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Aula 12 - Erro de tipo

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DISPOSIÇÃO LEGAL: art. 20 CP: 
“Art. 20 DO CP. O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. 
§ 1º É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo. 
§ 2º Responde pelo crime o terceiro que determina o erro. 
§ 3º O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime.”
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CONCEITO DE ERRO:
 “É a falsa representação da realidade ou o falso ou equivocado conhecimento de um objeto(é um estado positivo)(...).”(Luiz Flávio Gomes).
CONCEITO DE ERRO DE TIPO: 
 “ É aquele que recai sobre elementares, circunstâncias ou qualquer dado que se agregue a determinada figura típica, ou ainda aquele segundo Damásio, ‘incidente sobre os pressupostos de fato de uma causa de justificação ou dados secundários da norma penal incriminadora’.(Rogério Greco).
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ESSENCIAL: quando recai sobre elementares, circunstâncias ou qualquer outro dado que se agregue a figura típica. 
CONSEQUÊNCIA: 
 - INEVITÁVEL (escusável, justificável, invencível): afasta o dolo e a culpa; 
 - EVITÁVEL (inescusável, injustificável, vencível), afasta o dolo e o sujeito responde por crime culposo se houver.
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O agente pega coisa alheia como própria;
O agente relaciona-se sexualmente com menor de 14 anos, supondo-a maior;
O agente contrai casamento com pessoa já casada, desconhecendo o matrimônio anterior;
O agente atira em alguém imaginando ser um animal;
O agente deixa de agir por desconhecer sua qualidade de garantidor.
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ERRO DE TIPO ACIDENTAL: aqui não afasta o dolo haja vista que o agente atua com consciência da antijuridicidade, acabando por errar apenas em relação a elementos componentes.
 a) Erro sobre o objeto(error in objecto): O sujeito ataca objeto diverso do desejado, não tendo influência na aplicação da pena.
Ex.: o sujeito queria furta uma saca de açúcar quando, por engano, furta uma saca de farinha. O erro é, portanto, irrelevante.
 
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 b) Erro sobre a pessoa (error in persona): Art.20 §3º do CP: O sujeito quer atingir certa pessoa, mas pela aparência com outrem acaba atingindo aquele. Responde como se tivesse praticado o delito contra a pessoa desejada.
Ex.: se o agente queria matar o pai mas acaba confundindo e mata outra pessoa, responde como se tivesse causado a morte do pai. Se quisesse matar outra pessoa, mas acaba matando o pai, responde por homicídio sem a agravante do artigo 61, “e”, do CP.
 
 c) Erro na execução(aberratio ictus): art. 73 do CP.
 O sujeito quer atingir determinada pessoa, mas por ineficiência na execução atinge 3º. Responde como se tivesse ocasionado o resultado a pessoa desejada.
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 d) Resultado diverso do pretendido(aberratio criminis). Art. 74 do CP.
 O sujeito quer cometer certo delito, mas acaba ocasionando delito diverso, respondendo a título de culpa se houver esta possibilidade.
Ex.: o sujeito arremessa pedra para quebrar vidraça, mas erra o alvo e atinge cabeça de terceiro, que vem a falecer. Responderá por homicídio culposo. Se ele quebrar a vidraça e atingir alguém dentro do prédio, causando lesões corporais, responderá por crime de dano e lesão corporal, em concurso formal.
 
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 e) Erro sobre o nexo causal (aberratio causae): Aqui o sujeito pensa que uma determinada ação foi causa do resultado, quando na verdade se deu por outra causa. O agente responde por um só crime consumado.
Ex.: o sujeito, almejando matar a vítima por afogamento, a arremessa do alto de uma ponte, vindo esta, contudo, após chocar-se com o pilar central, a falecer por traumatismo craniano.
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Conceito: 
“hipóteses em que o agente pratica um determinado delito pensando estar diante de uma das causas excludentes de ilicitude”.
LEGÍTIMA DEFESA PUTATIVA;
ESTADO DE NECESSIDADE PUTATIVO;
EXERCÍCIO REGULAR DO DIREITO PUTATIVO;
ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL PUTATIVO;
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 ESPÉCIES:
DESCRIMINANTE PUTATIVA POR ERRO DE PROIBIÇÃO: O agente tem a perfeita noção de tudo o que está ocorrendo, ou seja, o erro do agente não recair sobre uma situação de fato, mas sim sobre a EXISTÊNCIA OU LIMITES DE UMA CAUSA DE JUSTIFICAÇÃO. Ele supõe que está diante da causa que exclui o crime, porque avalia equivocadamente a norma. Ela é considerada um ERRO DE PROIBIÇÃO.
 CONSEQÜÊNCIA: se o erro for INEVITÁVEL, o agente terá cometido um crime doloso, mas não responderá por ele (CP, art. 21); se EVITÁVEL, responderá pelo crime doloso com pena diminuída de 1/6 a 1/3 (CP, art. 21 e parágrafo único);
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 Ex.: O pai, imaginando poder agir em defesa da honra da filha, mata o agente que a havia estuprado. O pai não erra sobre circunstância de fato alguma, mas sim sobre a existência da possibilidade de agir em legítima defesa da filha.
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DESCRIMINANTE PUTATIVA POR ERRO DE TIPO: ocorre quando o agente imagina situação de fato totalmente divorciada da realidade, na qual está configurada a hipótese em que ele pode agir acobertado por uma causa de exclusão da ilicitude. os efeitos são os mesmos do erro de tipo (inevitável exclui o dolo e a culpa. evitável exclui o dolo). a descriminante putativa de erro de tipo é uma espécie de erro de tipo essencial;
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Tício andando na rua e depara-se com o seu desafeto (pessoa que alguns dias atrás disse que ia matá-lo). Essa pessoa põe a mão repentinamente no bolso e, acreditando ser uma arma, Tício saca logo uma faca e corta seu pescoço, o levando a óbito. Após o ocorrido, Tício percebe que o mesmo ia tirar de seu bolso um pente de cabelo. Veja: O erro recaiu sobre uma situação fática ou pressuposto da justificação, qual seja, agressão injusta, que justificaria agir em legítima defesa.
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DISPOSITIVO: § 1º do art. 20: “É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo”. 
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IMPLICAÇÕES:
O ERRO PLENAMENTO JUSTIFICÁVEL (ESCUSÁVEL) ISENTA O AGENTE DE PENA;
O ERRO INESCUSÁVEL (EVITÁVEL) ISENTA O DOLO, MAS O AGENTE RESPONDE POR CULPA (IMPRÓPRIA).
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 NATUREZA JURÍDICA DAS DESCRIMINANTES PUTATIVAS
TEORIA EXTREMADA – todo e qualquer erro que recaia sobre uma causa de justificação é erro de proibição, não importando distinguir se o erro incide sobre uma situação de fato, sobre a existência ou sobre os limites da causa de justificação.
TEORIA LIMITADA – se o erro do agente SOBRE A CAUSA DE JUSTIFICAÇÃO vier a recair sobre uma situação de fato, o erro será de tipo (erro de tipo permissivo); caso recaia sobre a existência ou os limites da causa de justificação, o erro será de proibição. O Código Penal adotou a teoria limitada da culpabilidade, conforme o item 17, da Exposição de Motivos da nova parte geral:
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 17. É, todavia, no tratamento do erro que o princípio nullum crimen sine culpa vai aflorar com todo o vigor no direito legislado brasileiro. Com efeito, acolhe o Projeto, nos artigos 20 e 21, as duas formas básicas de erro construídas pela dogmática alemã: erro sobre elementos do tipo e erro sobre a ilicitude do fato.
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