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BIOENERGÉTICA A CULTURA DO ALTO DESEMPENHO E O MEDO DE VIVER

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DeVry | UNIFAVIP 
CENTRO UNIVERSITÁRIO DO VALE DO IPOJUCA 
COORDENAÇÃO DE PSICOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MARIA JOSÉ DE LIMA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A CULTURA DO ALTO DESEMPENHO E O MEDO DE VIVER: 
Dialogando com Wilhelm Reich e Alexander Lowen 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CARUARU/PE 
2017 
 
 
MARIA JOSÉ DE LIMA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A CULTURA DO ALTO DESEMPENHO E O MEDO DE VIVER: 
Dialogando com Wilhelm Reich e Alexander Lowen 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado 
ao Centro Universitário do Vale do Ipojuca – 
UNIFAVIP/DEVRY como requisito para 
obtenção do título de bacharel em Psicologia. 
 
Orientadora: Professora Ma. Eliana Maria 
Cunha de Castro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CARUARU/PE 
2017 
 
 
DEDICATÓRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico a realização deste trabalho à 
minha mãe, luz e norte em minha vida. 
 
E a todo aquele que no embate da vida 
diária, consegue se desvencilhar dos grilhões 
do medo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Agradeço a Deus pela força para 
remover as pedras do caminho. 
Agradeço à Eliana De Castro, minha 
orientadora, por ter me acolhido com carinho e 
respeito; por ter me incentivado e acreditado 
em mim. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“A vida sem medo liberta as nossas melhores 
faculdades: o olhar limpo, a alegria inocente, o 
assombro espontâneo. O grau em que conseguirmos nos 
libertar dos nossos medos será a medida da nossa 
entrega generosa e confiante à vida”. 
(Carlos González Vallés) 
 
 
“Podemos escolher recuar em direção à segurança ou 
avançar em direção ao crescimento. A opção pelo 
crescimento tem que ser feita repetidas vezes. E o medo 
tem que ser superado a cada momento”. 
(Abraham Maslow) 
 
 
“O medo do fracasso é, em nossa sociedade, um medo 
poderoso, inculcado na infância e muitas vezes 
carregado pela vida inteira”. 
(Wayne Walter Dyer) 
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A CULTURA DO ALTO DESEMPENHO E O MEDO DE VIVER: 
DIALOGANDO COM WILHELM REICH E ALEXANDER LOWEN 
 
 
Maria José de Lima1 
Eliana Maria Cunha de Castro2 
 
 
Resumo 
 
As pessoas estão atravessadas pelo medo: medo de amar, medo de morrer, medo de ser 
infeliz. E os pensamentos e sentimentos associados ao medo provocam uma reação física que, 
se ocorre de modo contínuo, leva ao encouraçamento do medo tornando este a emoção 
predominante sob a égide da qual o indivíduo irá se relacionar com o mundo. Esta pesquisa 
será realizada através de estudos bibliográficos, com ênfase na abordagem qualitativa e 
pretende, a partir das ideias de Wilhelm Reich e de Alexander Lowen, apresentar uma 
discussão sobre as exigências do sucesso e da felicidade demandadas pelo discurso social 
dominante que coloca o indivíduo numa condição tensa de viver orientado para o alto 
desempenho e a vivência do medo entendido como neurose, uma fixação emocional que 
bloqueia a vida e a energia. Serão apresentadas, também, as práticas clínicas interventivas, 
verbais e corporais propostas pela Análise Bioenergética. 
 
Palavras-Chave: Medo. Neurose. Análise bioenergética. 
 
 
 
HIGH PERFORMANCE CULTURE AND THE FEAR OF LIVE: 
DIALOGING WITH WILHELM REICH AND ALEXANDER LOWEN 
 
 
Abstract 
 
Persons are filled with fear: fear of love, fear to die, fear to be unhappy. Thoughts and 
feelings associated with fear that induce physical reaction, if those reactions become 
continuous it could make the fear the predominant feeling. As a predominant feeling, the fear 
will be used to face the world. This research was done through bibliographic studies about 
qualitative approach and based on Wilhelm Reich and Alexander Lowen ideas. This research 
presents important points about how demanding are social success and happiness and how 
they make the person anxious to the obligation of living in a high performance demand. At 
the same time it was discussed how the person can live with fear understood as neurosis, 
emotional obsession that can block his life and energy. That being said, it was presented 
interventional practices, verbal and corporal Bioenergetics practices. 
 
Keywords: Fear. Neurosis. Bioenergetics practices. 
 
1 Aluna graduanda do curso de Psicologia da Devry-Unifavip. Avenida Adjar da Silva Casé, nº 800. 
Indianópolis. Caruaru-PE ayram.lima@gmail.com 
2 Professora Mestre em Psicologia da Devry-Unifavip. Avenida Adjar da Silva Casé, nº 800. Indianópolis. 
Caruaru-PE eliana.castro@unifavip.edu.br 
 
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1 INTRODUÇÃO 
 
 
Sob a perspectiva da Análise Bioenergética, este trabalho pretende problematizar a 
possibilidade de se viver a satisfação de ser uma pessoa plena. Ser quem se é mesmo estando 
inserido em uma sociedade que convoca à cultura do alto desempenho e com isso alimenta 
nossas incertezas e o medo do fracasso. 
A compreensão dessas questões tornou-se um desafio a partir da disciplina optativa de 
“Psicologia Corporal – Análise Bioenergética”, cursada no oitavo período do curso de 
Psicologia, ministrada pela Prof.ª Eliana de Castro, na qual, sob a luz dos ensinamentos de 
Reich e Lowen, vimos como podemos trabalhar o corpo para que ele possa viver plenamente 
suas emoções. Ter participado da disciplina intensificou o interesse pelas abordagens 
corporais por acreditar no ser humano na sua integralidade. 
A Análise Bioenergética oferece, através do uso de exercícios e técnicas, um 
instrumento adicional ao trabalho analítico, por liberar padrões de tensão enrijecidos no corpo 
e alterar a forma como o indivíduo se relaciona consigo mesmo e com o mundo. Parte-se do 
entendimento que o caráter é resultante da interação entre corpo e mente e a sua constituição 
tem a função de reagir a um agente estressante para restabelecer o equilíbrio no organismo, 
cuja relação pode ser vista na forma como os tipos de caráter lidam com o adoecimento. 
Os conceitos de Wilhelm Reich e Alexander Lowen, na estruturação de suas Teorias, 
permitem-nos discutir sobre o modo como o indivíduo conduz sua vida numa perspectiva que 
aborda o corpo e a mente de forma integrada. Reich, em toda sua obra, expressou uma 
constante preocupação em ultrapassar o discurso psicológico para perceber no próprio corpo 
os fundamentos do caráter e as bases da neurose. A Teoria de Alexander Lowen é sustentada 
pela Teoria de Wilhelm Reich e parte do referencial teórico da Psicanálise de Sigmund Freud. 
Indo além, Lowen utiliza alguns conceitos desses autores para desenvolver a sua própria 
teoria: a Análise Bioenergética. 
Na leitura de Navarro (1995), pós-reichiano, entendemos nosso corpo como um 
registro da nossa história individual e social. Nele estão inscritos os constrangimentos, as 
sujeições e as repressões, bem como, os costumes, os usos, os rituais que nos foram 
transmitidos, legados, impostos por nossa família, nossa cultura, nosso meio ambiente. 
Os mecanismos de análise, no campo da saúde, que investigam os limites entre o 
corpo e a mente,o somático e o psíquico, evidenciam a complexidade do ser humano. As 
abordagens psicológicas que nos são apresentadas na academia pouco discutem a importância 
 
7 
 
do corpo na compreensão do indivíduo na sua totalidade. No entanto, acreditamos na 
integração entre corpo e mente e no enraizamento dos processos psíquicos no corpo. 
A posição aqui defendida é a de que mais do que o biologismo, os processos 
psicológicos terminam por ser causa de muitos males físicos no mundo contemporâneo. É 
preciso aproximar-se dos estudos em Psicossomática e das abordagens corporais na 
Psicologia para a compreensão do humano como ser integral que não pode ser dicotomizado. 
Tem-se, portanto, como objetivo geral discutir o medo de viver na cultura do alto 
desempenho a partir da perspectiva da neurose na análise bioenergética. Os objetivos 
específicos correspondem aos tópicos da pesquisa, conforme segue. 
No primeiro tópico busca-se compreender a conceituação da neurose a partir do medo 
da vida, conforme Lowen (1986) define: o medo do indivíduo de experimentar genuinamente 
as emoções e viver espontaneamente. No segundo tópico problematiza-se a construção da 
sensação do medo decorrente da condição tensa de viver do sujeito contemporâneo, orientado 
enfaticamente ao fazer. E no tópico referente a resultados e discussão apresenta-se a 
contribuição terapêutica das intervenções verbais e corporais da Análise Bioenergética para a 
superação da condição atual de existir, passando a viver sem medo da vida. 
A percepção dos meus próprios medos e a partir deles, a observação dos medos das 
outras pessoas, levou-me a querer pesquisar por que temos tantos medos (medo de amar, 
medo de errar, medo de sentir...) e as restrições de vida que esses medos nos impõem. Essa 
pesquisa nasce de inquietações sobre o lugar do corpo na formação do profissional em 
psicologia e da compreensão sobre a relação entre as dimensões psicológicas e orgânicas do 
ser humano. 
 
 
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
 
 
2.1 O medo: a neurose nossa de cada dia 
 
 
As pessoas, na sociedade contemporânea, buscam, cada vez mais, ampliar as 
possibilidades de experiência na busca de um sentido para a vida, em práticas que fogem às 
limitações impostas pelo trabalho clínico tradicional. O ser humano se expressa através do seu 
movimento e da sua linguagem, o que nos inspira a uma forma de atuar junto ao cliente pela 
análise da fala, do corpo e da energia. 
 
8 
 
A energia é um aspecto negligenciado pela psicanálise clássica, que se interessa pelo 
corpo imaginário, pelo corpo simbólico, pelo corpo libidinal, mas deixa de lado o corpo 
energético. Navarro (1995) afirma que Freud foi o primeiro a falar de uma energia capaz de 
aumento e diminuição de intensidade, de deslocamento e de descarga, que ele chamou de 
libido. Ele introduziu, também, o ponto de vista econômico, segundo o qual os processos 
psíquicos circulam e se dividem conforme uma energia quantificável. Todavia, ele visava 
mais a relação de forças psíquicas do que o processo biológico. 
Cabe, aqui, salientar que o princípio básico do pensamento reichiano foi sempre o da 
energia; energia vital, a energia cósmica primordial, onipresente no universo, assim como sua 
íntima associação com a noção de orgasmo. Procurou definir o que seria essa energia psíquica 
ou psicossexual, dedicando-se a introduzir nesse campo vago da noção de energia, precisões e 
especificidades. Para ele a energia funcionou como uma hipótese de pesquisa. Queria 
descrever e manipular, na prática, aspectos tangíveis da energia – possibilidade de descrição e 
observação científica, usos práticos – para esse fim ele trabalhou com a energia do corpo 
humano, principalmente a energia orgástica (NAVARRO, 1995). 
É importante compreender que Reich definia o orgasmo como sendo diferente de 
ejaculação ou clímax. Para ele o orgasmo representava: 
 
[...] uma reação involuntária do corpo como um todo, manifestada em 
movimentos rítmicos e convulsivos. O mesmo tipo de movimento 
pode também ocorrer quando a respiração é inteiramente livre e o 
indivíduo se entrega a seu corpo. Nesse caso, não existe clímax ou 
descarga de excitação sexual desde que não houve o acúmulo desse 
tipo de excitação. (LOWEN, 1982, p. 20-21) 
 
 
Para permitir a livre circulação da energia orgástica, a Análise Bioenergética criada 
por Alexander Lowen a partir dos estudos de Reich e da ideia de caráter da psicanálise voltou-
se, inicialmente, ao tratamento de sintomas neuróticos advindos da ansiedade e depressão. 
Mas, seus benefícios foram sendo ampliados e mesmo sem queixas clínicas qualquer pessoa 
pode, através dos exercícios que a abordagem propõe, desenvolver maior vitalidade e 
expansão da alegria de viver. O objetivo maior da Análise Bioenergética é ajudar as pessoas a 
se conscientizarem de seus corpos e, através de movimentos voluntários, libertar sentimentos 
inconscientes gravados na memória corporal (LOWEN, 1982). 
 A busca pelo alto desempenho afasta o indivíduo do contato genuíno com suas 
emoções, impedindo-o de saber-se imperfeito, de poder errar, falhar e ainda assim ser feliz. 
 
9 
 
Exacerba-se o conflito entre ser espontâneo e apresentar um constante resultado produtivo. 
Viver uma vida plena implica no contato sincero com o self, na compreensão da condição 
atual de vida e no conhecimento de quem se é. Lowen (1986) afirma que viver uma vida plena 
é ser capaz de sentir intensamente, respirar profundamente e mover-se livremente. 
 Segundo Santos (2003), na antiguidade o medo era configurado como exterior ao 
homem (medo dos deuses e das forças da natureza). Provinha de fontes externas e lhe era 
imposto. Com o processo civilizatório e sob a influência da igreja católica, que introduziu o 
medo do pecado e do demônio, o medo passou a ser interiorizado adquirindo o aspecto de 
emoção e se modificando de acordo com a época e o contexto social. 
No contexto da sociedade contemporânea, é exigido do sujeito nada menos do que a 
perfeição em todos os pilares da sua vida. Segundo Lowen (1986), o homem contemporâneo é 
neurotizado desde a infância, como forma de inserção nos padrões sociais, cujo compromisso 
com o poder e o sucesso se sobrepõe ao compromisso com a própria felicidade. Isso exige 
dele um desempenho que traz como consequência a paralização dos seus impulsos 
espontâneos em busca do prazer. A possibilidade de fracassar em qualquer segmento gera 
nele um medo que Lowen (1986), nomeou de neurose e o define como medo da vida. 
A vida adulta traz em seu bojo preocupações, responsabilidades e culpas que 
bloqueiam a excitação de tal modo que a alegria raramente é vivenciada. Ou seja, a 
capacidade de ter alegria genuína foi perdida juntamente com a inocência quando deixamos a 
infância (LOWEN, 1997). 
Lowen (1993) descreveu o segredo da alegria como sendo a capacidade de ficar tão 
excitado a ponto de ser dominado por ela. Mas, para sentir alegria, a pessoa deve estar livre de 
ansiedades sobre ceder ao sentimento e expressá-lo. Isso significa que a pessoa precisa ser tão 
despreocupada e inocente quanto uma criança. Conhecemos momentos de alegria quando 
nossos egos adotam uma posição discreta e a criança que existe em nós fica livre para rir e 
amar. 
O medo da vida é uma definição de Lowen (1986), significando o medo do indivíduo 
de sair de suas defesas e experimentar genuinamente as emoções; permitir-se errar, tentar de 
novo, desistir, sentir prazer. É esse medo que tentaremos compreender nesse trabalho. Não é 
sobre o medo como reação biológica comum a todos os animais que falaremos, é sobre o 
medo especificamente humano que trava nossas escolhas na hora de nos expor à vivênciadas 
emoções. Esse é o medo que alerta contra rejeições, mágoas, decepções humilhações e tantas 
outras feridas no ego que se tornam possíveis quando nos lançamos a viver nossas emoções. 
 
10 
 
Isso nos faz lembrar Roger Dadoun, no prefácio do livro “A Somatopsicodinâmica” 
(NAVARRO, 1995, p.15), quando diz: 
 
Trata-se, [...], de lutar contra o medo primordial, que congela as 
emoções, perverte as relações, alimenta as servidões e obstaculiza a 
energia vital. Medo de viver, com suas múltiplas facetas, mas idêntica 
ação letal, contra o qual as práticas de inspiração reichiana tentam se 
opor. 
 
No pensamento de Lowen (1979, p.30), as pessoas vivem divididas “entre a imagem 
do ego e a realidade do corpo, entre os aspectos exteriores de façanhas e sucesso e o 
sentimento interior de derrota e frustração”. Dessa forma usam o corpo indiscriminadamente, 
explorando-o e utilizando todas as suas energias em prol do sucesso no mundo externo. 
Vivemos premidos pela realização de um potencial e deixamos de lado nossa autenticidade, 
então, eliminamos, rejeitamos, negamos muitas características e fontes de genuinidade e 
adicionamos, fingimos, interpretamos e criamos papéis que não podemos sustentar resultando 
daí a fragmentação, o conflito, o desespero. 
Para Bauman (2008, p.173), “o medo se enraíza em nossos motivos e propósitos, se 
estabelece em nossas ações e satura nossa rotina diária”. A nossa tarefa, portanto, será a de 
não permitir que ele nos inviabilize. 
O sentimento de segurança e bem-estar da pessoa comum é ameaçado por forças 
impessoais que não podem ser facilmente identificadas: forças econômicas, como inflação e 
desemprego; forças políticas, como guerras e corrupção; forças sociais, como violência e 
burocracia. Contra essas forças o indivíduo sente-se impotente, e parece necessitar de uma 
sensação de poder para superar a frustação da impotência (LOWEN, 1993). 
As situações rotineiras parecem estar cada vez mais revestidas da emoção do medo, 
levando as pessoas a viver na necessidade de proteção contra perigos que, nem sempre são 
reais. O sentir-se ameaçado sem uma causa concreta encobre-se nos pensamentos e provoca 
ansiedades que não se sabem explicar. 
Assim como a alegria, a raiva, a tristeza e o amor, o medo é uma emoção natural que 
permite a sobrevivência através do enfrentamento diante de situações entendidas como 
ameaçadoras. Sendo uma emoção natural, como pode o medo constituir-se em um problema 
na vida diária? A questão aqui se volta para a experiência subjetiva permanente do medo que 
se apresenta na sociedade atual, um medo não nascido de uma experiência concreta de 
enfrentamento a uma ameaça, mas construído na modelagem das relações atuais. 
 
11 
 
Para Lowen (1986) a neurose se estabelece a partir de um conflito entre uma 
necessidade primária e o valor social. Ou seja, quando o indivíduo passa a bloquear seus 
instintos para responder às expectativas que os outros têm sobre ele e não faz o que realmente 
gostaria de fazer e ser. Os instintos são as forças condutoras da vida e a neurose é o resultado 
da repressão desses instintos. As barreiras que o indivíduo constrói no seu processo de 
desenvolvimento para proteger-se terminam por criar a condição que os mesmos tentam 
evitar: 
[..] Por exemplo, a pessoa que, movida pelo medo da rejeição, 
defende-se não se abrindo nem indo ao encontro das outras, isola-se e 
assegura, por meio dessa manobra, um permanente sentimento de 
rejeição. Ninguém que esteja constrangido a uma posição defensiva 
está livre. (LOWEN, 1986, p. 49) 
 
 
As defesas mantêm o indivíduo no padrão comportamental, reforçando uma crença 
interior. Desse modo, ele se mantém na ingestão de alimentos gordurosos, nos maus 
relacionamentos, na raiva, reforçando o conflito interior e atribuindo a culpa a si mesmo: “eu 
não consigo”; “vai ser sempre assim”. Manter-se num determinado padrão de comportamento 
que é, ao mesmo tempo, angustiante e prazeroso, pode-se, por exemplo, sentir culpa por ter 
fugido da dieta, mas sentir-se satisfeito porque quebrou as regras estabelecidas. 
“Cada bloqueio tem um significado emocional preciso e provoca um estigma 
individual, um traço caracterial na personalidade do sujeito” (NAVARRO, 1995, p.27). 
Lowen (1997) afirmou que uma pessoa é um ser unitário e que o que acontece na mente 
também acontece no corpo. Para Reich (1998), emoções e pensamentos têm equivalentes 
físicos, desse modo uma emoção pode provocar contrações musculares localizadas e 
modificar a postura corporal e a respiração, criando a estrutura caracterológica da pessoa, o 
seu jeito de estar no mundo. A couraça neuromuscular do caráter seria a expressão física da 
neurose. 
Na visão de Lowen (1986), o desenvolvimento do ego é condição do desenvolvimento 
da cultura, dando-se um embate entre a tentativa racional de controle sobre si mesmo e sobre 
as leis fisiológicas às quais está submetido fisicamente. Dá-se aí a neurose, na tentativa de 
fuga a um destino trágico tal qual no mito de Édipo. 
 
A Neurose não é, costumeiramente, definida como medo da vida, 
mas é exatamente isso. A pessoa neurótica tem medo de abrir seu 
coração ao amor, teme estender a mão para pedir ou agredir; 
amedronta-a ser plenamente si mesma. Podemos explicar esses 
 
12 
 
temores psicologicamente. Quando abrimos o coração ao amor, 
ficamos vulneráveis ao risco da mágoa; quando estendemos os 
braços à frente, nos arriscamos à rejeição; quando agredimos, há a 
possibilidade de sermos destruídos. Existe, contudo, uma outra 
dimensão desse problema. Vida ou sensações de maior intensidade 
do que aquelas a que a pessoa está habituada é algo perigoso, pois 
ameaça inundar o ego, ultrapassar seus limites, liquidar sua 
identidade. É assustador sentir mais vitalidade, ter sensações mais 
intensas (LOWEN, 1986, p. 11). 
 
Uma parte do indivíduo neurótico tenta sobrepujar, em grande parte de modo 
inconsciente, a outra parte. O ego tenta dominar o corpo, a mente tenta controlar seus 
sentimentos, esvaziando a energia de vida. Trata-se, portanto, de um conflito contínuo entre o 
que a pessoa é o que ela acredita que deve ser. Entende-se assim, que a neurose seria uma 
perturbação, primeiramente, no relacionamento consigo mesmo e depois no relacionamento 
com os outros. 
 
 
2.2 Morre o sujeito, nasce o consumidor. 
 
O homem moderno vive num estado de baixo grau de vitalidade e embora isso não 
seja percebido como sofrimento profundo, ele se transformou num ser automatizado e 
ansioso. Não desfruta das oportunidades que o mundo lhe oferece. Não sabe o que quer e por 
isso não tem como encontrar. Vagueia sem objetivo, porque ainda não descobriu o potencial 
de vida e energia que nele repousa. 
Na leitura de Bauman (2008), a insegurança e a indeterminação são as marcas da vida 
atual. O indivíduo vê-se diante da ameaça do desemprego, das epidemias desconhecidas, do 
terrorismo, da exclusão, das mudanças sociais e mergulha cada vez mais em busca de 
segurança evitando espaços públicos e contatos com estranhos. O medo da morte torna-se 
uma experiência cotidiana sentida na fragilidade dos vínculos que se rompem com extrema 
facilidade. Isso nos remete a Lowen (1997, p.180), quando afirma que “nos tornamos uma 
nação de sobreviventes tão temerosos de doença e morte que somos incapazes de viver como 
um povo livre”. 
Mas, além do medo da morte, de acordo Bauman (2008), o indivíduo depara-se com 
os males produzidos por sua própria espécie. Ele não consegue mais distinguir de onde vem o 
mal e isso provoca uma crise de confiança fazendo-o distanciar-se da convivência com os 
outros. Os espaços públicos tornaram-se fontesde ameaça e perigo permanentes; e assim a 
confiança não se fortalece. Esse medo, para Bauman (2008, p.107) está distribuído de modo 
 
13 
 
desigual e inespecífico: “seja dirigida aos desastres de origem natural ou artificial, o resultado 
da guerra moderna aos medos humanos parece ser sua redistribuição social e não sua redução 
em volume”. Vive-se em busca de segurança, de muros altos e aparatos tecnológicos 
acessíveis aos economicamente favorecidos. 
E quanto mais se investe em segurança, mais se reforça a sensação de ameaça e de 
medo. Bauman (2008), afirma que há questões importantes a serem consideradas no ambiente 
de medo no qual vive o homem contemporâneo que o conduz a buscar sua segurança 
existencial no consumo, pois as regras que são válidas para o mercado, também o são para as 
pessoas: 
 
Primeira: o destino final de toda mercadoria colocada à venda é ser 
consumida por compradores. Segunda: os compradores desejarão 
obter mercadorias para consumo se, e apenas se, consumi-las for algo 
que prometa satisfazer seus desejos. Terceira: o preço que o potencial 
consumidor em busca de satisfação está preparado para pagar pelas 
mercadorias em oferta dependerá da credibilidade dessa promessa e 
da intensidade desses desejos (BAUMAN, 2007, p.18). 
 
 
Deste modo, o sujeito contemporâneo está destinado a pensar em si e agir como uma 
mercadoria que precisa manter-se vendável, adequando-se contínua e rapidamente às 
exigências ditadas pelo mercado, numa busca desenfreada por capacitação profissional e 
sobrevivendo em meio ao bombardeio de informações veiculadas pelas mídias sociais que o 
coloca diante das violências diárias e das catástrofes mundiais. 
Bauman (2008) salienta que o homem moderno é exortado, instado e constantemente 
pressionado a perseguir seus próprios interesses e satisfações e a só se preocupar com os 
interesses e satisfações dos outros na medida em que tangenciam os seus. Por isso, acreditam 
que os outros à sua volta são guiados por motivos igualmente egoístas, portanto, não podem 
esperar deles uma solidariedade que eles mesmos não são capazes de oferecer. De forma que 
a falta de confiança nas relações inter-humanas é uma das fontes mais fecundas, 
autorrenováveis e provavelmente inexauríveis de nossas ansiedades e de nossos medos. 
 
Numa sociedade assim, a percepção da camaradagem humana como 
fonte de insegurança existencial e como um território repleto de 
armadilhas e emboscadas tende a se tornar endêmica. Numa espécie 
de círculo vicioso, ela exacerba por sua vez, a fragilidade crônica dos 
vínculos humanos e aumenta os temores que essa fragilidade tende a 
gerar (BAUMAN, 2008, p.172). 
 
 
14 
 
Na concepção de Bauman (2008), o progresso, cuja imagem remetia a otimismo e 
promessa de felicidade, agora representa a ameaça de mudança implacável e inescapável, que 
ao invés de trazer paz e alívio, pressagiam o esforço contínuo, sem um momento de descanso, 
no qual um momento de desatenção resultará em uma derrota irreversível e uma exclusão 
irrevogável. Evoca noites sem sono, cheias de pesadelos de ser deixado para trás. Ou seja, a 
ideia de progresso que antes evocava grandes expectativas e doces sonhos, hoje engrossa a 
fila das muitas razões para sentir medo. 
“O ambiente de nossas vidas está envolto em neblina” (BAUMAN, 2008, p.19). Na 
neblina conseguimos ver alguma coisa, conseguimos caminhar devagar e cautelosamente, mas 
não temos clareza de nada. Não temos segurança para escolher um caminho. Milan Kundera 
(1990, apud BAUMAN, 2008, p.19) aponta que “na neblina a pessoa é livre, mas é a 
liberdade de uma pessoa na neblina”. Nesse contexto, Bauman (2008, p.178) arremata 
dizendo que “A liberdade sem segurança não é menos perturbadora e pavorosa do que a 
segurança sem liberdade”. 
Assim, o sujeito vai sendo moldado socialmente e, também, no âmbito familiar para 
assumir ares de super-herói: incansável, resistente, ágil, destemido, fisicamente em forma e, 
nenhum outro adjetivo que se contraponha a esses. O sujeito entra numa corrida para estar 
sempre à frente do outro, pois apenas nesta posição lhe é permitido desfrutar de status social. 
A necessidade imperiosa de investir em si mesmo e corresponder aos anseios do mercado 
afastam-no do outro. Não há tempo para frustrações e para investimentos em relações em 
longo prazo. É preciso bastar-se a si mesmo. O super-herói da época do consumo é aplaudido 
não pelos seus feitos, mas pela notoriedade que conquista. 
Entretanto, quanto mais se conquista, quanto mais se tem, mais se quer e, essa lógica 
consumista molda um sujeito fadado à insatisfação: “os sofrimentos humanos mais comuns 
nos dias de hoje tendem a se desenvolver a partir de um excesso de possibilidades, e não de 
uma profusão de proibições” (EHRENBERG apud BAUMAN, 2007, p. 121). 
O que é conquistado precisa ser protegido das ameaças e ameaças podem vir de 
qualquer lugar e de qualquer pessoa, passa-se a viver em alerta constante. É preciso manter a 
imagem conquistada e valorizada socialmente, apoiada na capacidade de consumo. 
 
 […] ninguém pode se tornar sujeito sem primeiro virar mercadoria, e 
ninguém pode manter segura sua subjetividade sem reanimar, 
ressuscitar e recarregar de maneira perpétua as capacidades esperadas 
e exigidas de uma mercadoria vendável. A “subjetividade” do 
“sujeito”, e a maior parte daquilo que essa subjetividade possibilita ao 
 
15 
 
sujeito atingir, concentra-se num esforço sem fim para ela própria se 
tornar, e permanecer, uma mercadoria vendável. A característica mais 
proeminente da sociedade de consumidores – ainda que 
cuidadosamente disfarçada e encoberta – é a transformação dos 
consumidores em mercadorias (BAUMAN, 2007, p. 20). 
 
 
O sujeito vai dando espaço ao consumidor; vai sendo criado e alimentado no seio 
familiar para atender a um senso de padrão social que Douglas (1970, p.21 apud BAUMAN, 
2008, p.183), chamou de aprisionar a criança num sistema de sentimentos e princípios 
abstratos e Lowen (1986), definiu como neurotizar a criança como forma de inseri-la nos 
padrões sociais. “Será destino do homem moderno, ser neurótico, ter medo da vida? Sim, é a minha 
resposta, se por homem moderno definirmos o membro de uma cultura cujos valores predominantes 
sejam o poder e o progresso”. (LOWEN, 1986, p.12). 
Santos (2003) aponta que num mundo sem grandes perspectivas, sem projetos 
históricos nem ambições coletivas, na ausência de valores mais significativos a força e o 
sentido da vida ficam na iminência da vida de cada um e na experimentação física da 
existência, no gozo das sensações. Entre essas sensações podemos citar o sexo, as drogas e, 
inclusive, o medo. A sensação do medo vem sendo buscada como produto consumível, 
causador de frisson. Essa busca se concretiza na prática de esportes radicais, que não se dá em 
nome da conquista ou reconhecimento, mas em nome da alegria, bem-estar, satisfação e 
felicidade. São os medos categorizados como produtos de consumo. Um tipo de medo que 
não se configura como fuga, ao contrário, está a serviço do prazer. 
 
3 METODOLOGIA 
 
 
Esta pesquisa realizou-se através de um estudo com ênfase na abordagem qualitativa, 
possibilitando analisar os assuntos discutidos. A pesquisa não teve a preocupação de 
apresentar dados estatísticos, ela está focada em uma busca de análise a partir de uma 
compreensão do que é pesquisado. (GIL, 2008) 
A pesquisa foi elaborada através de estudos bibliográficos, tendo como fonte livros e 
busca de dados de publicações científicas no Google Acadêmico, Google e Scielo. Durante os 
estudos foram analisados materiais disponíveis na internet no período de 1996 a 2017, sendoutilizadas as palavras-chaves: Analise Bioenergética; Neurose e Medo. 
Os principais autores pesquisados foram: REICH, Wilhelm e LOWEN, Alexander. 
Para discussão do tema seguimos o percurso bibliográfico indicado abaixo: 
 
16 
 
Quadro 1: Percurso teórico 
Tópico 2.1 O medo: a 
neurose nossa de 
cada dia. 
2.2 Morre o sujeito, nasce o 
consumidor. 
4. Resultados e 
Discussão: 
Objetivo Compreender a 
conceituação da 
neurose a partir do 
medo da vida 
Problematizar a construção 
da sensação do medo 
decorrente da condição tensa 
de viver do sujeito 
contemporâneo, orientado 
enfaticamente ao fazer. 
Apresentar a 
contribuição 
terapêutica das 
intervenções verbais e 
corporais da Análise 
Bioenergética 
Elementos 
Principais 
A neurose como 
medo de viver 
genuinamente as 
emoções 
O medo construído, 
modelado e reforçado pela 
cultura do alto desempenho 
no contexto social atual. 
A Psicoterapia 
Corporal como meio 
de promoção da saúde 
Autor 
Primário 
LOWEN, Alexander BAUMAN, Zygmunt REICH, Wilhelm 
Autores 
Secundários 
REICH, Wilhelm 
NAVARRO, 
Federico 
- LOWEN, Alexander. 
NAVARRO, Federico 
 
Conforme Gil (2008), tal modo de pesquisa configura-se, enquanto natureza dos 
dados, como qualitativa. Será uma pesquisa exploratória, não experimental, com o objetivo de 
aprofundar o tema para melhor compreensão do mesmo, de modo que se possam construir 
futuras hipóteses para outros estudos. 
 
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO: Pela palavra, pelo corpo - em busca de uma vida 
plena. 
 
 
 A psicoterapia corporal emergiu da obra de Wilhelm Reich depois de seu afastamento 
do movimento psicanalítico. Lowen (1983) explica que inicialmente Freud tentou 
compreender o neurótico pelo prisma das ciências físicas. Mas aos poucos ele compreendeu 
que um dia a psicanálise precisaria ter um embasamento biológico, isso foi realizado através 
do trabalho de Wilhelm Reich, que tomou as hipóteses iniciais de Freud como ponto de 
partida de suas próprias investigações. 
 
17 
 
Embora Freud tenha apontado a neurose de ansiedade como sendo o resultado de um 
distúrbio de uma função sexual e como a reação à obstrução da respiração, ele não seguiu esse 
caminho. Coube a Wilhelm Reich demonstrar a conexão direta entre respiração restrita, 
inibição sexual e ansiedade. Referindo-se a Reich, Navarro (1995, p.17) comenta: 
 
 Questionando, colocando em dúvida certas teorias do Mestre, [...] ele 
exprime sua preocupação constante em ultrapassar o discurso 
psicológico para perceber no próprio corpo os fundamentos do caráter 
e as bases da neurose. 
 
 Aos poucos Reich foi se afastando da psicanálise e trabalhando com a técnica da 
Análise do Caráter, com as emoções e sensações fisiológicas dos pacientes, prosseguindo até 
a expressão corporal, onde a palavra não existe, atingindo o estágio gestacional. Suas 
pesquisas passaram a seguir em direção à função bioelétrica do prazer e da angústia, levando 
em conta que no prazer o organismo se expande ao passo que, na angústia, se contrai. 
(VOLPI, 2008). 
Uma das maiores contribuições da Teoria de Reich aos estudos sobre a personalidade 
humana foi sua proposta de que existe uma correlação entre a forma corporal e as nossas 
emoções. A noção de caráter é central na obra de Reich (1998), incluindo a dimensão 
educacional e a clínica e as perspectivas psicológicas e sociopolíticas e, está presente nas três 
técnicas terapêuticas por ele desenvolvidas: Análise do Caráter, Vegetoterapia Caractero-
analítica e Orgonoterapia. 
Tanto no corpo teórico quanto na prática clínica a vegetoterapia caractero-analítica 
criada por Reich, tem profundas conexões com a psicanálise freudiana, de onde se originou e 
para a qual trouxe importantes contribuições, sendo a principal delas “A análise do caráter”. 
Reich foi discípulo de Freud e divergiu dele por introduzir em sua terapia o uso do contato 
direto com o corpo do paciente para relaxar as tensões musculares, que são um obstáculo à 
capacidade de se entregar aos sentimentos e sensações (WAGNER, 1996). 
Reich (1998) acreditava que através da profilaxia das neuroses e a regulação das 
funções instintivas, a humanidade seria capaz de uma transformação cultural que levaria a 
uma sociedade mais equilibrada, mais hábil para regular suas tensões e encadear estados de 
harmonia e bem-estar. 
 Para descobrir quais traços de caráter estavam ligados às resistências Reich saiu de 
detrás do divã e passou a ficar frente-a-frente com o paciente. Dessa forma passou a observar 
não apenas as resistências verbais, mas também as latentes, expressas através do 
 
18 
 
comportamento, gestos, postura, tom de voz, silêncios, etc., ou seja, passou a analisar o 
caráter. “Não é apenas o que o paciente diz, mas como o diz que deve ser interpretado” 
(REICH, 1998, p.57). 
Reich (1998) assinalou, no corpo humano, sete níveis onde podem localizar-se as 
estases energéticas e onde, então, aparecem os sintomas, percebeu que elas se estabeleciam 
como tensões corporais em forma de anéis e denominou-as de couraça muscular. Descobriu 
também que elas eram os correspondentes somáticos da couraça de caráter. Assim sendo, 
seria possível mudar o caráter do indivíduo, mediante a flexibilização de sua couraça 
muscular. As emoções estavam guardadas nos músculos, nas vísceras e, portanto, o trabalho 
terapêutico não poderia se resumir como Freud propôs, em trazer à consciência o material 
reprimido do inconsciente. 
Basicamente, a couraça muscular está constituída pela soma das contrações 
musculares e por uma limitação funcional do processo respiratório. O espasmo da 
musculatura é o aspecto somático do processo de repressão, e a base de sua contínua 
preservação. Desse modo, Reich (1998) descreve três ferramentas como principais 
responsáveis para invalidar a couraça: aumentar a energia do corpo através de respiração 
profunda; atacar diretamente os músculos cronicamente tensos, através de pressão, para 
afrouxá-los e manter a cooperação do paciente lidando abertamente com todas as resistências 
ou restrições emocionais que surgirem. 
Alexander Lowen, médico e psicoterapeuta americano, discípulo e cliente de Reich, 
desenvolveu uma metodologia de psicoterapia, a Análise Bioenergética que busca entender a 
personalidade humana em termos dos processos energéticos que acontecem no corpo, 
objetivando ajudar as pessoas a se conscientizarem de seus corpos e através de movimentos 
voluntários, libertar sentimentos inconscientes gravados na memória corporal. 
 A Análise Bioenergética entende as couraças “[...] como a melhor solução que a 
criança encontrou no momento em que se sentiu ameaçada. As couraças têm valor de 
sobrevivência e conferem a identidade” (VOLPI; VOLPI, 2003, p.7) e se propõe a dissolvê-
las nos espaços em que se tornaram desnecessárias, através de métodos seguros e eficazes que 
ajudam o indivíduo no desenvolvimento de uma autoconsciência e autopercepção e, mais 
ainda, a realizar mudanças tanto na sua estrutura corporal como na sua maneira habitual de 
ser, isto é, modificando seus padrões de conduta e comportamento (KUHN, 2008, p.11). 
Lowen (1997, p.61) afirma que “a repressão do sentimento é o trabalho do ego, que 
observa, censura e controla nossos atos e comportamento. As palavras são a sua voz, assim 
 
19 
 
como o som é a voz do corpo”. A partir de Lowen (1997) o trabalho bioenergético do corpo 
inclui tanto procedimentos de manipulação como exercícios especiais. Os procedimentos de 
manipulação consistem de massagem, pressão controlada e toques suaves para relaxar a 
musculaturacontraída. Os exercícios se propõem a ajudar a pessoa a entrar em contato com 
suas tensões e liberá-las através de movimentos apropriados. 
Lowen (1997) afirma que a pessoa que vive com medo é tensa, ansiosa e contraída, 
vive num estado doloroso que as leva a entorpecer a própria sensibilidade em prol do alivio da 
dor ou do medo. A repressão torna-se um modo de vida para essa pessoa. A tensão em seu 
corpo é sentida, por causa da dor que ela provoca, mas não é compreendida como resultante 
do seu modo de funcionar ou de se conter. Essas tensões musculares crônicas se desenvolvem 
predominantemente no maxilar, pescoço, ombros, peito, alto das costas, região lombar e 
pernas. Elas constituem a prisão que impede a liberdade de expressão do indivíduo e 
denunciam a supressão de impulsos que não são expressos por medo das punições físicas ou 
verbais que poderiam acarretar. Alguns consideram sua rigidez como sinal de força, como 
prova de que podem enfrentar as adversidades. Por muitos, elas são vividas como anteparo 
contra o desconforto e até mesmo o sofrimento. 
A Análise Bioenergética tem como princípio central tornar o corpo vivo, vibrante, 
desfazendo-lhe as áreas congeladas. Lowen (1982) afirma que a essência do problema 
terapêutico é o coração e que todas as nossas defesas giram em torno de protegê-lo dos 
perigos. Usamos dos mais variados artifícios a fim de bloquear o acesso ao nosso coração, 
bem como não nos colocamos perante o Outro a partir dele. Estas defesas fazem parte do 
processo de crescimento individual e podem ser explicadas a partir de quatro camadas que se 
dispõem da periferia para o centro: 1) camada do ego – a mais externa contém as defesas 
psíquicas; 2) camada muscular – onde se depositam as tensões musculares crônicas que 
suportam as defesas do ego; 3) camada emocional – onde se alojam as emoções reprimidas 
como raiva, pânico ou terror, desespero, tristeza e dor; 4) centro – onde se localiza o coração 
de onde emanam os sentimentos de amar e ser amado. 
Lowen (1982) acreditou que somente através de uma terapia que usasse a camada 
muscular (onde se acumulam as tensões), como ponte entre a primeira camada (que lida com 
as defesas intelectuais) e a terceira (que lida com as defesas emocionais) é que se poderia 
lograr o êxito de alcançar o coração, já que essas três camadas são responsáveis pela análise e 
elaboração das posições defensivas. 
 
20 
 
A proposta da Análise Bioenergética é trabalhar as tensões musculares como forma de 
evocar sentimentos reprimidos, liberando emoções e neutralizando as defesas do ego. 
Entretanto, é importante ressaltar que Lowen considerava que o processo terapêutico não se 
limitava ao trabalho com as tensões musculares, precisava incluir a análise das defesas 
psíquicas e os sentimentos reprimidos. 
 
Não obstante é importante para a terapia que os sentimentos 
reprimidos tenham permissão para se exprimir [...] pôr a nu e ventilar 
tais sentimentos, uma vez que sua liberação deixa disponível a 
energia necessária para o processo de mudança (LOWEN, 1982, 
p.106). 
 
 Por todo o corpo vamos encontrar tensões musculares crônicas que sinalizam 
impulsos bloqueados e sentimentos perdidos. Elas simbolizam uma restrição na capacidade do 
indivíduo de exteriorizar o que sente. A mandíbula é uma área de tensão crônica tão grave que 
em alguns indivíduos constituem uma doença conhecida como DTM- Disfunção 
Temporomandibular. Nesse caso, os impulsos que estão sendo bloqueados são os de chorar e 
morder (LOWEN, 1997). 
“As pessoas que não conseguem chorar ficam congeladas, seus corpos são contraídos 
e sua respiração fica gravemente restringida. Nenhuma pessoa recupera seu pleno potencial 
para existir se não consegue chorar” (LOWEN, 1997, p.64). 
Quando se fala em “energia” no âmbito da abordagem bioenergética, fala-se da 
energia biológica, que é dinâmica, flui e pulsa. No corpo ela é sentida como um movimento 
interno que, quando em equilíbrio, provoca uma agradável sensação de bem-estar. (VOLPI; 
VOLPI, 2003). A Análise Bioenergética entende que a energia está envolvida em todos os 
processos da vida - movimentos, pensamentos, sentimentos - e que se movimenta pelo ritmo 
natural do organismo que, em constante troca com o meio onde vive, é capaz de satisfazer 
suas próprias necessidades e se autorregular. 
Muitas pessoas querem entender o seu passado para compreender porque sentem e se 
comportam assim. Querem usar esse conhecimento para mudar a vida. Para ter uma vida mais 
gratificante. Infelizmente isso só pode ser feito em grau muito reduzido, porque os efeitos do 
passado estão estruturados no corpo, portanto, além do alcance da vontade ou da mente 
consciente. A mudança profunda e significativa só pode ocorrer por meio de um 
revivescimento emocional do passado. O primeiro passo nesse processo é chorar: chorar é a 
 
21 
 
aceitação da realidade tanto do passado como do presente e serve para aliviar a pessoa de seu 
estado de tensão (LOWEN, 1997). 
A vocalização através do choro, do gemido e do grito é estimulada no processo; o 
poder do grito é um importante instrumento no processo de restauração da alegria de viver: 
 
Quando a excitação e a tensão associada a ela tornam-se excessiva, o 
corpo reage espontaneamente para descarrega-las através do grito. O 
grito é um som agudo que aumenta de tom e intensidade até atingir 
um clímax. No grito, a onda de excitação flui para cima, para a 
cabeça, em oposição ao choro em que a onda flui para baixo, para o 
ventre. O som do choro é grave, em contraste com o do grito. No 
choro descarregamos a dor da solidão e da tristeza. É um apelo por 
contato e compreensão. No grito descarregamos a dor e uma 
excitação intensa, que pode ser positiva ou negativa (LOWEN, 1997, 
p.172). 
 
Com a liberação das couraças físicas e psíquicas abre-se a possibilidade de alcançar 
autoconhecimento; autopercepção e autoexpressão. É preciso abandonar a necessidade de ser 
forte para que a sensação genuína possa emergir. “A vantagem principal da terapia é ajudar a 
pessoa a parar de lutar contra si mesma. Essa é uma luta autodestrutiva que esgotará a energia 
da pessoa e a nada a levará. Muitas pessoas querem mudar. É possível mudar; mas isso tem 
que começar pela autoaceitação” (LOWEN, 1986, p.49). 
Ao conceituar a neurose como o medo da vida, Lowen nos dá a possibilidade de 
superá-la, permitindo-nos experimentar genuinamente nossas emoções, poder falhar e não 
sucumbir ao erro, sentir a vida aceitando nosso destino trágico e desfrutando do prazer que 
dela podemos obter. 
 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 Partimos nesta pesquisa com o objetivo de discutir o medo de viver na cultura do alto 
desempenho sob a perspectiva da neurose na análise bioenergética, apresentando a 
intervenção psicocorporal como meio de promoção para viver uma vida plena. 
Às vezes escutamos as pessoas dizerem “Não tenho medo de nada” e observamos que 
elas levam uma vida restrita, acuadas pelo medo que não admitem ou não percebem sentir. A 
capacidade de sentir está ofuscada pela necessidade do alto desempenho na vida 
contemporânea: a angústia, a dor, o amor, são emoções sufocadas para enfrentar a tensão 
existente na vida coletiva. A abordagem da psicologia corporal, especificamente aqui, a 
 
22 
 
Análise Bioenergética, apresenta-nos uma visão da neurose como medo da vida e propõe 
meios de intervenção que nos levam a uma vida plena e saudável. 
Como nos diz Lowen (1986, p. 23.) “Estar cheio de vida é respirar profundamente, 
mover-se livremente e sentir com intensidade”. 
 O medo de viver está espelhado em nosso comportamento, vivemos cheios de 
afazeres, não nos sobra tempopara olhar o nosso interior, para perceber o que estamos 
sentindo. Muitas vezes, de tanto camuflar nossos sentimentos não conseguimos identificar 
nossas prioridades. Damos à nossa vida os rumos que os outros esperam que sejam dados e 
isso nos leva a uma falta de sentido, a um vazio existencial que os bens e o sucesso 
profissional não conseguem preencher. 
Bauman (2008) nomeia essa emoção de medo derivado. O “medo derivado”, ou medo 
de segundo grau, uma estrutura mental estável que poderia ser denominada de sentimento de 
suscetibilidade ao perigo, uma sensação de insegurança e vulnerabilidade. O “medo original”, 
o medo da morte, nós os seres humanos, compartilhamos com os outros animais. O medo 
derivado resulta do conhecimento do perigo, nos mantendo alertas, nos mantendo tensos e nos 
fazendo evitar viver a vida intensamente; neuróticos – com medo da vida. 
Freud, Reich e Lowen fizeram suas leituras da neurose traçando a relação desta com a 
cultura e pensar a neurose como produto de uma cultura leva-nos a considerar a possibilidade 
de sua superação, da clareza da condição humana na contemporaneidade e do investimento 
necessário na saúde individualmente para uma vida plena na coletividade. 
 A relevância desse trabalho está na possibilidade de que docentes e discentes da área 
de psicologia se aproximem da abordagem corporal e possam rever o lugar do corpo na 
formação do profissional psicólogo, compreendendo a importância de uma prática 
interventiva que integre mente e corpo: o ser humano numa visão sistêmica. Bem como, 
colaborar academicamente com a produção de conhecimento na perspectiva psicocorporal 
como uma forma de agregar valor à prática profissional do psicólogo. 
É relevante, também, no sentido de permitir que as pessoas em geral possam 
compreender o medo como consequência dos apegos e do não pensar criticamente sobre a 
imposição do discurso social dominante que nos transforma em prisioneiros na imagem do ser 
incansável e invencível. Salientamos que mesmo as pessoas que não possuem conhecimentos 
técnicos podem se beneficiar desse trabalho e através da conscientização dos seus corpos, 
assimilar uma nova forma de autoconhecimento. 
 
23 
 
Não se pretendeu neste artigo esgotar o tema do medo como companhia permanente e 
indissociável da vida humana, e seus impactos no psiquismo. Nossa pretensão foi, antes 
provocar a reflexão e a discussão sobre o grau das restrições que ele impõe, traduzindo-se em 
mobilizações e imobilizações na vida das pessoas. E assim, reafirmamos nossa convicção na 
libertação do sujeito pela fala, pelo corpo e pela energia vibrante. 
 
REFERÊNCIAS 
 
 
BAUMAN, Zygmunt. Medo líquido. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008. 
 
________. Vida para consumo: A transformação das pessoas em mercadoria. Rio de Janeiro: 
Jorge Zahar, 2007. 
 
GIL, Antônio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. São Paulo: Atlas, 2008. 
 
KUHN, Amanda Schmidt. As técnicas da vegetoterapia como ferramenta para o trabalho 
psicocorporal com grupos. Curitiba, 2008. Disponível em: <http://www.centroreichi 
ano.com.br/artigos/Monografias/KUHN,%20Amanda%20Schmidt.pdf>. Acesso em: 10 jun. 
2017. 
 
LOWEN, Alexander. Alegria: a entrega ao corpo e à vida. São Paulo: Summus, 1997. 
 
________. Bioenergética. São Paulo: Summus, 1982. 
 
________. Medo da vida: caminhos da realização pessoal pela vitória sobre o medo. São 
Paulo: Summus, 1986. 
 
________. Narcisismo: negação do verdadeiro self. São Paulo: Cultrix, 1993. 
 
________. O corpo em depressão: as bases biológicas da fé e da realidade. São Paulo: 
Summus, 1983. 
 
________. O corpo traído. São Paulo: Summus, 1979. 
 
NAVARRO, Federico. A Somatopsicodinâmica: sistemática reichiana da patologia e da 
clínica médica. São Paulo: Summus, 1995. 
 
REICH, Wilhelm. Análise do Caráter. Rio de Janeiro: Martins Fontes, 1998. 
 
SANTOS, Luciana Oliveira dos. O medo contemporâneo: abordando suas diferentes 
dimensões. In: Psicologia: ciência e profissão. Brasília, v.23, n.2, p. 48-55, jun. 2003. 
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/pcp/v23n2/v23n2a08.pdf>. Acesso em: 07 mar. 
2017. 
 
VOLPI, Jose Henrique. Explorando os fundamentos básicos da teoria e prática da análise 
reichiana (análise do caráter, vegetoterapia e orgonoterapia). In: Encontro Paranaense, 
 
24 
 
Congresso Brasileiro, Convenção Brasil/Latino-América, XIII, VIII, II. 2008. Anais. 
Curitiba: Centro Reichiano, 2008. CD-ROM. [ISBN – 978-85-87691-13-2]. Disponível em: 
<http://www.centroreichiano.com.br/artigos/Anais%202008/Jos%C3%A9%20Henrique%20
Volpi.pdf>. Acesso em: 16 out. 2017 
 
VOLPI, José Henrique; VOLPI, Sandra Mara. Psicologia corporal: um breve histórico. 
Curitiba: Centro Reichiano, 2003. Disponível em: <http://www.centroreichiano.com.br/art 
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WAGNER, Cláudio Melo. Freud- Reich: continuidade ou ruptura? São Paulo: Summus, 
1996. Disponível em: <https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=d72047uzlf 
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AXneeRHMHFeodm6VB1ZtKZ9vyw#v=onepage&q=por%20que%20Freud%20rompeu%20
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25 
 
ANEXO 
DIRETRIZES PARA AUTORES 
Os trabalhos originais, na modalidade de relatos de pesquisas, relatos de experiência profissional e 
traduções, deverão ser submetidos, em formatos DOC ou DOCX, no site da VEREDAS FAVIP - 
Revista de Ciências (http://veredas.favip.edu.br) ou diretamente no link referente à submissão de 
artigos (http://veredas.favip.edu.br/ojs/index.php/veredas1/about/submissions), obedecendo aos 
critérios: 
 
1) Devem constar na primeira página: Título de acordo com a língua do artigo (em caixa alta, 
centralizado), abaixo e alinhado à direita e separados por linha o(s) Nome(s) do Autor(es) (em nota de 
rodapé, as informações do autor com relação à titulação, local de trabalho, origem do trabalho teórico, 
órgão financiador do projeto (quando aplicável), endereço completo e e-mail). Resumo em parágrafo 
único (respeitando o limite de 250 palavras, espaçamento simples) e, separado por parágrafo alinhado 
à esquerda, 3 (três) palavras-chave na língua original do manuscrito. 
Devendo contar, também, Título pleno em inglês compatível com o título original (em caixa alta, 
centralizado), abaixo e separado por parágrafo o “Abstract” (respeitando o resumo na língua do 
manuscrito), além de três "Keywords", separadas por ponto. Quando o texto original submetido estiver 
em inglês, esta etapa contará com a apresentação do resumo e palavras-chaves em Português. 
Importante: As ideias do texto, o Abstract e as Referências, constantes no artigo científico, são de 
responsabilidade do autor. 
2) Na formatação, o corpo do texto deve apresentar obrigatoriamente Introdução (que contemple a 
Fundamentação Teórica) Método utilizado, Resultados/Discussões, Considerações Finais e 
Referências Bibliográficas. Além de estar digitado em espaço 1,5 entrelinhas, em Word versão 2003 
ou posterior, em páginas numeradas, com margens de 3 cm (superior e esquerda) e 2 cm (inferior e 
direita), justificado, na fonte “Times New Roman”, tamanho 12, em papel A4. 
Importante: Nas Referências só devem constar as obras, em ordem alfabética, das efetivamente 
citadas no corpo do texto e deverão ser digitadas em espaçamento simples e separadas entre si por 
espaço duplo, além de alinhadas somente à margem esquerda. 
3) Conter entre10 e 20 páginas numeradas a partir da Introdução. Somente, em casos especiais, serão 
aceitos trabalhos com número inferior, desde que aceito pelo Conselho Editorial. 
4) Os trabalhos deverão ser inéditos, escritos em português, inglês ou espanhol, de forma clara e 
concisa. Os trabalhos enviados não podem ser ou terem sido publicados ou submetidos à publicação 
em outra revista ou anais de evento. 
5) As citações dos autores deverão ser feitas no corpo do texto, utilizando-se da forma “autor-data”, a 
saber: 
a) Citação indireta: utilização da ideia do autor, porém sem a transcrição textual. 
 Exemplos: 
 (SOBRENOME DO AUTOR, data de publicação): Sartre (1943) afirma que o homem é angústia... 
 b) Citação direta: transcrevendo o texto do autor: 
Citações diretas, de até 3 linhas, devem estar entre aspas duplas, no texto: 
É neste cenário, que "[...] a AIDS nos mostra a extensão que uma doença pode tomar no espaço 
público. Ela coloca em evidência de maneira brilhante a articulação do biológico, do político, e do 
social." (HERZLICH e PIERRET, 1992, p.7). 
 Citações diretas, com mais de 3 linhas, devem vir recuadas em 4 cm da margem esquerda, com 
 
26 
 
 letra menor que o texto (fonte 11), espaçamento simples, e sem aspas. 
 [...] para compreender o desencadeamento da abundante retórica que fez com que a AIDS se 
construísse como 'fenômeno social', tem-se freqüentemente atribuído o principal papel à própria 
natureza dos grupos mais atingidos e aos mecanismos de transmissão. Foi construído então o discurso 
doravante estereotipado, sobre o sexo, o sangue e a morte [...]. (HERZLICH e PIERRET, 1992, p.30). 
 
Outros exemplos: 
 As obras de um mesmo autor com datas idênticas, proceder: Baudrillard (2000a), Baudrillard (2000b) 
e assim sucessivamente; 
 Obras com dois autores, citar: (BROW; MEYER, 2000); 
 Mais de três autores, citar o primeiro autor com o complemento da expressão et. al. 
 
6) As notas de rodapé devem ser utilizadas, minimamente, para destacar alguma explicação e 
colocadas no pé das páginas por meio de números sequenciais, seguindo as referências numéricas 
constantes no corpo do texto. 
7) Gráficos e tabelas deverão ser colocados na ocorrência do texto, com as respectivas indicações de 
localização, fonte e explicação. 
8) Os trabalhos que estiverem distintos das normas sugeridas, não serão remetidos aos pareceristas, 
mas devolvidos aos autores para a devida adequação às normas. 
9) Os autores serão responsáveis pelos dados, conceitos emitidos e Referências citadas em seus 
artigos. 
10) Os trabalhos serão submetidos sigilosamente à apreciação do Conselho Científico ou a relatores de 
pareceres Ad hoc, sendo publicados após o parecer favorável de, pelo menos, dois membros, de acordo 
com a programação a ser definida pelo Conselho Editorial, dependendo da quantidade de trabalhos 
aprovados, obedecendo-se a ordem cronológica de submissão. 
Importante: Os autores receberão as informações sobre a aceitação do trabalho (via e-mail pessoal e 
"notícias" constante no site da revista. Os autores, dos trabalhos recusados, serão informados via e-
mail pessoal. 
 
11) As possíveis sugestões dos pareceristas ou do Conselho Editorial de modificações nos trabalhos, 
serão remetidas, sigilosamente, aos autores. 
12) Quando do aceite de publicação do manuscrito a Revista VEREDAS FAVIP - Revista Eletrônica 
de Ciências, os autores se comprometem a enviar carta de declaração de responsabilidade e 
transferência de direitos de publicação, além de arquivo digitalizado do parecer de aprovação do 
Comitê de Ética em Pesquisa (quando couber). 
13) Os autores, ao submeterem os seus trabalhos, estão concordando com a Cessão dos Direitos 
Autorais à VEREDAS FAVIP - Revista Eletrônica de Ciências, conforme disposições de veiculação e 
acesso livre dos leitores aos textos, desde que citando a fonte de referência e os respectivos créditos do 
autor. 
CONDIÇÕES PARA SUBMISSÃO 
Como parte do processo de submissão, os autores são obrigados a verificar a conformidade da 
submissão em relação a todos os itens listados a seguir. As submissões que não estiverem de acordo 
com as normas serão devolvidas aos autores. 
 
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1. A contribuição é original e inédita, e não está sendo avaliada para publicação por outra revista; 
caso contrário, deve-se justificar em "Comentários ao editor". 
2. O arquivo da submissão está em formato Word versão 2003 ou posterior 
3. URLs para as referências foram informadas quando possível. 
4. O texto segue os padrões de estilo e requisitos bibliográficos descritos em Diretrizes para 
Autores, na página Sobre a Revista. 
5. Em caso de submissão a uma seção com avaliação pelos pares (ex.: artigos), as instruções 
disponíveis em Assegurando a avaliação pelos pares cega foram seguidas. 
 
POLÍTICA DE PRIVACIDADE 
Os nomes e endereços informados nesta revista serão usados exclusivamente para os serviços 
prestados por esta publicação, não sendo disponibilizados para outras finalidades ou a terceiros. 
ISSN: 1984-8463

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