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1- Descreva o perfil dos profissionais infratores
2- Qual das categorias comete mais infrações éticas?
3- Quais as infrações mais comuns?
4- Quais as justificativas apresentadas?
PROCESSOS ÉTICOS CONTRA PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM NO COREN-PI: ANÁLISE DAS INFRAÇÕES
 Maria Enoia Dantas da Costa e Silva, Emanuele Palhano de Oliveira, Thays Rezende Lima, Silvana Santiago da Rocha, Maria dos Remédios Alves Monteiro
Os resultados do estudo estão apresentados neste capítulo obedecendo a sequência das variáveis previstas para o alcance dos objetivos propostos e em seguida, discutidos à luz do referencial teórico relativo ao tema. Os dados que tratam do perfil dos profissionais envolvidos em processos éticos instaurados e concluídos no COREN-PI, quanto ao sexo, mostram que 80% dos profissionais são femininos em detrimento dos 20% que são masculinos. Estes percentuais são compatíveis com a história do desenvolvimento da Enfermagem desde os seus primórdios em que as mulheres adquiriam habilidades de cuidar, assim, a arte de cuidar nasce com as mulheres. Para Souza (2009), a mulher fora contemplada na divisão social do trabalho pelo cuidado das crianças, velhos e doentes, nascendo da idéia de que o homem exercia funções patriarcais. 
De acordo com dados estatísticos do COFEN (2010), no Brasil, a quantidade de profissionais do sexo masculino que exercia a profissão neste período, era em torno de 12,76 % para 87,24% do sexo feminino. No Piauí, esses dados se modificam para 9,40 % do sexo masculino contra 90,60 % do sexo feminino, consequentemente o número de infrações cometidas por mulheres, na área de Enfermagem, é consideravelmente mais elevado. 
Quanto a idade dos infratores, o estudo mostra que 65% dos profissionais (auxiliares, técnicos e enfermeiros) que cometeram infrações éticas, está na faixa compreendida entre 31 e 10 52 anos, sendo considerados elevados quando comparados aos 13% dos profissionais na faixa de 18 a 30 anos. Poderia se esperar que estes últimos, pelo fato de serem mais jovens, cometessem maior número de infrações ocasionado pela imaturidade profissional, insegurança no trabalho, entre outros fatores. 
Segundo informações do COFEN (2011), os profissionais de enfermagem concentram-se na faixa etária de 26 a 55 anos, estando a maioria entre 26 a 35 anos, 35,98% do total dos profissionais de Enfermagem do Brasil. No Piauí a concentração destes profissionais está entre 15 a 25 anos (1.185); 25 a 35 anos (5.102); 35 e 45 anos (4.152) e entre 45 e 55 anos (3.198), possuindo um maior número de profissionais na faixa etária de 25 a 35 anos (33,75%), podendo ser feito a relação de que nessa faixa possui mais profissionais, assim, tendo uma maior probabilidade de casos de infrações. 
Os dados que tratam da naturalidade dos profissionais de Enfermagem envolvidos nos processos éticos no COREN-PI, mostram iguais percentuais (14,08%) para os nascidos na capital e outros municípios fora do estado e 71,83% de profissionais nascidos no interior do Piauí. 
Embora os resultados mostrem que o maior número de infratores do Código de Ética da Enfermagem tenha nascido no interior do Estado, acredita-se que este número não tenha relação direta com o fato em si, pois no estudo, não se explorou a permanência ou não destas pessoas em sua cidade de origem. Esta relação não se encontra fundamentada nas pesquisas realizadas nos bancos de dados. Desta forma, o estudo não explica tal relação. 
Em se tratando do estado civil, os 58% dos profissionais infratores do Código de Ética aparece como solteiros, percentual elevado quando comparado aos 35% de casados. Salienta-se que o esperado fosse o inverso, vez que estes últimos, são mais atarefados pelas responsabilidades adicionais da vida conjugal, familiar, o que os levariam à maior sobrecarga de estresses indutores de erros no trabalho de enfermagem. 
Sobre o assunto, no Brasil, estudos realizados pelo COFEN (2010) mostram que há maior incidência de profissionais de enfermagem solteiros (49,29%) em detrimento dos 34,66 % para casados. No Piauí, os percentuais são mais elevados, com 56,27 % para solteiros e 39,75 % para casados. Desta forma, estende-se que este maior quantitativo de processos éticos envolvendo profissionais solteiros, esteja relacionado a esses dados. 
Ao se considerar a idade média dos profissionais, o percentual de solteiros é bastante elevado, o que permite pensar num provável fator de mudança do perfil da sociedade, uma vez que a maioria dos candidatos é do sexo feminino e que na sociedade brasileira as mulheres de uma maneira geral, casavam-se muito mais cedo. O maior percentual de solteiros é citado por VAL (1999). 
Em relação às infrações éticas cometidas no estudo e o tempo de cadastro dos profissionais infratores no COREN-PI, os resultados mostram os 32% de profissionais com tempo de cadastro de 2 a 6 anos, percentual semelhante para os que têm tempo de cadastro entre 7 a 11 anos e um percentual menos elevado (28%), para os profissionais com tempo de cadastro acima de 12 anos. Neste sentido, observa-se um equilíbrio entre estes percentuais, mostrando que o tempo de cadastro no COREN-PI, não tem relação direta com as infrações cometidas. 
Segundo o presidente do COFEN, Silva (2011), o elevado índice de infrações ao Código de Ética da profissão está relacionado a vários fatores, destacando a sobrecarga, as condições de trabalho a que são submetidos estes profissionais, a qualificação precária pelas instituições formadoras, as condições variadas de remuneração, as extensivas jornadas de trabalho, entre outros. Não aponta o tempo de cadastro no conselho regional de classe como fator determinante das infrações. 
Quanto aos infratores éticos por categoria profissional de Enfermagem envolvidos nos processos éticos no COREN-PI, os dados mostram que 52,11% dos infratores são Enfermeiros, 30,99% são Auxiliares e 15,49% são técnicos. Observa-se que apenas 1,41% dos Enfermeiros são responsáveis técnicos (RT) por todos os demais. 
Dados estatísticos do COFEN (2007) mostram que em todo o Brasil, o número de profissionais de Enfermagem corresponde a 1.449.583. Deste total, 287.119 são enfermeiros (19,81%), 625.862 são técnicos (43,18%), 533.422 profissionais (36,80%) são auxiliares, 106 (0,01%) são parteiras e não informados 3.074 profissionais, correspondendo a 0,21% do total. 
A partir desta distribuição, evidencia-se que o elevado percentual de enfermeiros envolvidos em processos éticos não está relacionado ao número de profissionais existentes na categoria de enfermeiros, não havendo, portanto, proporcionalidade entre os dados. 
Estudos realizados por Santos e Castro (2010) explicam que há uma necessidade de os enfermeiros integrarem as funções administrativas inerentes aos cargos de chefia, 12 desempenhar papéis de liderança e isso pode acarretar um alto grau de responsabilidade e estresse o que muitas vezes pode ocasionar falhas que resultam em infrações. 
Os resultados mostram ainda, que o maior índice de infrações foi cometido por profissionais que trabalham em Hospitais Públicos (52,11%) e em outros locais (33,80%), dentre estes as Secretarias Municipais de Saúde e Unidades Mistas de Saúde de Saúde e Unidades Básicas. Portanto, estes índices podem ser explicados pelo fato de que nesses locais a quantidade de pacientes que o profissional de Enfermagem tem sob sua responsabilidade de cuidar, é maior do que em Hospitais Privados (6%) e em Clínicas Privadas (1,41%). Ressalta-se que 40,85% de todos os profissionais envolvidos nos processos éticos, tem um segundo local de trabalho. Dentre estes outros locais, 19,72% não tiveram seus nomes citados e 11,27% eram Clínicas Privadas. 
As infrações identificadas nos processos éticos no COREN-PI, de acordo com a gravidade ao paciente, mostram que 61,97% dos profissionais cometeram infrações leves e as infrações graves e gravíssimas juntas representam 18,31%, o que se considera percentuais elevados de infração ao Código de Ética. 19,72% foram de profissionais não cometeram nenhuma infraçãoembora tenham sido instaurados e concluídos os processos éticos. 
O Código de Ética de Enfermagem descreve em seus artigos que infração ética é caracterizada por uma ação que ocasione um descumprimento das disposições desse Código, caracterizando assim, a gravidade da infração através da análise dos danos e suas respectivas consequências (Resolução COFEN 311/2007). 
No Art.121 do Código de Ética de Enfermagem (2007), as infrações são consideradas leves, graves ou gravíssimas, segundo a natureza do ato e a circunstância de cada caso. O 1º parágrafo desse artigo mostra que são consideradas infrações leves as que ofendam a integridade física, mental ou moral de qualquer pessoa, sem causar debilidade ou aquelas que venham a difamar organizações da categoria ou instituições. No 2º parágrafo do mesmo artigo são consideradas infrações graves as que provoquem perigo de vida, debilidade temporária de membro, sentido ou função em qualquer pessoa ou as que causem danos patrimoniais ou financeiros. E no 3º parágrafo são consideradas infrações gravíssimas as que provocam morte, deformidade permanente, perda ou inutilização de membro, sentido, função ou ainda, dano moral irremediável em qualquer pessoa. 
Dentre as infrações mais comuns, a inobservância das normas técnicas, (39%), foi a mais infringida, seguida da prescrição de medicamentos (18,26%), sutura (8,7%), parto (7,8%) e auxílio cirurgia com 6,95%. Relativo às infrações, os profissionais apresentaram nos depoimentos anexados aos processos éticos, as justificativas que contribuíram para que estas ocorressem: 
[...] realização de parto é uma prática comum na instituição, realizada há bastante tempo, quando cheguei para trabalhar na Instituição me deparei com o problema (2). [...] esse procedimento é comum devido à ausência de médico. [...] como se tratava de um caso de emergência, não poderia omitir socorro. No hospital são realizadas apenas cesarianas eletivas. A escala foi modificada passando a conter as informações necessárias (2). A prática de sutura, assim como o auxílio cirurgia são decorrentes da baixa escolaridade dos profissionais, atualmente os profissionais não praticam tais procedimentos, pois deixo claro que é proibido. Quanto à inobservância das técnicas prometo ser mais rigoroso na fiscalização (4,3). [...] eu não realizava suturas, houve apenas um equívoco (outra funcionária fez anotações indevidas no livro de Enfermagem) (4,1). [...] prestei auxílio cirurgia somente em caso de urgência, os profissionais não exercem mais desvio de função e fazem anotações no prontuário dos pacientes (1,3). Apenas retirei a placenta por determinação da superior. O que prova que a paciente veio a óbito não por minha culpa (1,2). Ausência de médico em plantão frequentemente, apenas os profissionais de enfermagem ficavam responsáveis pelo atendimento à população, os outros realizados foram praticados devida a situação de urgência dos pacientes, sem causar danos (1). [...] o parto aconteceu de maneira natural, apenas aparei a criança. [...] todas as atividades são realizadas com profissionalismo, respeitando o Código de Ética da Enfermagem (1,2). [...] houve um equívoco no livro de parto, onde não foi preenchido por completo, faltando o nome do médico. [...] à prescrição de medicamento alego ausência de profissional médico (1). [...] o auxílio de cirurgia, foi procedida em situação de urgência. Em relação aos partos, o que de fato aconteceu, foi que os pacientes deram entrada no hospital em um avançado estágio de trabalho de parto (URGÊNCIA) (2,3). [...] prestei auxilio cirurgia pela dificuldade de contratação de profissionais médicos (ausência de médico) (1,3). [...] disse que a medicação não possuía bula, por isso não apliquei (1). [...] não sabia que existia previsão legal para prescrições de medicamentos e sua respectiva posologia [...] desconheço a resolução que proíbe prescrição de medicamento (1, 5). [...] a prescrição de medicamento ocorreu devido à ausência de médico. [...] existe escala de Enfermagem e que a mesma é assinada por ele. Que somente dois profissionais não carimbaram e nem colocavam o número de inscrição (1, 5). [...] devido à ausência do médico há impossibilidade de remoção do paciente para outro centro de atendimento, fez-se necessário à administração de medicamento. Quanto a inexistência de CRT (Certidão do Responsável Técnico), a situação encontra-se regularizada (1,5). [...] ausência momentânea da enfermeira de plantão. [...] existiu consentimento por parte da paciente, que a mesma 14 estava sofrendo, e por isso não poderia omitir socorro, fazendo administração de medicamento (1,5). As prescrições de medicamentos foram realizadas em situações emergenciais, assim como o atendimento em ausência do médico, ou seja, situações previstas pelo código de ética profissional (1,5). 
O conteúdo dos depoimentos acima descritos aponta a ausência de médico, enfermeiros assistenciais e responsáveis técnicos (RT), nos serviços de saúde, como fator primordial para a ocorrência das infrações na Enfermagem. Nos casos de “urgências” sentem-se obrigados a realizar procedimentos que não são da sua competência. Assim, descumprem vários artigos do Código de Ética da profissão entre estes o Artigo 13 - que traz em seu enunciado que os profissionais devem: avaliar criteriosamente sua competência técnica, científica, ética e legal e somente aceitar encargos ou atribuições, quando capaz de desempenho seguro para si e para outrem; O Artigo 33 - que ressalta que a Enfermagem deve: prestar serviços que por sua natureza competem a outro profissional, exceto em caso de emergência. Ainda, o Artigo 73 - que informa aos profissionais: trabalhar, colaborar ou acumpliciar-se com pessoas ou jurídicas que desrespeitem princípios e normas que regulam o exercício profissional de Enfermagem, é infração ética, estando esses profissionais submetidos a punições. 
A partir do exposto, as infrações foram cometidas pelos profissionais porque partos, cirurgias, suturas, bem como prescrição de medicamentos, nos serviços de saúde, são procedimentos de rotina, devendo a equipe multiprofissional estar presente para as especificidades. A Enfermagem não deve assumir o papel de outras profissões. 
Neste sentido, o estudo remete à necessidade de intensificação de fiscalização do COREN-PI nos serviços de saúde, buscando direcionar corretamente os profissionais da Área de Enfermagem para o exercício legal da profissão. Por outro lado, intensificar as notificações das instituições infratoras para que tomem as devidas providências de organização dos serviços, possibilitando uma assistência livre de riscos e danos à população. 
Outro fator apontado nas justificativas contidas nos processos éticos, que contribui para as infrações, diz respeito à baixa escolaridade e a qualificação inadequada dos profissionais de Enfermagem. A falta de acesso aos conhecimentos éticos, técnicos e científicos, induz os profissionais a esses erros, tornando-os coniventes à desobediência e /ou a inobservância às disposições legais contidas no Artigo 113 que considera: Infração Ética é a 15 ação, omissão ou conivência que implique em desobediência e/ou inobservância às disposições do Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem. 
Em face do exposto, as justificativas apontam para a necessidade de estabelecimento de programas de educação permanente, nos serviços de saúde, assegurando de forma atualizada esses conhecimentos. 
Sobre a administração de medicamentos, Carvalho, et al (1999) afirma que esta é uma das atividades mais sérias e de maior responsabilidade da Enfermagem e para sua execução é necessária a aplicação de vários princípios científicos que fundamentam a ação do enfermeiro, de forma a prover a segurança do paciente. Neste estudo, os profissionais colocam em risco a assistência de enfermagem aos pacientes e consequentemente as suas vidas, sendo esta situação identificada em várias realidades brasileiras, onde a imprensa divulga erros na medicação ocorridos em diversas situações hospitalares,ambulatoriais e domiciliares, servindo de alerta para que a sociedade se conscientize de que esses erros podem ocorrer e devem ser discutidos (COIMBRA, JAH, 2004). 
Outro estudo revela ainda, erros na medicação e que estes representam uma triste realidade no trabalho dos profissionais de saúde, com sérias consequências para pacientes e para a organização hospitalar, repercutindo negativamente nos resultados institucionais face aos indicadores relevantes da qualidade da assistência prestada aos pacientes hospitalizados (CARVALHO, VT, 2000). Dessa forma, acredita-se que providências devam ser tomadas para a prevenção desses erros na realidade do estudo. 
Os resultados relacionados aos tipos de danos causados aos pacientes pelos profissionais de enfermagem envolvidos nos processos éticos no COREN-PI, sendo que em 4,23% dos casos houve risco de vida e em 5,63% risco a integridade física/mental/moral. O percentual relativo a outros danos é irrelevante, menor que 1%, sendo eles: dano patrimonial e financeiro, deformidade permanente, perda/inutilidade de membros/sentidos/função e danos morais irreversíveis. Não houve nenhum dano em 87,32% dos casos. Embora o percentual de não ocorrência de danos tenha sido consideravelmente elevado (87,32%), o estudo mostra que os profissionais cometem infração ao Código de Ética de Enfermagem, contrariando especialmente o Art. 12 que traz em seu conteúdo que todo profissional de enfermagem deve: proteger o cliente contra danos decorrentes de imperícia, negligência ou imprudência por parte de qualquer membro da equipe de saúde (COFEN, 2007). 
No período de janeiro de 2007 a janeiro de 2012 os resultados mostraram que em 12,68% dos casos das infrações ocorreram danos ao paciente/cliente e que dentre estes tipos estão os danos graves, como o risco de vida ou até mesmo gravíssimos, como a morte do paciente/cliente. Com relação às penalidades aplicadas as instituições onde ocorreram estes danos, verificou-se elevado percentual (98,6%) de ausência destas, 1,4% dos casos houve notificação e cobrança de documentos pendentes. 
Os resultados apresentados acima indicam que os profissionais são os únicos responsabilizados pelos danos cometidos nas instituições, ficando estas isentas de sua parcela de culpa. Segundo as prerrogativas do SUS, cabe às Instituições de Saúde o provimento das condições indispensáveis (recursos humanos, materiais, normativos, entre outros) para que os profissionais realizem suas ações livres de danos ao assistirem à população. Neste aspecto, a pesquisa mostra que as Unidades de Saúde são livres de multas ou de outras punições como a interrupção de seu funcionamento, o que seria de se esperar, pelas evidências de contribuição para a ocorrência de erros. 
Quanto às providências tomadas pelo COREN-PI em relação aos profissionais de enfermagem envolvidos nos processos éticos, o estudo mostra que em 77,46% dos casos, houve aplicação de alguma penalidade e em 22,54% houve absolvição. Em 100% dos casos em que houve aplicações de penalidades, ocorreu também a aplicação de uma segunda penalidade, que foi a orientação técnica. 
Em face dos resultados, o estudo mostra que o COREN-PI vem desempenhando o seu papel no sentido de fiscalizar, instruir e orientar os profissionais na abrangência do Estado. Contudo, chama-se atenção para o elevado percentual de absolvição (22,54%) o que evidencia que algo precisa ser revisto na instauração dos processos, talvez no momento de averiguação das denúncias e ou na admissibilidade de instauração dos processos éticos. 
Dentre os tipos de penalidades aplicadas aos profissionais de Enfermagem envolvidos nos processos éticos no COREN-PI, sobressaiu-se a advertência verbal com um percentual 57,75%. Esta consiste na admoestação ao infrator, de forma reservada, que será registrada em seu Prontuário, na presença de duas testemunhas. Em seguida, 15,49% dos profissionais foram censurados o que corresponde à repreensão a ser divulgada nas publicações oficiais dos Conselhos Federal e Regional de Enfermagem e em jornais de grande circulação. 
Em 1,41% dos profissionais, as multas foram aplicadas o que implica na obrigatoriedade de pagamento de 01 (um) a 10 (dez) vezes o valor da anuidade da categoria profissional à qual pertence o infrator, em vigor no ato do pagamento. E 1,41% recebeu a suspensão que consiste na proibição do exercício profissional da Enfermagem por um período não superior a 29 (vinte e nove) dias. Ambas são divulgadas nas publicações oficiais dos Conselhos Federal e Regional de Enfermagem, jornais de grande circulação e comunicada aos órgãos empregadores. A cassação, com 1,41%, implicando na perda do direito ao exercício da Enfermagem sendo também divulgadas como as anteriores. Apenas em 23,94% deles não houve aplicação de penalidade. 
Os artigos do Código de Ética infringidos pelos profissionais de Enfermagem envolvidos nos processos éticos no COREN-PI foram citados 411 vezes nos 72 processos éticos examinados, sendo que os mais infringidos: Art.12, com 9,25%, o 48 com 8,76% e o artigo 5º com 8,52% das ocorrências. O Art. 12 mostra que todo profissional da área, deve assegurar à pessoa, família e coletividade assistência de Enfermagem livre de danos decorrentes de imperícia, negligência ou imprudência; o Art. 48 assegura que esses devem cumprir e fazer os preceitos éticos e legais da profissão e o Art. 5°, exercer a profissão com justiça, compromisso, equidade, resolutividade, dignidade, competência, responsabilidade, honestidade e lealdade (COFEN, 2007). 
Em face do exposto, os resultados do estudo mostram que a assistência de Enfermagem, no estado do Piauí, apresenta riscos à população, não atendendo as prerrogativas legais da Constituição Brasileira, no Art. 196 que mostra o direito da população a saúde: A saúde é direito de todos e deve do Estado, garantindo mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção proteção e recuperação (Brasil, 1988). 
Com relação ao tipo de Unidade de Saúde em que ocorreram as infrações os Hospitais Públicos foram os que mais se destacaram com 59,2%, seguidos das Unidades Mista de Saúde (UMS) com 14% e Secretaria de Saúde com o total de 12,7% dos casos. As outras unidades (Hospital Privado, Clínica Privada, Centro de Saúde/Ambulatório Público, Laboratório e Unidade Básica de Saúde) somam 14%. A maior incidência de infrações em Hospitais Públicos pode ser atribuída em parte, a deficiência de orientação, a escassa fiscalização dos órgãos responsáveis pelo exercício desses profissionais e também aos grandes números de usuários atendidos pelo SUS. 
Este Sistema de Saúde é regido por princípios destacando-se entre eles, a Integralidade que determina: a atenção à saúde inclui tanto os meios curativos quanto os preventivos; tanto os individuais quanto os coletivos. Em outras palavras, as necessidades de saúde das pessoas (ou de grupos) devem ser levadas em consideração mesmo que não sejam iguais às da maioria; e a Equidade que ressalta: todos devem ter igualdade de oportunidade em usar o sistema de saúde. No entanto, como no Brasil existem as disparidades sociais e regionais, as necessidades de saúde variam. Por isso, enquanto a Lei Orgânica Nº 8.080 do SUS, (BRASIL, 1990), fala em igualdade, tanto o meio acadêmico quanto os políticos consideram mais importante lutar pela Equidade do SUS. 
Quanto à distribuição geográfica das unidades de saúde aonde ocorreram às infrações dos profissionais de Enfermagem envolvidos nos processos éticos do COREN-PI, se destaca o interior do Estado, com 78,9%, o que reforça a suposição anterior de que há deficiências de orientação e fiscalização das ações desenvolvidas por esses profissionais, na assistência da população. Esse alto índice de infrações no interior do Estado pode estar relacionado às precárias condições dos ambientes de trabalho. Ambientes organizados é um dos seus direitos dos profissionais de Enfermagem para o desenvolvimentocorreto das suas atividades, obedecendo às prerrogativas contidas no Art. 63 do CEE, que orienta os profissionais a: desenvolver suas atividades profissionais em condições de trabalho que promovam a própria segurança e a da pessoa, família e coletividade sob seus cuidados, e dispor de material e equipamentos de proteção individual e coletiva (COFEN, 2007).

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