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Biometria Florestal 103 8 FATOR FORMA 8.1 Introdução As variações na forma do tronco devem-se à diminuição sucessiva dos diâmetros da base ao topo da árvore. Essa redução do diâmetro é conhecida como “forma da árvore ou taper”, razão fundamental para a variação do volume da árvore em função da espécie, diâmetro à altura do peito, idade, manejo e sítio. Após o diâmetro e altura, o fator forma constitui a terceira variável, em ordem de importância, na determinação volumétrica. O crescimento em altura é o elemento que mais influencia o fator de forma. Desse modo, sabe-se que duas árvores geometricamente idênticas, porém com alturas diferentes, têm diferentes fatores de forma artificial. Isso ocorre porque, sendo o fator forma o resultado de uma divisão do volume cúbico e o volume do cilindro em que a variável altura, embora aplicada no cálculo dos dois volumes, não acarreta uma variação proporcional no volume da árvore quando se toma para comparação o cilindro ideal. O fator de forma é definido como um módulo de redução, que deve ser multiplicado pelo produto da área basal (g) com a altura (h) para se ter o volume de uma árvore em pé (Silva, 1977). fhgv ⋅⋅= À medida que o fator de forma se aproxima de 1, mais cilíndrica é a árvore. Fatores iguais a 1 não são obtidos, porque implicaria na forma de um cilindro e a árvore apresenta sempre um afilamento ao longo do tronco. O fator de forma médio é calculado sobre um número de árvores representativo da população e serve para aproximações rápidas do volume de árvores. Biometria Florestal 104 Segundo o processo de cálculo, os fatores de forma podem ser chamados de artificiais ou naturais. 8.2 Fator de forma artificial Genericamente, este fator pode ser obtido pela razão entre o volume rigoroso da árvore (total ou parcial), tomado em relação ao volume de um cilindro, cuja altura e diâmetro (medido a 1,30 m da base da árvore) sejam iguais aos da árvore considerada. 3,1 3,1 dadiâmetrocomcilindrodoVolume rigorosoVolumef = . O cálculo direto do fator de forma é determinado em função da cubagem rigorosa do tronco ou parte dele, em relação ao volume do cilindro correspondente. A expressão do volume de uma árvore em pé é dada por: 3,1fhgv ⋅⋅= , 3,1fh4 d v ⋅⋅ ⋅pi = . O produto ( ) h4/d2 ⋅⋅pi corresponde ao volume do cilindro de mesmo diâmetro e altura que a árvore, portanto: 3,1cilindro fvv ⋅= . O fator de forma artificial para duas árvores que apresentam a mesma forma geométrica diminui com o aumento da altura. Quando o fator de forma for obtido a partir de um grande número de árvores, determina-se o fator médio pela expressão: Biometria Florestal 105 ( ) ( )�� � == = cr3,1 n 1i i 3,1 vvfou n f f , onde: 3,1f = fator de forma artificial médio; if = fator de forma artificial da árvore i; rv = volume rigoroso; cv = volume do cilindro. Sendo a forma das árvores variável, obtém-se maior precisão no cálculo do volume, usando o fator de forma por classe de diâmetro ou, ainda, estimando-o para a árvore como função do diâmetro e altura pelo uso de um modelo de regressão. Para determinar o fator de forma comercial procede-se de maneira idêntica; utilizando-se, noentanto, a razão entre o volume comercial e o volume do cilindro comercial, isto é, o volume de um cilindro com diâmetro igual ao dap e altura igual a altura comercial da árvore. 8.3 Fator de forma natural O fator de forma natural é definido como a razão entre o volume rigoroso da árvore e o volume de um cilindro com diâmetro e altura igual a da árvore, sendo o diâmetro tomado a 1/10 da altura total, isto é h1,0d . * h1,0 1,0 dadiâmetrocomcilindrodoVolume rigorosoVolumef = * h1,0d = diâmetro de Hohenadl tendo como referência a base da árvore. Uma árvore com 13,0 m de altura tem o h1,0d e o DAP coincidentes, gerando, assim, os fatores de forma natural e artificial iguais. Duas árvores com idêntica Biometria Florestal 106 forma geométrica e diferentes alturas, possuem diferentes fatores de forma artificial, porém o mesmo fator de forma natural. O fator de forma natural pode também ser determinado através dos quocientes de Hohenadl, como segue: ( )2 9,02 7,02 5,02 3,01,0 nnnn12,0f ++++⋅= onde: 2 i,0n = quociente de forma natural. h1,0 h3,0 h3,0 d d =η ; h1,0 h5,0 h5,0 d d =η ; h1,0 h7,0 h7,0 d d =η e h1,0 h9,0 h9,0 d d =η . Sendo o volume da árvore dado por: ( ) ( ) 1,02 1,03,12 fhd4/fhd4/v ⋅⋅⋅pi=⋅⋅⋅pi= tem-se: ( ) 2 1,0 2 1,0 2 1,0 2 1,0 3,1 d fd hd 4 fhd 4f ⋅= ⋅⋅� � � � � � pi ⋅⋅⋅ pi = . O quociente entre 2d e 2 1,0d é denominado de quociente de Hohenadl sendo representado por: qH = 1,0d/d , podendo-se, então, reescrever as fórmulas como: 2 3,11,0 2 1,03,1 qHffeqH/ff ⋅== . Biometria Florestal 107 8.4 Cálculo indireto do fator de forma A partir do fator de forma calculado por qualquer um dos processos anteriormente citados, pode-se determinar equações matemáticas para estimar o fator de forma em função de variáveis de fácil medição. Para isso, após a determinação de um número de dados representativos da população, ajusta-se, por regressão, equações como, por exemplo, as apresentadas na Tabela 23. TABELA 23 - Modelos para fator de forma MODELO 2 210 dbdbbf ++= d/hbhbbf 210 ++= hlogbdlogbbflog 210 ++= log f = log b0 + b1 log d +b2 log h + b3 log t d/lbd/hbd/dbbf 323,010 +++= ( ) 23hc223,010 d/hbd/hbd/dbbf +++= Onde: d = diâmetro a 1,3m; h = altura; l = comprimento da copa; ch = altura da copa; id = diâmetro a uma altura i. A Tabela 24 apresenta o fator de forma artificial para Eucalyptus grandis, em primeira rotação, gerada pelo modelo matemático. 2322 11 01 dg hgb dg hgb dg bbf +++= . Biometria Florestal 108 TABELA 24 - Tabela de fator de forma artificial, Eucalyptus grandis, em primeira rotação. cont .... Obs: Para ver a continuidade da tabela, consultar Finger (1997). 8.5 Cociente de forma O cociente de forma é definido como a razão entre dois diâmetros, enquanto fator de forma é a razão entre dois volumes. A aplicação do cociente de forma é a mesma dada ao fator de forma, ou seja, serve de fator de redução para o volume do cilindro. Entretanto, a estimativa do volume assim calculado não tem a mesma precisão que a obtida com fator de forma. Outra aplicação está no estudo da forma de árvores e em modelos matemáticos como variável independente: Khgv ⋅⋅= Biometria Florestal 109 onde : ddK h5,0= =h5,0d diâmetro tomado a 50% da altura total da árvore d = dap h = altura k = cociente de forma artificial Quando a árvore possuir altura igual a 2,6 m, o d0,5h e d serão coincidentes, gerando um valor de k = 1. Alternativamente, Johnson (1910), (apud Husch et al., 1982) recomenda que o diâmetro superior seja tomado na metade da secção entre o DAP e o topo da árvore. Este novo valor é chamado de cociente de forma absoluto (Silva e Paula Neto, 1979). 3,1a d/'dK = onde : d’ = diâmetro tomado na metade da secção entre o dap e o topo. Os cocientes de forma podem ainda ser empregados em equações de volumee de fatores de forma. Segundo Silva (1977), Pollanschütz estabeleceu equações para estimar fatores de forma para espécies florestais austríacas e verificou que a introdução do cociente de forma ( d/d h3,0 ), juntamente com a altura na forma aritmética, apareceriam em todos os modelos testados e que a introdução dos cocientes 2h5,0h1,0 ddd ⋅ produziu importante redução da variância total. Outra expressão de cociente de forma é o apresentado por Girard, que o desenvolveu em 1933, e que segundo Silva e Paula Neto (1979), pode ser usado como variável independente nas equações de volume. O cociente é expresso pela razão entre o diâmetro sem casca no topo da primeira tora (16 pés mais uma sobre medida de 1,3 pés, ou seja, a 5,27 m quando a tora padrão for 4,87 m e o DAP com casca). Este conceito pode ser aplicado para outros comprimentos de tora e serve para a formação de classes de forma. Biometria Florestal 110 h/dK 27,5G = , Onde: =GK cociente de forma de Girard; =27,5d diâmetro sem casca tomado na extremidade da tora; d = dap com casca.
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