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Principios-Gerais-do-Direito

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1 Princípios Gerais do Direito INTRODUÇÃO 
 Os princípios podem ser definidos como a base, o fundamento, a origem, a razão 
fundamental sobre a qual se discorre sobre qualquer matéria. Trata-se de proposições 
mais abstratas que dão razão ou servem de base e fundamento ao Direito. 
 É inegável que os princípios gerais do direito não somente servem de orientação 
ao juiz, no momento de proferir a sua decisão, mas também constituem um limite ao seu 
arbítrio, garantindo que a decisão não está em desacordo com o espírito do ordenamento 
jurídico, e que suas resoluções não violam a consciência social. São mais do que um 
elemento da insegurança jurídica, na medida em que contribuem para dotar o 
ordenamento jurídico em seu conjunto de seguridade, tanto no sentido de assegurar que 
condutas que se ajustem à justiça não se vejam reprovadas pela norma positiva, como 
permitindo resolver situações não contempladas em norma alguma positiva, mas que 
tenham relevância jurídica. 
 Como assinalado, eles podem ou não estar previstos no texto legal, todavia, 
todos são positivados, na medida em que possuem vigência sociológica. A grande parte 
dos princípios processuais constitucionais estão insculpidos no artigo 5º da Constituição 
Federal, inserido dentro do Título Dos direitos e garantias fundamentais, demonstrando, 
assim, a sua importância dentro do ordenamento jurídico. 
 Em sua lição, DE PLÁCIDO E SILVA, estudioso dos vocábulos jurídicos, 
ensina que os princípios são o conjunto de regras ou preceitos que se fixam para servir 
de norma a toda espécie de ação jurídica, traçando a conduta a ser tida em uma operação 
jurídica. Analisaremos agora três dos princípios mais importantes segundo a maioria da 
doutrina. 
1. PRINCÍPIO DA IGUALDADE OU ISONOMIA DAS PARTES 
 O processo é uma luta. Significa dar as mesmas oportunidades e os mesmos 
instrumentos processuais para que possam fazer valer os seus direito e pretensões, 
ajuizando ação, deduzindo resposta etc. Como explica Chiavario, essa paridade de 
armas entre as artes não implica um identidade absoluta entre os poderes reconhecidos 
às partes de um mesmo processo e nem, necessariamente, uma simetria perfeita de 
direitos e obrigações. O que conta é que as diferenças eventuais de tratamento sejam 
justificáveis racionalmente, à luz de critérios de reciprocidade, e de modo a evitar, seja 
como for, que haja um desequilíbrio global em prejuízo de uma das partes. 
 O princípio do contraditório e o da ampla defesa são conseqüências do princípio 
da igualdade, deste modo, ambos são assegurados a todas as partes. A exigência de 
defesa técnica é uma revelação da igualdade processual. Não basta conferir às partes o 
contraditório, este somente é real quando se desenvolve em simétrica paridade. 
 Aliás, conforme se observa do art. 125, inciso I, do Código de Processo Civil, a 
igualdade de tratamento das partes é um dever do juiz e não uma faculdade. As partes e 
os seus procuradores devem merecer tratamento igual, com ampla possibilidade e 
oportunidade de fazer valer em juízo as suas alegações. 
 Mas, o que significa dar tratamento isonômico às partes? Em sua lição, 
NELSON NERY JÚNIOR afirma que dar tratamento isonômico às partes significa 
tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na exata medida de suas 
desigualdades. Para CINTRA, GRINOVER e DINAMARCO, a igualdade jurídica não 
 
2 
pode eliminar a desigualdade econômica, é por essa razão que na conceituação realista 
de isonomia, busca-se a igualdade proporcional. 
 Esta igualdade conferida às partes não é uma igualdade cega como a conferida à 
Themis, que, por não enxergar, trata a todos “iguais”, sem separar o rico do necessitado, 
o branco do negro. Não é a mesma igualdade daquela justiça que quer ser justa, mas que 
por ser cega não pode. Dar armas iguais a cada parte significa reconhecer e respeitar as 
diferenças de cada uma, e trata-las assim; como diferentes. Em decorrência disto, 
permite-se o prazo em dobro para recorrer conferido ao defensor público, justificado em 
virtude da falta de estrutura que normalmente caracteriza este tipo de serviço. 
2. PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO 
 Democracia no processo recebe o nome de contraditório. Democracia é 
participação; e esta se opera no processo pela efetivação da garantia do contraditório. 
Este princípio deve ser visto como manifestação do exercício democrático de um poder. 
A mais moderna doutrina sobre o processo garante que este não existe sem 
contraditório, princípio consagrado no art. 5º, LV, da Constituição Federal. 
 Como se vê tais princípios se destinam ao processo em geral, tanto o civil quanto 
o penal e ainda o processo administrativo, que, no Brasil, é de natureza não-judicial. 
 Significa dizer que o processo exige que seus sujeitos tomem conhecimento de 
todos os fatos que venham a ocorrer durante seu curso, podendo ainda se manifestar 
sobre tais acontecimentos. Para demonstrar a veracidade dessas informações, basta 
lembrar que, proposta uma ação, deve-se citar o réu (ou seja, informa-lo da existência 
de um processo em que este ocupa o pólo passivo), para que o mesmo possa oferecer 
sua defesa. Da mesma forma, se no curso do processo alguma das partes juntar aos 
autos um documento qualquer, é preciso informar a parte adversa, para que esta, 
tomando conhecimento da existência do documento, possa sobre ele se manifestar. 
 Podemos, assim, ter como adequada a afirmação de Aroldo Plínio Gonçalves, 
para quem o contraditório (em seu aspecto jurídico) pode ser entendido como um 
binômio: informação + possibilidade de manifestação. 
 Esta garantia desdobra-se em duas facetas. A faceta básica, que reputamos 
formal, é a da participação; a garantia de ser ouvido, de participar do processo, de ser 
comunicado, poder falar no processo. Isso é o mínimo. De acordo com o pensamento 
clássico, o magistrado efetiva, plenamente, a garantia do contraditório simplesmente ao 
dar ensejo à ouvida da parte, ao deixar a mesma falar. 
 Quanto ao momento da sua observância, o contraditório pode ser prévio, real ou 
simultâneo, e, finalmente, diferido ou prorrogado. A CF não faz qualquer restrição 
quanto ao momento do exercício do contraditório, o que não seria razoável, dada a 
infinidade de situações de fato possíveis de acontecerem. 
 Mas há ainda o elemento substancial dessa garantia. Segundo a doutrina alemã, 
este aspecto essencial denomina-se “poder de influência”. Não adianta permitir que a 
parte participe do processo; que ela seja ouvida. Apenas isso não é suficiente para que 
se efetive o princípio do contraditório, é necessário que ela tenha condições para 
influenciar a decisão do magistrado. 
 O contraditório pode ser imediato (direto) ou diferido. O primeiro ocorre quando 
a prova é produzida sob o império da participação das partes (por exemplo, a oitiva de 
testemunhas). Mas existem provas que são produzidas sem o contraditório imediato: são 
 
3 
as chamadas provas cautelares, como as provas periciais. Neste último caso, fala-se em 
contraditório diferido. 
 Importante salientar que este princípio não se aplica à fase do inquérito policial, 
segundo a majoritária doutrina. Por essa razão é que a condenação não pode ser 
proferida com base em provas colhidas durante o inquérito, salvo quando se trata de 
prova com valor judicial. Tampouco admite-se contraditório no interrogatório policial. 
É bem verdade que o art. 6º do CPP manda aplicar o art. 185 e ss. do mesmo manual no 
que diz respeito ao interrogatório. Interpretação sistemática e lógica nos conduz, 
entretanto, a não aceitar o contraditório na fase policial, que é regida pelo princípio 
inquisitivo. Sublinhe-se ademais que o juiz não pode levar em conta esse interrogatório 
policial na sua sentença. 
 E a questão das liminares (decisões tomadas antes da oitiva do réu)? Não há 
ferimento, pois estas sejustificam por causa do perigo que o réu representa. Além disso, 
não são decisões definitivas, podendo ainda ser submetidas ao contraditório e à ampla 
defesa. É aquele que fundamenta a existência da ampla defesa, isto é, que a torna 
possível; são princípios complementares. 
3. PRINCÍPIO DA AMPLA DEFESA 
 Este princípio contém duas regras básicas: possibilidade de se defender e a de 
recorrer. A primeira compreende a autodefesa e a defesa técnica. Dispõe o art. 261 do 
CPP que “nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado ou julgado 
sem defensor”. Complementa o art. 263: “Se o acusado não o tiver, ser-lhe-á nomeado 
defensor pelo juiz, ressalvando o seu direito de, a todo tempo, nomear outro de sua 
confiança, ou a si mesmo defender-se, caso tenha habilitação”. A segunda parte está 
garantida pelo art. 5º, inc. LV da Constituição Federal. 
 Defesa ampla é a mais abrangente e ampla possível. Não pode haver 
cerceamento infundado, sob pena de nulidade do processo. Segundo a súmula 523 do 
STTF: “No processo penal, a falta de defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua 
deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu”. Notando o juiz que a 
defesa vem sendo absolutamente deficiente, o correto é tomar a iniciativa de reputar o 
acusado indefeso, intimando-o para constituir um outro defensor ou nomeando um, se o 
acusado não poder constituí-lo. 
 Assim, podemos concluir que a ampla defesa envolve a autodefesa ou a defesa-
técnica, defesa efetiva e a defesa por qualquer meio de prova (inclusive por meio de 
prova ilícita, desde que seja pro reo). 
 A defesa é o mais legítimo dos direitos do homem. A defesa da vida, a defesa da 
honra e a defesa da liberdade, além de inatos, são direitos inseparáveis de seus 
respectivos objetos. Por decorrência deste princípio o acusado não está obrigado a 
praticar nenhum ato que lhe desfavoreça, podendo, por exemplo, inclusive mentor 
durante o interrogatório ou, se preferir, calar-se, como assegura o art. 5º, inciso LXIII, 
da Constituição Federal. Não há, de outro lado, o crime de perjúrio no Brasil. 
 
CONCLUSÃO 
 Se alguma utilidade tem este rápido panorama, é a de revelar a importância do 
estudo dos princípios constitucionais e dos princípios gerais do processo. Sem o exame 
e o conhecimento dessas diretrizes e postulados, não pode a Justiça funcionar a 
contento, nem estarão os juldadores, os membros do Ministério Público e os defensores 
habilitados a promover o bom direito. 
 
4 
 Os princípios não se esgotam no rol analisado. Outros existem como o da 
fundamentação, o do acesso universal à Justiça, o da duração razoável do processo, o 
direito à ação civil indenizatória contra o Estado, inclusive por erro judicial - neste caso 
na forma do art. 5º, inciso LXXV, da Constituição Federal e dos arts. 9º, §5º e 14, §6º, 
do Pacto de Nova Iorque -; o direito à informação processual, consoante o art. 5º, LXII, 
LXIII e LXIV, da Constituição Federal e o art. 7º, §4º, do Pacto de São José da Costa 
Rica, entre outros. 
 Um direito constitucional processual está assinalado na Carta Republicana de 
1988. Nela, além dos princípios estritamente processuais, há outros, igualmente 
importantes, que devem servir de orientação ao jurista e ao aplicador do Direito. Afinal, 
este não é somente a norma positiva. Certamente, como alguém já disse, mais grave do 
que ofender uma norma é violar um princípio, pois aquela é o corpo material, ao passo 
que este é o espírito, que o anima. 
 "A letra mata; o espírito vivifica". 
BIBLIOGRAFIA 
GONÇALVES, Aroldo Plínio. Técnica Processual e Teoria do Processo, Rio de janeiro: 
Aide, 1992. 
DIDIER JR, Fredie. Direito Processual Civil, volume I, 4ª edição, Salvador: Jus 
Podium, 2004 
CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil, Volume I, 11ª 
edição, Rio de Janeiro: Lúmen Juris, 2004. 
Os Princípios Gerais de Direito e o Princípio da Dignidade da Pessoa 
Humana no Direito das Obrigações 
por Sérgio Gabriel 
Sumário: 1. A importância dos princípios para o direito; 2. Os princípios gerais de direito e o 
direito privado; 3. A nova arquitetura do direito privado; 4. Função dos princípios de direito 
privado; 5. Justificativa e conclusão; 6. Princípio da dignidade da pessoa humana; 7. 
Bibliografia. 
1. A importância dos princípios para o direito 
 
 Falar de princípios no direito não é tarefa das mais fáceis, porém, não tão nebulosa 
que não se possa elucidá-la. 
 
 Muito se discute na doutrina sobre qual seria a finalidade dos princípios no direito, 
surgindo teses em vários sentidos. No entanto, parte do discurso encontrado nessas teses é 
uníssono. 
 
 Trata-se da importância dos princípios para o direito, que segundo pontificava o 
saudoso mestre Geraldo Ataliba, os princípios são a chave e essência de todo direito; não há 
direito sem princípios. As simples regras jurídicas de nada valem se não estiverem apoiadas em 
princípios sólidos1 . 
 
 Não menos importante entende o Professor Celso Antonio Bandeira de Mello, quando 
os defende dizendo que violar um princípio é muito mais grave que transgredir uma norma. A 
 
5 
desatenção ao princípio implica ofensa não apenas a um específico mandamento obrigatório 
mas a todo sistema de comandos. É a mais grave forma de ilegalidade ou inconstitucionalidade 
conforme o escalão do princípio atingido, porque representa insurgência contra todo o 
sistema, subversão de seus valores fundamentais, contumélia irremissível a seu arcabouço 
lógico e corrosão de sua estrutura mestra2 . 
 
 Dessas lições depreende-se que os princípios estão para o direito, assim como o ar 
está para o ser humano. Renegá-los, seria o mesmo que negar a existência do direito. 
 
2. Os princípios gerais de direito e o direito privado 
 
 Como já dissemos, muito se discute sobre qual seria a função dos princípios perante o 
direito, e ao longo do tempo, e de doutrina para doutrina, percebesse que não existe um 
entendimento único. 
 
 Segundo Aristóteles, princípio era uma fonte, uma causa de ação, tornando-se um 
freio dos fenômenos sociais. Já Cícero, analisando o conjunto de codificação civil romana, diz 
que os princípios serviriam para resolver casos novos3 . 
 
 Assim, é de se perceber que na antigüidade os princípios eram tidos como fonte de 
direito natural. 
 
 Porém, no direito moderno a questão é mais controvertida, o Professor Tércio 
Sampaio de Ferraz Júnior diz que os princípios compõe a estrutura do sistema e não o seu 
repertório; Unger diz que são meros expedientes para liberação das passagens legais que não 
mais atendem a opinião dominante; Hoffman diz que são permissões para livre criação do 
direito por parte do magistrado; Serpa Lopes define-os como simples fontes interpretativas e 
integrativas de normas legais, sem qualquer força criadora; os racionalistas compactuam com 
o pensamento esposado na antigüidade, definindo os princípios como fonte de direito natural, 
corrente esta sustentada por Del Vecchio, Espínola, Zeiller, idéia esta também aceita pela 
codificação civil espanhola e austríaca, onde respectivamente nos artigos 6º e 7º, encontra-se 
a prescrição dos princípios gerais do direito como direito natural4 . 
 
 Mas sendo inegável a importância dos princípios gerais do direito, independente da 
corrente jurídica que se adote, parece-nos acertado que entre as funções possíveis e 
imagináveis, talvez nos dias atuais, em que o direito privado precisa ser repensado, 
principalmente após a Constituição Federal de 1988, os princípios surgem como elemento 
integrador do ordenamento jurídico. 
 
 O Professor Gustavo Tepedino explica que hoje não temos mais um direito privado 
com uma sustentação normativa tipificadamente privada, pois com a promulgação daconstituição, o Código Civil perdeu seu papel de constituição do direito privado, dividindo com 
o texto constitucional princípios relacionados a temas antes reservados exclusivamente ao 
Código Civil: a função social da propriedade, os limites da atividade econômica, a organização 
da família, e outras5 . 
 
 Dentro desta ótica, como bem preleciona Ricardo Luis Lorenzetti, é preciso identificar 
qual é a nova arquitetura do Direito Privado6 
 
3. A nova arquitetura do direito privado 
 
6 
 
 Na Idade Média existia a figura de um Estado atuante, onde tanto as classes auto-
suficientes como as classes hipossuficientes eram plenamente atendidas. 
 
 Nesta época, o direito público prevalecia em relação ao direito privado, visto que as 
relações predominantes eram com o poder público. 
 
 Depois disso, com o crescente processo de industrialização e com o crescimento da 
atividade comercial, o direito privado passou a ganhar força com a atenção das codificações de 
direito privado em torno do indivíduo. 
 
 Porém, esse processo novamente se reverteu, e o legislador passou a se preocupar 
mais com os riscos e impactos sociais das atividades privadas e a forma de utilização dos bens, 
de maneira a assegurar os resultados sociais pretendidos pelo Estado, frutos dessa 
preocupação foi a Constituição federal promulgada em 1988. 
 
 Ocorre que atualmente o mundo passa por uma transformação onde o Estado é 
declarado como ineficiente, a política neoliberal imposta pela globalização impõe a 
desestatização, ressaltando cada vez mais as relações privadas. 
 
 Com isso, é de identificar que o direito privado atualmente goza de codificação própria 
que disciplina a base de seus institutos e de sua aplicação; goza de um piso mínimo de direitos 
e garantias fundamentais fruto da contribuição do Estado, tendo assim uma plataforma mais 
ampla que requer apenas regras da função institucional do direito privado permitindo a 
integração entre os diversos ordenamentos. 
 
4. Função dos princípios de Direito Privado 
 
 Com a duplicidade de codificação voltada para o direito privado, uma de ordem 
pública garantida pelos direitos fundamentais constitucionalmente previstos, e outra de 
ordem privada através das diversas codificações de direito privado com sua essência no Código 
Civil, resta agora a institucionalização da sociedade civil que se dará com a integração dessas 
duas ordens jurídicas. 
 
 Para se obter essa integração e, consequentemente obter esta função institucional do 
direito privado existe a necessidade de uma ordem de princípios como bem preleciona 
Lorenzetti7 . 
 
5. Justificativa e conclusão 
 
 Lorenzetti explica que a necessidade de uma ordem de princípios como forma de 
institucionalização desse novo ordenamento jurídico civil com normas públicas e privadas, 
apresentando justificativas que definem a finalidade dos princípios de direito privado com 
funções múltiplas. 
 
 Inicialmente, os princípios de direito privado definem a origem das normas dentro do 
ordenamento jurídico, ao mesmo tempo em que dão uma função interpretativa ao direito 
privado. 
 
 Ademais, limitam as fronteiras do direito privado, tornando ilegítima a atuação jurídica 
 
7 
além delas. 
 
 E por último, garantem uma função de integração sistemática entre os vários 
ordenamentos, idéia esta também sustentada pelo por José de Oliveira Ascensão, que diz que 
se temos uma ordem normativa representada por um sistema, tem de ser travejado e 
percorrido por princípios ou orientações fundamentais, que resultam justamente na sua 
unidade 8 . 
 
6. Princípio da dignidade da pessoa humana 
 
 Os princípios gerais de direito normalmente não estão declarados nas normas 
jurídicas, por outro lado, estão implícitos, pois como já vimos, permitem a análise dos diversos 
sub-sistemas que compõe o ordenamento. 
 
 Dessa forma, dependendo do tema jurídico controvertido, estaremos sob a escora de 
um determinado princípio. No campo do direito das obrigações que é o que particularmente 
nos interessa aqui, estaremos sob a égide dos princípios da dignidade da pessoa humana, da 
imputabilidade civil dos danos, da autonomia da vontade e da boa-fé, entre outros. 
 
 Se detendo de agora em diante especificamente ao princípio da dignidade da pessoa 
humana, vamos examiná-lo. 
 
 O princípio da dignidade da pessoa humana inicia com a discussão sobre o que seria 
essa tal dignidade, o que nos é respondido com grande simplicidade pelo Professor Miguel 
Reale que afirma que a dignidade consiste no reconhecimento de determinados valores pela 
sociedade como sendo essenciais à sua ordem e desenvolvimento9 . 
 
 O Professor Miguel Reale apresenta ainda uma justificativa religiosa para o princípio da 
dignidade da pessoa humana, sustentando ser essa a base do direito natural, do qual era 
inseparável a idéia que homem foi criado por Deus, à sua imagem e semelhança e, desse 
modo, considerado uma pessoa dotada de dignidade intocável10 . 
 
 Por outro lado, se entendemos que a dignidade da pessoa humana deve prevalecer em 
face da análise sociológica e de análise religiosa, também não custa acrescentar que na 
experiência histórico-cultural, e assim é o direito, o valor da pessoa humana sempre foi 
primordial, aferindo legitimidade à ordem jurídica positiva. 
 
 Se analisarmos pelo modelo jurídico-político ideal proposto por Weber, também 
teremos a dignidade da pessoa humana como um princípio, pois o seu modelo previa que o 
homem poderia alcançar o máximo de preservação com o máximo de participação dos valores 
comunitários. 
 
 A importância de se ressaltar a dignidade da pessoa humana, vem de certa forma pelo 
fato de quase todos os possíveis objetos de direito estarem relacionados com a pessoa, como 
nos ensina o Professor Walter Moraes11 . 
 
 Da lição do Professor Walter Moraes extraímos também o entendimento de que com 
os chamados direitos da personalidade definitivamente reconhecidos para o direito pátrio com 
o advento da Constituição Federal de 1988, o princípio da dignidade da pessoa humana ganha 
destaque no atual cenário do direito privado. 
 
8 
 
 Por último, importante também ressaltar que com a evolução da ordem econômica 
através da transposição das barreiras alfandegárias, a pressão do mercado, especialmente 
intensas na atividade econômica privada, podem favorecer uma conspícua violação à 
dignidade da pessoa humana, reclamando assim a prevalência do princípio da dignidade da 
pessoa humana, como ressalta Gustavo Tepedino12 . 
 
 Deve o princípio da dignidade da pessoa humana, no campo do direito das obrigações, 
através das garantias fundamentais, oferecer parâmetros para o exercício do necessário 
controle da atividade econômica privada. 
 
Notas de rodapé convetidas 
 
1 “Mudança da Constituição”, RDP 86/181 apud Revista do Advogado da Associação dos 
Advogados de São Paulo, nº 51, Outubro/97, artigo “Princípios e origens da lei de arbitragem” 
de autoria de Selma Maria Ferreira Lemes, p. 32. 
 
2 “Elementos de Direito Administrativo”, 2ª edição, Editora Revista dos Tribunais, São Paulo, 
1991, p. 300. 
 
3 apud Maria Helena Diniz, As lacunas no direito, 4ª edição, Editora Saraiva, São Paulo, 1997, 
p. 211. 
 
4 apud Maria Helena Diniz, obra citada, páginas 214 a 217. 
 
5 Temas de Direito Civil, Editora Renovar, Rio de Janeiro, 1998, p.7. 
 
6 Fundamentos do Direito Privado, Editora Revista dos Tribunais, São Paulo, 1998, p. 280. 
 
7 Obra citada, p. 280. 
 
8 O direito: introdução e teoria geral: uma perspectiva luso-brasileira, Editora renovar, Rio de 
Janeiro, 1994, p. 332. 
 
9 Nova fase dodireito moderno, Editora Saraiva, 2ª edição, São Paulo, 1998, p. 60. 
 
10 Obra citada, p. 60. 
 
11 apud RT 590/14. 
 
12 obra citada, p. 66. 
 
7. Bibliografia 
 
_____. Revista dos Advogados da Associação dos Advogados de São Paulo, nº 51, 
outubro/1997. 
 
 
9 
ASCENSÃO, José de Oliveira. O direito: introdução e teoria geral: uma perspectiva luso-
brasileira, Editora Renovar, Rio de Janeiro, 1994. 
 
DINIZ, Maria Helena. As lacunas do direito, 4ª edição, Editora Saraiva, São Paulo, 1997. 
 
LORENZETTI, Ricardo Luis. Fundamentos do Direito Privado, Editora Revista dos Tribunais, São 
Paulo, 1998. 
 
MELLO, Celso Antonio Bandeira de. Elementos de Direito Administrativo, 2ª edição, Editora 
Revista dos Tribunais, São Paulo, 1991. 
 
MORAES, Walter. Artigo: Concepção Tomista de Pessoa, Revista dos Tribunais nº 590. 
 
REALE, Miguel. Nova fase do direito moderno, 2ª edição, Editora Saraiva, São Paulo,1998. 
 
TEPEDINO, Gustavo. Temas de Direito Civil, Editora Renovar, Rio de Janeiro, 1998 
Princípios gerais do direito 
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. 
Ir para: navegação, pesquisa 
 Os princípios gerais do Direito, classificados como princípios monovalentes 
segundo Miguel Reale em seu livro “Lições preliminares de Direito”[1] são enunciações 
normativas de valor genérico, que condicionam e orientam a compreensão do 
ordenamento jurídico em sua aplicação e integração ou mesmo para a elaboração de 
novas normas. 
 Os princípios gerais do direito são os alicerces do ordenamento jurídico, 
informando o sistema independentemente de estarem positivados em norma legal. 
São exemplos: 
• Falar e não provar é o mesmo que não falar; 
• Ninguém pode causar dano e quem causar terá que indenizar; 
• Ninguém pode se beneficiar da própria torpeza; 
• Ninguém deve ser punido por seus pensamentos; 
• Ninguém é obrigado a citar os dispositivos legais nos quais ampara sua 
pretensão, pois se presume que o juiz os conheça; 
• Ninguém está obrigado ao impossível; 
• Não há crime sem lei anterior que o descreva. 
O direito esta ligado com a parte cientifica de um acontecimento, ele transforma crime 
em execução de leis.

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