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Fisiopatologia e dietoterapia nas enfermidades de glândulas anexas: Vesícula e Pâncreas Professora: Michelle Rabello da Cunha Fisiopatologia da Nutrição e Dietoterapia II VESÍCULA Fisiologia e funções • Sob a superfície do lobo hepático direito • Concentra r , a r mazena r e excretar a bile, que é produzida pelo fígado; • D u r a n t e o p r o c e s s o d e concentração, água e eletrólitos são absorvidos pela mucosa do órgão Funções Localização FUNDO, CORPO E COLO ▪ Secreção total – 600 a 1000 mL/ dia ▪ Capacidade máxima da vesícula – 30 a 50 mL ▪ Concentração normal da bile – 5 a 20 vezes Vesícula Biliar - Anatomia Colo ✓ Os sais biliares são excretados no intestine delgado através da bile ✓ Reabsorção no sistema portal Revisão anátomo-funcional ❑ Trajeto da bile para digestão de gorduras: ▪ Intrahepático: ➢ Canalículo biliar – ductos biliares in t r ahepá t i cos direito e esquerdo ▪ Extrahepático: ➢ Ducto hepático comum + ducto cístico → Ducto biliar comum (colédoco) ➢ Ducto pancreático → Transporte de enzimas digestivas para o duodeno → CCK e secretina: estímulo do Esfíncter de Oddi → suco pancreático e bile fluem para o duodeno na Ampola de Vater ESTREITA INTER RELAÇÃO ENTRE DOENÇAS DA VESÍCULA BILIAR, FÍGADO E PÂNCREAS Esvaziamento da vesícula ocorre em resposta à chegada de alimentos no duodeno e aos hormônios colecistoquinina e secretina. ❑ CCK: contrações da vesícula biliar, relaxamento do esfíncter de Oddi, secreção de enzimas pancreáticas, potencializa a ação da secretina ❑ Secretina : est imula produção de bile, secreção bil iar e pancreática de bicarbonato Motilidade do trato biliar ❑ Principais constituintes da bile: água, eletrólitos (sódio, potássio, cálcio, cloreto), bicarbonato, fosfolipídios (lecitina), ácidos graxos, colesterol, bilirrubina e sais biliares ▪ Bilirrubina: principal pigmento da bile; derivado da liberação da hemoglobina da destruição das hemácias. Transportada para o fígado, onde é conjugada e excretada através da bile ▪ Sais biliares: produzidos pelas células hepáticas a partir do colesterol, são essenciais para a digestão e absorção de vitaminas lipossolúveis Bile ATUAÇÃO COMO “DETERGENTE” EMULSIONANDO ÓLEOS E GORDURAS Ácidos Biliares (sintetizados no fígado a partir do colesterol) Conjugados a ácidos Cólico e Quenodesoxicólico Liberados no intestino Intestino (ação das bactérias) Ácidos Biliares Secundários (Ácido Litocólico e Deoxicólico) Reabsorvidos ➔ Pool de ácidos biliares (30%) Ácidos biliares conjugados AA Glicina e Taurina = Sais biliares (forma em que são excretados na bile) Bile FÍGADO VESÍCULA INTESTINO Ácidos biliares + glicina/ taurina Bile: ácidos biliares na forma conjugada = sais biliares Esfíncter de Oddi 2-5% Excretado nas fezes Ácidos biliares ✓ Absorção de lipídios, oriundos da dieta, da luz intestinal. ✓ Formação da bile - via excretória de produtos do metabolismo (bilirrubina, drogas, hormônios). ✓ Homeostase dos esteróis, particularmente o colesterol Funções dos ácidos biliares ORIGEM: ❑ 80% provêm do metabolismo da Hemoglobina (glóbulos vermelhos) ❑ 20% Hemoglobina que não se incorpora aos glóbulos vermelhos ❑ Outra parte Grupos Heme que não são glóbulos vermelhos (hemácias velhas, citocromo) Bilirrubina Processada no Retículo Endoplasmático: Baço, Medula, Rins, Sistema Linfático ❑ O anel do grupamento heme é aberto, produzindo ferro livre e biliverdina, que é reduzida a bilirrubina pela enzima biliverdina redutase. ❑ Essa bilirrubina recém-formada circula no sangue ligada à albumina sérica (indireta) ❑ É transportada pelo sistema porta até o fígado, onde penetra no hepatócito. ❑ Dentro do hepatócito, a bilirrubina desliga-se da albumina e forma um complexo com ácido glicurônico. ❑ A bilirrubina, agora já conjugada, é excretada (direta) Bilirrubina – Indireta x Direta ❑ A bilirrubina é excretada diretamente, alcançando o trato intestinal, onde é metabolizada pelas bactérias da flora intestinal, formando o urobilonogênio, e posteriormente o estercobilinogênio. ❑ A maior parte do urobilinogênio é excretada nas fezes na forma de estercobilinogênio (oxidado à estercobilina), outra parte é reabsorvida e eventualmente re-excretada na bile (circulação entero-hepática). ❑ Uma pequena quantidade é excretada ainda pelos rins, sendo designado urobilina. Bilirrubina ➢ Existem portanto dois tipos de bilirrubina circulantes: ➢ Não conjugada→ bilirrubina indireta (ligada albumina) ➢ Conjugada→ bilirrubina direta ➢ A bilirrubina indireta eleva-se no soro na presença de lesões hepáticas, obstrução da vesícula biliar ou quando a velocidade de destruição dos glóbulos vermelhos está aumentada. ➢ A bilirrubina direta está aumentada nas hepatites agudas e crônicas, nas reações tóxicas a drogas e nas obstruções do trato biliar. Bilirrubina Distúrbios da Vesícula Biliar ❑ A Doença da Vesícula Biliar com cálculos biliares é o distúrbio mais comum do sistema biliar. ❑ Embora nem todas as ocorrências de inflamação da vesícula biliar (colecistite) estejam relacionadas com cálculos biliares (colelitíase), >90% dos pacientes com colecistite aguda apresentam cálculos biliares. 1. Colecistite 2. Colangite 3. Colelitíase 4. Coledocolitíase Distúrbios da Vesícula Biliar Colecistite ▪ Inflamação da vesícula biliar que provoca dor e sensibilidade ▪ Pode ser aguda ou crônica ▪ Geralmente requer intervenção cirúrgica Empiema da vesícula biliar Sinal de Murphy • Vesícula rica em conteúdo líquido purulento ❑ Classificação: ▪ Colecistite calculosa: processo inflamatório associado à presença de pedras no interior da vesícula biliar. Os cálculos, além de “irritarem” a vesícula, causam obstrução parcial da drenagem pelo canal da vesícula biliar, desencadeando surtos de cólica biliar e propiciando retorno da bile e aumento dos níveis de bilirrubina na circulação. Causa pigmentação amarelada da pele e dos olhos típica da icterícia. ▪ Colecistite acalculosa: ocorre em pacientes críticos (em caso de sepse, choque, trauma ou queimaduras), quando há estagnação da vesícula e da bile. Pode ocorrer infecção pelas paredes da vesícula estarem inflamadas e distendidas. Colecistite Colangite Aguda x Crônica Colonização dos ductos biliares por bactérias intestinais que chegam aos canais causando dor, febre e icterícia. Tratamento clínico: • Colangite aguda: fluidos e antibioticoterapia. Se não houver melhora, pode ser necessária a colocação de uma sonda biliar percutânea, papilotomia endoscópica (para extração de cálculos) ou cirurgia. • Colangite Esclerosante : processo inf lamatório fibrosante e estenosante progressivo, caracterizada por estreitamentos biliares. ✓ Idiopática, porém, alta relação com RCU. ✓ Pode resultar em sepse ou insuficiência hepatica. ✓ Antibioticoterapia. Colelitíase ▪ Os cálculos podem ser de colesterol (70-80%), cálculos pigmentares (20-30%) ou mistos; ▪ O número e o tamanho dos cálculos são variáveis; ▪ Patogênese: alteração na composição da bile, hipomotilidade (estase) e secreção de muco; A alteração primária que causa a formação de cálculos é o ↑ do colesterol (cálculos de colesterol) ou o ↑ de bilirrubinato de cálcio (cálculos pigmentares) acima da solubilidade da bile. Colelitíase Coledocolitíase ❑ Ocorre quando os cálculos se localizam nos ductos biliares, causando obstrução, dor e cólica; ❑ Na ausência de bile no intestino, a absorção de lipídeos é prejudicada e sem os pigmentos biliares, as fezes se tornam claras – acolia fecal ❑ Se nãohouver correção, pode resultar em icterícia e dano hepático – cirrose biliar secundária ❑ Pode levar à pancreatite se o ducto pancreático for bloqueado Fatores de risco: ▪ Hereditariedade; ▪ Idade (> com a idade); ▪ Sexo feminino (após a puberdade – ação hormonal); ▪ Anticoncepcionais orais (estrogênio); ▪ Obesidade (bile litogênica - hipersaturada em colesterol); ▪ Perda rápida de peso (↑ secreção de colesterol biliar; ↑ produção de muco e ↓ da motilidade da vesícula); ▪ Ressecção ileal (↓ circulação entero-hepática e do pool de sais biliares); ▪ NPT > 3 meses (↓ motilidade da vesícula); ▪ Dieta (ingestão de colesterol ↑ saturação do mesmo na bile); ▪ Hemólise crônica – ex: anemia hemolítica (↑ da bilirrubina formando sais de bilirrubinato de cálcio); ▪ Doença celíaca (↓ motilidade da vesícula – ↓ produção de colecistoquinina pelo intestino); Colelitíase e Coledocolitíase Quadro clínico ▪ Cólica biliar (porém, a maioria é assintomática); ▪ Colecistite calculosa; ▪ Náuseas; ▪ Vômitos; ▪ Icterícia; ▪ Acolia fecal Diagnóstico ▪ História clínica ▪ Ultrassonografia / Raio-X / Ressonância magnética ▪ CPRE Tratamento (Para pacientes com cólica biliar ou para prevenir complicações, como pancreatite) ▪ Colecistectomia Colelitíase e Coledocolitíase COLANGIOPANCREATOGRAFÍA RETROGRADA ENDOSCÓPICA Técnica realizada por meio de endoscópio que é introduzido pela boca até o duodeno. Identifica-se o esfíncter de Oddi (ou papila de Vater), e se injeta contraste para visualizar os ductos biliares e o pancreático. Pode-se fazer diagnóstico de coledocolitíase e ao mesmo tempo extrair os cálculos CIRURGIA LAPAROSCÓPICA Colecistectomia Distúrbio funcional da vesícula e vias biliares, caracterizado por perturbações no enchimento e esvaziamento da vesícula biliar. Tratamento Nutricional: Observação da tolerância à gordura. Discinesia Biliar Tratamento Nutricional Combate: Dietético: Baixo teor de gordura para impeder as contrações da vesícula biliar Colecistite Aguda ▪ VO: Descontinuar alimentação oral ▪ Longo prazo e/ou desnutrição: ✓ Nutrição Parenteral ▪ Ao retomar a alimentação oral: ✓ Dieta com baixo teor de gordura Tratamento Nutricional Colecistite Crônica ▪ Dieta com teor controlado de gordura a longo prazo ▪ Cuidado com restrição excessiva: o intestino precisa de algum conteúdo de gordura para estimulação e drenagem do trato biliar. ▪ Observar intolerâncias alimentares individuais, que cursam com sintomas de flatulência e distensão abdominal ▪ Administrar vitaminas lipossolúveis ❑ Pós-colecistectomia imediata: ▪ 1º dia: dieta líquida hipolipídica; ▪ 2º dia: dieta branda hipolipídica ou adequar consistência de acordo com possíveis sintomas (náusea é o mais comum); ▪ Restrição de flatulentos, se necessário (náuseas, dor abdominal); Após esse período, dieta NORMOlipídica. Tratamento Nutricional PÂNCREAS Fisiologia e Funções do Pâncreas Localização do órgão • Espaço retroperitoneal, estendendo-se transversalmente da cavidade do dueodeno ao hilo esplênico • Mede de 10-15 cm: cabeça, corpo e cauda Funções • Porção exócrina: glândulas mistas tubulo-acinares (80% órgão); • Porção endócrina: composta pelas Ilhotas de Langerhans Fisiologia e Funções do Pâncreas ❑ Células do componente exócrino: 1) Células Ductais e Centroacinares: secreção água, eletrólitos (Na, K, Ca, Cl) e bicarbonato; 3) Células Acinares: secreção enzimática Fisiologia e Funções do Pâncreas DIGESTÃO ENZIMÁTICA + ÍONS BICARBONATO CARBOIDRATOS PROTEÍNAS GORDURAS NEUTRALIZAÇÃO DA ACIDEZ DO QUIMO ÁCIDO Componente Exócrino DIGESTÃO: • Protéica – Tripsina, quimotripsina (clivagem a peptídeos), carboxipolipeptidase (clivagem final a aminoácidos) • Carboidratos – Amilase pancreática (hidrólise de amidos para formar di e trissacarídeos) • Lipídios: – Lipase pancreática, colesterol esterase, fosfolipase Armazenadas inativas→ ativadas após secreção no TGI Enteroquinase ➔ Tripsinogênio ➔ Tripsina (ativa todas as enzimas) Fisiologia e Funções do Pâncreas Componente Exócrino Estímulos para secreção pancreática: • Acetilcolina – Liberada pelas terminações nervosas do nervo vago para sistema nervoso entérico • Colecistocinina – Secretada pela mucosa duodenal e jejunal após o alimento entrar no intestino delgado • Secretina – Secretada pela mucosa duodenal e jejunal após o alimento ácido entrar no intestino delgado ENZIMAS DIGESTIVAS BICARBONATO Fisiologia e Funções do Pâncreas Componente Exócrino FASES DA SECREÇÃO PANCREÁTICA: • Fase cefálica – fatores sensoriais (visão, olfato e paladar) estimulam pequeno volume de suco pancreático – elevada concentração enzimática • Fase gástrica – Alimentos sólidos e líquidos – distensão gástrica - liberação de gastrina – estímulo pancreático. • Fase intestinal – Alimento no intestino – liberação de CCK e secretina – estímulo das enzimas pancreáticas (70% resposta máxima). A secreção de bicarbonato aumenta a medida que o pH do quimo diminui. Fisiologia e Funções do Pâncreas Componente Exócrino Fisiologia e Funções do Pâncreas Componente Endócrino • Insulina – células beta • Glucagon – células alfa • Somatostatina – células delta Somatostatina Hormônio inibitório, cujas principais ações são: • Inibe a secreção do hormônio do crescimento (GH) • Inibe a secreção do hormônio estimulante da tireóide (TSH) • Diminui a secreção dos hormônios gastrointestinais Ação sobre os hormônios pancreáticos • Inibe a secreção de insulina • Inibe a secreção de glucagon • Diminui a ação secretória exócrina do pâncreas PANREATITE AGUDA Pancreatite aguda É um processo inflamatório agudo do pâncreas, que pode envolver também tecidos peripancreáticos e/ou órgãos à distância. ▪ Inflamação pequena e limitada à ocorrência de edema na maioria dos pacientes; ▪ As lesões geralmente são reversíveis; ▪ Entretanto, quando ocorre necrose de um segmento do ducto pancreático principal pode resultar em estenose e pancreatite crônica; Pancreatite aguda Quadro clínico ▪ Dor contínua com irradiação para o dorso; ▪ Elevação da lipase e amilase sérica (> 3x o normal); ▪ Náuseas e vômitos (normalmente tem gastroparesia) OBS: A lipase também é secretada pela faringe, estômago e intestino delgado. E a amilase pelas glândulas salivares, vesícula biliar, intestino delgado, ductos biliares e trompas de falópio. Pode haver aumento de ambas na parotidite, obstrução do intestino delgado, colecistite, gravidez ectópica e doença renal crônica (pela ↓ da depuração). Classificação ❑ Pancreatite edematosa ▪ Pancreatite leve (80 a 90% dos casos); ▪ Presença de edema; ▪ Evolução clínica e laboratorial rápida (2 a 3 dias); ▪ Mortalidade baixa (1 a 2%); ❑ Pancreatite necrosante ▪ Pode ocorrer hemorragia ou supuração (infecção); ▪ Evolução clínica, laboratorial e radiológica lenta; ▪ Podem ocorrer complicações graves e fatais; ▪ Mortalidade elevada (30 a 50% dos casos); Pancreatite aguda Etiologia Apesar da avaliação cuidadosa, 15 a 20% não tem etiologia determinada. FATORES ETIOLÓGICOS DA PANCREATITE AGUDA METABÓLICOS Álcool Hipercalcemia Genética Drogas MECÂNICOS Colelitíase Pós-operatório – biliar / gástrico Pós-traumático CPRE Obstrução do ducto pancreático Obstrução duodenal FATORES ETIOLÓGICOS DA PANCREATITE AGUDA VASCULARES Hipotensão Pós-operatório Ateroembolismo INFECCIOSOS Vírus Bactérias Fungo Parasita Pancreatite aguda Pancreatite aguda por litíase biliar (coledocolitíase) Coledocolitíase Pancreatite aguda PatogêneseFator etiológico (cálculo biliar, drogas etc) Processo iniciante (refluxo biliar, refluxo duodenal etc) Lesão pancreática inicial (rompimento do ducto pancreático, lesão vascular, edema) Ativação das enzimas pancreáticas Tripsina Quimotripsina Autodigestão pancreática Lipase Necrose pancreática Diagnóstico: ▪ História clínica (sinais e sintomas); ▪ Tomografia computadorizada; ▪ Ultrassonografia; ▪ Colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE); Exames laboratoriais: ▪ Elevação de amilase/lipase; ▪ Leucocitose com desvio à esquerda; ▪ Hiperglicemia (devido à inflamação – liberação de cortisol e catecolaminas); ▪ Hiperbilirrubinemia (na etiologia de litíase biliar); Pancreatite aguda Pancreatite aguda Colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE); Complicações ▪ Infecção pancreática (abscesso); ▪ Necrose – alta taxa de mortalidade; ▪ Hipotensão (SIRS); ▪ Insuficiência renal aguda; Pancreatite aguda Tratamento clínico ▪ Hidratação; ▪ Reposição eletrolítica (sódio, potássio); ▪ Analgesia; ▪ Drogas: bloqueadores H2, IBPs, octreotide; ▪ CPRE – papilotomia na pancreatite biliar; ▪ Colecistectomia (após a resolução do quadro inflamatório do pâncreas). Pancreatite aguda TERAPIA NUTRICIONAL Terapia nutricional Recomendações AGA, 2018: ❑ Iniciar via oral precoce (até 24h), conforme tolerado; ❑ Em paciente com inviabilidade de via oral, optar por TNE ao invés de TNP; ❑ Paciente com pancreatite grave ou necrosante, que necessitem de TNE, optar por sonda com posicionamento gástrico ou jejunal; Nutrição precoce → mantém a integridade da barreira intestinal → ↓ translocação bacteriana → ↓ risco de infecção peripancreática. Pancreatite aguda Terapia nutricional Recomendações BRASPEN, 2018: ❑ Avaliar a gravidade da pancreatite aguda a fim de guiar a estratégia nutricional; ❑ Início precoce de suporte TNE, lançando mão de estratégias de tolerância conforme sintomatologia do TGI; ❑ Associar TNP quando não atingir 60% das necessidades em até 3 dias em pacientes desnutridos e até 7 dias em eutróficos; Pancreatite aguda Terapia nutricional ❑Na pancreatite aguda leve e moderada não está recomendado o uso rotineiro de fórmulas de NE especializadas; ❑ Não há evidência que recomende o uso rotineiro da via pós-pilórica para repouso da produção de secreção pancreática, controle da dor, não indução de resposta inflamatória, redução do risco de aspiração; ❑Quando houver sinais de intolerância do TGI: - Medidas como uso de sonda pós-pilórica, procinéticos, SNG para drenagem e uso de formulações especializadas (oligoméricas) são recomendadas na tentativa de implementação e progressão do aporte enteral; Pancreatite aguda Terapia nutricional ❑ O uso de probióticos na pancreatite aguda grave pode ser considerado em pacientes em TNE; ❑ Não é recomendado o uso rotineiro de formulações hidrolisadas (semi/elementares) na pancreatite aguda grave; ❑ Não é recomendado o uso rotineiro de formulações com imunonutrientes na pancreatite aguda grave; Pancreatite aguda Terapia nutricional → VET normo a hipercalórico → Hiperproteica → Hipolipídica ou com TCM Em caso de via oral, adaptar características conforme sintomatologia: - Consistência (avaliar dieta líquida); - Avaliar restrição de carboidratos simples (flatulentos), lactose, fibras, lipídios. Pancreatite aguda PANCREATITE CRÔNICA Pancreatite crônica É uma doença progressiva lenta, que leva à fibrose no pâncreas, destruição do parênquima exócrino e em alguns pacientes destruição do parênquima endócrino. O acometimento das ilhotas de Langerhans é menor que o do tecido acinar. Quadro clínico: ▪ Dor abdominal (por obstrução dos ductos pancreáticos) ▪ Esteatorreia ▪ Diabetes mellitus (mais tardiamente) ▪ Perda de peso ▪ Pancreatite prévia Principais etiologias ▪ Álcool em grande quantidade por tempo prolongado – 6 a 10 anos (70% dos casos) ▪ Idiopática ▪ Pâncreas divisium Pancreatite crônica Diagnóstico ▪ Presença de gordura fecal ▪ Tripsina sérica baixa ▪ Tomografia computadorizada (atrofia do pâncreas, calcificação, dilatação dos ductos); ▪ Ultrassonografia; ▪ CPRE (visualiza alterações no ducto pancreático principal e ramos colaterais); Pancreatite crônica Complicações ▪ Má absorção (principalmente gorduras e vitaminas lipossolúveis); ▪ Desnutrição; ▪ Agudização (pancreatite aguda) – mais suave; ▪ Pseudocistos (que podem evoluir com infecção, sangramento, fístula...); ▪ Maior risco de neoplasia pancreática; ▪ O prognóstico é pior para os que não cessam o alcoolismo; Pancreatite crônica Tratamento clínico ▪ Analgésicos; ▪ Enzimas pancreáticas; ▪ Tratamento para diabetes; - As enzimas devem ser ingeridas junto com as refeições; - A dose é individualizada para cada paciente; - Geralmente, são necessários 4 a 8 comprimidos por refeição; - As enzimas agem em pH > 6 (duodeno), porém podem ser inativadas pelo ácido gástrico, sendo necessário IBPs. Pancreatite crônica Terapia nutricional ▪ Dieta hipercalórica, hiperproteica e hipolipídica; ▪ TCM; ▪ Avaliar restrição de flatulentos (distensão abdominal → dor); ▪ Avaliar necessidade de suplementação de vitaminas lipossolúveis; ▪ Avaliar deficiência de vitamina B12; Pancreatite crônica Cirurgia de Whipple Cirurgia de Whipple → Duodenopancreatectomia (também pode incluir parte do estômago distal). Indicações: ▪ Tumor de cabeça de pâncreas; ▪ Tratamento da dor de pancreatite crônica; Cirurgia de Whipple Cirurgia de Whipple Terapia nutricional Pós-operatório imediato (24h após a cirurgia): ▪ Jejunostomia (confeccionada no ato cirúrgico); ▪ Sonda nasoenteral com posicionamento jejunal; ▪ Pode ser necessária fórmula oligomérica devido a gastroparesia e/ou íleo; É comum gastroparesia e/ou íleo pós-operatório, dificultando a progressão da dieta. Pós-operatório tardio ▪ Via oral; ▪ Se houver retirada de estômago distal e piloro: cautela com síndrome de dumping; Leitura recomendada
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