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1) Eficiência e Equilíbrio Walrasiano: Uma Empresa Suponha que há dois consumidores, Roberto e Tomás, dois bens abóbora (bem 1) e bananas (bem 2), e uma empresa. Suponha que a empresa 1 transforme 1 abóbora em 3 bananas. Suponha que a utilitidade do Roberto é uR(c1, c2) = log(c1) + 3 log(c2) e a do Tomás é: uT (c1, c2) = log(c1) + log(c2) Suponha que o Roberto tenha duas abóboras mas não tenha nenhuma banana. Tomás, por outro lado, tem uma banana mas nenhuma abóbora, i.e. eR1 = 2, eR2 = 0, e T 1 = 0, e T 2 = 1. a) Qual é o conjunto de possibilidades de produção da empresa? Desenhe a fronteira de possibilidades de produção da economia. RESPOSTA: Y 1 = © (y1, y2) ∈ R2 : y1 ≤ 0, y2 = −3y1 ª A economia tem uma dotação inicial total de 2 abóboras e 1 banana. Então sua fronteira de possibilidades de produção é: Abóbora banana 1 7 2 1 b) Calcule os preços e alocações em um equilíbrio Walrasiano. RESPOSTA Como a tecnologia apresenta retornos constantes à escala, se há produção em equilíbrio, então p2 = p1 3 , pela condição de lucro 0 da firma. Normalize p2 = 1 Neste caso, as demandas são cR1 (p1, p2) = 2p1 4p1 = 1 2 e cR2 (p1, p2) = 6p1 4p2 = 9 2 cT1 (p1, p2) = p2 2p1 = 1 6 e cT2 (p1, p2) = p2 2p2 = 1 2 A demanda agregada de abóbora (bem 1) é 23 e de banana é 10 2 = 5. A firma demanda 43 de abóbora como insumo, e produz 4 unidades de banana, que somadas à dotoção inicial de 1 banana faz com que demanda agregada seja igual à oferta agregada. Fica de exercício extra mostrar que a firma não pode fechar em equilíbrio. c) Suponha agora que Tomás tenha 15 bananas, i.e. eT2 = 15 (o resto da economia segue igual). Como que o conjunto de alocações eficientes é agora? Quanto que a empresa produzirá em um equilíbrio Walrasiano? RESPOSTA Vamos resolver primeiro para o equillíbrio. Suponha novamente que a firma produza. Então, novamente, p2 = p1 3 , pela condição de lucro 0 da firma. As demandas agora são: cR1 (p1, p2) = 2p1 4p1 = 1 2 e cR2 (p1, p2) = 6p1 4p2 = 9 2 cT1 (p1, p2) = 15p2 2p1 = 5 2 e cT2 (p1, p2) = 15p2 2p2 = 7 2 Olhando para o mercado de abóbora, então a demanda agregada é 12 + 5 2 = 3 > 2 = oferta agregada máxima, isto é, sem nenhuma produção. Logo, o equilíbrio se dá com a firma fechando. Isto nos faz voltar a uma situção de economia de troca pura (sem produção). É o mesmo que dizer que a teconologia é inútil, já que já há muita banana na economia. Deixo para vocês a derivação do conjunto de Pareto (derive como numa economia de troca, como se a firma não existisse). 2 2) Capital Humano Suponha que Roberto e Tomás estão em uma ilha com três bens: abobora (a), banana (b) e trabalho (l) (na realidade, como você verá brevemente, somente o trabalho do Roberto importa, pois o trabalho do Tomás é inútil). Suponha tam- bém que há uma empresa que produza abóboras usando o trabalho do Roberto (bem 3). Isto é equivalente a dizer que o Roberto tem uma habilidade que Tomás não tem, e a empresa precisa dele (Roberto) para produzir abóboras. Roberto e Tomás têm utilidades idênticas sobre abóboras (bem 1) e bananas (bem 2) Eles não valoram trabalho, isto é, ninguém deriva utilidade (ou desutilidade) deste bem. uR(c1, c2) = u T (c1, c2) = 4 log(c1) + log(c2) As dotações iniciais são: (eR1 , e R 2 , e R 3 ) = (0, 0, 2) e (e T 1 , e T 2 , e T 3 ) = (0, 1, 1) A empresa produz 1 abóbora para cada unidade de trabalho do Roberto. Qual é o preço de equilíbrio do trabalho do Tomás? RESPOSTA: ZERO, OBVIAMENTE. A demanda por seu trabalho é zero (já que é inútil), e a oferta é zero (já que o preço é zero). Calcule o equilíbrio Walrasiano e mostre que ele é eficiente do ponto de vista de Pareto. RESPOSTA: Em equilíbrio, adivinhe que a firma usará todo o trabalho do roberto para produzir abóbora. Neste caso, a condição de lucro zero da firma implica que p1 = p3, isto é, para que a firma produza em equilíbrio é preciso que o preço do trabalho do Roberto seja igual ao preço da aboóbora. Assim, caímos novamente em uma economia de trocas pura, com a seguinte alocação inicial: (eR1 , e R 2 ) = (2, 0) e(e T 1 , e T 2 ) = (0, 1) Roberto tem 2 unidades de abóbora porque tem duas unidades de trabalho, e o preço de equilíbrio da abóbora é igual ao do trabalho. Logo ele sempre pode comprar duas abóboras. Deixo a cargo de vocês, a derivação do equilíbrio neste contexto. Note que não há taxa marginal de transformação, pois só há uma fima que transforma algo que não é diretamente valorizado (trabalho do Roberto) em um dos bens. Ou seja, não há que se abrir mão de banana para produzir abóbora. Para ver que este equilíbrio é eficiente, note que: • Qualquer alocação eficiente envolve a firma usar todo o trabalho do Roberto para produzir abóbora, já que trabalho não entra na função utilidade e abóbora entra. 3 • Como caímos numa economia de troca, sabemos pelo 1o teorema do bem- estar que o equilíbrio que emerge tem que ser eficiente do ponto de vista de pareto. 3) Retornos decrescentes Mais uma vez temos Roberto e Tomás em uma ilha. Eles se importam, nova- mente, com abóboras (bem 1) e bananas (bem 2), e têm utilidades idênticas: uR(c1, c2) = uT (c1, c2) = log(c1) + log(c2) As dotações iniciais são: (eR1 , e R 2 ) = (1, 2) e (e T 1 , e T 2 ) = (1, 2) Há uma empresa na economia, que transforma bananas em abóboras de acordo com a seguinte tecnologia: Y = © (y1, y2) ∈ R2 : y2 ≤ 0, y1 = ln (−y2) ª ou seja, a empresa transforma o logaritmo natural de banana em uma abób- ora. Esta é uma sociedade bastante igualitária, de modo que cada um deles é dono de metade da empresa. Note que esta firma não tem retornos constantes à escala, de modo que não temos a facilidade de determinar os preços de equilíbrio olhando somente para a condição de lucro zero da empresa. Siga os passos abaixo. O objetivo final é calcular o equilíbrio Walrasiano e mostrar que ele é eficiente do ponto de vista de Pareto. AS RESPOSTAS TODAS SERÃO INDICATIVAS. MUITAS VEZES AS CONTAS NÃO SERÃO FEITAS. a) Sejam p1 e p2 os preços da abóbora e da banana, respectivamente. Resolva o problema de maximização da firma, supondo que ela é tomadora de preços tanto no mercado de produto (abóbora) como no mercado de insumos (banana). RESPOSTA: Note que a firma não possui retornos constantes à escala. Logo, já não podemos usar a condição de lucro 0 para determinar os preços relativos. Ela resolve o seguinte problema de maximização de lucros: max y2 p1 ln (−y2)− p2y2 A condição de primeira ordem é: −y2 = p1 p2 4 b) Qual é a oferta de abóbora da empresa, como função de p1 e p2? Qual é a demanda de bananas (insumo) da empresa, como função de p1 e p2? RESPOSTA: Substituindo na função de produção, temos: y1 = ln µ p1 p2 ¶ c) Qual é o lucro da empresa como função de p1 e p2? Note que, como a tecnologia não apresenta retornos constantes à escala, é possível que a empresa tenha lucro positivo em equilíbrio. O lucro da firma (supondo que é positivo) é: Π (p1, p2) = p1 ln µ p1 p2 ¶ − p2 p1 p2 = p1 µ ln µ p1 p2 ¶ − 1 ¶ d) Qual é a demanda por abóbora e por banana de Roberto e Tomás? Qual é a demanda agregada de abóbora e de banana? Dica 1: note que agora a empresa pode ter lucro, de modo que você tem que levar isto em conta quando derivar qual é a renda do Roberto e do Tomás. Dica 2: somente Roberto e Tomás demandam banana? RESPOSTA: A grande diferença aqui é que Roberto e Tomás, como donos da firma, recebem dividendos. Suas rendas, que são iguais, são dadas pela seguinte expressão: m = p1 + 2p2 + p1 ³ ln ³ p1 p2 ´ − 1 ´ 2 Deste modo, as funções demanda são: cR1 (p1, p2) = c T 1 (p1, p2) =p1 + 2p2 + p1 ³ ln ³ p1 p2 ´ −1 ´ 2 2p1 cR2 (p1, p2) = c T 2 (p1, p2) = p1 + 2p2 + p1 ³ ln ³ p1 p2 ´ −1 ´ 2 2p2 e) Qual é a oferta agregada de abóbora e de banana? RESPOSTA: A oferta agregada de abóbora é: 5 eR1 + e T 1 + y1 = 2 + ln µ p1 p2 ¶ De banana é eR2 + e T 2 + y2 = 4− p1 p2 f) Ache os preços do equilíbrio Walrasinano. RESPOSTA: Pela Lei de Walras, precisamos equilibrar somente um mercado. Normalizando um dos preços (digamos, p1) para 1, o preço p2 de equilíbrio sai da seguinte equação: 2 + 4p2 + (− ln (p2)− 1) 2p2 = 4− 1 p2 ←→ 3 = 4p2 + ln (p2) Resolvendo esta esta equação, nos p2 = 0.80441 g) Avalie a seguinte proposição: Marx estava certo! Mesmo retornos decres- centes à escala, a demanda continua não tendo nenhum papel na determi- nação dos preços. RESPOSTA: Estava claramente errado. Note que a demanda tem um papel h) Calcule as alocações de equilíbrio RESPOSTA: As alocações são (aproximadamente): cR1 = c R 1 = 1 + 2× 0.80441 + (− ln(0.80441)−1)2 2 = 1.1088 cR2 = c R 2 = 1 + 2× 0.80441 + (− ln(0.80441)−1)2 2× 0.80441 = 1.3784 −y2 = 1 0.80441 = 1.2431 y1 = ln µ 1 0.80441 ¶ = 0.21765 i) Desenhe o conjunto de possibilidades de consumo agregado da sociedade. No equilíbrio, qual é a Taxa Marginal de Transformação da Economia? 6 Banana Abóbora 2 3.39 4 j) No equilíbrio, qual é a Taxa Marginal de Substituição do Roberto? E do Tomás? RESPOSTA: Susbtituindo as alocações na fórmula da taxa marginal de substituição (que é igual para os dois), temos: ∂u ∂c2 ∂u ∂c1 = 1.1088 1.3784 = 0.80444 A taxa marginal de transformação é: MRT = dy1 d (−y2) = 1 1.2431 = 0.80444 k) Baseado nos seus resultados, avalie a segiunte proposição: com retornos decrescentes à escala, o primeiro teorema do bem-estar não mais funciona. 7 RESPOSTA: Claramente falsa, mais uma vez, no equilíbrio, a taxa marginal de transformação é igual às taxas marginais de substituição e vale o 1o terorema do bem-estar: todo equilíbrio Walrasiano é eficiente do ponto de vista de Pareto. 8
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