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ELETIVA DE PRIMEIROS SOCORROS Manual com aulas que os estudantes tiveram no decorrer da eletiva, incluindo pesquisas e vídeos. E.E. Hermínio Cantisani Professora: Patricia Miler Coordenadoras: Glaucimara de Souza Moreira; Denise Gonçalves de Moura Bragadioli Diretor: João Alves Garcino 1 Primeiros socorros Primeiros socorros são intervenções que devem ser feitas de maneira rápida, logo após o acidente ou mal súbito, que visam a evitar o agravamento do problema até que um serviço especializado de atendimento chegue até o local. Essas intervenções são muito importantes, pois podem evitar complicações e até mesmo evitar a morte de um indivíduo. Antes de qualquer procedimento de primeiro socorro, é importante que o socorrista tenha em mente a necessidade de: Manter a calma; Afastar os curiosos; Garantir que serviço de emergência seja chamado. Telefones úteis em caso de emergência 1 2 É muito importante salientar que algumas pessoas não estão preparadas para realizar os primeiros socorros e, portanto, o ideal é que deixe outra pessoa realizar os procedimentos adequados e auxiliar de outra maneira, como, buscando socorro. Omissão de socorro A omissão de socorro é considerada crime em nosso país. Segundo o Decreto-Lei Nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940, deixar de prestar assistência a uma pessoa em risco pode resultar em detenção ou multa. Veja o art. 135 que aborda o tema: Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte. Diferenças entre urgência e emergência Você já viu em hospitais, ambulâncias, prontos-socorros e postos de atendimento, placas com os enunciados: urgência ou emergência? Mas como diferenciá-los? Parecem ter o mesmo significado, não é mesmo? Como diferenciar algo que é urgente de algo que é emergente? Não é tão simples, pois os significados destes vocábulos são semelhantes, porém, no âmbito da saúde, são totalmente diferenciados, até por uma questão de encaminhamento. 2 3 Emergência é quando há uma situação crítica ou algo iminente, com ocorrência de perigo; incidente; imprevisto. No âmbito da medicina, é a circunstância que exige uma cirurgia ou intervenção médica de imediato. Por isso, em algumas ambulâncias ainda há “emergência” escrita ao contrário e não “urgência”. Urgência é quando há uma situação que não pode ser adiada, que deve ser resolvida rapidamente, pois se houver demora, corre-se o risco até mesmo de morte. Na medicina, ocorrências de caráter urgente necessitam de tratamento médico e muitas vezes de cirurgia, contudo, possuem um caráter menos imediatista. Esta palavra vem do verbo “urgir” que tem sentido de “não aceita demora”: O tempo urge, não importa o que você faça para tentar pará-lo. No entanto, há situações de emergência que necessitam de uma intervenção urgente, ou seja, que não podem se prolongar. A diferença concentra-se mais no campo da medicina. Por exemplo: hemorragias, parada respiratória e parada cardíaca são emergência. Luxações, torções, fraturas (dependendo da gravidade) e dengue são urgência. Atualmente, na maioria das ambulâncias só vem escrita a palavra AMBULÂNCIA, já que o encaminhamento é feito na chegada ao hospital, e ao motorista só basta saber que deve abrir caminho. Assistam o vídeo abaixo: diferença entre urgência e emergência. https://www.youtube.com/watch?v=RP16uzIUBE0 3 https://www.youtube.com/watch?v=RP16uzIUBE0 Funções, Sinais Vitais e de Apoio Introdução A atividade de primeiros socorros pressupõe o conhecimento dos sinais que o corpo emite e servem como informação para a determinação do seu estado físico. Alguns detalhes importantes sobre as funções vitais, os sinais vitais e sinais de apoio do corpo humano precisam ser compreendidos. Funções Vitais As funções do cérebro e do coração são vitais para que o ser humano permaneça vivo. Esses órgãos possibilitam o funcionamento de todas as funções do corpo, são percorridos pelos capilares, vasos sanguíneos em contato direto com o sangue arterial e, por isso, ricos em nutrientes e oxigênio. No corpo humano o sangue arterial é rico em nutrientes e oxigênio e o venoso transporta gás carbônico e catabólitos. Diversos órgãos são responsáveis por tratar e manter o sangue com as características necessárias para a vida: Os rins auxiliam no equilíbrio hidroeletrolítico do corpo e na eliminação de substâncias tóxicas. O aparelho digestivo leva para o sangue substrato orgânicos, agentes metabólicos e vitaminas. O fígado sintetiza e modifica a composição do sangue, auxiliando também na excreção de substâncias tóxicas. O pulmão fornece oxigênio e remove os gases resultantes da respiração. O coração bombeia o sangue pelo corpo possibilitando sua chegada a todos os órgãos. As funções vitais do corpo são controladas pelo Sistema Nervoso Central - SNC, composto por células especializadas, organizadas e de alto grau de complexidade. Esse órgão é muito sensível à falta de oxigênio, provocando alterações funcionais. É importante saber que a hipóxia (falta de ar) prolongada acarreta na morte do SNC em aproximadamente três minutos e, em consequência, a falência geral dos órgãos do corpo. 4 Sinais Vitais Os sinais vitais são indicações que o corpo dá da existência de vida, são reflexos ou indícios que auxiliam na percepção sobre o estado de uma pessoa. Na ausência de algum desses sinais é importante pensar na possibilidade de alterações nas funções vitais do corpo. Os sinais que precisam ser de conhecimento do socorrista são: Temperatura corporal Pulso Respiração Pressão arterial Temperatura corporal A temperatura média do corpo varia entre 35,9 e 37,2° C, ela resulta do equilíbrio térmico mantido entre o ganho e a perda de calor pelo organismo, diversos órgãos atuam nesse equilíbrio. A temperatura constata a existência de atividade metabólica, uma vez que o calor obtido nessas reações se propaga pelo corpo e pelo sangue. A temperatura do corpo varia de acordo com a atividade exercida e fatores fisiológicos: digestão, exercícios, temperatura ambiental etc. Febre alta e prolongada pode levar a pessoa a lesões cerebrais irreversíveis. Temperatura baixa do corpo pode acontecer após depressão da função circulatória ou no estado de choque. A queda da temperatura do corpo, a perda de calor, acontece através e diversos processos. Na eliminação, através das fezes, urina, respiração; na evaporação, na transpiração por meio da pele; pela condução, na troca de calor entre o sangue e o ambiente, quanto maior a quantidade de sangue circulando sob a pele, maior é a troca de calor com o meio. O aumento da circulação explica o avermelhamento da pele (hipermia) quando estamos com febre. Verificação da Temperatura Oral ou bucal - Temperatura média varia de 36,2 a 37ºC. O termômetro deve ficar por cerca de três minutos, sob a língua, com o paciente sentado, semi-sentado (reclinado) ou deitado. 5 Não se verifica a temperatura de vítimas inconscientes, crianças depois de ingerirem líquidos (frios ou quentes) após a extração dentária ou inflamação na cavidade oral. Axilar - Temperatura média varia de 36 a 36,8ºC. A via axilar é a mais sujeita a fatores externos. O termômetro deve ser mantido sob a axila seca, por 3 a 5 minutos, com o acidentado sentada, semi-sentada (reclinada) ou deitada. Não se verifica temperatura em vítimas de queimaduras no tórax, processos inflamatóriosna axila ou fratura dos membros superiores. Retal - Temperatura média varia de 36,4 a 37,ºC. O termômetro deverá ser lavado, seco e lubrificado com vaselina e mantido dentro do reto por 3 minutos com o acidentado em decúbito lateral, com a flexão de um membro inferior sobre o outro. Não se verifica a temperatura retal em vítimas que tenham tido intervenção cirúrgica no reto, com abscesso retal ou perineorrafia. A verificação da temperatura retal é a mais precisa, pois é a que menos sofre influência de fatores externos. 6 Febre A febre é caracterizada pela elevação da temperatura do corpo acima da média normal, ocorre quando a perda de calor é menor que o ganho, diversas doenças podem afetar o hipotálamo e perturbar a regulação térmica do corpo. Por isso, a febre deve ser compreendida como um sinal do organismo. Pessoas com febre apresentam os sintomas: Perda de apetite Mal - estar Pulso rápido Sudorese Temperatura acima de 40° C Respiração rápida Hiperemia da pele Calafrios Dor de cabeça Primeiros Socorros para Febre Aplicar compressas úmidas na testa, cabeça, pescoço, axilas e virilhas (que são as áreas por onde passam os grandes vasos sanguíneos). Quando o acidentado for um adulto, submetê-la a um banho frio ou cobri-la com coberta fria. Podem ser usadas compressas frias aplicadas sobre grandes estruturas vasculares superficiais quando a temperatura corporal está muito elevada. O tratamento básico da febre deve ser dirigido para as suas causas, mas em primeiros socorros isto não é possível, pois o leigo deverá preocupar-se em atender os sintomas de febre e suas complicações. Drogas antipiréticas como aspirina, dipirona e acetaminofen são muito eficientes na redução da febre que ocorre devido a afecções no centro termorregulador do hipotálamo, porém só devem ser usadas após o diagnóstico. Devemos salientar que os primeiros socorros em casos febris só devem ser feitos em temperaturas muito altas (acima de 40C), por dois motivos já vistos: A febre é defesa orgânica (é o organismo se defendendo de alguma causa); E o tratamento da febre deve ser de suas causas. 7 Pulso O pulso é a onda de distensão de uma artéria transmitida pela pressão que o coração exerce sobre o sangue. Esta onda é perceptível pela palpação de uma artéria e se repete com regularidade, segundo as batidas do coração. Existe uma relação direta entre a temperatura do corpo e a frequência do pulso. Em geral, exceto em algumas febres, para cada grau de aumento de temperatura existe um aumento no número de pulsações por minuto (cerca de 10 pulsações). O pulso pode ser apresentado variando de acordo com sua frequência, regularidade, tensão e volume. a) Regularidade (alteração de ritmo) Pulso rítmico: normal Pulso arrítmico: anormal b) Tensão; c) Frequência - Existe uma variação média de acordo com a idade como pode ser visto no Quadro II abaixo. 8 d) Volume Pulso cheio: normal Pulso filiforme (fraco): anormal A alteração na frequência do pulso denuncia alteração na quantidade de fluxo sanguíneo. As causas fisiológicas que aumentam os batimentos do pulso são: digestão, exercícios físicos, banho frio, estado de excitação emocional e qualquer estado de reatividade do organismo. No desmaio / síncope as pulsações diminuem. Através do pulso ou das pulsações do sangue dentro do corpo, é possível avaliar se a circulação e o funcionamento do coração estão normais ou não. Pode-se sentir o pulso com facilidade: Procurar acomodar o braço do acidentado em posição relaxada. Usar o dedo indicador, médio e anular sobre a artéria escolhida para sentir o pulso, fazendo uma leve pressão sobre qualquer um dos pontos onde se pode verificar mais facilmente o pulso de uma pessoa. Não usar o polegar para não correr o risco de sentir suas próprias pulsações. Contar no relógio as pulsações num período de 60 segundos. Neste período deve-se procurar observar a regularidade, a tensão, o volume e a frequência do pulso. Existem no corpo vários locais onde se podem sentir os pulsos da corrente sanguínea. Recomenda-se não fazer pressão forte sobre a artéria, pois isto pode impedir que se percebam os batimentos. O pulso radial pode ser sentido na parte da frente do punho. Usar as pontas de 2 a 3 dedos levemente sobre o pulso da pessoa do lado correspondente ao polegar, conforme a figura abaixo. 9 Figura 1- Pulso radial e carotídeo. O pulso carotídeo é o pulso sentido na artéria carótida que se localiza de cada lado do pescoço. Posicionam-se os dedos sem pressionar muito para não comprimir a artéria e impedir a percepção do pulso (Figura 1). Do ponto de vista prático, a artéria radial e carótida são mais fáceis para a localização do pulso, mas há outros pontos que não devem ser descartados. Conforme a Figura 2. Figura 2 - Local de localização de pulso. 10 Vídeos que foram apresentados nas aulas: Assistam! Vídeo: Sinais vitais e funções vitais; https://www.youtube.com/watch?v=7da2eS1txY4&list=WL&index= 4&t=2s Vídeo: Por que a TEMPERATURA DO CORPO é 37 GRAUS? https://www.youtube.com/watch?v=2fm9Id3WSsw&list=WL&index =2 Vídeo: Deve-se tomar antitérmicos para baixar febre? | Drauzio Comenta; https://www.youtube.com/watch?v=pWl2d_cB4r4&list=WL&index= 3 Vídeo: Sinais vitais – Quais as principais artérias e como verificar o pulso? https://www.youtube.com/watch?v=lJv5DSwBal8&list=WL 11 https://www.youtube.com/watch?v=7da2eS1txY4&list=WL&index=4&t=2s https://www.youtube.com/watch?v=7da2eS1txY4&list=WL&index=4&t=2s https://www.youtube.com/watch?v=2fm9Id3WSsw&list=WL&index=2 https://www.youtube.com/watch?v=2fm9Id3WSsw&list=WL&index=2 https://www.youtube.com/watch?v=pWl2d_cB4r4&list=WL&index=3 https://www.youtube.com/watch?v=pWl2d_cB4r4&list=WL&index=3 https://www.youtube.com/watch?v=lJv5DSwBal8&list=WL Pressão arterial A pressão sanguínea é a força do sangue que atua sobre as paredes das artérias, fazendo pressão sobre elas. Essa pressão é maior durante a sístole (contração do coração) e menor durante a diástole (relaxamento do coração). Cada vez que o coração se contrai (bate), bombeia sangue para as artérias, resultando na pressão arterial mais alta. Quando o coração relaxa, a pressão arterial cai. Assim, dois números são registrados ao medir a pressão arterial: o maior deles acontece durante a sístole cardíaca e é chamado de pressão sistólica; o menor deles se verifica no momento de diástase, sendo chamado de pressão diastólica. A hipertensão arterial (ou elevação da pressão arterial) aumenta diretamente o risco de ataque cardíaco, insuficiência cardíaca e acidente vascular cerebral. Com a hipertensão arterial, as artérias podem ter uma resistência aumentada contra o fluxo de sangue, fazendo com que o coração bombeie com mais força para o sangue circular. A pressão arterial sistólica normal deve ser de, no máximo, 120 mmHg (milímetros de mercúrio) e a pressão diastólica deve ficar igual ou inferior a 80 mmHg. No entanto, esses números devem ser usados apenas como guia. Uma única medida da pressão arterial elevada não é necessariamente uma indicação de um problema. O médico precisa ver várias medições da pressão arterial durante vários dias ou semanas antes de fazer um diagnóstico e iniciar um tratamento. Em crianças de até 1 ano de idade, a pressão arterial normal pode atingir 100/80 mmHg; aos 11 anos ela pode ser de 110/75 mmHg e em adolescentes ela já é próxima aos valores da pressão arterial adulta. No adulto normal a pressão arterial varia da seguinte forma: Pressão arterial máxima ou sistólica - de 100 a 140 mm Hg (milímetros de mercúrio). Pressão arterial mínima ou diastólica - de 60 a 90 mm Hg. 12 A pressão varia com a idade, por exemplo:uma pessoa com a idade entre 17 a 40 anos apresenta a pressão de 140 x 90, já entre 41 a 60 anos apresenta pressão, de 150 x 90 mm de Hg. A pessoa com pressão arterial alta sofre de hipertensão e apresenta, dentro de certos critérios de medição, pressão arterial mínima acima de 95 mm Hg e pressão arterial máxima acima de 160 mm Hg. A pressão muito baixa (hipotensão) é aquela em que a pressão máxima chega a baixar até a 80 mm Hg. No Quadro IV apresentamos exemplos de condições que alteram a pressão arterial: Uma pessoa com hipertensão deverá ser mantida com a cabeça elevada; deve ser acalmada; reduzir a ingestão de líquidos e sal e ficar sob observação permanente até a chegada do médico. No caso do hipotenso, deve-se promover a ingestão de líquidos com pitadas de sal, deitá-lo e chamar um médico. Medição da pressão arterial Posição da pessoa: Sentada, semi-sentada (reclinada) ou deitada (esta é a melhor posição): Material: Esfigmomanômetro e estetoscópio. Técnica: a) Tranquilizar a pessoa informando-a sobre a medição de pressão. b) Braço apoiado ao mesmo nível do coração para facilitar a localização da artéria braquial. c) Colocar o manguito ao redor do braço, a cerca de 4 dedos da dobra do cotovelo. Prender o manguito. d) Fechar a saída de ar e insuflar até que o ponteiro atinja a marca de 200 mm Hg. Pode ser necessário ir mais alto. 13 e) Posicionar o na artéria umeral, abaixo do manguito e ouvir se há batimentos f) Abrir a saída de ar lentamente e ouvir os batimentos regulares. g) Anotar a pressão indicada pelo ponteiro que será a Pressão Arterial Máxima. h) A pressão do manguito vai baixando e o som dos batimentos muda de nítido desaparecendo. Neste ponto deve-se anotar a Pressão Arterial Mínima. Às vezes o ponto de Pressão Mínima coincide com o desaparecimento do som dos batimentos. Assista os vídeos abaixo: SINAIS VITAIS - como verificar a pressão arterial na técnica. https://www.youtube.com/watch?v=30h_V2Q6gMw SEMANA DOS SINAIS VITAIS - Aula 3 Pressão Arterial. https://www.youtube.com/watch?v=vxrmbw8jh1E&t=7s SINAIS VITAIS - Pressão Arterial. https://www.youtube.com/watch?v=rNibUhVK7Ek&t=7s 14 https://www.youtube.com/watch?v=30h_V2Q6gMw https://www.youtube.com/watch?v=vxrmbw8jh1E&t=7s https://www.youtube.com/watch?v=rNibUhVK7Ek&t=7s SAMU – 192 Aprendendo sobre parada cardíaca e parada respiratória O FUNCIONAMENTO DO NOSSO CORPO Provavelmente você já assistiu, em algum filme, a alguém sofrendo uma parada respiratória, cardíaca ou até mesmo uma cardiorrespiratória, não é verdade? Como o próprio nome diz, parada é a ausência de algum mecanismo corporal – neste caso, a respiração ou o batimento cardíaco –, percebida por meio da não existência de sinais vitais. A respiração e o batimento cardíaco são realizados por dois sistemas do organismo: o sistema respiratório e o sistema cardíaco. Através da respiração, nosso corpo consegue eliminar gás carbônico e obter oxigênio. O oxigênio é um gás muito importante, sabe por quê? Porque ele é essencial para que cada célula obtenha energia para realizar sua função. Por exemplo, a célula cardíaca necessita do oxigênio para se contrair e, consequentemente, levar à contração do coração. A contração do coração provoca um sinal, que é o batimento cardíaco. Essa contração permite a circulação do sangue pelo corpo. O sangue leva nutrientes e oxigênio às células e captura gás carbônico e produtos metabólicos, que não serão mais utilizados pelas células, para serem eliminados. Você observou, então, que um sistema está relacionado com o outro. A perda de função de algum deles na parada cardíaca ou na respiratória, se não for rapidamente corrigida, poderá resultar na falência de ambos os sistemas e, consequentemente, na morte da vítima. Neste texto, você vai aprender a identificar a ocorrência de uma parada respiratória e de uma parada cardíaca e o que deve ser feito para socorrer a vítima. QUAIS SÃO OS TIPOS DE PARADA? PARADA RESPIRATÓRIA A parada respiratória é a parada súbita da respiração, ou seja, a parada dos movimentos de inspiração e expiração. Com isso, há 15 SAMU – 192 falta de oxigênio nos tecidos do corpo, principalmente em órgãos vitais, que necessitam de um maior teor de oxigênio, como o coração e o cérebro. A falta de oxigênio no coração pode levar ao comprometimento de sua função. Quando isso ocorre, observa-se um quadro de parada cardíaca. É por isso que, muitas vezes, observamos a parada cardiorrespiratória, que é a parada respiratória seguida pela parada cardíaca. Quando uma pessoa sofre uma parada respiratória, ela apresenta diversos sinais. Como socorrista, você deverá estar atento aos seguintes sinais: ausência de movimento no tórax; arroxeamento da face; unhas e lábios azulados; inconsciência; imobilidade. As principais causas da parada respiratória são: inalação de vapores ou gases; afogamentos; choque elétrico; contusão no crânio; obstrução das vias aéreas. Imagine que você se encontra em uma situação de emergência e tem que agir como socorrista. A vítima apresenta parada respiratória. O que você faria? É chegada a hora de descobrir! Existem alguns passos que você deverá seguir se algum dia se encontrar nessa situação. Analise com atenção o passo-a-passo descrito a seguir, pois é muito importante que você saiba como agir ao socorrer uma vítima com parada respiratória: 1°passo: Coloque a vítima em lugar seguro. 2°passo: Verifique o estado de consciência da vítima, procurando conversar com ela. Caso ela não esteja respondendo, é sinal de que está inconsciente. É importante que você identifique se a vítima está ou não consciente. Para isso, fale com ela, pergunte seu nome e veja se ela é capaz de responder. Caso não seja, é provável que ela esteja inconsciente. 3°passo: Mantenha desobstruídas as vias aéreas (nariz ou boca) da vítima. 16 SAMU – 192 4°passo: Afrouxe as roupas da vítima (colarinho, cinto, sutiã etc.). 5°passo: Faça respiração artificial, se necessário (na próxima sessão, você verá com detalhes o que é e como realizar a respiração artificial). 6°passo: Mantenha a vítima deitada, mesmo depois de recuperar o movimento da respiração. 7°passo: Fique atento à respiração, pois ela pode parar novamente. O QUE É RESPIRAÇÃO ARTIFICIAL? Após realizar os passos descritos, é necessário aplicar o método de respiração artificial. Esse método é muito utilizado e consiste em soprar ar para dentro dos pulmões da vítima. A respiração artificial é dividida em duas técnicas: • Respiração boca-a-boca. • Respiração boca-nariz. A técnica mais utilizada é a da respiração boca-a-boca. Observe a descrição a seguir, que apresenta, passo-a-passo, como utilizar essa técnica: 1°passo: Ajoelhe-se junto à vítima, na altura do ombro. 2°passo: Verifique se há objetos na boca, obstruindo a respiração (prótese, dente solto etc.). 3°passo: Ponha uma das mãos na testa e a outra sob o queixo da vítima. 4°passo: Empurre a mandíbula para cima, inclinando a cabeça da vítima para trás. 5°passo: Mantenha a vítima com a boca aberta. Verifique, então, se ela recuperou o movimento da respiração. Caso contrário, inicie o procedimento de respiração artificial propriamente dito. 6°passo: Aperte o nariz da vítima com os dedos polegar e indicador e inspire profundamente. 17 SAMU – 192 7°passo: Coloquea sua boca sobre a boca da vítima, cobrindo- a totalmente. 8°passo: Expire na boca da vítima, forçando o ar para dentro dos pulmões. 9°passo: Faça pressão moderada com as mãos, na região do estômago da vítima para expelir o ar. 10°passo: Inspire profundamente e repita o procedimento. A respiração artificial deve ser feita em intervalos de cinco segundos, até que a vítima recupere o movimento da respiração ou até que o atendimento médico especializado chegue ao local. A técnica da respiração boca-nariz geralmente é mais utilizada em crianças. Neste procedimento, os passos descritos para a respiração boca-a-boca devem ser repetidos. A diferença é que, em vez de você colocar sua boca sobre a boca da vítima, você deve colocá-la sobre o nariz e fechar a boca da vítima. Se, depois da respiração artificial, a vítima não voltar a respirar, verifique sua pulsação. Caso não consiga sentir seu pulso, inicie a massagem cardíaca externa, pois ela está sofrendo uma parada cardíaca. ATENÇÃO! Você deve estar atento aos seguintes aspectos: A parada respiratória leva à morte, num período de 3 a 5 minutos. Assim, não interrompa a respiração artificial. Ela só deverá ser interrompida quando aparecerem os movimentos respiratórios espontâneos ou quando chegar o socorro médico. Após o restabelecimento da vítima, vire sua cabeça de lado para facilitar a respiração. PARADA CARDÍACA Como você viu, o coração é um órgão que bombeia o sangue para todo o corpo, inclusive para os pulmões, onde será oxigenado. A parada cardíaca ocorre quando o coração para. Com isso, não há 18 SAMU – 192 transporte de oxigênio para o corpo. Como o cérebro é um órgão muito sensível à falta de oxigênio, após cerca de 4 minutos, ele começa a sofrer lesões irreversíveis, levando à morte cerebral. Como mencionado anteriormente, para identificar se a vítima está sofrendo parada cardíaca, você deve verificar seus batimentos cardíacos. E qual a maneira correta de verificar os batimentos cardíacos? Os principais sinais de uma parada cardíaca são os seguintes: ausência de batimento cardíaco; ausência de pulsação (critério isolado mais confiável); ausência de respiração; pele fria e amarelada; pupilas dilatadas; inconsciência. As principais causas de parada cardíaca são: ataque cardíaco; afogamentos; choque elétrico; reação alérgica grave; contusão no crânio; intoxicação por gases ou medicamentos. Atendimento em caso de parada cardíaca: Na parada respiratória, você, como socorrista, deve realizar respiração artificial. Já no caso de parada cardíaca, qual o procedimento mais adequado? Nesse caso, o procedimento mais adequado é a realização da massagem cardíaca externa. Essa técnica consiste em pressionar a região média do tórax contra a coluna vertebral, comprimindo, assim, o coração e fazendo um bombeamento artificial do sangue, com a finalidade de manter o funcionamento dos órgãos vitais. O procedimento de massagem cardíaca deve ser realizado quando constata-se que a vítima não apresenta batimentos cardíacos. Veja, a seguir, como realizar uma massagem cardíaca: 1°passo: Coloque-se à esquerda ou à direita da vítima, que deverá estar deitada sobre uma superfície plana e dura. 19 SAMU – 192 2°passo: Apoie a palma da sua mão esquerda sobre o ponto de pressão (parte inferior do tórax da vítima), pondo a mão direita sobre a esquerda, na mesma posição desta, mantendo os dedos voltados para cima. 3°passo: Faça pressão de, aproximadamente, 40 a 50 kg, a qual comprimirá o externo em, aproximadamente, 3 a 5 centímetros, de modo a estimular o coração. ATENÇÃO! Em crianças de 2 a 10 anos, a pressão deverá ser menor, utilizando-se apenas uma das mãos, podendo a outra ser colocada sob o tórax para apoio. Em recém-nascidos (até um ano), deve-se utilizar a ponta dos dedos, pois a região é muito frágil e flexível. COMO AGIR DIANTE DE UMA VÍTIMA COM PARADACARDIORRESPIRATÓRIA? A abordagem inicial e imediata deve observar, ao mesmo tempo, o nível de consciência e a respiração da vítima. A avaliação do nível de consciência se faz chamando a vítima em elevado tom de voz e contatando-a vigorosamente pelos ombros, enquanto que o padrão respiratório efetivo é avaliado pela elevação do tórax. Caso o paciente não responda aos estímulos e não possua respiração efetiva, solicita-se ajuda, acionando-se o SAMU pelo número 192 com o objetivo de se obter o desfibrilador externo automático o mais rapidamente possível. ATENDENDO PCR Verifique o local à procura de algum perigo. Se você encontrar alguém inconsciente, é preciso ter certeza de que não existe nenhum risco para você antes de tentar ajudá-lo. Será que o escapamento do carro não está funcionando? Você está sentindo cheiro de gás vindo do fogão? Há um incêndio? Os cabos elétricos estão caídos no chão? 20 SAMU – 192 Se há qualquer coisa colocando você ou a vítima em perigo, veja se existe algo que possa ser feito para eliminar o problema. Se possível, abra a janela, desligue o fogão ou apague o fogo. Porém, se não há nada que possa ser feito para neutralizar esse perigo, mova a vítima de lugar. A melhor formar de fazer isso é colocar um cobertor, ou casaco, por baixo de suas costas e puxar. A abordagem inicial e imediata deve observar, ao mesmo tempo, o nível de consciência e a respiração da vítima. Verifique se a vítima está consciente, mexa ou bata levemente em seu ombro e pergunte em um tom alto e nítido "Você está bem? Você está bem?". Se ela responder significa que está consciente. Caso ainda seja uma situação de emergência (se ela estiver com dificuldade de respirar, desmaiar ou ficar inconsciente), ligue para a emergência e comece a realizar os primeiros socorros, tomando medidas para tratar o choque. Se ela ainda não responder, siga os passos a seguir. Peça para alguém chamar uma ambulância e que traga o desfibrilador (DEA). Se você estiver sozinho, faça a reanimação cardiorrespiratória. Caso o paciente não responda aos estímulos e não possua respiração efetiva, solicita-se ajuda, acionando-se o SAMU pelo número 192 com o objetivo de se obter o desfibrilador externo automático o mais rapidamente possível. Em seguida, verificamos o pulso central, em até 10s, palpando o pulso carotídeo ou o femoral. Na ausência de pulso, devem-se instituir imediatamente as manobras de RCP, iniciando pelas compressões torácicas externas (CTE). Após 30 compressões, abre-se a via aérea através da elevação da mandíbula e inclinação da cabeça e fazem-se duas ventilações. Se no final de cada ciclo a vítima não voltar a apresentar movimentos respiratórios, faça todos passos anteriores novamente. 21 SAMU – 192 CONTRAINDICAÇÕES PARA RCP Fratura do esterno PCR por trauma de tórax Vítima em estado terminal de doença Vítima com mais de 75 anos PCR ocorrida a mais de 15 minutos Surgimento de rigidez cadavérica. RESUMINDO... Parada é a ausência de algum mecanismo corporal, neste caso, a respiração ou o batimento cardíaco, percebidos pela não existência de sinais vitais. Existem vários sinais vitais utilizados na prática clínica de profissionais de saúde. Os principais são: pressão arterial, o pulso, a temperatura corpórea e a respiração. O pulso relaciona-se com as pulsações ou batidas do coração, que impulsionam o sangue para as artérias. Os principaistipos de pulsos são: braquial, femoral, radial e carotídeo. A temperatura corporal é medida por meio de termômetros (de mercúrio ou digitais). A temperatura sentida na pele, sem o uso de um termômetro, é a temperatura corporal periférica, que difere da temperatura corporal central. Esta, por sua vez, é a temperatura interna (pode ser medida com o auxílio de um termômetro). A respiração, na prática, é o conjunto de dois movimentos: o dos pulmões e o dos músculos do peito. A respiração envolve a inspiração –a entrada de ar pela boca e pelo nariz –e a expiração –a saída de ar também pelo nariz e pela boca. A parada respiratória é a parada súbita da respiração, ou seja, a parada dos movimentos de inspiração e expiração. O método de respiração artificial é muito utilizado e consiste em soprar ar para dentro dos pulmões da vítima. A respiração artificial é dividida em duas técnicas: respiração boca-a-boca e respiração boca-nariz. A parada cardíaca é a parada do coração. Com isso, não há transporte de oxigênio para o corpo. 22 SAMU – 192 Na parada cardíaca, o procedimento mais adequado é a realização da massagem cardíaca externa. A parada cardiorrespiratória significa que a pessoa não está respirando e seu coração não está funcionando. O procedimento usado em vítimas que estão sofrendo, ao mesmo tempo, uma parada respiratória e cardíaca é a reanimação cardiopulmonar. https://siteantigo.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/enfermag em/aprendendo-sobre-parada-cardiaca-e-parada-respiratoria/57531 Assista o vídeo: DICASAMUDF - Ressuscitação Cárdio Pulmonar (RCP) - Primeiros Socorros. https://www.youtube.com/watch?v=JNc7qojAZqA&list=WL&index=2 23 https://siteantigo.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/enfermagem/aprendendo-sobre-parada-cardiaca-e-parada-respiratoria/57531 https://siteantigo.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/enfermagem/aprendendo-sobre-parada-cardiaca-e-parada-respiratoria/57531 https://www.youtube.com/watch?v=JNc7qojAZqA&list=WL&index=2 SAMU – 192 Primeiros socorros em casos de engasgo O que é engasgo? Denominamos engasgo quando ocorre o bloqueio da traqueia (órgão responsável em enviar e retirar o ar dos pulmões) por um objeto estranho, por vômito ou até mesmo sangue. Fisiologicamente, a traqueia é frequentemente protegida pela epiglote; esta nada mais serve como uma porta que abre e fecha, conforme a necessidade de ar. Assim, quando ocorre a passagem de ar, a epiglote permanece aberta, porém quando ocorre a alimentação, a epiglote é fechada, impedindo que qualquer alimento ou corpo estranho, alcance a traqueia e, posteriormente, os pulmões. Dessa forma, quando a epiglote falha em sua função, os alimentos, líquidos ou qualquer tipo de objeto estranho, ultrapassa a epiglote, alcançando a traqueia, ocasionando o bloqueio do ar. Por isso que, em alguns casos, o engasgo pode levar à morte por asfixia e, às vezes, pode até deixar a pessoa parcialmente ou totalmente inconsciente. É necessário saber que dependendo da gravidade do engasgo, esta é uma situação de emergência médica, sendo necessário chamar o serviço de atendimento especializado em emergência o mais rápido possível; pode ser uma questão de vida ou morte! Como proceder? Em caso de engasgo por corpos estranhos como: moedas, pequenos brinquedos, pedra ou qualquer outro objeto pequeno, a manobra que se realiza é a conhecida mundialmente como Manobra de Heimlich. Esta manobra tem como objetivo realizar uma pressão positiva na região do epigastro (“boca do estômago”), a qual fica localizada dois dedos abaixo do fim do esterno (osso longo que une as costelas), colaborando com a desobstrução e consequente passagem de ar. 24 SAMU – 192 Como realizar a Manobra de Heimlich nos adultos e crianças maiores que um ano? Abraçar a pessoa engasgada pelo abdômen; No caso de adultos, posicionar-se atrás da pessoa ainda consciente; No caso de crianças, posicionar-se atrás, mas de joelhos; Atrás da vítima coloque uma das mãos sobre a região da “boca do estômago” e com a outra mão, comprima a primeira mão, ao mesmo tempo em que empurra a região dentro e para cima, parecendo que está levantando a pessoa; Continue o movimento até que a pessoa elimine o objeto que está causando a obstrução. Em caso de pessoa inconsciente, não realize a manobra e contate imediatamente o serviço de emergência. 25 SAMU – 192 Como realizar a manobra em crianças menores de um ano e bebês? Bebê consciente Coloque o bebê de bruços em cima de seu braço e faça 5 compressões entre as escápulas ( no meio das costas). Depois, vire o bebê de barriga para cima e faça 5 compressões sobre o esterno (osso do meio); Se conseguir visualizar o objeto, retire o mesmo; Caso não seja possível a visualização do objeto, nem a retirada, continue realizando as compressões até a chegada do serviço de emergência. Bebê inconsciente Deite o bebê de barriga para cima sem seu braço e abra boca e nariz; Verifique se o bebê está respirando; Se o bebê não estiver respirando, realize duas respirações que boca-boca, bloqueando a boca e o nariz; Observe se há expansão do peito; em caso negativo, realize novamente a respiração; Contate imediatamente o serviço de atendimento de emergência. Em todas as situações de primeiros socorros é necessário manter a calma, para poder agir com segurança e inteligência. Assistam os vídeos abaixo: Como acontece o engasgo. https://www.youtube.com/watch?v=rQ8rRxwT2no Adulto engasgado | Primeiros socorros. https://www.youtube.com/watch?v=bU-nhnxDEY4 LACTENTE ENGASGADO, O QUE FAZER? | IBRAPH https://www.youtube.com/watch?v=Y02anClVXt8 26 https://www.youtube.com/watch?v=rQ8rRxwT2no https://www.youtube.com/watch?v=bU-nhnxDEY4 https://www.youtube.com/watch?v=Y02anClVXt8 SAMU – 192 Convulsões. O que são e quais os primeiros socorros a serem prestados? O que são convulsões? Clinicamente, as convulsões são crises caracterizadas por perda súbita da consciência, geralmente acompanhadas de fortes abalos musculares tônico-clônicos (relaxamentos e contrações alternados), eliminação involuntária da urina e cessação da deglutição, acompanhada de apneia com duração de alguns segundos e de um “despertar” confuso e desorientado. As convulsões constituem um quadro de emergência médica e embora raramente representem um perigo à vida, geralmente são vistas dessa maneira pelas pessoas que circundam o paciente. A verdadeira gravidade ou não da situação é dada pelas enfermidades que desencadeiam as crises. Quais as causas das convulsões? A maioria das convulsões ocorre em epilépticos e neles são crises periódicas, crônicas e repetitivas. Há outras, eventuais, devido a fatores simples ou graves como febre, traumatismos, hipóxia cerebral, tumores, intoxicações, infecções ou infestações, medicamentos, alterações metabólicas, etc. As convulsões febris acontecem normalmente em 2 a 5% das crianças entre 3 meses e cinco anos de idade, à raiz de elevações bruscas e intensas da temperatura. Apesar de ser um quadro muito dramático essas convulsões em geral são benignas e tendem a desaparecer depois daquela idade. Quais os sinais e sintomas de uma convulsão? Os sinais e sintomas das convulsões são: Perda brusca oumuito rápida da consciência. Algumas vezes essa perda é súbita; outras vezes ela é antecedida por breves sinais, chamados “auras”, que avisam sua aproximação. A Comentado [PM1]: Deglutição: Passagem dos alimentos desde a boca até o esôfago; ação ou efeito de deglutir; engolir. É um mecanismo em parte voluntário e em parte automático (reflexo) que envolve a musculatura faríngea e o esfíncter esofágico superior. Comentado [PM2]: Apnéia: É uma parada respiratória provocada pelo colabamento total das paredes da faringe que ocorre principalmente enquanto a pessoa está dormindo e roncando. No adulto, considera-se apnéia após 10 segundos de parada respiratória. Como a criança tem uma reserva menor, às vezes, depois de dois ou três segundos, o sangue já se empobrece de oxigênio. Comentado [PM3]: Emergência: 1. Ato ou efeito de emergir. 2. Situação grave, perigosa, momento crítico ou fortuito. 3. Setor de uma instituição hospitalar onde são atendidos pacientes que requerem tratamento imediato; pronto-socorro. 27 SAMU – 192 recuperação da consciência se dá gradualmente, dentro de alguns minutos. Queda desprotegida ao chão com possibilidade de se ferir. Violentas contrações musculares generalizadas que duram alguns segundos e torção da cabeça e dos olhos para um dos lados. Atrito dos dentes, com possibilidade de quebra dos mesmos. Possibilidade de mordedura e até seccionamento da língua em virtude de potentes contrações dos maxilares. A língua torna-se flácida e pode cair para trás, impedindo a passagem do ar. Emissão de um grito agudo no momento do desmaio, resultante da eliminação do ar retido nos pulmões. Eliminação involuntária de urina. Incapacidade de deglutir saliva, com acumulação da mesma na boca e eliminação dela sob a forma de “baba”. Se houver ferimento da língua, a saliva eliminada pode estar sanguinolenta; Despertar confuso e desorientado, do qual o paciente se recupera aos poucos. De início ele não reconhece o lugar onde se encontra, nem as pessoas ao seu redor. Completa amnésia do ocorrido. O paciente não se lembra da convulsão que acabou de ter. Dor de cabeça e sensação de fadiga ao despertar. Quais são os primeiros socorros a serem prestados em caso de convulsão? Afrouxar as vestes que estejam justas: cintos, gravatas, colarinhos, etc. Retirar possíveis adereços (colares, cachecóis, etc.) e próteses (dentadura, aparelhos dentários móveis, etc.) que o paciente esteja usando, tendo o cuidado de não se ferir em uma eventual mordida do paciente. Proteger a cabeça do paciente e colocá-la de lado, evitando que a língua caia para trás e obstrua a passagem da respiração. Colocar uma proteção entre os dentes - um rolo de pano, por exemplo. Isso tanto evita o ranger violento dos dentes bem como a mordedura da língua. Evitar colocar os dedos, que também podem ser feridos. Comentado [PM4]: Maxilares: Estrutura óssea da boca (que fixa os dentes). É constituída pela MANDÍBULA e pela MAXILA. Comentado [PM5]: Involuntária: 1. Que se realiza sem intervenção da vontade ou que foge ao controle desta, automática, inconsciente, espontânea. 2. Que se encontra em uma dada situação sem o desejar, forçada, obrigada. Comentado [PM6]: Deglutir: Passar (o bolo alimentar) da boca para o esôfago e, a seguir, para o estômago. Comentado [PM7]: Sanguinolenta: 1. Em que há grande derramamento de sangue; sangrenta. 2. Tinto ou misturado com sangue. 3. Que se compraz em ver ou derramar sangue; sanguinária. Comentado [PM8]: Amnésia: Perda parcial ou total da memória. 28 SAMU – 192 Deitar o paciente sobre um lugar espaçoso e contê-lo para que ele não caia e não se fira, permitindo que os movimentos convulsivos se realizem até que terminem espontaneamente. Retirar objetos perigosos das proximidades do paciente. Aguardar para que o paciente recobre a respiração normal, o que em geral se dá após um período de apneia que termina por uma inspiração profunda. Manter-se junto do paciente até que ele recobre completamente sua orientação. Salvo nos casos de status convulsivos, em que as convulsões se repetem sem intervalos, ou nos casos em que ocorrerem complicações, nenhuma medicação precisa ser administrada imediatamente em seguida a uma convulsão. Medicações ou outras medidas terapêuticas só devem ser administradas com vistas a prevenir novas crises. E devem ser prescritas por um médico. Em convulsões de causas ainda desconhecidas deve ser providenciada assistência médica que esclareça a causa. Raramente há complicações das convulsões, mas elas podem ocorrer: luxações articulares, fraturas ósseas, principalmente em pacientes com osteoporose, deslocamentos de próteses, etc. Crises de ausência - conceito, causas, características clínicas, diagnóstico e tratamento O que são crises de ausência? As crises de ausência, antigamente denominadas de "pequeno mal epiléptico", são episódios em que a pessoa experimenta uma súbita alteração da consciência por 10 a 30 segundos, durante os quais fica quieta, com olhar vago, parecendo estar olhando para o infinito. Existem dois tipos de crises (1) crise de ausência simples e (2) crises de ausência complexas. Quais são as causas das crises de ausência? As crises de ausência são uma forma de epilepsia devido a uma atividade anormal do cérebro ativada por hiperventilação. Em geral, Comentado [PM9]: Osteoporose: Doença óssea caracterizada pela diminuição da formação de matriz óssea que predispõe a pessoa a sofrer fraturas com traumatismos mínimos ou mesmo na ausência deles. É influenciada por hormônios, sendo comum nas mulheres pós-menopausa. A terapia de reposição hormonal, que administra estrógenos a mulheres que não mais o produzem, tem como um dos seus objetivos minimizar esta doença. 29 SAMU – 192 a causa desse tipo de epilepsia é genética. Os pacientes com essa forma de epilepsia geralmente têm uma história familiar desse ou de outros tipos de epilepsia. Após a não-adesão ao tratamento, a falta de sono é a causa mais frequente de exacerbação das crises. Os fármacos que reduzem o limiar de convulsão (por exemplo, álcool, cocaína, penicilina em altas doses, overdose de isoniazida e neurolépticos) são mais susceptíveis de causar convulsões em doentes com epilepsia. A brusca supressão de álcool, benzodiazepínicos e de outros sedativos também são causas comuns de exacerbação das crises. Qual é o mecanismo fisiológico das crises de ausência? A fisiopatologia das crises de ausência ainda não está totalmente esclarecida. Acredita-se que os ritmos oscilatórios anormais se desenvolvam nas vias tálamo-corticais e que o mecanismo celular envolva correntes de cálcio. Os neurônios reticulares GABAérgicos do núcleo talâmico parecem desempenhar um papel importante. A atividade das redes talâmicas parece ser necessária para a ritmogênese da descarga de onda de ponta e a hiperexcitabilidade cortical é necessária para a geração das crises de ausência. Enfim, as crises de ausência são devidas a uma grande variedade de causas que, numa fase precoce do desenvolvimento neural, resultam em dano cerebral difuso ou multifocal. Quais são as principais características clínicas das crises de ausência? As crises de ausência na maioria das vezes acontecem em crianças, mas mais raramente podem ocorrer também em adultos. Quase nunca as crises de ausência ocasionam danos à criança. Elas tendem a desaparecer naturalmente com a chegada da adolescência, porém, algumas crianças podem ter as crises para o resto da vidaou desenvolver outras manifestações epilépticas associadas, inclusive convulsões motoras tônico-clônicas. As crises de ausência simples podem ser tomadas durante muito tempo como mera falta de atenção e, assim, algumas pessoas Comentado [PM10]: Medicamento que exerce ação calmante sobre o sistema nervoso, tranquilizante, psicoléptico. Comentado [PM11]: Alteração temporária e reversível do funcionamento cerebral, que não tenha sido causada por febre, drogas ou distúrbios metabólicos. Durante alguns segundos ou minutos, uma parte do cérebro emite sinais incorretos, que podem ficar restritos a esse local ou espalhar-se. Quando restritos, a crise será chamada crise epiléptica parcial; quando envolverem os dois hemisférios cerebrais, será uma crise epiléptica generalizada. O paciente pode ter distorções de percepção, movimentos descontrolados de uma parte do corpo, medo repentino, desconforto no estômago, ver ou ouvir de maneira diferente e até perder a consciência - neste caso é chamada de crise complexa. Depois do episódio, enquanto se recupera, a pessoa pode sentir-se confusa e ter déficits de memória. Existem outros tipos de crises epilépticas. Comentado [PM12]: Tálamo: Corpos pareados (contendo principalmente substância cinzenta), que formam uma parte da parede lateral do terceiro ventrículo do cérebro. O tálamo é a maior porção do diencéfalo, sendo geralmente dividido em agregados celulares (conhecidos como grupos nucleares). Comentado [PM13]: Neurônios: Unidades celulares básicas do tecido nervoso. Cada neurônio é formado por corpo, axônio e dendritos. Sua função é receber, conduzir e transmitir impulsos no SISTEMA NERVOSO. Sinônimos: Células Nervosas Comentado [PM14]: Reticulares: Dar formato de rede a alguma coisa ou guarnecer de retículo ou retícula. 30 SAMU – 192 podem ter crises de ausência durante anos antes que elas sejam detectadas. Durante uma crise de ausência simples a pessoa apenas olha para o espaço por alguns poucos segundos e tavez nem note o acontecido. Nas crises mais complexas, a criança perde a consciência, fica parada, sem cair ao chão, para de falar, fica com o olhar vago, desviado para cima, não responde nem reage a estímulos e pode deixar cair os objetos que esteja segurando. As crises podem ser frequentes e breves, durando apenas alguns segundos, e podem ser muitas por dia. Nas crianças de idade mais avançada, elas podem durar vários segundos e até minutos e podem ocorrer apenas algumas poucas vezes ao dia. Depois da crise, a criança se recupera e continua fazendo o que estava fazendo e não guarda lembrança do acontecido. Outros automatismos motores podem se fazer presentes, como piscar ou revirar os olhos, apertar os lábios, mastigar ou fazer pequenos movimentos com a cabeça ou com as mãos. Após a crise, não há a confusão mental e por vezes o paciente nem percebe que a teve. Como o médico diagnostica as crises de ausência? Clinicamente, as crises de ausência podem ser difíceis de identificar e podem ser confundidas com falta de atenção, por exemplo. Um diagnóstico de certeza pode ser feito através de um eletroencefalograma, durante o qual o médico pode pedir ao paciente que respire muito rapidamente, na tentativa de produzir uma crise de ausência durante o exame, o que o tornaria ainda mais definitivo. Como o médico trata as crises de ausência? As crises de ausência são controladas com medicamentos antiepilépticos específicos. Como evoluem as crises de ausência? Uma pessoa pode ter crises esparsas, apenas “de vez em quando” ou tê-las com muita frequência. Geralmente as crises Comentado [PM15]: Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas. Comentado [PM16]: Eletroencefalograma: Registro da atividade elétrica cerebral mediante a utilização de eletrodos cutâneos que recebem e amplificam os potenciais gerados em cada região encefálica. 31 SAMU – 192 desaparecem antes dos 18 anos, mas podem persistir na vida adulta e serem associadas a outras manifestações epilépticas. A taxa de remissão das crises de ausência na infância, quando medicadas adequadamente, é de mais de 80%. Assistam os vídeos abaixo: CONVULSÃO e EPILEPSIA: Primeiros Socorros https://www.youtube.com/watch?v=XckjjUZMhjA O que fazer em casos de convulsão | Drauzio Comenta https://www.youtube.com/watch?v=AMTPs_-NXyg Crise convulsiva | Primeiros socorros https://www.youtube.com/watch?v=bL9PROpCv9s 32 https://www.youtube.com/watch?v=XckjjUZMhjA https://www.youtube.com/watch?v=AMTPs_-NXyg https://www.youtube.com/watch?v=bL9PROpCv9s SAMU – 192 Acidentes com animais peçonhentos e venenosos Introdução Em sua diversidade geográfica, o Brasil é um país rico em flora e fauna. São florestas, rios, montanhas, semi-áridos e litoral, habitados por inúmeras espécies de animais, que variam de acordo com a localização geográfica ou que ocorrem indiscriminadamente em quase todas as regiões do território nacional. Muitas espécies de animais, que povoam a flora brasileira, são dotadas de mecanismos de defesa que têm peçonhas ou venenos. São animais peçonhentos. Entre estes se destacam, pela frequência de acidentes que causam entre a população, os insetos, escorpiões, aranhas e cobras. O veneno destes animais pode causar dolorosas intoxicações e, muitas vezes, se não houver socorro imediato, morte. Portanto animais peçonhentos são aqueles, vertebrados ou invertebrados, que possuem glândulas de veneno que se comunicam com dentes ocos, ou ferrões, ou aguilhões, por onde o veneno é injetado com facilidade. Já os animais venenosos são aqueles, vertebrados ou invertebrados, que produzem veneno, mas não possuem um aparelho inoculador (dentes ou ferrões), provocando envenenamento passivo que são os ocasionados por ingestão, onde há numerosas espécies de moluscos marinhos que já provocaram mortes por serem ingeridos (peixe baiacu); ou por contato (lonomia ou pararama), ou ainda por compressão (sapo). Picadas de insetos e animais peçonhentos Animais peçonhentos são aqueles que possuem glândulas de veneno e que o injetam com facilidade por meio de dentes ocos, ferrões ou aguilhões. Ex.: serpentes, aranhas, escorpiões, lacraias, abelhas, vespas, marimbondos e arraias. Já os animais venenosos são aqueles que produzem veneno, mas não possuem um aparelho inoculador (dentes, ferrões), provocando envenenamento passivo por contato (lonomia ou taturana), por compressão (sapo) ou por ingestão (peixe baiacu). 33 SAMU – 192 Os acidentes com animais venenosos e peçonhentos têm grande importância médica devido a sua gravidade e frequência. Podem ser: picadas por escorpiões, aranhas, lacraias, cobras, abelhas. Picadas por escorpiões: Frequentemente, a picada de escorpião é seguida de dor (moderada ou intensa) ou formigamento no local da picada; podem ser tratados com analgésicos, sendo fundamental observar o surgimento de outros sintomas por, no mínimo, 6 a 12 horas, principalmente em crianças menores de 7 anos e em idosos. Sintomas de gravidade: náuseas ou vômito; suor excessivo; agitação; tremores; salivação; aumento dos batimentos cardíacos e da pressão arterial. Nestes casos, procurar atendimento hospitalar o mais rápido possível, mantendo o paciente em repouso, para avaliação da necessidade de aplicação de soro anti-escorpiônico. Se possível, o animal que provocou a picada deve ser levado ao serviçode saúde para identificação. 34 SAMU – 192 Picadas por aranhas: As principais aranhas causadoras de acidentes no Brasil são a “armadeira”, a marrom, a tarântula e a caranguejeira. A armadeira quando surpreendida coloca-se em posição de ataque, apoiando-se nas pernas traseiras, ergue as dianteiras e procura picar. A picada causa dor imediata, inchaço local, formigamento e suor no local da picada. Deve-se combater a dor com analgésicos e observar rigorosamente novos sintomas, como vômitos, aumento da pressão arterial, dificuldade respiratória, tremores, espasmos musculares, caracterizando acidente grave. Assim, há necessidade de internação hospitalar e aplicação de soro específico. A picada da aranha marrom provoca menos acidentes, por ser pouco agressiva. Na hora da picada a dor é fraca e despercebida, após 12 a 24 horas podem surgir dor local com inchaço, náuseas, mal estar geral, manchas, bolhas e até morte das células (necrose) no local picado. Nos casos graves, a urina fica de cor marrom escura. Deve-se procurar atendimento médico para avaliação. A picada da tarântula (aranha que vive em gramados ou jardins) pode provocar pequena dor local e necrose. Utilizam-se analgésicos para alívio da dor e não há tratamento com soro específico, assim como para as picadas de caranguejeiras. Algumas medidas de prevenção: usar calçados e luvas nas atividades rurais e de jardinagem; examinar e sacudir calçados e roupas pessoais, de cama e banho, antes de usá-las; afastar camas das paredes e evitar pendurar roupas fora de armários; não acumular lixo orgânico, entulhos e materiais de construção; limpar regularmente atrás de móveis, cortinas, quadros, cantos de parede; vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos, forros, meia- canas e rodapés; utilizar telas e vedantes em portas, janelas e ralos. Colocar sacos de areia nas portas para evitar a entrada de animais peçonhentos; 35 SAMU – 192 manter limpos os locais próximos das residências, jardins, quintais, paióis e celeiros. Evitar plantas tipo trepadeiras e bananeiras junto às casas e manter a grama sempre cortada; combater a proliferação de insetos, principalmente baratas e cupins, pois são alimentos para aranhas e escorpiões; preservar os predadores naturais de aranhas e escorpiões como seriemas, corujas, sapos, lagartixas e galinhas; limpar terrenos baldios pelo menos na faixa de um a dois metros junto ao muro ou cercas; não colocar mãos ou pés em buracos, cupinzeiros, montes de pedra ou lenha, troncos podres, etc. Picadas por Lacraias: As "lacraias", também conhecidas como "centopéias", são animais caçadores noturnos muito rápidos e têm o corpo adaptado para penetrar em frestas, onde se escondem durante o dia. Podem medir até 23 cm e se alimentam de insetos, lagartixas, camundongos e até filhotes de pássaros. Têm o corpo formado por 21 segmentos, cada um com um par de patas pontiagudas. Em sua cabeça situam-se duas antenas e olhos. Embaixo dela ficam os ferrões venenosos que funcionam como pinças. O último par de patas não serve para a locomoção, e sim como órgão sensorial e de captura de alimentos. Quando esse órgão pressente ou toca em uma presa, a segura com força e todo o corpo da lacraia se dobra para trás. Aí, então, ela injeta o veneno que paralisará ou matará a presa, que depois será ingerida aos pedaços. O veneno das lacraias é muito pouco tóxico para o homem. Embora existam muitas lendas a respeito desse animal, não há, no 36 SAMU – 192 Brasil, relatos comprovados de morte nem de envenenamentos graves em acidentes com lacraias. Os sintomas são dor forte e inchaço no local da picada. Em acidentes com lacraias grandes também podem ocorrer febre, calafrios, tremores e suores, além de uma pequena ferida. As lacrais gostam muito de umidade. Como perambulam muito, é comum penetrarem nas casas, onde causam muitos acidentes, que podem ser evitados tomando-se as seguintes precauções: limpar os ralos semanalmente com creolina e água quente, e mantê-los fechados quando não em uso; limpar e manter fechadas as caixas de gordura e os esgotos; os jardins devem ser limpos, a grama aparada e as plantas ornamentais e trepadeiras devem ser afastadas das casas e podadas para que os galhos não toquem o chão; porões, garagens e quintais não devem servir de depósito para objetos fora de uso que possam servir de esconderijo para as lacraias; os muros e calçamentos devem ser cuidados para que não apresentem frestas onde a umidade se acumule e os animais possam se esconder. Tomando-se esses cuidados, a ocorrência de lacraias diminui muito. Mas, em caso de acidente, evite beber álcool, querosene, cachaça, etc., pois isso só lhe causaria intoxicação. Mantenha o local da picada o mais limpo possível. Embora o veneno das lacraias não seja muito perigoso para o ser humano, é bom procurar orientação médica. Tratamento Não existe antídoto; deve-se aplicar compressas quentes no local. Pode-se fazer uso de analgésicos e anestésicos sem adrenalina no local. Como evitar acidentes por escorpiões, aranhas e lacraias: Manter jardins e quintais limpos. Evitar o acúmulo de entulhos, lixo doméstico, material de construção nas proximidades das casas, inclusive terrenos baldios; Evitar folhagens densas (trepadeiras, bananeiras e outras) junto às casas; Manter a grama aparada; 37 SAMU – 192 Em zonas rurais, casas de campo, sacudir roupas e sapatos antes de usar; Não pôr a mão em buracos, sob pedras, sob troncos "podres"; Usar calçados e luvas ao mexer em locais que podem abrigar escorpiões e aranhas; Vedar frestas e soleiras das portas e janelas ao escurecer. INSETOS Os insetos catalogados no Brasil alcançam quase meio milhão de espécies. Várias classes de insetos podem produzir picadas ou mordidas dolorosas. Na maior parte dos acidentados com esses animais, as manifestações não são graves. Geralmente a vítima reclama de dor no local da picada, que é seguida de uma pequena inchação. Os principais animais que produzem estas manifestações são abelhas, vespas, mosquitos, escorpiões, lagartas e aranhas. Abelhas e Vespas Conhecer um pouco a respeito destes insetos auxilia na observância de determinados cuidados afim de evitar ou de reduzir o risco de ser picado. A abelha africana (ou africanizada) é muito parecida com a abelha européia, usada como polinizadora na agricultura e para produção de mel. Os dois tipos têm a mesma aparência e seu comportamento é similar, em muitos aspectos. Nenhuma das duas tende a picar quando retiram nectar e polen das flores, mas ambas o farão para defender-se, se são provocadas. Um enxame em vôo, ou descansando momentaneamente, raramente 38 SAMU – 192 molesta pessoas, mas porém, qualquer tipo de abelha se torna defensiva quando se estabelece para formar uma colméia e começa a se reproduzir. Características das Abelhas Européias e Africanas: São praticamente iguais no aspecto; Protegem a colméia e picam para defender-se; Podem picar apenas uma vez (cada uma); Têm o mesmo tipo de veneno; Polinizam flores; Produzem mel e cera. Características das Abelhas Africanas: Respondem rapidamente e atacam em enxames; Se sentem ameaçadas por pessoas e animais a menos de 15 metros da colméia; Sentem vibrações no araté a distância de cerca de 30 m da colméia; Perseguem os intrusos por cerca de 400 m ou mais; Estabelecem colméias em cavidades pequenas e em áreas protegidas, tais como: caixas, latas e baldes vazios, carros abandonados, madeira empilhada, moirões de cercas, galhos e tocos de árvores, garagens, muros, telhados, etc. As picadas produzidas por abelhas e vespas estão entre os tipos mais encontrados de picaduras de insetos. O ferrão da abelha, vespa ou formiga se projeta da porção posterior do abdômen do inseto para injetar veneno na pele da vítima. Mesmo sem medidas específicas de primeiros socorros, deve- se ficar atento para algumas das consequências resultantes de picadas por insetos. Os acidentes por picadas de abelhas e vespas apresentam sintomas distintos. O perigo da picada da abelha, por exemplo, está mais na quantidade de picadas recebidas do que no veneno em si e está muito relacionada à sensibilidade do indivíduo ao veneno. Calcula-se que uma pessoa que receba de 300 a 500 picadas pode até mesmo morrer, devido às diferentes reações que a quantidade de veneno pode provocar. O acidente mais frequente é aquele no qual um indivíduo não sensibilizado ao veneno é acometido por poucas picadas. 39 SAMU – 192 Outra forma de apresentação clínica é aquela na qual a vítima previamente sensibilizada a um ou mais componentes do veneno manifesta reação de hipersensibilidade imediata. É ocorrência grave, podendo ser desencadeada por apenas uma picada e exige o atendimento especializado imediato, pois se manifesta por edema de glote, bronco-espasmo acompanhado de choque anafilático. A terceira forma de apresentação deste tipo de acidente é a de múltiplas picadas. Na maioria das vezes este tipo de acidente ocorre na execução de trabalho de campo, quando a vítima é atacada por um enxame. Nesse caso ocorre inoculação de grande quantidade de veneno, devido às múltiplas picadas, em geral centenas ou milhares. Em decorrência, manifestam-se vários sinais e sintomas, devido à ação das diversas frações do veneno. Este tipo de acidente é raro. Algumas pessoas - a maioria - desenvolvem uma reação localizada à picada de abelha e de outros insetos, com sintomas de uma reação de hipersensibilidade. Geralmente a vítima apresenta: dor generalizada; prurido intenso; generalizado, pápulas brancas de consistência firme e elevada, fraqueza, cefaléia, apreensão e medo, com agitação podendo posteriormente evoluir para estado torporoso. Geralmente os sintomas são de curta duração, desaparecendo gradativamente sem medicação. Em algumas pessoas, porém, a reação ao veneno de um inseto pode assumir caráter sistêmico, tais como: insuficiência respiratória; edema de glote; broncospasmo; edema generalizado das vias; hemólise intensa, acompanhada de insuficiência renal; hipertensão arterial. Muito rapidamente estes sintomas podem evoluir para os sintomas clássicos de choque e, em seguida, morte. 40 SAMU – 192 Cobras e Serpentes Existem no Brasil 60 espécies de cobras venenosas, mas são as jararacas as responsáveis pelo maior número de ataques, cerca de 85% do total. As cascavéis e as surucucus causam pouco mais de 10% dos acidentes, já as corais, apesar da fama de perigosas, precisam ser muito provocadas ou pisoteadas para dar o bote, elas respondem por menos de 1% das ocorrências e são facilmente confundidas com as falsas corais, suas primas inofensivas. O veneno de todas essas serpentes podem matar uma pessoa em pouco tempo. A reação à picada vai depender de variáveis como a parte do corpo que foi atingida, quantidade de veneno injetada, peso da vítima e o tipo de cobra. Por isso, especialistas recomendam às vítimas que recebam o soro o mais rápido possível, de preferência nas primeiras três horas após o ataque. Produtos de origem biológica, os soros são utilizados para tratar intoxicações provocadas pelo veneno de animais peçonhentos ou por toxinas de agentes infecciosos, os mesmos já possuem os anticorpos necessários para combater uma determinada doença ou intoxicação, desta forma é considerado agente curativo. O principal órgão responsável por estudos referentes a animais peçonhentos e fabricação de soros para tais venenos é o Instituto Butantan, e alguns dos soros produzidos nos laboratórios do instituto são: Antibotrópico – para acidentes com jararaca, jararacuçu, urutu, caiçaca, cotiara. Anticrotálico – para acidentes com cascavel. Antilaquético – para acidentes com surucucu. Antielapídico – para acidentes com coral. Antibotrópico – laguético – para acidentes com jararaca, jararacuçu, urutu, caiçaca, cotiara ou surucucu. 41 SAMU – 192 CONHECENDO AS ESPECIES: Surucucu (Lachesis muta): A maior cobra venenosa da América do Sul, chegando a medir, quando adulta, 4,5 m. Encontrada na Floresta Amazônica e Mata Atlântica. Responsável por cerca de 3% dos acidentes. Outras denominações: pico-de-jaca, surucutinga, surucucu-de- fogo, surucucu pico-de-jaca. Cascavel (Crotalus durissus): Possui chocalho na ponta da cauda e chega a medir 1,6 m de comprimento. Preferem os campos abertos e regiões secas e pedregosas. Responsáveis por 8% dos acidentes ofídicos que ocorrem no País. Outras denominações: boicininga, maracabóia e maracambóia. Jararaca (Bothrops jararaca) e Jararaca Pintada (Bothrops neuwiedi): Sua cauda é lisa. Quando adulta, seu tamanho varia entre 40 cm a 2 m. Existem mais de 30 variedades que apresentam diferentes cores e desenhos. São encontradas em todo o País e responsáveis por 88% dos acidentes registrados. Outras denominações: caiçaca, jararacuçu, cotiara, cruzeira, urutu, jararaca-do- rabo-branco, surucucurana. 42 SAMU – 192 Corais (Micrurus corallinus e Micrurus frontalis): Encontradas em todo o País, têm hábitos noturnos e praticam o canibalismo. Durante o dia descansam. Responsáveis por apenas 1% dos acidentes registrados. A coral é considerada a mais perigosa do Brasil, seu veneno age no sistema nervoso e pode levar uma pessoa a morte em poucos minutos. Outras denominações: coral verdadeira e ibiboboca. EVITE ACIDENTES: Perneira: Muito pouco utilizada, a perneira contra picadas de cobras é altamente recomendada para quem realiza trilhas com alta incidência de animais peçonhentos. O equipamento também é conhecido como polaina ou caneleira. Geralmente é caracterizada por uma espuma protetora que cobre a parte inferior do calçado, o tornozelo e praticamente toda a canela e panturrilha até o joelho. De acordo com estudos estatísticos, 80% das picadas de cobras ocorrem abaixo do joelho, portanto, o uso desse equipamento ajuda a prevenir vários acidentes desagradáveis. Equilíbrio Ecológico: Preserve os predadores. Emas, seriemas, gaviões, gambás e a cobra Muçurana são os predadores naturais das cobras venenosas e garantem o equilíbrio do ecossistema. Conserve o meio ambiente, desmatamentos e queimadas devem ser evitados. Além de destruir a natureza, provocam mudanças de hábitos dos animais, que se refugiam em paióis, celeiros, áreas de camping ou mesmo dentro das casas. Também não se deve matar as cobras, elas contribuem para o equilíbrio ecológicos. 43 SAMU – 192 EM CASOS DE ACIDENTES, O QUE FAZER? Assegure-se que ao seu redor ou ao redor da vítima a cenaesteja segura; Caso tenha algum sangramento: trate-o; Limpe o ferimento; É necessário manter-se calmo e estável para reduzir os efeitos do veneno por hora; Faça a remoção de anéis, relógios, pulseiras ou qualquer objeto que possa interferir na circulação; Mantenha-se aquecido e hidratado; Procure ajuda: caso você seja a vítima, peça para seu companheiro buscar ajuda ou te auxiliar na caminhada, caso seja o contrário, faça o mesmo. O QUE NÃO FAZER? Não corte e nem tente sugar o local da picada; Não aplique torniquete; Não aplique gelo ou mergulhe a picada na água; NÃO MATE OU CAPTURE A COBRA (fazer isso coloca você e todos ao redor em risco) Fonte: Instituto Butantan. Assista o vídeo abaixo: Primeiros Socorros - Acidentes com animais peçonhentos e venenosos https://www.youtube.com/watch?v=yR6XAX6OuoM&list=WL&i ndex=1 44 http://www.butantan.gov.br/ https://www.youtube.com/watch?v=yR6XAX6OuoM&list=WL&index=1 https://www.youtube.com/watch?v=yR6XAX6OuoM&list=WL&index=1 Aluna: Isabelly Mariano – 1ºB Culminância SAMU - 192 TURMAS: 7ºE, 9ºC, 1ºB, 2ºB, 3ºA. Prof. Paty Miler | Eletiva de Primeiros Socorros | Julho 2021 45
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