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Direito constitucional apostila-02

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Cibele Fernandes Dias 
 
1 
ROTEIRO DE DIREITO CONSTITUCIONAL
1
 
PODER LEGISLATIVO. PROCESSO LEGISLATIVO. COMPETÊNCIAS DO 
PODER LEGISLATIVO. 
 
3. Poder Legislativo. Organização e atribuições. O processo legislativo. Cláusulas pétreas. 
Natureza. Espécies. Iniciativa legislativa. Normas constitucionais e processo legislativo. 
Orçamento. Princípios constitucionais. Fiscalização financeira e orçamentária. O 
Tribunal de Contas. Natureza e atribuições. 
 
 
 
 
I COMPOSIÇÃO DO PODER: PRINCIPAIS ÓRGÃOS INTERNOS (44, CF) 
a. BICAMERALISMO DO PODER LEGISLATIVO DA UNIÃO (44 a 46, CF) 
 
 
1
 Elaborado pela Professora Cibele Fernandes Dias como plano de aula. Mestre e Doutora em Direito 
Constitucional pela PUC/SP. Professora de Direito Constitucional da FEMPAR (Fundação Escola do Ministério 
Público do Paraná), da ESMAFE (Escola da Magistratura Federal do Paraná), da EMAP (Escola da Magistratura 
Estadual do Paraná) e da ESA/PR (Escola Superior de Advocacia do Paraná). Professora da Tuiuti e da FESP. 
Advogada. 
 
Cibele Fernandes Dias 
 
2 
b. FUNCIONAMENTO PARLAMENTAR: legislatura (44, §único), sessão legislativa (57, 
CF na redação da Emenda 50/06), sessão conjunta da Câmara dos Deputados e do Senado 
Federal (57, §3º, CF); Mesas (57, §4º e 5º); convocação extraordinária do Congresso 
Nacional (57, §6º, CF), Comissões permanentes e temporárias (58, CF), Comissões Mistas 
(62, §9º, 166, §1º, CF) 
 
1. (Defensor Público DF 2013 CESPE) Na CF, é expressamente estabelecido que cada 
legislatura tenha a duração de quatro anos. 
 
2. (Juiz Federal 4ª Região 2008) Dadas as assertivas abaixo, assinalar a alternativa 
correta: 
I. O recesso parlamentar de fim de ano vai de 15 de dezembro a 15 de fevereiro e o de meio de 
ano de 30 de junho a 1º de agosto, período em que o Congresso fica inativo, sem 
funcionamento de qualquer órgão ou comissão. 
II. A convocação extraordinária do Congresso Nacional em casos de urgência ou interesse 
público relevante pode ocorrer por requerimento da maioria absoluta dos membros de alguma 
das Casas Legislativas ou então, independentemente de aprovação parlamentar, por ato do 
Presidente da República, do Presidente do Senado Federal ou do Presidente da Câmara dos 
Deputados. 
III. A convocação extraordinária do Congresso Nacional autoriza exclusivamente a deliberação 
da matéria para a qual foi convocado e a apreciação de medidas provisórias, ainda que não 
incluídas na motivação da convocação, vedado o pagamento de parcela indenizatória aos 
parlamentares. 
IV. A legislatura do Congresso Nacional tem duração de quatro anos coincidentes com o 
mandato dos Deputados Federais, período em que vigoram as composições das comissões 
permanentes e findo o qual extinguem-se as comissões temporárias; a sessão legislativa tem 
duração de um ano, divide-se em dois períodos legislativos e suspende-se durante o recesso 
parlamentar. 
(a) Estão corretas apenas as assertivas I e II. 
(b) Estão corretas apenas as assertivas I e III. 
(c) Estão corretas apenas as assertivas III e IV. 
(d) Estão corretas apenas as assertivas II, III e IV. 
 
3. (Juiz Substituto TRF 5ª Região 2011 CESPE/UNB) Em caso de urgência ou de interesse 
público relevante, o presidente da República pode convocar extraordinariamente o Congresso 
Nacional, devendo ser efetuado o pagamento da parcela indenizatória devida em razão do 
caráter excepcional da convocação. 
 
II – FUNÇÃO LEGIFERANTE E PROCESSO LEGISLATIVO – (59, CF) – “princípio 
da tipicidade dos atos legislativos” 
1. leis 
ordinárias 
 
2. leis 
complementares 
3. medidas 
provisórias 
4. leis 
delegadas 
5. Resoluções 
da Câmara 
dos 
Deputados, 
6. Decretos 
legislativos 
do 
Congresso 
 
Cibele Fernandes Dias 
 
3 
do Senado 
Federal e do 
Congresso 
Nacional 
Nacional 
 
 
a) PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL: relativa e absoluta 
 
b) IMPORTÂNCIA DA OBSERVÂNCIA DO PROCESSO LEGISLATIVO: 
Espécies de inconstitucionalidade formal 
1. inconstitucionalidade orgânica: vício na 
iniciativa legislativa 
 
2. inconstitucionalidade formal 
propriamente dita: vício no processo 
legislativo ou na repartição de competências 
legislativas 
 
 
 
b) FASES DO PROCESSO LEGISLATIVO ORDINÁRIO (61 a 67, CF): LEIS 
ORDINÁRIAS 
1. INICIATIVA LEGISLATIVA 
2. CONSTITUTIVA: a) Deliberação parlamentar: discussão e votação, b) Deliberação 
executiva: sanção ou veto. 
3. INTEGRATIVA DE EFICÁCIA: a) promulgação e b) publicação 
 
INICIATIVA COMUM OU 
CONCORRENTE: 
Presidente da República, 
deputados federais, senadores, 
Comissão da Câmara dos 
Deputados, Comissão do Senado 
Federal, Comissão do Congresso 
Nacional, cidadãos (iniciativa 
popular, 61, §2º, CF). 
(61,caput, CF) 
 
REGRA 
INICIATIVA PRIVATIVA OU EXCLUSIVA: 
(EXCEÇÃO) 
a. Presidente da República (61, §1º + 165, CF) 
a.1. Presidente da República em se tratando da lei ordinária 
que fixa normas gerais para a organização do Ministério 
Público e Defensoria Pública dos Estados, Distrito Federal e 
Territórios (61, §1º, d, CF) (Lei Orgânica Nacional do MP: 
Lei 8625/93) 
b. Supremo Tribunal Federal (93, caput, CF), Tribunais 
Superiores e Tribunais de Justiça (96, II, CF), Tribunal de 
Contas da União (73, CF) 
c. Procurador-Geral da República (127, §2º, CF) 
 
INICIATIVA FACULTADA 
a. Presidente da República ou Procurador-Geral da 
República em se tratando da lei complementar que 
estabelece a organização, atribuições e o estatuto do 
Ministério Público da União (61, §1º, d + 128, §5º, CF) 
(Lei Complementar 75/93) 
 
Cibele Fernandes Dias 
 
4 
b. Governador de Estado ou Procurador-Geral de Justiça em 
se tratando da lei complementar que estabelece a 
organização, atribuições e o estatuto do Ministério Público 
dos Estados (128, §5º, CF) 
“A iniciativa reservada, por constituir matéria de direito estrito, não se presume e nem 
comporta interpretação ampliativa na medida em que – por implicar limitação ao poder 
de instauração do processo legislativo – deve, necessariamente, derivar de norma 
constitucional explícita e inequívoca.”2 
 
4. (Juiz Substituto TRF 5ª Região 2011 – CESPE/UNB) Segundo entendimento do STF, as 
cortes de contas gozam de autonomia, autogoverno e iniciativa reservada para a instauração de 
processo legislativo que pretenda alterar a sua organização e funcionamento, razão por que é 
inconstitucional lei estadual de iniciativa parlamentar que altere ou revogue dispositivos da lei 
orgânica do tribunal de contas do estado, que estabelece preceitos concernentes à forma de 
atuação, competências e organização do órgão. 
 
Iniciativa privativa do Presidente da República: 61, §1º + 165, CF (Normas centrais, que 
devem ser reproduzidas pelos Estados-Membros, Distrito Federal e Municípios) 
61, §1º– I – fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Armadas; II - disponham sobre: a) 
criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e autárquica ou 
aumento de sua remuneração; b) organização administrativa e judiciária, matéria tributária e 
orçamentária, serviços públicos e pessoal da administração dos Territórios; c) servidores 
públicos da União e Territórios, seu regime jurídico, provimento de cargos, estabilidade e 
aposentadoria; d) organização do Ministério Público e da Defensoria Pública da União, bem 
como normas gerais para a organização do Ministério Público e da Defensoria Pública dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Territórios; e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da 
administração pública observadoo disposto no art. 84, VI; f) militares da forças armadas, seu 
regime jurídico, provimento de cargos, promoções, estabilidade, remuneração, reforma e 
transferência para a reserva. 
165 – Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: I – o plano plurianual, II – as 
diretrizes orçamentárias; III – os orçamentos anuais. 
 
5. (Defensor Público DF 2013 CESPE) Como regra, compete ao Congresso Nacional dispor 
sobre a criação, transformação ou extinção de cargos, empregos ou funções públicas, mesmo 
que a iniciativa para sua proposição seja do Poder Judiciário ou do chefe do Poder Executivo. 
 
6. (Procurador do Banco Central 2009 CESPE) A CF atribui ao presidente da República 
iniciativa reservada no que concerne a leis sobre matéria tributária. 
“A regra de iniciativa privativa do Poder Executivo para os projetos de lei referentes à 
matéria orçamentária é obrigatória para os Estados e Municípios; porém, em face da 
 
2
 Supremo Tribunal Federal. ADin 724-6-RS, Relator Ministro Celso de Mello, DJU 27 abril de 2001. 
In: MORAES, Alexandre de. Constituição do brasil interpretada: e legislação constitucional. 4. ed. 
São Paulo: Atlas, 2004. p. 1136. 
 
Cibele Fernandes Dias 
 
5 
ausência de previsão do art. 61 da Constituição . (Federal, não se estende à iniciativa 
para os projetos de lei em matéria tributária. [...] O ato de legislar sobre direito 
tributário, ainda que para conceder benefícios jurídicos de ordem fiscal, não se 
equipara – especialmente para os fins de instauração do respectivo processo legislativo 
– ao ato de legislar sobre o orçamento do Estado.”3 
 
 
7. (Procurador do Distrito Federal 2007 ESAF) Considere que todas as leis abaixo 
enumeradas sejam distritais, resultantes de projetos de lei de iniciativa de deputado distrital. 
Assinale aquela que não apresenta vício de inconstitucionalidade formal: 
(a) lei que concede, em certas circunstâncias, parcelamento para o pagamento de imposto da 
competência do Distrito Federal, 
(b) lei que concede direito de creche para servidores do Distrito Federal, 
(c) lei que permite a conversão em pecúnia de 1/3 de férias de servidores do Distrito Federal, 
(d) lei que concede isenção de multas de trânsito, 
(e) lei que regula o processo de impeachment do Governador no âmbito do Poder Legislativo 
distrital. 
 
8. (Procurador da Fazenda Nacional 2006 – ESAF) Consolidou-se o entendimento de que 
matéria que, no âmbito federal, está sujeita à legislação ordinária sob reserva de iniciativa do 
Presidente da República não pode ser regulada em Constituição Estadual. 
 
“Em face da ausência de previsão específica da Constituição Federal de regra que 
preveja iniciativa privativa do Chefe do Poder Executivo para matéria tributária, a 
iniciativa concorrente, por configurar norma geral de processo legislativo, é aplicável 
aos Estados, Distrito Federal e Municípios, cujos respectivos diplomas devem, 
obrigatoriamente, consagrar a iniciativa concorrente para matéria tributária.”4 
 
9. (Juiz Federal 4ª Região 2008) Dadas as assertivas abaixo, assinalar a alternativa correta: 
I. A norma legal que verse sobre regime dos servidores públicos, de iniciativa privativa do 
Poder Executivo, aprovada com emenda parlamentar, mesmo que com afinidade lógica e que 
não acresça despesa ao erário, é formalmente inconstitucional. 
II. É inconstitucional, por violação à cláusula da separação de poderes, a regra legal que 
imponha ao Poder Executivo prazo para regulamentação de lei. 
III. As matérias reguladas por lei ordinária cuja discussão legislativa dependa de iniciativa 
privativa do Governador do Estado podem ser dispostas pelos parlamentos estaduais no 
exercício do Poder Constituinte Derivado. 
IV. É exclusiva do Procurador-Geral da República a iniciativa de lei de organização do 
Ministério Público da União, do Distrito Federal e dos Territórios. 
(a) Está correta apenas a assertiva II. 
(b) Está correta apenas a assertiva IV. 
 
3
 STF, ADin 724-6/RS, in: MORAES, op. cit., p. 1136. 
4
 MORAES, Constituição..., op. cit., p. 1137. 
 
Cibele Fernandes Dias 
 
6 
(c) Estão corretas apenas as assertivas I e III. 
(d) Estão incorretas todas as assertivas. 
 
a) A INICIATIVA LEGISLATIVA DETERMINA A CASA INICIAL E CASA 
REVISORA: 
1. Projeto de lei de iniciativa de deputado 
federal, Comissão da Câmara dos Deputados, 
Presidente da República, Supremo Tribunal 
Federal, Tribunais Superiores, Tribunal de 
Contas da União, iniciativa popular e 
Procurador-Geral da República: 
CASA INICIAL: CÂMARA DOS 
DEPUTADOS 
CASA REVISORA: SENADO FEDERAL 
2. Projeto de lei de iniciativa de senador, 
Comissão do Senado Federal: 
CASA INICIAL: SENADO FEDERAL 
CASA REVISORA: CÂMARA DOS 
DEPUTADOS 
b) Quem tem o poder de apresentar emendas a um projeto de lei?
5
 SOMENTE OS 
PARLAMENTARES 
 
c) Os parlamentares podem emendar projeto de lei de iniciativa privativa ou reservada? 
SIM, QUALQUER PROJETO DE LEI PODE SER EMENDADO 
 
4) Limites às emendas parlamentares: 
(4a) Limite expresso: a emenda parlamentar que não pode causar aumento da despesa 
prevista (63, I e II, CF): projetos de lei de iniciativa exclusiva do Presidente da República e 
que verse sobre organização dos serviços administrativos da Câmara dos Deputados, do Senado 
Federal, dos Tribunais Federais ou do Ministério Público. Atenção: esta proibição não se aplica 
em se tratando de emendas parlamentares à lei do orçamento anual que indicarem a fonte dos 
recursos necessários (admitidos apenas os recursos decorrentes de anulação de outras despesas). 
(166, §§3º e 4º, CF). 
(4b) Limite: o “vínculo de pertinência temática” ou “adequação temática” entre a emenda 
parlamentar e o projeto de lei: em se tratando de iniciativa privativa ou exclusiva decorre 
imediatamente do princípio da separação dos poderes (Adin 1835/SC), na iniciativa comum 
decorre exclusivamente do Regimento Interno da Câmara e do Senado Federal.
6
 
 
5
 Emenda é a proposição apresentada, com exclusividade, pelos parlamentares, como acessória de 
outra. Espécies de emendas parlamentares: supressivas (determinam a erradicação de qualquer parte da 
proposição inicial); aditivas (acrescentam algo à proposição inicial); modificativas (alteram a 
proposição sem modificar substancialmente); emendas de redação (sanar vício de linguagem, 
incorreção de técnica legislativa ou lapso manifesto). (MORAES, Constituição..., op. cit., p. 1177). O 
poder de emendar é, em regra, exclusivo dos parlamentares. Exceções: projetos de lei de natureza 
orçamentária, sobre os quais o Chefe do Poder Executivo pode propor modificações enquanto não 
iniciada a votação da parte que se quer alterar, na Comissão mista (art. 166, §1º e 5º, da CF). 
6
 O art. 230, do Regimento Interno do Senado Federal estabelece: “Não se admitirá emenda: a) sem 
relação com a matéria da disposição que se pretenda emendar; b) em sentido contrário à proposição 
quando se trate de proposta de emenda à Constituição, projeto de lei ou de resolução.” 
Excepcionalmente, a Constituição Federal exige a “adequação temática” no próprio projeto de lei, ou 
 
Cibele Fernandes Dias 
 
7 
 
 
10. (Juiz Substituto TRF 5ª Região 2011 CESPE/UNB) O Poder Legislativo não detém 
competência para emendar projeto de lei de iniciativa reservada ao chefe do Poder Executivo.
7
 
 
11. (Procurador do Distrito Federal – 2004 – CESPE) Desde que não impliquem aumento da 
despesa prevista, as emendas parlamentares a projetos de lei sobre organização dos serviços 
administrativos do Poder Judiciáriopodem dispor sobre matéria diversa daquela que é objeto 
da proposta inicial. 
“É formalmente inconstitucional norma resultante de emenda parlamentar que estende 
a outras categorias de servidores públicos vantagem remuneratória que o projeto de lei 
encaminhado pelo Poder Executivo concedia, de forma restrita, a determinado 
segmento do funcionalismo.”8 
 
12. (Procurador do Banco Central 2009 CESPE) Segundo posicionamento do STF, não gera 
inconstitucionalidade formal a emenda parlamentar a projeto de lei de iniciativa de tribunal de 
justiça estadual que importe aumento de despesa, já que apenas em proposta de iniciativa do 
chefe do Poder Executivo a CF veda a apresentação de emenda parlamentar que implique 
aumento de despesa. 
 
2. FASE CONSTITUTIVA (DELIBERAÇÃO PARLAMENTAR) 
a. Subfase de instrução: análise da constitucionalidade do projeto de lei pelas Comissões 
de Constituição e Justiça e do mérito pelas Comissões Temáticas 
 
1. Aprovado nas Comissões Temáticas, somente será enviado para ser votado pelo 
Plenário (art. 58, §2º, I) – se houver recurso de um décimo dos membros da Casa (delegação 
interna corporis)
9
 
 
 
seja, a exigência de que os artigos do projeto de lei versem sobre o mesmo tema, o que acontece nas 
leis do orçamento: art. 165, §8º, CF (estabelece que a lei orçamentária anual não conterá dispositivo 
estranho à previsão da receita e à fixação da despesa, ressalvada a possibilidade de autorização para 
abertura de créditos suplementares e contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de 
receita). 
7
 “Não havendo aumento de despesa, o Poder Legislativo pode emendar projeto de iniciativa privativa 
do Chefe do Poder Executivo, mas esse poder não é ilimitado, não se estendendo ele a emendas que 
não guardem estreita pertinência com o objeto do projeto encaminhado ao Legislativo pelo Executivo e 
que digam respeito a matéria que também é da iniciativa privativa daquela autoridade.” (ADIN 546-
DF, Relator Ministro Moreira Alves, j. 11.3.99) 
8
 Supremo Tribunal Federal. ADin 774/RS, Relator: Ministro Sepúlveda Pertence, Julgamento: 
10.12.98. Informativo do STF n. 135. 
9
 A matéria está disciplinada no Regimento Interno de cada uma das Casas. Não se admite a delegação 
interna corporis, ou seja, que o projeto de lei seja votado pela Comissão Temática e não pelo Plenário, 
quando se trate, por exemplo, de proposta de emenda, projeto de lei complementar, projeto de iniciativa 
popular ou quando a Casa Iniciadora aprovou a proposta pelo seu Plenário. 
 
Cibele Fernandes Dias 
 
8 
13. (Procurador da Fazenda Nacional 1998) Nos termos da CF, os projetos de lei deverão ser 
aprovados, necessariamente, pelo plenário da Câmara e do Senado Federal. 
 
14. (Advogado da União 2012 CESPE) A competência para votar os projetos de lei é, em 
regra, dos plenários da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, mas as mesas diretoras das 
respectivas casas podem, mediante decreto legislativo, outorgar às comissões permanentes, em 
razão da matéria de sua competência, a prerrogativa de discutir, votar e decidir as proposições 
legislativas. 
 
15. (Defensor Público DF 2013 CESPE) O projeto de lei aprovado nas comissões para as 
quais tenha sido enviado, na forma e prazo regimentalmente estabelecidos, deve, 
necessariamente, seguir para votação no plenário da respectiva Casa legislativa, pois o modelo 
constitucional brasileiro não admite a aprovação de leis por meio de órgãos fracionários da 
Câmara dos Deputados ou do Senado Federal. 
 
c) Quórum de instalação da sessão (maioria absoluta) e quórum de votação (maioria 
simples ou relativa) (47, CF) 
 
d) Discussão e votação –bicameralismo – Casa Inicial e Casa Revisora (65, caput, CF): 
1. Casa Revisora não aprova o projeto de lei: O PROJETO É ARQUIVADO 
 
2. Casa Revisora aprova o projeto de lei sem emendas: O PROJETO SEGUE PARA 
DELIBERAÇÃO EXECUTIVA 
 
3. Casa Revisora aprova o projeto de lei com emendas
10
: 
As emendas voltam para a deliberação da Casa Inicial: 
a) Casa Inicial aprova as emendas da Casa Revisora: O PROJETO COM AS EMENDAS 
SEGUE PARA DELIBERAÇÃO EXECUTIVA 
b) Casa Inicial rejeita as emendas da Casa Revisora: O PROJETO SEM AS EMENDAS 
SEGUE PARA DELIBERAÇÃO EXECUTIVA 
 
 
16. (Procurador do Ministério Público TCU 2004) O processo de elaboração de leis no 
sistema bicameral impõe que o projeto aprovado por uma casa seja submetido à outra tantas 
vezes quantas forem as emendas que cada qual introduzir, de modo a garantir iguais poderes ao 
Senado e à Câmara dos Deputados. 
“Destarte, as Câmaras no processo legislativo brasileiro não estão em pé de igualdade. 
A vontade da que primeiro apreciou o projeto prevalece, na medida em que se impõe até 
contra as emendas feitas pela outra, a revisora. Ora, isso, na prática, repercute uma 
 
10
 É bom lembrar que as emendas da Casa Revisora não podem ser emendadas pela Casa Inicial, ou 
seja, senão o processo legislativo não teria mais fim, ficaria um zigue-zague eterno. Nesse sentido, o 
art. 285, do Regimento Interno do Senado Federal: “A emenda da Câmara a projeto do Senado não é 
suscetível de modificação por meio de subemenda.” 
 
Cibele Fernandes Dias 
 
9 
certa inferiorização do Senado, que é necessariamente a Câmara revisora em todos os 
projetos de iniciativa presidencial, hoje a maioria e os mais importantes.”11 
 
e. Regime de urgência constitucional ou processo legislativo sumário (64, §1º a 3º CF): (1) 
pedido de urgência do Presidente da República nos projetos de lei por ele apresentados, (2) 
Prazo e conseqüência de sua inobservância, (3) Hipóteses em que o regime não se aplica (64, 
§4º) 
 
17. (Procurador do Banco Central 2009 CESPE) Na sessão legislativa extraordinária, o 
Congresso Nacional delibera, além da matéria para a qual foi convocado e das medidas 
provisórias em vigor na data da convocação, a respeito dos projetos de lei complementar em 
regime de urgência. 
 
18. (Juiz substituto TJ MS 2011 – FCC) A Constituição do Estado do Mato Grosso do Sul, 
no que se refere: 
(a) à sanção ou veto, estabelece prazo de quinze dias corridos para que o Governador do Estado 
manifeste veto total ou parcial a projeto de lei. 
(b) à iniciativa legislativa, confia à iniciativa privativa do Governador do Estado as leis que 
disponham sobre criação ou majoração de tributos. 
(c) ao processo legislativo, compreende, entre outras espécies, a elaboração de leis delegadas. 
(d) ao seu processo de reforma, admite seja emendada por proposta popular subscrita por cem 
mil eleitores com domicílio eleitoral no Estado. 
(e) a projetos de iniciativa exclusiva do Governador do Estado, proíbe a apresentação de 
emenda parlamentar. 
 
f. Autógrafo: cópia autêntica da aprovação parlamentar do projeto de lei devendo refletir 
as transformações introduzidas na proposição legislativa 
 
3. FASE CONSTITUTIVA: DELIBERAÇÃO EXECUTIVA 
a. SANÇÃO (66, CF): TOTAL ou PARCIAL/ EXPRESSA OU TÁCITA 
b. VETO: 
1. 
EXPRESSO 
 
(§1º e 3º, 66) 
2. 
MOTIVADO 
(§1º, 66, CF) 
3. TOTAL 
OU 
PARCIAL 
 
(§2º, 66, 
CF) 
4. 
SUPRESSIVO 
5. 
SUPERÁVEL 
OU 
RELATIVO 
 
(§§4º a 6º, 66, 
CF na 
redação da 
EC 76/2013) 
6. 
IRRETRATÁVEL 
 
 
 
 
11
 FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Do processo legislativo. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 1995. 
p. 208. 
 
Cibele Fernandes Dias10 
c) Vício de iniciativa e sanção – Revogação da Súmula nº 5, do STF: “A sanção do projeto 
supre a falta de iniciativa do Poder Executivo” – A sanção não convalida o vício de 
iniciativa porque se trata de inconstitucionalidade formal 
 
QUESTÃO. (Juiz de Direito Minas Gerais 2ª Fase 2004) O Presidente da República pode 
vetar projeto de lei de sua própria iniciativa? Justifique. 
 
18.a (Juiz Substituto TRF 5ª Região 2011 CESPE) Apesar de não admitir o veto presidencial 
tácito, a CF admite o denominado veto sem motivação, resguardando ao presidente da 
República a prerrogativa de simplesmente vetar, sem explicar os motivos de seu ato. 
 
19. (Procurador da Fazenda Nacional 2006 ESAF) Suponha que o Congresso Nacional 
aprove lei, de iniciativa de Deputado Federal, que reduz alíquota do Imposto de Renda de 
Pessoas Físicas. O Presidente da República sanciona o projeto. Mais tarde, percebe que a lei é 
ruinosa e ouve seus conselheiros jurídicos que lhe dizem: 
1. Houve vício de iniciativa na elaboração da lei. 
2. O Presidente da República não pode provocar o Supremo Tribunal Federal a exercer o 
controle de constitucionalidade sobre a lei, porque sancionou o projeto. 
3. O Presidente da República pode, desde que se atenha ao prazo de veto de que dispõe 
constitucionalmente, voltar atrás na sanção e vetar o projeto. 
4. Tendo o Presidente da República sancionado a lei, toda discussão sobre eventual invasão da 
sua iniciativa privativa fica prejudicada, já que, qualquer que seja o caso, a sanção supre o vício 
de iniciativa. 
Assinale a opção correta. 
(a) Todas as afirmações estão corretas. 
(b) Nenhuma das afirmações está correta. 
(c) Apenas duas das afirmações estão corretas. 
(d) Apenas três das afirmações estão corretas. 
(e) Apenas uma das afirmações está correta. 
 
20. (Juiz Federal 5ª Região CESPE/UNB 2009) Considere que um projeto de lei de iniciativa 
parlamentar tenha por objeto autorizar o parcelamento de débitos tributários federais em 60 
meses, especificando o seu alcance e requisitos. Nessa situação hipotética, a sanção 
presidencial elimina a inconstitucionalidade formal do referido projeto de lei, visto que a 
matéria é de competência privativa do presidente da República. 
 
21. (Juiz Federal da 1ª Região CESPE 2013) Sanção presidencial a projeto em que se observa 
desrespeito à competência privativa do presidente sana o vício formal. 
 
4. FASE COMPLEMENTAR (INTEGRATIVA DE EFICÁCIA) 
1. PROMULGAÇÃO: “promulgar é atestar 
que a ordem jurídica foi inovada, declarando 
que uma lei existe e, portanto, deve ser 
cumprida” 
2. PUBLICAÇÃO: NO DIÁRIO OFICIAL 
DA UNIÃO 
 
Cibele Fernandes Dias 
 
11 
 
a.1) Quem promulga e publica? (66, §5º e §7º) 
b) Publicação (art. 1º, LICC – no silêncio da lei, ela começará a vigorar em todo território 
nacional quarenta e cinco dias após a sua publicação e nos Estados estrangeiros após três 
meses a sua publicação e art. 8º, Lei Complementar 95/98 – “A vigência da lei será indicada 
de forma expressa e de modo a contemplar prazo razoável para que dela se tenha amplo 
conhecimento, reservada a cláusula ‘entra em vigor na data de sua publicação’ para as leis de 
pequena repercussão’) 
b.1) Contagem do prazo na vacatio legis – contam-se como dias corridos, sem suspensão ou 
interrupção, incluindo-se na contagem o dia da publicação e o último dia do prazo. A lei entra 
em vigor no dia subseqüente ao da consumação integral do prazo, segundo a Lei Complementar 
95/98, na redação da LC n. 107/2001. 
 
22. (Juiz Federal 2ª Região 2013 CESPE) Nos casos em que o presidente da República, 
transcorrido o prazo de quinze dias úteis do recebimento de projeto de lei aprovado pelo 
Congresso Nacional, não se manifestar expressamente no sentido de sancionar ou de vetar o 
projeto, ocorrerá a sanção tácita, que terá como fase seguinte a promulgação da lei. 
 
IIb. LEIS COMPLEMENTARES (69, CF): 
Diferenças com as leis ordinárias: 
1. MATERIAL: A CONSTITUIÇÃO FEDERAL ELENCA EXPRESSAMENTE AS 
MATÉRIAS SUJEITAS À RESERVA DE LEI COMPLEMENTAR 
2. FORMAL: O QUORUM DE APROVAÇÃO É DE MAIORIA ABSOLUTA 
 “Não se presume a necessidade de edição de lei complementar, pois esta somente é 
exigível nos casos expressamente previstos na Constituição.”12 
 
23. (Procurador Federal 2007 CESPE) A Lei Complementar n.º 73/1993 — Lei Orgânica da 
AGU— tem campo material próprio, fixado pela CF. Entretanto, contém, também, normas que 
disciplinam matéria estranha ao campo material constitucionalmente delineado. Ao extravasar, 
incidentalmente, o seu âmbito material específico, a referida lei versou sobre matéria própria de 
lei ordinária, sendo as normas resultantes desse extravasamento normas ordinárias, passíveis de 
alteração e revogação pela legislação ordinária. 
 
24. (Juiz Substituto PI CESPE 2012) Considerando as disposições constitucionais acerca 
do processo legislativo, assinale a opção correta. 
(a) As deliberações das comissões permanentes de ambas as casas do Congresso Nacional 
devem ser tomadas por maioria simples, salvo no que diz respeito à discussão e votação, em 
caráter conclusivo, de projetos de lei, caso em que se requer maioria absoluta. 
(b) A promulgação é entendida como o atestado de existência da lei; desse modo, os efeitos da 
lei somente se produzem depois daquela. 
(c) A promulgação e a publicação da lei são sempre atos conjuntos e devem ocorrer de forma 
simultânea. 
 
12
 Supremo Tribunal Federal. In: MORAES, Constituição..., op. cit., p. 1199. 
 
Cibele Fernandes Dias 
 
12 
(d) As medidas provisórias, cujo prazo de validade é de sessenta dias, prorrogável por mais 
sessenta, devem ser votadas em sessão conjunta do Congresso Nacional. 
(e) As leis delegadas, elaboradas pelo presidente da República em virtude de autorização do 
Poder Legislativo, devem ser aprovadas por maioria absoluta. 
 
IIc. RESOLUÇÕES do PODER LEGISLATIVO 
1. Resolução do Congresso Nacional (68, §3º, CF), Resolução da Câmara dos Deputados 
(51, CF) ou Resolução do Senado Federal (52, CF): FORMALIZA COMPETÊNCIAS 
EXCLUSIVAS OU PRIVATIVAS DO PODER LEGISLATIVO 
a) Participação do Presidente da República no processo legislativo, seja apresentando o 
projeto de resolução, sancionando ou vetando o projeto, promulgando e publicando a 
Resolução? NÃO 
b) Promulgação e Publicação: 
 RESOLUÇÃO DA CÂMARA: PRESIDENTE DA MESA DA CÂMARA 
RESOLUÇÃO DO SENADO: PRESIDENTE DA MESA DO SENADO 
RESOLUÇÃO DO CONGRESSO: PRESIDENTE DA MESA DO SENADO (enquanto 
Presidente da Mesa do Congresso) 
 
25. (Juiz Federal 2ª Região 2013 CESPE) As resoluções são atos normativos destinados a 
regular assunto de competência exclusiva do Congresso, incumbindo-lhe, prioritariamente, 
referendar atos emanados do Presidente da República. 
 
IId. DECRETOS LEGISLATIVOS 
1. Decreto Legislativo do Congresso Nacional (49, 62, §§3º, 11, CF): FORMALIZA 
COMPETÊNCIAS EXCLUSIVAS DO CONGRESSO 
a) Participação do Presidente da República no processo legislativo, seja apresentando o 
projeto de resolução, sancionando ou vetando o projeto, promulgando e publicando a 
Resolução? NÃO 
b) Promulgação e Publicação: PRESIDENTE DA MESA DO SENADO (enquanto 
Presidente da Mesa do Congresso) 
 
26. (Procurador do Banco Central 2009 CESPE) (a) O decreto legislativo é espécie normativa 
destinada a dispor acerca de matérias de competência exclusiva do Congresso Nacional e deve 
ser, obrigatoriamente, instruído, discutido e votado em ambas as casas legislativas, no sistema 
bicameral. (b) As matérias de competência privativa do Senado Federal não dependem de 
sanção presidencial e se materializam por meio de decretolegislativo. 
 
27. (Juiz Substituto TJ ES 2011 CESPE) Considerando os dispositivos da CF sobre o 
funcionamento e as atribuições do Poder Legislativo, o processo legislativo e a fiscalização 
contábil, financeira e orçamentária, assinale a opção correta. 
(a) Ao Congresso Nacional cabe fixar os subsídios do presidente, do vice-presidente da 
República e dos ministros de Estado e julgar anualmente as contas prestadas pelo presidente da 
República 
 
Cibele Fernandes Dias 
 
13 
(b) A CF veda, completamente, a apresentação de emendas parlamentares que representem 
aumento das despesas a projetos de lei de iniciativa exclusiva do chefe do Poder Executivo. 
(c) A criação de cargos e funções na administração direta e autárquica, assim como o aumento 
da sua remuneração, somente pode ocorrer mediante lei de iniciativa do presidente da 
República ou do Congresso Nacional 
(d) Compete ao Tribunal de Contas da União realizar, somente por iniciativa própria ou da 
comissão mista permanente de deputados e senadores responsável pela apreciação e execução 
das leis orçamentárias, inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, 
operacional e patrimonial nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e 
Judiciário. 
(e) Às comissões permanentes do Congresso Nacional compete discutir e votar, em caráter 
preliminar, matérias de sua competência, não sendo dispensável, portanto, em qualquer caso, a 
decisão final, pelo plenário de cada Casa, acerca do conteúdo dos projetos de lei. 
 
28. (Juiz Substituto TJ Bahia 2012 CESPE) Com base no que dispõe a CF sobre a estrutura, o 
funcionamento e as atribuições do Poder Legislativo, assinale a opção correta. 
(a) Compete privativamente ao Senado Federal autorizar operações externas de natureza 
financeira de interesse dos diversos entes federativos, bem como resolver definitivamente sobre 
tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao 
patrimônio nacional. 
(b) É da Câmara dos Deputados a competência para autorizar a instauração de processo contra 
o presidente, o vice-presidente da República e os ministros de Estado acusados de crime de 
responsabilidade, e ao Senado Federal se a acusação for de prática de crime comum. 
(c) Cabe ao Congresso Nacional dispor, por meio de lei, sobre a fixação e modificação do 
efetivo das Forças Armadas. 
(d) A condenação do presidente da República por crime de responsabilidade depende da 
aprovação da medida, em votação secreta, pela maioria absoluta dos membros do Senado 
Federal. 
(e) Nas sessões legislativas extraordinárias do Congresso Nacional, os parlamentares só podem 
deliberar sobre a matéria que motivou a convocação, sendo terminantemente vedado discutir 
qualquer outra matéria 
 
IIe. LEIS DELEGADAS (68, CF) e PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DE PODERES 
a. LIMITES MATERIAIS EXPRESSOS OU MATÉRIAS QUE NÃO PODEM SER 
OBJETO DE LEI DELEGADA (art. 68, §1º, I a III, CF) 
1. Atos de competência exclusiva do Congresso Nacional, de competência privativa da Câmara 
dos Deputados ou do Senado Federal (§1º, 68) 
2. Matéria reservada à lei complementar (§1º, 68) 
3. Legislação sobre organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a 
garantia de seus membros (I, 68) 
4. Nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais (II, 68) 
5. Planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos (III, 68) 
 
 
Cibele Fernandes Dias 
 
14 
b. Delegação típica (art. 68, §2º, CF): o Presidente da República pede ao Congresso Nacional 
que lhe transfira competência legislativa sobre matéria específica. O Congresso Nacional 
autoriza, mediante resolução, o Presidente da República a editar lei delegada sobre um assunto. 
O Presidente elabora a lei delegada. 
c. Delegação atípica ou imprópria (art. 68, §3º, CF): Quando o Congresso Nacional transfere 
ao Presidente o exercício da competência legislativa, exige, na resolução, que o projeto de lei 
delegada, depois de elaborado pelo Presidente da República, retorne ao Congresso Nacional 
para ser discutido e votado. Nessa situação, o Congresso Nacional discutirá e votará o projeto 
de lei delegada, mas não poderá apresentar emendas parlamentares (aliás, trata-se de única 
hipótese, num processo legislativo, em que a CF proíbe a apresentação de emendas 
parlamentares ao projeto de lei). Assim, ou o Congresso aprova o projeto de lei delegada que, 
automaticamente, se transforma em lei delegada, seguindo para promulgação e publicação pelo 
Presidente da República; ou o Congresso rejeita o projeto de lei delegada que será arquivado. 
Note-se que o projeto de lei delegada, justamente porque não pode sofrer emendas 
parlamentares, não passa pela fase da sanção ou veto. 
 
29. (Ministério Público Estadual Rio Grande do Norte CESPE 2009) A iniciativa das leis 
delegadas cabe a qualquer membro ou comissão da Câmara dos Deputados ou do Senado 
Federal, na forma e nos casos previstos na CF. 
 
30. (Juiz Federal Substituto TRF 5ª Região 2011 CESPE/UNB) Uma vez obtida resolução 
delegatória, o presidente da República fica obrigado a editar a lei objeto do pedido de 
delegação ao Congresso Nacional. 
 
IIf. MEDIDAS PROVISÓRIAS (62, CF) 
 
a. Natureza jurídica e relação com o princípio da separação de poderes 
“As medidas provisórias configuram espécies normativas de natureza 
infraconstitucional, dotadas de força e eficácia legais.” Ministro Celso de Mello, do 
STF.
13
 
 
b. PRESSUPOSTOS AUTORIZADORES da edição de medida provisória - relevância e 
urgência – e possibilidade de controle jurisdicional de constitucionalidade 
1. NÃO CABE O CONTROLE JURISDICIONAL (REGRA): QUANDO O EXAME 
DOS PRESSUPOSTOS DEPENDER DE UM JUÍZO SUBJETIVO, POLÍTICO, 
DISCRICIONÁRIO DO PRESIDENTE 
 
2. CABE O CONTROLE JURISDICIONAL (EXCEÇÃO): QUANDO O EXAME DOS 
PRESSUPOSTOS DEPENDER DE AVALIAÇÃO OBJETIVA
14
 
 
13
 RTJ 151/331. 
14
 “A mera possibilidade de avaliação arbitrária daqueles pressupostos (relevância e urgência), pelo 
Chefe do Poder Executivo, constitui razão bastante para justificar o controle jurisdicional. O 
reconhecimento de imunidade que pré-excluísse de apreciação judicial o exame de tais pressupostos, 
 
Cibele Fernandes Dias 
 
15 
 
 
 
 
(c) LIMITES MATERIAIS ou matérias que não podem ser objeto de medida provisória 
(acrescentado pela Emenda Constitucional n. 32/2001): 
(c.1) Vedações similares àqueles previstos para a edição de lei delegada: 
1. Matéria relativa à nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito 
eleitoral (I, a, §1º, 62) – (similar ao II, §1º, 68) 
2. Organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus 
membros (I, c, §1º, 62) (= I, §1º, 68) 
3. planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e 
suplementares, ressalvado o disposto no 167, §3º (similar ao III, §1º, 168) (exceção: para 
abertura de crédito extraordinário para atender despesas imprevisíveis e urgentes como as 
decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pública) 
4. reservada à lei complementar (III, §1º, art. 62) (= parte do §1º, 68) 
5. Faltou vedar medida provisória em matéria de competência exclusiva do Congresso 
Nacional, privativa do Senado ou da Câmara dos Deputados 
 
(c.2) Vedações previstas exclusivamente para a medida provisória: 
1. direito penal, processual penal e processual civil (b, I, 62) 
2. que vise a detenção ou seqüestro de bens, de poupança popular ou de qualquer outro ativo 
financeiro (II, 62) 
3. já disciplinada em projeto de lei aprovadopelo Congresso Nacional e pendente de sanção ou 
veto do Presidente da República (IV, 62) 
4. regulamentar a exploração do serviço local de gás canalizado, de competência estadual (25, 
§2º, CF) 
5. regulamentação de artigo da Constituição cuja redação tenha sido alterada por emenda 
constitucional promulgada entre 1º de janeiro de 1995 até a promulgação da Emenda 32, de 11 
de setembro de 2001 (art. 246, acrescentado pela Emenda 6, de 15 de agosto de 1995, com 
nova redação pela Emenda 32, de 2001) 
6. regulamentação de matéria prevista nos incisos I a IV e dos §§ 1º e 2º do art. 177 da CF, 
que dizem respeito a atividades econômicas sujeitas a monopólio da União (Emenda 9, de 9 de 
novembro de 1995). 
 
31. (Juiz Federal 5ª Região CESPE 2009) Suponha que determinado projeto de lei ordinária 
seja encaminhado para sanção presidencial e que, nesse mesmo momento, o presidente da 
República resolva editar uma medida provisória acerca da mesma matéria tratada no referido 
 
caso admitido fosse, implicaria consagrar, de modo inaceitável, em favor do Presidente da República, 
uma ilimitada expansão de seu poder para editar medidas provisórias, sem qualquer possibilidade de 
controle, o que se revelaria incompatível com o nosso sistema constitucional.” Supremo Tribunal 
Federal. Ministro Celso de Mello. 
 
Cibele Fernandes Dias 
 
16 
projeto. Nessa situação hipotética, desde que atendidos os demais preceitos constitucionais, não 
há impedimento para se editar a referida medida provisória. 
 
32. (Juiz Federal 5ª Região CESPE 2009) Para regulamentar a exploração direta, ou mediante 
concessão, dos serviços locais de gás canalizado, pode ser utilizada pelos estados medida 
provisória, desde que prevista a sua edição na respectiva constituição estadual. 
 
(c.3) A questão da medida provisória sobre direito tributário 
1. O art. 62, §2º admite expressamente a instituição e majoração de impostos, estabelecendo 
limites constitucionais. 
2. A Constituição Federal consagra, no art. 150, inc. I o princípio da reserva legal, e veda a 
cobrança de tributo no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os 
instituiu ou aumentou (art. 150, III, “b”, CF - princípio da anterioridade). Ainda assim, o STF 
admitia o uso de medida provisória para exigir ou aumentar tributo. Em se tratando de 
contribuição social prevista no art. 195 da CF, o STF também admitiu o uso de medida 
provisória desde que respeitado o § 6º, ou seja, possibilidade de exigência da contribuição 
somente depois de 90 dias da data da publicação da lei que as houvesse instituído ou 
modificado. 
3. A emenda 32, de 2001 permitiu a edição de medida provisória para instituir ou majorar 
tributos, mas respeitado o princípio da anterioridade com um avanço em relação à orientação do 
STF, porque a medida provisória só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver 
sido convertida em lei até o último dia daquele ano em que foi editada (art. 62, § 2º, CF). 
4. Todavia, excepcionalmente, a medida provisória poderá instituir ou majorar tributos e a 
cobrança poderá ser imediata, em relação aos impostos sobre importação de produtos 
estrangeiros (II), sobre exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados 
(IE), sobre produtos industrializados (IPI), sobre operações de crédito, câmbio e seguro, ou 
relativas a títulos ou valores mobiliários (IOF), nos termos do art. 153, incisos I, II, IV e V, 
como também sobre impostos extraordinários de guerra (IEG), conforme art. 154, II, da CF. A 
ressalva aos impostos II, IE, IPI, IOF e IEG deve-se ao fato de que estes impostos não estão 
submetidos ao princípio da anterioridade, por força do art. 150, § 1º da CF. 
 
33. (Procurador da Fazenda Nacional 2004 – ESAF) A emenda constitucional n. 32/2001 
proíbe o uso de medida provisória para criar ou majorar impostos, tornando superada a 
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal que o admitia. 
 
34. (Advogado da União 2012 CESPE) A CF admite a edição de medida provisória que 
institua ou majore impostos, desde que seja respeitado o princípio da anterioridade tributária. 
 
35. (Procurador Federal 2007 CESPE) Medida provisória pode estabelecer isenção do ISS 
incidente sobre a exportação de serviços para o exterior. 
 
36. (Procurador do Distrito Federal 2007 ESAF) Sabendo-se que a Emenda Constitucional n. 
11, de 30.4.96, estabeleceu que “é facultado às universidades admitir professores, técnicos e 
cientistas estrangeiros, na forma da lei”, é dado afirmar que o Presidente da República não pode 
 
Cibele Fernandes Dias 
 
17 
expedir medidas provisórias para regular a admissão desses professores, técnicos e cientistas 
estrangeiros no quadro das universidades. 
 
d. Procedimento: 
d.1. DURAÇÃO DA MEDIDA PROVISÓRIA (§3º, 4º, 6º e 7º do art. 62 + §8º, do art. 57, 
CF) 
1. Prazo inicial de vigência: 60 DIAS 
2. Prorrogação automática da vigência: POR MAIS 60 DIAS, ESGOTADO O PRAZO 
INICIAL, PELO PRESIDENTE DA MESA DO CONGRESSO NACIONAL 
a) A contagem do prazo é ininterrupta? NÃO, É SUSPENSA DURANTE O RECESSO 
PARLAMENTAR 
b) No 45º dia, se não tiver sido concluída a votação da MP: ENTRA EM REGIME DE 
URGÊNCIA, TRANCANDO A PAUTA DA CASA QUE ESTIVER SOBRE ELA 
DELIBERANDO
15
 
 
15 ARTIGO: Medida Provisória - Separação de Poderes - Poder de Agenda do Congresso Nacional 
(Transcrições) MS 27931 MC/DF* RELATOR: MIN. CELSO DE MELLO DECISÃO: Trata-se de mandado de 
segurança preventivo, com pedido de liminar, impetrado por ilustres membros do Congresso Nacional contra 
decisão do Senhor Presidente da Câmara dos Deputados que “(...) formalizou, perante o Plenário da Câmara dos 
Deputados, seu entendimento no sentido de que o sobrestamento das deliberações legislativas – previsto no § 6º 
do art. 62 da Constituição Federal – só se aplicaria, supostamente, aos projetos de lei ordinária” (fls. 03/04 - 
grifei). A decisão questionada nesta sede mandamental, proferida pelo eminente Senhor Presidente da Câmara 
dos Deputados, está assim ementada (fls. 53): “Responde à questão de ordem do Deputado Regis de Oliveira 
com uma reformulação e ampliação da interpretação sobre quais são as matérias abrangidas pela expressão 
‘deliberações legislativas’ para os fins de sobrestamento da pauta por medida provisória nos termos da 
Constituição; entende que, sendo a medida provisória um instrumento que só pode dispor sobre temas atinentes a 
leis ordinárias, apenas os projetos de lei ordinária que tenham por objeto matéria passível de edição de medida 
provisória estariam por ela sobrestados; desta forma, considera não estarem sujeitas às regras de sobrestamento, 
além das propostas de emenda à Constituição, dos projetos de lei complementar, dos decretos legislativos e das 
resoluções - estas objeto inicial da questão de ordem - as matérias elencadas no inciso I do art. 62 da 
Constituição Federal, as quais tampouco podem ser objeto de medidas provisórias; decide, ainda, que as medidas 
provisórias continuarão sobrestando as sessões deliberativas ordinárias da Câmara dos Deputados, mas não 
trancarão a pauta das sessões extraordinárias.” (grifei) Busca-se, agora, com o presente mandado de segurança, 
ordem judicial que determine, “(...) ao Presidente da Câmara dos Deputados, que se abstenha de colocar em 
deliberação qualquer espécie de proposição legislativa, até que se ultime a votação de todas as medidas 
provisórias que, eventualmente, estiverem sobrestando a pauta, nos termos do § 6º do art. 62 da Constituição 
(...)”(fls. 15 - grifei). O Senhor Presidente da Câmara dos Deputados, ao proferir a decisão em referência, assim 
fundamentou, em seus aspectos essenciais, o entendimento ora questionado (fls. 46/48): “(...) quero dizer - já 
faço uma síntese preliminar – que, além das resoluções, que podem ser votadas apesar do trancamento da pauta 
por uma medida provisória, também assim pode ocorrer com as emendas à Constituição, com a lei 
complementar, com os decretos legislativos e, naturalmente, com as resoluções. Dou um fundamento para esta 
minha posição. O primeiro fundamento é de natureza meramente política. Os senhores sabem o quanto esta Casa 
tem sido criticada, porque praticamente paralisamos as votações em face das medidas provisórias. Basta registrar 
que temos hoje 10 medidas provisórias e uma décima primeira que voltou do Senado Federal, porque lá houve 
emenda, que trancam a pauta dos nossos trabalhos. Num critério temporal bastante otimista, essa pauta só será 
destrancada no meio ou no final de maio, isso se ainda não voltarem para cá outras medidas provisórias do 
Senado Federal, com eventuais emendas, ou, ainda, outras vierem a ser editadas de modo a trancar a pauta. 
Portanto, se não encontrarmos uma solução, no caso, interpretativa do texto constitucional que nos permita o 
destrancamento da pauta, nós vamos passar, Deputadas e Deputados, praticamente esse ano sem conseguir levar 
 
Cibele Fernandes Dias 
 
18 
 
adiante as propostas que tramitam por esta Casa que não sejam as medidas provisórias. Aqui, estou me cingindo 
a colocações de natureza política. Eu quero, portanto, dar uma resposta à sociedade brasileira, dizendo que nós 
encontramos, aqui, uma solução que vai nos permitir legislar. ...................................................... Fechada a 
explicação de natureza política, eu quero dar uma explicação de natureza jurídica que me leva a esse 
destrancamento. A primeira afirmação que quero fazer, agora sob o foco jurídico, é uma afirmação de natureza 
genérica. (...). Uma primeira é que esta Constituição - sabemos todos – inaugurou, política e juridicamente, um 
estado democrático de direito. Não precisamos ressaltar que nasceu como fruto do combate ao autoritarismo. 
Não precisamos ressaltar que surgiu para debelar o centralismo. Não precisamos repisar que surgiu para igualar 
os poderes e, portanto, para impedir que um dos poderes tivesse uma atuação política e juridicamente superior à 
de outro poder, o que ocorria no período anterior à Constituinte de l988. ...................................................... E, na 
seqüência, estabeleceu uma igualdade absoluta entre os poderes do Estado, ou seja, eliminou aquela ordem 
jurídica anterior que dava prevalência ao Poder Executivo e, no particular, ao Presidente da República. 
....................................................... Ao distribuir essas funções, a soberania popular, expressada na Constituinte, 
estabeleceu funções distintas para órgãos distintos. Para dizer uma obviedade, Executivo executa, Legislativo 
legisla e Judiciário julga. Portanto, a função primacial, primeira, típica, identificadora de cada um dos poderes é 
esta: execução, legislação e jurisdição. ....................................................... No caso do Legislativo, essa atividade 
foi entregue ao órgão do poder chamado Poder Legislativo. Pode haver exceção a esse princípio? Digo eu: pode 
e há. Tanto que, em matéria legislativa, o Poder Executivo, por meio do Presidente da República, pode editar 
medidas provisórias com força de lei, na expressão constitucional. É uma exceção ao princípio segundo o qual 
ao Legislativo incumbe legislar. ...................................................... Então, volto a dizer: toda vez que há uma 
exceção, esta interpretação não pode ser ampliativa. Ao contrário. A interpretação é restritiva. Toda e qualquer 
exceção retirante de uma parcela de poder de um dos órgãos de Governo, de um dos órgãos de poder, para outro 
órgão de Governo, só pode ser interpretada restritivamente. Muito bem. Então, registrado que há uma exceção, 
nós vamos ao art. 62 e lá verificamos o seguinte: que a medida provisória, se não examinada no prazo de 45 dias, 
sobresta todas as demais deliberações legislativas na Casa em que estiver tramitando a medida provisória. Mas, 
aí, surge uma pergunta: de que deliberação legislativa está tratando o texto constitucional? E eu, aqui, faço mais 
uma consideração genérica. A interpretação mais prestante na ordem jurídica do texto constitucional é a 
interpretação sistêmica. Quer dizer, eu só consigo desvendar os segredos de um dispositivo constitucional se eu 
encaixá-lo no sistema. É o sistema que me permite a interpretação correta do texto. A interpretação literal - para 
usar um vocábulo mais forte - é a mais pedestre das interpretações. Então, se eu ficar na interpretação literal, 
‘todas as deliberações legislativas’, eu digo, nenhuma delas pode ser objeto de apreciação. Mas não é isso o que 
diz o texto. Eu pergunto, e a pergunta é importante: uma medida provisória pode versar sobre matéria de lei 
complementar? Não pode. Há uma vedação expressa no texto constitucional. A medida provisória pode 
modificar a Constituição? Não pode. Só a emenda constitucional pode fazê-lo. A medida provisória pode tratar 
de uma matéria referente a decreto legislativo, por exemplo, declarar a guerra ou fazer a paz, que é objeto de 
decreto legislativo? Não pode. A medida provisória pode editar uma resolução sobre o Regimento Interno da 
Câmara ou do Senado? Não pode. Isto é matéria de decreto legislativo e de resolução. Aliás, aqui faço um 
parêntese: imaginem os senhores o que significa o trancamento da pauta. Se hoje estourasse um conflito entre o 
Brasil e um outro país, e o Presidente mandasse uma mensagem para declarar a guerra, nós não poderíamos 
expedir o decreto legislativo, porque a pauta está trancada até maio. Então, nós mandaríamos avisar: só a partir 
do dia 15 ou 20 de maio nós vamos poder apreciar esse decreto legislativo. Não é? Então, em face dessas 
circunstâncias, a interpretação que se dá a essa expressão ‘todas as deliberações legislativas’ são todas as 
deliberações legislativas ordinárias. Apenas as leis ordinárias é que não podem trancar a pauta. E ademais disso, 
mesmo no tocante às leis ordinárias, algumas delas estão excepcionadas. O art. 62, no inciso I, ao tratar das leis 
ordinárias que não podem ser objeto de medida provisória, estabelece as leis ordinárias sobre nacionalidade, 
cidadania e outros tantos temas que estão elencados no art. 62, inciso I. Então, nestas matérias também, digo eu, 
não há trancamento da pauta. Esta interpretação, como V. Exas. percebem, é uma interpretação do sistema 
constitucional. O sistema constitucional nos indica isso, sob pena de termos que dizer o seguinte: (...) a 
Constituinte de 1988 não produziu o Estado Democrático de Direito; a Constituinte de 1988 não produziu a 
igualdade entre os órgãos do Poder. A Constituinte de 1988 produziu um sistema de separação de Poderes, em 
que o Poder Executivo é mais relevante, é maior, politicamente, do que o Legislativo, tanto é maior que basta um 
 
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gesto excepcional de natureza legislativa para paralisar as atividades do Poder Legislativo. Poderíamos até 
exagerar e dizer: na verdade o que se quis foi apenar o Poder Legislativo. Ou seja, se o Legislativo não examinou 
essa medida provisória, que nasceu do sacrossanto PoderExecutivo, o Legislativo paralisa as suas atividades e 
passa naturalmente a ser chicoteado pela opinião pública. Por isso que, ao dar esta interpretação, o que quero 
significar é que as medidas provisórias evidentemente continuarão na pauta das sessões ordinárias, e continuarão 
trancando a pauta das sessões ordinárias, não trancarão a pauta das sessões extraordinárias (...).” (grifei) A 
LEGITIMIDADE ATIVA DOS IMPETRANTES EM FACE DE SUA CONDIÇÃO DE MEMBROS DO 
CONGRESSO NACIONAL. Sendo esse o contexto, examino, inicialmente, questão pertinente à legitimidade 
ativa dos ilustres Deputados Federais impetrantes do presente mandado de segurança. E, ao fazê-lo, reconheço, 
na linha do magistério jurisprudencial desta Suprema Corte (MS 23.334/RJ, Rel. Min. CELSO DE MELLO, 
v.g.), que os membros do Congresso Nacional dispõem de legitimidade ativa “ad causam” para provocar a 
instauração do controle jurisdicional sobre o processo de formação das leis e das emendas à Constituição, 
assistindo-lhes, sob tal perspectiva, irrecusável direito subjetivo de impedir que a elaboração dos atos 
normativos, pelo Poder Legislativo, incida em desvios inconstitucionais. É por essa razão que o Supremo 
Tribunal Federal tem reiteradamente proclamado, em favor dos congressistas – e apenas destes -, o 
reconhecimento desse direito público subjetivo à correta elaboração das emendas à Constituição, das leis e das 
demais espécies normativas referidas no art. 59 da Constituição: “(...) O processo de formação das leis ou de 
elaboração de emendas à Constituição revela-se suscetível de controle incidental ou difuso pelo Poder Judiciário, 
sempre que, havendo possibilidade de lesão à ordem jurídico-constitucional, a impugnação vier a ser suscitada 
por membro do próprio Congresso Nacional, pois, nesse domínio, somente ao parlamentar - que dispõe do 
direito público subjetivo à correta observância das cláusulas que compõem o devido processo legislativo - assiste 
legitimidade ativa ad causam para provocar a fiscalização jurisdicional. (...).” (MS 23.565/DF, Rel. Min. CELSO 
DE MELLO) Não se pode ignorar que a estrita observância das normas constitucionais condiciona a própria 
validade dos atos normativos editados e/ou examinados pelo Poder Legislativo (CARL SCHMITT, “Teoria de 
La Constitución”, p. 166, 1934; PAOLO BISCARETTI DI RUFFIA, “Diritto Costituzionale”, vol. I/433-434, 
1949; JULIEN LAFERRIÈRE, “Manuel de Droit Constitutionnel”, p. 330, 1947; A. ESMEIN, “Elements de 
Droit Constitutionnel Français et Comparé”, vol. I/643, 1927; SERIO GALEOTTI, “Contributo alla Teoria del 
Procedimento Legislativo”, p. 241). Desse modo, torna-se possível, em princípio, a fiscalização jurisdicional do 
processo de criação e de formação dos atos normativos, desde que - instaurada para viabilizar, “incidenter 
tantum”, o exame da compatibilidade das proposições com o texto da Constituição da República - venha a ser 
iniciada por provocação formal de qualquer dos integrantes das Casas legislativas. Bem por isso, o Supremo 
Tribunal Federal, na análise dessa específica questão, consagrou orientação jurisprudencial que reconhece a 
possibilidade do controle incidental de constitucionalidade das proposições legislativas, desde que instaurado por 
iniciativa de membros do órgão parlamentar perante o qual se acham em curso os projetos de lei, as propostas de 
emenda à Constituição ou as medidas provisórias, p. ex.. A possibilidade extraordinária dessa intervenção 
jurisdicional, ainda que no próprio momento de produção das normas pelo Congresso Nacional, tem por 
finalidade assegurar, ao parlamentar (e a este, apenas), o direito público subjetivo - que lhe é inerente (RTJ 
139/783) - de ver elaborados, pelo Legislativo, atos estatais compatíveis com o texto constitucional, garantindo-
se, desse modo, àqueles que participam do processo legislativo (mas sempre no âmbito da Casa legislativa a que 
pertence o congressista impetrante), a certeza de observância da efetiva supremacia da Constituição, respeitados, 
necessariamente, no que se refere à extensão do controle judicial, os aspectos discricionários concernentes às 
questões políticas e aos atos “interna corporis” (RTJ 102/27 - RTJ 112/598 - RTJ 112/1023). Titulares do poder 
de agir em sede jurisdicional, portanto, tratando-se de controvérsia constitucional instaurada ainda no momento 
formativo do projeto de lei (inclusive do projeto de lei de conversão) ou da proposta de emenda à Constituição, 
hão de ser os próprios membros do Congresso Nacional, a quem se reconhece, como líquido e certo, o direito 
público subjetivo à correta observância da disciplina jurídica imposta pela Carta Política em sede de elaboração 
das espécies normativas. O parlamentar, fundado na sua condição de co-partícipe do procedimento de formação 
das normas estatais, dispõe, por tal razão, da prerrogativa irrecusável de impugnar, em juízo, o eventual 
descumprimento, pela Casa legislativa, das cláusulas constitucionais que lhe condicionam, no domínio material 
ou no plano formal, a atividade de positivação dos atos normativos. POSSIBILIDADE DE CONTROLE 
JURISDICIONAL DA DELIBERAÇÃO PARLAMENTAR QUESTIONADA, POR OCORRENTE 
 
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SITUAÇÃO CONFIGURADORA DE LITÍGIO CONSTITUCIONAL. Reconhecida, assim, a legitimidade dos 
ora impetrantes para agir na presente sede mandamental, passo a examinar a admissibilidade, no caso, desta ação 
de mandado de segurança, por entender que a decisão ora impugnada não se qualifica como ato “interna 
corporis”. Tenho para mim, em juízo de sumária cognição, que a presente causa revela-se suscetível de 
conhecimento por esta Suprema Corte, em face da existência, na espécie, de litígio constitucional – instaurado 
entre os ora impetrantes, em sua condição de membros do Congresso Nacional, e o Senhor Presidente da Câmara 
dos Deputados – referente à interpretação do § 6º do art. 62 da Constituição Federal, acrescido pela EC nº 
32/2001. Esse particular aspecto da controvérsia afasta o caráter “interna corporis” do procedimento em questão, 
legitimando-se, desse modo, tal como tem sido reconhecido pela jurisprudência do Supremo Tribunal Federal 
(RTJ 173/805-810, 806 - RTJ 175/253 - RTJ 176/718, v.g.), o exercício, por esta Suprema Corte, da jurisdição 
que lhe é inerente, em razão da natureza jurídico-constitucional do litígio em causa. Vê-se, portanto, que a 
existência de controvérsia jurídica impregnada de relevo constitucional legitima o exercício, por esta Suprema 
Corte, de sua atividade de controle, que se revela ínsita ao âmbito de competência que a própria Carta Política 
lhe outorgou. Isso significa reconhecer, considerados os fundamentos que dão suporte a esta impetração, que a 
prática do “judicial review” - ao contrário do que muitos erroneamente supõem e afirmam – não pode ser 
considerada um gesto de indevida interferência jurisdicional na esfera orgânica do Poder Legislativo. É que a 
jurisdição constitucional qualifica-se como importante fator de contenção de eventuais excessos, abusos ou 
omissões alegadamente transgressores do texto da Constituição da República, não importando a condição 
institucional que ostente o órgão estatal – por mais elevada que seja sua posição na estrutura institucional do 
Estado - de que emanem tais condutas. Não custa rememorar, neste ponto, que tal entendimento – plenamente 
legitimado pelos princípios que informam o Estado Democrático de Direito e que regem, em nosso sistema 
institucional, as relações entre os Poderes da República – nada mais representa senão um expressivo reflexo 
histórico da prática jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal (RTJ 142/88-89 - RTJ 167/792-793- RTJ 
175/253 - RTJ 176/718, v.g.). Essa visão é também compartilhada pelo magistério da doutrina (PEDRO LESSA, 
“Do Poder Judiciário”, p. 65/66, 1915, Livraria Francisco Alves; RUI BARBOSA, “Obras Completas de Rui 
Barbosa”, vol. XLI, tomo III, p. 255/261, Fundação Casa de Rui Barbosa; CASTRO NUNES, “Do Mandado de 
Segurança”, p. 223, item n. 103, 5ª ed., 1956, Forense; PONTES DE MIRANDA, “Comentários à Constituição 
de 1967 com a Emenda n. 1, de 1969”, tomo III/644, 3ª ed., 1987, Forense; JOSÉ ELAERES MARQUES 
TEIXEIRA, “A Doutrina das Questões Políticas no Supremo Tribunal Federal”, 2005, Fabris Editor; DERLY 
BARRETO E SILVA FILHO, “Controle dos Atos Parlamentares pelo Poder Judiciário”, 2003, Malheiros; 
OSCAR VILHENA VIEIRA, “Supremo Tribunal Federal: Jurisprudência Política”, 2ª ed., 2002, Malheiros, 
v.g.), cuja orientação, no tema, tem sempre ressaltado, na linha de diversas decisões desta Corte, que “O Poder 
Judiciário, quando intervém para assegurar as franquias constitucionais e para garantir a integridade e a 
supremacia da Constituição, desempenha, de maneira plenamente legítima, as atribuições que lhe conferiu a 
própria Carta da República” (RTJ 173/806, Rel. Min. CELSO DE MELLO). Entendo cognoscível, desse modo, 
salvo melhor juízo, o presente mandado de segurança, eis que configurada a existência, na espécie, de litígio de 
índole constitucional. Superadas as questões prévias que venho de referir, passo a apreciar a postulação cautelar 
formulada pelos ilustres impetrantes. A COMPETÊNCIA EXTRAORDINÁRIA DE EDITAR MEDIDAS 
PROVISÓRIAS NÃO PODE LEGITIMAR PRÁTICAS DE CESARISMO GOVERNAMENTAL NEM INIBIR 
O EXERCÍCIO, PELO CONGRESSO NACIONAL, DE SUA FUNÇÃO PRIMÁRIA DE LEGISLAR. Quero 
registrar, desde logo, uma vez mais, a minha extrema preocupação – que já externara, em 1990, quando do 
julgamento da ADI 293-MC/DF, de que fui Relator - com o excesso de medidas provisórias que os sucessivos 
Presidentes da República têm editado, transformando a prática extraordinária dessa competência normativa 
primária em exercício ordinário do poder de legislar, com grave comprometimento do postulado constitucional 
da separação de poderes. O exame da presente controvérsia mandamental suscita reflexão em torno de matéria 
impregnada do mais alto relevo jurídico, pois está em debate, neste processo, para além da definição do alcance 
de uma regra de caráter procedimental (CF, art. 62, § 6º), a própria integridade do sistema de poderes, 
notadamente o exercício, pelo Congresso Nacional, da função primária que lhe foi constitucionalmente atribuída: 
a função de legislar. Ao julgar a ADI 2.213-MC/DF, de que sou Relator, salientei, então, a propósito da anômala 
situação institucional que resulta do exercício compulsivo do poder (extraordinário) de editar medidas 
provisórias, que o postulado da separação de poderes, que impõe o convívio harmonioso entre os órgãos da 
 
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soberania nacional, atua, no contexto da organização estatal, como um expressivo meio de contenção dos 
excessos, que, praticados por qualquer dos poderes, culminam por submeter os demais à vontade hegemônica de 
um deles apenas. A decisão ora impugnada nesta sede mandamental, considerados os fundamentos que lhe dão 
suporte legitimador, reflete, aparentemente, a justa preocupação da autoridade apontada como coatora – que 
associa, à sua condição de político ilustre, o perfil de constitucionalista eminente – com o processo de 
progressivo (e perigoso) esvaziamento das funções legislativas, que devem residir, primariamente, como típica 
função da instituição parlamentar, no Congresso Nacional (MICHEL TEMER, “Elementos de Direito 
Constitucional”, p. 133, item n. 1, 22ª ed./2ª tir., 2008, Malheiros), em ordem a neutralizar ensaios de 
centralização orgânica capazes de submeter, ilegitimamente, o Parlamento à vontade unipessoal do Presidente da 
República, cuja hegemonia no processo legislativo tende, cada vez mais, a inibir o poder de agenda do 
Legislativo, degradando-o, enquanto instituição essencial ao regime democrático, à condição de aparelho estatal 
inteiramente subordinado aos desígnios do Executivo, precisamente em decorrência da prática imoderada do 
poder de editar medidas provisórias. Na realidade, a deliberação ora questionada busca reequilibrar as relações 
institucionais entre a Presidência da República e o Congresso Nacional, fazendo-o mediante interpretação que 
destaca o caráter fundamental que assume, em nossa organização política, o princípio da divisão funcional do 
poder, cuja essencialidade - ressaltada por ilustres doutrinadores (JOSÉ ANTÔNIO PIMENTA BUENO, 
“Direito Público Brasileiro e Análise da Constituição do Império”, p. 32/33, item ns. 27/28, 1958, reedição do 
Ministério da Justiça, Rio de Janeiro; MIGUEL REALE, “Figuras da Inteligência Brasileira”, p. 45/50, 2ª ed., 
1994, Siciliano; CÁRMEN LÚCIA ANTUNES ROCHA, “Medidas Provisórias e Princípio da Separação de 
Poderes”, in “Direito Contemporâneo/Estudos em homenagem a Oscar Dias Corrêa”, p. 44/69, 2001, Forense 
Universitária; JOHN LOCKE, “Segundo Tratado sobre o Governo”, p. 89/92, itens ns. 141/144, 1963, Ibrasa; 
JAMES MADISON, “O Federalista”, p. 394/399 e 401/405, 401, arts. ns. 47 e 48, 1984, Editora UnB, v.g.) – foi 
expressamente destacada pelo eminente Senhor Presidente da Câmara dos Deputados, que acentuou as 
gravíssimas conseqüências que necessariamente derivam da transgressão a esse postulado básico que rege o 
modelo político-institucional vigente em nosso País (fls. 48): “Esta interpretação (...) é uma interpretação do 
sistema constitucional. O sistema constitucional nos indica isso, sob pena de termos que dizer o seguinte: (...) a 
Constituinte de 1988 não produziu o Estado Democrático de Direito; a Constituinte de 1988 não produziu a 
igualdade entre os órgãos do Poder. A Constituinte de 1988 produziu um sistema de separação de Poderes, em 
que o Poder Executivo é mais relevante, é maior, politicamente, do que o Legislativo.” (grifei) As razões 
expostas pelo Senhor Presidente da Câmara dos Deputados põem em evidência um fato que não podemos 
ignorar: o de que a crescente apropriação institucional do poder de legislar, por parte dos sucessivos Presidentes 
da República, tem causado profundas distorções que se projetam no plano das relações políticas entre os Poderes 
Executivo e Legislativo. Os dados pertinentes ao número de medidas provisórias editadas e reeditadas pelos 
vários Presidentes da República, desde 05 de outubro de 1988 até a presente data, evidenciam que o exercício 
compulsivo da competência extraordinária de editar medida provisória culminou por introduzir, no processo 
institucional brasileiro, verdadeiro cesarismo governamental em matéria legislativa, provocando graves 
distorções no modelo político e gerando sérias disfunções comprometedoras da integridade do princípio 
constitucional da separação de poderes. Desse modo, e mesmo que o exercício (sempre excepcional) da 
atividade normativa primária pelo Poder Executivo possa justificar-se em situações absolutamente emergenciais, 
abrandando, em tais hipóteses, “o monopólio legislativo dos Parlamentos” (RAUL MACHADO HORTA, 
“Medidas Provisórias”, “in” Revista de Informação Legislativa, vol. 107/5), ainda assim revelar-se-á 
profundamente inquietante - na perspectiva da experiência institucional brasileira - o progressivo controle 
hegemônico do aparelho de Estado, decorrente da superposição da vontade unipessoal do Presidente da 
República, em função do exercício imoderado da competência extraordinária que lhe conferiu o art. 62 da 
Constituição. A FÓRMULA INTERPRETATIVA ADOTADA PELO PRESIDENTEDA CÂMARA DOS 
DEPUTADOS: UMA REAÇÃO LEGÍTIMA AO CONTROLE HEGEMÔNICO, PELO PRESIDENTE DA 
REPÚBLICA, DO PODER DE AGENDA DO CONGRESSO NACIONAL? Todas essas circunstâncias e 
fatores – que tão perigosamente minimizam a importância político-institucional do Poder Legislativo - parecem 
haver justificado a reação do Senhor Presidente da Câmara dos Deputados consubstanciada na decisão em causa. 
Parece-me, ao menos em juízo de estrita delibação, considerada a ratio subjacente à decisão ora impugnada, que 
a solução interpretativa dada pelo Senhor Presidente da Câmara dos Deputados encerraria uma resposta jurídica 
 
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qualitativamente superior àquela que busca sustentar – e, mais grave, preservar – virtual interdição das funções 
legislativas do Congresso Nacional. Se é certo, de um lado, que o diálogo institucional entre o Poder Executivo e 
o Poder Legislativo há de ser desenvolvido com observância dos marcos regulatórios que a própria Constituição 
da República define, não é menos exato, de outro, que a Lei Fundamental há de ser interpretada de modo 
compatível com o postulado da separação de poderes, em ordem a evitar exegeses que estabeleçam a 
preponderância institucional de um dos Poderes do Estado sobre os demais, notadamente se, de tal interpretação, 
puder resultar o comprometimento (ou, até mesmo, a esterilização) do normal exercício, pelos órgãos da 
soberania nacional, das funções típicas que lhes foram outorgadas. Na realidade, a expansão do poder 
presidencial, em tema de desempenho da função (anômala) de legislar, além de viabilizar a possibilidade de uma 
preocupante ingerência do Chefe do Poder Executivo da União no tratamento unilateral de questões, que, 
historicamente, sempre pertenceram à esfera de atuação institucional dos corpos legislativos, introduz fator de 
desequilíbrio sistêmico que atinge, afeta e desconsidera a essência da ordem democrática, cujos fundamentos - 
apoiados em razões de garantia política e de segurança jurídica dos cidadãos - conferem justificação teórica ao 
princípio da reserva de Parlamento e ao postulado da separação de poderes. Interpretações regalistas da 
Constituição - que visem a produzir exegeses servilmente ajustadas à visão e à conveniência exclusivas dos 
governantes e de estamentos dominantes no aparelho social - representariam clara subversão da vontade inscrita 
no texto de nossa Lei Fundamental e ensejariam, a partir da temerária aceitação da soberania interpretativa 
manifestada pelos dirigentes do Estado, a deformação do sistema de discriminação de poderes fixado, de modo 
legítimo e incontrastável, pela Assembléia Nacional Constituinte. A interpretação dada pelo Senhor Presidente 
da Câmara dos Deputados ao § 6º do art. 62 da Constituição da República, ao contrário, apoiada em estrita 
construção de ordem jurídica, cujos fundamentos repousam no postulado da separação de poderes, teria, 
aparentemente, a virtude de fazer instaurar, no âmbito da Câmara dos Deputados, verdadeira práxis libertadora 
do desempenho, por essa Casa do Congresso Nacional, da função primária que, histórica e institucionalmente, 
sempre lhe pertenceu: a função de legislar. É por isso que o exame das razões expostas pelo Senhor Presidente 
da Câmara dos Deputados, na decisão em causa, leva-me a ter por descaracterizada, ao menos em juízo de 
sumária cognição, a plausibilidade jurídica da pretensão mandamental ora deduzida nesta sede processual. A 
deliberação emanada do Senhor Presidente da Câmara dos Deputados parece representar um sinal muito 
expressivo de reação institucional do Parlamento a uma situação de fato que se vem perpetuando no tempo e que 
culmina por frustrar o exercício, pelas Casas do Congresso Nacional, da função típica que lhes é inerente, qual 
seja, a função de legislar. A construção jurídica formulada pelo Senhor Presidente da Câmara dos Deputados, 
além de propiciar o regular desenvolvimento dos trabalhos legislativos no Congresso Nacional, parece 
demonstrar reverência ao texto constitucional, pois - reconhecendo a subsistência do bloqueio da pauta daquela 
Casa legislativa quanto às proposições normativas que veiculem matéria passível de regulação por medidas 
provisórias (não compreendidas, unicamente, aquelas abrangidas pela cláusula de pré-exclusão inscrita no art. 
62, § 1º, da Constituição, na redação dada pela EC nº 32/2001) – preserva, íntegro, o poder ordinário de legislar 
atribuído ao Parlamento. Mais do que isso, a decisão em causa teria a virtude de devolver, à Câmara dos 
Deputados, o poder de agenda, que representa prerrogativa institucional das mais relevantes, capaz de permitir, a 
essa Casa do Parlamento brasileiro, o poder de selecionar e de apreciar, de modo inteiramente autônomo, as 
matérias que considere revestidas de importância política, social, cultural, econômica e jurídica para a vida do 
País, o que ensejará – na visão e na perspectiva do Poder Legislativo (e não nas do Presidente da República) - a 
formulação e a concretização, pela instância parlamentar, de uma pauta temática própria, sem prejuízo da 
observância do bloqueio procedimental a que se refere o § 6º do art. 62 da Constituição, considerada, quanto a 
essa obstrução ritual, a interpretação que lhe deu o Senhor Presidente da Câmara dos Deputados. Sendo assim, 
em face das razões expostas, e sem prejuízo de ulterior reexame da controvérsia em questão, indefiro o pedido de 
medida cautelar. 2. Solicitem-se informações ao eminente Senhor Presidente da Câmara dos Deputados, 
autoridade ora apontada como coatora, encaminhando-se-lhe cópia da presente decisão. Observo que a peça 
processual produzida a fls. 36/41 pelo Senhor Presidente da Câmara dos Deputados refere-se, unicamente, à sua 
explícita oposição ao deferimento da medida cautelar. A ilustre autoridade apontada como coatora deverá, ainda, 
juntamente com as informações, identificar, discriminando-as, as medidas provisórias, que, ora em tramitação na 
Câmara dos Deputados, acham-se na situação a que se refere o § 6º do art. 62 da Constituição. Publique-se. 
 
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37. (Procurador da Fazenda Nacional 2004 - ESAF) Uma medida provisória pode ter 
vigência superior a 120 dias, sem que o Presidente da República a reedite. 
 
38. (Juiz Substituto TRF 5ª Região 2011 CESPE/UNB) A partir da promulgação da CF, as 
medidas provisórias passaram a ser apreciadas pelo Congresso Nacional no prazo de sessenta 
dias, prorrogável pelo mesmo período, não se admitindo, portanto, possibilidade de vigência de 
medida provisória por mais de cento e vinte dias. 
 
 
d.2 Tramitação da medida provisória no Poder Legislativo (§5º, §8º e 9º, do art. 62): 
1. COMISSÃO MISTA (62, §9º, CF – Caberá à Comissão mista de deputados e senadores 
examinar as medidas provisórias e sobre elas emitir parecer, antes de serem apreciadas, em 
sessão separada, pelo plenário de cada uma das Casas do Congresso Nacional) 
2. CASA INICIAL: CÂMARA DOS DEPUTADOS 
3. CASA REVISORA: SENADO FEDERAL 
(62, §5º, CF: A deliberação de cada uma das Casas do Congresso Nacional sobre o mérito 
das medidas provisórias dependerá de juízo prévio sobre o atendimento de seus pressupostos 
constitucionais) 
 
39. (Procurador da Fazenda Nacional 2004 – ESAF) A conversão em lei de medida 
provisória torna insuscetível de discussão qualquer eventual inconstitucionalidade formal de 
que a medida provisória pudesse padecer. 
 
d.3. Quando a medida provisória é aprovada sem emendas parlamentares: é discutida em 
Casa do Congresso Nacional (Câmara dos Deputados-Casa Inicial/ Senado Federal:

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