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Nelson Ferraz - Pareceres Criminais, 2

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PARECERES 
HABEAS CORPUS 1 
 
HABEAS CORPUS 
 
PARECERES CRIMINAIS 
 
VOLUME II 
 
1994 
 
SUMÁRIO 
 
1. 
LIMINAR EM HABEAS 
CORPUS. NÃO CABIMENTO EM SEGUNDO GRAU DE JURISDIÇÃO. 
INEXISTÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL PARA A MEDIDA. IMPOSSIBLILIDADE DE 
APLICAR ANALOGIA COM O PROCESSAMENTO 
DO MANDADO DE SEGURANÇA.INTELIGÊNGIA DO ARTIGO 663 DO CÓDIGO 
DE PROCESSO PENAL. PRISÃO PREVENTIVA. DECRETO DEVIDAMENTE 
FUNDAMENTADO. NECESSIDADE DA CUSTÓDIA. 
 
2. 
DENÚNCIA. INÉPCIA. 
Necessidade da descrição do fato delituoso com todas as suas características, de molde 
que o réu possa preparar a sua defesa. 
 
3. RECURSO EM LIBERDADE. REQUISITOS. 
INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 494 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. 
 
4 HABEAS CORPUS PREVENTIVO.. 
PRETENDIDO TRANCAMENTO DE INQUÉRITO POLICIAL. O trancamento de 
inquérito policial deve ficar restrito a casos excepcionais, quando positivado o abuso ou 
má fé na deflagração da peça informativa. De regra, a existência de inquérito policial não 
se constitui em constrangimento sanável pela via do remédio 
heróico. 
 
5 ALEGATIVA DE EXCESSO DE PRAZO.. 
HABEAS CORPUS. NÃO ACOLHIMENTO. FEITO NA FASE DO ARTIGO 499 DO 
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. 
 
6 PRISÃO PREVENTIVA.. 
CRIME DE ROUBO QUALIFICADO PELO CONCURSO DE AGENTES E 
EMPREGO DE ARMAS. PACIENTE QUE SE EVADIU LOGO APÓS A PRÁTICA DO 
FATO DELITUOSO, SOMENTE SE APRESENTANDO 
À POLÍCIA APÓS TER SIDO RECONHECIDA A SUA PARTICIPAÇÃO. 
ADITAMENTO À DENÚNCIA. 
 
7 HABEAS CORPUS. CRIME DE ROUBO 
COM AS CAUSAS ESPECIAIS DE AUMENTO DE PENA DO EMPREGO DE 
ARMAS E CONCURSO DE AGENTES, EM CONCURSO MATERIAL COM FURTO 
QUALIFICADO. Prisão preventiva devidamente 
fundamentada nos seus três requisitos. Processo na fase do art. 499 do CPP. 
 
8 TRÁFICO DE TÓXICO. 
INÉPCIA DA DENÚNCIA POR FALTA DE DESCRIÇÃO DO FATO DELITUOSO. 
PREJUíZO À DEFESA. HABEAS CORPUS QUE DEVE SER CONCEDIDO PARA 
TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL, SEM 
PREJUÍZO DA RENOVAÇÃO DA DENÚNCIA, OBEDECIDAS AS 
FORMALIDADES LEGAIS. 
 
9 CRIME DE TRÁFICO DE TÓXICO. 
PEDIDO DE LIMINAR EM HABEAS CORPUS. NÃO CABIMENTO EM SEGUNDO 
GRAU DE JURISDIÇÃO. PRISÃO PREVENTIVA. A SUA DECRETAçãO INDEPENDE DO 
JUÍZO DE COMPETÊNCIA PARA 
A AÇÃO PENAL. 
 
10 INQUÉRITO POLICIAL. PRETENDIDO TRANCAMENTO. 
INVIABILIDADE. Apenas existe constrangimento ilegal na instrução provisória 
promovida através de inquérito policial, quando a peça informativa houver sido 
deflagrada sem qualquer fundamento investigatório, apenas para satisfazer interesse 
pessoal subalterno. 
 
11 LIMINAR EM PEDIDO DE HABEAS CORPUS. 
NÃO CABIMENTO EM SEGUNDO GRAU DE JURISDIÇÃO. A prisão preventiva 
decretada pelo juiz a quo somente pode ser desconstituída em segundo grau por decisão de 
colegiado. Inteligência do artigo 663, do Código de Processo Penal. QUADRILHA DE 
LADRÕES DE AUTOMÓVEIS. NECESSIDADE DA PREVENTIVA DE SEUS 
INTEGRANTES. 
Procrastinação do andamento da ação penal motivada pelo paciente. Ordem que deve ser 
indeferida. 
 
12 PRISÃO PREVENTIVA. 
NECESSIDADE. EXCESSO DE PRAZO NA FORMAÇÃO DA CULPA 
OCASIONADO PELO PRÓPRIO PACIENTE. 
 
13 
CRIME DE LESÕES CORPORAIS TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. 
INVIABILIDADE. Se o Ministério Público exclui da exordial pessoas mencionadas ou 
indiciadas em inquérito 
policial, ocorre pedido implícito de arquivamento, que uma vez aceito pelo juiz ao 
prolatar despacho de recebimento da denúncia, torna-se insuscetível 
de recurso pela defesa. 
 
14 TRÁFICO DE ENTORPECENTES. 
PACIENTE ENCONTRADO COM TRêS QUILOGAMOS DE MACONHA EM SEU 
PODER PARA FINS DE TRÁFICO. Emborra seja viável o exame da prova em sede de habeas 
corpus toda 
vez que se estiver diante de dúvidas fundadas sobre a tipificação provisória atribuída ao 
delito na exordial, a espécie não enseja este exame. 
 
15 EXCESSO DE PRAZO NA FORMAÇÃO DA CULPA. 
Se o feito já recebeu alegações finais das partes, não há falar em excesso de prazo para a 
instrução criminal. 
 
16 HABEAS CORPUS. CASA DE PROSTITUIÇÃO. 
TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL POR FALTA DE JUSTA CAUSA. FIANÇA. 
RESTITUIÇÃO 
 
17 CRIME DE ROUBO QUALIFICADO. EXCESSO DE PRAZO 
NA FORMAÇÃO DA CULPA. Considerado sanado o constrangimento decorrente de 
eventual tramitação do processo. 
 
18 PRISÃO PREVENTIVA. 
A CIRCUNSTÂNCIA DE SER PRIMÁRIO O RÉU, NÃO LHE ASSEGURA O 
DIREITO DE RESPONDER O FEITO EM LIBERDADE, SE PRESENTES OS REQUISITOS 
DA PRISÃO PREVENTIVA. 
 
19 SURSIS. SUSPENSÃO. 
ORDEM DE HABEAS CORPUS QUE DEVE SER DEFERIDA. É ilegal a decisão que 
suspende o benefício do sursis sem estarem presentes as requisitos do artigo 81 e seu 
parágrafo primeiro. 
 
20 CRIME DE TRÁFICO DE TÓXICOS. 
ALEGADO EXCESSO DE PRAZO PARA A FORMAÇÃO DA CULPA. Tratando-se de 
crime interestadual, com testemunhas a serem oitivadas em outras unidades da federação, 
devem ser levadas em consideração as normais dificuldades para o cumprimento dos 
prazos. 
 
21 REGRESSÃO DE REGIME DE CUMPRIMENTO DE PENA. 
OBSERVÂNCIA DO DISPOSTO NO ARTIGO 118, PAR. 2. DA LEI 7,210/84. 
INEXISTÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO A SER SANEADO PELA VIA DO HABEAS 
CORPUS. 
 
22 INEXISTE CONSTRANGIMENTO ILEGAL 
A SER SANADO PELA VIA DO HABEAS CORPUS QUANDO OS PACIENTES 
FORAM CONDENADOS, EM DECISÕES JÁ TRANSITADAS EM JULGADO, QUE NÃO 
ENSEJARAM O RECURSO EM LIBERDADE, 
EM FACE DE SEUS PÉSSIMOS ANTECEDENTES (PARTICIPAÇÃO EM ROUBOS 
E HOMICÍDIO. 
 
23 LIBERDADE PROVISÓRIA. 
TRATA- SE DE DIREITO SUBJETIVO DO RÉU, QUE SOMENTE PODERÁ SER 
NEGADO SE PRESENTES NOS AUTOS MOTIVOS QUE AUTORIZEM A DECRETAÇÃO 
DA PRISÃO PREVENTIVA. 
 
24 PRISÃO PREVENTIVA 
Decretação que se arrima unicamente em requerimento do Delegado de Polícia, sem 
nenhum amparo no caderno indiciário. Ordem de habeas corpus a ser deferida. 
 
25 HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE TÓXICO. 
DEMORA NA INSTRUÇÃO DO FEITO. Tendo a tramitação do feito se alongado em 
virtude da argüição de incompetência de juízo pela defesa do paciente, não é de 
ser concedida a ordem pelo acréscimo deste prazo. 
 
26 HABEAS CORPUS. 26 CRIME MILITAR. 
ARTIGOS 163 E 202 DO CÓDIGO PENAL MILITAR. DECRETAÇÃO DE PRISÃO 
PREVENTIVA. POSSIBILIDADE. 
000000-habeas1 
 
27 HABEAS CORPUS.TRÁFICO DE TÓXICOS 
EM CONCURSO MATERIAL COM CONTRAVENÇÃO PENAL. TESTEMUNHAS 
DE DEFESA OUVIDAS POR PRECATÓRIA. EXAME DE SANIDADE MENTAL. 
 
28. DENÚNCIA. INÉPCIA. 
Ausência de descrição da ação delituosa que teria sido praticada pelo indiciado. Habeas 
corpus a ser deferido para trancar a ação penal. 
 
EMENTAS 
 
DE 
 
ACÓRDÃOS 
 
1. 
HABEAS CORPUS. 
NECESSIDADE DA DECRETAÇÃO DA CUSTÓDIA PREVENTIVA 
DEVIDAMENTE FUNDAMENTADA. ORDEM DENEGADA.(D.J.S.C. nº 8.814, de 25.8.93, 
pág.10). 
 
2. HABEAS CORPUS. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. DENÚNCIA INEPTA. 
ORDEM CONCEDIDA. Se a denúncia não descreve os fatos delituosos nem indica qual a 
participação 
do paciente, é inepta, pois que não oferece condições do exercício da defesa. Ordem 
concedida para trancar a ação penal, sem prejuízo da deflagração de 
outra, obedecidos os requisitos legais. (DJSC n. 8.816, 27.8.93, pág. 7) 
 
3. Habeas corpus. Excesso de prazo na conclusão da instrução. Inocorrência. Atraso 
ocorrido em virtude da greve dos funcionários públicos e necessidade 
de submeter-se o paciente a exame de sanidade mental. Ordem denegada. ( DJSC 8.800, 
de 5.8.93, pág. 6) 
 
4. Habeas corpus visando o trancamento de inquérito policial e de futura ação 
penal.Impossibilidade. Ordem denegada. "O inquérito policial é mera peça informativa 
do processo, não se constituindo em constrangimento ilegal ao cidadão, pois é nesteprocedimento administrativo que se averiguarão os fatos noticiados 
como delituosos, embasando e colhendo elementos para a deflagração, se for o caso, da 
competente ação penal, sendo inviável o habeas corpus para pretender 
trancá-lo, na tentativa de declarar a inexistência de crime antes da conclusão das 
investigações""[in JC 57/285]. (DJSC n.8.800, de 5.8.93, pág. 6) 
 
5. Habeas corpus- Alegado excesso de prazo -Não acolhimento. Não se pode falar em 
excesso de prazo, quando embora complexa, a instrução do processo está 
encerrada, e ocorrentes, no caso, as circunstâncias previstas no artigo 403 do CPP. Ordem 
denegada. (DJSC, n. 8.800, de 5.8.93, pág.6) 
 
6. Habeas corpus - Alegado excesso de prazo - Pretensão de responder solto a processo, 
porque primário e de bons antecedentes. Não se pode falar em excesso 
de prazo, se complexo procedimento criminal tem sua instrução regularizada após duplo 
aditamento à denúncia e reintegratório dos réus. A simples circunstância 
de ser primário e de bons antecedentes, quando ocorrente, não induz à obrigatoriedade de 
o paciente responder o processo em liberdade, quando as investigações 
o comprometem sobremaneira. Ordem denegada. ( DJSC, n. 8.800, de 5.8.93, pág. 6) 
 
7. HABEAS CORPUS. PRISÃO PREVENTIVA. PRESENÇA DOS REQUISITOS 
NECESSÁRIOS À CUSTÓDIA. ORDEM DENEGADA. Estando presentes os requisitos que 
autorizam a prisão 
preventiva, visto que o decreto encontra apoio no art. 312, do CPP, notadamente por não 
ter o paciente vinculação ao distrito da culpa e apresentar comportamento 
voltado para a prática delituosa, é que se justifica a sua segregação.(DJSC, n. 8.800, de 
5.8.93, pág. 6) 
 
8 Habeas corpus. Pedido visando o trancamento da ação penal por inépcia da denúncia. 
Exordial acusatória que não descreve devidamente a conduta do paciente 
no fato tido como delituoso. Inépcia manifesta. Constrangimento ilegal caracterizado. 
Ordem concedida. ( DJSC n. 8.806, de 13.8.93, pág. 5) 
 
9. Habeas corpus. Magistrado apontado como autoridade coatora que declina da 
competência para o caso em favor da JUstiça Federal. Não conhecimento. Remessa 
para o Tribunal Regional Federal.(DJSC n. 8.849, de 18.10.93, pág. 11) 
 
10.Habeas corpus - Pretendido trancamento de inquérito policial - Inviabilidade - 
Precedentes jurisprudenciais - Ordem denegada. Não se constitui em vexame 
(constrangimento ilegal) o fato da autoridade policial instaurar inquérito para apuração de 
crime de ação pública. Inviável, via de habeas corpus, o trancamento 
de inquérito policial, peça meramente investigatória, antes de apurados os fatos delituosos 
que pesam contra o agente.(DJSC n. 8.806, de 13.8.93, pág. 
5) 
 
11. Habeas corpus - Alegação de constrangimento ilegal- Não acolhimento. Ordem 
denegada. 
 
Não pode falar em excesso de prazo paciente que se ausenta do distrito da culpa, tão logo 
decretada a preventiva. Demora que se atribui exclusivamente à 
sua ausência, procrastinando o andamento regular da ação penal.(DJSC n.8.800, de 
5.8.93, págs. 6/7) 
 
12.HABEAS CORPUS. PISÃO PREVENTIVA. NECESSIDADE. EXCESSO DE 
PRAZO NA FORMAÇÃO DA CULPA INEXISTENTE. DEMORA OCASIONADA PELO 
PRÓPRIO PACIENTE. ORDEM DENEGADA. 
BONS ANTECEDENTES E RESIDÊNCIA FIXA, MAS FORA DO DISTRITO DA 
CULPA. A prisão preventiva do paceinte e seus comparsas, devido à grande repercussão do 
delito 
(furto de aeronave) é medida que se tornou necessária, cujos pressupostos estão presentes 
na lei processual. O excesso de prazo na formação da culpa, além 
de superado, pelo normal andamento do feito, foi ocasionado pelo prório paciente, com 
suas intervenções indevidas. O fato de ter bons antecedentes e residência 
fixa não são óbices à preventiva, mormente quando o paciente residem em comarca 
distante, no Estado do Mato Grosso, cujas dimensões territoriais dificultariam 
a imediata localização do paciente. Ordem denegada. (DJSC n. 8.816, de 27.8.93, pág. 7). 
 
13. Habeas corpus - Pretendido trancamento da ação penal - Inviabilidade. Descabe em 
sede de habeas corpus a análise aprofundada da prova, especialmente 
quando só investigatória, para efeitos de trancamento da ação penal, sob pena de decretar-
se a absolvição em o devido processamento, e inobservância do 
direito de defesa. Ao Ministério Público, titular da persecutio criminis, cabe a exclusão de 
pessoas mencionadas no inquérito, a quem ele reputar em estado 
de legítima defesa. O recebimento da exordia, nestas condições, constitui um pedido 
implícito de arquivamento. Ordem denegada. 
 
14 Habeas corpus- Paciente denunciado por tráfico de drogas - Pretendida concessão de 
liberdade provisória. Não cabe, a teor da vigente Lei 8.072/90, a 
concessão de benefícios a agente que responde procedimento criminal por tráfico de 
drogas. Por outro lado, a circunstância do réu ser primário, de eventuais 
bons antecedentes, não obriga a que responda a processo-crime em liberdade, sob pena da 
condescendência levar à impunidade. Ordem denegada. (DJSC n. 8.806, 
de 13.8.93, pág. 5) 
 
15 HABEAS CORPUS - EXCESSO DE PARZO NA FORMAÇÃO DA CULPA 
INOCORRENTE - PROCESSO JÁ NA PENDÊNCIA DE JULGAMENTO - INTELIGÊNCIA E 
APLICAÇÃO DA SÚMULA 52 DO 
STJ.(DJSC n. 8.806, de 13.8.93, pág. 5) 
 
16 " Habeas corpus - Falta de justa causa para a ação penal - Inquérito policial que não 
demonstra, sequer em tese, a ocorrência de prática delitiva. Ordem 
concedida." 
 
17. Constrangimento ilegal - Excesso de prazo na formação da culpa - Possível coação já 
superada. Ordem denegada. Em tema de excesso de prazo, considera-se 
sanado o constrangimento ilegal imposto ao paciente quando a instrução do processo 
retorna a sua marcha normal ou quando se encontra praticamente concluída. 
(DJSC n. 8.800, de 5.8.93, pág. 6) 
 
18. Habeas corpus - Alegado constrangimento ilegal - Não reconhecimento. Não pode 
alegar constrangimento ilegal, paciente que se evade do distrito da culpa, 
sendo preso um ano depois, por força de cumprimento de mandado de prisão. A 
circunstância de ser primário, e de bons antecedentes, quando ocorrentes, não 
obriga a que o réu responda a processo-crime em liberdade, cuja subjetividade fica ao 
arbítrio do Magistrado, que próximo dos fatos, melhor conhece as 
circunstâncias do delito e de seu autor. Ordem denegada. (DJSC n. 8.800, de 5.8.93, pábg. 
6) 
20 Habeas corpus. Tráfico de entorpecentes. Motivos para a segregação provisória ainda 
presentes, independentemente dos requisitos de primariedade, bons 
antecedentes, emprego e residência fixas, elementos que por si dó, em se tratando de 
delitos inaficançáveis, não ensejam a concessão de alvará de soltura. 
Excesso de prazo para a formação da culpa. Demora para a conclusão do feito atribuída à 
expedição de precatória inquiritória e postergação, por parte das 
defesas, na entrega das prévias.(DJSC n. 5.8.93, pág. 7) 
 
21. Habeas Corpus. - Regressão de regime de cumprimento de pena - Apenado que não 
cumpriu as condições que lhe foram impostas - Decisão afeta ao Juízo das 
Execuções Penais. ( DJSC n. 8.806, de 13.8.93, pág. 6) 
 
22. Habeas Corpus - Furto qualificado - Exame aprofundado da prova - Inadmissibilidade 
- Sentença condenatória transitada em julgado - Inviabilidade da 
via escolhida. (DJSC n. 8.806, de 13.8.93, pág. 6) 
 
23. HABEAS CORPUS - PRISÃO EM FLAGRANTE - TENTATIVA DE 
ESTELIONATO - PACIENTE PRIMÁRIO, SEM REGISTRO DE ANTECEDENTES - 
NEGATIVA DE LIBERDADE PROVISÓRIA 
INVOCANDO-SE RAZÕES QUE AUTORIZARIAM A DECRETRAÇÃO DA PRISÃO 
PREVENTIVA - INOCORRÊNCIA, NO CASO ORDEM CONCEDIDA.(DJSC, n. 8.826, de 
27.8.93, pág.7). 
 
24. "HABEAS CORPUS. ORDEM IMPETRADA CONTRA DECRETO DE PRISÃO 
PREVENTIVA NÃO FUNDAMENTADO.A PRISÃO PREVENTIVA É MEDIDA 
EXCEPCIONAL E SÓ PODE SUBSISTIR QUANDO 
SUFICIENTEMENTE FUNDAMENTADA. ORDEM CONCEDIDA." 
25. "Habeas corpus. Excesso de prazo na formação da culpa. Ordem denegada. Se o 
paciente se encontra preso por mais tempo do que a lei determina por culpa 
única e exclusiva da defesa, não cabe à mesma pretender invocar a demora que tenha dado 
causa." 
 
26 " Habeas corpus. Policial Militar. Prisão preventiva. Alegativa da desnecessidade da 
medida tardamente imposta. Má conduta disciplinar e insubordinação. 
Necessidade da custódia face aos princípios de hierarquia e disciplina militares. 
Denegação da ordem." 
27. "HABEAS CORPUS. ALEGAÇÃO DE ATRASO NA INSTRUÇÃO 
PROCESSUAL. SITUAÇÃO DECORRENTE DAS PRÓPRIAS CONDIÇÕES DO PROCESSO 
QUE OBRIGARAM A EXPEDIÇÃO DE DIVERSAS 
CARTAS PRECATÓRIAS INQUIRITÓRIAS DE TESTEMUNHAS ARROLADAS 
INCLUSIVE PELA DEFESA E EFETIVAÇÃO DE EXAME DE DEPENDÊNCIA 
TOXICOLÓGICA NO PACIENTE. INSTRUÇÃO 
CONTUDO CONCLUÍDA, NO AGUARDO DE RAZÕES FINAIS PARA QUE 
SENTENCIADO. DIFICULDADES SUPERADAS. MARCHA PROCESSUAL 
NORMALIZADA. ORDEM DENEGADA." 28 "HABEAS 
CORPUS - Lesões corporais - Pretendido trancamento da ação penal sob alegação de 
inépcia da denúncia que não descreveu os fatos imputados ao paciente - 
Pretensão procedente - Denúncia omissa quanto à participação do paciente - Ordem 
concedida. -Quando a denúncia é dirigida contra dois ou mais acusados, 
imputando-lhes a prática do mesmo delito, é imprescindível que descreva a participação 
de cada um deles, permitindo-lhes, assim, o amplo exercício de suas 
defesas." 
 
PARECERES 
 
1. 
LIMINAR EM HABEAS CORPUS 
 
. NÃO CABIMENTO EM SEGUNDO GRAU DE JURISDIÇÃO. INEXISTÊNCIA DE 
PREVISÃO LEGAL PARA A MEDIDA. IMPOSSIBLILIDADE DE APLICAR ANALOGIA 
COM O PROCESSAMENTO DO 
MANDADO DE SEGURANÇA.INTELIGÊNGIA DO ARTIGO 663 DO CÓDIGO DE 
PROCESSO PENAL. 
 
PRISÃO PREVENTIVA. DECRETO DEVIDAMENTE FUNDAMENTADO. 
NECESSIDADE DA CUSTÓDIA. 
 
Trata-se de habeas corpus impetrado em favor de J.J. H., que na Comarca de Joinville está 
sendo processado por receptação em furto de automóvel. 
 
Além de pretender que o paciente seja posto liminarmente em liberdade, insurge-se o 
impetrante contra a demora na instrução criminal, argumentando que como 
possivelmente, na dosagem da pena a lhe ser imposta, e pelo tempo de prisão provisória já 
decorrido, teria direito ao livramento condicional. 
 
A presente ordem não está a ensejar deferimento. 
 
A pretendida concessão de liminar em pedido de habeas corpus é totalmente descabida. 
Além de não existir previsão legal para a medida in limine, seria descabido 
cogitar-se de analogia com o processamento do mandado de segurança, o mesmo 
ocorrendo quanto a um eventual amparo no § 2º do artigo 660 do Código de Processo 
Penal. 
 
Em primeiro lugar, cumpre assinalar que o periculum in mora que justifica a concessão da 
liminar em mandado de segurança não encontra similitude alguma 
no procedimento do habeas corpus. 
 
É que as características de processamento do habeas corpus são bem diversas daquelas do 
mandado de segurança quanto à celeridade: semanalmente ocorre no 
mínimo uma sessão de cada câmara criminal, o mesmo se aplicando à Câmara de Férias, 
onde são julgados os pedidos de habeas corpus, o que não ocorre com 
o mandado de segurança, que por peculiaridades todas próprias, tem o seu julgamento 
marcado para, muitas vezes, meses após. Não bastasse isso, ocorrem 
Vedações legais intransponíveis à aplicação da analogia com o mandado de segurança. 
 
É que o artigo 663 do Código de Processo Penal, ao permitir ao relator o indeferimento 
liminar, contrario sensu, inadmite a concessão de liminar para libertar 
o paciente. 
 
Seria transformar em monocrático um julgamento que o Código de Processo Penal, no seu 
artigo 664, determina expressamente se faça em colegiado. 
 
Demais disso, de ter presente que é da sistemática do processo penal brasileiro que a 
decisão de magistrado de primeiro grau somente possa ser reformada 
por colegiado em instância superior. 
 
Não queremos com isto, todavia, afirmar incabível, sempre, a concessão de medida 
liminar em habeas corpus. Esta seria possível, por exemplo, se a Câmara 
constatar, de plano, coação ilegal ao paciente. Então poderá conceder a ordem, in limine, 
isto é, dispensando requisição de informações ou diligências 
- mas desde que o faça em decisão de colegiado. O que não pode ocorrer é desconstituir-
se monocraticamente em segundo grau a prisão ordenada pelo magistrado 
de primeiro grau. 
 
É ao que conduz, inexoravelmente, a exegese do artigo 660, § 2º, do Código de Processo 
Penal, o qual, ao utilizar a disjuntiva ou [...o juiz ou o tribunal...] 
estabelece duas situações: a) aquela em que usa a palavra juiz, referindo-se à concessão da 
ordem em primeiro grau, e b) quando o dispositivo utiliza a 
palavra tribunal, referindo-se à concessão da ordem em segundo grau, o que, obviamente, 
somente pode ser decidido em colegiado. Tivesse o legislador pretendido 
atribuir tal faculdade também ao Relator, tê-lo-ia dito expressamente, mencionando a 
palavra relator como é da sua sistemática sempre que comete alguma 
atribuição ao relator. De lembrar a observação de Espíndola Filho, segundo a qual, a 
concessão de liminar em habeas corpus importaria em verdadeira concessão 
da ordem. 
 
O Regimento Interno do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, no seu artigo 30, I, a, 
estabelece a competência das Câmaras Criminais para a concessão de 
ordem de habeas corpus quando a autoridade coatora for juiz de direito; o artigo 36, ao 
estabelecer a competência do Relator, como não poderia deixar de 
ser, não o autoriza colocar em liberdade liminarmente o preso; o parágrafo único do artigo 
175, por sua vez, restringe a competência do Relator à hipótese 
prevista no artigo 663 do Código de Processo Penal. 
 
Correto, portanto, o procedimento o eminente Desembargador Relator ao deixar de se 
pronunciar sobre a pretendida liminar. 
 
Na esp éci e, observa-se que a decretação da prisão preventiva, prolatada em despacho 
amplamente fundamentado (fls. 36/37), foi medida absolutamente necessária, 
em face da intranqüilidade a que a comunidade está sujeita em decorrência das atividades 
das quadrilhas de ladrões de automóveis, das quais o paciente 
é integrante. 
 
Além do presente, o paciente figura em mais nove processos criminais que buscam apurar 
crimes de furto de automóveis e comercialização de automóveis furtados. 
 
Evidenciada, assim, a necessidade da prisão do paciente como garantia da ordem pública. 
 
Diante de todo o exposto, opinamos pelo indeferimento da presente ordem. 
 
Florianópolis, 29 de julho de 1993. 
 
NÉLSON FERRAZ 
 
PROCURADOR DE JUSTIÇA 
 
ACÓRDÃO 
 
1. Habeas corpus nº 11.078, de Joinville 
 
DECISÃO: por votação unânime, indeferir o writ. 
 
EMENTA: HABEAS CORPUS. NECESSIDADE DA DECRETAÇÃO DA CUSTÓDIA 
PREVENTIVA DEVIDAMENTE FUNDAMENTADA. ORDEM DENEGADA. (D.J.S.C. nº 
8.814, de 25.8.93, pág.10) 
 
2. DENÚNCIA. INÉPCIA. 
 
Necessidade da descrição do fato delituoso com todas as suas características, de molde 
que o réu possa preparar a sua defesa. 
 
2. Trata-se de habeas corpus impetrado em favor de E. K. R. DE L., que na Primeira Vara 
Criminal da Capital está sendo processado por crime mencionado como 
lesões corporais e capitulado como homicídio. 
 
Objetiva o impetrante o trancamento da ação penal movida contra o paciente, 
argumentando que a mesma padece de vícios insuperáveis à sua validade, eis que 
não descreve a conduta caracterizadora do crime imputado, mencionandoapenas o nomen 
iuris lesões corporais, para depois classificar o fato como homicídio. 
 
A presente ordem está a ensejar deferimento. 
 
Examinando-se a exordial acusatória, constata-se que a peça impugnada, em relação ao 
paciente, é confusa na descrição da conduta caracterizadora de um tipo 
penal, referindo-se a lesões corporais e classificando o fato como homicídio. Já em 
relação ao co-denunciado, o que se descreve, na verdade, é uma situação 
de legítima defesa. 
 
Uma denúncia nestas condições torna- se imprestável, por não possibilitar o exercício da 
defesa . Tendo o Código Penal de 1984 adotado a teoria finalista 
da ação, evidentes são as conseqüências processuais, como na narrativa do fato delituoso 
na denúncia ou queixa, que deve conter em seu bojo a narrativa 
da culpabilidade. 
 
Isto porque, conforme ensina Damásio de Jesus, em sua mais recente obra, a culpabilidade 
passa a integrar o tipo penal. Ora, como o tipo penal deve ser 
descrito na exordial, com todos os seus requisitos, ou elementos do tipo, e a culpabilidade 
faz parte da própria noção de tipo penal, a falta ou ausência 
de sua descrição, torna inviável a imputação. 
 
Diz o mestre: 
 
"A culpabilidade compõe-se da imputabilidade, da exigibilidade de conduta diversa e dolo 
e culpa. Dessa maneira, para a teoria clássica a ausência de dolo 
ou de culpa leva à exclusão da culpabilidade. Pois bem, a teoria finalista retira o dolo e 
culpa da culpabilidade e os insere no terreno do fato típico, 
integrando a ação. Então, o fato típico passa a ser constituído, na teoria finalista, de, em 
primeiro lugar, conduta, ação ou omissão dolosa ou culposa, 
enquanto na teoria clássica fala-se apenas em conduta voluntária, nada tendo a ver com 
dolo ou com culpa. Enquanto na teoria clássica a ausência de dolo 
e de culpa, excluindo a culpabilidade, exclui o próprio crime, na teoria finalista a ausência 
de dolo ou de culpa vai excluir a tipicidade do fato. Não 
há fato típico porque, na teoria finalista, o dolo e a culpa são retirados da culpabilidade e 
inseridos no fato penal. Então, para o finalismo, para que 
haja fato típico é preciso que o sujeito realize uma conduta não simplesmente voluntária, 
mas dolosa ou culposa. " 
 
Como se constata através do exame da denúncia de fls. 14/15, nenhuma menção se faz à 
culpabilidade caracterizadora de um tipo penal que teria sido praticada 
por cada um dos denunciados. Embora inexistam regras rígidas quanto narrativa a ser 
fetuada na petição inicial criminal, imprescindível que a mesma obedeça 
aquele mínimo necessário para que o réu possa preparar a sua defesa, consoante estudo 
por nós efetuado: 
 
''1.1.1.Aspectos da descrição do fato delituoso. 
 
Passaremos agora à análise de algumas facetas ou caraterísticas desta descrição. 
Primeiramente te cumpre esclarecer que não existem regras rígidas no referente 
à forma pela qual se deva efetuar a descrição do fato delituoso. 
 
O importante é que a descrição do fato da vida real se ajuste ao paradigma típico abstrato 
previsto na lei penal, em todos os seus requisitos. Significa 
isto que todos os elementos caracterizadores de um determinado tipo penal abstrato 
devem estar compreendidos na descrição da ação concreta do agente. Deve 
aqui ser perquirido, com apoio nos doutrinadores, quais os elementos que compõem um 
dado tipo penal, para, em seguida se verificar se a ação praticada 
pelo acusado se ajusta a todos os elementos deste tipo. 
 
Na descrição do fato delituoso, não deve ser empregado o nomen iuris mas sim a ação, o 
verbo que o caracteriza. Desse modo, ao denunciar-se um crime de 
furto, a petição não diria que o réu furtou e sim que subtraiu.'' 
 
No mesmo sentido, decidiu o Egrégio Tribunal de Justiça de Santa Catarina: 
 
Habeas corpus nº 10.334, de Criciúma. (Diário da Justiça de 6.5.92, pág.05) 
 
ACORDAM, em Primeira Câmara Criminal, por votação unânime, conceder a ordem para 
trancamento da ação penal. 
 
EMENTA "HABEAS CORPUS - Lesões corporais - Pretendido trancamento da ação 
penal sob alegação de inépcia da denúncia que não descreveu os fatos imputados 
ao paciente - Pretensão procedente - Denúncia omissa quanto à participação do paciente - 
Ordem concedida. -Quando a denúncia é dirigida contra dois ou 
mais acusados, imputando-lhes a prática do mesmo delito, é imprescindível que descreva 
a participação de cada um deles, permitindo-lhes, assim, o amplo 
exercício de suas defesas." 
 
Diante de todo o exposto, opinamos pelo deferimento da presente ordem, a fim de ser 
trancada a ação penal contra o paciente E. K. R. DE L., extensível, 
através de habeas corpus de ofício ao denunciado R. O. DE B. S., sem prejuízo de 
deflagração de outra, observados os requisitos legais. 
 
Florianópolis, 30 de julho de 1993. 
 
NÉLSON FERRAZ 
 
PROCURADOR DE JUSTIÇA 
 
ACÓRDÃO: 
 
Habeas corpus n. 11.057, da Capital. DECISÃO: por votação unânime, conceder a ordem, 
extaensiva ao co-denunciado. 
 
EMENTA: HABEAS CORPUS. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. DENÚNCIA 
INEPTA. ORDEM CONCEDIDA. Se a denúncia não descreve os fatos delituosos nem indica 
qual a participação 
do paciente, é inepta, pois que não oferece condições do exercício da defesa. Ordem 
concedida para trancar a ação penal, sem prejuízo da deflagração de 
outra, obedecidos os requisitos legais. (DJSC n. 8.816, 27.8.93, pág. 7) 
 
3. RECURSO EM LIBERDADE. 
 
REQUISITOS. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 494 DO CÓDIGO DE PROCESSO 
PENAL. 
 
Trata-se de habeas corpus impetrado em favor de V. P. DE O., que na Primeira Vara 
Criminal da Comarca de Chapecó foi condenado a dois anos e onze meses 
de reclusão e dezesseis dias-multa, por incurso nas sanções do tipo qualificado previsto § 
4º do artigo 155, aplicada a causa especial de aumento de pena 
do artigo 71, caput, todos do Código Penal Brasileiro. 
 
Insurge-se o impetrante contra a negativa de seguimento da apelação, por ter o apelante se 
recolhido tardiamente à prisão. 
 
Examinando-se a respeitável sentença condenatória, constata-se que a mesma negou 
expressamente ao réu o benefício de recorrer em liberdade, em face dos 
seus maus antecedentes, trazendo à colação aqueles certificados a fls. 64. 
 
Colhe-se, também, das peças acostadas, que o paciente, revel, somente foi preso, em 
cumprimento ao mandado de prisão expedido pelo juízo, o que ocorreu 
após fluído o quinquídio recursal. 
 
Conquanto a jurisprudência admita que o réu revel tem o direito a apelar em liberdade, 
isto somente ocorre quando se lhe conceda o benefício do artigo 594 
(STF, RHC 60372, DJU 18.3.83, pág. 2975). 
 
Na espécie, a doutora juíza expressamente negou-lhe o direito de recorrer em liberdade, 
não em decorrência da revelia, mas em razão de seus maus antecedentes. 
 
Diante de todo o exposto, opinamos pelo indeferimento da presente ordem. 
 
Florianópolis, 4 de julho de 1993. 
 
NÉLSON FERRAZ 
 
PROCURADOR DE JUSTIÇA 
 
ACÓRDÃO: 
 
Habeas corpus n. 11.040, de Campos Novos. DECISÃO: à unanimidade, denegar a 
ordem. 
 
EMENTA: 
 
Habeas corpus. Excesso de prazo na conclusão da instrução. Inocorrência. Atraso ocorrido 
em virtude da greve dos funcionários públicos e necessidade de 
submeter-se o paciente a exame de sanidade mental. Ordem denegada. ( DJSC 8.800, de 
5.8.93, pág. 6) 
 
4. HABEAS CORPUS PREVENTIVO 
 
. PRETENDIDO TRANCAMENTO DE INQUÉRITO POLICIAL. O trancamento de 
inquérito policial deve ficar restrito a casos excepcionais, quando positivado o abuso 
ou má fé na deflagração da peça informativa. De regra, a existência de inquérito policial 
não se constitui em constrangimentosanável pela via do remédio 
heróico. 
 
COLENDA CÂMARA 
 
Trata-se de habeas corpus preventivo impetrado em favor de R. DA R. R., contra o qual 
foi instaurado inquérito policial por furto de veículos e adulteração 
das características dos mesmos, para venda posterior. 
 
Objetiva o impetrante o trancamento do inquérito policial sob o argumento de estar 
sofrendo constrangimento ilegal. 
 
A presente ordem não está a ensejar deferimento. 
 
Conquanto a jurisprudência do Pretório Excelso tenha admitido o trancamento de 
inquérito policial, esta possibilidade deve ficar restrita a casos excepcionais, 
onde tenha ficado demonstrado, à saciedade, o abuso e má fé na deflagração da peça 
informativa. De outra forma, a existência de inquérito policial, não 
se constitui em constrangimento sanável pela via do remédio heróico, mesmo porque 
insuscetível de gerar qualquer prejuízo ao paciente, à vista do enunciado 
no parágrafo único do artigo 20 do Código de Processo Penal: 
 
Nos atestados de antecedentes que lhe forem solicitados, a autoridade policial não poderá 
mencionar quaisquer anotações referentes a instauração de inquérito 
contra os requerentes, salvo no caso de existir condenação anterior. 
 
No caso dos presentes autos de inquérito, nenhum constrangimento pode ser apontado 
contra a pessoa do paciente. 
 
A autoridade policial está no estrito desempenho de suas funções, procurando desbaratar 
perigosa quadrilha de ladrões de automóveis, que se estende por 
várias cidades do Estado, como Florianópolis, Itajaí, Chapecó e Imaruí, da qual o 
paciente, ao que indicam as investigações, faz parte, responsável pela 
adulteração da característica física dos veículos furtado, vendendo-os, posteriormente para 
Florianópolis. 
 
De ressaltar que com a avocação do inquérito pela Corregedoria Geral da Polícia Civil, 
muito provavelmente em decorrência do apontado envolvimento de policiais, 
fatos estes, aliás, que motivaram recente confirmação de condenação, pela Egrégia 
Segunda Câmara Criminal desse Colendo Tribunal, de Delegado de Polícia 
na Comarca de Chapecó, os autos foram redistribuídos ao Terceiro Distrito Policial da 
Capital, onde a peça informativa ainda tramita, estando agora em 
fase de cumprimento de diligências requeridas pelo órgão ministerial. 
 
Inexiste, pois, qualquer razão para trancamento do inquérito policial. Diante de todo o 
exposto, opinamos pelo indeferimento da presente ordem. 
 
Florianópolis, 7 de julho de 1993. 
 
NÉLSON FERRAZ 
 
PROCURADOR DE JUSTIÇA 
 
ACÓRDÃO 
 
Habeas corpus n. 11.049, da Capital. DECISÃO: à unanimidade, denegar a ordem. 
 
EMENTA: 
 
4. Habeas corpus visando o trancamento de inquérito policial e de futura ação 
penal.Impossibilidade. Ordem denegada. "O inquérito policial é mera peça informativa 
do processo, não se constituindo em constrangimento ilegal ao cidadão, pois é neste 
procedimento administrativo que se averiguarão os fatos noticiados 
como delituosos, embasando e colhendo elementos para a deflagração, se for o caso, da 
competente ação penal, sendo inviável o habeas corpus para pretender 
trancá-lo, na tentativa de declarar a inexistência de crime antes da conclusão das 
investigações""[in JC 57/285]. (DJSC n.8.800, de 5.8.93, pág. 6) 
 
5. HABEAS CORPUS. 
 
ALEGATIVA DE EXCESSO DE PRAZO. NÃO ACOLHIMENTO. FEITO NA FASE 
DO ARTIGO 499 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. 
 
Trata-se de habeas corpus impetrado em favor de I. A., que na Primeira Vara Criminal da 
Capital responde a processo por crime de furto qualificado pelo 
concurso de agentes. 
 
Encontrando-se o paciente preso decorrente de flagrante devidamente homologado em 
juízo e com o pedido de liberdade provisória negado através de despacho 
devidamente fundamentado (fls. 56), insurge- se agora o impetrante contra a demora na 
instrução criminal, objetivando a decretação de sua liberdade. 
 
A presente ordem não está a ensejar deferimento. 
 
Tendo a prisão ocorrido em fins do ano de 1992, constata- se, pelas informações de fls. 
53/55, que o feito obedeceu a uma tramitação normal para a complexidade 
que o caso apresenta. 
 
De assinalar, que havendo referência na prova de que o paciente seria co-autor de uma 
morte, praticada juntamente com os fatos aqui examinados, o doutor 
Promotor de Justiça, na fase do art. 499 do Código de Processo Penal, houve por requerer 
uma diligência. 
 
Não vislumbramos, assim, constrangimento ilegal na custódia do paciente, a ser sanado 
pela via do remédio heróico. 
 
Florianópolis, 5 de julho de 1993. 
 
NÉLSON FERRAZ 
 
PROCURADOR DE JUSTIÇA 
 
ACÓRDÃO: 
 
Habeas corpus n. 11.051, da Capital. DECISÃO: por votação unânime, denegar a ordem. 
 
EMENTA 
 
: 5. Habeas corpus- Alegado excesso de prazo - Não acolhimento. Não se pode falar em 
excesso de prazo, quando embora complexa, a instrução do processo está 
encerrada, e ocorrentes, no caso, as circunstâncias previstas no artigo 403 do CPP. Ordem 
denegada. (DJSC, n. 8.800, de 5.8.93, pág.6) 
 
6. PRISÃO PREVENTIVA. CRIME DE ROUBO QUALIFICADO PELO CONCURSO 
DE AGENTES E EMPREGO DE ARMAS. PACIENTE QUE SE EVADIU LOGO APÓS A 
PRÁTICA DO FATO DELITUOSO, 
SOMENTE SE APRESENTANDO À POLÍCIA APÓS TER SIDO RECONHECIDA A 
SUA PARTICIPAÇÃO. ADITAMENTO À DENÚNCIA. 
 
Trata-se de habeas corpus impetrado em favor de G. E., que perante a Primeira Vara 
Criminal da Comarca de Itajaí responde a processo-crime por incurso nas 
sanções do tipo roubo, com as causas especiais de aumento de pena do concurso de 
agentes e emprego de armas. 
 
Aponta o impetrante procrastinação na instrução criminal, objetivando obter, nesta 
oportunidade, o relaxamento da prisão. 
 
A ordem não está a ensejar deferimento. 
 
Colhe-se das peças acostadas que o paciente se encontra preso em decorrência de decreto 
de prisão preventiva, prolatado em 30 de março de 1993, após ter 
praticado assalto a mão armada, em concurso de agentes, contra o Supermercado 
Fazendão. 
 
A necessidade da custódia resulta plenamente evidenciada, através de decisão 
profusamente fundamentada (fls. 16/17). 
 
Trata-se de paciente que fugiu logo após a prática do fato delituoso, ocorrido em 27 de 
março de 1993, sendo preso somente em 20 de abril de 1993, quando 
se entregou à polícia. 
 
Esta apresentação na verdade não invalida os argumentos lançados na decretação da 
prisão preventiva, por não anularem os requisitos da medida coercitiva 
excepcional. 
 
De observar que o paciente somente se entregou à prisão, depois de descoberta a sua 
participação no assalto, através de reconhecimento efetuado por funcionários 
do estabelecimento assaltado, e após denunciado e decretada a sua custódia. 
 
Endossamos plenamente os argumentos lançados pelo ilustre prolator do decreto de 
prisão. 
 
Quanto à aventada demora na tramitação, esta se nos afigura normal à espécie, 
principalmente diante da necessidade de processar em conexão os demais meliantes, 
funcionários do estabelecimento assaltado, cuja participação foi descoberta a posteriori. 
De qualquer forma o feito agora tramita normalmente. 
 
Diante de todo o exposto, opinamos pelo indeferimento da presente ordem. 
 
Florianópolis, 7 de julho de 1993. 
 
NÉLSON FERRAZ 
 
PROCURADOR DE JUSTIÇA 
 
ACÓRDÃO: 
 
Habeas corpus n. 11.052, de Itajaí. DECISÃO: à unanimidade, denegar a ordem. 
 
EMENTA: 
 
6. Habeas corpus - Alegado excesso de prazo - Pretensão de responder solto a processo, 
porque primário e de bons antecedentes. Não se pode falar em excesso 
de prazo, se complexo procedimento criminal tem suainstrução regularizada após duplo 
aditamento à denúncia e reintegratório dos réus. A simples circunstância 
de ser primário e de bons antecedentes, quando ocorrente, não induz à obrigatoriedade de 
o paciente responder o processo em liberdade, quando as investigações 
o comprometem sobremaneira. Ordem denegada. ( DJSC, n. 8.800, de 5.8.93, pág. 6) 
 
7. 
 
COLENDA CÂMARA 
 
Trata-se de habeas corpus impetrado em causa própria por S. R. K., que na Comarca de 
Lages está sendo processado pela prática dos crimes de roubo com a 
causa especial de aumento de pena do emprego de armas e concurso de agentes, em 
concurso material com o crime de furto qualificado. 
 
Insurge-se o paciente- impetrante contra a sua prisão, taxando-a de arbitrária, entendendo 
ter direito à liberdade provisória. 
 
A presente ordem não está a ensejar deferimento. 
 
Examinando-se as peças remetidas pelo juízo a quo, ao prestar as informações 
requisitadas pelo ilustre Prolator do writ, verifica-se que o paciente se encontra 
preso em decorrência de decreto de prisão preventiva decretada em 19 de abril de 1993. 
 
A decisão que impõe a medida coercitiva excepcional examina fundamentadamente a 
necessidade da prisão, chegando à conclusão da absoluta necessidade da custódia, 
fundada nos três requisitos da prisão preventiva. 
 
Na realidade, sem vinculação ao distrito da culpa, com elenco de crimes praticados por 
vários Estados, a prisão era a medida que se impõe à espécie. 
 
De observar que o processo caminhou célere, apesar de tramitar em Vara sabidamente 
congestionada, estando a tramitação já superada, atualmente na fase do 
artigo 499 do Código de Processo Penal. 
 
Diante de todo o exposto, opinamos pelo indeferimento da presente ordem. 
 
Florianópolis, 7 de julho de 1993. 
 
NÉLSON FERRAZ PROCURADOR DE JUSTIÇA 
 
ACÓRDÃO: 
 
Habeas corpus n. 11.054, de Lages. DECISÃO: à unanimidade, denegar a ordem. 
 
EMENTA: 
 
7. HABEAS CORPUS. PRISÃO PREVENTIVA. PRESENÇA DOS REQUISITOS 
NECESSÁRIOS À CUSTÓDIA. ORDEM DENEGADA. Estando presentes os requisitos que 
autorizam a prisão 
preventiva, visto que o decreto encontra apoio no art. 312, do CPP, notadamente por não 
ter o paciente vinculação ao distrito da culpa e apresentar comportamento 
voltado para a prática delituosa, é que se justifica a sua segregação.(DJSC, n. 8.800, de 
5.8.93, pág. 6) 
 
8. 
 
COLENDA CÂMARA 
 
Trata-se de habeas corpus impetrado em favor de F. C. S., que na Segunda Vara Criminal 
da Comarca de Itajaí está sendo processado pelo crime de tráfico 
de tóxico. 
 
Insurge-se o apelante contra a deflagração da ação penal, objetivando o seu trancamento, 
por falta de descrição do fato delituoso. 
 
A presente ordem deve ser deferida. 
 
Examinando-se a exordial acusatória de fls. 6/7, constata-se que os fatos atribuídos ao 
paciente em sua narrativa não contêm os elementos do tipo penal 
pelo qual foi denunciado. 
 
Mesmo que o paciente tivesse agido em co-autoria com o outro acusado, seu genitor, 
como revela a autoridade policial em seu relatório, ainda assim a denúncia 
mostra-se imprestável para a deflagração da ação penal contra o paciente. 
 
A descrição do fato delituoso na denúncia ou queixa deve ser ampla, contendo o quid, 
quod, quiunque, quomodo, em relação ao crime praticado pelo acusado, 
que deve vir narrado de forma detalhada e clara, contendo os elementos do tipo, de modo 
que o réu possa preparar a sua defesa. 
 
Na espécie nada disso ocorre. Não há como identificar atividade criminosa na narrativa. 
 
Nem se trata sequer de apontar a ausência da demonstração da culpabilidade, agora 
imprescindível. Tendo o Código Penal de 1984 adotado a teoria finalista 
da ação, evidentes são as conseqüências processuais, como na narrativa do fato delituoso 
na denúncia ou queixa, que deve conter em seu bojo a narrativa 
da culpabilidade. 
 
Isto porque, conforme ensina Damásio de Jesus, em sua mais recente obra, a culpabilidade 
passa a integrar o tipo penal. Ora, como o tipo penal deve ser 
descrito na exordial, com todos os seus requisitos, ou elementos do tipo, e a culpabilidade 
faz parte da própria noção de tipo penal, a falta ou ausência 
de sua descrição, torna inviável a imputação. 
 
Diz o mestre: 
 
"A culpabilidade compõe-se da imputabilidade, da exigibilidade de conduta diversa e dolo 
e culpa. Dessa maneira, para a teoria clássica a ausência de dolo 
ou de culpa leva à exclusão da culpabilidade. Pois bem, a teoria finalista retira o dolo e 
culpa da culpabilidade e os insere no terreno do fato típico, 
integrando a ação. Então, o fato típico passa a ser constituído, na teoria finalista, de, em 
primeiro lugar, conduta, ação ou omissão dolosa ou culposa, 
enquanto na teoria clássica fala-se apenas em conduta voluntária, nada tendo a ver com 
dolo ou com culpa. Enquanto na teoria clássica a ausência de dolo 
e de culpa, excluindo a culpabilidade, exclui o próprio crime, na teoria finalista a ausência 
de dolo ou de culpa vai excluir a tipicidade do fato. Não 
há fato típico porque, na teoria finalista, o dolo e a culpa são retirados da culpabilidade e 
inseridos no fato penal. Então, para o finalismo, para que 
haja fato típico é preciso que o sujeito realize uma conduta não simplesmente voluntária, 
mas dolosa ou culposa. " 
 
Na espécie, sequer se trata de perquirir a ausência de descrição da culpabilidade. Aqui a 
nulidade é muito flagrante. 
 
Diante de todo o exposto, opinamos pelo deferimento da presente ordem, para trancar a 
ação penal contra o paciente, sem prejuízo da renovação da denúncia, 
obedecidas as formalidades legais. 
 
Florianópolis, 30 de julho de 1993. 
 
NÉLSON FERRAZ PROCURADOR DE JUSTIÇA 
 
ACÓRDÃO 
 
Habeas corpus n. 11.055, de Itajaí. DECISÃO: por unanimidade, conceder a ordem para 
declarar a denúncia inépta em relação ao paciente, expedindo-se em seu 
favor o competente alvará de soltura, se por al não estiver preso. 
 
EMENTA: 
 
8 Habeas corpus. Pedido visando o trancamento da ação penal por inépcia da denúncia. 
Exordial acusatória que não descreve devidamente a conduta do paciente 
no fato tido como delituoso. Inépcia manifesta. Constrangimento ilegal caracterizado. 
Ordem concedida. ( DJSC n. 8.806, de 13.8.93, pág. 5) 
 
9. 
 
COLENDA CÂMARA 
 
Trata-se de habeas corpus impetrado em favor de V. B. DE O. e J. C., contra os quais pesa 
a imputação da prática de crimes de tráfico de tóxicos e de associação 
para fins de tráfico de tóxicos. 
 
Além de pleitear a concessão de liminar para a soltura dos pacientes, insurge- se o 
impetrante contra a demora na tramitação do feito, objetivando a anulação 
do decreto de prisão preventiva, porque emanado de autoridade incompetente. 
 
A presente ordem não está a ensejar deferimento. 
 
A pre ten did a concessão de liminar em pedido de habeas corpus é totalmente descabida. 
Além de não existir previsão legal para a medida in limine, a invocação 
da analogia com o processamento do mandado de segurança é idubitavelmente 
impertinente. 
 
Em primeiro lugar, cumpre assinalar que o periculum in mora que justifica a concessão da 
liminar em mandado de segurança não encontra similitude alguma 
no procedimento do habeas corpus. 
 
É que as características de processamento do habeas corpus são bem diversas daquelas do 
mandado de segurança quanto à celeridade: semanalmente ocorre no 
mínimo uma sessão de cada câmara criminal, o mesmo se aplicando à Câmara de Férias, 
onde são julgados os pedidos de habeas corpus, o que não ocorre com 
o mandado de segurança, que por peculiaridades todaspróprias, tem o seu julgamento 
marcado para, muitas vezes, meses após. Não bastasse isso, ocorrem 
Vedações legais intransponíveis à aplicação da analogia com o mandado de segurança. 
 
É que o artigo 663 do Código de Processo Penal, ao permitir ao relator o indeferimento 
liminar, contrario sensu, inadmite a concessão de liminar para libertar 
o paciente. 
 
Seria transformar em monocrático um julgamento que o Código de Processo Penal, no seu 
artigo 664, determina expressamente se faça em colegiado. 
 
Demais disso, de ter presente que é da sistemática do processo penal brasileiro que a 
decisão de magistrado de primeiro grau somente possa ser reformada 
por colegiado em instância superior. 
 
Não queremos com isto, todavia, afirmar incabível, sempre, a concessão de medida 
liminar em habeas corpus. Esta seria possível, por exemplo, se a Câmara 
constatar, de plano, coação ilegal ao paciente. Então poderá conceder a ordem, in limine, 
isto é, dispensando requisição de informações ou diligências 
- mas desde que o faça em decisão de colegiado. O que não pode ocorrer é desconstituir-
se monocraticamente em segundo grau a prisão ordenada pelo magistrado 
de primeiro grau. 
 
O Regimento Interno do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, no seu artigo 30, I, a, 
estabelece a competência das Câmaras Criminais para a concessão de 
ordem de habeas corpus quando a autoridade coatora for juiz de direito; o artigo 36, ao 
estabelecer a competência do Relator, como não poderia deixar de 
ser, não o autoriza colocar em liberdade liminarmente o preso; o parágrafo único do artigo 
175, por sua vez, restringe a competência do Relator à hipótese 
prevista no artigo 663 do Código de Processo Penal. 
 
Correto, portanto, o teor do despacho de fls. 255, ao entender incabível a pretendida 
liminar para soltura dos pacientes. 
 
Ent end e o impetrante que a decretação da prisão preventiva deva ser invalidada porque o 
juízo em que foi emitida a medida coercitiva não é o competente 
para a ação penal. 
 
A prevalecer este argumento, estar-se-ia, na verdade, inviabilizando o próprio instituto da 
prisão preventiva, que é, precisamente, acautelar-se, em alguns 
casos, a ordem pública, em outros, a aplicação da lei penal ou a instrução criminal, 
enquanto são finalizadas as coletas das provas e a determinação de 
detalhes processuais, como, por exemplo, a competência de juízo. 
 
Na espécie, observa-se que, em primeiro lugar a prisão temporária, e depois a decretação 
da prisão preventiva foram medidas absolutamente necessárias, sem 
as quais não se teria desmantelado perigosa quadrilha de traficantes, com atuação e 
ramificações por várias cidades de Santa Catarina, excedendo, inclusive 
as fronteiras estaduais. 
 
Na residência do paciente Valmor Beseke de Oliveira foram encontrados quinze 
envelopes de cocaína, totalizando quatorze quilogramas e duzentos e trinta 
e seis gramas (fls. 62 e 68). Este material era destinado a venda, e o paciente Jairo 
Carvalho tinha participação ativa na distribuição deste material. 
As declarações de ambos são minuciosas e coerentes com o conjunto probatório. 
 
A demora na tramitação do feito, de outra parte, justifica-se em face das próprias 
características do feito, de quadrilha com ramificações por diversas 
cidades e um número grande de integrantes. 
 
Diante de todo o exposto, opinamos pelo indeferimento da presente ordem. 
 
Florianópolis, 22 de julho de 1993. 
 
NÉLSON FERRAZ PROCURADOR DE JUSTIÇA 
Habeas corpus. Magistrado apontado como autoridade coatora que declina da 
competência para o caso em favor da JUstiça Federal. Não conhecimento. Remessa 
para o Tribunal Regional Federal.(DJSC n. 8.849, de 18.10.93, pág. 11) 
 
10. HC11068.PIC 
 
COLENDA CÂMARA 
 
Trata-se de habeas corpus impetrado em causa própria por R. J. DE B.. 
 
Insurge-se o paciente- impetrante contra a deflagração de inquérito policial em que se 
busca apurar infração penal pelo mesmo praticada, objetivando o trancamento 
da peça informativa. 
 
A presente ordem não está a ensejar deferimento. 
 
Examinando-se a documentação acostada aos autos, constata-se que a requisição de 
abertura de inquérito do doutor Promotor de Justiça decorreu de um expediente 
que lhe fora dirigido, solicitando o oferecimento de denúncia contra o paciente-advogado. 
É que este, nos autos de separação consensual de nº 3681/92, 
teria adulterado a petição inicial, fazendo inserir, pós-impugnação à partilha, bem que a 
parte adversa reclamara ter sido sonegado. 
 
Inexiste coação ilegal contra o paciente, a ser sanado pela via do remédio heróico. O 
doutor Promotor, ao invés de oferecer denúncia, como lhe fora requerido, 
optou por uma apuração segura, através de inquérito policial. 
 
É ponto perene na jurisprudência de nossos tribunais, que apenas existe constrangimento 
ilegal na instrução provisória promovida através de inquérito policial, 
quando a peça informativa houver sido deflagrada sem qualquer fundamento 
investigatório, apenas para satisfazer interesse pessoal subalterno. 
 
Não é o caso dos presentes autos. 
 
Diante de todo o exposto, opinamos pelo indeferimento da presente ordem. 
 
ACÓRDÃO: Habeas corpus n. 11.068, de Piçarras. DECISÃO: à unanimidade, denegar a 
ordem. 
 
EMENTA: 10.Habeas corpus - Pretendido trancamento de inquérito policial - 
Inviabilidade - Precedentes jurisprudenciais - Ordem denegada. Não se constitui 
em vexame (constrangimento ilegal) o fato da autoridade policial instaurar inquérito para 
apuração de crime de ação pública. Inviável, via de habeas corpus, 
o trancamento de inquérito policial, peça meramente investigatória, antes de apurados os 
fatos delituosos que pesam contra o agente.(DJSC n. 8.806, de 
13.8.93, pág. 5) 
 
EMENTA: 10.Habeas corpus - Pretendido trancamento de inquérito policial - 
Inviabilidade - Precedentes jurisprudenciais - Ordem denegada. Não se constitui 
em vexame (constrangimento ilegal) o fato da autoridade policial instaurar inquérito para 
apuração de crime de ação pública. Inviável, via de habeas corpus, 
o trancamento de inquérito policial, peça meramente investigatória, antes de apurados os 
fatos delituosos que pesam contra o agente.(DJSC n. 8.806, de 
13.8.93, pág. 5) 
 
11. Trata-se de habeas corpus impetrado em favor de M. J. DE S., que na Comarca de 
Balneário Camboriú está sendo processado por incurso, em concurso material, 
por crime de furto de automóveis. 
 
Além de pleitear a concessão de liminar para a soltura do paciente, insurge-se o 
impetrante contra a demora na tramitação do feito, objetivando a anulação 
do decreto de prisão preventiva, sob a argumentação de inexistência dos requisitos para a 
imposição da medida coercitiva excepcional. 
 
A presente ordem não está a ensejar deferimento. 
 
A pre tendida concessão de liminar em pedido de habeas corpus é totalmente descabida. 
Além de não existir previsão legal para a medida in limine, a invocação 
da analogia com o processamento do mandado de segurança é idubitavelmente 
impertinente, e o pretendido amparo no § 2º do artigo 660 do Código de Processo 
Penal é de todo inexistente. 
 
Em primeiro lugar, cumpre assinalar que o periculum in mora que justifica a concessão da 
liminar em mandado de segurança não encontra similitude alguma 
no procedimento do habeas corpus. 
 
É que as características de processamento do habeas corpus são bem diversas daquelas do 
mandado de segurança quanto à celeridade: semanalmente ocorre no 
mínimo uma sessão de cada câmara criminal, o mesmo se aplicando à Câmara de Férias, 
onde são julgados os pedidos de habeas corpus, oque não ocorre com 
o mandado de segurança, que por peculiaridades todas próprias, tem o seu julgamento 
marcado para, muitas vezes, meses após. Não bastasse isso, ocorrem 
Vedações legais intransponíveis à aplicação da analogia com o mandado de segurança. 
 
É que o artigo 663 do Código de Processo Penal, ao permitir ao relator o indeferimento 
liminar, contrario sensu, inadmite a concessão de liminar para libertar 
o paciente. 
 
Seria transformar em monocrático um julgamento que o Código de Processo Penal, no seu 
artigo 664, determina expressamente se faça em colegiado. 
 
Demais disso, de ter presente que é da sistemática do processo penal brasileiro que a 
decisão de magistrado de primeiro grau somente possa ser reformada 
por colegiado em instância superior. 
 
Não queremos com isto, todavia, afirmar incabível, sempre, a concessão de medida 
liminar em habeas corpus. Esta seria possível, por exemplo, se a Câmara 
constatar, de plano, coação ilegal ao paciente. Então poderá conceder a ordem, in limine, 
isto é, dispensando requisição de informações ou diligências 
- mas desde que o faça em decisão de colegiado. O que não pode ocorrer é desconstituir-
se monocraticamente em segundo grau a prisão ordenada pelo magistrado 
de primeiro grau. 
 
É ao que conduz, inexoravelmente, a exegese do artigo 660, § 2º, do Código de Processo 
Penal, o qual, ao utilizar a disjuntiva ou [...o juiz ou o tribunal...] 
estabelece duas situações: a) aquela em que usa a palavra juiz, referindo-se à concessão da 
ordem em primeiro grau, e b) quando o dispositivo utiliza a 
palavra tribunal, referindo-se à concessão da ordem em segundo grau, o que, obviamente, 
somente pode ser decidido em colegiado. Tivesse o legislador pretendido 
atribuir tal faculdade também ao Relator, tê-lo-ia dito expressamente, mencionando a 
palavra relator como é da sua sistemática sempre que comete alguma 
atribuição ao relator. De lembrar a observação de Espíndola Filho, segundo a qual, a 
concessão de liminar em habeas corpus importaria em verdadeira concessão 
da ordem. 
 
O Regimento Interno do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, no seu artigo 30, I, a, 
estabelece a competência das Câmaras Criminais para a concessão de 
ordem de habeas corpus quando a autoridade coatora for juiz de direito; o artigo 36, ao 
estabelecer a competência do Relator, como não poderia deixar de 
ser, não o autoriza colocar em liberdade liminarmente o preso; o parágrafo único do artigo 
175, por sua vez, restringe a competência do Relator à hipótese 
prevista no artigo 663 do Código de Processo Penal. 
 
Correto, portanto, o teor do despacho de fls. 13 e verso, ao entender incabível a pretendida 
liminar para soltura do paciente. 
 
Na esp éci e, observa-se que a decretação da prisão preventiva foi medida absolutamente 
necessária, sem a qual não se teria desmantelado perigosa quadrilha 
de ladrões de automóveis, com atuação e ramificações por várias cidades de Santa 
Catarina, da qual o paciente era um dos mais ativos integrantes. 
 
Revelam os autos que a segregação provisória efetivamente se impunha, como garantia da 
aplicação da lei penal. Embora exercendo suas atividades na Comarca 
de Balneário Camboriú, uma lícita - a de motorista de táxi (fls. 190) - e outra ilícita - a 
venda e adulteração de veículos furtados -, o paciente, ao 
saber da decretação de sua prisão preventiva, evadiu-se da Comarca, indo para Lages, 
onde acabou sendo preso e recambiado a Balneário Camboriú. 
 
Este comportamento ensejador da segregação acauteladora não é novidade na vida do 
paciente. Preso no Presídio de Itajaí em 1990, por crime de furto, acabou 
beneficiado em 1991 com sursis. Em 6 de maio de 1993 após tentar fuga do Presídio de 
Balneário Camboriú, serrando as grades, foi encaminhado ao Presídio 
de Itajaí. 
 
Quanto à alegada demora na instrução do feito, esta deveu- se, principalmente, ao 
comportamento do paciente, que com sua fuga procrastinou a apuração dos 
fatos. 
 
Diante de todo o exposto, opinamos pelo indeferimento da presente ordem. 
 
Florianópolis, 22 de julho de 1993. 
 
ACÓRDÃO: 
 
Habeas corpus n. 11.072, de Balneário Camboriú. DECISÃO: por votação unânime, 
denegar a ordem. 
 
ACÓRDÃO: 
 
Habeas corpus - Alegação de constrangimento ilegal- Não acolhimento. Ordem denegada. 
 
Não pode falar em excesso de prazo paciente que se ausenta do distrito da culpa, tão logo 
decretada a preventiva. Demora que se atribui exclusivamente à 
sua ausência, procrastinando o andamento regular da ação penal.(DJSC n.8.800, de 
5.8.93, págs. 6/7) 
 
12 Trata-se de habeas corpus impetrado em favor de D. H., que na Comarca de São José 
responde a processo por crime de quadrilha e furto de aeronave. 
 
Insurge-se o impetrante contra a decretação da prisão preventiva, argumentando não 
estarem presentes os seus requisitos, rebelando-se ainda contra a demora 
na tramitação do feito. 
 
A presente ordem não está a ensejar deferimento. 
 
A prisão preventiva efetivamente era a medida que se impunha ao paciente. Integrante de 
uma quadrilha especializada em furto de aeronaves para arrecadar 
fundos para tráfico de entorpecentes, o paciente se enquadra nos requisitos da prisão 
preventiva, não somente a bem da aplicação da lei penal, dado que 
não reside no distrito da culpa e diante das dificuldades de sua prisão, como também por 
necessidade de garantir a ordem pública, já que os autos noticiam 
que em Santa Catarina a quadrilha rondou vários aeroportos com o fim de praticar delitos 
como o de que trata a espécie. 
 
Com referência à alegada demora na tramitação do feito, esta nos parece justificável 
frente às peculiaridades do processo, dado que a quadrilha atua para 
além das fronteiras do Estado. Citado e interrogado em 4.6.93, o feito tomou sua marcha 
normal, somente dificultada em face de vários requerimentos do 
paciente. 
 
Diante de todo o exposto, opinamos pelo indeferimento da presente ordem. 
 
Florianópolis, 28 de julho de 1993. 
 
NÉLSON FERRAZ PROCURADOR DE JUSTIÇA 
 
ACÓRDÃO 
 
Habeas corpus n. 11087, de São José. DECISÃO: por votação unânime, denegar a ordem. 
 
EMENTA: 12.HABEAS CORPUS. PISÃO PREVENTIVA. NECESSIDADE. 
EXCESSO DE PRAZO NA FORMAÇÃO DA CULPA INEXISTENTE. DEMORA 
OCASIONADA PELO PRÓPRIO PACIENTE. ORDEM 
DENEGADA. BONS ANTECEDENTES E RESIDÊNCIA FIXA, MAS FORA DO 
DISTRITO DA CULPA. A prisão preventiva do paceinte e seus comparsas, devido à grande 
repercussão 
do delito (furto de aeronave) é medida que se tornou necessária, cujos pressupostos estão 
presentes na lei processual. O excesso de prazo na formação da 
culpa, além de superado, pelo normal andamento do feito, foi ocasionado pelo prório 
paciente, com suas intervenções indevidas. O fato de ter bons antecedentes 
e residência fixa não são óbices à preventiva, mormente quando o paciente residem em 
comarca distante, no Estado do Mato Grosso, cujas dimensões territoriais 
dificultariam a imediata localização do paciente. Ordem denegada. (DJSC n. 8.816, de 
27.8.93, pág. 7). 
 
13. Trata-se de habeas corpus impetrado em favor de A. S. e C. S. DE O., que na Primeira 
Vara Criminal da Capital estão sendo processadas por crimes de 
lesões corporais. 
 
Entende o impetrante ser nula a deflagração da ação penal, por quebra do princípio da 
indivisibilidade, vez que tendo as acusadas também resultado com ferimentos, 
deveriam os autores destes também serem denunciados. 
 
A presente ordem não está a ensejar deferimento. 
 
Examinando-se a peça informativa acostada, constata- se Manoel Veloso de Andrade e 
sua esposa - pessoas que o impetrante pretendefossem também denunciadas 
- tiveram uma ação que possivelmente deveria ter sido caracterizada como legítima 
defesa. 
 
Correto, portanto, o procedimento do doutor Promotor de Justiça denunciante. 
 
Em primeiro lugar, deve-se ter presente que, segundo enunciados doutrinários 
confirmados pela jurisprudência do Pretório Excelso, inviável a denúncia alternativa. 
O Promotor deve se firmar numa imputação precisa, para poder ser exercitado em sua 
plenitude o direito de defesa. 
 
De outra parte, após o advento do Código Penal de 1984, que acolheu a teoria finalista da 
ação, deve a petição inicial criminal demonstrar a culpabilidade, 
conforme preleciona Damásio de Jesus (in Novas Questões Criminais, Saraiva, 1993, 
págs. 125/126). Não poderia, pois, o Promotor denunciar a quem ele reputa 
em estado de legítima defesa. 
 
De outra parte, se o órgão do Ministério Público excluiu da exordial as pessoas 
mencionadas, ocorreu um pedido implícito de arquivamento, aceito pelo juiz 
ao prolatar o despacho de recebimento da denúncia, insuscetível de recurso pela defesa. 
 
Diante de todo o exposto, opinamos pelo indeferimento da presente ordem. 
 
Florianópolis, 28 de julho de 1993. 
 
NÉLSON FERRAZ PROCURADOR DE JUSTIÇA 
 
ACÓRDÃO Habeas corpus n. 11.090, da Capital. DECISÃO: À unanimidade, denegar a 
ordem. 
 
EMENTA: 13. Habeas corpus - Pretendido trancamento da ação penal - Inviabilidade. 
 
Descabe em sede de habeas corpus a análise aprofundada da prova, especialmente quando 
só investigatória, para efeitos de trancamento da ação penal, sob 
pena de decretar-se a absolvição em o devido processamento, e inobservância do direito 
de defesa. 
 
Ao Ministério Público, titular da persecutio criminis, cabe a exclusão de pessoas 
mencionadas no inquérito, a quem ele reputar em estado de legítima defesa. 
 
O recebimento da exordia, nestas condições, constitui um pedido implícito de 
arquivamento. Ordem denegada. 
 
14 Trata-se de habeas corpus impetrado em favor de C. B., que na Comarca de Tubarão 
está sendo processado pelo crimes de tráfico de tóxico e de associação 
para tráfico. 
 
Insurge-se o impetrante contra a negativa em conceder ao paciente o benefício da 
liberdade provisória, eis que fora preso em flagrante. Traz à colação, 
em arrimo à sua pretensão, decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo, que permite a 
concessão de liberdade provisória toda vez que pairem dúvidas sobre 
a tipificação provisória atribuída ao delito na exordial. 
 
A presente ordem não está a ensejar deferimento. 
 
Embora nos pareça difícil figurar uma imputação maleável na petição inicial criminal, 
como o quer a Veneranda decisão trazida à colação, dado que é a descrição 
do fato delituoso contida na denúncia que caracteriza o tipo penal, e é a tipificação aceita 
por ocasião do recebimento da exordial que caracteriza o feito 
para todos os efeitos (prescrição, rito processual, etc) - mesmo nesta hipotética e forçada 
construção não seria possível enquadrar a espécie. 
 
É que o paciente tinha em seu poder três quilos de maconha para fins de tráfico, e ao 
momento da prisão trazia por baixo da blusa um quilo de maconha que 
estava entregando a uma traficante. 
 
Nenhuma dúvida quanto à tipificação de tráfico. Não vemos como possa se pretender 
discutir em sede de habeas corpus, em face da evidência colhida até o 
momento, este enquadramento. 
 
Diante de todo o exposto, opinamos pelo indeferimento da presente ordem. 
 
Florianópolis, 22 de julho de 1993. 
 
NÉLSON FERRAZ 
 
PROCURADOR DE JUSTIÇA 
 
ACÓRDÃO Habeas corpus n. 11.062, de Tubarão. DECISÃO: à unanimidade, denegar a 
ordem. EMENTA: 14 Habeas corpus- Paciente denunciado por tráfico de drogas 
- Pretendida concessão de liberdade provisória. Não cabe, a teor da vigente Lei 8.072/90, 
a concessão de benefícios a agente que responde procedimento 
criminal por tráfico de drogas. Por outro lado, a circunstância do réu ser primário, de 
eventuais bons antecedentes, não obriga a que responda a processo-crime 
em liberdade, sob pena da condescendência levar à impunidade. Ordem denegada. (DJSC 
n. 8.806, de 13.8.93, pág. 5) 
 
15 COLENDA CÂMARA 
 
Trata-se de habeas corpus impetrado em favor de J. M. DE A., que na Comarca de Porto 
União está sendo processado por oito crimes de furto. 
 
Insurge-se o impetrante contra a demora na instrução criminal e falta de fundamentação 
na decretação da prisão preventiva. 
 
A presente ordem não está a ensejar deferimento. 
 
Com referência à alegada demora na instrução do feito, verifica-se que o feito já recebeu 
alegações finais das partes. 
 
Não há, assim, falar em constrangimento por excesso de prazo, consoante iterativa 
jurisprudência. 
 
Igualmente, no tocante à prisão preventiva, sem razão o impetrante. 
 
O decreto de custódia excepcional traz a devida fundamentação da necessidade da prisão, 
fundada, tanto na garantia da ordem pública, quanto na garantia 
da aplicação da lei penal, narrando a evasão do paciente do distrito da culpa. 
 
Diante do exposto, opinamos pelo indeferimento da presente ordem. Florianópolis, 27 de 
julho de 1993. 
 
NÉLSON FERRAZ 
 
PROCURADOR DE JUSTIÇA 
 
ACÓRDÃO: Habeas corpus n. 11.066, de Porto União. DECISÃO: à unanimidade, 
denegar a ordem. 
 
EMENTA: 15 HABEAS CORPUS - EXCESSO DE PARZO NA FORMAÇÃO DA 
CULPA INOCORRENTE - PROCESSO JÁ NA PENDÊNCIA DE JULGAMENTO - 
INTELIGÊNCIA E APLICAÇÃO DA SÚMULA 
52 DO STJ.(DJSC n. 8.806, de 13.8.93, pág. 5) 
 
16 
 
16. HABEAS CORPUS. CASA DE PROSTITUIÇÃO. TRANCAMENTO DA AÇÃO 
PENAL POR FALTA DE JUSTA CAUSA. FIANÇA. RESTITUIÇÃO 
 
COLENDA CÂMARA 
 
Trata-se de habeas corpus impetrado em favor de I. T. , que na Primeira Vara Criminal da 
Comarca de Joinville está sendo processada por ter incorrido nas 
sanções do artigo 229 do Código Penal Brasileiro. 
 
Insurge-se o impetrante contra a deflagração da ação penal, argumentando inexistirem os 
requisitos do tipo penal casa de prostituição, objetivando, de conseqüência, 
o trancamento da ação penal, por falta de justa causa. 
 
A presente ordem deve ser deferida. 
 
A deficiente atuação da fase policial, na espécie, contaminou totalmente a presente ação 
penal, inviabilizando inclusive a deflagração do feito, impondo 
o seu trancamento. 
 
A pri mei ra afronta reside na inobservância do disposto no artigo 10 do Código de 
Processo Penal, que dispõe: "O inquérito deverá terminar no prazo de 
dez dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante..." 
 
Em que esta omissão veio a prejudicar a deflagração do feito? É que, na espécie, a peça 
informativa foi remetida precipitadamente a juízo, desacompanhada 
das apurações imprescindíveis à deflagração da ação penal. 
 
Ora, se a lei processual confere dez dias à autoridade policial para elaborar a peça 
informativa, é porque, para a caracterização de muitos tipos penais, 
não bastariam apenas as informações contidas no auto de flagrante, por insuscetíveis de 
dar o necessário suporte à exordial, conforme exigido em muitos 
tipos penais. 
 
É o caso dos autos, onde precisaria ter sido caracterizada a habitualidade, o desvio de 
finalidade do estabelecimento hoteleiro, e a caracterização de local 
de prostituição, para que se tornasse legal o constrangimento contra a paciente, decorrente 
da deflagração da ação penal. 
 
Neste prazo de dez dias conferido pela lei processual, a autoridade policial deveria ter 
caracterizado a habitualidade, colhendo as declarações necessárias 
para caracterizá-la. Sintomático é o fato de que nenhum dos signatários do abaixo-assinado que deu origem ao auto de flagrante, tenha sido ouvido pela 
autoridade policial, pois a partir daí se poderia caracterizar a habitualidade. 
 
Sintomática também é a circunstância de que a "comissão dos interessados" no 
documento de fls.33/34 menciona os hotéis que se dedicam à prostituição, sem 
se referir ao hotel da paciente. 
 
A deflagração da ação penal contra a paciente, nestas condições, mostra-se deveras 
injusta, demandando o seu trancamento. 
 
Os constra ngimentos de que a paciente foi vítima, todavia não se limitam à fase policial. 
Chegando o flagrante a juízo, após a correta manifestação sobre 
a homologação do flagrante, o ilustre juiz abriu vistas ao órgão ministerial. Nesta 
oportunidade o doutor Promotor, obrigatoriamente, conforme examinado 
na nota de rodapé 12 deveria ter se pronunciado sobre a concessão ou não da liberdade 
provisória, por se tratar de direito subjetivo do réu. Opinando, 
ao revés, pela concessão da fiança, sem manifestar-se acerca da liberdade provisória, 
ocorreu a primeira irregularidade em juízo. A segunda decorre da 
decisão do doutor juiz, que concedeu liberdade provisória mediante fiança arbitrada em 
três salários mínimos { fls.122/123}. 
 
Ora, não tendo a autoridade policial juntado aos autos elementos que autorizariam a 
decretação da prisão em flagrante, a concessão da liberdade provisória 
sem o pagamento de fiança é um direito subjetivo da paciente, que não poderia ser 
negado. 
 
Deve, pois, a elevada fiança paga ser-lhe restituída. 
 
Diante de todo o exposto, opinamos pelo deferimento da presente ordem, a fim de ser 
trancada a presente ação penal e restituída a fiança. 
 
Florianópolis, 30 de setembro de 1992. 
 
NÉLSON FERRAZ PROCURADOR DE JUSTIÇA 
 
ACÓRDÃO 
 
Habeas corpus nº 10.612, de Joinville 
 
ACORDAM, em Primeira Câmara Criminal, por unanimidade, conceder a ordem. 
 
EMENTA: 16 " Habeas corpus - Falta de justa causa para a ação penal - Inquérito policial 
que não demonstra, sequer em tese, a ocorrência de prática delitiva. 
Ordem concedida." 
 
17 
 
HC11037.JO 
I 
 
Trata-se de habeas corpus impetrado em causa própria por J. C. Y., J. A. DE S. e E. DOS 
S. A., que na Comarca de Joinville estão sendo processados pelo 
crime de roubo qualificado. 
 
Insurgem-se os pacientes- impetrantes contra a demora na tramitação do feito, 
argumentando excedido o prazo para a instrução do feito, eis que estão custodiados 
desde a data da prisão em flagrante, ocorrida em 6 de novembro de 1992. 
 
A ordem não está a ensejar deferimento. 
 
Através do expediente de fls. 12, o doutor juiz informa que o feito já recebeu as alegações 
finais da acusação, aguardando tão somente a inclusão das alegações 
da defesa. 
 
Não ocorre, portanto, coação no tocante à demora na instrução criminal. 
 
Diante de todo o exposto, opinamos pelo indeferimento do presente pedido. 
 
Florianópolis, 16 de julho de 1993. 
 
NÉLSON FERRAZ PROCURADOR DE JUSTIÇA 
 
ACÓRDÃO: Habeas corpus n. 11.037, de Joinville. DECISÃO: por votação unânime, 
denegar a ordem. 
 
EMENTA: Constrangimento ilegal - Excesso de prazo na formação da culpa - Possível 
coação já superada. Ordem denegada. Em tema de excesso de prazo, considera-se 
sanado o constrangimento ilegal imposto ao paciente quando a instrução do processo 
retorna a sua marcha normal ou quando se encontra praticamente concluída. 
(DJSC n. 8.800, de 5.8.93, pág. 6) 
 
18 p>COLENDA CÂMARA 
 
Trata-se de habeas corpus impetrado em favor de R. H. M., que na Comarca de Santo 
Amaro da Imperatriz está sendo processado por crime de furto qualificado. 
 
Insurge-se o impetrante contra a manutenção da prisão do paciente, argumentando que a 
fluência de aproximadamente um ano entre a assinatura do decreto de 
prisão preventiva e o seu cumprimento, estaria a desautorizar a custódia. 
 
A presente ordem não está a ensejar provimento. 
 
Examinando-se o decreto de prisão preventiva de fls. 13/15, constata-se que o doutor juiz 
fundamentou amplamente a necessidade da decretação da custódia, 
não somente a bem da ordem pública, em face da habitualidade na prática de crimes 
contra o patrimônio, como também na garantia da aplicação da lei penal, 
tendo-se em vista, não somente a fuga do paciente, mas também diante da circunstância 
de ter fornecido endereço e idade falsos. 
 
A demora no cumprimento do mandado de prisão, longe de favorecer o paciente, como o 
pretende a defesa, pelo contrário, o desfavorece, eis que a delonga 
deveu-se à evasão do acusado. 
 
Diante de todo o exposto, opinamos pelo indeferimento da presente ordem. 
 
Florianópolis, 16 de julho de 1993. 
 
NÉLSON FERRAZ PROCURADOR DE JUSTIÇA ACÓRDÃO: Habeas corpus 
n.11.061, de Santo Amaro da Imperatriz. DECISÃO: por votação unânime, denegar a ordem. 
 
EMENTA: Habeas corpus - Alegado constrangimento ilegal - Não reconhecimento. Não 
pode alegar constrangimento ilegal, paciente que se evade do distrito da 
culpa, sendo preso um ano depois, por força de cumprimento de mandado de prisão. A 
circunstância de ser primário, e de bons antecedentes, quando ocorrentes, 
não obriga a que o réu responda a processo-crime em liberdade, cuja subjetividade fica ao 
arbítrio do Magistrado, que próximo dos fatos, melhor conhece 
as circunstâncias do delito e de seu autor. Ordem denegada. (DJSC n. 8.800, de 5.8.93, 
pábg. 6) 
 
HC11067.PIC 
 
Trata-se de habeas corpus impetrado em favor de A. A. P., que na Comarca de Piçarras foi 
condenado por crime de furto. 
 
Insurge-se o impetrante contra a revogação do sursis, que teria sido efetuada ao arrepio 
das normas legais, como a falta de oitiva do paciente. 
 
A presente ordem está a ensejar deferimento. 
 
Realmente, examinando-se os autos, constata-se uma série de equívocos na condução da 
audiência admonitória, que culminaram na indevida prisão do paciente. 
 
Diz o doutor juiz nas suas informações de fls. 41: 
 
"Que o apenado compareceu à audiência admonitória, onde aceitou as condições do sursis 
assinando o respectivo termo, conforme cópia anexa." 
 
Em seguida, nas mesmas informações, o magistrado afirma: 
 
"O apenado não compareceu, descumprindo as condições impostas." 
 
Afinal, o apenado compareceu ou não compareceu à audiência admonitória? 
 
Evidente que sim. Examinando-se o documento de fls. 19, verifica-se que no mesmo dia 
em que o paciente foi posto em liberdade, ele compareceu a juízo, onde, 
em sessão solene, foi cientificado das condições do sursis impostas na sentença, e 
expressamente advertido das conseqüências de seu descumprimento, aceitando-as 
e assinando o termo de compromisso. 
 
Ora, este ato de solene advertência reveste-se de todas as condições da audiência 
admonitória. 
 
Não tem sentido, assim, a tentativa de repetição da audiência de advertência, já que o 
compromisso do paciente de cumprir as condições do sursis fora solenemente 
firmado. 
 
Adquiriu, o paciente, através deste ato, o direito ao usufruto do sursis. A partir daí, o 
sursis somente poderia ter sido desconstituído, se ocorrida alguma 
das condições de revogação obrigatória (art. 81 CP) ou de revogação facultativa (art. 81, § 
1º CP). 
 
O despacho de fls. 29, que suspendeu o benefício, é de todo ilegal. Em primeiro lugar, não 
existe suspensão de suspensão. Se, de outra parte, a intenção 
era revogar, então esta revogação seria de todo inviável, por não se adequar aos princípios 
legais. 
 
Nem mesmo o arremedo que consta do mandado de prisão de fls. 30 "por ter sido 
suspenso o benefício do sursis, face o mesmo não ter cumprido

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