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QUÍMICA DOS MATERIAIS Aula 2 - Comportamento Mecânico INTRODUÇÃO Nesta aula, você irá reconhecer as possíveis falhas na composição dos materiais, compreender a mecânica do seu comportamento e identificar novos materiais e tecnologias. A determinação e o conhecimento das propriedades mecânicas são muito importantes para a escolha do material para uma determinada aplicação, bem como para o projeto e a fabricação do componente. As propriedades mecânicas definem o comportamento do material quando sujeitos a esforços mecânicos, pois elas estão relacionadas à capacidade do material de resistir ou transmitir esses esforços aplicados sem romper e sem se deformar de modo incontrolável. Compreender esses conceitos ajuda a escolher o melhor material de acordo com a solicitação que será exigida. Bons estudos! OBJETIVOS Reconhecer as possíveis falhas no dimensionamento de determinação dos materiais a serem especificados em um projeto; Compreender o comportamento mecânico dos materiais; Identificar novos materiais e tecnologias. COMPORTAMENTO REOLÓGICO O comportamento reológico é o que nos interessa conhecer nesta aula. Ele se refere à maneira como o material se deforma quando sujeito à ação de forças. A influência das referidas interações no comportamento macroscópico do material é estudada por ciências como a Física do estado sólido, e está em grande parte esclarecida, pelo menos qualitativamente. O esclarecimento quantitativo depara com dificuldades até agora não ultrapassadas, que se prendem com a complexidade dos fenômenos físicos envolvidos. A imagem a seguir ilustra esses fenômenos: Fonte da Imagem: Andrei Tarchyshnik / Shutterstock Podemos observar, pela imagem acima, que a determinação das propriedades mecânicas é feita através de ensaios mecânicos. Utilizam-se, normalmente, corpos de prova (amostra representativa do material) para o ensaio mecânico, já que por razões técnicas e econômicas não é praticável realizar o ensaio na própria peça, que seria o ideal. Geralmente, usam-se normas técnicas para o procedimento das medidas e confecção do corpo de prova para garantir que os resultados sejam comparáveis. A seguir, vamos conhecer as imperfeições, a difusão e as falhas que podem ocorrer nos materiais. IMPERFEIÇÕES Considerando que os materiais sofrem inúmeras variações e que, nem sempre temos as estruturas bem definidas — conforme as redes estruturais propostas no tópico anterior — sendo que muitas das propriedades dos materiais são profundamente sensíveis a desvios, podemos identificar imperfeições ou defeitos nesses materiais. Um defeito na estrutura cristalina pode ser compreendido como a ruptura de sua regularidade. Os defeitos são responsáveis por inúmeros processos que são fundamentais para a utilização de certos materiais em Engenharia. Eles podem ser classificados em: defeitos puntiformes, defeitos lineares e defeitos superficiais. Vamos conhecê-los! DEFEITOS PUNTIFORMES Se apresentam basicamente pela quebra da regularidade da rede cristalina que ocorre em um ponto especifico da mesma. Existem vários tipos de defeitos puntiformes, e os mais comuns são a vacância, também conhecida como vazio, e as impurezas. A imagem, a seguir, ilustra um exemplo de vacância. DEFEITOS LINEARES São imperfeições da rede que ocorrem ao longo de uma linha e são chamadas de discordância. Existem três tipos de discordâncias: OBSERVE COMO OCORRE A DISCORDÂNCIA: As discordâncias deformam localmente a rede, criando tensões locais de compressão e tração. As discordâncias estão envolvidas na deformação plástica dos cristais. Tensões cisalhantes causam seu movimento. A discordância se move até a superfície do material dando origem a um degrau. O material sofre uma deformação não recuperável. A seguir, você pode visualizar exemplos de discordância mista e em cunha. DEFEITOS SUPERFICIAIS São imperfeições que ocorrem ao longo de uma superfície. Esses defeitos possuem alta energia e são responsáveis por alguns fenômenos: As imagens a seguir ilustram exemplos de defeitos superficiais. Fonte da Imagem: Verkhozina Ekaterina / Shutterstock Segundo Callister Júnior, entende-se por difusão o fenômeno de transporte de material por movimento atômico. O processo de difusão pode ocorrer em materiais, líquidos, gasosos e sólidos; iremos ver quais são os processos de difusão mais importantes que ocorrem nos materiais sólidos e que podem influenciar na sua utilização. Em geral, o processo de difusão consiste em um tratamento térmico para melhorar as propriedades, como dureza e resistência dos materiais. O processo ocorre em virtude da migração dos átomos de um ambiente da rede para outro. Para que isso aconteça é necessário que duas condições sejam atendidas: Fonte da Imagem: Deve existir um ambiente adjacente vazio. Fonte da Imagem: O átomo deve possuir energia suficiente para romper ligações atômicas que o unem aos seus vizinhos, assim causando alguma distorção na rede durante seu deslocamento. Dos vários modelos de difusão propostos, dois são mais comuns para a difusão em metais: DIFUSÃO POR LACUNA Envolve o deslocamento de um átomo, de uma posição normal da rede para um ambiente vazio ou lacuna adjacente. Para a ocorrência desse processo é necessário que haja a presença de lacunas, a extensão segundo a qual a difusão pode ocorrer é uma função do número desses defeitos que estão presentes na rede. É possível que existam concentrações significativas de espaços vagos em metais submetidos a altas temperaturas. A imagem, a seguir, ilustra um exemplo de difusão por lacuna. DIFUSÃO INTERSTICIAL Nesse processo de difusão, ocorre que os átomos migram de uma posição intersticial para outra vizinha que esteja vazia. Esse mecanismo é encontrado para interdifusão de impurezas tais como hidrogênio, carbono, nitrogênio e oxigênio, que possuem átomos pequenos o suficiente para se encaixarem no interior das posições intersticiais. A seguir, você pode visualizar um exemplo de difusão intersticial. FALHAS É importante prever a ocorrência de falhas para minimizar os custos provenientes delas. Em um projeto de um componente ou uma estrutura, é necessário conhecer as propriedades mecânicas dos materiais a serem utilizados, bem como, as possibilidades de ocorrências de falhas. As falhas podem se apresentar em três modalidades. Vamos conhecê-las. FRATURA Fonte da Imagem: Verkhozina Ekaterina / Shutterstock Entende-se por fratura a divisão de um corpo em duas ou mais partes em função da imposição de uma tensão. Essa tensão pode ser aplicada abrupta ou constantemente, variando devagar ao longo do tempo. As tensões normalmente aplicadas e que apresentam fraturas são tensões estáticas. Geralmente, ocorrem em temperaturas baixas quando comparadas à temperatura de fusão do material. As tensões aplicadas, nos materiais, podem ser de tração, compressão, cisalhamento ou torção. NOS MATERIAIS COMUMENTE APLICADOS NA ENGENHARIA, É POSSÍVEL IDENTIFICAR DUAS MODALIDADES DE FRATURAS: FRATURA DÚCTIL Ocorre nos materiais que apresentam grande deformação plástica. Esses materiais têm a característica de absorver grande quantidade de energia antes da fratura. FRATURA FRÁGIL Ocorre nos materiais que apresentam pouca deformação plástica. Esses materiais têm a característica de absorver pequena quantidade de energia antes da fratura. Os processos de fratura ocorrem geralmente em duas etapas: A imagem, a seguir, ilustra um exemplo de fratura altamente dúctil e moderadamente dúctil. A fratura frágil caracteriza-se por apresentar pequena ou nenhuma deformação plástica na vizinhança de uma trinca que está avançando. A trinca pode se propagar de maneira extremamente rápida. A seguir, você pode visualizar um exemplo de fratura frágil. FADIGA É uma forma de falha que ocorre em estruturassujeitas à tensão dinâmica, por exemplo: Em função da exposição a essas tensões, é possível que a falha ocorra em nível de tensão consideravelmente menor que o limite de resistência estabelecido para uma carga estática. Segundo Callister: É importante reconhecer as possíveis manifestações de fadiga, pois essa é a maior causa individual de falha em metais. Os polímeros e os cerâmicos, exceto o vidro, também são suscetíveis a esse tipo de falha; além disso, a fadiga apresenta-se de maneira catastrófica e traiçoeira, ocorrendo na maioria das vezes de modo repentino e sem nenhuma manifestação anterior. FLUÊNCIA Fonte da Imagem: Verkhozina Ekaterina / Shutterstock Entende-se por fluência a deformação permanente que ocorre ao longo do tempo nos materiais quando eles são submetidos a tensões constantes. O comportamento mecânico dos materiais caracteriza-se pela resposta que eles manifestam quando submetidos à tensão ou deformação. Quando um material é submetido a esforços mecânicos ele se deforma de duas maneiras: COMPORTAMENTO ELÁSTICO Entende-se por um material que exibe tal comportamento quando ele, ao ser submetido a esforços mecânicos, apresenta deformações não aparentes, ou seja, esse material tem a propriedade de absorver as tensões a qual ele está submetido; quando se cessa essa tensão, o material retorna à sua dimensão original. Na observação a nível atômico, verificamos que as células unitárias se alongam quando submetidas a um esforço de tração e comprimem-se quando submetidas a um esforço de compressão, conforme figura ao lado. COMPORTAMENTO PLÁSTICO Entende-se por um material que exibe tal comportamento quando esse, ao ser submetido a esforços mecânicos, apresenta deformações aparentes, ou seja, esse material tem pouca capacidade de absorver as tensões a qual está submetido, não retornando à sua dimensão original quando finda essa tensão, apresentando claramente aumento do comprimento do material. A figura ao lado demonstra o diagrama de “tensão x deformação” de metais, evidenciando que o comportamento deles depende da tensão aplicada no mesmo. Verifica-se que, na região denominada como elástica, a deformação e a tensão são proporcionais, contudo, ao se exceder ligeiramente o limite de elasticidade, os materiais começam a apresentar um escoamento; no gráfico, essa região é representada pelo “limite de escoamento”, também conhecida como “patamar de escoamento”. Ao aumentar a tensão aplicada verifica-se, no gráfico, a “região de endurecimento por deformação”, na qual o material apresenta aumento de resistência até alcançar o “limite de resistência” e, posteriormente, a “tensão de ruptura”. PESQUISA E NOVOS MATERIAIS Fonte da Imagem: Mix3r / Shutterstock A área de materiais é estratégica ao progresso tecnológico e econômico de um país, ou seja, a descoberta de novos materiais e/ou a otimização das propriedades de materiais já conhecidos é de grande importância não apenas para o desenvolvimento de novas tecnologias, como por exemplo, as energias alternativas; sendo importante também para o aumento da eficiência de setores produtivos tradicionais como o automobilístico, aeronáutico, alimentício, telecomunicações, agrícola e construção civil. Fonte da Imagem: Um exemplo desses novos materiais são os pisos que têm a capacidade de drenar a água de chuva, ou de uso, não permitindo o acúmulo de água, além de garantir aos usuários a segurança necessária ao transitar por eles. Esses pisos foram desenvolvidos de modo a permitir inclusive o reaproveitamento das águas, quando o sistema for ligado a uma rede de captação e armazenamento. Os materiais desses pisos foram desenvolvidos para garantir, ainda, uma fácil limpeza e manutenção. A durabilidade média de um piso drenante pode chegar a 20 anos e, uma vez que, em geral, tem permeabilidade superior a 90%, dificilmente ocorrerão entupimentos. Chegou a hora de exercitar o que você aprendeu! Analise os itens abaixo e, em seguida, faça a relação com suas definições. ( ) Fratura ( ) Impurezas ( ) Ductilidade ( ) Deformações Elásticas 1 – Tratam-se da presença na rede de um átomo não pertencente à rede regular. 2 – É a divisão de um corpo em duas ou mais partes em função da imposição de uma tensão. 3 – São deformações não permanentes, isto é, desaparecem quando a tensão aplicada é retirada. 4 – É a capacidade de um material em se deformar plasticamente sem atingir a ruptura. A sequência correta é: 3 − 2 − 1 − 4 2 – 1 – 4 – 3 3 − 1 − 2 − 4 2 – 3 – 1 − 4 Justificativa Glossário
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