18.Gomes, P. M. A., Malcata, X. F. Agentes probióticos em alimentos, aspectos 
fisiológicos e terapêuticos e aplicação tecnológica. Boletim de Biotecnologia, Lisboa, n. 64, p. 
12-22, dez. 1999. 
19. Havenaar, R.; Huis In’T Veld, M.J.H. Probiotics: a general view. In: WOOD, B.J.B. 
Lactic acid bacteria in health and disease 1. Amsterdam: Elsevier Applied Science, 1992. 
p.151-170. 
20. Henker, et al., The probiotic Escherichia coli strain Nissle 1917 (EcN) stops acute 
diarrhoea in infants and toddlers. European Journal of Pediatrics, Berlin, v. 166, n. 4, p. 311–
318, 2007. 
21. Hickson, M. et al., Use of probiotic Lactobacillus preparation to prevent diarrhea 
associated with antibiotics: randomised double blind placebo controlled trial. British Medical 
Journal, London, v. 335, n. 7610, p. 1-5, 2007. Hilton, E.; Isenberg, H. D.; Alperstei. 
22. Imhoff A. et al., Is there a future for probiotics in preventing Clostridium difficile 
associated disease and treatment of recurrent episodes? Nutrition in Clinical Practice, Feb-
Mar 2009, 15-32. vol 24 Number 1 American Society for Parenteral and Enteral Nutrition. 
23. Klein S. Cohn SM. Alpers DH. O trato alimentar em nutrição: um guia. In: Shills ME, 
editor. Tratado de nutrição e dietoterapia. 9ª ed. São Paulo: Manole; 2003. p.647-72. 
24. Koretz R.L. Probiotics, critical illness and methodologic bias. Nutrition in Clinical 
Practice. vol 24 Number 1, Feb-Mar 2009, 45-49. American Society for Parenteral and 
Enteral Nutrition. 
25. Lee, Y. K. Handbook of probiotics. New York: Wiley, 1999 
26. Lilly DM, Stillwell RH. Probiotics. Growth promoting factors produced by micro-
organisms. Science 1965;147:747–8. 
37 
27. Lubetzky R, Reif S. Probiotics for antibiotic-associated diarrhea – Maybe, maybe not! 
Digestion, august 14, 2008, 78:10-12. 
28. Mathai K. Nutrição na idade adulta. In: Mahan LK, editor. Escott Stump S. Krause – 
alimentos, nutrição e dietoterapia. 10ª ed. São Paulo:Roca;2002. p.261-75. 
29. Mc Clave A. et al., The A.S.P.E.N. Board of Directors and the American College of 
Critical Care medicine - Guidelines for the Provision and Assessment of Nutrition Support 
Therapy in the Adult Critically Ill Patient: Society of Critical Care Medicine (SCCM) and 
American Society for Parenteral and Enteral Nutrition (A.S.P.E.N.) <index.php? 
searchword=disbiose+intentinal&option=com_search&Itemid=23> Acesso em 12 mar 2006. 
30. Mcfarland LV. Normal flora: diversity and functions. Microbial Ecology in Health 
and Disease. 2000; 12:193-207. 
31. Morais, M.B. JACOB, C.M.A. The role of probiotics and prebiotics in pediatric 
practice. J Ped., v.82, n.5 (Supl), p.S189-S197, 2006. 
32. Nicoli JR. et al., Probióticos: moduladores do ecossistema digestivo. In: Mendoça 
RCS, editor. Microbiologia de alimentos: qualidade e segurança na produção e consumo. 
Viçosa: UFV; 2003. 209p.). 
33. Nicoli JR, Vieira LQ. Probióticos, prebióticos e simbióticos. Rev Ciência Hoje. 2000; 
163:34-8. 
34. Oliveira et al., Potencial bioterapêutico dos probióticos nas parasitoses intestinais. 
Ciência Rural, v.38, n.9, dez, 2008. 
35. Paturi G. et al., Immune enhancing effects of Lactobacillus acidophilus LAFTI L10 
and Lactobacillus paracasei LAFTI L26 in mice. International Journal of Food Microbiology, 
v.115, n.1, p.115-118, 2007 
36. Paschoal V, Naves A, Fonseca A. Nutrição Clínica Funcional: Dos princípios à 
prática Clínica. 1a Ed. revisada. São Paulo: VP editora; 2010. 
37. Povoa H. O cérebro desconhecido: como o sistema digestivo afeta nossas emoções, 
regula nossa imunidade e funciona como um órgão inteligente. Rio de Janeiro: Objetiva; 
2002. 222p. 
38. Puupponen-Pimia R. et al., Development of functional ingredients for gut health. 
Trends Food Sci. Technol., Amsterdam, v.13, p.3-11, 2002. 
39. Rohde C. L., Bartolini V., et al., The use of probiotics in the prevention and treatment 
of antibiotic-associated diarrhea with special interest in C. difficile-associated diarrhea. 
Nutrition in Clinical Practice vol 24, Number 1, Feb-Mar 2009, 33-40. American Society for 
Parenteral and Enteral Nutrition. 
38 
40. Rolfe, R. D. The role of probiotic cultures in the control of gastrointestinal health. 
Journal of Nutrition, Bethesda, v. 130, n. 2, p. 396-402, 2000. 
41. Saad S. M. I. Probióticos e prebióticos: o estado da arte. Revista Brasileira de 
Ciências Farmacêuticas Brazilian Journal of Pharmaceutical Sciences vol. 42, n. 1, jan./mar., 
2006. 
42. Sanders M.E. Probiotics: considerations for human health. Nutr. Rev., New York, 
v.61, n.3, p.91-99, 2003. 
43. Sanders, M.E. Overview of functional foods: emphasis on probiotic bacteria. Int. 
Dairy J., Amsterdam, v.8, p.341-347, 1998 
44. Sherman P. M. et al., Unravelling mechanisms of action of probiotics. Nutrition in 
Clinical Practice. vol 24 Number 1 Feb-Mar 2009, 10-14, 2009 American Society for 
Parenteral and Enteral Nutrition. 
45. Silva LFG. Disbiose intestinal: conheça as causas e os tratamentos. 2001. Disponível 
em: <http://www.webmedicos.com.br/detalhe_artigo.aspId=396&Tema= Urologia> Acesso 
em 19 abr. 2006. 
46. SNELLING, A. M. Effects of probiotics on the gastrointestinal tract. Current 
Opinions in Infectious Diseases, Philadelphia, v. 18, n. 5, p. 420-426, 2005. 
47. Sozzi T., Smiley M. B. Antibiotic resistences of yogurt starter cultures Streptococcus 
thermophilus and Lactobacillus bulgaricus. Applied and Environmental Microbiology, 
Washington, v. 40, n. 5, p. 862-865, 1980. 
48. Schrezenmeir J. Vrese M; Probiotics, prebiotics, and synbiotics — approaching a 
definition1– 3. 2001 
49. Teshima E. Aspectos terapêuticos de probióticos, prebióticos e simbióticos. In: 
Ferreira CLLF, editor. Prebióticos e probióticos: atualização e prospecção. Viçosa: UFV; 
2003. p. 35-60. 
50. Varavallo, MA; Thomé, JN; Teshima, E. Aplicação de bactérias probióticas para 
profilaxia e tratamento de doenças gastrointestinais. Semina: Ciências Biológicas e da Saúde, 
Londrina, v. 29, n. 1, p. 83-104, jan./jun. 2008. 
51. Waitzberg L. Dan. Nutrição Oral, Enteral e Parenteral na prática clínica. 3ª ed. 2003. 
52. Zárate G., Santos V., Nader-Macias M. E. Protective effect of vaginal Lactobacillus 
paracasei CRL 1289 against urogenital infection produced
by Staphylococcus aureus in a 
mouse animal model. Infectious Diseases in Obstetrics and Gynecology, New York, v. 2007, 
n. 48358, p. 1-6, 2007. 
39 
53. Ziemer C.J., Gibson G.R. An overview of probiotics, prebiotics and synbiotics in the 
functional food concept: perspectives and future strategies. Int. Dairy J., Amsterdam, v.8, 
p.473-479, 1998. 
Uso_de_probióticos_na_rinite_alérgica.pdf
129
Brazilian Journal of otorhinolaryngology 77 (1) Janeiro/fevereiro 2011
http://www.bjorl.org.br / e-mail: revista@aborlccf.org.br
Probiotics in allergic rhinitis
Abstract
Probióticos são microrganismos viáveis, usados como suplemento alimentar, normalmente bacté-
rias ácidas lácticas, que podem modificar a composição e/ou a atividade metabólica da microbiota 
intestinal, modulando o sistema imune de forma que beneficie a saúde do indivíduo. Objetivo: Fazer 
uma revisão sobre o uso de Probióticos (Lactobacillus e Bifidobacterium) na rinite alérgica. Material 
e Método: Foram pesquisados artigos originais no Pubmed. Resultados: Os resultados encontrados 
indicam que os probióticos, Lactobacillus e Bifidobacterium parecem prevenir as recorrências alérgicas, 
aliviar a severidade dos sintomas e promover melhora da qualidade de vida dos pacientes com rinite 
alérgica. Estes efeitos ocorrem devido à modulação do sistema imunológico através da indução da 
produção de citocinas que promovem uma resposta TH1 dominante em alérgicos, através do efeito 
da modulação no balanço TH1/TH2. Conclusão: O uso de bactérias probióticas pode ser uma forma 
efetiva e segura de prevenção e/ou tratamento de rinite alérgica, mas seu mecanismo exato de ação 
permanece desconhecido. No entanto, estudos clínicos usando probióticos e intervenção dietética 
deverão ser o foco de futuras investigações, para permitir um uso mais amplo.
Janaina Cândida Rodrigues Nogueira 1, Maria da Conceição Rodrigues Gonçalves 2
Uso de probióticos na rinite alérgica
 1 Mestrado, médica.
 2 Prof. Dra., coordenadora da pós-graduação de Nutrição/ UFPB.
Este artigo foi submetido no SGP (Sistema de Gestão de Publicações) da BJORL em 26 de novembro de 2009. cod. 6800
Artigo aceito em 22 de março de 2010.
Probiotics are live microorganisms used as supplementary food, usually lactic acid bacteria that 
can change either the composition and/or the metabolic activities of the gut microbiota modulating 
the immune system in a way that benefits the person’s health. Aim: To review the use of Probiotics 
(Lactobacillus and Bifidobacterium) in allergic rhinitis patients. Materials and Methods: Pubmed 
original articles were used as data source. Results: Results indicate that probiotics, Lactobacillus 
and Bifidobacterium appear to prevent allergy recurrences, alleviate the severity of symptoms and 
improve the quality of life of patients with allergic rhinitis. This happens because of the immune 
system modulation through the induction of cytokine production which cause a dominant TH1 
response in allergic patients by modulating the TH1/TH2 balance effect. Conclusion: The use of 
probiotic bacteria could be an effective and safe way to prevent and/or treat allergic rhinitis, but 
its underlying mechanisms remain unclear. Therefore, clinical studies using probiotics and dietary 
intervention should be the focus of future research to enable a more widespread use.
REVIEW ARTICLE
Braz J Otorhinolaryngol.
2011;77(1):129-34.
Para citar este artigo, use o título em inglês BJORL
Resumo
Keywords: 
bifidobacterium, 
lactobacillus, 
rhinitis, 
probiotics.
Palavras-chave: 
bifidobacterium, 
lactobacillus, 
probióticos, 
rinite.
.org
130
Brazilian Journal of otorhinolaryngology 77 (1) Janeiro/fevereiro 2011
http://www.bjorl.org.br / e-mail: revista@aborlccf.org.br
INTRODUÇÃO
A rinite alérgica é uma doença inflamatória nasal 
decorrente do contato de substâncias estranhas, denomina-
das antígenos, com um indivíduo sensibilizado. É bastante 
frequente no mundo atual, acometendo indivíduos de 
ambos os sexos e todas as idades. Pode apresentar desde 
sintomas leves a sintomas que diminuem a qualidade 
de vida e a produtividade do indivíduo, temporária ou 
permanentemente, se não houver tratamento adequado1.
Atualmente, tanto em países desenvolvidos, quanto 
nos ditos em desenvolvimento, observa-se um perfil de 
doenças diferente de décadas passadas, com predomínio 
de doenças alérgicas, autoimunes e inflamatórias crôni-
cas, em detrimento das doenças infecciosas. Parte deste 
fenômeno deve-se à “Hipótese da Higiene,” segundo a 
qual as mudanças no estilo de vida das pessoas, como na 
alimentação, com consumo de produtos industrializados, 
ricos em conservantes e outros produtos químicos, bem 
como a redução do contato de crianças com microrganis-
mos, devido às melhores condições de higiene e vacinação, 
propiciariam mudanças nas características imunológicas 
do indivíduo2.
Quando uma substância estranha entra em contato 
com o organismo, é fagocitada e processada pelas células 
apresentadoras de antígeno. Estas células expõem este 
antígeno em sua membrana, a partir do complexo de his-
tocompatibilidade (HLA) - classe II, que ao interagir com 
receptor na membrana do linfócito T CD4+ promove a 
proliferação de um clone específico de células T helper 
tipo 1 ou tipo 2, que de acordo com as citocinas secretadas, 
irão propiciar um tipo de reação imunológica3.
A linhagem de células helper 1 secreta TNF Beta 
(fator de necrose tumoral) e interferon C que ativam cé-
lulas envolvidas na imunidade celular, ou seja, na defesa 
contra organismos intracelulares como vírus e outros 
microrganismos que infectam o interior da célula, células 
defeituosas e cancerosas. A linhagem T helper 2 secreta 
IL-4, IL-5, IL10, IL13 que estimulam células que participam 
da reação alérgica, como linfócitos B secretores de IgE, 
mastócitos e eosinófilos4.
O que, segundo alguns autores, explicaria a “Hipó-
tese da Higiene” seria um maior predomínio da linhagem 
Th2 em relação a Th1, sendo um dos fatores envolvidos 
a mudança da microbiota intestinal5.
Estudos têm demonstrado que as bactérias da micro-
flora intestinal atuam no balanço Th1/Th2, podendo sua 
modulação promover o controle de processos infecciosos 
e imunológicos. Esta modulação pode ser realizada através 
da administração de probióticos, que são suplementos de 
microrganismos. O conceito de probióticos data de mais 
de 100 anos. Entre os séculos XIX e XX, Moro isolou os 
Lactobacillus em fezes de lactantes alimentados de leite 
materno, e Tissier, as bifidobacterias, no início do século 
XX, Metchnikoff relacionou aumento da longevidade em 
camponeses búlgaros, que consumiam leite fermentado, 
sendo o consumo deste produto preconizado atualmente 
pela Organização Mundial de Saúde2.
Os probióticos principais são Lactobacillus acido-
philus, Lactobacillus casei, Lactobacillus plantarum, Lac-
tobacillus reuteri, Lactobacillus rhamnosus, Lactobacillus 
paracasei, Bifidobacterium bifidum, Bifidobacterium breve, 
Bifidobacterium infantis, Bifidobacterium lactis, Bifido-
bacterium longum,Bifidobacterium adolescentis, Saccha-
romyces bourlardii, Propionibacterium freudenreichii. São 
considerados também Escherichia, Enterococcus e Bacillus 
e o fungo Saccaromyces boulardii. No entanto, apesar de 
serem benéficos ao organismo e de serem frequentemente 
adicionados à alimentação infantil, os Lactobacillus bulga-
ricus e Streptococcus thermophilus não são considerados 
probióticos2.
Para que um probiótico seja satisfatório, as bacté-
rias constituintes devem ser habitantes naturais do trato 
gastrointestinal, ser resistentes ao suco gástrico e bile, ter
identificação taxonômica precisa, colonizar a mucosa intes-
tinal, estar ativas no alimento antes de seu consumo e ser 
continuamente ingeridos. Sua dose mínima é de 106 UFC6.
Estudos têm avaliado os benefícios do uso de pro-
bióticos, melhorando a alergia, decorrente da melhoria do 
funcionamento da microbiota intestinal nativa6. Baseada 
nestes fatos esta revisão bibliográfica teve por objetivo 
avaliar a importância do uso de probióticos em rinite 
alérgica, através da leitura de artigos científicos indexados 
ao Pubmed no período de 2000 a 2008.
MATERIAL E MÉTODO
Esta pesquisa refere-se a um estudo de revisão 
bibliográfica sobre o tema probióticos e rinite alérgica. 
A fonte de informações utilizada foi o banco de dados 
Pubmed, no período de 2000 a 2008. Foram incluídos pre-
ferencialmente ensaios clínicos, meta-análise e revisões nos 
idiomas português, Inglês e espanhol, bem como artigos 
relacionados cujo tema abordado fosse o uso clínico ou 
experimental de Lactobacillus e Bifidobacterium na rinite 
alérgica, sendo excluídos estudos com outras formas de 
alergia. Os descritores utilizados nas respectivas línguas 
foram “probióticos, rinite alérgica, Lactobacillus, Bifido-
bacterium”.
Quando se pesquisou o descritor Bifidobacterium, 
1963 trabalhos foram encontrados, elevando-se para 7012, 
quando o descritor utilizado foi Lactobacillus. Estes acha-
dos sugerem grande interesse nos probióticos, sobretudo 
nos Lactobacillus, provavelmente devido a sua ampla 
utilização como suplemento alimentar e, pelo crescente 
interesse no seu uso, para promoção da saúde. Quando 
se cruzou os descritores rinite e Lactobacillus, rinite e 
Bifidobacterium e rinite e probióticos, estes números de-
cresceram para 26, 10 e 46 artigos respectivamente.
131
Brazilian Journal of otorhinolaryngology 77 (1) Janeiro/fevereiro 2011
http://www.bjorl.org.br / e-mail: revista@aborlccf.org.br
REVISÃO DA LITERATURA
A barreira intestinal é nossa maior barreira corporal 
contra microrganismos e substâncias estranhas. Distúrbios 
na microbiota intestinal alteram a permeabilidade e dimi-
nuem a seletividade intestinal às macromoléculas, fenôme-
no conhecido como “leaky gut,”, ou seja, intestino vazado. 
Os probióticos podem reforçar as junções intercelulares 
no trato gastrointestinal, deixando o intestino menos 
vazado - “less leaky” - bem como aumentar as citocinas 
que estimulam linfócitos da linhagem Th1, restabelecen-
do a tolerância oral e diminuindo a resposta alérgica7,8. É 
entendido, então, que a composição da flora intestinal é 
importante no balanço da resposta imune.
Estudo avaliando crianças de países com alta inci-
dência de doença alérgica, comparando com crianças de 
países com baixa incidência destas doenças, demonstrou 
que havia diferença na composição da flora intestinal des-
tas crianças com predomínio de Clostridium e S. aureus 
nas primeiras e Lactobacillus, Bifidobacterias e Enterococos 
nas segundas9.
Inúmeros estudos têm observado atividade antialér-
gica dos Lactobacillus, com poucos estudos envolvendo 
as Bifidobactérias, sendo esta atividade em ambas as bac-
térias espécie-específica. Porém, o que se observa nestes 
estudos é que tanto os probióticos do gênero Lactobacillus 
quanto do gênero Bifidobacterium têm suprimido a res-
posta alérgica, promovendo a modulação e regulação do 
sistema imune10.
Aldinucci et al., 2002, investigaram 20 voluntários, 
13 com rinopatia alérgica e 7 saudáveis, que participaram 
do grupo controle, em relação aos efeitos do consumo por 
quatro meses de iogurte contendo Lactobacillus delbruekii, 
sub bulgaricus e Streptococcus thermophilus, ou seja dois 
tipos de probióticos: um Lactobacillus acidophilus e um 
bifidobacterium ou leite desnatado. Dos 13 indivíduos, 7 
receberam 450g de iogurte e 6, 450g de leite parcialmente 
desnatado, sendo mantida dieta habitual. Foram avaliados 
antes e depois os seguintes parâmetros: índice de prolife-
ração das células mononucleares e sua liberação de Inter-
feron Gama (INF- γ) e Interleucina-4 (IL-4). Para avaliar 
rinopatia alérgica utilizou-se testes de funcionalidade nasal 
(rinometria anterior, rinometria acústica), o Prick teste, 
teste de provocação nasal específica (TNP), dosagem de 
IgE específica no sangue, avaliação da sintomatologia e 
teste do transporte mucociliar nasal. Os pacientes que se 
alimentaram com iogurte tiveram melhora na sintomatolo-
gia e no transporte mucociliar nasal, sendo que os outros 
parâmetros permaneceram inalterados; já em relação à 
cultura de células, houve diminuição da secreção de IL-4 
e mais secreção de TNF-γ, sem alteração na taxa de pro-
liferação. Estes achados, segundo os autores, indicam um 
efeito benéfico no uso deste tipo de alimentação10.
As células dendríticas são consideradas as células 
apresentadoras de antígenos mais eficientes, participan-
do de forma importante na iniciação da resposta imune 
primária e no desenvolvimento da secundária. Estas cé-
lulas podem ser moduladas pelos probióticos e isto seria 
possível devido a receptores na membrana específicos, 
denominados “toll-like” para as bactérias. Christensen 
et al., 2002, demonstraram que diferentes espécies de 
Lactobacillus exercem diferentes formas de ativação nas 
células dendríticas11.
Kimoto et al., 2004, realizaram estudo com objetivo 
de avaliar a atividade imunomoduladora de 15 cepas de 
Lactobacillus. Inicialmente, realizaram In vitro a avaliação 
da capacidade de indução de citocinas em cultura de 
macrófagos de murinos linha J774. 1. Neste experimento 
6 cepas de Lactobacillus induziram produção de IL2, IL6, 
TNF-α de forma espécie-específica. Destas cepas, a G50 foi 
a maior indutora de citocinas, sendo, então, isolada para 
maiores estudos. Foi também analisado a capacidade de 
indução de citocinas pela cultura de macrófagos, induzida 
por cepas L. lactis subsp. Lactis G50 mortas pelo calor, 
para avaliar se mantinham sua atividade mesmo na forma 
inviável. Observou-se que esta cepa continuou a induzir 
produção de citocinas, sugerindo que esta atividade está 
relacionada com elementos na parede bacteriana. Pode-
se observar, também, que as inviáveis estimularam maior 
produção de IL12 e menor de IL6, quando comparadas 
com as cepas viáveis12.
Os mesmos autores avaliaram a atividade In Vivo, 
administrando por via oral Lactobacillus, cepa G50, por 7 
dias, a camundongos BALB/c e posteriormente analisan-
do suas células esplênicas, sendo observado que houve 
aumento da síntese de IL12 e interferon gama e leve di-
minuição de IL4 e IL6, em relação ao controle. O efeito 
do Lactobacillus, na produção de anticorpos In vivo, foi 
também estudado, a partir da imunização dos camundon-
gos com OVM (ovomucoide) medindo-se o nível de anti-
corpos no plasma. A taxa de IgE específica para o antígeno 
utilizado (OVM) no soro dos que receberam Lactobacillus 
G50 apresentou significativa redução (p<0,01) em relação 
ao controle, bem como de IgG 1, imunoglobulinas envol-
vidas nos processos alérgicos, não havendo alteração na 
IgG2a que não está envolvida nestes processos. Quando 
as células esplênicas dos camundongos sensibilizados com 
OVM foram incubadas com este antígeno e posteriormente 
medido a quantidade de OVM-IgE no sobrenadante, pode-
se verificar que nos camundongos que receberam Lacto-
bacillus por via oral houve uma diminuição significativa 
de IgE específica sem, no entanto, haver alteração nos 
níveis de interleucinas. Estes achados sugerem que o uso 
de Lactobacillus, especificamente da cepa L. lactis subsp. 
Lactis G50, promoveu uma estimulação da linhagem Th1 
em detrimento da Th2, fato importante a se considerar, na 
modulação de condições alérgicas, uma vez que o status 
imunológico do ser humano está intimamente relacionado 
ao balanço Th1/Th2.

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Continue navegando