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AS ORIGENS HISTÓRICAS DA PSICOLOGIA COMUNITÁRIA Além das novas demandas sociais, da crise específica da Psicologia e da crise atual dos serviços de saúde mental discutidos até agora, que outras experiências e processos históricos contribuíram para o aparecimento da Psicologia Comunitária? Não á muito fácil rastrear, no plano internacional, as primeiras experiências em Psicologia que já se aproximavam dos ideais da Psicologia Comunitária. Mesmo assim, podemos dizer que uma das primeiras tentativas conhecidas foi realizada por Moreno, em Viena, no começo do século. Ele começou, em 1908, a fazer improvisações dramáticas com crianças, instigando-as a rebelarem-se contra o mundo dos adultos e a criarem normas e regras para uma sociedade infantil respeitada pelos maiores. As experiências prosseguem em 1921, com dramatizações que acabam na criação do Teatro da Espontaneidade e, dois anos mais tarde, no Teatro Terapêutico, Eram experiências abertas e muitas vezes realizadas na rua. Elas criaram a base para a estruturação do que hoje conhecemos como as técnicas psicodramáticas. Em 1902, em Viena, as primeiras experiências com dramatizações (o "Teatro da Espontaneidade", e mais tarde o "Teatro Terapêutico) criaram as bases para a estruturação do que hoje conhecemos como técnicas psicodramáticas A experiência e a obra de Wílhelm Reich, apesar de polémicas, são cruciais na formação histórica da proposta da Psicologia Comunitária. Reich participou como assistente de Freud de uma clínica gratuita em Viena, em T922, após a criação, em 1920, de uma clínica semelhante em Berlim. Logo chegou à conclusão de que seria ilusório querer transformar a miséria sexual e mental com a multiplicação de clínicas e análises. Funda então, em Viena, uma sociedade socialista de Aconselhamento Sexual e de Sexologia, abrindo em 1929 seis centros de higiene sexual, animados por quatro psicanalistas e três obstetras, que lutam pela legalização do aborto. Foi em Berlim, no entanto, que encontrou melhores condições temporárias de trabalho. Após conferências com médicos e estudantes socialistas, e convencido da necessidade de politizar a questão sexual, liga-se ao Partido Comunista Alemão e funda a Associação Alemã para uma Política Sexual Proletária (SEXPOL), que teve seu primeiro congresso em Dússeldorf, em 1931. Mas a ação de Reich durou pouco. Além do insucesso das clínicas higiénicas, o PC alemão em O que é Psicologia Comunitária pouco tempo proibiu a difusão de suas brochuras, e desligou-o do partido em 1932. Logo após, a Sociedade Psicanalítica Alemã também o excluiu de seu quadro. Finalmente, em 1933, ele abandona a Alemanha. Uma outra experiência bem diversa da de Reich, mas bastante significativa, é a dos Alcoólicos Anónimos (A.A.), iniciada em 1935, nos Estados Unidos, e hoje amplamente difundida em quase todo o mundo. Os grupos de alcoólicos funcionam autonomamente, e suas reuniões manipulam técnicas simples de depoimentos de vida e reforçamento pelos períodos de tempo crescentes que um integrante fica sem beber. Além disso, elas criam laços de solidariedade e amizade entre eles como suporte para a superação de seus problemas. Podemos identificar algumas limitações no trabalho dos A.A.: é uma abordagem centrada na doença, um tratamento moral para o alcoolismo, e não leva em conta os seus condicionamentos sociais e políticos, como a política de incentivo ao consumo das bebidas. No entanto, os A.A. constituem sem dúvida uma experiência sugestiva e eficaz dentre do enfoque da Psicologia Comunitária, e influenciaram enormemente a criação de experiências semelhantes mais recentes, do tipo Neuróticos Anónimos, grupos de auto-ajuda de ex-psíquiatrizados, etc. A partir dos meados do atual século, assistimos a experiências e movimentos mais globais e de cunho mais institucionalizado, que influenciaram diretamente o nascimento da Psicologia Comunitária. Em primeiro lugar, temos o processo de reformulação dos conceitos e da prática da Psiquiatria. Por um lado, surgem as iniciativas modernizadoras de crítica à estrutura dos manicômios, que se inicia na Inglaterra, no período de guerra. Os hospitais e seu consequente "desperdício de homens", que noutras condições poderiam estar nas frentes de batalha ou na produção, começam a ser questionados. Vamos assistir, então, a iniciativas de tentar modificar a dinâmica de tratamento nos hospitais psiquiátricos militares, cheios de neuróticos de guerra. Na Inglaterra, alguns psiquiatras lançaram a ideia de grupos de discussão e de atividades com os pacientes, além de realizarem uma reunião diária geral com os médicos, como forma de integrar o conjunto dos grupos e atividades. Essa experiência foi um sucesso e permitiu o nascimento de comunidades terapêuticas, alguns anos depois, e das psicoterapias de grupo. A reformulação não ficou apenas dentro dos hospitais. Na Branca, surge a "psiquiatria de setor", ou seja, a divisão do país em setores e regiões, dispondo, cada uma, de equipes trabalhando em contato direto com a comunidade. Não houve interferência, entretanto, na vida manicomial. A Psiquiatria Comunitária surgiu nos Estados Unidos. Foi lançada a proposta de níveis de intervenções da assistência, seguindo o momento evolutivo da "doença mental": 1) prevenção primária: intervenção nas condições possíveis de formação da doença mental, que podem ser individuais ou de meio; 2) prevenção secundária: intervenção que busca o diagnóstico e o tratamento precoce da doença mental; 3} prevenção terciária: busca de readaptação do paciente à vida social, após sua melhora. Apesar da ambiguidade e imprecisão de muitos dos conceitos propostos por esses autores, a grande novidade foi o lançamento da proposta de prevenção primária, visto que os dois outros níveis já faziam parte do sistema psiquiátrico-curativo. Em outra vertente, tivemos o desenvolvimento da antipsiquiatria. Ela desenvolve u.na crítica feroz ao próprio conceito de doença mental, mostrando como a sociedade se sente ameaçada pelo comportamento desviante, e como a psiquiatria acaba operando como agência de controle e normatização social. Entretanto, o movimento de maior profundidade de mudanças e de repercussão internacional foi, sem dúvida, o da Psiquiatria Democrática, vanguardeada por Basaglia, na Itália. A experiência começou no Hospital Psiquiátrico de Gorila, no Nordeste do país, sob a direção do próprio Basaglia. As modificações incluíram a adoção de um modelo radical de comunidade terapêutica e a abertura do hospital para que os pacientes pudessem viver fora dele. Foram montados centros de higiene mental, para reinserção dos ex-internos na vida social. Além disso, foi feito um trabalho de mobilização e esclarecimento da população e dos movimentos sociais, inclusive com integração de leigos no trabalho. A experiência foi expandida em outras cidades, e em algumas delas o hospício foi fechado. Em 1978, através da mobilização e da pressão popular, conseguiram sedimentar estas novas práticas em uma nova ei psiquiátrica para todo o país. Essa nova lei, entretanto, encontrou muitas dificuldades na sua implantação. Dependia da existência, em cada cidade, de equipes de profissionais identificados com o seu espírito, e que se mobilizassem para efetivá-la. Houve muita resistência por parte da população, acostumada a associar o louco com a violência e o despreparo para a vida social. Os políticos conservadores capitalizaram esse clima, tentando mudar a lei. Assim, ela foi implantada de forma mais integra em algumas cidades, e em outras não houve modificações substantivas. Atualmente, em 1985, encontram-se cinco projetos de reformulação do seu texto no parlamento italiano. Na América Latina, algumas experiências alternativas mais locais foram realizadas. Podemos lembrar o nome de Alfredo Moffatt, autor de livro bastanteconhecido, Psicoterapia do Oprimido, relatando sua experiência na Colónia Pena Carlos Gardel, em Buenos Aires, Argentina. A Medicina Comunitária também teve um forte papel no aparecimento da Psicologia Comunitária. Na área de saúde, as experiências comunitárias têm pelo menos duas origens diferentes. Por um lado, a experiência de alguns países denominados socialistas. A China revolucionária foi talvez a precursora, com a busca de serviços de saúde inovadores para as populações camponesas e de periferia urbana, na época sem qualquer acesso a eles. Foram realizados serviços de saneamento e cuidados elementares de saúde através da mobilização popular, do treinamento dos chamados "médicos de pés descalços", integrados com a medicina chinesa milenar. No lado capitalista, a Medicina Comunitária nasceu principalmente da preocupação de se oferecer alguma forma de assistência aos pobres que não podiam ter acesso à medicina sofisticada e cara. Foram montados Sistemas de saúde comunitária em países da África colonial, como Quénia, Zâmbia, Uganda. E nos EUA na década de 60, aparecem os programas de saúde dentro de uma estratégia de assistência mais ampla aos bolsões e pobreza. Foram os chamados "Programas de Combate à Pobreza", lançados por Kennedy e Johnson. Na América Latina, as primeiras iniciativas comunitárias normalmente não tiveram origem estatal, dadas as características francamente antipopulares da maioria dos governos locais após a década de 60. Foram os próprios movimentos sociais, aí compreendidos os movimentos sindicais urbano e camponês, os movimentos de bairros, as comunidades eclesiais de base, os movimentos femininos, movimentos negros, que se lançaram à tarefa de construção de laços e ações comunitárias. Nessas, experiências, além das lutas e reivindicações políticas e materiais, da prática da educação popular, as atividades incluem várias questões ligadas especificamente à saúde mental. Podemos lembrar as creches comunitárias, os clubes de mães, as ações solidárias coletivas nos momentos de aperto das famílias, atividades de lazer, esporte, cultura, etc. Essas iniciativas têm como característica básica a autonomia, e isso fez que os governos mais tarde pretendessem integrá-las, desenvolvendo programas comunitários via Estado. Outro processo fundamental que contribuiu para o aparecimento da Psicologia Comunitária foi o progressivo assalariamento, o achatamento da renda e a consequente criação de condições para uma politização crescente dos profissionais de saúde e saúde mental. Por urn lado, começaram a aparecer as ações e movimentos representativos das categorias profissionais, e, entre suas reivindicações e discussões, aparecem os temas ligados a serviços de saúde mais racionalizados e adequados às condições de vida da população. E, por outro lado, a ação desses profissionais nas universidades e nos serviços de saúde abriu espaço para algumas experiências inovadoras de grande importância. Finalmente, não poderíamos nos esquecer de todo um movimento de questionamento crítico dentro da Psicologia como um todo, e da Psicologia Social em particular. Na América Latina, iniciou-se gradativamente a problematização dos esquemas teóricos procedentes dos Estados Unidos e Europa na busca de uma adequação à nossa realidade social. A Psicologia na Argentina, até o golpe militar na década passada, talvez seja o melhor exemplo desse movimento de recriação teórica e prática. Esse novo espaço dentro da Psicologia, se efetivamente ampliado, possibilitará o desenvolvimento de novas experiências, encontros e a sistematização da Psicologia Comunitária em nosso continente. Entretanto, as primeiras iniciativas oficiais, concretas, específicas em saúde mental comunitária podem ser identificadas nos Estados Unidos. Em 1963, foi lançado o projeto dos Centros Comunitários de Saúde Mental. Vários programas foram previstos, com modalidades parciais de hospitalização, serviços de consulta externa e de emergência, prevenção de suicídio, alcoolismo, atendimento infantil e adolescente, etc. A avaliação crítica desses centros é bastante negativa. Vários dos programas previstos não foram implementados, são pouco acessíveis geográfica e economicamente, e na realidade não houve interesse de se atingir a participação popular na tomada de decisões e na sua gestão. São pouco eficazes para se contrapor aos interesses da rede de hospitais psiquiátricos estaduais, que funcionam centrados na internação tradicional. Enfim, promovem a" psiquiatrização" da sociedade, estimulando o uso de drogas e serviços, impondo maneiras psiquiatrizantes de interpretar a vida e os conflitos sociais. A partir das décadas de 60 e 70, alguns países do Terceiro Mundo vêm desenvolvendo a criação de centros comunitários de saúde mental ou integrando atividades em saúde menta! à rede básica de postos e ambulatórios médicos. Entre eles se destacam o Chile, Jamaica, México e Honduras. De início, tivemos iniciativas isoladas, ligadas às universidades ou projetos pilotos estatais. Entretanto, nos meados da década passada, a Organização Mundial de Saúde passa a propor a implementação de sistemas mais racionalizados de saúde e saúde mental. O modelo visa à descentralização dos serviços, tendo como porta de entrada do sistema o posto de saúde junto aos bairros populares e distritos rurais. A ênfase é dada àquelas atividades mais simplificadas de atenção primária à saúde, per pessoas da comunidade corr. treinamento básico, com presença ou supervisão permanente de profissionais graduados. São propostas iniciativas comunitárias e preventivas em saúde. Esse modelo tem sido implementado experimentalmente em regiões específicas de vários países capitalistas do Terceiro Mundo. Em países como Cuba, todo o sistema de saúde e saúde mental é montado de forma semelhante. Tentarei mais adiante descrever o seu funcionamento e esboçar uma avaliação com maiores detalhes. Se fizermos uma avaliação da implantação de Psicologia Comunitária no Brasil, acredito que poderemos identificar pelo menos três direções. A primeira se dá pela via académica, universitária, Ou seja, as faculdades de Psicologia, copiando os currículos estrangeiros, incluem a disciplina lecionando-a deforma teórica, assistemática, e sem muitas possibilidades de uma prática concreta. Nesse sentido, podemos dizer que, de modo gera l, o ensino da Psicologia Comunitária no Brasil sofre deste mal crónico que é a ausência de referências práticas que orientem sua teorização e sua adequação à realidade brasileira. O segundo caminho tem sido, até recentemente, o do movimento popular, em experiências concretas em associações de bairro, em educação popular em geral, em creches comunitárias, comunidades eclesiais de base, clubes de mães, etc. Normalmente, são experiências autónomas que são também acompanhadas por estudantes ou mesmo profissionais de Psicologia, através de compromisso político pessoal, sem ligação real ou formal com a Psicologia académica. Os depoimentos que venho ouvindo acentuam muito isto: "Junto ao povo temos de reaprender tudo, como se não tivéssemos passado por um curso. Ou mesmo, temos de desaprender muita coisa do curso, em termos da realidade social que encontramos pela frente. E, geralmente, a gente não se sente psicólogo quando realiza essas formas de trabalho comunitário. Em síntese, as experiências ocorrem de forma normalmente espontânea, sem avaliação rigorosa de seus resultados e sem um contato permanente com uma busca de sistematização teórica. Em terceiro lugar, estamos assistindo, nos últimos anos, à implantação muito gradativa de programas que incorporam a Psicologia Comunitária, por parte de instituições sociais principalmente ligadas ao Estado. Normalmente são projetos-piloto em pequenas unidades; de saúde, escolas, comunidades. Recentemente, a Previdência chegoua anunciar uma reorientação da assistência psiquiátrica no país, e propondo um modelo inspirado em parte na proposta feita pela OMS. Na maioria dos casos, não existe uma integração dessas diferentes iniciativas em Psicologia Comunitária. Mas acredito que a tendência a que vimos assistindo é a superação gradativa deste isolamento de experiência? Isso pode se dar, por exemplo, através da integração das universidades às iniciativas institucionalizadas de prestação de serviços, ou da colaboração com os projetos populares autonomos O QUE É, AFINAL, A PSICOLOGIA COMUNITÁRIA? Nesse ponto, você, leitor, depois de ter uma visão das origens da Psicologia Comunitária, deve estar se perguntando: o que é então a Psicologia Comunitária? Alguns autores, quando analisam a história da atuação de um corpo científico e profissional, notam que em determinadas circunstâncias históricas os profissionais têm uma forma própria de atuar diferente dos que atuam em outra época se contextos sociais. A essa forma chamam paradigma prática profissional. Na área médica, por exemplo, sabemos que o modelo de atuação que conhecemos, chamado Medicina Científica, não foi e não é o único existente. Se percorrermos a história da Medicina, veremos que a Alemanha dos séculos XVIII e XIX e a Inglaterra e França do século passado nos apresentam três paradigmas distintos da prática médica. A Medicina Comunitária recente constitui um outro paradigma, em oposição ao da Medicina Científica atual. Na Psicologia, vimos que as experiências que podemos reunir sob o nome da Psicologia Comunitária tiveram origens e objetivos bastante diferentes. Tivemos desde propostas bastante radicais, como a SEXPOL, até os programas conservadores norte-americanos. Apesar dessa diversidade, creio poder afirmar que a Psicologia Comunitária pode ser considerada um campo com uma unidade mínima, e pode significar a formalização de um novo paradigma de prática profissional do psicólogo, em relação à prática predominantemente desenvolvida até então. Assim, apesar dos riscos de simplificação excessiva, acredito que a sistematização comparativa que tentarei esboçar aqui poderá ser interessante para se entender como vejo a proposta de uma Psicologia Comunitária comprometida com os interesses populares: PSICOLOGIA TRADICIONAL PSICOLOGIA COMUNITÁRIA 1) As abordagens enfatizam o enfoque do psicólogo como esfera predominantemente independente que é social. As análises são essencialmente unidisciplinares, e o trabalho realizado é predominantemente uniprofíssional. 1) As divisões do saber são do fruto da história das instituições académicas e profissionais. A realidade se apresenta como uma integração dos aspectos orgânicos, psíquicos e sociais. A abordagem é interdisciplinar, e o trabalho é feito em equipes multiprofissionais. 2) Enfatiza-se a abordagem individual do psíquico. 2) A ênfase está nas pessoas enquanto seres sociais, onde o conteúdo psicológico tem conotações também institucionais, sociais, culturais e políticas, e vice-versa. 3) A abordagem é desarticulada de uma visão mais ampla do social, e muitas vezes pretende-se neutra com relação aos problemas sociais. 3) É uma abordagem articulada a uma visão totalizante do social e busca a explicitação de um compromisso político e social. 4} A prática desenvolvida é dirigida prioritariamente para os grupos sociais mais privilegiados, tanto do ponto de vista económico quanto cultural. 4} A prioridade básica são as classes populares, ainda sem acesso a serviços básicos de saúde mental. 5) Nas faculdades, a formação é predominantemente teórica, intramuros, e se apresenta como uma integração dos aspectos orgânicos, psíquicos e sociais, desvinculada da prática. 5) A formação só é coerente se baseada na prática concreta no campo social com reflexão teórica e pesquisas concomitantes. 6) As técnicas são predominantemente curativas. 6) Integração de recursos curativos e preventivos com ênfase na prevenção. 7) A teorização e o conjunto de técnicas são dirigidos principalmente para consultórios, hospitais e gabinetes separados da vida social, e em locais concentrados nas áreas dos grandes centros urbanos. 7) Teorização e técnicas são dirigidas para situações institucionalizadas e de campo, junto aos locais e trabalho e moradia da população, proporcionando maior acessibilidade e coerência com a realidade vivida por ela 8) A prática profissional é altamente especializada por técnicas de trabalho (principalmente na clínica). A clientela se adaptação esquema teórico e técnico do profissional. Raramente se buscam práticas alternativas. 8) Formam-se profissionais mais generalistas, envolvidos com faixa mais ampla de técnicas e práticas adequáveis à variedade de situações sociais. Há uma busca constante de pesquisa e sistematização de práticas alternativas. 9) A prática predominante exige sempre a presença do profissional, e é mantenedora de monopólio do saber profissional. O lugar do poder é fixo e constantemente centrado no profissional. 9) O profissional atua primordialmente como assessor, transmissor de habilidades e treinador de agentes de saúde mental. O objetivo é a desmonopolização gradativa do saber, com a integração da saúde mental na vida cotidiana e na cultura do povo. O lugar do poder é alternado e distribuído. 10) A abordagem não reconhece o conhecimento difuso e as práticas informais populares em saúde mental 10) Há um reconhecimento e busca de constante coaprendizagem com o saber as práticas autónomas da população que têm implicações ou que são diretamente ligadas à saúde mental. 11) As práticas têm alto nível de especialização e sofisticação. A formação é longa, demorada, de alto custo, que é repassado aos serviços, e daí sua elitização. 11) Propõe-se pesquisa e síntese de práticas mais simplificadas, apropriadas às condições sociais e culturais populares. Um dos objetivos básicos é a extensão da cobertura com manutenção da qualidade. 12) As práticas são planejadas e executadas pelo Profissional sem qualquer participação da clientela. 12) Busca-se efetiva participação da clientela na definição das prioridades de atuação, planejamento, execução e avaliação das atividades. Ou seja, participação comunitária efetiva. 13) A ação do psicólogo é restrita aos consultórios, seções de contato ou trabalho na escola ou empresa. 13) A ação do psicólogo envolve também o conhecimento da saúde pública, a administração, gestão e supervisão dos serviços. Assim, as técnicas em Psicologia Comunitária são de três tipos; a) técnicas ligadas diretamente à intervenção em saúde mental com a clientela; b) técnicas voltadas ao treinamento de pessoal para atuar em saúde mental; c) técnicas administrativas e de gestão dos serviços em saúde mental.
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