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EAD ECONOMIA Unidade 3 Parte 1

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Unidade 3 - Parte 1
Estruturas de Mercado
Quantos produtos e serviços diferentes são oferecidos 
para	venda	no	mercado	brasileiro?	Ninguém	sabe	quantificar	
isso,	mas	podemos	afirmar	que	 são	dezenas	de	milhões.	A	
diferenciação do produto nos faz perder a noção de quantos 
bens e serviços há à disposição. A comercialização dos pro-
dutos é feita em um mercado com compradores e vendedores 
que também apresentam características diferentes. Um ser-
viço	médico,	por	 exemplo,	 é	 comercializado	de	 forma	dife-
rente do que um pneu para automóveis.
Você não vê um médico na televisão convencendo-o a 
frequentar a clinica dele, nem um agricultor convencendo-o 
que o milho que vende é o melhor. A forma de interação entre 
compradores e vendedores varia conforme as característi-
cas do mercado em que atuam. Em Economia, o estudo das 
características dos mercados e das diferenças de comerciali-
zação entre bens e serviços é denominado de Estruturas de 
Mercado. Segundo Troster (2005, p. 191) as estruturas de mer-
cado são “modelos que captam aspectos inerentes de como os 
mercados estão organizados”.
Cada estrutura de mercado destaca alguns aspectos 
essenciais da interação da oferta e da demanda e se baseia em 
hipóteses	e	em	características	observadas	nos	mercados	exis-
tentes,	tais	como:	tamanho	da	firma,	diferenciação	do	produto,	
transparência do mercado, acesso de novas empresas, entre 
outras. As estruturas de mercado clássicas são: concorrência 
perfeita, monopólio, concorrência monopolística e oligopólio.
Vamos conhecê-las?
Renata Ferreira
116
5.1
Concorrência Perfeita
Vamos começar com a palavra concorrência. Hall e 
Lieberman	 (2003,	 p.	 254)	 trazem	 um	 exemplo	 interessante	
para ilustrar esse conceito. Concorrência pode representar 
uma	rivalidade	mais	agressiva,	como	a	que	existe	entre	dois	
boxeadores	competindo	em	um	ringue	ou,	ainda,	pode	repre-
sentar uma forma menos pessoal de concorrência, como o 
vestibular, em que milhares de jovens concorrem entre si por 
uma vaga na universidade.
Esse último tipo de concorrência é impessoal: o candi-
dato está fazendo o melhor que pode, buscando se destacar 
em relação aos demais candidatos que também estão fazendo 
a prova em diversas salas de aula espalhadas pelo país.
Na Economia, o termo concorrência é usado no último 
sentido. Assim, a concorrência perfeita é a estrutura de mer-
cado que apresenta as seguintes características:
 ▪ Grande número de compradores e vendedores: como 
o número de participantes do mercado é elevado, 
nenhum agente, seja comprador ou vendedor, conse-
gue	influenciar	no	preço	de	mercado,	tornando	impos-
sível os acordos de preços.
 ▪ Homogeneidade de produtos: todas as empresas pro-
duzem produtos idênticos (não há diferenciação de 
produto, embalagem, qualidade, etc.) e portanto são 
substitutos entre si.
 ▪ Aceitação	 de	 preços:	 com	 um	 significativo	 número	
de concorrentes, cada empresa vende uma parcela 
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pequena do total produzido pelo mercado e suas deci-
sões	 não	 afetam	 o	 preço	 ali	 fixado.	 Desse	 modo,	 a	
empresa segue o preço de mercado, dizemos que ela é 
um tomadora de preços.
 ▪ Livre entrada e saída: é um mercado com livre mobi-
lidade	de	firmas,	ou	seja,	não	há	custos	especiais	que	
impeçam a entrada ou a saída de uma empresa no mer-
cado. Nesta estrutura, os fornecedores podem entrar 
ou sair livremente do mercado, e os consumidores 
podem facilmente trocar de fornecedor. Se as empre-
sas	podem	entrar	 e	 sair	 livremente,	 existe	 a	flexibili-
dade e a mobilidade de recursos (todos os insumos são 
perfeitamente móveis).
 ▪ Perfeita informação: (transparência) consumidores e 
vendedores têm acesso a toda informação relevante, 
ou seja, os consumidores conhecem os preços e a qua-
lidade dos bens disponíveis, e as empresas dispõem de 
informações perfeitas sobre custos, preços e tecnologia.
A	hipótese	de	que	uma	firma,	isoladamente,	não	con-
segue interferir no preço de mercado tem uma consequên-
cia importante, já que afeta o comportamento da demanda 
do produto.
Já vimos, em unidades anteriores, que o preço de mer-
cado é determinado pela intersecção das curvas de oferta e de 
demanda da indústria, porém, como a empresa competitiva é 
tomadora de preços, tem que se subordinar ao preço determi-
nado	pelo	mercado	(para	a	firma,	o	preço	torna-se	uma	vari-
ável	externa,	já	que	não	é	determinado	por	ela).	A	esse	preço	
poderá vender a quantidade que decidir, fazendo com que a 
curva de demanda da empresa individual seja horizontal.
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O	gráfico	abaixo	ilustra	essa	situação.
P
PE
PE
P
D
Empresa Mercado
Oferta de mercado
Demanda de mercado
Demanda da
Empresa
Diante	dessas	características,	podemos	afirmar	que	a	
concorrência perfeita é uma concepção mais teórica, porque 
atualmente mesmo os mercados mais concorrenciais apre-
sentam uma parcela de diferenciação ou um grau de imper-
feição	e,	portanto,	não	 temos	um	exemplo	que	se	enquadre	
perfeitamente nessa estrutura.
Os	 produtos	 agrícolas	 são	 exemplos	 que	 se	 aproxi-
mam	desse	conceito.	Consideremos	o	espinafre,	por	exemplo.	
Temos muitos produtores e vendedores de espinafre, que é 
um produto homogêneo. Mas nenhum produtor se destaca 
e, portanto, não possui força isoladamente para interferir no 
preço do mercado. Trata-se de um mercado que possui livre 
entrada e saída (qualquer um pode produzir espinafre e não 
enfrentará barreiras impostas pela concorrência), tem-se mui-
tos consumidores, visto que é um produto que faz parte do 
item “alimentação”, essencial para os indivíduos.
Mesmo que essa estrutura seja apenas um modelo ideal, 
um referencial mais teórico, é importante conhecê-la. Troster 
(2005, p. 195) salienta que a concorrência perfeita é empregada 
em muitos estudos que procuram descrever o funcionamento 
da economia pelas inúmeras consequências derivadas de suas 
hipóteses, daí a importância de seu conhecimento.
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5.2
Monopólio
Na	maioria	das	compras	que	realizamos	existe	mais	
de um vendedor “disputando” o nosso dinheiro e podemos 
escolher	de	quem	comprar.	Porém,	existem	casos	em	que	a	
escolha	não	é	possível.	Se	você	pretende,	por	exemplo,	man-
dar uma carta por vias normais, você tem que usar o ser-
viço dos Correios, não tem alternativa. Nesse caso, estamos 
diante de um monopólio.
O	monopólio	 é	 a	 estrutura	 em	que	 existe	 apenas	 uma	
empresa	atuando	no	mercado	 (a	firma	é	o	próprio	setor),	não	
há	 substitutos	 próximos	 para	 esse	 bem	 e	 existem	 barreiras	 à	
entrada	de	novas	firmas	no	mercado.	Desse	modo,	a	oferta	da	
empresa	é	a	oferta	de	mercado,	e	a	demanda	da	firma	é	a	própria	
demanda do mercado (a demanda do monopolista é, portanto, 
decrescente – como as demandas que estudamos na unidade 02).
A ausência de concorrência é que garante o monopó-
lio, ou seja, ele persiste quando há barreiras à entrada que 
impedem	que	novas	firmas	entrem	no	setor.	Essas	barreiras	
podem ser:
 ▪ Barreiras legais: A lei limita que alguns produtos só 
podem	ser	produzidos	por	uma	firma.
 ▪ Monopólios estatais (ou institucionais): Estão em 
setores	 estratégicos	 ou	 de	 infraestrutura	 Exemplo:	
Petrobrás.
 ▪ Patentes e direitos autorais: Direito único de produ-
zir o bem, evitando que o outro copie a ideia durante 
120
certo	período.	Exemplo:	medicamentos	(a	patente	é	jus-
tificada	 como	meio	 de	 a	 indústria	 recuperar	 o	 capi-
tal investido em anos de pesquisa até o lançamento 
do medicamento), direitos autorais do escritor de um 
livro ou de um compositor. Ao lidar com esses casos de 
patentes e propriedade intelectual, o governo assume 
o compromisso de permitir que os criadores do pro-
duto desfrutem de ummonopólio e obtenham lucros 
extraordinários	por	um	período	de	tempo.	Após	esse	
período, é concedida a permissão para que outros ven-
dedores entrem no mercado e espera-se que a concor-
rência	entre	eles	abaixe	os	preços.
 ▪ Controle de recursos estratégicos: Um monopólio em 
um setor também pode surgir porque uma empresa 
já é monopolista na venda de alguma matéria-prima 
fundamental	para	o	setor.	Exemplo:	a	empresa	sul	afri-
cana DE BEERS, nos anos 80, chegou a controlar 90% 
da produção mundial de diamantes, por ter comprado 
a maior parte das minas de diamante do mundo, e 
até hoje atua praticamente como monopolista. Outro 
exemplo	é	a	empresa	ALCOA	(Aluminium	Company	
of América), que até os anos 40 era a única vendedora 
de alumínio dos EUA porque possuía todos os depó-
sitos	de	bauxita	do	país	 (um	recurso	necessário	para	
a produção de alumínio). Atualmente, essa situação 
é a menos comum, uma vez que as economias atuais 
são grandes e os recursos têm muitos proprietários. 
Também	há	meios	que	facilitam	a	existência	de	substi-
tutos	próximos	dos	produtos,	o	que	elimina	a	possibi-
lidade de monopólio.
 ▪ Diferenças de custos, superioridade tecnológica e 
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grandes economias de escala: Em alguns mercados, 
devido à alta escala de produção requerida, os inves-
timentos iniciais para participar do mercado são ele-
vados,	 dificultando	 a	 entrada	 de	 concorrentes	 no	
mercado. Assim, a nova empresa não tem como ofere-
cer o produto a um preço equivalente, e o resultado é 
um Monopólio Natural. Essa situação está associada, 
geralmente, a serviços de utilidade pública, como ener-
gia elétrica, fornecimento de água, etc.
 ▪ Outros: tradição no mercado, força da marca, etc. A 
publicidade, a tradição da marca e outras estratégias 
mercadológicas referentes ao produto podem criar 
barreiras à entrada de possíveis rivais e aumentam o 
poder de mercado da empresa que atua no mercado.
É muito comum nos monopólios (e até nos oligopólios) 
uma prática denominada Discriminação de Preços. Ela repre-
senta a prática de vender os mesmos bens por preços diferen-
tes. Para ser considerada discriminação de preços, é preciso 
que o bem tenha a mesma qualidade e o mesmo custo.
Um	exemplo	de	discriminação	de	preços	 é	 o	 cinema,	
pois pode-se vender duas poltronas por preços distintos, uma 
para estudantes (que paga menos) e outra para os não-estu-
dantes. Ambos ocupam a mesma quantidade de produto (uma 
poltrona)	e	exibir	o	filme	custa	o	mesmo.	Por	outro	lado,	com-
prar um carro em Roraima e outro em São Paulo não represen-
tam uma discriminação de preços, visto que as diferenças de 
preço	refletem	o	custo	adicionado	do	transporte.
Como está sozinho no mercado, o monopolista tem 
papel fundamental na determinação do preço do mercado. 
Porém, cabe destacar que ele não pode aumentar o preço do 
produto	da	forma	como	bem	entende,	afinal,	o	monopolista	
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é limitado pela demanda do mercado, ou seja, seus consumi-
dores sinalizam até que ponto o preço pode ser aumentado. 
Denominamos de poder de monopólio (ou poder de mercado) 
a capacidade de uma empresa de aumentar seus preços redu-
zindo sua própria produção. Em alguns mercados, o poder de 
monopólio é maior (geralmente para produtos essenciais) do 
que em outros.
Em comparação com a concorrência perfeita, no mono-
pólio	os	preços	são	superiores,	dado	que	a	firma	tem	poder	de	
monopólio sobre os preços do mercado (como está sozinho, 
pode cobrar um preço superior que, mesmo assim, continu-
ará vendendo seus produtos), porém, por não haver concor-
rência, a quantidade produzida em um mercado monopolista 
é menor do que a produzida por um mercado concorrencial. 
Desse modo, dizemos que, do ponto de vista social, a concor-
rência	perfeita	 é	mais	 eficiente,	pois	 coloca	à	disposição	da	
sociedade mais produtos (a um preço menor).
Nas	 últimas	 décadas,	 a	 execução	 de	 uma	 legislação	
rigorosa a favor da manutenção da concorrência eliminou 
muitos	monopólios,	 e,	os	potenciais,	ficaram	sob	o	controle	
de órgãos reguladores dos governos. O objetivo dessa inter-
venção	 é	 garantir	 a	 concorrência	 no	mercado,	 beneficiando	
o consumidor que, além de obter mais produtos, pode esco-
lher de quem comprar e a que preço. Os monopólios também 
enfrentam uma ameaça poderosa: a tecnologia. 
Veja,	por	exemplo,	o	serviço	de	telefonia	fixa:	existe	um	
monopólio da empresa de telefonia local, não temos escolha. 
Na verdade, não tínhamos, pois com o avanço da tecnologia 
temos a possibilidade de usar o telefone por cabo (serviço 
já oferecido pelas empresas de televisão a cabo), acabando 
com	o	monopólio	local	da	telefonia	fixa.	Alguns	monopólios	
ainda sobreviverão, especialmente os sustentados por barrei-
ras	 legais,	mas,	de	um	modo	geral,	podemos	afirmar	que	o	
mundo monopolista está encolhendo.
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Concorrência Imperfeita
A maioria dos mercados não é perfeitamente competi-
tivo,	nem	perfeitamente	monopolista.	Esses	mercados	ficam	
em	algum	lugar	entre	esses	dois	extremos.	Para	as	estruturas	
de mercado que abrigam essas situações, denominamos de 
concorrência imperfeita.
Segundo Hall e Lieberman (2003, p. 327) a concorrência 
imperfeita	se	refere	às	estruturas	de	mercado	nas	quais	exis-
tem mais de um vendedor, mas poucos para criar um mercado 
perfeitamente competitivo. Geralmente esses mercados violam 
outras condições da concorrência perfeita como a hipótese de 
produto	homogêneo	ou	de	livre	entrada	e	saída	de	firmas.
Estudaremos dois tipos de concorrência imperfeita: a 
concorrência monopolística e o oligopólio.
Concorrência Monopolística
Trata-se de uma estrutura de mercado com as seguin-
tes características:
 ▪ Existem	muitas	firmas	atuando	no	mercado.
 ▪ Cada	firma	produz	um	produto	diferenciado,	mas	com	
substitutos	 próximos.	 Assim,	 a	 diferenciação	 pode	
ser real e informacional: a real refere-se à diferença 
física	 ou	 de	 localização	 entre	 o	 produto	 das	 firmas	
que atuam no mercado (são diferenças objetivas, como 
desempenho, tamanho, frequência de reparo, longe-
vidade do produto, etc.). A diferenciação informacio-
nal	está	relacionada	à	reputação	ou	imagem	da	firma	
pelo consumidor, estando, portanto, fortemente ligada 
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às estratégias de promoção, publicidade, divulgação 
e posicionamento da marca (são fatores que afetam a 
preferência do consumidor).
 ▪ Não	 há	 barreiras	 à	 entrada	 de	 novas	 firmas	 (livre	
entrada e saída).
 ▪ Cada empresa tem um pequeno poder sobre os preços, 
dado que os produtos são diferenciados, e o consumi-
dor tem opções de escolha, de acordo com suas pre-
ferências. Assim, uma empresa pode cobrar um preço 
diferente	em	relação	aos	seus	concorrentes,	já	que	exis-
tem consumidores que aceitarão pagar mais caro pela 
identificação	 com	 a	marca	 ou	pela	 diferenciação	 que	
observa no produto. Porém, esse poder sobre o preço é 
limitado, já que o produto apresenta muitos substitutos 
(até	mesmo	os	clientes	mais	fiéis	desaparecem	quando	
a	diferença	de	preços	é	excessiva).
 
Exemplos	 de	 concorrência	 monopolística	 podem	 ser	
dados pelo setor de serviços, como salões de beleza, acade-
mias de ginástica, bares, etc.
No curto prazo, como produz um produto diferenciado, 
um concorrente monopolista age como um monopolista, já que 
não	existe	um	produto	idêntico	ao	seu,	elabora	suas	estratégias	
de modo individualizado (claro que não desconsidera a con-
corrência). Porém, no longo prazo, tem comportamento de con-
corrência perfeita, já que se depara com um mercado repleto de 
concorrentes que oferecem produtos similares. 
Veja,	por	exemplo,	o	McDonald’s:	os	seus	lanches	são	
diferenciados de tal modo que, no curto prazo, toma suas 
decisões de preçoe de divulgação do produto de forma indi-
vidual. Mas, no longo prazo, sabe que pertence ao mercado 
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de lanches e a concorrência é elevada (qualquer um pode 
abrir uma lanchonete, é um mercado sem barreiras), portanto 
as	decisões	se	aproximam	da	concorrência	perfeita.
Oligopólio
O oligopólio é a estrutura de mercado que prevalece 
nas economias do mundo ocidental. Essa estrutura apresenta 
as seguintes características:
 ▪ Poucas empresas são responsáveis pela maior parte ou 
a totalidade da produção do mercado.
 ▪ Se levarmos em conta o posicionamento das empresas 
temos	a	seguinte	classificação:
 ▪ Concentrado:	há	um	pequeno	número	de	firmas	no	
setor.	Exemplo:	indústria	automobilística,	indústria	
de cimento, etc.
 ▪ Competitivo:	existem	várias	empresas	no	mercado,	
porém um pequeno número de empresas domina 
o	 setor.	 Exemplo:	 setor	 de	 laticínios	 (praticamente	
dominado pela Nestlé e Parmalat), setor de produtos 
de higiene e limpeza (praticamente dominado pela 
Gessy Lever e Procter & Gamble).
 ▪ Há	barreiras	à	entrada	de	novas	firmas.
 ▪ Os produtos podem ser homogêneos ou diferenciados.
 ▪ Oligopólio com produtos homogêneos (oligopólio 
puro): cimento, alumínio, etc.
 ▪ Oligopólio com produtos diferenciados: automóveis, 
eletrodomésticos, etc.
 ▪ As	firmas	são	interdependentes,	ou	seja,	a	ação	de	uma	
firma	provoca	uma	reação	das	concorrentes.	As	empre-
sas possuem controle sobre os preços, mas devem levar 
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em conta as prováveis reações de seus rivais antes de 
tomar decisões. Essa interdependência faz com que as 
empresas desenvolvam ações estratégicas para con-
quistar mercado. Assim, cada mercado passa a ter uma 
forma	 de	 atuação	 diferente,	 o	 que	 dificulta	 a	 elabo-
ração	de	um	modelo	único	para	explicar	o	 funciona-
mento dos oligopólios.
No oligopólio, podemos encontrar duas formas de atu-
ação das empresas:
a. As empresas concorrem entre si, via diferenciação do 
produto, guerra de preços ou de promoções 
b. As empresas formam conluios, cartéis. Segundo 
Vasconcellos (2002, p. 171) um cartel é “uma organiza-
ção (formal ou informal) de produtores dentro de um 
setor, que determina a política para todas as empre-
sas,	 fixando	 preços	 e/ou	 cotas	 do	 mercado	 entre	 as	
empresas”. Um cartel pode ser: perfeito, quando todas 
as empresas têm a mesma participação, ou imperfeito, 
quando	existem	empresas	líderes	(têm	maior	tamanho	
ou	custos	menores),	que	fixam	os	preços	ou	definem	a	
maior cota. O cartel mais conhecido em nível interna-
cional	é	a	OPEP	(Organização	dos	Países	Exportadores	
de Petróleo). Os países integrantes reúnem-se regu-
larmente	 para	 definir	 a	 quantidade	 que	 será	 produ-
zida e vendida, afetando na determinação do preço do 
produto.
Para evitar que se formem mercados muito concen-
trados e até mesmo monopólios naturais, os governos bus-
cam medidas para a organização de um sistema de defesa 
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da concorrência. No Brasil, quem trata desses assuntos é o 
Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), que 
é responsável pela “prevenção e repressão às infrações sobre 
a ordem econômica orientada pelos princípios constitucio-
nais de liberdade de iniciativa, livre concorrência, defesa dos 
consumidores e repressão ao abuso do poder econômico” 
(MOCHÒN, 2006, p. 139).
Como	exemplo,	temos	a	fusão	das	empresas	Brahma	e	
Antarctica, cujo processo foi analisado pelo CADE, determi-
nando que a nova empresa (Ambev) deveria vender a marca 
Bavária para que a fusão fosse autorizada.
Teoria dos Jogos
Nas	outras	estruturas	de	mercado,	as	firmas	agem	de	
forma independente, não se preocupam com as reações das 
concorrentes. Mas no oligopólio é diferente.
A	 ideia	de	que	as	firmas	agem	de	 forma	 interdepen-
dente	é	o	grande	desafio	no	estudo	dos	oligopólios,	visto	que	
não	 existe	 uma	 teoria	 única	 para	 explicar	 a	 determinação	
do equilíbrio nessa estrutura de mercado. Para entender um 
pouco sobre a interdependência estratégica, utilizaremos a 
abordagem da Teoria dos Jogos.
A Teoria dos Jogos é o estudo das decisões em situação 
interativa, ou seja, é uma estrutura usada para analisar oli-
gopólios ou outra situação em que o comportamento de uma 
pessoa afeta as outras. Não é uma abordagem usada ape-
nas em Economia, pois é muito utilizada em Ciência Política, 
estratégia militar, Sociologia, entre outras áreas.
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Conceitos Básicos
Antes de entendermos como funciona a Teoria dos 
Jogos, é importante conhecermos alguns conceitos básicos.
Segundo Gremaud e Braga (2005, p. 247) um jogo 
é caracterizado pelo conjunto de regras e pelo conjunto de 
resultados. Um jogo é uma situação em que os participantes 
(jogadores) tomam decisões estratégicas e geralmente é repre-
sentado através de uma matriz de resultados (ou matriz de 
pay-offs),	a	qual	mostra	os	lucros	e	as	perdas	para	cada	joga-
dor, originados de cada uma de suas escolhas e de cada esco-
lha	de	seus	rivais.	Basicamente	existem	dois	tipos	de	jogos:
 ▪ Um jogo cooperativo ocorre quando seus participantes 
podem negociar contratos vinculados entre si, permi-
tindo que planejem estratégias em conjunto.
 ▪ Já um jogo não-cooperativo ocorre quando não é possí-
vel a negociação de tais contratos entre os participantes.
Os jogadores são agentes econômicos que tomam deci-
sões.	 Podem	 ser:	 consumidores	 buscando	 maximizar	 a	 sua	
satisfação;	 firmas	 buscando	 maximizar	 os	 seus	 lucros	 ou	
aumentar a fatia de mercado; governo analisando formas de 
implementar sua política econômica; bancos analisando o pro-
cesso de concessão de empréstimos e captação de recursos; 
investidores analisando a viabilidade de projetos, entre outros.
Outro conceito relevante é o de Estratégia, que repre-
senta	o	conjunto	de	ações	a	ser	executado	ao	longo	do	jogo:	as	
alternativas possíveis. Essas alternativas podem ser simples 
(resumindo-se	em	apenas	uma	ação)	ou	complexas	(quando	
consideramos	 alternativas	 do	 tipo:	 se	 o	 outro	 jogador	 fizer	
isso, eu faço aquilo - são ações inter-relacionadas).
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Dilema dos Prisioneiros
É	o	exemplo	clássico	da	teoria	dos	 jogos,	é	a	maneira	
mais fácil de entender como a Teoria dos Jogos funciona.
Para ilustrar o problema, temos: dois parceiros foram 
acusados de um crime (assassinato). Agora eles estão em celas 
separadas e não podem se comunicar. A polícia tem provas 
apenas para condená-los por roubo, desse modo, a evidência 
de assassinato não pode ser usada no tribunal, a não ser que 
consigam	uma	confissão.
Cada preso é abordado pela polícia, de forma isolada, 
na	tentativa	de	obter	essa	confissão.	Se	nenhum	confessar	o	
assassinato, os presos serão condenados apenas por roubo, 
pegando uma pena de 5 anos.
Se apenas um dos criminosos admitir o crime de assas-
sinato,	o	que	confessou	é	beneficiado	pela	“delação	premiada”	
e pega apenas 3 anos, enquanto o seu parceiro que não con-
fessou pega 20 anos de prisão. Porém, se os dois confessa-
rem,	não	haverá	beneficiamento	e	ambos	serão	condenados	
por assassinato, pegando, cada um, 10 anos de prisão.
O que você acha que acontecerá?
Cada	prisioneiro	é	um	jogador	e	a	matriz	de	pay-offs	
para esse jogo está ilustrada a seguir:
Ações do preso A
Não confessa
Não confessa
Confessa
Confessa
Preso A
pega 10 anos
Preso A
pega 20 anos
Preso B
pega 3 anos
Preso B
pega 5 anos
Preso B
pega 20 anos
Preso B
pega10 anos
Preso A
pega 5 anos
Preso A
pega 3 anos
Ações do preso B
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Colocando apenas os resultados, temos:
Preso A
Preso B
Confessa
Confessa
Não Confessa
Não Confessa
–3, –20 –10, –10
–5, –5 –20, –3
Vamos	examinar	ojogo:	Se	pudessem	fazer	um	acordo,	
nenhum confessaria o crime e pegariam apenas 5 anos de 
prisão. Mas, como os presos estão isolados e não têm certeza 
das	ações	de	seu	companheiro	(e	nem	confiam	nelas),	 terão	
que analisar a interdependência das suas ações. 
Antes de tomar suas decisões, cada um se perguntará 
“qual é a melhor estratégia se o meu parceiro confessar?”. A 
primeira linha da matriz nos guia no raciocínio: se o com-
panheiro	confessar,	eu	posso	ficar	quieto	e	pegar	20	anos	de	
prisão ou confessar o crime e pagar 10 anos. A melhor esco-
lha será confessar. 
Depois fará o mesmo para o caso: “e se meu companheiro 
não confessar o crime, o que eu faço?”. A segunda linha da matriz 
nos	ajuda	a	tomar	a	decisão:	se	ele	ficar	quieto	eu	posso	fazer	a	
mesma	coisa	e	pegar	5	anos	ou	posso	confessar	e	me	beneficiar,	
pegando apenas 3 anos. O melhor a fazer é CONFESSAR. 
Como o outro prisioneiro terá o mesmo raciocínio, o 
resultado do jogo será: AMBOS CONFESSAM e pegam 10 
anos de prisão cada um.
A combinação de estratégias escolhidas nos leva ao 
resultado do jogo. Esse resultado é chamado de Equilíbrio 
de Nash, que é um equilíbrio não-cooperativo, ou seja, cada 
jogador toma suas decisões visando obter o maior ganho pos-
sível em função da atuação dos seus concorrentes.
No equilíbrio de Nash, podemos considerar os seguin-
tes comportamentos dos jogadores:
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 ▪ Eu estou fazendo o melhor que posso em função do 
que o meu concorrente está fazendo;
 ▪ O meu concorrente está fazendo o melhor que pode em 
função do que eu estou fazendo.
Reparem, ainda, que, neste caso, para cada indagação 
o melhor resultado é confessar, ou seja, independente da ação 
do outro jogador, cada um tem uma estratégia melhor.
Nesse jogo, portanto, a estratégia “confessar” é deno-
minada de Estratégia Dominante. O prisioneiro A passará 
menos tempo na cadeia se confessar, independentemente se 
o B confessar ou permanecer em silêncio. O mesmo acontece 
para o prisioneiro B.
Estratégia Dominante: estratégia melhor para um 
jogador quaisquer que sejam as estratégias escolhidas pelos 
outros jogadores.
O Dilema dos Prisioneiros e os Oligopólios
As empresas oligopolistas agem da mesma forma que 
os prisioneiros, analisam o comportamento de seus concor-
rentes e buscam a melhor alternativa para suas ações.
Desse modo, podemos criar jogos a partir de situa-
ções, como: decisões de produção, decisões políticas, guerra 
de preços, lançamento de produtos, decisões de promoção e 
publicidade,	 divulgação	 em	mídias	 distintas	 (por	 exemplo,	
fazer ou não uma propaganda na TV), entre outros.
Você não quer tentar uma situação que pode ser anali-
sada através de um jogo corporativo? Tente e envie sua suges-
tão para o professor pelo Fórum.
132
Algumas Estruturas Particulares
Até agora analisamos as estruturas de mercado pelo 
lado da oferta, ou seja, caracterizando o número de empresas 
que atuam no mercado. Porém, também é possível observar 
características particulares pelo lado da demanda.
Quando	 em	 um	mercado	 existe	 apenas	 um	 compra-
dor (um demandante) para um produto fornecido por várias 
empresas, temos um monopsônio. Essa situação pode ocor-
rer no mercado de trabalho quando uma empresa se instala 
em	uma	cidade	do	interior.	Por	ser	única,	torna-se	exclusiva	
demandante da mão de obra local.
Já quando um número pequeno de demandantes deve 
absorver os produtos fornecidos por muitas empresas, esta-
mos diante de um oligopólio de demanda, ou um oligopsônio. 
Um	 exemplo	 são	 as	 empresas	 fabricantes	 de	 leite	 pasteuri-
zado, pois são poucas empresas que operam no mercado, com-
prando matéria-prima (o leite) de muitos pequenos produtores.
Resumo das Principais Estruturas de Mercado
Os autores Passos e Nogami (2003, p. 355) apresentam 
um quadro que resume as quatro principais estruturas de 
mercado abordadas nesta unidade.
Es
tr
ut
ur
as
 d
e M
er
ca
do
133
Estrutura Números de empresas
Diferenciação 
do produto
Condições 
de entrada e 
saída
Influência	
sobre o preço Exemplos
Concorrência 
Perfeita Muitas
Produto 
Homogêneo Fácil Nenhuma
Alguns 
produtos 
agrícolas
Monopólio Uma
Produto 
único sem 
substituto 
próximo
Difícil Forte Exploração	de petróleo
Concorrência 
Monop-
olística
Muitas Produto Diferenciado Fácil Leve
Restaurantes, 
confecções, 
etc.
Oligopólio Poucas
Produto ho-
mogêneo ou 
diferenciado
Difícil Consider´-avel
Alumínio, 
automóveis, 
eletrodo-
mésticos
Nas cinco primeiras unidades nos concentramos em 
abordar assuntos ligados à Microeconomia, destacando fa-
tores que afetam as decisões dos agentes econômicos, estu-
dando isoladamente consumidores e produtores. Porém, sa-
bemos que a Economia representa a ação conjunta de todos 
os agentes, e o estudo da atividade econômica global compete 
à Macroeconomia.
A	partir	 da	próxima	unidade,	 estudaremos	 as	 variá-
veis	 agregadas,	 como:	 renda,	 consumo,	 poupança,	 inflação,	
emprego,	 juros	 e	 câmbio,	 enfim,	 abordaremos	 as	 questões	
mais relevantes da atualidade.
Está	pronto	para	enfrentar	este	desafio?	Nos	encontra-
mos lá!!!
REfERêNCIA
BOYES, W.; MELVIN, M. Introdução à Economia. São Paulo: 
Ática, 2006.
GREMAUD, A. P.; BRAGA, M. B. Teria dos Jogos: uma 
134
introdução. In: PINHO, D.; VASCONCELLOS, M. A. S. (org). 
Manual de Economia. Equipe de Professores da USP. 5.ed. 
São Paulo: Saraiva, 2005.
HALL, R. E.; LIEBERMAN, M. Microeconomia: Princípios e 
Aplicações. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003.
MANKIW, G. N. Introdução à Economia: princípios de 
micro e macroeconomia. 2.ed. Rio de Janeiro: Campus, 2001.
MOCHÓN, F. Economia: Teoria e Política. 5.ed. São Paulo: 
Mc Graw Hill, 2006.
PASSOS, C. R. M.; NOGAMI, O. Princípios de Economia. 
4.ed. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003.
TROSTER, R. L. Estruturas de Mercado. In: PINHO, D.; 
VASCONCELLOS, M. A. S. (org). Manual de Economia. 
Equipe de Professores da USP. 5.ed. São Paulo: Saraiva, 2005.
VASCONCELLOS, M. A. S. Economia: Micro e Macro. 3.ed. 
São Paulo: Saraiva, 2002

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