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Existem algumas regras que se aplicam ao cumprimento das obrigações alternativas nos artigos 253 ao 256 do Código Civil. Entre as regras referentes à impossibilidade de uma ou todas as prestações/opções, deve-se atentar para o momento em que ocorre tal impossibilidade. Com efeito, se a impossibilidade se der em momento posterior à concentração, serão seguidas as regras da obrigação de dar coisa certa. No entanto, se a impossibilidade se der em momento anterior à concentração, há um rol de possibilidades, que podem ser verificadas a partir das seguintes situações: 1 – Perde-se uma das prestações por culpa do devedor: 1.1 – sendo do devedor o direito de escolha: Neste caso, não importa a culpa do devedor, já que era dele o direito de escolha. A sua desídia que levou à perda de uma das prestações/opções equivale a uma concentração, a uma escolha, ainda que de forma indireta. Como salienta Sílvio Venosa: “No caso de remanescer apenas uma das prestações, não importando o fator culpa e cabendo a escolha do devedor, a obrigação resume-se na remanescente, porque é como se tivesse havido uma concentração por parte do devedor. Assim sendo, não se pode fugir à obrigação, quer seja intencional, quer seja involuntária a inexequibilidade. O devedor continuará obrigado à prestação remanescente”1. 1.2 – sendo do credor o direito de escolha: Aqui, o elemento culpa importa, já que era do credor o direito de escolher sobre qual das opções recairia a prestação. A solução, então, é a seguinte: o credor poderá optar entre a prestação subsistente ou o valor daquela que se impossibilitou, com perdas e danos. Essa solução é dada pelo artigo 255, primeira parte: “Quando a escolha couber ao credor e uma das prestações tornar-se impossível por culpa do 1 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: teoria geral das obrigações e teoria geral dos contratos. São Paulo: Atlas, 2014. p. 95. devedor, o credor terá direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da outra, com perdas e danos”; 2 – Perde-se uma das prestações sem culpa do devedor: Nesta hipótese, a ausência de culpa leva a uma mesma solução, trazida pelo Código em seu artigo 253, com a seguinte redação: “Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação ou se tornada inexequível, subsistirá o débito quanto à outra”. Ora, a solução é muito clara: a obrigação originalmente alternativa, torna- se simples, independentemente da escolha pertencer ao credor ou ao devedor. Importante frisar que, nesse caso, não pode o devedor oferecer dinheiro em substituição à coisa que se perdeu, devido à identidade física das prestações. 3 – Perdem-se todas as prestações por culpa do devedor: 3.1 – sendo do devedor o direito de escolha A solução para essa situação está no artigo 254, que tem a seguinte redação: “Se, por culpa do devedor, não se puder cumprir nenhuma das prestações, não competindo ao credor a escolha, ficará aquele (devedor) obrigado a pagar o valor da que por último se impossibilitou, mais as perdas e danos que o caso determinar”. O artigo em questão demonstra, na verdade, que houve uma concentração inicial, ou seja, uma das prestações se perdeu, gerando, como já foi visto, uma concentração na última remanescente. No entanto, esta última também se perdeu. A solução é a mesma das obrigações de dar coisa certa: pagamento do equivalente, mais as perdas e danos. 3.2 – sendo do credor o direito de escolha Mais uma vez a solução é dada pelo artigo 255, mas agora em sua segunda parte: “...se, por culpa do devedor, ambas as prestações se tornarem inexequíveis, poderá o credor reclamar o valor de qualquer das duas, além da indenização por perdas e danos”. 4 – Perdem-se todas as prestações sem culpa do devedor Nesta situação não importa a verificação de quem deve escolher. A solução é uma só, a extinção da obrigação. Ora, se todas as prestações/opções se perderam, não há objeto. Como objeto é elemento constitutivo da obrigação, a sua falta leva à extinção do vínculo obrigacional. Essa solução se encontra no artigo 256, com a seguinte redação: “Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do devedor, extinguir- se-á a obrigação”. 5 – Perde-se uma das prestações por culpa do credor 5.1 – sendo do devedor o direito de escolha As situações de culpa do credor não são abordadas pela legislação brasileira. A doutrina, então, traz a situação, com a ressalva de sua raridade, mencionando a solução da legislação estrangeira2. Como assevera Venosa: “... há hipótese não enfocada pelo Código: pode ocorrer, embora não seja fácil na prática, que o perecimento das prestações ocorra por culpa do credor. Nossos Códigos não imaginaram a hipótese em que haja o perecimento de uma das prestações ou de todas, na obrigação alternativa, decorrente de fato culposo do credor”. O Código Civil Italiano, citado por Venosa, na hipótese de perda de uma das prestações por culpa do credor, com direito de escolha do devedor, dá a ele duas opções: ou liberar-se da obrigação ou executar a outra prestação e pedir perdas e danos (Se una delle due prestazioni diviene impossibile per colpa del 2 Art. 1289 Impossibilità colposa di una delle prestazioni Quando la scelta spetta al debitore, l'obbligazione alternativa diviene semplice, se una delle due prestazioni diventa impossibile anche per causa a lui imputabile. Se una delle due prestazioni diviene impossibile per colpa del creditore, il debitore è liberato dall'obbligazione, qualora non preferisca eseguire l'altra prestazione e chiedere il risarcimento dei danni. Quando la scelta spetta al creditore, il debitore è liberato dall'obbligazione, se una delle due prestazioni diviene impossibile per colpa del creditore, salvo che questi preferisca esigere l'altra prestazione e risarcire il danno. Se dell'impossibilità deve rispondere il debitore, il creditore può scegliere l'altra prestazione o esigere il risarcimento del danno (1223). creditore, il debitore è liberato dall'obbligazione, qualora non preferisca eseguire l'altra prestazione e chiedere il risarcimento dei danni.). 5.2 – sendo do credor o direito de escolha Pode-se, mais uma vez, responder à situação com base no Código Civil Italiano. Quando a escolha pertence ao credor, o devedor se libera da obrigação, se uma das duas prestações se torna impossível por culpa do credor, salvo se este preferir exigir a outra prestação e ressarcir o dano (Quando la scelta spetta al creditore, il debitore è liberato dall'obbligazione, se una delle due prestazioni diviene impossibile per colpa del creditore, salvo che questi preferisca esigere l'altra prestazione e risarcire il danno.). 6 – Perdem-se todas as prestações por culpa do credor Mais uma vez recordamos, se não há objeto, não há obrigação. Mas é claro que, tendo em vista a culpa, deverá o credor indenizar o devedor.
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