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Análise de Água Natural

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INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
CURSO SUPERIOR DE BACHARELADO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS E MICROBIOLÓGICAS DA ÁGUA DO LAGO DO POLO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL DA MATA ATLÂNTICA SITUADO NO MUNICÍPIO DE ALEGRE- ES
DANIELLE MARQUES ALVARISTO
JÉSSIKA SANTOS DE OLIVEIRA
JULIA FALQUETO AMBROSIM
ALEGRE
2018
DANIELLE MARQUES ALVARISTO
JÉSSIKA SANTOS DE OLIVEIRA
JULIA FALQUETO AMBROSIM
ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS E MICROBIOLÓGICAS DA ÁGUA DO LAGO DO POLO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL DA MATA ATLÂNTICA SITUADO NO MUNICÍPIO DE ALEGRE- ES
Trabalho final apresentado a disciplina de química ambiental do Curso Bacharelado em Ciências Biológicas do Instituto Federal do Espírito Santo- Campus de Alegre, como quesito parcial da nota na disciplina.
ALEGRE
2018
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
As águas utilizadas para consumo humano e para atividades socioeconômicas são retiradas de rios, lagos, represas e aquíferos. A água é utilizada em todo o mundo para diferentes finalidades, a água é utilizada no abastecimento doméstico, agrícola e industrial, na geração de energia, na navegação e recreação (SPERLING, 2005). Aliás, a água é responsável pela existência dos seres vivos, atuando no transporte de nutrientes nos organismos, na manutenção da pressão intracelular facilitando os processos digestivos, regulando a temperatura térmica dos animais, garantindo a sobrevivência e outros (ALVES, 2010).
A água pode ser considerada um indicador crucial de qualidade ambiental por ser capaz de avaliar e quantificar um determinado ambiente, além de possuir capacidade de fornecer os recursos necessários à manutenção dos sistemas de produção presentes no meio ambiente (VERONA, 2008). A quantidade e a qualidade da água são indispensáveis na vida dos seres vivos, além de ser fundamental na higienização e desinfecções das instalações e equipamentos, promovendo a manutenção de saúde das pessoas e o bem-estar animal e, consequentemente, melhor qualidade de vida (MARIA, 2009).
Para estabelecer um padrão de potabilidade das águas, criou-se legislações de qualidade e potabilidade da água, responsáveis por apresentar parâmetros e seus valores de referências, no que diz respeito às características físicas, químicas e biológicas da água (Sperling,2005). A resolução do CONAMA nº 375 de 17 de março de 2005 classifica os corpos de água em classes e diretrizes ambientais para o seu enquadramento (CONAMA, 2005). A resolução é um marco na área ambiental, pois ao define a classificação das águas em sistemas de classes de qualidade com base em seus usos.
O objetivo desse estudo foi avaliar a qualidade físico-química e microbiológica da água do lago do Polo de Educação Ambiental do Instituto Federal do Espírito Santo- IFES Campus de Alegre. O lago sofreu com alguns fatores ambientais e permaneceu por anos sem água, após alguns trabalhos intensos foi realizado a redistribuição de água da instituição para recompor o lago novamente, e após essa redistribuição nenhuma análise de qualidade de água foi realizada. Ressalta-se que os resultados se levam em consideração a recomposição do lago, o excesso de matéria orgânica presente nele e as excretas de peixes que foi introduzida no lago para ajudar na degradação de algumas matérias orgânicas.
METODOLOGIA
As análises físico-químicas e microbiológicas foram realizadas com amostras advindas do lago localizado no Polo de Educação Ambiental da Mata Atlântica (PEAMA), situado em Rive, distrito de Alegre, ES. Os parâmetros analisados foram: pH, condutividade, dureza, temperatura, turbidez, resíduos sólidos, alcalinidade, acidez, matéria orgânica e teor de coliformes. Os métodos utilizados serão apresentados a seguir.
2.1 pH
O aparelho é calibrado (ajustado) usando soluções tampão, cujo pH é conhecido. Para que se conclua o ajuste é então calibrado em dois ou mais pontos. Normalmente, utilizam-se tampões com pH 7,000 e 4,005. Uma vez calibrado, estará pronto para uso. A leitura do aparelho é feita em função da leitura da tensão que o eletrodo gera quando submerso na amostra. 
A intensidade da tensão medida é convertida para uma escala de pH (PHMETRO, 2013). O aparelho faz essa conversão, tendo como uma escala usual de 0 a 14 pH. Abaixo de 7 a água é considerada ácida e acima de 7, alcalina. Água com pH 7 é neutra. (FUNASA, 2013).
Após a calibração do pHmetro digital, colocou-se cerca de 50mL de amostra em um béquer de 100mL, e efetuou-se a medição seguindo as instruções do aparelho. O resultado é lido diretamente no aparelho.
Condutividade
Para aferir a condutividade elétrica, ligou-se o aparelho e aguardou-se cerca de 10 minutos para estabilizar. Após isso, o mesmo foi calibrado, ajustou-se então o botão medição/calibração para a posição “medição” e introduzir o eletrodo dentro da água amostral e anotou-se o valor da condutividade. Retornou-se ao modo “calibração”, e se esperou que o número no display ficasse em 100,0 e desligou-se o aparelho. Por fim, lavou-se o eletrodo com água deionizada e secar com papel absorvente macio.
Determinação da Dureza da água
A “dureza” na água para consumo humano está associada à presença de cátions metálicos, designadamente os íons cálcio (Ca2+) e magnésio (Mg2+). Uma água é considerada “dura” quando contém na sua composição valores significativos destes sais e “macia” quando os contém em pequenas quantidades.
A preparação de soluções e determinação da dureza em amostras de água foram realizadas em duas repetições. Mediu-se 100 mL da amostra em frasco Erlenmeyer de 250 mL e foi adicionado 2 mL da solução tampão para obter o pH em torno de 10 ± 0,1. Foi adicionado 0,05 gramas do indicador Eriochrome Black T e a titulação foi realizada com EDTA 0,01 mol/L gota a gota até desaparecer a última coloração violácea e aparecer a cor azul indicadora do ponto final da titulação. O volume de EDTA gasto (mL) foi utilizado nos resultados finais.
O cálculo da dureza da água foi realizado conforme a equação abaixo
Dureza Total em mg/L CaCO3 = mL de EDTA x 1000 x Fc
 mL de amostra
Fc = Fator de correção do EDTA quando houver e for diferente de 1.
Turbidez
A turbidez é a medida de a dificuldade de um feixe de luz atravessar uma certa quantidade de água, conferindo uma aparência turva à mesma. Essa medição é feita com o turbidímetro, que compara o espalhamento de um feixe de luz ao passar pela amostra, com o de um feixe de igual intensidade, ao passar por uma suspensão padrão. Quanto maior o espalhamento, maior será a turbidez.
Os valores são expressos, normalmente, em Unidades Nefelométricas de Turbidez-UNT, ou em mg/L de SiO2. O turbidímetro pode medir a turbidez em três escalas: 0-20,0-200 e 0-1.000 UNT sendo que, na escala de 0-20, a resolução é de 0,01 UNT.
Homogeneizamos a amostra, que estava em temperatura ambiente, tendo o cuidado de não introduzir bolhas de ar, após isso colocamos uma pequena quantidade de amostra na cubeta, tendo o cuidado de eliminar a possível presença de bolhas de ar. Enxugamos a cubeta com papel absorvente macio (sem desprendimento de fibras), colocamos a cubeta no aparelho e efetuar a leitura até 15 segundos. A leitura será direta no aparelho, expressa em NTU.
Resíduos Sólidos
Os resíduos sólidos foram calculados com o auxílio da pesagem de cadinhos com 100 mL da amostra, sendo que 50 mL foram adicionados ao cadinho e depois colocados na estufa. Quando a água amostral foi quase toda evaporada, adicionou-se mais 50 mL e aguardou a secagem total. Após isso, os cadinhos foram colocados no dessecador de sílica para não absorver umidade e imediatamente pesados, para assim aferir a quantidade de resíduos sólidos. Esta técnica foi aplicada em triplicata para uma melhor dimensão e mais segurança no resultado.
Alcalinidade
A titulação com fenolfatleína indica as alcalinidades de hidróxidos e carbonatos. Foi transfirido 50 mL da amostra para um erlenmeyer de 250 mL eadicionado 2 gotas de indicador fenolftaleína. Com a mudança da cor, foi realizada a titulaçãocom ácido sulfúrico 0,01 mol/L até o desaparecimento da coloração rósea (P). Já a titulação com alaranjado de metila indica a alcalinidade de bicarbonatos. Foi adicionado 5 gotas do indicador à solução incolor obtida no procedimento anterior. Foi realizada a titulação com ácido sulfúrico 0,01 mol/L até atingir a coloração amarelo-alaranjada (M) e o volume gasto de ambos os procedimentos foram anotados. As análises foram realizadas em triplicatas.
O Cálculo da alcalinidade da água foi realizado utilizando a tabela 1 a seguir, determinando a alcalinidade de hidróxidos, de carbonatos e de bicarbonatos, em mg de carbonato de cálcio por litro.
Tabela 1. Alcalinidade da água apresentada em hidróxidos, carbonatos e bicarbonatos, em mg/L CaCo3
Acidez
A titulação com NaOH foi realizada em duas repetições com auxílio de uma pipeta volumétrica, e foram transferidos 10mL da amostra homogeneizada, para um erlenmeyer 125mL. Foram adicionadas 3 a 4 gotas de fenolftaleína e a titulação realizadas com solução de hidróxido de sódio 0,02mol/L, com agitação constante até o ponto de viragem (incolor-rosa). Ovolume gastos de hidróxido de sódio 0,02 mol/L foram anotados. A expressão dos resultados da acidez dada em mg/L de CaCO3 pode ser obtida pela equação.
Introdução a Análises Microbiológicas
A água é fundamental para a existência dos seres vivos, sendo a constituinte mais abundante da matéria viva, chegando a um porcentual médio de 75% desta. Além deste papel biológico indispensável para a vida, ela também se torna imprescindível para a indústria, agricultura e, consequentemente, para a economia. Embora mais de 70% do planeta seja constituído de água, somente cerca de 3% desta se encontra disponível para o aproveitamento humano (ONU, 2006).
No monitoramento ou análise da qualidade de água são utilizados indicadores biológicos específicos como bactérias do grupo coliforme. O termo indicador biológicos específicos, indica que um tipo de um microrganismo, está presente na água, é uma suspeita poluída com material fecal de origem humana ou de outros animais. O método utilizado para a contagem de coliformes totais, termotolerantes e Escherichia coli em água é o número mais provável (NMP) ou técnica de múltiplos tubos.
A técnica de análise quantitativa permite conhecer o NMP de microrganismos presentes na amostra original. No teste presuntivo para coliformes é utilizado o meio de cultivo Caldo Lauril Sulfato Triptose (LST), é um meio de enriquecimento seletivo, para esses microrganismos, recuperando as células injuriadas. No qual é observado crescimento com produção de gás nos tubos de Durhan, indicando a positividade. 
Para confirmação de coliformes totais é usado o Caldo VB (Verde Brilhante Bile), que apresenta em sua composição sais biliares, que inibem o crescimento de microrganismos gram positivos, e a lactose, utilizada como substrato para produção de gás. E para confirmação de coliformes termotolerantes é usado Caldo EC (Escherichia coli) é um meio seletivo para microrganismos gram positivos, que é realizado em banho-maria por 24 horas a uma temperatura de 24ºC, o que é possível observar a produção de gás, devido a fermentação da lactose em temperaturas elevadas.
Metodologia geral de análises microbiológicas
Para a preparação do meio de cultura dessa análise utilizou-se as seguintes etapas: i- Água peptonada: 11g de peptone bacteriological e dissolveu-se em 1000 mL de água destilada; ii- distribuiu-se em tubos de ensaios contendo 9mL em cada tubo e os tubos foram tampados; iii- foi esterilizado a 121ºC em autoclave durante 15 minutos e guardados no refrigerador. Já para o caldo lactosado de concentração simples foi realizado a seguinte etapa: iv- foi pesado 13 gramas do meio de cultura desidratado e dissolvido em 1000 mL de água destilada; v-distribuídos em tubos de ensaio contendo o tubo Durhan invertido, com 9 mL em cada tubo e tampou-se; vi- esterilizou-se a 121ºC em autoclave por 15 minutos e foi guardado no refrigerador podendo ser utilizado em até uma semana.
Caldo verde brilhante (VB) pesou-se 40g do meio de cultura desidratado e dissolvido em 1000mL de água destilada, distribuídos em tubos de ensaio contendo o tubo Durhan invertido com 5mL em cada tubo e tampados. Já o caldo de Escherichia coli (EC) pesou-se 37 g do meio desidratado e dissolveu-se em 1000mL de água destilada, distribui-se e, tubos de ensaio contendo o tubo Durhan com 5mL cada tudo e tampados.
Os procedimentos realizados na amostra foram descritos da seguinte forma: a) 9mL de água peptonada e adicionou-se 27mL da amostra a ser analisada, homogeneizou-se e está pronta a solução 10-1 ; b) retirou-se 1mL da diluição 10-1 e transferiu-se para o tubo contendo 9mL de água peptonada, homogeneizou-se e está pronta a solução 10-2 ; c) retirou-se 1mL da diluição 
10-2 e transferiu-se para o tubo contendo 9mL de água peptonada, homogeneizou-se e está pronta a solução 10-3 .
	O teste presuntivo foi organizado nas seguintes etapas: a) uma bateria com 9 tubos de ensaio distribuídos de 3 em 3; b) em 3 tubos, inocular, com a pipeta esterilizada, 1mL da diluição 10-1 ; c) em 3 tubos, inocular, com a pipeta esterilizada, 1mL da diluição 10-2 ; d) em 3 tubos, inocular, com a pipeta esterilizada, 1mL da diluição 10-3 ; e) incubar a 35 +/- 0,5ºC durante 24/48h. 
	O teste confirmativo para coliformes totais foi feito respectivamente : a) tomou-se o número de tubos do teste presuntivo que deram positivos nas diluições 10-1;10-2;10-3; b) tomar igual número de tubos contendo o meio de cultura verde brilhante; c) com a alça de platina, previamente flambada e fria, retirar de cada tubo positivo uma porção de amostra e inocular nos tubos correspondentes contendo o meio verde brilhante. Este procedimento chama-se repicagem; d) incubar os tubos durante 24/48h a 35 +/- 0,5 ºC.
	Já o teste confirmativo para coliformes termotolerante foi realizado da seguinte maneira: a) tomar o número de tubos do teste presuntivo que deram positivos nas 3 diluições 10-1;10-2;10-3; b) tomar igual número de tubos contendo EC; c) com a alça de platina, previamente flambada e fria, retirar de cada tubo positivo uma porção de amostra e inocular nos tubos correspondentes contendo EC. d) incubar os tubos durante 24/48h a 35 +/- 0,5 ºC. 
A figura abaixo demonstra resumidamente a metodologia utilizada para análises microbiológicas de água.
 Fonte: Google imagens, 2018
Matéria Orgânica
Para a determinação do teor de matéria orgânica, utiliza-se o método titulométrico/permanganometria. Pipetou-se 100mL da amostra de água e transferiu para um Erlenmeyer de 250mL, em seguida, adicionou-se 10mL de solução de permanganato de potássio 0,0025 mol/L e 5 ml de solução de ácido sulfúrico 1:3 e agitou. Em outro Erlenmeyer de 250mL, colocou-se 100mL de água destilada, 10mL de solução de permanganato de potássio 0,0025 mol/L e 5mL de solução de ácido sulfúrico 1:3 (esta é a prova em BRANCO). 
Foi utilizado o banho-maria para aquecer os dois Erlenmeyer contendo as misturas acima de 70oC por 30 minutos. Depois de exatamente 30 minutos de aquecimento, retirou do banho-maria e foi adicionado 10mL de solução de oxalato de sódio 0,00625 mol/L. Colocou-se novamente os dois Erlenmeyer com as misturas no banho-maria, e aqueceu por 3 minutos. Realizou-se a titulação ainda quente com solução de permanganato de potássio 0,0025 mol/L, até coloração levemente rósea permanente por 30 segundos.
Teor de Coliformes
O método utilizado para a contagem de coliformes totais, termotolerantes e Escherichia coli em água é o Número Mais Provável (NMP) ou Técnica de Múltiplos Tubos (Silva et al.,2010). É uma técnica de análise quantitativa que permite conhecer o Número Mais Provável de micro-organismos presentes na amostra original. Em tubos de ensaios são colocados os meios e alíquotas de amostras das diversas diluições. Após o período de incubação os tubossão especificados como positivo ou negativo. 
Com a ajuda da tabela do Número Mais Provável é possível identificar aproximadamente quantos dos micro-organismos que foram analisados se fazem presentes na amostra (Marquezi, 2010). Conforme demonstra a Figura 2 abaixo.
 
 Figura 2: Tabela de NMP
Resultado e Discussão 
A qualidade da água pode ser representada através de diversos parâmetros que revelam as suas principais características físicas, químicas e biológicas. Para que a água seja considerada potável, estes parâmetros deverão estar de acordo com o CONAMA nº20, portaria 518/2004, que apresenta as normas e o padrão de potabilidade da água destinada ao consumo humano. Os resultados obtidos através das análises físico-químicas e microbiológicas das amostras de água do lago do PEAMA estão descritos na tabela 2.
Tabela 2. Resultado das Análises físico-químicas e microbiológicas das amostras de água do lago do PEAMA
	Parâmetros Analisados
	Unidades
	Amostra
	pH
	-
	6,9
	Alcalinidade
	mg/L CaCo3
	24,6
	Condutividade
	µS/cm
	53,18
	Dureza
	mg/L CaCo3
	17
	Temperatura
	C°
	22
	Turbidez
	NTU
	6,8
	Resíduos Sólidos
	mg/L
	0,0058
	Acidez
	mg/L de CaCO3
	2
	Matéria Orgânica
	mg/L
	0,784
	Teor de Coliformes
	NMP
	23
 Fonte: Autores, 2018
As medidas de pH são de extrema utilidade, pois fornecem inúmeras informações a respeito da qualidade da água. Recomenda-se que, no sistema de distribuição, o pH da água seja mantido na faixa de 6,0 a 9,5.
A alcalinidade é a capacidade que a água possui de neutralizar ácidos. É, normalmente, função dos carbonatos, bicarbonatos e hidróxidos contidos na água e é tido como indicador da concentração destes constituintes (SPERLING, 1996). 
Os três tipos de alcalinidade possíveis de serem encontrados em uma água natural são: alcalinidade a hidróxido (OH-), a carbonato (CO32-) e a bicarbonato (HCO3) de acordo com a tabela 3, sendo que, dois tipos podem estar presentes simultaneamente em uma amostra, devido ao equilíbrio químico (MACÊDO, 2001).
Tabela 3. Relação entre pH e as diversas formas de alcalinidade
	Faixa de pH
	Alcalinidade
	> 9,4
	Hidróxidos e Carbonatos
	8,3 – 9,4
	Carbonatos e Bicarbonatos
	4,4 – 8,3
	Bicarbonatos
Fonte: Veiga, 2005
Ao adicionarmos fenolftaleína à amostra, surgindo uma coloração rosa, significa a possibilidade da presença de hidróxido, ou de carbonato, ou hidróxido/carbonato simultaneamente na amostra de água. E de acordo com os resultados apresentados na tabela 2, o pH da amostra apresentou-se em 6,9, representando uma relação com a alcalinidade na faixa > 9,4 com alcalinidade de Hidróxidos (OH-) e Carbonatos (CO32-) como demonstrados na tabela 3.
Segundo Boesch (2002) e Esteves (2011), a condutividade elétrica é um parâmetro que pode mostrar modificações na composição dos corpos d’água, mas não especifica quantidades e componentes. É um parâmetro importante para controlar e determinar o estado e a qualidade de água (PIÑEIRO DI BLASI et al., 2013).
Não existe um padrão de condutividade na legislação, porém, de acordo com Sperling (2007), as águas naturais apresentam teores de condutividade na faixa de 10 a 100 μS cm-1, e em ambientes poluídos por esgotos domésticos ou industriais os valores podem chegar até 1000 μS cm-1. De acordo com a tabela 2, a condutividade da água apresentou-se em 53,18 µS/cm a uma temperatura de 22 °C, demonstrando estar na faixa dos estudos realizados citados anteriormente.
Turbidez é a medição da resistência da água à passagem de luz, por conta de material fino em suspensão na água. De acordo com a Portaria 518/04 do Ministério da Saúde (BRASIL, 2004), a água potável deve estar em conformidade com o padrão de aceitação para consumo humano e para turbidez, o valor máximo permitido é de 5 NTU. A análise realizada mostrou que a turbidez da água estava em 6,8, ultrapassando a valor permitido pelo CONAMA. 
Nas águas naturais, a presença da turbidez provoca a redução de intensidade dos raios luminosos que penetram no corpo d’água, implicando decisivamente nas características do ecossistema presente, com isso, há a redução da fotossíntese dos organismos (tais como fitoplâncton, algas e vegetação submersa). 
De acordo com os cálculos feitos com auxilio da formula presente na metodologia, a análise foi realizada em duplicata, na qual encontrou-se dois valores: 16mg/L e 18mg/L. Calculou-se a média dos valores e obteve-se o valor de 17mg/L, que segundo a tabela de classificação de águas, expressa na tabela 4, a água analisada se encontra na categoria água mole.
Tabela 4. Classificação das águas de acordo com o nível de dureza.
	Águas moles
	< 50 mg CaCO3/L
	Águas de dureza moderada
	Entre 50 e 150 mg CaCO3/L
	Águas duras
	Entre 150 e 300 mg CaCO3/L
	Águas muito duras
	>300 mg CaCO3/L
Fonte: Veiga, 2005
	
A importância do teste de matéria orgânica está relacionada principalmente com a constatação de características da água (cor, odor, sabor, etc.) inadequadas para consumo humano e para manutenção da vida dos seres aquáticos. Este, também conhecido como Determinação da matéria orgânica carbonada, ou Determinação da Oxidabilidade, mede a capacidade que tem uma água para consumir oxidantes químicos. Para determinação da matéria orgânica foi utilizada a seguinte fórmula abaixo:
MgO2/L = 1,25 x [(VA x Fc - VB) – (VC x Fc – VD)] x 0,0025 x 32 x 1000 --------------------------------------------------------------
V
Através da média retirada da técnica realizada em triplicata, calculou-se por meio desta fórmula e chegou-se ao resultado de 0,784 mg/L, porém foi necessário utilizar a tabela abaixo para comparação segundo Yeomans e Bremner, 1988.
Utilizando o método e tabela proposta por Yeomans e Bremner (1988), observou-se que a amostra analisada obteve os valores pouco acima, quando relacionada aos quesitos Matéria Orgânica, Carbono Total e Carbono Orgânico, como apresentado na tabela 5. 
Tabela 5. Relação das análises microbiológicas
	Amostra
	10-1
	10-2
	10-3
	Lauril
	3
	2
	2
	Escherichia coli
	0
	0
	0
	Caldo VB (Verde Brilhante Bile)
	3
	0
	0
Fonte: Autores, 2018
	Com base na metodologia aplicada, no final de 24/48h, ocorreu a formação de gás dentro do tubo de Durhan, o que significa que o teste presuntivo foi positivo. Neste caso, deve-se fazer o teste confirmativo. Assim como o restante dos testes, quando há o aparecimento de bolhas nos tubos, significa a presença de tais microrganismos. Pode-se perceber pela tabela 5 que, quando se trata da presença de bactérias nos tubos contendo Lauril que a água analisada se encontra contaminada com bactérias. Uma explicação para este aspecto seria a quantidade de matéria orgânica dispersa na água, o que possibilita a multiplicação e o desenvolvimento das mesmas. No teste específico para Escherichia coli, percebeu-se que a amostra não possui contaminação e, por fim, quando relacionado à contaminação por coliformes fecais foi aferido um baixo valor.
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Mediante aos testes aplicados na amostra de água coletada na lagoa do Polo de Educação Ambiental da Mata Atlântica e com o auxílio de pesquisas literárias, pode-se concluir que, por conta da lagoa ter passado por um período de seca muito longo, onde cresceram variados tipos de vegetação, e a mesma ter retomado seu volume de água normal sem o manejo adequado do solo, a água apresentou valores altos de matéria orgânica em suspensão, pouca contaminação por Coliformes fecais, nenhuma contaminação por Escherichia coli, porém quando se trata de bactérias, em geral, o número expresso foi alto. E quaisquer alterações nos testes físico-químicos, quando comparados a algum estudo sobre qualidade de água, podem ser explicadas também pelo fato do excesso de matéria orgânica.
REFERÊNCIAS
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BOESCH,D. F. Challenges and opportunities for science in reducing nutrient over-enrichment of coastal ecosystems. Estuaries, v. 25, n. 4b, p. 886– 900, 2002. 
BRASIL. FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE. (Org.). Manual prático de análise de água. 4. ed. P. 150. Brasília: Funasa, 2013. 
CONAMA. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº 357.Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 18 mar. 2005.
ESTEVES, F. Fundamentos de limnologia. 3. ed. Rio de Janeiro: Interciência, 826 p. 2011. 
MACÊDO, JORGE ANTÕNIO BARROS DE., Águas & Águas. São Paulo: Livraria. 2001.
MARQUEZI, MC. Comparação metodológica para a estimativa do número mais provável (NMP) de coliformes em amostras de água. 2010. 111 f. Dissertação (Mestrado em ciência e tecnologia de alimentos) – Universidade de São Paulo, Escola Superior de Agricultura Luiz Queiroz. 2010.
MARIA, N.; ALBERTO, D. A importância da água na produção de ovos. Revista Plantar. n.27, p.34-35. 2009.
MINISTÉRIO DA SAÚDE, “Portaria 518/2004. “Controle e Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano e seu Padrão de Potabilidade”. Brasília, Fundação Nacional da Saúde, 2004. 
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. ONU. Água para consumo humano. Relatório de desenvolvimento humano. Capítulo 2, Nova York: ONU, 2006. 
PHMETRO. 2013. Disponível em:< http://pt.wikipedia.org/wiki/PHmetro>. Acesso em: 01 de Dez. 2018.
PIÑEIRO DI BLASI, J. I.; MARTÍNEZ TORRES, J.; GARCÍA NIETO, P. J.; ALONSO FERNÁNDEZ, J. R.; DÍAZ MUÑIZ, C.; TABOADA, J. Analysis and detection of outliers in water quality parameters from ‘different automated monitoring stations in the Miño river basin (NW Spain). Ecological Engineering, v. 60, p. 60–66, 2013.
Silva N, et al. Manual de métodos de análise microbiológica de alimentos e água. 4. ed., São Paulo: Ed. Varela; 2010.
SPERLING, M.V. Introdução à Qualidade das Águas e Tratamento de Esgotos. 3. ed. Belo Horizonte: Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental; Universidade Federal de Minas Gerais; 2005.
VERONA, Luís Augusto Ferreira. Avaliação de sustentabilidade em agroecossistemas de base familiar e em transição agroecológica na região
sul do Rio Grande do Sul. 2008. 193 f. Tese (Programa de Pós-Graduação em Ciências: Produção Vegetal – Doutorado) - Universidade Federal de Pelotas, Pelotas. 2008.
VON SPERLING, M. Estudos de modelagem da qualidade da água de rios. Belo Horizonte: UFMG, Vol. 7. p. 452. 2007. 
VON SPERLING, M., Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos. 2º ed. 1996.
YEOMANS, J.C. & BREMNER, J.M. A rapid and precise method for routine determination of organic carbon in soil. Commun. Soil Sci. Plant. Anal., 19:1467-1476, 1988.

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