Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Unidade 4 - Parte 2 Política Fiscal e o Déficit Público Na unidade anterior apresentamos os objetivos da política econômica que, para serem atingidos, o governo dis- põe principalmente das políticas monetária e fiscal. Nesse sentido, a Política monetária já foi abordada e com ela discuti- mos o papel do Banco Central no controle da oferta de moeda e o papel dos juros para regular a economia. Além disso, o governo também atua na economia de forma mais direta através da política fiscal, ou seja, através da administração da receita e dos gastos públicos. Assim, com- preender os conceitos básicos da política fiscal é de extrema importância para o entendimento de notícias sobre arrecada- ção de impostos, gastos do governo, déficit público, superávit primário, entre outros. Pareceu complicado? Você verá que não é. Vamos lá? Renata Ferreira 192 8.1 O Papel do Estado Antes de discutirmos a política fiscal, precisamos com- preender o papel do Estado na economia. O Estado tem muita interferência na economia, uma vez que ele tem o papel de apontar como a sociedade deve estar organizada para interagir no mercado que produz e comercializa os bens e serviços. Ao longo da história, a interferência do Estado na Economia é crescente, já que com o crescimento da popula- ção, aumenta a necessidade de gastos com saúde, educação, moradia e transporte. Além disso, com o desenvolvimento da tecnologia e com a expansão das empresas, a demanda por infraestrutura é cada vez maior (e geralmente a competência da geração desses bens e serviços é do Estado); fatores políticos e sociais também exigem uma atuação direta do Estado, já que, por exemplo, faz-se necessária a adoção de políticas que dimi- nuam a desigualdade de renda. Com a rápida evolução desses fatores, associada ao ama- durecimento do mercado financeiro, ao processo de globali- zação e à intensificação do comércio exterior, a economia de mercado passou a não cumprir adequadamente algumas fun- ções, o que justifica a participação ativa do Estado na economia. De modo geral, podemos identificar três funções bási- cas para o setor público: função Alocativa Está associada ao fornecimento de bens e serviços não oferecidos adequadamente pelo sistema de mercado. São Po lít ic a Fi sc al e o D éfi ci t P úb lic o 193 diagnosticadas algumas falhas no sistema econômico que o mercado, isoladamente, não consegue dar conta. O governo passa a complementar a ação do mercado, cor- rigindo as falhas identificadas. Assim, as principais falhas são: • Externalidades: Segundo Gremaud, Vasconcellos e Toneto Junior (2006, p. 8) “as externalidades correspondem ao fato de que a ação de determinados agentes pode ter impactos sobre o resultado almejado por outros agentes”. Esses impac- tos podem ser positivos ou negativos. As externalidades positivas surgem quando uma ati- vidade cria benefícios para as outras pessoas, sem que essas precisem pagar por eles. Um exemplo clássico, apresentado por Wessels (2002, p. 171), é o cultivador de maçãs vizinho de um produtor de mel. A florada da maçã aumenta a dispo- nibilidade de néctar para as abelhas, aumentando a produ- tividade de mel, e o produtor de maçã não tem como cobrar por isso. Assim, a produção de maçã gera uma externalidade positiva à produção de mel. As externalidades negativas, por sua vez, surgem quando uma atividade impõe custos não indenizados às pessoas. Um exemplo disso é a poluição que a produção industrial causa aos riachos. O governo pode intervir para minimizar a geração das externalidades, tributando o causa- dor do problema e recompensar os agentes afetados. • Economias de escala: “Situação em que o aumento da produção de determinado bem, por uma única empresa, leva à redução do custo médio por produto, ocasionando no limite o aparecimento dos monopólios naturais” (GRE- MAUD, VASCONCELLOS e TONETO JUNIOR, 2006, p. 195). Vimos, quando estudamos as estruturas de mercado, 194 que o monopólio é ineficiente por permitir que o produtor tenha lucros maiores pela cobrança de um preço mais elevado. Nesse sentido, o Estado pode intervir regulando a atuação des- ses monopólios ou, ainda, tornando-os monopólios públicos (estatais), de modo a corrigir essa perda de eficiência e garantir o acesso ao produto ou serviço por um preço mais baixo. • Bens públicos: “São bens de consumo coletivo, que têm por principal característica a impossibilidade de excluir determinados indivíduos de seu consumo, uma vez delimi- tado o volume à disposição do público” (VASCONCELLOS, 2002, p. 392). Ou seja, quando adquirimos uma camiseta, pagamos por ela. Outra pessoa, que não pagou pelo bem, está exclu- ída de seu consumo e, mesmo que quisesse comprar a cami- seta, teria acesso a outra peça, pois a adquirida por nós não está mais disponível. Neste caso, o consumo de um bem é excludente, pois o consumo realizado por uma pessoa exclui automaticamente o consumo por outros. Este princípio da exclusão é reforçado pelo sistema de preços, pois serão os preços estabelecidos pelo mercado que selecionará os agentes que consumirão o bem. Alguns bens e serviços são fornecidos pelo Estado para evitar o princípio da exclusão, são os bens públicos. Um exemplo é o caso da segurança nacional que é oferecida para todos e os seus custos são repartidos de forma compulsória entre toda a sociedade. função Distributiva O governo funciona como agente redistribuidor de renda à medida que, por meio da tributação, retira recursos Po lít ic a Fi sc al e o D éfi ci t P úb lic o 195 dos segmentos mais ricos da sociedade e os transfere para os segmentos menos favorecidos (GARCIA, 2005, p. 521). Esta transferência pode ser direta, como por exemplo, a previdência social, ou na forma de redirecionamento na oferta de bens públicos, como por exemplo, um programa de saneamento de favelas. • Função Estabilizadora “Está relacionada com a intervenção do Estado na eco- nomia para alterar o comportamento dos níveis de preço e emprego, pois o pleno-emprego e a estabilidade de preços não ocorrem de maneira automática” (GARCIA, 2005, p. 522). Assim, o Estado deve controlar os grandes agregados econô- micos, evitando excessivas flutuações e procurando diminuir os efeitos das quedas da atividade produtiva. Diante dessas funções, observamos a importância do Estado para a economia e a sociedade. Nos países em desen- volvimento, essa atuação é ainda mais relevante, visto que esses países têm um longo caminho a percorrer para alcançar o nível de competitividade que traga ganhos significativos à economia e para reduzir as desigualdades sociais, melho- rando a vida de todos. 8.2 Política Fiscal A política fiscal representa todos os instrumentos de que o governo dispõe para a arrecadação de tributos (política tributária) e o controle de suas despesas (política de gastos). Entende-se por política fiscal a atuação do governo no que diz 196 respeito à arrecadação dos impostos e à administração dos seus gastos. A forma como essas duas políticas, tributária e de gas- tos, é usada afeta diretamente o comportamento da economia. Quando o governo tem por objetivo estimular o cres- cimento econômico e a criação de empregos, adota medidas fiscais para elevar a demanda agregada da economia, ou seja, adota uma política fiscal expansionista, caracterizada por um aumento nos gastos públicos e/ou redução nos impostos. Já quando o governo tem por objetivo o controle da inflação, as medidas fiscais vão no sentido inverso, ou seja, adota-se uma política fiscal contracionista ou restritiva, com a ampliaçãoda carga tributária (o que inibe o consumo das famílias e o investimento das empresas) e/ou a redução dos gastos públicos. Se o objetivo for melhorar a distribuição da renda, esses instrumentos são usados de forma seletiva, em benefí- cio das pessoas menos favorecidas, como, por exemplo, gas- tos públicos concentrados em regiões mais pobres da cidade, ou a cobrança de impostos proporcional à renda das pessoas (quem ganha mais pagaria mais impostos, enquanto quem ganha menos, pagaria menos). Política Tributária: As Receitas Públicas O sistema tributário é um importante instrumento que possui três funções básicas: ▪ Gerar recursos para financiar os gastos públicos ▪ Redistribuição de renda: Ao definir quem, na socie- dade, paga impostos, o governo pode diminuir a con- centração de renda (por exemplo, arrecadar impostos junto aos ricos para financiar gastos dos pobres). Po lít ic a Fi sc al e o D éfi ci t P úb lic o 197 ▪ Eficiência econômica e estímulo ao desenvolvimento: deve criar o mínimo de distorções possíveis e evi- tar contrações em investimentos (exemplo, o governo pode aumentar a alíquota de um setor para diminuir o consumo dess1e bem - cigarro - e pode subsidiar outro - leite - para estimular sua produção e o seu consumo). A política de arrecadação deve seguir os princípios da Teoria da Tributação: ▪ Princípio da Neutralidade As decisões sobre alocação de recursos se baseiam nos preços relativos determinados pelo mercado. A neu- tralidade dos impostos seria obtida quando eles não alterassem os preços relativos, minimizando sua inter- ferência nas decisões econômicas dos agentes de mer- cado. Assim, um dos objetivos do sistema tributário é não ter impactos negativos sobre a eficiência econô- mica (GARCIA, 2005, p. 522). ▪ Princípio do Benefício As pessoas devem pagar impostos em proporção aos benefícios que recebem do governo. A lógica deste princípio é que, com exceção dos mais pobres, não é certo beneficiar um grupo de pessoas a custo de outros - os que obtêm o benefício de um programa gover- namental devem pagar por ele. Uma aplicação desse princípio são os serviços públicos que utilizam taxas específicas (exemplo: energia, abastecimento de água, transporte, etc.). Um problema de implementação deste princípio é a dificuldade de identificar em alguns casos a demanda individual pelo bem público. 198 ▪ Princípio da Capacidade de Pagamento As pessoas devem contribuir com impostos de acordo com a sua capacidade de pagamento. O Imposto de Renda (IR) é um exemplo da aplicação deste princí- pio. As medidas utilizadas para auferir a capacidade de pagamento são: renda, consumo e patrimônio (VASCONCELLOS, 2002, p. 394). Tipos de Impostos A arrecadação ocorre através da cobrança de Impos- tos. Existem vários tipos de impostos que podem variar pela forma de incidência, pela base de incidência e pelo impacto sobre a renda. a) Forma de incidência Os impostos podem ser: 1. Diretos: Incidem diretamente sobre o agente paga- dor (contribuinte). Os principais impostos desse tipo são os impostos sobre a renda (Impostos de Renda - IR) e os impostos sobre a riqueza (propriedade), como o Imposto sobre a Propriedade de Veículos (IPVA), o Imposto sobre a Propriedade Territorial e Urbana (IPTU) e o Imposto sobre a Propriedade Rural (ITR). 2. Indiretos: Incidem sobre a compra de bens e servi- ços, afetando o contribuinte indiretamente. Exemplos: Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS), Programa de Integração Social (PIS), etc. Os impostos indiretos Po lít ic a Fi sc al e o D éfi ci t P úb lic o 199 são divididos em impostos específicos (valor fixo em dinheiro, independente do valor do bem) ou impos- tos ad valorem (alíquota fixa - em porcentagem - sobre o preço do bem). b) Base de incidência 1. Imposto sobre valor adicionado: impostos cuja base de incidência é o valor adicionado do bem na cadeia produtiva, isto é, o que cada etapa agrega ao valor do produto (ex.: IPI, ICMS), ou seja, desconta-se o valor do imposto cobrado nas etapas anteriores do pro- cesso produtivo. Por exemplo, um produtor de suco de laranja, paga ICMS sobre o suco vendido, mas des- conta o valor do ICMS pago quando comprou a laranja (matéria-prima) para sua produção. Ou seja, ele reco- lherá somente o imposto referente à diferença entre os impostos que incidiram sobre sua matéria-prima e sobre sua venda, pagará somente os impostos sobre o valor adicionado de sua produção. 2. Imposto em “cascata”: são cobrados indistintamente de todos os agentes. Considerando o mesmo exemplo do suco de laranja, teríamos um imposto em cascata se o produtor de laranjas recolhesse seus impostos sobre seu faturamento (suas vendas) e o produtor de sucos também, sem que houvesse o abatimento do montante de imposto que já pagou ao comprar as laranjas. c) Impacto sobre a renda 1. Imposto progressivo: quando a participação (propor- cional) dos impostos aumenta, quando se eleva a renda, ou seja, paga mais quem ganha mais. Ex.: Imposto de 200 Renda, cujas alíquotas crescem conforme aumenta o nível de renda do indivíduo. 2. Imposto regressivo: A participação dos impostos na renda do indivíduo diminui conforme a renda aumenta, ou seja, as classes de menor poder aquisi- tivo pagam proporcionalmente mais. Ex.: IPI de um produto, se duas famílias comprarem o mesmo pro- duto, vão pagar o mesmo imposto, mas se levarmos em conta a renda, a família com menor poder aquisitivo terá uma participação maior do imposto no total da sua renda (o imposto pesará mais no orçamento). 3. Imposto proporcional ou neutro: quando a participa- ção do imposto na renda dos indivíduos é a mesma, independente do nível de renda. Gastos do Governo Os gastos do governo podem ser divididos em dois grandes grupos: 1. Despesas correntes: Gastos realizados com o objetivo de manter a máquina governamental funcionando. São divididas em: a. Consumos do governo: Pagamento de funcioná- rios públicos, despesas com manutenção do aparato público (energia elétrica, materiais, merenda esco- lar, remédios em hospitais, etc.). b. Subsídios: Gastos com o objetivo de garantir ao consumidor preços inferiores ao custo de produ- ção. O produtor recebe o valor integral, sendo uma parte paga pelo consumidor e, outra, pelo governo. Po lít ic a Fi sc al e o D éfi ci t P úb lic o 201 Ex.: subsídio do trigo - para alguns bens essenciais, como o pão, não pressionem os orçamentos das clas- ses menos favorecidas, embora todos os consumido- res sejam beneficiados (LANZANA, 2001, p. 25). c. Transferências: referem-se às despesas que são efetuadas pelo setor público e destinadas ao setor privado, sem a contraprestação de serviços ou o for- necimento de bens, como é o caso do seguro-desem- prego e a assistência social. d. Juros: incluem tanto o pagamento de juros da dívida interna quanto externa (juros referentes ao endivi- damento do setor público). 2. Despesas de investimentos: Despesas efetuadas para aumentar a capacidade de produção de bens e serviços no país (construção de hidrelé- tricas, rodovias, hospitais, escolas, etc.). Lanzana (2001) faz uma reflexão importante sobre os gastos públicos brasileiros. Ele mostra que o Brasil tem uma excessiva rigidez do gasto público, ou seja, grande parte dos gastos são despesas correntes com o consumo do governo e juros, o que impede cortes expressivos. O governo dispõe de uma parcela muito pequena da receita para operar livremente, pois a maior parte dos recur- sos arrecadados é destinada a gastosjá comprometidos e que não podem ser cortados, seja por sua essencialidade, seja por medidas legais. Algumas despesas apresentam vinculações impos- tas por lei, ou seja, existem porcentagens de arrecadação que já têm destinação garantida, como, por exemplo, existe uma porcentagem da arrecadação que precisa ser destinada à saúde e à educação. 202 8.3 Orçamento do Setor Público Quando consideramos as duas políticas que formam a política fiscal, ou seja, quando tratamos da descrição deta- lhada da arrecadação dos impostos e dos gastos públicos, estamos tratando do Orçamento público. O total arrecadado por um país é chamado de Carga Tributária. Quanto ao saldo orçamentário, podemos ter déficit (falta de recursos) ou superávit (sobra de recursos). Assim: Se as receitas forem maiores que os gastos Teremos um superávit orçamentário Teremos um déficit orçamentário Teremos um orçamen- to equilibrado Se os gastos forem maiores que as receitas Se as receitas forem iguais aos gastos Déficit e Dívida Pública O orçamento público total do país não considera ape- nas as receitas e os gastos do governo federal, pois estão incluídas todas as esferas: federal, estadual, municipal, fir- mas estatais e previdência social. Antes de discutirmos a questão do Brasil, vale conhe- cer os diferentes conceitos de déficit: Po lít ic a Fi sc al e o D éfi ci t P úb lic o 203 ▪ Déficit Nominal (ou total): É o conceito mais utilizado no mundo, mas não no Brasil. É a diferença entre o total arrecadado e o total de gastos públicos, diferença essa calculada como por- centagem do PIB. Como inclui as despesas com corre- ção monetária e cambial das dívidas, sua utilização fica prejudicada em países com alta inflação, porque o déficit aumenta, mesmo que a dívida em termos reais não esteja aumentando. ▪ Déficit Operacional: No lado das despesas, são excluídos os gastos com correção cambial e monetária das dívidas interna e externa. É considerada a medida mais adequada para refletir as necessidades de financiamento do setor público. ▪ Déficit Primário: Exclui, além da correção monetária e cambial, os juros reais das dívidas interna e externa, refletindo a situ- ação das contas públicas, caso o governo não tivesse dívida (excluem-se os gastos financeiros). É chamado também de déficit fiscal por incluir apenas as receitas e despesas do exercício, excluindo as despesas com juros e correções das dívidas passadas. O esquema abaixo ajuda a entender a formação desses conceitos: 204 DÉFICIT PÚBLICO Receitas do governo (–) Gastos com consumo, transferências e subsídios (=) Resultado Primário (–) juros da dívida pública (inclusão dos gastos do passado) (=) Resultado Operacional (–) Correção monetária e cambial da dívida (=) Resultado Nominal O Brasil tem por meta alcançar um superávit primário, ou seja, as receitas do exercício devem superar as despesas para que a poupança gerada ajude no pagamento dos juros da dívida pública. Assim, quando são adicionados os juros, o Brasil passa a incorrer em déficit, pois o superávit primário gerado não é suficiente para arcar com os juros da dívida, fa- zendo com que o país tenha que financiar esse déficit. financiamento do Défict - Dívida Pública Quando incorre em déficit é, preciso financiá-lo de al- guma forma. Basicamente existem duas formas de financia- mento: emissão de moeda e venda de títulos públicos. • Aumenta a pressão inflacionária • Não aumenta a dívida pública • Não gera pressão inflacionária • Aumenta a dívida interna (afeta os déficits futuros) Emissão de Moeda (monetização da dívida) Emissão de Títulos Públicos CONSEQUÊNCIAS Po lít ic a Fi sc al e o D éfi ci t P úb lic o 205 A emissão de moeda é uma forma inflacionária de financiamento dos gastos públicos (gera-se o imposto infla- cionário, discutido na unidade anterior), mas não aumenta o endividamento público. Também é conhecida como moneti- zação da dívida. Já a emissão de títulos representa a emissão e a venda de títulos públicos ao setor privado. O governo troca títulos por moeda que já está em circulação, o que evita pressões infla- cionárias, mas aumenta a dívida interna, pois o governo, para colocar esses papéis à disposição do público, precisa oferecer taxas de juros atraentes, o que pressiona os déficits futuros. A política econômica brasileira privilegia a estabili- dade monetária e, também, como a Constituição proíbe que o Banco Central emita moeda exclusivamente para financiar o governo, a forma de financiamento utilizada é a emissão de títulos públicos, responsável pela crescente dívida. A tabela a seguir mostra a evolução da dívida pública brasileira nos últimos anos: Ano Dívida Interna Dívida Externa Dívida Total 1993 9,96 7,75 18 1994 108,81 44,35 153 1996 170,33 38,13 208 1998 328,69 57,18 386 2000 451,84 111,32 563 2002 493,99 235,55 730 2004 711,22 207,00 918 2005 819,77 186,05 1.006 2006 949,5 143,5 1.093 2007 1224,10 108,9 1.333 Evolução da Dívida Pública (Valores em R$ bilhões) Fonte: Banco Central do Brasil 206 No Brasil, desde a implantação do plano Real, observa- -se um crescimento expressivo da dívida interna. Já a dívida externa praticamente não pressiona a gestão pública. Nesse sentido, o governo tem que fazer um superávit primário para arcar com uma parte considerável dos juros da dívida para que financie com novas emissões a parte menor (o restante), o que colaboraria para reduzir a velocidade de crescimento desta dívida. REfERêNCIA GARCIA, M. E. O setor público. In: PINHO, D.; VASCON- CELLOS, M. A. S. (org). Manual de Economia. Equipe de Professores da USP. 5.ed. São Paulo: Saraiva, 2005. GREMAUD, A. P.; VASCONCELLOS, M. A. S.; TONETO JR, R. Economia Brasileira Contemporânea. 6.ed. São Paulo: Atlas, 2006. LANZANA, A.E.T. Economia Brasileira: Fundamentos e Atualidade. São Paulo: Atlas, 2001. MANKIW, G. N. Introdução à Economia: princípios de micro e macroeconomia. 2.ed. Rio de Janeiro: Campus, 2001. MOCHÓN, F. Economia. Teoria e Política. 5.ed. São Paulo: Mc Graw Hill, 2006. PASSOS, C. R. M.; NOGAMI, O. Princípios de Economia. 4.ed. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003. Po lít ic a Fi sc al e o D éfi ci t P úb lic o 207 VASCONCELLOS, M. A. S. Economia: Micro e Macro. 3.ed. São Paulo: Saraiva, 2002 WESSELS, W. Microeconomia. Teoria e Aplicações. São Paulo: Saraiva, 2002.
Compartilhar