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Praticando os Primeiros Socorros: Como Agir em Casos de Emergência - NR10

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NOÇÕES
 DE
 PRIMEIROS
 SOCORROS
 EM
 SERVIÇOS
 COM
 ELETRICIDADE
Praticando os primeiros socorros:
como agir em casos de emergência
Sempre há esperança quando há vida humana.
Simone Weil
A pessoa que se dispõe a prestar os primeiros socorros deve começar por analisar as
condições em que ocorreu o acidente e o estado físico e mental do(s) envolvido(s);
após identificar o(s) caso(s) de gravidade, deve adotar as técnicas de primeiros
socorros, algumas das quais são bastante simples e podem diminuir o sofrimento
das vítimas, evitar complicações futuras e até salvar suas vidas. Numa emergência
é fundamental que a pessoa mantenha a calma e transmita confiança até a chega-
da do socorro especializado; mas deve agir com extremo rigor, pois do contrário o
atendimento pode comprometer a saúde da vítima.
A seguir apresentamos alguns casos graves que requerem pronto atendimento do so-
corrista, e chamamos a atenção para as técnicas adequadas de atendimento e os erros a
serem evitados.
Nesta seção vamos identificar os sinais indicativos de parada cardíaca e respiratória,
e adotar o procedimento de primeiros socorros adequado a cada caso.
Parada respiratória
A parada respiratória se caracteriza pela interrupção da respiração, da entrada e saída de
ar nos pulmões.
O aparelho respiratório é constituído de pulmões, via aérea superior: iniciando pelo
nariz e boca e via aérea inferior, constituída por: faringe, laringe, traquéia, brônquios e
bronquíolos, que umedecem, aquecem, purificam e filtram o ar para que ele chegue em
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CURSO BÁSICO DE SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE
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boas condições ao interior dos alvéolos pulmonares, onde o oxigênio é retirado e trans-
ferido para o sangue. Assim, todo acidente que perturba esse mecanismo coloca em ris-
co a oxigenação dos tecidos, porque provoca a morte celular e, em conseqüência, da
própria vítima.
Como verificar a respiração da vítima
O socorrista deve aproximar-se do rosto da
vítima, observar se há movimento do tórax,
se há saída de ar do nariz ou boca e se há sons
de respiração: se não houver nenhum movi-
mento respiratório e os lábios, língua e unhas
estiverem azulados (cianose), o socorrista
pode concluir que ela sofreu uma parada
respiratória.
Em seguida o socorrista deve verificar se há alguma obstrução na via aérea da vítima,
que pode ser provocada por:
• Corpo estranho – prótese dentária, moeda, pedaço graúdo de alimento,
espinha de peixe, osso de ave, etc.;
• Base da língua – caída para trás – em vítimas inconscientes;
• Substância aspirada para os pulmões (broncoaspiração).
Conheça a seguir os métodos para desobstruir a via aérea (VAS)
O método para desobstruir a via aérea (VAS) varia de acordo com a gravidade e a causa
da obstrução, mas em geral os procedimentos devem ser adotados numa seqüência, até
que esta tenha sido devidamente desobstruída.
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NOÇÕES DE PRIMEIROS SOCORROS EM SERVIÇOS COM ELETRICIDADE
Socorrendo
Varredura digital, igualmente falando,
limpeza manual – Em vista da suspeita
de aspiração de corpos estranhos, o so-
corrista introduz um ou dois dedos na boca
e faringe da vítima; essa remoção pode ser
facilitada se os dedos passarem pela
bochecha e voltarem pelo céu da boca.
N
Escápula – osso irregular, localizado no dorso superior, próximo
à clavícula.
Uma parada respiratória pode ter como causas:
• queda da língua por inconsciência;
• espasmo da laringe;
• obstrução das vias aéreas (superior ou inferior);
• choque elétrico;
• traumatismo craniano com lesões dos centros respiratórios;
• pneumotórax bilateral.
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CURSO BÁSICO DE SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE
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N
Pneumotórax bilateral – entrada ou saída de ar ou gás nos dois pulmões.
Importante
Mesmo em vista de uma parada respiratória é possível ao socorrista
restabelecer a respiração da vítima e salvar sua vida se aplicar de imedi-
ato o método boca-máscara, forçando a entrada e saída de ar dos pul-
mões alternada e ritmadamente até a respiração natural se restabelecer.
Socorrendo
Aplicação de respiração artificial
Método boca-máscara
· Afrouxe as roupas da vítima, principalmente
em volta do pescoço, tórax e cintura, para
facilitar a circulação.
· Com a vítima deitada em decúbito dorsal
(de costas) em superfície plana, rígida e com
a cabeça no mesmo nível do tronco, abra
a via aérea (VAS) e eleve o queixo.
· Abra a boca da vítima com os dedos cruzados e realize a varredura
digital, removendo com cuidado qualquer
corpo estranho que encontrar na cavidade
oral como: restos alimentares, próteses den-
tárias, coágulos de sangue, caso apresente
quadro de obstrução da VAS, etc.
· Verifique agora se a vítima está respirando
(ver, ouvir e sentir).
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NOÇÕES DE PRIMEIROS SOCORROS EM SERVIÇOS COM ELETRICIDADE
· Caso negativo, realize respiração boca-más-
cara, fechando bem as narinas da
vítima com o polegar e o indicador e sopran-
do o ar para dentro dos pulmões (usando um
protetor de biossegurança), num intervalo de
1 segundo de duração para cada 2 respira-
ções. Na ausência da barreira de proteção,
realize somente compressão cardíaca.
· Toda vez que o ar for soprado para dentro dos
pulmões, retire sua boca da máscara para que
o ar saia e, ao mesmo tempo, verifique os
movimentos do tórax.
Este método deve ser aplicado enquanto a vítima não respirar. Somente deve ser inter-
rompido quando chegar um profissional de saúde. Há casos em que não é possível apli-
car este método: por exemplo, quando a vítima apresentar traumatismo na boca. Neste
caso, o socorrista pode fechar a boca e soprar pelo nariz.
No quadro de afogamento, não se pode fazer a insuflação, pois o líquido pode ser levado
à traquéia e ocorrer broncoaspiração. Neste caso, o socorrista deve fazer somente as com-
pressões, com a vítima de cabeça lateralizada para expelir o líquido ingerido.
Parada cardíaca
Como verificar se o coração está batendo?
Verifique o pulso carotídeo colocando os dedos indicador e médio bem no meio do
pescoço da vítima, deslizando-os para o lado até encontrar o vão entre a traquéia e o
músculo do pescoço.
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CURSO BÁSICO DE SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE
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Socorrendo
Se a vítima tiver pulso, faça a insuflação soprando o ar para dentro do
pulmão a cada 2 respirações com 1 segundo de duração para cada respi-
ração e mantendo uma freqüência de 10 a 12 sopros por minuto.
Se se tratar de criança, envolva a boca e o nariz dela com a sua própria
boca, introduzindo ar no pulmão com muito cuidado, pois neste caso o
ritmo deve ser de 1 sopro a cada 3 segundos; o ar insuflado em bebês
deve ser somente o que está na bochecha do socorrista, para não causar
hiperventilação. Na criança o ar deve ser soprado sem muita força, para
que ela possa expulsá-lo.
E se a vítima não apresentar pulso algum?
Se mesmo com a aplicação da respiração artificial o coração da vítima parar de bater,
o socorrista deve aplicar simultaneamente a respiração e a compressão cardíaca.
Quando há uma parada cardíaca, a respiração também se interrompe; ao passo que quan-
do a respiração é interrompida, é possível o coração continuar a bater. Neste caso, se a
vítima não for socorrida a tempo, a falta de oxigênio pode levá-la à morte ou causar
lesões permanentes.
A parada cardíaca pode ser ocasionada pelos seguintes fatores:
• isquemia cardíaca;
• choque elétrico;
• envenenamento;
• afogamento;
• infarto agudo do miocárdio;
• consumo excessivo de drogas (overdose);
• engasgamento.
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NOÇÕES DE PRIMEIROS SOCORROS EM SERVIÇOS COM ELETRICIDADE
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Isquemia – obstrução e contração muscular.
Portanto, uma vez confirmadas as paradas cardíaca e respiratória, o socorrista deve apli-
car de imediato a RCP (reanimação cardiorrespiratória).
Os casos de parada cardíaca exigem ação imediata, e podem ser constatados pela obser-
vação dos seguintes sintomas:
• inconsciência;
• ausência de pulso;
• palidez intensa;
• extremidades frias;
• dilatação das pupilas (midríase).
Socorrendo
Compressão Cardíaca
· Posicione-se em um dos lados da vítima.
· Localize o osso esterno e na junção com o apêndice xifóide posicione
dois dedos, e logo acima destes posicione a palma da mão (região
hipotenar) e sobreponha a outra mão e realize a compressão cardíaca.
· Faça pressão com bastante vigor, empurrando o esterno para baixo,
cerca de 3 centímetros, a fim de comprimir o coração de encontro à
coluna vertebral e, depois, descomprima.
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CURSO BÁSICO DE SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE
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· Repita a manobra de 30 compressões para 2 insuflações por 5 ciclos,
checando os SSVV (sinais vitais). Caso a vítima não reaja, retome a
manobra quantas vezes forem necessárias, ou até a exaustão dos
socorristas ou até a chegada de outros profissionais para dar segui-
mento à conduta (cerca de 100 por minuto). Jamais interrompa as
compressões.
O socorrista deve estar atento para as seguintes observações:
· Nos adultos, aplique a compressão utilizando o peso do corpo e não
apenas a força dos braços, para evitar a fadiga. (Atenção: essa pres-
são deve ser realizada com os braços retos, evitando assim a fadiga e
fratura do osso esterno.)
· Nas crianças pequenas, comprima o esterno apenas com uma das
mãos, e nos bebês, apenas com as pontas dos dedos médio e anular,
pois o indicador possui muita força e pode ocasionar fratura de costelas.
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NOÇÕES DE PRIMEIROS SOCORROS EM SERVIÇOS COM ELETRICIDADE
· É importante que tenha recebido bom treinamento, de modo a evitar
as complicações decorrentes de uma compressão mal realizada, como
fratura do esterno e costela ou perfuração de órgãos pelos ossos das
costelas, principalmente os pulmões.
· Uma vez que a compressão cardíaca externa não produz boa ventila-
ção, se for verificada também parada respiratória, o procedimento deve
ser acompanhado de ventilação artificial.
· Se o socorrista estiver sozinho, deve fazer 2 insuflações pulmonares
(sopro) para cada 30 compressões cardíacas, numa média de 100
compressões por minuto.
Importante
Além do controle das vias aéreas, o desenvolvimento das compressões
cardíacas tornou possível que uma pessoa treinada dê início a uma inver-
são de morte clínica mesmo fora do hospital. Mas é importante que o
socorrista tenha recebido bom treinamento na aplicação dessa compres-
são, de modo a evitar as complicações decorrentes de uma compressão
mal realizada, como fratura do esterno e costela ou perfuração de órgãos
pelos ossos das costelas, principalmente os pulmões: nos adultos ele deve
aplicá-la utilizando o peso do corpo e não apenas os músculos do braço;
nas crianças pequenas, apenas com uma das mãos; e nos bebês, apenas
com as pontas dos dedos médio e anular.
Choque elétrico
Vamos identificar os fatores de gravidade de um choque elétrico e os seus efeitos, para
adotar o procedimento de primeiros socorros (APH – atendimento pré-hospitalar)
adequados a cada caso.
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CURSO BÁSICO DE SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE
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Qualquer pessoa desavisada pode ser vítima de um acidente com eletricidade.
Observe a cena:
Quem já não ouviu falar de alguém que próximo a uma árvore foi
atingido por um raio e morreu instantaneamente? As árvores atraem as
descargas elétricas dos raios e o corpo humano é condutor de eletricidade.
Todos estamos sujeitos a acidentes deste tipo.
Há diversos fatores que determinam a gravidade do choque elétrico:
Trajeto da corrente elétrica
Se uma corrente de intensidade elevada circula de uma perna a outra, pode resultar só
em queimaduras locais, sem lesões mais sérias; mas se ela circula de um braço a outro,
pode levar à fibrilação do coração, parada cardíaca ou paralisia da musculatura respira-
tória, ocasionando a asfixia da vítima.
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NOÇÕES DE PRIMEIROS SOCORROS EM SERVIÇOS COM ELETRICIDADE
N
Fibrilação – movimento descoordenado do coração (arritmia) causando
a perda da capacidade de bombear o sangue. É um fenômeno gravíssi-
mo, pois é irreversível naturalmente, e requer a utilização de um desfibri-
lador elétrico (cardioversor elétrico) para a reanimação da vítima.
Intensidade da corrente elétrica
Outro fator importante na determinação da gravidade do choque elétrico é a intensidade
da corrente. Por exemplo:
• 10 mA – intensidade de corrente elétrica a partir da qual a vítima não
consegue se livrar do ponto energizado que está em contato.
• 30 mA – intensidade de corrente elétrica a partir da qual a vítima estará sujeita
a efeitos graves, como parada cardiorrespiratória e fibrilação ventricular (FV).
Tempo de contato com a corrente elétrica
O tempo de contato é outro fator determinante na gravidade dos acidentes com corrente
elétrica, uma vez que determinadas intensidades de corrente produzem contrações
musculares que levam à asfixia, num prazo de 2 minutos, e à fibrilação ventricular, em
0,25 segundo. Assim, conclui-se que a passagem da corrente elétrica pelo corpo desen-
cadeia efeitos diretos e indiretos, como mostrado no quadro.
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CURSO BÁSICO DE SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE
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Efeitos diretos e efeitos indiretos
Paralisia da musculatura respiratória, com queimaduras térmicas, ocasionando asfixia
e morte antes de 4 minutos, desprendimento de calor na passagem da corrente.
Queimaduras eletrotérmicas ocasionadas pelo desprendimento de calor na passagem
da corrente causam, ao contrário das demais queimaduras, destruição da pele e de teci-
dos profundos. Em geral são indolores em virtude da destruição das terminações nervo-
sas, com regeneração muito lenta – a queimadura de terceiro grau não se regenera, ficando
seqüelas na epiderme (pele). Quedas, pancadas, fraturas, ferimentos, etc.
Importante
Os choques elétricos são uma das principais causas de parada cardior-
respiratória em ambientes de trabalho. O atendimento à vítima deve ser
feito nos primeiros 4 minutos, para que haja chance de sobrevida e recu-
peração do acidentado.
Socorrendo
Como prestar os primeiros socorros a uma vítima de choque elétrico
• Antes de tocar na vítima, certifique-se de que ela não esteja em con-
tato com a corrente elétrica. Em caso positivo, desligue imediatamen-
te a eletricidade. Se não for possível, interrompa o contato utilizando
material isolante (bastão isolante, luva de borracha e botina). Jamais
utilize objeto metálico ou úmido.
• Se as roupas estiverem em chamas, deite-a no chão e cubra-a com
tecido bem grosso, para apagar o fogo.
• Localize as partes do corpo comprometidas e resfrie-as somente com
água corrente na temperatura ambiente (cuidado com a temperatura
ambiente, pois em regiões extremas temos temperaturas também
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NOÇÕES DE PRIMEIROS SOCORROS EM SERVIÇOS COM ELETRICIDADE
extremas, agravando ainda mais o quadro; a água deve ser tépida,
35,5ºC a 36ºC, suportável ao punho) ou panos umedecidos; não apli-
que manteiga, gelo, pomada nem creme dental nos ferimentos.
• Verifique se há parada cardiorrespiratória por meio da avaliação dos
sinais vitais; em caso positivo, deite-a emdecúbito dorsal (de costas)
e inicie a RCP (reanimação cardiopulmonar). Após retirada da corren-
te elétrica, devemos tocar na vítima, haja vista que ela não retém
corrente, pois não é capacitor.
Leia atentamente o artigo da revista IstoÉ.
IstoÉ – Estado de choque: Menino sobrevive a 68 mil volts
Dizer que alguém nasceu de novo, ao sobreviver a uma situação limite
entre a vida e a morte, é uma expressão batida. Mas não há outra, absoluta-
mente não há outra, para definir o que aconteceu no sábado, 17, com o
menino paulista Thiago Santos, de 13 anos. Thiago entrou numa Estação
Transformadora de Distribuição da Eletropaulo Metropolitana para apanhar
sua pipa que ali havia caído. Ao subir numa das antenas, o garoto recebeu
uma descarga elétrica de 68 mil volts (um condenado à morte na cadeira
elétrica recebe um choque de 2.300 volts). Thiago sofreu parada cardíaca e
teve 80% do corpo queimado. Está consciente e nenhum órgão foi afetado.
O pai do menino, Francisco de Almeida Cunha Júnior, disse que foi um milagre.
IstoÉ – O senhor viu seu filho e o local do acidente. O que sentiu?
Francisco – Entrei em desespero, pensei que ele estivesse morto.
O Thiago tinha o corpo em chamas, estava preto e soltava fumaça pela boca
e pelo nariz. Foi milagre ele ter sobrevivido.
Por conta da variedade no uso da energia elétrica em nosso dia-a-dia e
pelo fato de sua propriedade física ser invisível, qualquer pessoa menos
avisada poderá vir a ser vítima de um acidente envolvendo energia elétrica.
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CURSO BÁSICO DE SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE
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Diversos fatores influenciam a gravidade do choque elétrico:
• trajeto da corrente elétrica;
• intensidade da corrente elétrica;
• tempo de contato com a corrente elétrica.
O trajeto da corrente elétrica no corpo humano, que funciona como um condutor de
eletricidade, tem grande influência na gravidade do choque elétrico.
Uma corrente de intensidade elevada que circule de uma perna para a outra, pode
resultar só em queimaduras locais, sem outras lesões mais sérias. No entanto, se esta
mesma intensidade de corrente circular de um braço para o outro da vítima, poderá
levar à fibrilação do coração, à parada cardíaca ou mesmo a uma paralisia da muscula-
tura respiratória, levando à asfixia.
Outro fator muito importante para determinar a gravidade do choque elétrico é a inten-
sidade da corrente que circula pelo corpo.
O tempo de contato com a corrente é outro fator determinante na gravidade dos aci-
dentes causados por corrente elétrica. Determinadas intensidades de corrente que cir-
culam pelo corpo produzem contrações musculares que levam à asfixia e à fibrilação
ventricular. Estima-se em 2 minutos de contato o tempo para que as contrações mus-
culares levem à asfixia e 0,25 segundo para produzir fibrilação cardíaca.
O conhecimento do fenômeno da fibrilação ventricular do coração por meio do choque
elétrico é importante para conscientizar a população e os técnicos das empresas dos
riscos provenientes dos trabalhos envolvendo eletricidade.
Quando a corrente elétrica alternada passa pelo coração, as camadas dos tecidos
respondem vibrando de maneira distinta, provocando um batimento cardíaco distorci-
do. Este estado caótico de polarização é irreversível, com perda total do sincronismo
das contrações.
Devido à heterogeneidade dos tecidos da parede do coração, todos os mamíferos e ani-
mais superiores sofrem o efeito da fibrilação ventricular em conseqüência do choque
elétrico. Portanto, para correntes de choques grandes, os efeitos mais drásticos são as
queimaduras, e para correntes pequenas, o maior perigo é a fibrilação ventricular.
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45
NOÇÕES DE PRIMEIROS SOCORROS EM SERVIÇOS COM ELETRICIDADE
Sintomas da fibrilação ventricular
Se o coração, quando uma pessoa recebe uma descarga elétrica, entrar em fibrilação
ventricular, a pressão cai a zero.
Devido a estas ocorrências, os sintomas externos básicos são:
• vítima desfalecida;
• palidez;
• não há pulso;
• não há respiração.
Causas da fibrilação ventricular
• choque elétrico;
• choque mecânico;
• choque térmico;
• estrangulamento;
• afogamento;
• cirurgia;
• trauma torácico;
• cateterismo cardíaco;
• hipotermia artificial (< 28°C);
• choque químico (K+, Ca++, H+, etc.);
• drogas;
• origem clínica.
Como a fibrilação ventricular é irreversível naturalmente, faz-se necessário o emprego de
técnicas práticas, de modo a fazer o coração retomar o seu ritmo normal.
Muitas técnicas e medicamentos foram utilizados, mas o método que obteve sucesso
foi o desfibrilador elétrico (cardioversor elétrico), que na verdade é um capaci-
tor a ser descarregado no acidentado.
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CURSO BÁSICO DE SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE
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Hoje está à venda no mercado o Desfibrilador Automático Externo, um equipamento
portátil com tecnologia de onda bifásica para uso em qualquer ambiente. O aparelho é
utilizado em unidades de resgate aéreo e terrestre e fornece suporte avançado à vida.
O Desfribilador Automático Externo oferece a possibilidade de ser utilizado por leigos
(acesso público à desfibrilação), após treinamento mínimo e sob supervisão médica.
Dispõe de operacionalidade simples, com alta sensibilidade e especificidade no diag-
nóstico de arritmias malignas. A segurança é enfatizada, e o risco de acidentes com o
paciente e o operador é mínimo. A utilização do aparelho aumenta a taxa de sobrevida
humana em uma parada cardiorrespiratória.
Observe outro caso de choque elétrico publicado no jornal O Globo.
O Globo (1997) – Temporal derruba árvore e causa mais uma morte
O vendedor de medicamentos Agostinho de Araújo Ramos, de 53 anos,
morreu após sofrer uma descarga elétrica e ficar desacordado na Rua do
Catete, durante um temporal. Os fios da rede elétrica estavam soltos na cal-
çada. A comerciante Fátima R. Rocha contou que, na noite anterior, várias
pessoas tomaram choque no mesmo lugar onde Ramos morreu. A causa da
morte de Ramos, segundo o IML, consta que ele morreu de “broncoaspira-
ção”, sufocação direta por obstrução das vias aéreas superiores.
A passagem da corrente elétrica percorrendo o corpo pode desencadear efeitos diretos
e indiretos.
Conclusão
Os efeitos do choque elétrico são:
• Paralisia da musculatura respiratória, levando à asfixia e morte da ví-
tima em cerca de 4 minutos.
• Fibrilação cardíaca com ausência de circulação do sangue nos teci-
dos, o que ocasiona falta de oxigenação, provocando a morte em cer-
ca de 4 minutos. O cérebro, o coração e os rins são os órgãos mais
afetados.
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NOÇÕES DE PRIMEIROS SOCORROS EM SERVIÇOS COM ELETRICIDADE
• Queimaduras eletrotérmicas ocasionadas pelo calor desprendido pela
passagem de corrente elétrica. As queimaduras elétricas diferem de
outros tipos de queimadura por serem profundas, causando destruição
da pele e de tecidos profundos. Em geral são indolores devido à des-
truição das terminações nervosas e sua regeneração é muito lenta.
• Queimaduras térmicas pelo desprendimento de calor durante a pas
sagem da corrente.
• Conjuntivite, irritação das conjuntivas oculares pela liberação da
radiação ultravioleta durante o fluxo da corrente.
• Quedas, batidas, fraturas, ferimentos, entre outros.
Importante
Os choques elétricos são uma das principais causas de parada cardior-
respiratória nos locais de trabalho. Portanto, os primeiros socorros devem
ser prestados nos primeiros 4 minutos após o acidente, para que exista
uma chance de sobrevida e recuperação do acidentado.
Observação
A fibrilação ventricular do coração pode ocorrer de vários modos, mas,
neste caso,a preocupação é a relacionada com o choque elétrico.
Como a fibrilação ventricular é irreversível naturalmente, faz-se neces-
sário o emprego de técnicas práticas, de modo a fazer o coração reto-
mar o seu ritmo normal.
Muitas técnicas e medicamentos foram utilizados, mas o método que ob-
teve sucesso foi o desfribilador elétrico (cardioversor elétrico), que, na
verdade, é um capacitor a ser descarregado no acidentado, como vimos.
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CURSO BÁSICO DE SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE
48
Noções sobre lesões
Queimaduras
São lesões causadas quando a pele entra em contato com temperaturas extremas e subs-
tâncias químicas corrosivas.
O grau de lesão varia de acordo com a intensidade e a extensão de pele atingida: quanto
maior a área, mais grave é o caso. De acordo com a profundidade da lesão dos tecidos, as
queimaduras são classificadas em:
• 1º grau – atinge somente a epiderme. Dor e vermelhidão local.
• 2º grau – é caracterizada por vermelhidão e formação de bolhas (com líquido
cítrico). Existem três tipos de bolhas: vesículas, bolhas e flictenas, que diferenciam
de tamanhos – pequenas, médias e grandes, dolorosas.
• 3º grau – atinge camadas profundas da pele, ocasionando a destruição das
terminações nervosas e sensitivas do tecido.
O socorrista pode avaliar a relação gravidade-extensão utilizando a regra dos nove, bas-
tante útil e de fácil memorização, cujos valores são definidos em porcentagem (%) da
superfície corporal de acordo com a seguinte especificação:
• cabeça – 9%;
• pescoço – 1%;
• membro superior – 9% cada;
• dorso – 18%;
• tórax – 18%;
• membro inferior – 18% cada;
• genitália – 1%.
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NOÇÕES DE PRIMEIROS SOCORROS EM SERVIÇOS COM ELETRICIDADE
Importante
Assim, a extensão e a gravidade de uma queimadura determinam o pro
cedimento que o socorrista deve adotar. Observe a seguir a classificação
das queimaduras segundo a sua extensão e gravidade e os procedimen-
tos de primeiros socorros a serem adotados.
Gravidade quanto à extensão
• pequena queimadura – menos de 10% da área corpórea;
• grande queimadura – mais de 10% da área corpórea.
N
O risco de morte ou risco de continuar com vida está mais relacionado
com a extensão do que com a profundidade da lesão.
São consideradas graves as seguintes queimaduras:
• elétrica;
• em períneo;
• com mais de 10% da área corpórea;
• com lesão das vias aéreas.
Conduta
• prevenir o estado de choque;
• evitar infecções na área queimada;
• controlar a dor.
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CURSO BÁSICO DE SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE
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As conseqüências dos acidentes com queimaduras de 1º e 2º graus de grande extensão
ou de 3º grau são:
• Estado de choque – a necrose de uma vasta área de tecido impede a circulação
sangüínea.
• Insuficiência renal – as células destruídas pela queimadura entram na corrente
sangüínea e impedem a formação da urina.
• Septicemia – a área queimada é atingida por microorganismos e tem início um
violento processo infeccioso, choque séptico.
N
Septicemia – processo infeccioso generalizado em que microorganismos
patogênicos penetram na corrente sangüínea e nela se multiplicam, cho-
que séptico.
Socorrendo
Em queimaduras de pequena extensão, deve-se:
• Lavar o local com água (tépida, temperatura de 35,5ºC a 36ºC)
por 2 a 5 minutos;
• Não aplicar iodo, mercúrio ou pomada no local do ferimento, para não
encobrir a lesão.
Em queimaduras térmicas, deve-se:
• Apagar o fogo da vítima com água (tépida, temperatura de 35,
5ºC a 36ºC);
• Verificar vias aéreas, respiração, circulação e nível de consciência
(especial atenção para as VAS em queimados de face);
• Retirar partes de roupas não queimadas; e as queimadas aderidas
ao local, recortar em volta;
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NOÇÕES DE PRIMEIROS SOCORROS EM SERVIÇOS COM ELETRICIDADE
• Retirar pulseiras, anéis, relógios, etc.;
• Estabelecer extensão e profundidade das queimaduras;
• Quando de 1º grau, banhar o local com água (tépida, temperatura de
35,5ºC a 36ºC). Não passar nada no local, não furar as bolhas.
• Cobrir regiões queimadas com manta aluminizada ou papel alumínio;
• Quando em olhos, cobrir com gaze embebida em soro.
Em queimaduras químicas, deve-se:
Em primeiro lugar deve-se saber qual é o produto químico que causou a
queimadura.
• Verificar as VAS (vias aéreas superiores), respiração, circulação e ní-
vel de consciência e evitar choque;
• Retirar as roupas da vítima;
• Lavar com água ou soro, sem pressão ou fricção;
• Identificar o agente químico: ácido – lavar por 5 minutos; álcali – lavar
por 15 minutos; na dúvida, lavar por 15 minutos.
• Se álcali seco, não lavar: retirar manualmente (exemplo: soda cáustica)
em peles íntegras. Quando se tratar de mucosas, retirar o excesso e
lavar abundantemente, sem esfregaço.
Em queimaduras de grande extensão, deve-se:
• Prevenir o estado de choque – o estado de choque é uma das conse-
qüências comuns nos casos de grandes queimaduras, quando então
o socorrista deve acomodar a vítima.
• Controlar a dor – de acordo com a área atingida, a dor associada a
queimaduras de 2º e 3º graus é insuportável.
• Evitar a contaminação – se houver formação de bolhas, o socorrista
não deve irritá-las nem furá-las, pois elas podem romper e deixar uma
ferida (úlcera) aberta, sujeita à entrada de microorganismos patogêni-
cos que podem ocasionar infecção.
E mais:
• Lavar a área queimada com água corrente em temperatura ambiente
(tépida, temperatura de 35,5ºC a 36ºC);
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CURSO BÁSICO DE SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE
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• Se as roupas da vítima tiverem aderido à queimadura, não as remova;
• Não aplicar iodo, mercúrio ou pomada no local do ferimento;
• Não lhe dar água;
• Mantê-la aquecida;
• Manter os sinais vitais, e no caso de parada cardiorrespiratória,
aplicar o método de reanimação mais adequado;
• Encaminhá-la ao hospital.
Concluindo
Nos acidentes provocados por choque elétrico há, em geral, duas
(úlceras) feridas cutâneas: uma na entrada e outra na saída da corrente.
Embora elas costumem parecer pequenas, uma quantidade considerável
de tecido abaixo delas é destruída. Nestes casos, os procedimentos a
serem adotados são os mesmos para outros tipos de queimadura. Quan-
do o choque ocasiona a paralisação da respiração, em virtude da contra-
ção dos músculos respiratórios, o socorrista deve efetuar as manobras de
respiração já estudadas sobre reanimação cardiorrespiratória.
Importante
O socorrista deve adotar todos os procedimentos ao seu alcance, mas os
seus cuidados não substituem os do profissional de saúde (enfermeiro ou
médico). Uma vez que a gravidade das lesões pode exigir recursos
adequados para lidar com os danos na pele e problemas de insuficiência
circulatória e renal e de infecção, ele deve acionar de imediato os recur-
sos hospitalares.
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NOÇÕES DE PRIMEIROS SOCORROS EM SERVIÇOS COM ELETRICIDADE
Úlceras (feridas)
São lesões que acometem a epiderme (camada mais externa) e/ou derme (camada mais
profunda da pele), facilitando as infecções.
A pele atua como barreira mecânica entre o corpo e o mundo externo, impedindo a
entrada de microorganismos no corpo e fazendo a termorregulação e a manutenção dos
fluidos no organismo.
Na presença de ferimentos, a conduta inicial, sempre que possível, deve ser lavar o local
com água corrente.
Quando se tratar de lesões com grandes áreas atingidas e com sangramentos intensos,
deve-se neste caso comprimir o local com pano limpo e fazer a compressão nas grandes
veiase artérias (dígito/pressão) a fim de diminuir o fluxo local (sempre acima da lesão).
Nos casos de amputação total e/ou esmagamento, deve-se proceder como indicado aci-
ma e realizar garroteamento acima da lesão. A parte amputada deve ser recolhida e colo-
cada em um saco plástico limpo. Este saco plástico deve ser colocado dentro de um
recipiente com água, sendo este recipiente com água colocado dentro de outro com
gelo e levado com a vítima para o hospital a fim de se tentar o reimplante. A parte ampu-
tada deve estar resfriada e não congelada nem encharcada, o que irá facilitar o trabalho
do médico-cirurgião.
Nas lesões onde existir um material preso à pele, este não deverá ser retirado,
devendo ser protegido durante o transporte a fim de não haver deslocamento
ou saída deste.
Lesão traumato-ortopédica
Nesta seção, vamos identificar os diversos tipos de lesão traumato-ortopédica que
afetam o aparelho locomotor e comprometem as articulações, ossos e músculos, assim
como os procedimentos de primeiros socorros a serem adotados para aliviar o sofrimento
da vítima.
Entorse
Na entorse há distensão dos ligamentos articulares, ocasionando a separação momen-
tânea das superfícies ósseas da articulação e provocando edema e dor local, que se
acentua com a movimentação.
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Luxação
Na luxação há distensão ou rompimento dos ligamentos articulares, ocasionando sepa-
ração das superfícies ósseas da articulação.
SOCORRENDO
Neste caso, o socorrista deve adotar os seguintes procedimentos:
• Evitar movimentar a articulação afetada.
• Aplicar bolsa de gelo sobre o local a fim de reduzir o edema e a dor.
Fraturas e lesões de articulação
É o rompimento total ou parcial de um osso ou cartilagem.
As fraturas podem ser fechadas, quando a pele não é rompida pelo osso fraturado, e
expostas ou abertas, quando o osso atravessa a pele e fica exposto.
Todas as supostas fraturas e lesões de articulação devem ser imobilizadas.
Nas indústrias, a fratura pode ocorrer em razão de quedas e movimentos bruscos do
empregado, batidas contra objetos, ferramentas, maquinário, assim como quedas destes
sobre o empregado.
Suspeita-se de uma fratura ou lesão articular quando houver sido constatado pelo
menos dois itens abaixo mencionados:
• dor intensa no local, que aumenta ao menor movimento ou toque na região;
• edema local (inchaço);
• crepitação ao movimento (som parecido com o amassar de papel);
• hematoma (rompimento de vaso com acúmulo de sangue no local)
ou equimose (mancha de coloração azulada na pele), que aparece horas
após a fratura;
• paralisia (lesão dos nervos).
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NOÇÕES DE PRIMEIROS SOCORROS EM SERVIÇOS COM ELETRICIDADE
Observação
Nunca se deve tentar colocar o osso no lugar. Isso deverá ser feito em
local e por profissional qualificado.
O que fazer:
• estancar eventual hemorragia em casos de fraturas expostas ou abertas;
• imobilizar as articulações mais próximas do local com suspeita de fratura, a fim de
impedir a movimentação, utilizando jornais, revistas, tábuas, papelão, etc.; convém
acolchoar com algodão, lã ou trapos os pontos onde os ossos ficarão em contato
com a tala, fixando-os acima e abaixo da lesão;
• não deslocar ou arrastar a vítima antes de imobilizar os segmentos fraturados;
• encaminhar a vítima ao serviço de saúde para diagnóstico e tratamento precisos.
Em caso de lesão articular (entorses e contusões):
• colocar a vítima deitada ou sentada em posição confortável;
• nas primeiras 24 horas, aplicar frio intenso no local com bolsa de gelo ou
compressas frias úmidas; posteriormente, aplicar calor local;
• imobilizar a região afetada com faixas ou panos para impedir os movimentos,
diminuindo assim a dor;
• após decorridas as primeiras 24 horas, pode-se aplicar calor no local
e imobilizá-lo, mantendo a região aquecida;
• encaminhar a vítima ao serviço de saúde para diagnóstico e tratamento precisos.
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Observação
Não massagear ou friccionar o local afetado.
Picadas e mordidas de animais
São riscos adicionais causados por acidentes com cobras e serpentes, escorpiões, ara-
nhas, vespas, abelhas e algumas formas marinhas de vida animal que se constituem em
um tipo de envenenamento, cujo veículo de introdução, no corpo humano, se faz através
de presas, ferrões. Existem diferenças importantes que devem ser consideradas entre
animais venenosos e animais peçonhentos.
Animais venenosos produzem veneno, mas não possuem um aparelho inoculador –
dentes ou ferrões, provocando envenenamento passivo por contato – taturana, por com-
pressão – sapo, ou por ingestão – peixe baiacu.
Animais peçonhentos possuem glândulas de veneno que se comunicam com dentes
ocos, ou ferrões, ou aguilhões, por onde o veneno passa ativamente, como serpentes,
aranhas, escorpiões, abelhas e arraias.
Um socorrista não precisa ser capaz de classificar insetos, aranhas, escorpiões e ofídios
em gênero e espécie. Tal atividade é reservada aos estudiosos desta área, mas existe co-
nhecimento indispensável sobre animais peçonhentos para que se possa utilizar uma
técnica adequada a cada situação.
Envenenamento por ofídios
No Brasil, há cerca de 260 espécies catalogadas de serpentes, das quais cerca de 40 são
peçonhentas. Os principais grupos de serpentes peçonhentas existentes no nosso país
são as espécies jararaca, surucucu, cascavel e coral. O termo jararaca, por exemplo, refere-
se a mais de 20 espécies de serpentes com características semelhantes, como a forma da
cabeça e do corpo.
O veneno de cada grupo de serpentes peçonhentas tem uma composição diferente,
provocando sintomas distintos. A peçonha do grupo jararaca, por exemplo, encontrado
em todo o país, tem efeito local: causa inchaço e hemorragia; além disso, destrói os
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57
NOÇÕES DE PRIMEIROS SOCORROS EM SERVIÇOS COM ELETRICIDADE
músculos da região onde é injetada. A ação do veneno das serpentes do grupo surucucu,
que vivem na Mata Atlântica e Amazônia, produz sintomas semelhantes aos gerados
pela peçonha do grupo jararaca.
Já a toxina do grupo cascavel provoca visão dupla, paralisa os músculos, impedindo os
movimentos. Serpentes desse grupo podem ser encontradas em todo o país, exceto na
Mata Atlântica e na Amazônia. O veneno do grupo das corais, por sua vez, mata por para-
da respiratória ao bloquear os movimentos de um músculo chamado diafragma, que é
responsável pela respiração. O diafragma se contrai e relaxa. Graças a esse movimento,
ocorre a entrada de ar nos pulmões, chamada inspiração, e a saída de ar, a expiração.
Se o diafragma não se movimenta, não há respiração.
A toxicidade do veneno varia em função do tamanho e estado de nutrição do animal
agressor, da quantidade de veneno inoculado, do peso e estado de saúde da vítima.
A cada ano, cerca de 20 mil pessoas são picadas por cobra no Brasil. Acidentes com ser-
pentes do grupo jararaca são os mais freqüentes e acontecem geralmente no campo.
O socorro precisa ser rápido. O médico determina qual grupo de cobra picou a pessoa
por meio dos sintomas que esta apresenta. Afinal, cada grupo de serpentes peçonhentas
apresenta um veneno específico, que provoca sintomas diferentes.
De maneira prática, podemos classificar as serpentes peçonhentas no Brasil em quatro
grandes gêneros, conforme tabela abaixo:
GÊNERO REGIÃO DO PAÍS ONDE SÃO ENCONTRADAS
Micrurus – Corais Centro, Sul e Nordeste
Crotalus – Cascavéis Centro e Sul
Lachesis – Surucucu ou Surucutinga Sul, Região Amazônicae Zona da Mata Nordestina
Bothrops – Jararacas, Urutu-Cruzeiro, Todas as regiões
Jararacuçu
Serpentes peçonhentas e não peçonhentas
Existem alguns critérios básicos para distinguir serpentes peçonhentas de não peçonhen-
tas a uma distância segura. O primeiro deles é a presença de um orifício entre o olho e a
narina da serpente, denominado fosseta loreal. Toda serpente brasileira que possui esse
orifício é peçonhenta. Ele é utilizado para perceber a presença de calor, o que permite à
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CURSO BÁSICO DE SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE
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serpente caçar no escuro presas que tenham corpo quente (homeotérmicas), tais como
mamíferos e aves. A única exceção para essa regra é a cobra-coral (cujo nome científico é
Micrurus). Porém, as corais possuem um padrão característico de anéis pretos, vermelhos
e brancos ou amarelos, que não permitem nenhuma confusão. Na Amazônia existem
corais pretas e brancas ou marrons. Desse modo, deve-se considerar toda serpente com
essa coloração como perigosa, apesar da existência de serpentes que imitam as corais
verdadeiras, denominadas corais falsas. As corais verdadeiras não dão bote e normal-
mente se abrigam debaixo de troncos de árvores, folhas ou outros locais úmidos em
todas as regiões do país.
Outra característica importante na distinção das serpentes peçonhentas é o tipo de
cauda. Algumas serpentes com fosseta loreal apresentam um chocalho na ponta da
cauda, que emite um som característico de alerta quando são perturbadas. Essas são as
cascavéis (cujo nome científico é Crotalus), facilmente encontradas em áreas abertas e
secas, mesmo em áreas agriculturáveis de grande parte do Brasil, excluindo-se áreas
de vegetação mais densa.
As serpentes com fosseta loreal cuja cauda é lisa até a extremidade pertencem à família
das jararacas (cujo nome científico é Bothrops). São encontradas, em sua grande maioria,
em áreas mais limitadas, como as áreas de mata, apesar de alguns tipos habitarem tam-
bém zonas de caatinga e cerrado.
Algumas serpentes com fosseta loreal apresentam a extremidade da cauda com as esca-
mas eriçadas como uma escova. Essas são as chamadas surucucus ou pico-de-jaca (cujo
nome científico é Lachesis). O nome pico-de-jaca foi dado em virtude do aspecto da pele
desse animal se parecer muito com a fruta. Elas são encontradas apenas em áreas de
floresta tropical densa, tais como na Amazônia ou alguns pontos da Mata Atlântica.
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NOÇÕES DE PRIMEIROS SOCORROS EM SERVIÇOS COM ELETRICIDADE
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CURSO BÁSICO DE SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE
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 PRINCIPAIS SINTOMAS EM PICADOS POR SERPENTES NO BRASIL
Sintomas Crotalus – Cascavéis Bothrops – Jararacas Micrurus – Corais
Sinal no local Duas perfurações Duas perfurações Duas perfurações
da picada correspondentes correspondentes correspondentes
às presas às presas às presas inoculadoras
inoculadoras inoculadoras e outras menores
Inchaço, vermelhidão,
arroxeamento, febre, _______ Forte _______
bolhas de água no
local da picada
Dor no local da picada Fraca Forte Fraca
Expressão facial Queda das Normal Fraca
pálpebras superiores
Dores generalizadas Dor intensa na nuca Às vezes, dores
(pode aparecer em de cabeça _______
outras regiões do corpo)
Urina Grande diminuição Turva Normal
do volume. Cor: Cor: Vermelha
castanho-avermelhado
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NOÇÕES DE PRIMEIROS SOCORROS EM SERVIÇOS COM ELETRICIDADE
Primeiros socorros em caso de picada
É muito importante evitar situações de risco de acidentes ofídicos. Não ande descalço.
Ao caminhar na mata ou em plantações, use botas que o protejam até os joelhos. Não
coloque a mão em buracos e, acima de tudo, não manipule serpentes, por mais inofensi-
vas que elas possam parecer. Mantenha os quintais limpos, assim como as áreas ao redor
de residências. Não acumule detritos ou material que sirva de alimento para ratos, pois
estes podem atrair serpentes, que se alimentam destes. Em caso de acidente, não faça
qualquer tipo de atendimento caseiro, não corte nem perfure o local da mordida e não
faça torniquete. Procure imediatamente um posto médico, porque somente o soro an-
tiofídico cura. Ele é distribuído gratuitamente a hospitais, casas de saúde e postos de
atendimento médico por todo o país pelo Ministério da Saúde. Em São Paulo, o Hospital
Vital Brazil, que pertence ao Instituto Butantan, realiza esse tipo de atendimento
24 horas por dia.
Soros antiofídicos produzidos pelo Instituto Butantan
(http://www.butantan.gov.br/)
· Antibotrópico: para acidentes com jararaca, jararacuçu, urutu, cotiara.
· Anticrotálico: para acidentes com cascavel.
· Antilaquético: para acidentes com surucucu.
· Antielapídico: para acidentes com coral.
· Antibotrópico-laquético: para acidentes com jararaca, jararacuçu, urutu,
caiçaca, cotiara ou surucucu.
· Antiaracnídico: para acidentes com aranhas do gênero Phoneutria (armadeira),
Loxosceles (aranha-marrom) e escorpiões brasileiros do gênero Tityus.
· Antiescorpiônico: para acidentes com escorpiões brasileiros do gênero Tityus.
· Antilonomia: para acidentes com taturanas do gênero Lonomia.
Procedimentos a serem adotados em caso de picada
· Deitar a vítima o mais rápido possível.
· Não deixar a vítima fazer qualquer esforço, pois o estímulo da circulação
sangüínea difunde o veneno pelo corpo.
· Colocar compressa de álcool sobre o local da picada no caso de: escorpiões,
lacraias, centopéias e aranhas.
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CURSO BÁSICO DE SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE
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· Aplicar gelo ou compressas frias e anestesia no caso de picada de lacraias,
centopéias e lagartas.
· Aplicar compressas quentes e anestesia no caso de picada de escorpiões,
e aranhas.
· Lavar o local da picada com água abundante e de preferência com água
e sabão.
· Quando a picada for nos membros superiores ou nos inferiores, manter estes
em posição mais elevada.
· Não se deve fazer torniquete, pois isso impede a circulação sangüínea,
podendo causar gangrena ou necrose.
· Não se deve furar, cortar, queimar, espremer, fazer sucção no local do ferimento
nem aplicar folhas, pó de café ou terra, para não provocar infecção.
· Levar o acidentado imediatamente ao serviço de saúde mais próximo.
· Se possível levar o animal peçonhento junto, mesmo que morto. Isso facilita
o diagnóstico e a detecção de qual soro será o mais apropriado para ser
ministrado ao paciente.
Lembre-se!
Nenhum remédio caseiro substitui o soro antipeçonhento!
Reconhecendo aranhas perigosas
O filo dos artrópodes corresponde a mais de 80% das espécies animais existentes.
Entre os principais grupos deste filo estão os aracnídeos (subfilo Chelicerata – classe
Arachnida), dos quais fazem parte as aranhas (ordem Araneae) e os escorpiões (ordem
Scorpiones). Os aracnídeos são caracterizados por apresentarem o corpo dividido em duas
partes (cefalotórax e abdômen), quatro pares de pernas, um par de pedipalpos e um par
de quelíceras (apêndices bucais).
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NOÇÕES DE PRIMEIROS SOCORROS EM SERVIÇOS COM ELETRICIDADE
As aranhas compõem a ordem mais numerosa dos aracnídeos, sendo consideradas váli-
das cerca de 35.000 espécies em todo o mundo, porém somente cerca de 20 a 30 espéci-
es são consideradas perigosas para o homem. Habitam praticamente todas as regiões do
planeta, incluindo uma espécie aquática. Muitas espécies vivem próximas, e até mesmo
dentro de habitações humanas, favorecendo a ocorrência de acidentes.
O veneno, produzido por duas glândulas situadasna região das quelíceras, pode ser uti-
lizado na captura de presas e como defesa. Poucas espécies podem causar acidentes
com envenenamento humano importante. No Brasil, as espécies mais representativas
pertencem aos gêneros Phoneutria, Loxosceles e Latrodectus.
 CARACTERÍSTICAS DAS PRINCIPAIS ARANHAS PERIGOSAS DO BRASIL
Características Gênero Gênero Gênero Gênero
Phoneutria Loxosceles Lycosa Latrodectus
“armadeira” “aranha-marrom” “tarântula” “viúva-negra”
Agressividade Muito grande Mínima Pequena Mínima
Principais locais Bananeiras e Pilhas de tijolos, Gramados e Sob arbustos e em
onde são outras folhagens telhas e beira de beira de barracos campos cultivados
encontradas e também nas barracos e também e também e também
residências. em residências. em residências. em residências.
Acidentes Muito freqüentes Pouco freqüentes Freqüentes Pouco freqüentes
Hábitos Vespertinos Noturnos; Diurnos; Vespertinos
e noturnos; aranha sedentária. aranha errante e noturnos;
aranhas errantes. e sedentária. aranha sedentária.
Teia Inexistente Irregular Inexistente Irregular
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Animais raivosos e insetos
Mordidas de animais raivosos
Qualquer animal pode contrair a raiva e se tornar um transmissor. Quem for mordido por
um animal deve suspeitar de raiva e mantê-lo em observação até prova em contrário.
Mesmo vacinado, o animal pode apresentar a doença. Todas as mordidas por animais
devem ser vistas por um médico.
Picadas e ferroadas de insetos
Há pessoas alérgicas que sofrem reações graves e/ou generalizadas devido a picadas de
insetos. Tais pessoas devem receber um tratamento médico imediato. Picada de inseto
pode ser um risco de vida para pessoa sensível.
Como proceder:
· Retirar os ferrões do inseto, através de técnicas adequadas.
· Lavar com água o local da picada.
· Procurar socorro médico o mais rápido possível.
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