Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
� MINSURAÇAO N. Cham.: 634.0 C198m 5. ed. Autor: Campos, João Carlos Chagas Titulo: Mensuração florestal : perguntas e 10468798 Ac.1041235 RESTiiL itas e Respostas ão, atualizada e ampliada BCE João Carlos Chagas Campos Helio Garcia Leite MENSURAÇÃO FLORESTAL PERGUNTAS E RESPOSTAS 5a edição, atualizada e ampliada EdÍTORA UFV Universidade Federal de Viçosa 2017 Apresentação Em razão da grande aceitação do livro Mensuração Florestal - Perguntas e Respostas em sua quarta edição, lançada em agosto de 2013, decidimos preparar esta quinta edição, revista e ampliada, porém mantendo essencialmente as mesmas características das edições anteriores, com a descrição e solução de problemas com base em dados reais. Ênfase maior foi dada ao tema crescimento e produção, por constituir uma das bases do moderno manejo florestal. Objetivando maior aclaramento, acréscimos pontuais ocorreram em muitos dos exemplos, além da adição de mais quatro novos exemplos, distribuídos por três capítulos. Com isso, procuramos ordenar ainda mais os tópicos relacionados à quantificação do crescimento e manejo da floresta, para maior compreensão do assunto. Entre os acréscimos merece menção a inclusão de uma alternativa aplicando busca heurística que otimiza a seleção de parcelas para ajuste de modelos de crescimento e produção. Por ser de aplicação recente em mensuração florestal, foi incluído um exemplo abordando o treinamento e a aplicação de redes neurais artificiais na estimação da altura de árvores. Mereceu desenvolvimento com exemplos a questão da previsibilidade da produção florestal de povoamentos submetidos a desbastes, uma vez que a literatura não contempla claramente a estrutura e as variáveis componentes dos modelos que descrevem as tendências do crescimento após cortes de desbastes. De modo complementar, demonstrou-se, passo a passo, o cálculo das estimativas por hectare, em volume, área basal, diâmetro médio e frequência, em cada um dos ciclos de corte de um povoamento submetido a desbaste, empregando um modelo tipo povoamento total. Esperamos que as inserções pontuais ao longo do texto e o acréscimo de alguns novos exemplos tenham enriquecido ainda mais a obra. Externamos nossos agradecimentos àqueles que contribuíram para a complementação deste trabalho, especialmente colegas e estudantes dos Cursos de Engenharia Florestal da UFV e da UFVJM, além de profissionais de empresas ligadas ao setor florestal, que, oportunamente, ofereceram sugestões úteis, as quais foram incluídas nesta edição. Por fim, nosso agradecimento ao Dr. Daniel Binoti e à Dra. Mayra, que, com empenho e dedicação, ajudaram na elaboração e aclaramento dos exemplos relacionados ao emprego de redes neurais e também aos orientados e coorientados da pós-graduação do Departamento de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Viçosa. Os Autores. Sumário Capítulo 1 - Diâmetro, �� Capítulo 2 - Altura, 40 Capítulo 3 - Forma e Volume da Árvore, 85 Capítulo 4 - Volume Reduzido de Toras, �05 Capítulo 5 - Cubagem e Tabelas de Volume, ��2 Capítulo 6 - Massa de Madeira e de Carvão, �43 Capítulo 7 - Taper, �63 Capítulo 8 - Método de Bitterlich, 226 Capítulo 9 - Análise de Tronco, 262 Capítulo 10 - Classificação da Capacidade Produtiva, 289 Capítulo 11 - Crescimento, Produção e Mortalidade, 33� Capítulo 12 - Dados para Modelagem de Crescimento e Produção, 356 Capítulo 13 - Modelos de Crescimento e Produção em Nível de Povoamento, 370 Capítulo 14 - Modelos de Distribuição de Diâmetros, 454 Capítulo 15 - Modelos de Árvores Individuais, 497 Capítulo 16 - Avaliação de Modelos de Crescimento e Produção, 509 Capítulo 17 - Desbaste, 527 Capítulo 18 - Princípios de Inventário Florestal, 558 Capítulo 19 - Princípios de Manejo Florestal, 602 índice, 630 �apítulo Diâmetro A medida mais comum do diâmetro das árvores é realizada na altura de 1,30 m, sendo conhecida no meio florestal por diâmetro à altura do peito �dap), o qual está relacionado com o volume. Como as seções do tronco raramente são circulares, as medições podem estar sujeitas a pequenos erros de superestimação. Isso acontece ao se violar a relação entre o diâmetro e a circunferência de um círculo, forma na qual a graduação dos instrumentos de medição do diâmetro foi baseada. Além da média aritmética dos diâmetros das árvores de um povoamento, o diâmetro médio, ou quadrático, constitui uma estatística bastante esclarecedora. Devido à sua grande importância para mensuração e manejo, são exemplificadas, neste capítulo, alternativas para seu cálculo. Do mesmo modo, dada a necessidade de minimizar eventuais erros de medição, são apresentados alguns exemplos de quantificação de erros decorrentes do uso de alguns instrumentos. O corte seletivo em povoamentos naturais mistos, com base na distribuição dos diâmetros, constitui uma prática compreensiva do número de árvores a permanecer ou retirar em cada intervenção periódica do manejo. É, portanto, um método de manejo quantitativo e não empírico, conforme outros. Considerada a importância da mensuração dos diâmetros nesse método, alguns exemplos sobre o comportamento das funções de distribuição de diâmetros mais utilizadas são apresentados neste capítulo. 12 Campos e Leite Exemplo 1.1 - Medição do diâmetro Qual é o erro que se comete ao medir com uma suta o diâmetro de uma árvore de seção elíptica? Considerações Os instrumentos mais utilizados para medir diâmetros de árvores são a suta e a fita (fita graduada em cm). A leitura feita com a fita é mais consistente do que a realizada com a suta, pois as medidas resultam num mesmo valor, para diferentes usuários, porém não implica maior exatidão. Em árvores com seção circular, os diâmetros obtidos com esses dois instrumentos são coincidentes. O uso da suta pode resultar em erros, geralmente desprezíveis, quando as seções não são circulares. Nesse caso, o diâmetro correto é o obtido pela média de todas as leituras. Na prática, a média entre o maior e o menor diâmetro medidos com uma suta é aceita como medida representativa do diâmetro da árvore, embora ocorra erro. Para quantificar esse erro, considere uma árvore cuja seção a 1,3 m de altura é uma elipse, com diâmetros de 25 e 23 cm. Os diâmetros para cada caso são: 1) Média dos diâmetros medidos com uma suta: ^^0+23^0 _ 24 � cm 2 2) Diâmetro com fita: ri~ . (perímetro da elipse) em que: a = raio do maior diâmetro; e b = raio do menor diâmetro. Então, o diâmetro com a fita é: Diâmetro 13 = (12,5 + 11,5) 1 + If 12,5-11,5? + J_í 12,5-11,5? + 4 ^12,5 + 11,5 J 64^12,5 + 11,57 = (24,0) = (24,0) +im2+±m4+j_m6+ 4(24 J 64^24J 256 124 J 14----------- 1-------------------F... 2.304 21.233.664 = 24,0104 cm. Nesse exemplo, não houve grande diferença ao se medir o diâmetro da seção elíptica com suta ou com fita. O erro da área seccional, ao empregar o diâmetro obtido pela média das duas leituras feitas com a suta, é calculado subtraindo a área seccional resultante da medida com suta (gs) da verdadeira área da elipse (ge). Para D\ e Dí = maior e menor diâmetro, respectivamente, tem-se: área medida com a suta: Área verdadeira da elipse: Se = Y D\ d 24 Então, o erro de superestimação é: = —(D, - Dj)2 = -(25,0-23,0)2 = 40,79cm2, que constitui um 16 16 erro de superestimação. 14 Campos e Leite O erro percentual da medida da área seccional a partir do emprego de uma suta, no caso da seção elíptica, pode ser calculado da seguinte forma: % de erro da área = (D\~D2 ̂100 = (25,0 -23,0)2 4 Dj D2 4 (25,0) (23,0) 100 =+0,17% O erro percentual ao empregar a fita em uma árvore de seção elíptica é: . , , 100(área seccional usando a suta — área verdadeira da elipse)% de erro da area =------------------------1 Área verdadeira da elipse Então, para os diâmetros 25 e 23 cm, n/ J , 100 (452,7816 - 451,60344) % de erro da area =-------------------------------------------- = 0,26% 451,60344 ’ Resumindo: ■ Diâmetro medido com suta: 24,0 cm • Diâmetro medido com fita diamétrica: 24,0104 cm • Área seccional usando a suta: 452,38934 cm2 ■ Área seccional usando a fita: 452,78150 cm2 ■ Área verdadeira (elipse): 451,60394 cm2 ■ Erro de superestimação da área usando a suta: 0,17% ■ Erro de superestimação da área usando a fita: 0,26%. Conclui-se que o emprego da fita diamétrica resultou em maior superestimação da área, uma vez que o diâmetro oriundo da transformação do perímetro (C/rt) é maior do que aquele dado pela suta (média entre o maior e o menor eixo). Em inventário florestal contínuo, a medição com a suta deve ser feita observando sempre um mesmo sentido nas medições periódicas, para garantir consistência entre medições sucessivas. Esses cálculos servem para comprovar que sempre haverá um erro na medição do diâmetro, seja com fita diamétrica ou suta, ainda que desprezível. Na prática, na maioria das vezes, a forma na seção a 1,3 m é muito próxima de uma circunferência, minimizando a possibilidade de erro com fita ou com suta. Diâmetro 15 Exemplo 1.2 - Diâmetro médio Calcular o diâmetro médio ou quadrático (q) dos dados a seguir, medidos na altura de 1,30 m, empregando-se a fórmula de definição (Tabela 1.1). Tabela 1.1 - Diâmetros de sete árvores-amostra Árvore dap (cm) dap2 1 18 324 2 29 841 3 29 841 4 17 289 5 18 324 6 16 256 7 28 784 Total 155 3.659 Considerações Quando o interesse for calcular a área basal ou o volume de um povoamento, o diâmetro médio ou quadrático é mais apropriado do que a média aritmética dos diâmetros (HUSCH et al., 1982), cuja fórmula de definição é: 4 = ^n~'ÉdaP? O diâmetro médio ou quadrático (q) é uma estatística do povoamento muito utilizada em mensuração florestal. É frequente nos resumos dos relatórios de inventários florestais e em simuladores de produção, pois representa a árvore de área seccional média ('g ). A média aritmética é a medida de tendência central mais utilizada em estatística, enquanto a média quadrática, ou diâmetro médio, é a mais relacionada com atributos do povoamento. Ao confrontar essas duas médias, verifica-se que a média quadrática (q) dá 16 Campos e Leite peso maior a grandes árvores, sendo igual ou maior do que a média aritmética dos diâmetros (X), segundo a variância dos diâmetros ((^x), conforme a relação o que também pode ser 2 ... , . .— 2 2 2 X + crx , sendo <J% a variância populacional, ou seja, a variância estimada com n graus de liberdade. Segundo Curtis e Marshall (2000), em povoamentos de pequenos diâmetros e pequena variação, as diferenças são pequenas. No entanto, em povoamentos com grandes diâmetros e grande variação, ou com grande distorção da normalidade, as diferenças entre q e X podem ser substanciais. Solução Por definição, o diâmetro médio (q) é dado por: em que: q = diâmetro médio ou quadrático; dap = diâmetro medido na altura de 1,30 m; e n = número de árvores ou frequência. Assim: 659 ------= 22,8629457 = 22,9 cm . A média aritmética e a variância dos diâmetros da Tabela 1.1 são: Diâmetro 17 155 7 = 28,1428571 ( n V n 3.659-fi^- -------------- 2— = 32,408163 Então, q = [X2 + a* = V22,14285712 + 32,408163 = 22,8629457 = 22,9 cm Observe que, nesse caso, a variância foi obtida por É(^-K)2 a2x = —-------------(Variância para população), em vez de n ÍW-Y)2 sx = —------------- (Variância da amostra), n -1 Sabendo-se que o diâmetro médio resulta quase sempre em valores maiores que a média aritmética dos diâmetros, o emprego inadequado de um ou de outro pode resultar em erro de tendência. A origem da fórmula de definição pode ser assim demonstrada: sabendo que uma área seccional média (g) tem diâmetro igual ao diâmetro médio (q), pode-se escrever: Como g = i=\ n 4 , então n 18 Campos e Leite Exemplo 1.3 - Outra fórmula para cálculo do diâmetro médio Empregando-se os dados do Exemplo 1.2, calcular o diâmetro médio (q) a partir da fórmula q = ---- , em que B é a área basal e n é V k n a frequência (Tabela 1.2). Tabela 1.2 - Dados de diâmetro (dap) e área seccional (g) de sete árvores-amostra Árvore dap (cm) g(m2) 1 18 0,025447 2 29 0,066052 3 29 0,066052 4 17 0,022698 5 18 0,025447 6 16 0,020106 7 28 0,061575 Soma (5) 0,287377 Solução Dependendo dos dados disponíveis, o diâmetro médio (q) deve ser calculado com a fórmula mais apropriada. Nesse exemplo, recomenda-se o emprego da fórmula que contém a área basal (5). Áreas seccionais, por sua vez, são calculadas com a fórmula conhecida 7K?qp2/40.000, em que g é a área seccional, em m2, e dap é o diâmetro na altura de 1,30 m, em cm. Conhecendo-se a área basal e a frequência, a fórmula proposta pode ser empregada. A origem dessa expressão é: D _ tf?2 ztn 2 2 45 B - g n = --------n 4B = 7t q n q ---------- q = 4 71 n l~4B \ ti n Sendo uma fórmula que relaciona três variáveis importantes (área basal, diâmetro médio e número de árvores), tem-se: Diâmetro 19 ? = 4 (0’287377L = 0,228629 m = 22,9 cm Uma vez que a área seccional média (g) tem diâmetro D quadrático, ela pode ser calculada pela expressão g = —. n Dessa forma, g = 0,287377.T = 0,041054m2 , cujo diâmetro é igual a 22,9 cm, podendo também ser calculado com o emprego de uma tabela de área basal. Exemplo 1.4 - Diâmetro médio e área basal Mostrar o inconveniente do emprego da média aritmética dos diâmetros no cálculo da área basal. Usar os dados do Exemplo 1.3 e admitir que as árvores 1, 4, 5 e 6 da Tabela 1.2 foram cortadas num desbaste (d), permanecendo as árvores 2, 3 e 7 como remanescentes (r). Solução A média aritmética dos diâmetros para a totalidade (7) das árvores e para as árvores desbastadas (d) e remanescentes (r) é: Dt = 22,14 cm, Dd = 17,25 cm, Dr = 28,67 cm Sabendo que a área basal para a totalidade das árvores (Sz) é igual à soma das áreas basais das árvores desbastadas (5j) e remanescentes (5r), tem-se: Bt = Bd + Br. Portanto: + n r í _ n 2 >7t L)rt 4 7 l 4 7 { 4 7 (1.1) Substituindo a frequência e a média dos diâmetros na expressão 1.1, obtém-se: ? ^(22,14)2^ = 4 ^(17,25)2^ + 3 (28,67) 20 Campos e Leite 2.694,90 * 934,82 + 1.936,72, ou, ainda, 2.694,90 cm2 * 2.871,54 cm2, cujo resultado é inconsistente. Ao empregar o diâmetro médio (q), obtêm-se: qt = 22,86 cm, qj = 17,27 cm e qr = 28,67 cm. Substituindo a frequência e os diâmetros médios na expressão 1.1, tem-se: ( 2> = nd ( 2/ + nr ( 2\nqr l 4 J 1 4 J l 4 J 7 it(22,86)2' = 4 \(17,27)2> + 3 Tt(28,67)2> < 4 J l 4 J l 4 J 2.873,03 = 936,99 + 1.936,72 2.873,03 = 2.873,71, cujo resultado é consistente, indicando a validade de se empregar diâmetro médio em lugar da média aritmética dos diâmetros no cálculo da área basal. Exemplo 1.5 - Diâmetro médio e árvore-modelo Num povoamento florestal de 3,0 hectares, foram medidas algumas parcelas de 500 m2, sendo identificado diâmetro médio (q) igual a 18,0 cm. O número de árvores por hectare encontrado no povoamento é de 1.600. Como estimar a área basal do povoamento? Solução Uma solução aproximada de cálculo da área basal (e do volume) pode ser obtida empregando-se o método da árvore-modelo. Por meio desse método, basta encontrar a área basal (ou o volume) desta árvore e multiplicá-la pela frequência por hectare. A área seccional de uma árvore, em m2, com 18,0 cm de diâmetro é: ^(dap) _g(18) -o o25447m2. A área basal por hectare (B) será: 40.000 40.000 B = N g B = (1.600) (0,025447) = 40,72 m2/ha, ou ainda 4 = 4 D — . Então, 40.000B = q27t:NeB = 182^ 1.600/40.000 = 40,72 m2ha'. Diâmetro 21 Exemplo 1.6 - Diâmetro médio com dados agrupados em classes Calcular o diâmetro médio a partir dos dados apresentados na Tabela 1.3. Tabela 1.3 - Distribuição de frequência por classe de dap Centro da Classe de dap (cm) Frequência (//) daPl Z 5 5 125 7 23 1.127 9 39 3.159 11 67 8.107 13 43 7.267 15 25 5.625 17 10 2.890 Soma 212 28.300 Solução Com dados agrupados em classes de dap, o diâmetro médio é assim obtido: 52.5+72.23+...+172.10 5 + 23 + 39 + 67 + 43 + 25 + 10 28.300 212 =11,6 cm Exemplo 1.7 — Diâmetro médio a partir de dados de inventário florestal Os dados da Tabela 1.4 foram obtidos em 10 parcelas de um inventário florestal contínuo. Como calcular o diâmetro médio de cada talhão e o diâmetro médio do povoamento? 22 Campos e Leite Continua... Tabela 1.4 - Diâmetros observados (cm) em 10 parcelas distribuídas em três talhões, oriundas de um inventário florestal Arvore Talhão 1 Talhão 2 Talhão 3 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 8,5 6,0 9,5 7,5 5,5 8,4 7,7 6,4 5,7 5,2 2 10,5 8,0 11,5 9,5 7,5 10,4 9,7 8,4 7,7 7,2 3 12,5 10,0 13,5 11,5 9,5 12,4 11,7 10,4 9,7 9,2 4 13,0 10,5 14,0 12,0 10,0 12,9 12,2 10,9 10,2 9,7 5 12,5 10,0 13,5 11,5 9,5 12,4 11,7 10,4 9,7 9,2 6 15,5 13,0 16,5 14,5 12,5 15,4 14,7 13,4 12,7 12,2 7 14,0 11,5 15,0 13,0 11,0 13,9 13,2 11,9 11,2 10,7 8 16,5 14,0 17,5 15,5 13,5 16,4 15,7 14,4 13,7 13,2 9 9,5 7,0 10,5 8,5 6,5 9,4 8,7 7,4 6,7 6,2 10 12,5 10,0 13,5 11,5 9,5 12,4 11,7 10,4 9,7 9,2 11 18,0 16,0 19,5 17,0 15,0 17,9 17,2 15,9 15,2 14,7 12 18,5 16,5 20,0 17,5 15,5 18,4 17,7 16,4 15,7 15,2 13 17,3 15,3 18,8 16,3 14,3 17,2 16,5 15,2 14,5 14,0 14 19,0 17,0 20,5 18,0 16,0 18,9 18,2 16,9 16,2 15,7 15 19,5 17,5 21,0 18,5 16,5 7,7 7,0 5,7 5,0 4,5 16 22,0 20,0 23,5 21,0 19,0 9,7 9,0 7,7 7,0 6,5 17 20,5 18,5 22,0 19,5 17,5 11,7 11,0 9,7 9,0 8,5 18 20,0 18,0 21,5 19,0 17,0 12,2 11,5 10,2 9,5 9,0 19 21,5 19,5 23,0 20,5 18,5 11,7 11,0 9,7 9,0 8,5 20 28,0 26,0 29,5 27,0 25,0 14,7 14,0 12,7 12,0 11,5 21 31,0 29,0 32,5 30,0 28,0 13,2 12,5 11,2 10,5 10,0 22 24,5 22,5 26,0 23,5 21,5 15,7 15,0 13,7 13,0 12,5 23 26,0 24,0 27,5 25,0 23,0 8,7 8,0 6,7 6,0 5,5 24 27,0 25,0 28,5 26,0 24,0 11,7 11,0 9,7 9,0 8,5 25 23,5 21,5 25,0 22,5 20,5 17,2 16,5 15,2 14,5 14,0 26 23,0 21,0 24,5 22,0 20,0 17,7 17,0 15,7 15,0 14,5 27 25,5 23,5 27,0 24,5 22,5 16,5 15,8 14,5 13,8 13,3 28 26,5 24,5 28,0 25,5 23,5 18,2 17,5 16,2 15,5 15,0 29 20,5 18,5 22,0 19,5 17,5 18,7 18,0 16,7 16,0 15,5 30 16,5 14,5 18,0 15,5 13,5 21,2 20,5 19,2 18,5 18,0 Diâmetro 23 Tabela 1.4 - Cont. Arvore Talhão 1 Talhão 2 Talhão 3 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 31 15,0 13,0 16,5 14,0 12,0 19,7 19,0 17,7 17,0 16,5 32 9,5 7,5 11,0 8,5 6,5 19,2 18,5 17,2 16,5 16,0 33 7,0 5,0 8,5 6,0 4,0 20,7 20,0 18,7 18,0 17,5 34 15,0 13,0 16,5 14,0 12,0 27,2 26,5 25,2 24,5 24,0 35 16,5 14,5 18,0 15,5 13,5 30,2 29,5 28,2 27,5 27,0 36 23,0 21,0 24,5 22,0 20,0 23,7 23,0 21,7 21,0 20,5 37 25,5 23,5 27,0 24,5 22,5 25,2 24,5 23,2 22,5 22,0 38 26,5 24,5 28,0 25,5 23,5 26,2 25,5 24,2 23,5 23,0 39 20,5 18,5 22,0 19,5 17,5 22,7 22,0 20,7 20,0 19,5 40 16,5 14,5 18,0 15,5 13,5 22,2 21,5 20,2 19,5 19,0 Solução Para calcular o diâmetro médio de cada talhão, basta utilizar a fórmula do Exemplo 1.2. Efetuando os cálculos, obtêm-se: a) Para o talhão 1: (8,5)* 2 3 +(10,5)2 +... + (22,0)2 +(18,07 _ 145.474,57 _n5cm 120 V 120 | (7,5)2 +(9,5)2 + ... + (22,7)2 +(22,2)2 / 37.293,85 a-> = a ----------------------------------------------------------- = --------------= 17,6 cm2 V 120 V 120 c) Para o talhão 3: | (7,7)2 +(9,7/ +...+(19,5/ +(19,0/ / 37.817,20 q = -d ----------------------------------------------- = 1 ------------- -- 15,4cm 3 \ 160 V 160 Um diâmetro médio aproximado de povoamento pode ser considerado a média aritmética dos diâmetros médios encontrados: b) Para o talhão 2: 24 Campos e Leite qx +q2 + q3 3 19,5 + 17,6 + 15,4 3 Dependendo da distribuição dos diâmetros, esse método pode resultar em valor muito discrepante da realidade. Então, a melhor alternativa é empregar a mesma fórmula utilizada para cada talhão: 1 + 3 + 1 + ...+4+1 (7)2(1)h- (9)2(3) +- (11)2(1) +...+ (27)2(4)4-(31)2(1) 15280 40 = 19,5 cm 45.474,57 + 37.293,85 + 37.817,20 , q =. -------------------------------------------- =17,4 cm, que e o valor mais V 120+120 + 160 correto. Exemplo 1.8 - Outro exemplo de cálculo de diâmetro médio com dados agrupados em classes de dap Como calcular o diâmetro médio da parcela 1 do Exemplo 1.7 com os dados agrupados em classes de dap? Solução O agrupamento de dados de parcelas de inventário em classes de dap permite visualizar a estrutura da parcela. É útil também em algumas análises de mensuração, como no ajuste de modelos de distribuição diamétrica (Capítulo 14). Em plantações de eucalipto é comum utilizar intervalos de classe com amplitude de 2,0 cm. Adotando essa amplitude, obtêm-se os resultados da Tabela 1.5. O diâmetro médio calculado para esse caso é: Diâmetro 25 Tabela 1.5 - Distribuição de frequência por classe de dap, das árvores da parcela 1 do Exemplo 1.8 Número da Centro de Classe de ... dap^fi Classe úfap (cm) rrequencia (/,) 1 7 1 49 2 9 3 243 3 11 1 121 4 13 5 845 5 15 3 675 6 17 6 1.734 7 19 4 1.444 8 21 5 2.205 9 23 3 1.587 10 25 4 2.500 11 27 4 2.916 12 29 0 0 13 31 1 961 Soma 40 15.280 Exemplo 1.9 - Estimação do diâmetro médio Como e por que estudar a relação entre diâmetro médio e idade? Considerações O diâmetro médio ou quadrático, por definição, é o diâmetro da árvore de área seccional média. Portanto, ele está diretamente relacionado com a área basal do povoamento, informando sobre o grau de ocupação das áreas por madeira e sobre o porte das árvores. O seu conhecimento, ao longo do tempo, é importante para a condução de estudos de desbaste, pois, quando o diâmetro médio tende a uma constante, é um indicativo de que está faltando espaço para as árvores se desenvolverem, ou seja, essa informação pode ser utilizada como indicador do momento de desbastar o povoamento. Além disso, o conhecimento do diâmetro médio em relação à idade é importante em estudos de modelos de crescimento e produção, principalmente quando o objetivo for a quantificação do volume por classe de diâmetro. 26 Campos e Leite O crescimento em diâmetro, uma vez iniciada a competição, é influenciado pela densidade do povoamento. Isso explica a significância da variável número de árvores (N) por hectare ao se estimar o diâmetro médio (q) por meio de regressão. Além do N, outras variáveis utilizadas são a idade (7) e o índice de local (S), sendo usuais os seguintes modelos: 1) q = /?0 + P\LnN + e 2) Lnq = Po + P\I~X+ £ 3) q-Po +PJ+ P2I2 +£ 4) q = P0 (l-eA/)+£ 5) q = (l+^e- l̂>y+£ 6) Lnq = /?0 + /?,/ + /32S + e � q S (1 + P.e- 1̂) 8) q - Po + PJ+Pi$+PP2 +£ em que: pi = parâmetros da regressão; e = base dos logaritmos neperianos; £•= erro aleatório, e ~ A(0, cr2); e Ln = logaritmo neperiano. Para estimar 0 diâmetro médio em povoamentos submetidos a desbaste, podem ser testados os seguintes modelos: <?2= q\e~ ̂ ) +e em que: q2 = diâmetro médio numa idade futura h, Diâmetro 27 q\ = diâmetro médio numa idade qualquer A; I\,h = idades quaisquer, anterior e posterior, respectivamente; Oí e $ = parâmetros, com (í = 0,1); e £= erro aleatório. Os dois últimos modelos podem ser empregados também para estimar o diâmetro futuro de árvores individuais: dap2=dapxe k J +e S + E Enquanto em povoamento equiâneo A e I2 são as idades atual e futura, em povoamento inequiâneo, dada a indefinição da idade das árvores, essas variáveis representam duas ocasiões consecutivas, 1 e 2, 2 e 3, e assim por diante. O diâmetro médio pode ser obtido, também, quando se conhece N e B, observados ou estimados, empregando a expressão do exemplo 1.3. Exemplo 1.10 - Distribuição de diâmetros em povoamentos inequiâneos Como representar a distribuição de diâmetros de um povoamento inequiâneo misto de folhosas? Considerações O conhecimento da distribuição de diâmetros por classe é necessário em manejo florestal, tanto em povoamento de estrutura equiânea quanto naquele de estrutura inequiânea. Entre as técnicas para a representação dessas distribuições, a mais comum é o emprego de funções matemáticas, destacando-se as funções Weibull e exponencial. Povoamentos equiâneos geralmente são plantados e caracte rizados por uma só idade e espécie. Uma distribuição de diâmetros típica desses povoamentos (Figura 1.1a) é a do tipo unimodal, com ligeira culminância da frequência para a esquerda ou para a direita do 28 Campos e Leite eixo x, segundo a idade do povoamento. Em povoamentos inequiâneos, a distribuição de frequência segue uma tendência decrescente com o aumento dos diâmetros (Figura 1.1b). Essa tendência, todavia, pode não ser muito evidente em áreas pequenas, devido a irregularidades naturais na distribuição espacial das árvores. Também em povoamentos naturais mistos, há regeneração contínua das várias espécies de árvores, o que leva à ocorrência de árvores de diferentes idades e tamanhos. Figura 1.1 - Distribuição de frequência por classe de diâmetro em povoamentos equiâneo (a) e inequiâneo (b). Meyer foi, talvez, o autor que mais contribuiu para a análise da distribuição de diâmetros em povoamentos inequiâneos. Seus resultados serviram para o desenvolvimento do método de manejo por sistema silvicultural seletivo, com o corte de árvores em todas as classes de diâmetro, conforme Smith e Lamson (1982), Campos et al. (1983), entre outros. Em 1898, De Liocourt (citado por MEYER, 1952) definiu floresta inequiãnea de estrutura balanceada como aquela em que o crescimento corrente pode ser removido periodicamente, enquanto se mantêm a distribuição de diâmetros e o volume inicial da floresta. Segundo Meyer, a distribuição de diâmetros da floresta inequiãnea pode ser expressa pelo modelo exponencial: (1.2) em que Y é o número de árvores por classe de diâmetro e X é o centro da classe de diâmetro. Já representa a taxa de decréscimo da Diâmetro 29 frequência com o aumento do diâmetro e /3o é a densidade relativa do povoamento, isto é, para dado valor de /3i, maior ou menor valor de /3o indica maior ou menor densidade do povoamento. Esses parâmetros estão correlacionados positivamente. A seguinte relação funcional também pode ser utilizada para exprimir a distribuição de diâmetros: y = gÂ+M (13) Conforme De Liocourt, numa distribuição balanceada, a frequência por classe varia de acordo com o tipo florestal, sendo os quocientes z das frequências de classes de diâmetros sucessivas iguais para cada tipo. Assim, tem-se: ni _ n2 _ n3 _ _ n2 n3 n4 sendo n,, n2, ..., n, o número de árvores em classes sucessivas de diâmetro e z a razão do número de árvores em dada classe de diâmetro pelo número de árvores da classe imediatamente maior. Esta razão é também chamada de quociente de Liocourt. Se a estrutura de um povoamento segue essa distribuição, o número de árvores em classes sucessivas pode ser derivado de séries geométricas, significando que o quociente z é constante. Assim: «j = z n2 = z2^ = z3^... Ao comparar o parâmetro z de diferentes povoamentos, deve-se admitir mesma amplitude de classes de diâmetro. Para melhor entendimento do cálculo de z (Tabela 1.6), considere a equação y = e5,287632-°-062625-¥, proveniente de um povoamento misto inequiâneo, levando-se em conta classes de 10,0 cm de amplitude. Ao empregar essa equação, obtêm-se os resultados mostrados na terceira coluna da Tabela 1.6 e o valor de z indicado na quarta coluna dessa mesma tabela. 30 Campos e Leite Tabela 1.6 - Frequências estimadas e correspondentes valores de z por classe de diâmetro 1 Número entre parênteses é proveniente de extrapolação para a classe de dap de 20 cm. Centro da Classe de dap (cm) Frequência por Hectare Valor de z Observada Estimada 1 (20) - (56,55) 30 30,27 30,23 - 40 23,51 16,16 1,871 50 8,78 8,64 1,871 60 4,86 4,62 1,871 70 1,62 2,47 1,871 80 0,88 1,32 1,871 90 0,74 0,71 1,871 100 0,41 0,38 1,871 110 0,20 0,20 1,871 120 0,14 0,11 1,871 Exemplo 1.11 - Definição de uma nova estrutura de povoamento inequiâneo Como definir uma nova estrutura para um povoamento a ser manejado a partir de novos valores de /?o e /?i da função exponencial, baseando-se num diâmetro máximo futuro (dapt), numa área basal a permanecer após o manejo (S2) e numa definida razão de frequência (ou quociente) z? Considerações A substituição de novos valores de /3o e (3\ na equação exponencial permite gerar novas distribuições e, portanto, novas estruturas de povoamentos. A definição de nova distribuição, como objetivo de manejo de um povoamento, é feita ao comparar a distribuição observada com uma nova e hipotética distribuição, gerada a partir de novos coeficientes da Diâmetro 31 equação. Essa simulação, ou cálculo de novas estruturas, pode ser realizada ao incluir, na função de distribuição, a área basal a permanecer (B2) após um corte de remoção de árvores (corte seletivo), o diâmetro máximo desejado (dapt) e um quociente z (conforme definido em 1.10). Para melhor entendimento da origem da nova função de distribuição, deve ser observado 0 que se segue. Utilizando-se o modelo 1.2, a razão z entre classes de diâmetros sucessivas pode ser assim representada: z = ou ainda: z /30e^'Xi+ ' = /?oe^,JC' Aplicando logaritmo, tem-se Lnz + P\XM - Simplificando, chega-se a Lnz = -P\XM = -*í+i) Isolando , obtém-se: Lnz Xi~XM (1-4) que resultará em um novo valor de P\ para um específico quociente z. A área basal em m2ha' (£2), que deve permanecer após o corte de seleção, pode ser representada por: ndap\ ! ndap\ + + 40.000 71 40.000 72 2 K dap„ 40.000 fn , em que dapi e fi são o centro da menor classe de diâmetro e sua frequência, e dapn e fn são 0 centro da maior classe de diâmetro e sua frequência, respectivamente. Colocando em evidência --------- e substituindo f pelo seu 40.000 valor Poe d̂ap>, pode-se escrever: 82 = 4^ÕÕ(daP̂ °e',daP' +daP^'daP2 +- + dap2nPoe^) B2 = P0-^L-(dap2ell 'dap' + dap2efl'dap2 +... + dap2efi'dap") 2 0 40.000 1 2 Pn p0 = (40.00052)W^,2eA+AdaP1 + dap21el> ',+l, 'daP2 +... + dap2ep’>+p 'dap") 32 Campos e Leite 40.00Qg2 ntdap2ep'dap‘ í= i Utilizando a função 1.3, obtém-se: ePo+0\*i z = b +b,x— ’ou’ ainda, z e +̂^'x‘*' = e ô+^'x‘ gPo+Plxi+\ Aplicando logaritmo, tem-se: £/iz + (/70 +0xxi+l ) = 0o + pxxt Simplificando: Zmz = Po - fixM -po+ pXi = Pxt- 0xxM = 0X (x,. - x/+1) Isolando /3X, obtém-se: Lnz Xi~*M (1.6) que resultará em um novo valor de 0X, para um específico quociente z. A área basal em m2ha_1 (#2), que deve permanecer após o corte de seleção, pode ser assim representada por: 71 daP\ f , ndapl f + , ndap} 40.0007l 40.000J1 ■" 40.000 em quedap/.fi.. dapn,f„ são, respectivamente, o centro da menor classe de diâmetro e sua frequência e o centro da maior classe de diâmetro e sua frequência. Colocando em evidência ^(40.000)'' e substituindo fi pelo seu 1 P\daPi 1valor e , pode-se escrever: B2 = K (dap2ePo+fi'dap' + dap2̂ ̂+... + dap2e p̂'dap') 40.000 2 Passando para 0 primeiro membro, tem-se: e^° = 40.000fi2/7t (dap2ePldapi + dap22e d̂api +... +dap2eli 'daPn) Aplicando logaritmo, obtém-se: quedap/.fi Diâmetro 33 Pt> = Ln „ (1.7) n^dapj e'l 'dap‘ 1=1 Assim, as expressões 1.4 e 1.5 (ou 1.6 e 1.7) proporcionam os novos valores dos coeficientes da função de distribuição 1.2 (ou 1.3), agora sob efeito das variáveis área basal (S2), diâmetro máximo pretendido (dap/) e quociente z. Na atribuição de valores de B? e dap/ em 1.4, 1.5, 1.6 e 1.7, devem ser considerados os valores reais dessas variáveis no povoamento a ser manejado. Com isso, evita-se fugir da realidade, permitindo chegar a valores consistentes de f3o c /3\. Por exemplo, no manejo de uma floresta primária, esses valores devem ser menores que aqueles reais observados, uma vez que encurtaria o ciclo de corte, mantendo produção contínua. Ao comparar a distribuição original com uma nova distribuição teórica pretendida como objetivo de manejo, fica fácil saber quais classes vão exigir cortes de árvores ou não. Com isso, elimina-se muito da subjetividade na intensidade de corte a ser aplicada, tomando 0 processo mais quantitativo. Pelos desenvolvimentos anteriores, verifica-se que as relações funcionais 1.2 e 1.3 são equivalentes. Observe que as expressões de J3\ são iguais, enquanto as de /3o diferem apenas pela inclusão ou não do termo Ln. Entretanto, os modelos 1.2 e 1.3 podem ser utilizados indistintamente, já que as frequências estimadas são iguais. Aplicação Utilizando a função 1.3, definindo como objetivo de manejo uma área basal de 10 m2ha_1 após o corte seletivo, um diâmetro máximo de 60,0 cm e uma razão z igual a 1,4, e admitindo um diâmetro mínimo de 20,0 cm, novos valores de /3o e /3\ são assim obtidos: „ = £*(1,4) = . 0,033647 M 20-30 40.000(10) fí = Ln---------------- - -------v'” 7--------------------= 4,209356 ™ 7í(202 e~°M3647(20> + +gQ2e-0.033647(60)\ As frequências teóricas pretendidas como metas de manejo são obtidas com a nova função de distribuição, isto é: Y _ ^,4,209356-0,033647(dap) 34 Campos e Leite Como ilustração, foram traçadas, num mesmo sistema de coordenadas, a curva de frequências observadas no inventário florestal e a curva de frequências pretendidas como meta de manejo (Figura 1.2). Ao comparar as frequências observadas com as pretendidas, obtém-se o número de árvores a serem cortadas por classe ou, então, será indicado o déficit de árvores na classe (Tabela 1.7). Alguns critérios observados em desbaste também são seguidos na seleção das árvores a serem cortadas, como manter uma distribuição espacial adequada das árvores remanescentes, sem considerar quais espécies devem ser preferidas. Dependendo do número de árvores na categoria de superávit, é possível que seja necessário mais de um corte para atingir uma estrutura predeterminada. Então, pela especificidade do tema, a partir desse estágio, uma vez que o assunto passa a se relacionar muito com os da área de manejo florestal propriamente dita, os interessados no método quantitativo de sistema seletivo com base na distribuição de diâmetros devem recorrer à literatura específica pertinente. Classe de Diâmetro Figura 1.2 - Frequências observadas e frequências pretendidas por classe de diâmetro, para área basal remanescente de 10,0 m2ha_l, diâmetro máximo de 60,0 cm e quociente z igual a 1,4. Diâmetro 35 1 Valor estimado, empregando-se a equação original. Tabela 1.7 - Número de árvores a serem cortadas (ou déficit) ao fixar como objetivo de manejo os valores z = 1,4, B2 = 10,0 m2 e dap2 = 60,0 cm Classe de (cm) dap Frequência Observada Frequência Pretendida Diferença Superávit Déficit 20 (56,55)' 34,34 22,21 30 30,27 24,53 5,74 40 23,51 17,52 5,99 50 8,78 12,52 -3,74 60 4,86 8,94 -4,08 70 1,62 0 1,62 80 0,88 0 0,88 90 0,74 0 0,74 100 0,41 0 0,41 110 0,20 0 0,20 120 0,14 0 0,14 Exemplo 1.12 - Relação entre a razão do número de árvores por classe de diâmetro e a inclinação da curva Qual é o efeito do quociente z na forma da curva de distribuição de diâmetros? Considerações Do exposto no Exemplo 1.11, conclui-se que a definição da área basal futura (B2), do diâmetro máximo (dap2) e do quociente z para a determinação de uma nova distribuição de diâmetros, compatível com a definição de manejo pretendida, depende muito do conhecimento dos valores reais dessas variáveis, oriundas do inventário florestal inicial. A experiência na definição dos valores dessas variáveis é muito importante. Mantendo fixos a área basal e 0 diâmetro, 0 número de árvores por classe de diâmetro eleva-se com 0 aumento de z. Isso reflete a importância de atribuir criteriosamente os valores dessas variáveis de acordo com a finalidade da madeira, isto é, com os objetivos de manejo. Baixos valores de z resultam numa proporção alta de árvores de grande porte, concentrando nelas o crescimento. Para ilustrar o efeito de diferentes valores de z na inclinação da curva, considerando-se uma 36 Campos e Leite área basal de 10,0 m2ha_1 e um diâmetro máximo de 80,0 cm, foi organizada a Figura 1.3. Figura 1.3 - Tendências das curvas de distribuição de diâmetros, em povoamentos inequiâneos, para diferentes valores de z. Exemplo 1.13 - Ainda sobre a definição de uma nova estrutura de povoamento inequiâneo Qual a consequência de empregar o modelo Y = 0oXp'e (1.8) em comparação aos modelos Y -/3üep'x E e Y = ePo+p'xS (modelos 1.2 e 1.3, Exemplos 1.10 e 1.11)? Considerações Concluiu-se, pelos exemplos anteriores, que os modelos 1.2 e 1.3 resultam em idênticas estimativas de frequências, podendo ser empregados indistintamente. Em povoamento com alta frequência de diâmetros muito pequenos, o emprego desses dois modelos deve resultar em estimativas tendenciosas, ocorrendo subestimação nas primeiras classes. Resultado mais satisfatório em povoamento com essa estrutura é obtido com o modelo 1.8, havendo melhor ajustamento aos dados da distribuição de diâmetros. Diâmetro 37 Aplicação A partir de dados de um inventário florestal, no qual há alta frequência da menor classe de diâmetro (Tabela 1.8), concluir sobre o comportamento das curvas geradas pelos três modelos citados (1.2, 1.3 e 1.8). Demonstrar também as expressões para calcular os novos valores dos coeficientes /7 o e /71 do modelo 1.8, para o caso de corte seletivo em determinado povoamento. Considere as observações da Tabela 1.8 (coluna 2), que serviram para ajuste dos três modelos. Ao comparar as estimativas com as observações, conclui-se que o modelo 1.8 se ajustou melhor aos dados dessa nova estrutura, de alta frequência da menor classe. Traçaram-se curvas a partir das equações, e as tendências resultantes corroboraram a conclusão (Figura 1.4). Tabela 1.8 - Frequências observadas num inventário florestal e frequências estimadas com as equações resultantes dos ajustes dos modelos 1.2, 1.3 e 1.8 2 Y = Poep'xE; Y= 460,8308.e 0,03972'4’7'; ryy = 0,903 3 Y = e0»+0tx£ . Y= e6,133031-0,03972.rfap. y - Q Ç)QJ Classe de dap (cm) Frequência Observada Frequência Estimada Modelo 1.81 Modelo 1.22 Modelo 1.33 10 685 672 310 310 20 197 207 208 208 30 89 104 140 140 40 56 64 94 94 50 54 44 63 63 60 42 32 43 43 70 32 25 29 29 80 18 20 19 19 90 16 16 13 13 100 10 14 9 9 1 Y = p0Xp'€\ y = e10,41412-1,69568.Lndap. j^-y y = 0,974 38 Campos e Leite Figura 1.4 - Tendências das curvas de distribuição de diâmetros obtidas com as equações indicadas na Tabela 1.8. Os novos coeficientes /3 o Q /3\, para a equação 1.8, em caso da definição de nova estrutura de povoamento em corte seletivo, foram definidos por transformação algébrica, conforme realizada para os modelos 1.2 e 1.3 (Exemplo 1.11). Assim, a razão z entre as classes de diâmetro sucessivas equivale a: ou ainda Aplicando logaritmo, tem-se Lnz + P,xl+I - PjXt. Simplificando, Lnz = /3xxt - /3xxM = /?, (x,. - 0xxM) Isolando /3\, obtém-se (3X Lnz •,-A+i (1-9) que resultará em um novo valor de p3\ para um quociente z específico. A área basal em m2/ha_1 (Bi), que permanecerá após o corte de seleção, pode ser assim representada: Diâmetro 39 B itdap2 ! ndap2 | ' ndap2 2 40.00071 40.00072 "■ 40.0007n em que dap\,f... dapn,fn são, respectivamente, o centro da menor classe de diâmetro e sua frequência e o centro da maior classe de diâmetro e sua frequência. Colocando em evidência —-— e substituindo A pelo seu 40.000 valor PQxp', pode-se escrever: B2=^^ d̂ap̂ ()dapPl +daP20odaP2 +- + dap2„/30dap& ) B2=0°^^(dapidap' ‘ +daP d̂aP^' +- + dap2dap^) Po = (4().0()0B-1)l 7t(dap2dap ̂+dap}dap ̂+ ... + dap2dap&) o _ 40.00052 "o - „ nY.dap2 dapj' (110) Referências CAMPOS, J. C. C.; RIBEIRO, J. C.; COUTO, L. Emprego da distribuição diamétrica na determinação da intensidade de corte em matas naturais submetidas ao sistema de seleção. Revista Árvore, v. 7, n. 2, p. 110-122, 1983. CURTIS, R. O.; MARSHALL, D. D. Why quadratic mean diameter? Westhern Journal Applied Forestry, v. 15, n. 3, p. 37-139, 2000. HUSCH, B.; MILLER, C.I.; BEERS, T.W. Forest mensuration. New York: Wiley & Sons, 1982. 398 p. MEYER, H. A. Structure, growth and drain in balanced uneven-aged forest. Journal of Forestry, v. 50, n. 1, p. 85-92, 1952. SM1TH, H. C.; LAMSON, N. Number of residual trees: a guide for selection cutting thinning. Northeastem For. Exp. Station: USDA, Forest Service, 1982. 33 p (Technical Report NE-80). �apítulo Altura Os instrumentos utilizados na medição indireta da altura de árvores individuais são denominados, genericamente, hipsômetros. Embora muitos tipos de hipsômetro tenham sido desenvolvidos, somente alguns têm tido aceitação dos engenheiros florestais, principalmente pela praticidade de aplicação e precisão. Os tipos mais usuais são apresentados neste capítulo. Recentemente, surgiu uma nova geração de hipsômetros contendo dispositivos eletrônicos, que agilizam as leituras e permitem a medição das distâncias inclinada e corrigida para a horizontal, entre o observador e a árvore, dispensando o uso de trena. Exemplo 2.1-0 princípio trigonométrico Demonstrar que a altura (H) de uma árvore pode ser expressa por H - L(tg fí + tg a), nos casos apresentados na Figura 2.1, em que L é a distância horizontal entre o observador e a árvore, e a e (3 são ângulos de leitura. Observar que o ponto A refere-se à posição do hipsômetro ou ponto de observação, indicando medição em terreno plano (Figura 2.1a) e em terrenos com declive. Nesses casos, o ponto de observação (ponto A) está situado abaixo da base da árvore (Figura 2. lb) e acima do seu topo (Figura 2.1c). Altura 41 Figura 2.1 - Casos que ilustram a posição do observador em relação à árvore. 42 Campos e Leite Solução Na Figura 2.1a, tem-se: tg /3 = BC = Ltg J3 e tga = CD = Ltg a L L Como H = BC + CD, tem-se H = L(tg a+ tg ft) Na Figura 2.1b: BC CD tg P- -j- BC = Ltg P e tg a =---- CD = Ltg a Como H = CD - BC, tem-se H = L(tg a-tg /3). Aplicação Conforme mostrado nas Figuras 2.1b e 2.1c, tomando-se como referência uma linha imaginária de declividade zero (linha interrompida), quando as leituras feitas na base e no topo da árvore estão de um mesmo lado dessa linha imaginária, elas devem ser subtraídas. Quando realizadas em lados opostos dessa linha (Figura 2.1a), elas devem ser somadas para que se obtenha a altura da árvore. Para melhor entendimento do emprego de hipsômetros no campo, são apresentados dois casos a seguir (Tabela 2.1), cujos esquemas incluem o perfil do terreno, as linhas de visada superior e inferior e a linha de visada que indica a leitura da inclinação do terreno. Tabela 2.1 - Leituras obtidas com hipsômetro e leitura da inclinação do terreno Árvore Inclinação do terreno em relação ao observador Leitura Superior (Zi) Inferior (lz) 1 -18° +13 -9 2 +13° +25 +3 Altura 43 Observador Observador Árvore 1 Árvore 2 + 13° Árvore 1: este caso corresponde à Figura 2.1a, porém em terreno com inclinação acentuada, onde o ponto de observação está abaixo do topo e acima da base da árvore. Leituras aqui podem ser entendidas em metro, grau ou percentagem, dependendo da escala do hipsômetro empregado. Observe que a leitura da inclinação do terreno (-18°) é feita na mesma altura do olho do observador. Árvore 2: corresponde à Figura 2.1b, com o ponto de observação situado abaixo da base da árvore. Note que as leituras foram realizadas no sentido do aclive. 44 Campos e Leite Exemplo 2.2 - Alguns hipsômetros baseados no princípio trigonométrico e suas características Quais são os hipsômetros mais comuns que se baseiam na expressão H = L(tg a± tg quais as suas características principais? Considerações O nível de Abney (Figura 2.2), os hipsômetros de Blume- Leiss e de Haga e alguns modelos do hipsòmetro de Suunto baseiam- se na expressão anterior. O nível de Abney é um arco com escala graduada em tangentes multiplicadas por 100, isto é, em percentagem, ou então em grau, com variação entre 0o e 90° para cada um dos lados. É um instrumento de preço baixo, com grande precisão de leitura. Tem baixo rendimento em trabalhos de campo, devido à lentidão com que são feitas as leituras. O hipsòmetro Blume-Leiss (Figura 2.3) apresenta quatro escalas visíveis ao mesmo tempo, correspondentes às distâncias de 15, 20, 30 e 40 m entre o observador e a árvore. A graduação dessas escalas é feita em função da relação BD = Liga. isto é, são escalas graduadas em metro, desde que a distância L seja também em metro. Altura 45 Figura 2.3 - Hipsômetro Blume-Leiss. Uma quinta escala, inferior, graduada em graus, possibilita conhecer a inclinação do terreno para a decisão sobre a necessidade ou não de correção da altura medida. Acoplado ao instrumento, há um prisma, com filtro (telêmetro), o qual permite determinar a distância entre o observador e a árvore, utilizando-se de uma mira específica dobrável, que é fixada na árvore. A mira contém diversas faixas brancas transversais, que, por superposição de imagens, ao se olhar pelo telêmetro, indicam a exata distância do observador à árvore. A distância mais indicada para se proceder às leituras não deve ser inferior à altura da árvore a ser medida. Se o hipsômetro não estiver com telêmetro, mede-se a distância com trena. No hipsômetro de Haga (Figura 2.4), ao contrário do Blume- Leiss, somente uma escala é aparente de cada vez. Para se ler na escala correspondente à distância pretendida (15, 20, 25 ou 30 m), basta girar um eixo hexagonal que contém uma escala em cada face. Neste hipsômetro, há uma escala graduada em percentagem, sendo as demais em Ltga. 46 Campos e Leite Figura 2.4 - Hipsômetro de Haga. A mira é manufaturada em tecido, com duas faixas brancas horizontais, sendo a distância também definida por superposição de imagens. Por ser de material leve, a mira é influenciada por vento, o que dificulta a medição da distância, obrigando quase sempre o uso de uma trena. Ao adquirir ou usar este hipsômetro, deve-se certificar se a escala da mira está em metro ou em jarda, como é frequente. O hipsômetro Suunto (Figura 2.5a) é um instrumento compacto que contém duas escalas (0o ± 90° e 0% ± 150%), encontrado também com graduação em metro. A altura é obtida seguindo os mesmos princípios do nível de Abney. Ao se utilizar o Suunto, preferencialmente os olhos, durante a leitura, devem ser mantidos abertos, permitindo ver, simultaneamente, o topo da árvore e as escalas do instrumento. A distância é medida com trena ou, altemativamente, com mira semelhante àquela do Blume-Leiss. Quando a graduação do hipsômetro tem escala em graus, a expressão H = L (tga± tgfi) é aplicada diretamente, de acordo com os três casos representados na Figura 2.1. Alguns instrumentos, entretanto, têm escalas graduadas em metros, isto é, em Ltga ou Ltg/3, como ocorre com o Blume-Leiss, o Haga e alguns modelos de Altura 41 Suunto. Então, quando as escalas são expressas por Ltg a ou Ltg fi, basta somar (caso a) ou subtrair (casos b e c) as leituras l\ e h do instrumento, resultando na altura da árvore, em metros. O clinômetro eletrônico Haglof (Figura 2.5b), de fabricação sueca, é um instrumento compacto e resistente, com 6,3 cm na sua maior dimensão e serve para medir inclinações e alturas a partir de uma distância qualquer definida pelo usuário. Diferentemente do Suunto, as leituras são apresentadas diretamente no formato digital. Utiliza uma batería tipo AA e é comercializado com graduações em metro e grau, ou em metro e percentagem. Todo o processo de leitura da altura é feito utilizando-se um único botão. Para medir a altura, inicialmente o operador mede a distância (corrigida para a horizontal) entre um ponto selecionado e a árvore, com uma trena. Essa distância deve ser registrada no clinômetro, que deve ser ligado com um breve clique. Feito isso, aparecerá na tela a abreviatura DIST e o registro de uma distância já utilizada em operação anterior. O operador tem a opção de alterar essa distância para uma nova distância desejada. Para isso, ele deve manter o botão comprimido e mover o clinômetro para cima ou para baixo, até encontrar a distância desejada, quando, então, o botão deve ser solto (Figura 2.5b). Após fixar a distância, com um breve clique, o modo % ou DEG (grau) é acessado. Com os dois olhos abertos, o operador deve nivelar a mira do clinômetro com a base da arvore e, com um clique longo, congelar a leitura da base. Em seguida, deve nivelar a mira com o topo da árvore e pressionar o botão até que apareça a altura da árvore no visor. Para ler a inclinação do terreno, o operador deve ativar e utilizar a função DEG (ou %). Para isso, deve fazer com que as linhas que aparecem na tela do clinômetro coincidam com a altura do olho de um operador auxiliar, de mesma estatura, em linha paralela ao aclive ou declive do terreno. 48 Campos e Leite Figura 2.5 - Clinômetros Suunto (a) c Haglof (b). Altura 49 Exemplo 2.3 - �álculo da altura Calcular a altura das árvores indicadas a seguir (Tabela 2.2), considerando as leituras feitas em terreno plano e utilizando os diferentes hipsômetros citados no Exemplo 2.2, com escalas graduadas em metros ou em graus. Tabela 2.2 - Leituras obtidas com diferentes hipsômetros Arvore Distância(m) Caso Leitura Superior Leitura Inferior Altura (m) Instrumento 1 15 a +14 m -2 m ? B. Leiss, Haga 2 20 b +25 m +6 m ? B. Leiss, Haga 3 20 c -18m -4 m ? B. Leiss, Haga 4 22 a +28° -8o ? Suunto, Abney Solução Quando se utiliza o Blume-Leiss ou o Haga, as leituras feitas nesses instrumentos permitem que se obtenha a altura a partir da soma ou subtração direta das leituras. Assim, tem-se: 1) Para a árvore 1: H=L(tg0+tga) H = Ltg0 + Ltga = 14,0 + 2,0 = 16,0 m 2) Para a árvore 2: H=L(tga.-tg/J) H=L tga-Ltg25,0- 6,0 = 19,0 m 3) Para a árvore 3: H = L(tga.-tg /3) H= Ltga-Ltg P= 18,0-4,0= 14,0 m 4) Para a árvore 4: H=L(tgP+tgá) H= 22[tg (28°) + tg (8°)] = 22(0,5317 + 0,1405) = 14,8 m 50 Campos e Leite Observar que os hipsômetros de Suunto e Abney permitem ao observador estacionar a qualquer distância conhecida da árvore, diferentemente dos hipsômetros de Blume-Leiss e Haga, que possibilitam medições a 15, 20, 30 e 40 m e 15, 20, 25 e 30 m, respectivamente. Exemplo 2.4 - Leitura em percentagem Calcular a altura das árvores indicadas (Tabela 2.3), cujas leituras foram feitas com escala em percentagem, estando as árvores situadas em terreno plano ou de pequena inclinação. Tabela 2.3 - Leituras obtidas com Suunto e Abney Árvore Distância (m) Caso Leitura Superior Leitura Inferior Altura (m) Instrumento 1 30 a +60% -4% ? Suunto, Abney 2 23 b +99% +4% ? Suunto, Abney Solução Alguns hipsômetros e clinômetros têm a escala graduada em percentagem. Conforme Figura 2.1, dependendo da posição do observador, as leituras da altura podem ser resumidas na seguinte expressão geral: H = L (tga ± tg/3). Para substituir leituras em grau por leituras em percentagem, deve-se lembrar que uma diferença de nível igual a 1% corresponde a um desnível de 1 m em 100 m de distância; nesse caso, tga = %100_1. Assumindo inicialmente o caso a da Figura 2.1, uma leitura no topo da árvore denota l } e uma distância AC igual a 100 m resulta em tga = l x 100“1. Uma leitura na base da árvore (li) resulta em tgft= l2 100'1. Generalizando, para os casos a, b e c da Figura 2.1: H = Lfa ± Z2), para h e l2 em graus; e H = —(/, ±Zj, para l\ e l2 em percentagem. 100vl 27 A aplicação direta dessa última expressão aos dados da Tabela 2.3 resulta em: Altura 51 1) Para a árvore 1: H =---- (A + /->) = —— (60 + 4) = 19,2 m 100 100 2) Para a árvore 2: L 23 W = (/|-M =----- (99 - 4) = 21,9 m 100 100 O hipsòmetro de Haga possui também uma escala em percentagem, porém o seu emprego limita-se quase sempre à medição de declividade do terreno. O mesmo ocorre com o hipsòmetro de Blume-Leiss, que tem também uma escala em grau. Exemplo 2.5 - Altura de árvore inclinada Determinar a altura de uma árvore inclinada (Tabela 2.4 e Figura 2.6), cujo topo tem um deslocamento de 6 metros em relação à posição vertical. Tabela 2.4 - Leituras obtidas com o nível de Abney em árvore inclinada Solução ; Distância Leitura Superior Leitura Inferior DeslocamentoArvore . v(m) (CC) da Vertical Instrumento 1 22 +40“ -5" 6 m Abney 6.0 m Figura 2.6 - Altura de árvore inclinada. 52 Campos e Leite Conforme a Figura 2.6, AC corresponde à altura verdadeira, medida por H = AC = J(AB')2 + (5C)2 Como BC - L (tga + tg/3), tem-se: BC = 22[íg(40°) + íg(5°)] BC = 22 (0,8391 + 0,0875) = 20,4 m Então, sendo AB = 6,0, obtém-se: H = 7(6,0)2 +(20,4)2 = 21,3 m Quando a árvore é encurvada pela ação de vento, o raciocínio anterior não se aplica. Nesse caso, a sua altura pode ser obtida por estimação, empregando uma relação hipsométrica previamente ajustada ou Redes Neurais Artificiais. Exemplo 2.6 - Altura medida com relascópio Determinar a altura da árvore indicada (Tabela 2.5), cujas leituras foram feitas com um relascópio. Tabela 2.5 - Leituras obtidas com um relascópio x DistânciaArvore z x(m) Leitura Superior (m) Leitura Inferior (m) Escala do Relascópio Instrumento 1 26 +27 -5 30 m Relascópio Solução A partir dos dados da Tabela 2.5, isto é, leituras positiva e negativa, conclui-se que a situação no campo corresponde ao caso da Figura 2.1a (Exemplo 2.1). Sabe-se que o relascópio tem escalas de altura de 20, 25 e 30 m. Quando a distância do observador à árvore é medida com o próprio relascópio, ela já estará corrigida para a posição horizontal, bastando somar (ou subtrair) ambas as leituras. Altura 53 Se a distância do observador à árvore for medida em terreno inclinado, com uma trena, é necessário corrigi-la para a posição horizontal. Contudo, quando a distância difere 20, 25 ou 30 m, a altura é determinada pela relação: H = distância medida corrigida escala do relascópio em que: /i = leitura superior ou no topo; e h = leitura inferior ou na base. Neste exemplo, tem-se: H = — (27+ 5) = 27,7 m 30 Exemplo 2.7 - Altura medida com Blume-Leiss ou Haga, em terreno inclinado Determinar a altura da árvore indicada na Tabela 2.6, e terreno com inclinação acentuada (15°). Observe que as leituras são em metro. Tabela 2.6 - Leituras obtidas com dois hipsômetros Arvore Leitura (m) Superior Inferior Inclinação do Terreno Instrumento 1 +19,2 -4,5 15° B. Leiss, Haga Solução A posição do observador em relação à árvore é uma variação do caso a da Figura 2.1, pois o observador está em terreno com declive, em um ponto intermediário entre o topo e a base da árvore. Sendo a leitura em metro, a altura corrigida da árvore é dada por: H = H\ - (Hysen a) ou H = cos a 54 Campos e Leite em que: H = altura da árvore; Hx = altura lida, sem correção, obtida pela soma das leituras superior ou no topo (/[) e inferior ou na base (/2); a = inclinação do terreno. Assim, 77= (19,2 + 4,5) - [(19,2 + 4,5) sen2 (15°)] H = 23,7 - [(23,7) (0,0670)] = 22,1 m ou H = (19,2+4,5)cos2(15°) = 22,lm. Exemplo 2.8 - Altura medida com outros instrumentos em terreno com declive Determinar a altura das árvores indicadas na Tabela 2.7, situadas em terreno inclinado. Tabela 2.7 - Leituras obtidas com diferentes hipsômetros em terreno com declive Árvore Distância (m) Leitura Inclinação do Terreno (a) Instrumento Superior Inferior 1 24 +99% +3% 20% Suunto, Abney 2 28 +26° -26° 13° Suunto, Abney Solução 1) Para a árvore 1: A altura desta árvore, coincidente com o caso (b) da Figura 2.1, deveria ser calculada pela seguinte expressão: H = — (/.-/2)100 1 Como a distância medida do observador à árvore corresponde à distância inclinada, deve-se fazer uma correção para a distância Altura 55 horizontal (Z). De posse da inclinação do terreno, em percentagem, é possível obter o ângulo de inclinação (a) e a altura desejada. Assim: declive, em % 20 tga-------------------= ------= 0,20 100 100 a = 11,3° H- L cosa 100 (A-/2) 24cos(ll,3°) 100 (99-3) = 22,6mH = 2) Para a árvore 2: A altura desta árvore, coincidente com o caso (a) da Figura 2.1, é calculada da seguinte forma: H = L cosa (/[ + /2) H = 28 cos (13°)[ tg (2&) + tg (26°)] = 26,6m Exemplo 2.9 - Altura medida com o Hipsômetro Blume-Leiss A partir de uma distância horizontal de 30,0 m (Z), uma árvore foi medida com Blume-Leiss, obtendo-se no topo 1, igual a 28,0 m. Mantendo inalterado o ângulo de leitura, qual será a leitura correspondente (/]) a partir de 40,0 m (Z’)7 Solução Sabendo que no hipsômetro de Blume-Leiss a leitura superior ou no topo da árvore é dada por lx = L tga, tem-se: Admitindo o mesmo ângulo, a leitura (lx), a partir de uma distância de 40,0 m será l\ = L' (tg a) = 40,0 (0,9333) = 37,3 m. Observa-se que, nesse caso, correspondente ao caso (a) da Figura 2.1, a leitura inferior ou na base da árvore (I2) não foi considerada. 56 Campos e Leite Exemplo 2.10 - Pentaprisma de Wheeler O que é, para que serve e como utilizar o pentaprisma de Wheeler? Resposta Trata-se de um dendrômetro cuja principal finalidade é medir o diâmetro do fuste em alturas inacessíveis com a árvore em pé. Quando acoplado a um clinômetro de Suunto, é possível também medir a altura comercial em pontos preestabelecidos. Esse dendrômetro, encontrado em três tamanhos, para medir diâmetros máximos de 36,0, 62,0 e 86,0 cm, pode medir diâmetros de 7,0 a 86,0 cm, com precisão de 2,0 mm, a partir de 15,0 m de distância. É composto por dois pentaprismas: um fixo, no lado esquerdo, e outro móvel, no lado direito, instalados no interior de uma estrutura metálica, tubular e de seção quadrada. Na medição do diâmetro, o observador deve sustentar o instrumento a uma distância de 8,0 a 10,0 cm dos olhos, mantendo a escala de diâmetro, graduada em milímetros, voltada para cima. Em seguida, deve olhar através de uma abertura (janela) retangular localizada na parte esquerda do tubo. Na parte superior dessa abertura, vê-se a borda esquerda da árvore e, na inferior, a borda direita aparece refletida pelo prisma fixo. Com a mão direita, o operador deve deslocar o prisma móvel, utilizando a lingueta, até que o reflexo da borda direita da árvore apareça alinhada verticalmente com a borda esquerda. Para facilitar a leitura do diâmetro, esse alinhamento deve ocorrer entre duas linhas- guia verticais gravadas no vidro da abertura de observação. A leitura de diâmetros não exige conhecimento da distância entre a árvore e o observador, que deve se posicionar na melhor estação de leitura. Para garantir boa visibilidade, é necessário bom contraste entre a árvore e o plano do fundo, o que não acontece em dias muito nublados e em povoamentos muito densos (Figura 2.7). Altura 57 Figura 2.7 - Parte frontal do pentaprisma de Wheeler, enfocando a janela de leitura e um Suunto fixado na extremidade esquerda (a); pentaprisma montado num tripé, mostrando a parte posterior (b). 58 Campos e Leite Exemplo 2.11 - Pentaprisma de Wheeler com Suunto Como utilizar o pentaprisma de Wheeler para medir alturas comerciais? Resposta Para melhor aproveitamento do pentaprisma de Wheeler, principalmente na cubagem de grandes árvores em pé, um clinômetro Suunto pode ser acoplado à sua extremidade esquerda, por meio de um suporte especial. Para garantir estabilidade nas leituras, o pentaprisma é instalado sobre um tripé de sustentação (Figura 2.7b). E importante ressaltar que, nesse caso, nas medições de altura, é necessário conhecer a distância entre o observador e a árvore. Para esclarecer melhor o uso do pentaprisma de Wheeler na medição de alturas, propôs-se o exemplo a seguir: Qual deve ser a soma das leituras superior (ZQe inferior (Z2), em percentagem, obtidas com o clinômetro de Suunto, para medir a altura comercial (A) igual a 6,0 m, a partir de 20,0 m de distância da árvore, em terreno plano? Para medição da altura em terreno plano, pode-se utilizar esta expressão: H = (Zj+Z2), sendo Zj e Z2 as leituras superior e inferior, respectivamente, em percentagem; L, a distância horizontal; e H, a altura da árvore. Quando o objetivo for medir a altura comercial (h), é mais apropriado escrever: , L 100/!A —---- (Zi + Z2) .. (Zi + Z2) - -------- 100 L Assim, a expressão anterior fornece a leitura em percentagem, quando se tem uma altura comercial definida e se conhece a distância entre o observador e a árvore. Dessa forma, no caso de altura de 6,0 m, com o observador posicionado a 20,0 m de distância da árvore, a soma das leituras a serem feitas no Suunto é: (^1 + ^2) ~ 100 A 100(6,0) „ =----- —= 30% 20,0L Altura 59 Esse cálculo é válido para o caso (a) do Exemplo 2.1, em que o observador se situa entre o topo e a base da árvore. Para os casos (b) e (c) da mesma figura, a percentagem é calculada subtraindo as leituras, isto é: A Tabela 2.8 é um exemplo de tabela que pode ser construída para auxiliar o emprego do pentaprisma na medição de alturas comerciais. Foram omitidas leituras em que a distância ultrapassa a altura procurada. Pode-se observar também que esta tabela é válida para os casos (a, b, c) do Exemplo 2.1. Quando o objetivo for medir h até um definido diâmetro d inacessível, utilizando o pentaprisma de Wheeler, basta consultar a Tabela 2.8, observando a soma (ou subtração) das leituras feitas no campo, em percentagem, e a distância do observador à árvore. Para evitar interpolação, basta empregar diretamente a seguinte expressão: Tabela 2.8 - Percentagem de leitura com um Suunto para garantir alturas comerciais preestabelecidas a partir de diferentes distâncias Altura (m) Distância Horizontal (m) 10 15 20 2,0 20,0 13,3 10,0 3,0 30,0 20,0 15,0 4,0 40,0 26,7 20,0 5,0 50,0 33,3 25,0 6,0 60,0 40,0 30,0 7,0 70,0 46,7 35,0 8,0 80,0 53,3 40,0 9,0 90,0 60,0 45,0 10,0 100,0 66,7 50,0 15,0 100,0 75,0 20,0 100,0 60 Campos e Leite Exemplo 2.12 - Altura medida com o Forestor Vertex O que é Forestor Vertex e como utilizá-lo? Resposta Trata-se de um aparelho para medição de altura, ângulos de inclinação, distâncias e temperatura, composto por um hipsômetro e um emissor (transponder). Sua aplicação mais importante consiste na determinação da altura de árvores, com ou sem o conhecimento da distância do observador à árvore. A altura é calculada utilizando-se dois ângulos e uma distância, medida tanto automaticamente, com o emissor, como manualmente, com uma trena (Figura 2.8 a, b). (a) Figura 2.8 - Forestor Vertex. O Forestor Vertex determina a distância do observador à árvore por meio de pulsos ultrassônicos, sendo sensível a variações de temperatura ambiente, o que implica a necessidade de calibração diária do instrumento. O aparelho permite a determinação de ângulos em graus, grados ou percentagem, enquanto as leituras de altura e de distância podem ser feitas em pés ou em metros. Altura 61 O procedimento básico de leitura do Vertex, indicado na Figura 2.8a, é o seguinte: a) Um operador auxiliar deve fixar, ou segurar, o sensor indicado na Figura 2.8 à árvore, na altura de 1,30 m. b) O operador deve estar a uma distância aproximadamente igual à altura da árvore, de modo que consiga visualizar o topo da árvore e o emissor. c) Em seguida, deve ligar o hipsômetro, pressionando a tecla ON/OFF, e verificar se a altura do emissor é igual a 1,30 m (observar o “Pivot Offset” e “TRP height”). d) O operador deve olhar através do visor e mirar o ponto vermelho no emissor. Cabe ressaltar que o foco do ponto vermelho está para o infinito, não havendo necessidade de fechar um dos olhos para enxergá-lo no meio do visor. e) Apertar a tecla ON/OFF (botão vermelho) e mantê-la pressionada até que o ponto vermelho desapareça, soltando o referido botão em seguida. f) Na primeira linha do visor do aparelho serão apresentados três números, correspondentes à distância, ao ângulo e à distância horizontal até a árvore; na segunda linha do visor aparecem as alturas corrigidas. g) Verificar a coerência desses números e, se necessário, repetir os passos anteriores. O Forestor Vertex permite três leituras seguidas em uma mesma árvore, ou seja, o topo da árvore pode ser visado por três vezes consecutivas. Para efetuar cada leitura, deve-se mirar o topo da árvore, apertar a tecla ON/OFF e mantê-la pressionada até que o ponto vermelho desapareça, efetuando-se a leitura da altura no visor. Para obter apenas a distância do operador a um ponto qualquer onde esteja o emissor, ao ligar o aparelho, o operador deve manter a tecla ON/OFF pressionada e o mostrador indicará o comando “distância automática”. Em seguida, deve pressionar a referida tecla, visar o emissor e fazer a leitura da distância. 62 Campos e Leite Exemplo 2.13 - Altura total, altura comercial e cálculo do volume Qual altura medir e como utilizá-la no cálculo do volume? Considerações A altura da árvore é uma expressão um tanto ambígua, devido aos diferentes tipos de altura que podem ser considerados (HUSCH et al., 1982). Apesar disso, a altura a ser medida em um inventário florestal deve estar diretamente em consonância com os objetivos deste. Com maior frequência, a altura total (H) e a altura comercial (h) são as mais importantes num contexto geral. Enquanto H é mais facilmente visualizada na medição no campo, pois vai do nível do terreno até o topo da copa, a altura h nem sempre pode ser vista completamente nesse local. Quando essa altura é definida por um diâmetro comercial, este nem sempre pode ser facilmente identificado no tronco. Assim, é mais comum definir h como a distância desde o nível do terreno até a posição no tronco, onde ocorrem as primeiras inserções de galhos, ou ainda até um ponto onde houver limitação por algum tipo de defeito. Em povoamentos equiâneos, a altura total é utilizada como input em equações de taper e de volume, enquanto em inequiâneos é mais comum empregar a altura comercial como input nessas equações. Como ilustração, a Figura 2.9 indica os limites das alturas H e h de situações comuns. Observe pela Figura 2.9c que o volume comercial do tronco é pequeno em relação ao volume total (tronco + galhos). Altura 63 a b c Figura 2.9 - Alturas total (//) c comercial (/?) mais comuns. A altura comercial foi definida pela base da copa (a, c) e por um diâmetro mínimo (b). Exemplo 2.14 - Modelos para estimar a altura Quais são os modelos usuais para a estimação da altura de árvores? Considerações Até aqui foi considerada a medição indireta da altura empregando hipsômetros. Outra forma de obter a altura c por medição direta, utilizando miras extensíveis graduadas - isso se aplica a árvores de pequeno porte. Ao empregar equações de volume ou de taper, em áreas extensas de povoamentos equiâneos ou inequiâneos, é necessário estimar a altura das árvores, o que pode ser feito empregando equações específicas, definidas com base em dados disponíveis e ajustadas a partir de modelos usualmente denominados hipsométricos. Os modelos mais simples empregam somente a variável independente dap. Esse tipo de modelo nem sempre resulta em estimativas precisas, uma vez que a altura das árvores é dependente também da capacidade produtiva do lugar, entre outros fatores. São aplicáveis apenas em pequenas áreas homogêneas, ou em uma parcela de inventário florestal. Em inventários de pré-corte, é comum o emprego de equações que utilizam o c/c/p e a altura dominante. Quando o povoamento é superestocado, não desbastado e com mortalidade insignificante, a 64 Campos e Leite média dos diâmetros das árvores dominantes, aqui denominada diâmetro dominante (dap<í), pode ser utilizada em substituição à altura dominante. Outra alternativa para estimar a altura de árvores é o emprego de redes neurais artificiais, conforme Silva (2012). Nesse caso, variáveis categóricas também podem ser utilizadas para explicar variações em altura de árvores individuais. Este caso é demonstrado no Exemplo 2.15. A inclusão de variáveis do povoamento, como a altura dominante (Hd), o índice de local (S) e a idade (7), pode resultar em estimativas de altura mais precisas. Modelos que incluem dap e Hd (ou S) são utilizados com frequência em inventários florestais contínuos, sendo muitas vezes empregada uma equação para cada estrato do povoamento. Modelos que incluem a idade são mais genéricos, podendo ser utilizados em povoamento. Exemplos de modelos para estimação da altura total de árvores são: LnH - Pq + pxLndap + £ (2.1) H = PQ+ [\dap+ (32S+e (2.2) (23) H = Pq+ [}\dap+ (i2S.LnI+ e H = Pq + dap~'+ P2S + P^Lnl + e H = f)0+ft xS + /32Ln(I.dap)+J32I+e LnH = /?0 + /?, dap~x + £ H = [)$ + dap _1+ 02S + £ LnH — f)0 + fix dap _1+ P2LnHd + £ (2.4) (2-5) (2-6) (2-7) (2.8) (2-9) Altura 65 H = 1,3 + Hd(l + Poefi'Hd )(1 - eP2dapH,r')+ £ (2.13) (2.14) Para estimar o crescimento em altura, isto é, projetar uma altura observada em uma idade atual (A) para uma idade futura (Z2), os seguintes modelos podem ser testados: (2.15) í 1 1 LnH2 = LnHx+px —+E (2.16) V2 AJ em que: H2 = altura na idade futura /2 J H} = altura na idade qualquer ; /], /2 = idades quaisquer, anterior e posterior, respectivamente; Pi - parâmetros de regressão, com (z = 0, 1); e £, = erro aleatório. O primeiro modelo foi originalmente proposto por Pienaar e Shiver (1981) para estimar sobrevivência. Esses modelos podem ser utilizados na construção de curvas de índices de local pelo método da equação das diferenças, conforme Exemplo 10.8. Nesse caso, são utilizados dados de alturas dominantes por parcela em vez de alturas de árvores individuais. A idade I\ é assumida como a idade-índice; Hd\ como o índice de local, e Hdz como a altura dominante numa idade qualquer. O modelo 2.9 é utilizado com frequência em inventário florestal contínuo de plantações de eucalipto e de pinus. O ajuste desse modelo requer um arquivo específico, no qual a média das alturas dominantes é repetida para todas as árvores de cada parcela. Visando a melhor 66 Campos e Leite entendimento, a Tabela 2.9 contém quatro parcelas de um arquivo de inventário florestal. As árvores dominantes em cada parcela foram identificadas no campo e indicadas nessa tabela com a letra D. Para ajustar o modelo 2.9, é necessário gerar a coluna 5 da tabela, que contém a média das alturas dominantes (essa altura é repetida em todas as árvores da parcela). Do ajustamento do modelo resultou a equação LnH= 1,4862 - 6,0323 dap'1 + 0,5345 LnHd com 7?2 = 0,457. Na prática, são esperados coeficientes de determinação um pouco maiores que 0,457 para povoamentos de eucalipto. Tabela 2.9 - Dados de dap e de alturas total e dominante em quatro parcelas de inventário de eucalipto Continua... Parcela Arvore dap H Hd LnH dap'x LnHd 1 1 15,3 13,0 13,5 2,565 0,065 2,603 1 3 19,4 13,0 13,5 2,565 0,052 2,603 1 4 14,6 12,5 13,5 2,526 0,068 2,603 1 6 16,6 12,5 13,5 2,526 0,060 2,603 1 8 15,7 13,0 13,5 2,565 0,064 2,603 1 9 11,0 9,5 13,5 2,251 0,091 2,603 1 10 14,5 11,5 13,5 2,442 0,069 2,603 1 12 17,1 13,0 D 13,5 2,565 0,059 2,603 1 13 12,0 10,5 13,5 2,351 0,083 2,603 1 15 20,1 12,0 13,5 2,485 0,050 2,603 1 17 12,8 12,5 13,5 2,526 0,078 2,603 1 22 17,6 13,0 D 13,5 2,565 0,057 2,603 1 43 18,5 13,5 D 13,5 2,603 0,054 2,603 1 62 20,2 13,5 D 13,5 2,603 0,050 2,603 1 68 17,0 15,0 D 13,5 2,708 0,059 2,603 2 1 15,3 14,0 15,9 2,639 0,065 2,766 2 2 16,2 12,0 15,9 2,485 0,062 2,766 2 3 16,6 15,5 15,9 2,741 0,060 2,766 2 4 23,7 15,5 15,9 2,741 0,042 2,766 2 5 17,4 14,0 15,9 2,639 0,058 2,766 2 6 14,5 13,0 15,9 2,565 0,069 2,766 Altura 61 Tabela 2.9 - Cont. Parcela Arvore dap H Hd LnH dap'1 LnHd 2 7 21,0 14,5 D 15,9 2,674 0,048 2,766 2 8 17,5 15,0 15,9 2,708 0,057 2,766 2 9 18,1 12,0 15,9 2,485 0,055 2,766 2 10 12,9 12,5 15,9 2,526 0,078 2,766 2 29 26,4 15,0 D 15,9 2,708 0,038 2,766 2 42 24,7 17,5 D 15,9 2,862 0,040 2,766 2 11 20,7 12,0 15,9 2,485 0,048 2,766 2 68 21,6 16,5 D 15,9 2,803 0,046 2,766 2 83 22,8 16,0 D 15,9 2,773 0,044 2,766 3 1 22,9 14,0 15,2 2,639 0,044 2,721 3 2 18,9 15,0 15,2 2,708 0,053 2,721 3 3 15,7 11,0 15,2 2,398 0,064 2,721 3 4 18,3 14,0 15,2 2,639 0,055 2,721 3 5 15,6 11,5 15,2 2,442 0,064 2,721 3 8 18,0 10,5 15,2 2,351 0,056 2,721 3 9 18,8 14,0 D 15,2 2,639 0,053 2,721 3 10 18,1 10,5 15,2 2,351 0,055 2,721 3 11 12,4 15,5 15,2 2,741 0,081 2,721 3 12 18,0 10,0 15,2 2,303 0,056 2,721 3 18 20,9 14,0 D 15,2 2,639 0,048 2,721 3 35 22,9 15,0 D 15,2 2,708 0,044 2,721 3 37 27,7 15,5 D 15,2 2,741 0,036 2,721 3 75 21,3 17,0 D 15,2 2,833 0,047 2,721 3 97 21,6 14,5 D 15,2 2,674 0,046 2,721 4 1 14,6 10,5 12,7 2,351 0,069 2,542 4 2 16,2 12,5 12,7 2,526 0,062 2,542 4 5 17,3 11,5 12,7 2,442 0,058 2,542 4 6 15,1 10,0 12,7 2,303 0,066 2,542 4 7 12,4 10,0 12,7 2,303 0,081 2,542 4 8 19,5 12,0 12,7 2,485 0,051 2,542 4 10 14,5 10,0 12,7 2,303 0,069 2,542 4 16 14,7 12,0 12,7 2,485 0,068 2,542 4 17 14,4 11,0 12,7 2,398 0,070 2,542 4 19 14,6 11,0 12,7 2,398 0,069 2,542 4 25 18,4 13,5 D 12,7 2,603 0,054 2,542 4 34 16,2 12,0 D 12,7 2,485 0,062 2,542 4 45 17,3 12,0 D 12,7 2,485 0,058 2,542 4 66 16,1 13,5 D 12,7 2,603 0,062 2,542 4 97 19,0 12,5 D 12,7 2,526 0,053 2,542 68 Campos e Leite Exemplo 2.15 - Treinamento e aplicação de uma rede neural Como treinar e aplicar uma rede neural artificial ( RNA) do tipo MLP ( Multilayer Perceptron ) para estimar a altura de árvores? Considerações A maneira usual de estimar a altura de árvores em povoamentos florestais sempre foi a aplicação de técnicas de análise de regressão. Atualmente já vêm sendo empregadas técnicas de inteligência computacional, em especial redes neurais artificiais (RNA), conforme descrito a seguir. No Brasil, as RNA têm sido empregadas, por muitas empresas florestais, com as vantagens de: simplificação nas rotinas de coleta e processamento de dados de inventário florestal, diminuição drástica no número de medições de altura em povoamentos florestais e consequente redução significativa no custo total do inventário e, por fim, ganho significativo de exatidão nas estimativas de altura. A Rede Neural Artificial (RNA) é um modelo constituído por elementos de processamento simples, denominados neurônios artificiais, dispostos em camadas e ligados entre si, sendo as conexões associadas a coeficientes (pesos). O ajuste destes pesos é realizado por um processo denominado treinamento ou aprendizado, que consiste em extrair características dos dados de determinado problema e armazenar o conhecimento adquirido no treinamento nos pesos. Uma vez treinada, a RNA é aplicada a dados que não foram apresentados à rede durante o treinamento. Esta etapa é conhecida como generalização (BRAGA et al., 2007). Uma RNA é constituída de uma camada de entrada e uma camada de saída, podendo possuir uma ou mais camadas ocultas (intermediárias ou escondidas). A camada de entrada recebe as variáveis de entrada (independentes), que podem ser contínuas, discretas ou categóricas (qualitativas). A camada de saída pode gerar a resposta para uma ou mais variáveis (dependentes). A presença de uma ou mais camadas ocultas aumenta a capacidade de resolver problemas de uma RNA. Uma RNA com uma camada oculta pode aproximar qualquer função contínua e a partir de duas camadas ocultas, a RNA pode aproximar qualquer função, ressaltando que não 69‘ura ' garantia de convergência da rede, ou seja, de encontrar um bom 'rsultado. O número de neurônios na camada oculta pode ser definido de odo empírico, pela experiência do usuário, ou por algum método .'pecífico ( HIROSE et al., 1991; ARAI, 1993; FUJITA, 1998). Um .-mero excessivo de neurônios na camada oculta pode resultar em um ocesso conhecido como overfitting (memorização dos dados de einamento). Por outro lado, um pequeno número de neurônios na mada escondida pode não ser suficiente para a realização da tarefa rsejada, fenômeno conhecido como underfitting (SILVA et al., 1 10). No caso de aproximação de funções, uma alternativa é definir o mero de neurônios na camada oculta com base nas variáveis de :rada. Em muitos casos, esse número pode ser igual à média da ma das variáveis de entrada mais o produto das variáveis :egóricas pelos respectivos níveis dessas variáveis. Por exemplo, se variáveis de entrada são o dap, a altura e n genótipos, com a nável de saída sendo o volume da árvore, o número de neurônios da _ mada oculta pode ser ( 2+n )/ 2 . Existem diferentes algoritmos para treinamento das redes .arais, havendo uma relação direta entre eles, e seus respectivos râmetros, com a eficiência na solução do problema e com o tempo . treinamento. Um desses algoritmos é o error backpropagation. ' esse caso, taxas de aprendizado muito baixas podem resultar em 'endizado muito lento e taxas muito altas podem gerar oscilações no cesso de treinamento, dificultando ou impedindo a convergência :a um ótimo local ou global da superf ície de erros (HAYKIN, 2001; BRAGA et al., 2007; SILVA et al., 2010). Muitas aplicações da mensuração e manejo florestal se - quadram na aproximação de função, ou seja, encontrar uma função . _ e descreva a relação entre variáveis de entrada (xy, X2, x„) e uma riável de saída ( y) a partir de dados representativos. Para esta vicaçào, existem três tipos principais de RNA: ADALINE ( Adaptive lear Neuron), Perceptrons de múltiplas camadas (Multilayer ’*ceptron - MLP) e Funções de Base Radial (Radial Bases Function RBF). A rede ADALINE possui apenas a camada de entrada e a de - da. sem camada oculta, ou seja, este tipo de rede possui um único - jrônio de processamento, sendo indicada para problemas cujas nções a serem aproximadas tenham características lineares. A rede_ P possui uma ou mais camadas ocultas e função de ativação 70 Campos e Leite sigmoide nos neurônios desta camada, com maior poder computacional que a rede ADALINE, sendo aplicável a todo problema de aproximação de função. A rede RBF, também aplicável a qualquer problema de aproximação de função, possui uma camada oculta com elevado número de neurônios com função de ativação gaussiana e camada de saída com função de ativação linear. Os principais algoritmos de treinamento de RNA são: Back propagation, Resilient Propagation, Manhattan Update Rale, Quick Propagation, Livenberg Marquardt, Neat Particle Swarm Optimazation, HyperNeat, Free Form e Skyp-Laeyer. Os dois primeiros são utilizados na área florestal na maioria das vezes. Para cada tipo de treinamento, é necessário definir uma taxa de aprendizagem. No caso do Back propagation, é necessário definir ainda o Momentum. A inclusão do termo momentum tem por objetivo aumentar a velocidade de treinamento da rede neural e reduzir o perigo de instabilidade. As aplicações principais das RNA são: reconhecimento de imagens e sons, mineração de dados, compressão, predição, análises financeiras, aproximação de funções, classificação de padrões e modelagem de crescimento, entre muitas outras. Em mensuraçào florestal, as principais aplicações são: estimação da altura de árvores ( BINOTI et al., 2013a,b; ÕZÇELIK et al., 2013; MARTINS et al., 2014), estimação do volume de árvores (GORDON, 1998; GÒRGENS et al., 2009; SILVA et al., 2009 e 2014; DIAMANTOPOULOU; MILIOS, 2010; ÕZÇELIK et al., 2010; BINOTI et al., 2014a,c), estimação do afilamento do fuste (LEITE et al., 2011), modelagem do crescimento em nível de povoamento (BINOTI, 2010), em n ível de árvores individuais (GUAN; GERTNER, 1991a,b) e por classe de diâmetro ( BINOTI et al., 2013c), predição da mortalidade (GUAN; GERTNER, 1991a,b; CASTRO et al., 2013), estimação de estoque de carbono em florestas (FERRAZ et al., 2014), inventário de sobrevivência (ARAÚJO et al., 2014), estimação do volume de madeira empilhada (BINOTI et al ., 2014b) e predição da capacidade produtiva (AERTSEN et al., 2010). 71- rura zjcemplo Considere uma RNA do tipo MLP com dois neurônios na ;amada intermediária, para estimar a altura total de árvores, em ' unção do dap, conforme dados da Tabela 2.10. A função de ativação :e todos os neurônios artificiais definida é a logística, a taxa de -prendizado é de 0,8 e os pesos iniciais iguais a 0 (zero). Como treinar e aplicar a RNA para estimar a altura? . abela 2.10 - Dados para descrição da relação hipsométrica Arvore dap (cm) H ( m) Arvore dap (cm) H ( m) 6,81 13,3 6 13,5 22,6 9,02 16,4 7 16,0 25,2 3 8,4 15,9 8 18,0 28,2 4 11,0 20,6 9 20,7 28,8 13,9 23,9 10 23,4 29,6o Para facilitar o entendimento dos cálculos é importante sualizar a estrutura da RNA,