Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Unidade 2 - Parte 2 Teoria da Firma: Produção, Custos Esta unidade concentra-se no estudo das variáveis que afetam diretamente as empresas, ou seja, no que está por trás da curva de oferta. Em Microeconomia, denominamos esse estudo de Teoria da Firma. Essa teoria foi criada pelo economista britânico Ronald Coase, em seu artigo publicado em 1937, intitulado “A Natureza da Firma”. Segundo o autor, as firmas trabalham com o lado da oferta de mercado, ou seja, com os produtos e serviços que irão produzir para oferecer aos consumidores. Isso parece, e é, uma afirmação óbvia e simples. Mas nessa simplicidade está uma importante relação econômica: são as firmas que reúnem o capital e o trabalho necessários para transformar as matérias-primas em produtos, agre- gando valor durante o processo de produção. Para produzir, as firmas ainda precisam basear-se na demanda, para ajustar a oferta aos desejos e às necessidades dos consumidores. É isso que faz o mercado funcionar! Assim, a Teoria da Firma está dividida em: Teoria da Produção, Teoria dos Custos e em Estruturas de Mercado. Cada uma dessas divisões será tratada a seguir. Vamos lá? Renata Ferreira 92 4.1 Teoria da Produção A Teoria da Produção analisa a relação existente entre as quantidades produzidas de um bem ou serviço e as quanti- dades utilizadas pelos fatores de produção. É um importante ramo da Microeconomia, já que explica como se dá a geração dos bens e serviços que são oferecidos à sociedade pelo mer- cado. Além disso, a Teoria da Produção proporciona a base para a análise de custos e da oferta de bens produzidos, além de ser uma ferramenta para análise de preços dos fatores de produção e sua alocação entre os diversos usos alternativos na economia. Antes de estudarmos a teoria da produção, alguns con- ceitos iniciais são necessários. O primeiro deles é o conceito econômico de firma (ou empresa). Segundo Móchon (2006), a firma tem como função básica transformar os fatores de produção em bens e serviços próprios para o consumo ou para o investimento. Carvalho (2005) declara que “a firma é uma unidade de produção que atua racionalmente procurando maximizar seus resultados relativos à produção e lucro”. A atividade fundamental de uma empresa é, portanto, a produção de bens e serviços. Mas o que é produção? Este é o nosso segundo conceito inicial. Produção é a transformação dos fatores adquiri- dos pela empresa em produtos para a venda no mercado. Vasconcellos (2002) coloca que, segundo esse conceito, a empresa é apenas uma intermediária: compra insumos, combina-os segundo um processo de produção e vende os produtos resultantes no mercado. Te or ia d a fir m a: p ro du ça ão , c us to s 93 INSUMOS Mão-de-obra PROCESSO DE PRODUÇÃO PRODUTO Capital físico Área, terra Matérias-primas O processo de produção pode ser mão de obra intensi- va, capital intensivo ou ainda terra intensiva. Essa denomina- ção depende do fator de produção utilizado em maior quanti- dade em relação aos demais. fatores de produção No esquema anterior, percebemos que o processo pro- dutivo se inicia com a seleção e a combinação dos fatores de produção (insumos). Existem dois tipos de fatores de produ- ção: fixos e variáveis: Fatores fixos de produção: aqueles cujas quantidades utilizadas não se alteram à medida que se aumentam ou diminuem as quantidades produzidas. Ex.: máqui- nas, instalações, terra (no caso da agricultura), etc. Esses fatores não podem ser aumentados ou diminu- ídos tão rapidamente e demandam um considerável período de tempo. Fatores variáveis de produção: aqueles cujas quanti- dades utilizadas se alteram em função das quantidades produzidas. Ex.: mão de obra, matéria-prima, energia elétrica, etc. A quantidade desses fatores pode variar facilmente quando se deseja o aumento ou a redução na produção. 94 Períodos de Tempo Relevantes para a firma: A partir da classificação dos fatores de produção em fixos e variáveis, estabelece-se a noção dos períodos de tempo relevantes para a firma: o curto e o longo prazos. a. Curto prazo: período de tempo no qual a produção se encontra condicionada à existência de fatores fixos e variáveis de produção, não sendo possível ao empre- sário alterar as quantidades utilizadas dos fatores fixos nesse horizonte de tempo. No curto prazo, pelo menos um fator de produção é fixo e só é possível aumentar (ou reduzir) a produção mediante utilização de mais (ou menos) fatores de produção variáveis. b. Longo prazo: período de tempo no qual o empresário consegue alterar as quantidades de todos os fatores de produção. Dessa forma, no longo prazo, todos os fato- res de produção são variáveis, inclusive aqueles que permaneceram fixos no curto prazo. Processo de Produção: O processo produtivo é a relação física que descreve a forma pela qual os insumos (ou fatores de produção) são transformados em produto. As decisões sobre o processo produtivo dependem de sua eficiência e são importantes porque determinam os cus- tos, o valor agregado ao produto e, consequentemente, inter- ferem na definição do preço que será cobrado do consumidor. O empresário, dentre as diversas combinações para a sua produção, escolhe a mais eficiente. Essa eficiência pode ser avaliada do ponto de vista técnico e econômico: Te or ia d a fir m a: p ro du ça ão , c us to s 95 Eficiência Técnica Entre dois ou mais proces- sos de produção, o tecnica- mente mais eficiente é aquele que permite a obtenção de uma mesma quantidade de produto com a utilização de uma menor quantidade física de fatores de produção. Eficiência Econômica Entre dois ou mais processos de produção, o economica- mente mais eficiente é aquele que permite produzir uma mesma quantidade de produ- to ao menor custo possível. função de Produção: O empresário, ao definir o que produzir, como e quan- to será produzido, irá combinar as quantidades de fatores de produção para obter a quantidade necessária de produto fi- nal. A relação entre a quantidade de insumos e a quantidade de produto final em determinado período de tempo é defini- da pela função de produção. Assim: Função de produção: Qp = f (x1, x2, x3, ...) Qp = quantidade produzida do bem x1, x2, x3, ... = quantidades utilizadas dos fatores de produção Para cada combinação diferente de insumos, a função de produção informa a quantidade máxima de produtos que uma firma pode produzir durante um determinado período. Exemplo: Considere uma empresa que produz sapa- tos masculinos. Sua função de produção indica o máximo de sapatos que poderão ser produzidos a partir de determinada quantidade de couro, pregos, cola, borracha, energia elétrica, mão de obra, máquinas, área utilizada de oficina, etc. Como simplificação, a função de produção é expressa por apenas dois insumos: mão de obra (L) e capital (K). 96 Q = f (L,K) Produção a Curto prazo: Mediante os conceitos de fatores de produção e perío- dos de tempo, podemos concluir que a função de produção de curto prazo possui pelo menos um fator de produção fixo. Assim, consideraremos o capital (K) como fator fixo, e o fator de produção trabalho (L), como variável. A combinação de diferentes unidades de trabalho, con- siderando a unidade de capital fixa, proporciona-nos dife- rentes níveis de produção que podem ser mensurados pelos conceitos abaixo: a. Produto Total (Q): representa a quantidade total de um produto obtida por uma determinada combinação de fatores de produção. b. Produto Médio (PMe) ou Produtividade Média: indicador de eficiência produtiva, representando a contribuição médiade cada unidade utilizada do fator variável para a produção total, a cada nível dessa. Resulta da divisão da quantidade de produto pelo número de unidades do fator variável, no caso, trabalho. PMe = Q = produção total L = quantidade utilizada do fator trabalho c. Produto Marginal (PMg): indica o acréscimo ocorrido na produção total a partir da utilização de cada uni- dade adicional do fator variável, ou seja, representa o Te or ia d a fir m a: p ro du ça ão , c us to s 97 produto extra obtido quando se aumenta a quantidade de trabalho em uma unidade. PMg = ΔQ = variação da produção total ΔL = variação na quantidade utilizada do fator trabalho Exemplo: Consideremos uma empresa fabricante de sorvetes. A tabela a seguir ilustra a produção semanal de li- tros de sorvete dessa empresa, a partir da utilização dos fato- res de produção trabalho e capital. Trabalho (L) Capital (K) Produto Total (Q) Produto Médio PMe = Q/L Produto Marginal PMg = ΔQ/ ΔQL 0 10 0 - - 1 10 10 10 10 2 10 30 15 15 3 10 45 15 15 4 10 55 13,75 10 5 10 60 12 5 6 10 60 10 9 7 10 56 8 –4 De acordo com o que definimos, o capital como o fator de produção fixo não altera seu valor. Desse modo, o quadro estabelece a produção de sorvetes que se obtém a partir de diferentes níveis de trabalho. Reparem que, conforme vamos empregando mais trabalhadores, o produto total aumenta até alcançar um máximo. Depois, à medida que mais trabalha- dores são adicionados, o produto total passa a cair (em nosso exemplo, o produto torna-se decrescente a partir da utiliza- ção da sétima unidade de trabalho). 98 O gráfico a seguir permite visualizar essa situação com mais clareza: 0 1 2 3 4 5 6 7 60 50 10 Q L Produto Total Também podemos desenhar o gráfico do produto mé- dio e marginal. 2 3 6 20 15 L PMe ótimo técnico PMg Observe que o produto médio, assim como o produto total, aumenta no início e atinge um máximo; porém, a partir de um determinado número de trabalhadores adicionados, o produto médio passa a cair (em nosso exemplo, a partir do 4° trabalhador). Repare que o ponto máximo do produto médio é igual ao produto marginal. Esse ponto é denominado de “ótimo técnico”, já que reflete a maior produtividade possível dada a estrutura física da empresa. Ou seja, nesse ponto estamos Te or ia d a fir m a: p ro du ça ão , c us to s 99 diante da quantidade resultante do uso dos insumos da forma mais produtiva. O produto marginal também apresenta o mesmo com- portamento: cresce inicialmente, atinge um máximo e passa a ser decrescente até alcançar um valor nulo e tornar-se nega- tivo. O produto marginal torna-se nulo quando, ao adicionar- mos mais um trabalhador, o produto total não se altera (em nosso exemplo, isso ocorre no 6º trabalhador). A partir desse ponto, o produto marginal é negativo, o que significa que acréscimos de trabalhadores fazem decres- cer a quantidade produzida proporcionalmente, tornando inviável para o produtor agregar mais mão de obra dada a sua estrutura de capital (fator de produção fixo). Lei dos Rendimentos Decrescentes Por que as curvas de produção apresentam esse com- portamento? Porque as formas das curvas de produção refle- tem a Lei dos Rendimentos Decrescentes, que descreve a taxa de mudança na produção de uma empresa quando se varia apenas a quantidade de um fator de produção. Em decorrência desta lei, observa-se que, à medida que se aumenta o uso de um determinado fator de produ- ção (mantendo-se fixos os demais insumos), a produção total aumentará; porém, os acréscimos de produção resultantes da adição de quantidades maiores do fator de produção variável são cada vez menores. É importante lembrar que a Lei dos Rendimentos Decrescentes não aborda as possíveis alterações na qualidade da mão de obra e também não pode ser confundida com retor- nos negativos. A Lei dos Rendimentos Decrescentes descreve um produto marginal declinante, mas não, necessariamente, 100 um produto marginal negativo. No exemplo da empresa de sorvetes, os rendimentos decrescentes surgem a partir da contratação do 2º trabalha- dor (a produtividade marginal da mão de obra passa a dimi- nuir a partir desse momento). 4.2 Teoria dos Custos Quando estudamos a Teoria da Produção, preocu- pamo-nos com a alocação eficiente dos fatores de produção. Porém, a cada uso desses fatores, temos custo relacionado. Por isso, a Teoria da Firma só se completa se estudarmos, jun- tamente com a produção, a Teoria dos Custos. Uma empresa precisa definir quais recursos e em que quantidade serão utilizados na produção de seus bens e ser- viços. Essa quantidade de recursos definirá os custos da empresa. Assim como nós, consumidores, as empresas tam- bém querem comprar gastando pouco. Compreender os custos é fundamental para que a empresa posteriormente possa avaliar seus rendimen- tos, para saber se está sendo lucrativa ou não. Esse é o obje- tivo desta seção: mostrar a visão econômica dos custos para depois compará-los e avaliar o resultado (lucro) da empresa. Custos econômicos O primeiro passo é distinguir os custos econômicos dos custos contábeis. Os custos contábeis (ou custos explícitos) representam os desembolsos monetários efetuados pela empresa para o Te or ia d a fir m a: p ro du ça ão , c us to s 101 pagamento pela aquisição de insumos e materiais, salários dos funcionários, energia, impostos, etc., além da depreciação e dos gastos com a manutenção de instalações e equipamentos. Já os custos econômicos envolvem, além dos custos contábeis, os de oportunidade (apresentados na primeira uni- dade de estudo, lembram-se? Vale uma recordação... Custo de Oportunidade é o custo associado às opor- tunidades que serão deixadas de lado, caso a empresa não empregue seus recursos da maneira mais rentável. Assim, o Custo de Oportunidade envolve os custos de tempo e investi- mento do proprietário da firma. O custo de tempo do proprietário é medido pelo que ele poderia ganhar trabalhando em outro lugar, e o custo de investimento é o que ele poderia receber em outro lugar em juros sobre um investimento de risco equivalente. Os Custos de Oportunidade, também chamados de Custos Implícitos, não implicam em nenhum pagamento monetário pela sua utilização, são estimados a partir do que poderia ser ganho em seu melhor emprego alternativo. Custo Econômico Custo Contábil Custos Explícitos Custos Implícitos Custos Explícitos Um exemplo interessante que ilustra essa diferença foi apresentado por Ramalho (2004): Considere um agricultor. Ele tem um capital acumulado para investimento, que pode ser feito na plantação de laranja em suas terras ou em uma aplicação financeira. 102 A primeira alternativa é o investimento no lado real da economia, e a segunda, é o investimento no lado monetário da economia. Se o agricultor optar pela primeira alternativa e inves- tir na plantação de laranjas, não irá pagar pelo uso das ter- ras. Isso significa que o custo explícito do aluguel é zero. Para um contador, o custo contábil é zero. Mas, para um econo- mista, que pensa em termos do custo de oportunidade, com o uso das terras para o cultivo de laranja, o agricultor sacri- ficou a oportunidade de ganhar o valor de um aluguel des- sas terras para, por exemplo, o proprietário de uma usina de açúcar e álcool que depende da cana-de-açúcar como maté- ria-prima para a produção dessas duas mercadorias. Além disso, se optar pela produção, o agricultor teráque adquirir outros implementos agrícolas necessários à produção, como tratores e equipamentos para pulverização contra pragas dos laranjais. Para isso, ele faz a compra com o dinheiro que tem dis- ponível, em vez de colocá-lo em uma instituição financeira, ganhando juros sobre o capital aplicado. Esse rendimento, que a aplicação financeira teria trazido, também é um custo implícito do negócio, uma vez que o agricultor sacrificou o ganho na forma de juros para viabilizar o empreendimento. Ou seja, pensando como economistas, interpretamos o custo de oportunidade do dinheiro colocado no negócio como a renda que poderia ter sido ganha, caso o dinheiro fosse apli- cado em uma instituição financeira e rendesse juros. Essa distinção entre custos econômicos e contábeis traz uma diferença entre lucro contábil e lucro econômico. Lucro representa a diferença entre o que foi vendido (receita) e o que foi gasto (custos). Assim: Te or ia d a fir m a: p ro du ça ão , c us to s 103 Lucro = Receita – Custos Se as receitas superarem os custos, temos um resultado positivo, ou seja, a empresa aufere lucros. Porém, se os custos forem maiores do que as receitas, temos um resultado nega- tivo, um prejuízo. Se o custo contábil considera apenas os custos explícitos, temos que o lucro contábil será a diferença entre as receitas e os custos explícitos. Já o lucro econômico será a diferença entre a receita e os custos econômicos (custos explícitos mais cus- tos implícitos). Desse modo, como consideramos uma parcela maior de custos, o lucro econômico é inferior ao lucro contábil. Em Economia, usamos a expressão “lucro normal” para descrever a quantia mínima de lucro necessária para manter os recursos empregados e a empresa operando. Uma empresa com lucro normal, tem lucro econômico igual a zero, ou seja, gerou receita suficiente para cobrir os custos explícitos e implí- citos. Cabe lembrar que ter um lucro econômico igual a zero, não significa que contabilmente a empresa não obteve lucros. Nessa situação, como os custos contábeis são menores do que os econômicos, a empresa apresentará lucro contábil positivo. Quando o lucro econômico é positivo, a receita supera os custos totais (implícitos e explícitos), dizemos então que a empresa está operando com lucros extraordinários. E quando a receita é inferior aos custos totais, dizemos que a empresa obteve prejuízo econômico. 104 Lucro extraordinário = lucro econômico positivo Lucro normal = lucro econômico zero Prejuízo econômico = lucro econômico negativo Custos a Curto Prazo: Vimos que no curto prazo existem fatores de produção fixos e variáveis, e a utilização desses fatores gera diferentes níveis de produto, portanto, resultará em diferentes níveis de custos. Nesse sentido, os custos podem ser classificados em: a. Custos fixos: custo associado à utilização dos fatores de produção fixos. Os custos fixos dizem respeito às despesas nas quais a empresa terá que incorrer inde- pendente de produzir ou não e, por isso, serão sempre iguais independentes do nível de produção. Por exem- plo, aluguel da firma (é um custo associado às instala- ções da firma – fator de produção fixo): se a empresa produzir mais ou menos terá que pagar o mesmo valor do aluguel todos os meses. b. Custos variáveis: soma dos custos associados à utiliza- ção dos fatores de produção variáveis (ex.: salários dos trabalhadores, compra de matérias-primas. etc). Esses custos variam de acordo com o volume de produção (para produzir mais unidades, é necessário adquirir mais matéria-prima e, portanto, maior será esse tipo de custo). Se nada for produzido, o custo variável será zero e aumentará à medida que aumenta a produção. Te or ia d a fir m a: p ro du ça ão , c us to s 105 c. Custo total: é o total de gastos da firma, ou seja, é a soma de todos os custos fixos e variáveis: Custo total = Custo fixo + Custo variável Ct = CF + CV = CT Q Custo Médio (CMe) = Custo Total Quantidade produzida = CF Q Custo Fixo Médio (CFMe) = Custo Fixo Quantidade produzida d. Custo Médio (CMe): Custo médio é o custo por uni- dade de produto, ou seja, é a parcela do custo total cor- respondente a cada unidade produzida. É dado pela fórmula: Já que o custo total é a soma dos custos fixos e variá- veis, podemos desmembrar o custo médio em custo médio fixo e custo variável fixo. O custo fixo médio (CFMe) representa o custo fixo por unidade produzida, ou seja, o custo fixo dividido pela quan- tidade. Quanto maior a produção da empresa, menor será o custo fixo médio. Já o custo variável médio (CVMe) representa o custo variável dividido pela quantidade produzida. Assim: 106 = CV Q Custo Variável Médio (CVMe) = Custo Variável Quantidade produzida e. Custo marginal (CMg): Custo marginal é o aumento de custo ocasionado pela produção de uma unidade adicional de produto, ou seja, diz quanto o custo muda se a empresa alterar seu nível de produção. É dado pela fórmula: = ΔCT ΔQ Custo Marginal (CMg) = Variação do Custo Total Variação na quantidade produzida O exemplo a seguir ajuda-nos a compreender o com- portamento desses custos. Considere uma empresa que fabri- ca bicicletas e apresenta a seguinte estrutura de custos: Quanti- dade produ- zida Q Custo Fixo CF Custo variável CV Custo Total CT Custo Fixo Médio CFme Custo Variável Médio CVme Custo Total Médio CMe Custo Marginal CMg 0 180 0 180 0 0 0 0 1 180 90 270 180 90 270 90 2 180 120 300 90 60 150 30 3 180 135 315 60 45 105 15 4 180 165 345 45 41,25 86,25 30 5 180 225 405 36 45 81 60 6 180 360 540 30 60 90 135 Vamos desenhar o gráfico desses custos: Fonte: PASSOS & NOGAMI, 2003. Te or ia d a fir m a: p ro du ça ão , c us to s 107 Cme, Cvme, Cmg ($) quantidade produzida 1 2 3 4 5 6 7 Cme b a Cvme Cmg 300 275 250 225 200 175 150 125 100 75 50 25 0 Observando o gráfico e a tabela, podemos fazer algu- mas observações: ▪ O custo total é sempre crescente, em decorrência do aumento dos custos variáveis. ▪ O Custo fixo médio é decrescente em toda a sua exten- são, tendendo a zero para produções elevadas. ▪ O Custo variável médio, custo médio e custo margi- nal apresentam formato de “U”, ou seja, são decres- centes até atingir um ponto mínimo; depois passam a crescer. Isso é consequência da Lei dos Rendimentos Decrescentes. ▪ A curva de custo marginal corta as curvas de custo médio e custo variável médio em seus mínimos (pon- tos a e b) do gráfico. O Equilíbrio da firma: o “Break-even point” O ponto de equilíbrio da firma ou break-even point pode ser definido como o ponto no qual a receita de vendas cobre todos os custos fixos e variáveis, ou seja, a empresa não tem lucro nem prejuízo (o lucro é igual a zero). Em outras 108 palavras, é o ponto mínimo de produção e vendas em que a empresa pode funcionar sem que ocorram perdas. Break-even point: Receita total = Custo total Lucro = Zero Compreender o ponto de equilíbrio é tão importante que esse assunto é abordado em diversas disciplinas como Matemática, Custos, Economia, Administração Financeira, em algumas disciplinas de marketing (quando precisamos saber o volume mínimo de vendas, quando vamos elaborar um projeto de negócios, etc.). Agora que sabemos a importância dessa ferramenta, podemos entender como se calcula. Considere o seguinte exemplo: Uma empresa fabricante de máquinas fotográficas apresenta um custo fixo para produção e distribuição de um produto de R$3.750,00 semanais;o custo variável unitário é de R$400,00 e o preço de venda da máquina é R$550,00. Sabemos que a receita (ou o faturamento) de uma empresa é dado por: Receita = preço × quantidade R = 550 Q Os custos de uma empresa podem ser divididos entre custos fixos e variáveis e apenas os custos variáveis depen- dem da quantidade, assim: Custo total = custo fixo + custo variável CT = 3.750 + 400 Q Te or ia d a fir m a: p ro du ça ão , c us to s 109 Como no ponto de equilíbrio, o custo se iguala à recei- ta, teremos Receita = Custos 550 Q = 3750 + 400 Q 550 Q – 400 Q = 3750 150 Q = 3750 Q = 3750 / 150 Q = 25 unidades Ou seja, a empresa precisa vender 25 unidades para não ter prejuízo (terá lucro igual a zero). Se vender menos que 25 unidades, os custos superarão as receitas, gerando preju- ízo e, se vender mais do que 25 unidades, as receitas serão maiores que os custos, proporcionando a geração de lucro. O gráfico a seguir ilustra essa situação: R$ 13.75 3.750 25 Quantidade Custo Total Receita Total O ponto de equilíbrio é dado pela intersecção da curva de Receita Total com a curva de Custo Total; nesse ponto, não há lucro nem prejuízo. Vendas superiores a 25 unidades, a curva da receita é maior do que a curva de custo total, pro- porcionam um lucro para a empresa; mas vendas menores do que 25 unidades, a curva de receita está abaixo da curva de custo, o que resulta em prejuízo. 110 Todas as empresas buscam auferir lucros. É o lucro que move o ciclo produtivo! Por isso conhecer o ponto de equi- líbrio é uma ferramenta importante para a empresa que es- teja abaixo do ponto tenha uma meta a percorrer e, para as empresas que estão operando com lucros, saibam o quanto superaram essa marca. REfERêNCIA BOYES, W.; MELVIN, M. Introdução à Economia. São Paulo: Ática, 2006. HALL, R. E.; LIEBERMAN, M. Microeconomia: Princípios e Aplicações. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003. MANKIW, G. N. Introdução à Economia: Princípios de Mi- cro e Macroeconomia. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2001. MOCHÓN, F. Economia: Teoria e Política. 5. ed. São Paulo: Mc Graw Hill, 2006. PASSOS, C. R. Martins; NOGAMI, O. Princípios de Econo- mia. 4. ed. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003. RAMALHO, C. M. Teoria dos Custos. Apostila de aulas on-line - Curso de Economia. São Paulo: Universidade Anhembi Morumbi, 2004. VASCONCELLOS, M. A. S. Economia: Micro e Macro. 3.ed. São Paulo: Saraiva, 2002.
Compartilhar