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Empresarial 2 CASOS

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CASO 01
Fernando emitiu um título de crédito em favor de Renata, o qual circulou através de diversos endossos até o atual portador. Após o prazo de vencimento, o portador decidiu executar um dos endossantes, tendo em vista que o título não foi pago pelo devedor original. Todavia, ao ser executado, o endossante alegou em sua defesa que não poderia ser executado, haja vista que recebeu o título de um menor, o qual não teria capacidade civil, e o que tornaria nula a cadeia de endossos. Diante dessa situação hipotética, pergunta-se: 
a) Tem fundamento a defesa apresentada pelo endossante?
Resposta: Não, pois as obrigações são autônomas. Não merece ser acolhida a defesa apresentada, tendo em vista que ao lançar sua assinatura no título o endossante vincula sua obrigação de pagar como garantidor, sendo que as obrigações são autônomas e independentes. 
b) Qual o princípio que pode ser aplicado no caso em tela?
Resposta: Princípio da autonomia, em que cada obrigação é autônoma com relação às demais , independentemente da situação ( art. 7 e 17 LUG 57663/1966). 
CASO 02
Fernando Lopes emite uma letra de câmbio em face de Luan e a favor de Eduarda, que a endossa em branco para Rebeca, a qual endossa em preto para Maria que, por sua vez, também endossa em preto para João. Este endossa em branco e repassa o título para Dora, que repassa o título por tradição para Eunice, e assim vai por Emerson e Vitor. Por fim, Vitor transmite o título para Miro, através de endosso em preto. Diante disso:
a) Determine quais os obrigados pelo pagamento do referido título.
Resposta: Os O brigados pelo pagamento s ão: Fernando Lopes , Luan, Eduarda, Rebeca, Maria e Victor.
b) Especifique o principal efeito do endosso realizado por Vitor.
Resposta: O principal efeito do endosso em preto é fazer com que o titulo fique Nominal e caso o portador que ira transferi-lo obrigatoriamente deverá f aze-lo por endosso. 
CASO 03
Pedro emite nota promissória para o beneficiário João, com o aval de Bianca. Antes do vencimento, João endossa a respectiva nota promissória para Caio. Na data de vencimento, Caio cobra o título de Pedro, mas esse não realiza o pagamento, sob a alegação de que sua assinatura foi falsificada. Após realizar o protesto da nota promissória, Caio procura um advogado com as seguintes indagações:
A) Tendo em vista que a obrigação de Pedro é nula, o aval dado por Bianca é válido?
Sim. No Direito Cambiário, um dos princípios basilares é o da autonomia das obrigações cambiárias, o que significa, grosso modo, que um vício ou nulidade contida numa determinada etapa da cadeira de obrigações não invalida, em regra, as demais etapas da cadeia. Nesse sentido, o art. 32 da Lei Uniforme de Genebra prevê: “o dador do aval é responsável da mesma maneira que a pessoa por ele afiançada. A sua obrigação mantém-se, mesmo no caso da obrigação que ele garantiu ser nula por qualquer razão que não seja vício de forma.”
B) Contra qual(is) devedor(es) cambiário(s) Caio poderia cobrar sua nota promissória?
Resposta: Caio poderá cobrar sua promissória de Bianca, avalista, 
e de João, endossante, somente ficando fora da cadeia obrigacional 
Pedro, que teve sua assinatura falsificada. A responsabilidade do avalista 
e do endossante é solidária, nos termos do art. 47 da Lei Uniforme de 
Genebra.
CASO 04
Uma letra de câmbio foi sacada por Celso Ramos com cláusula “sem despesas” e vencimento no dia 11.09.2013. O tomador, Antônio Olinto, 
transferiu a cambial por endosso para Pedro Afonso no dia 03.09.2013. O título recebeu três avais, todos antes do vencimento, sendo dois em branco e superpostos, e um aval em preto em favor de Antônio Olinto. A letra de câmbio foi aceita e o endossatário apresentou o título para pagamento ao aceitante no 
dia 12.09.2013. Diante da recusa, o portador, no mesmo dia, apresentou o título a protesto por falta de pagamento, que foi lavrado no dia 18.09.2013. 
Com base nas informações contidas no texto e na legislação cambial, responda aos seguintes itens. 
A) Quem é o avalizado nos avais em branco prestados na letra de câmbio? São avais simultâneos ou sucessivos? Justifique. 
Resposta: Celso Ramos com base no art 31do Dec 57663 /66 (LUG). 
Os avais em branco , e superpostos são considerados simultâneos , Sumula 18 9 STF, assim c ada avalista é responsável por uma cota parte e todos respondem pela integralidade perante o portador.
B) Nas condições descritas no enunciado, indique e justifique quem poderá ser demandado em eventual ação cambial proposta pelo endossatário? 
Resposta: Só poderá ser demandada contra o aceitante em virtude do titulo ter s ido apresentado após o prazo para apresentação, de acordo com art 20 do Dec 2044/98 e também art 53 do Dec 57663/66 (LUG). 
CASO 05
Maria e Bernardo são casados e possuem conta corrente no Banco Brasileiro S.A. Para efetuar o pagamento de um tratamento dentário da esposa, Bernardo emite um cheque no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais) em favor do dentista Alberto. Sendo assim, o dentista depositou o cheque e foi surpreendido pela devolução do cheque por falta de fundos. Tendo em vista que não conseguiu o 
pagamento do cheque, Alberto promoveu execução em face de Maria, tendo em vista que foi a usuária do tratamento dentário. Analisando caso concreto, responda as seguintes questões:
a) Tendo em vista que a conta corrente é conjunta, será procedente a execução em face de Maria?
Resposta: Não. Segundo entendimento pacificado no Superior Tribunal de Justiça, apenas o assinante da cártula ain da que pertencente a conta Conjunta, deve responder pela falta de fundos no pagamento do cheque e havendo assim uma ilegitimidade passiva da esposa no caso em tela. 
b) Quais os requisitos legais que devem conter num cheque?
Resposta: O art. 1º da Lei n.º 7.357/85, expõe os requisitos essenciais que 
o cheque deve conter, a saber: 
I) a denominação “cheque” inscrita no contexto do título e expressa na língua 
em que este é redigido (literalidade); 
II) a ordem incondicional de pagar quantia determinada (autonomia); 
III) o nome do banco (sacado) ou da instituição financeira que deve pagar 
(cartularidade); 
IV) a indicação do lugar do pagamento; 
V) a indicação da data e do lugar de emissão ; 
VI) a assinatura do emitente (sacador), ou de seu mandatário como poderes 
especiais (cartularidade). 
CASO 06
A respeito da assim chamada "duplicata virtual '', "duplicata escritural" ou "duplicata eletrônica", esclareça como se dá o seu saque e quais são os requisitos necessários para que tenha eficácia executiva, bem como forneça dois argumentos, retirados exclusivamente da Lei 5.474168 que, em tese, não permitiriam a constituição do crédito cambial na forma esclarecida.
Resposta: Duplicata virtual, dá -se o seu saque quando o saca dor ( prestador de serviços) emite dados referentes ao negócio jurídico realizado e /ou concretiza do, podendo ser uma compra de produto, ou venda de serviço pelo sistema virtual e informa o teor (dados) da negociação a uma instituição financeira competente que gerará um boleto e assim cobrará a devedor/comprador ou tomador de serviço , para que efetue o pagamento (sacado ). Acrescente -se que tal boleto não é um título de crédito, mas possui as características de uma duplicata na forma virtual . 
CASO 07
A Representações de Papéis Ltda, com sede nesta cidade, é notificada por B Celulose S/A, dando conta da extinção do contrato firmado entre as partes, em maio de 2017, que vigorava por prazo indeterminado. Na oportunidade, foi esclarecido que a partir do recebimento da referida notificação, novos negócios em nome da notificante, não poderiam ser realizados, pois esta passaria a operar diretamente com os clientes os respectivos pedidos. Inconformada, A propõe ação em face de B, onde sustenta que fez grandes investimentos no interesse desta última, não deu causa à extinção do contrato, cujos negócios dele oriundos representavam 80% do seu faturamento, não tendo sido observado o prazo legal para que a notificaçãopudesse surtir o efeito 
pretendido. Além disso, a cessação abrupta da atividade desenvolvida acarretara danos materiais e morais que pretendia ver indenizados. Esclareça qual a disciplina legal a ser adotada, bem como explique as peculiaridades do contrato e o alegado direito à indenização.
Resposta: Além disso, nos termos do código civil vigente, não há como se conceber a extinção do contrato de forma unilateral na espécie, visto a grandeza dos investimentos aplicados pela empresa notificada e que ainda, pelo curto espaço de tempo entre a aplicação dos valores e a extinção contratual, não restou possibilidade de a mesma ter retorno dos recursos aplicados, devendo sim, caso não haja a prorrogação do contrato até o que se dê o tempo razoável a fim de mitigar os prejuízos, a parte prejudicada ser indenizada pelos danos materiais decorrentes dos investimentos que fez ainda na vigência da avença e que serão 
certamente perdidos , em razão da forma repentina em que se dera a quebra contratual. 
CASO 08
XIII Exame OAB -2014.1 (FGV –MAR/14) Direito EmpresarialBanco Colares S/A, com fundamento no inadimplemento de contrato de alienação fiduciária em garantia celebrado nos termos do artigo 66-B, da Lei nº 4.728/65, requereu a busca e apreensão do bem, com pedido de liminar. Previamente ao pedido, o 
fiduciário comprovou o não pagamento por Augusto Corrêa, fiduciante, das quatro últimas parcelas do financiamento. O pedido foi deferido e a liminar executada. O fiduciante não apresentou resposta no prazo legal, porém, dois dias após executada a liminar, pagou a integralidade da dívida pendente, em 
conformidade com os valores apresentados pelo fiduciário na inicial. Diante do pagamento comprovado nos autos, o Juiz determinou a entrega do bem livre de ônus, mas este já havia sido alienado pelo fiduciário durante o prazo legal para o pagamento da dívida. O fiduciário justificou sua conduta pela ausência de resposta do fiduciante ao pedido de busca e apreensão. 
a) Poderá ser aplicada alguma penalidade ao fiduciário pela alienação do bem, ou este agiu em exercício regular do direito? Justifique
Resposta: Sim, é possível a aplicação de penalidade de multa e m favor do fiduciante , uma vez que o fiduciário realizou a al ienação antes da consolidação da propriedade e posse plena do bem no seu patrimônio. Com o pagamento integral da divida dois após a execução da liminar, o fiduciante tem direito à restituição do bem, com base no § 2° e no §6° do artigo 3 do decreto lei 911/ 69. 
b) Comprovado pelo fiduciante que a alienaçao do bem lhe causou danos emergentes e lucros cessantes, que medida podera propor seu advogado em face do fiduciario?
Resposta: O advogado poderá pleitear em juízo, através de ação própria, o pagamento de indenização pelo fiduciário, diante de ilicitude de sua conduta pois a imposição de multa pelo juiz não exclui a responsabilidade por perdas e danos , com base no artigo 3º, §7º do decreto -l ei nº911/69. 
CASO 09
(XXII Exame de Ordem Unificado –2017.1) Na recuperação judicial de Têxtil Sonora S/A, o Banco Japurá S/A, titular de 58% dos créditos com garantia real, indicou ao juiz os representantes e suplentes de sua classe no Comitê de Credores. Xinguara Participações S/A, credora da mesma classe, impugnou a 
referida indicação, alegando descumprimento do Art. 35, inciso I, alínea b, da Lei nº 11.101/2005, porque a assembleia-geral de credores tem por atribuições deliberar sobre a constituição do Comitê de Credores, assim como escolher seus membros e sua substituição, não tendo havido deliberação nesse sentido. 
Ademais, aduz a impugnante que não houve manifestação do Comitê de Credores, já constituído apenas com representantes dos credores trabalhistas e quirografários, sobre a proposta do devedor de alienação de unidade produtiva isolada não prevista no plano de recuperação. Ouvido o administrador judicial, este não se manifestou sobre a primeira impugnação e, em relação à segunda, opinou pela sua improcedência em razão de não constar do rol de atribuições legais do Comitê manifestar-se sobre a proposta do devedor. Com base na hipótese apresentada, responda aos itens a seguir.
a) Deveria ter sido convocada assembleia de credores para eleição dos representantes da classe dos credores com garantia real, como sustenta a credora Xinguara Participações S/A? 
Resposta: Não , uma vez que é o Banco Japurá titular da maioria das ações da 
recuperanda, e assim, conforme exposição do artigo 26 , parágrafo 2º da 
lei de falências (Lei n º 11.101/05 ) , o juiz pode determinar, mediante prévio 
requerimento dos credores que representem a maioria dos créditos de uma classe, como assim se vê no caso em tela, independentede realização de assembleia, a nomeação do representante e de seus suplente s d a classe ainda não representada no comitê.
b) Deve ser acatada a opinião do administrador judicial sobre a dis
pensa de oitiva do Comitê de Credores por falta de previsão legal?
Resposta: Não deve ser acatada a opinião do administrador. Apesar de não constar no rol de atribuições, de modo específico, a atribuição de o comitê ter ciência antecedente a possível alienação de bem pelo devedor, cumpre ressaltar que o artigo 27 , alínea “ f”, d a le i n º 11.1 01/05, permite a manifestação do comitê de credores nas hipóteses prevista na lei aludida, e assim é previsto no artigo 66 do mesmo regramento a ciência obrigatória da comissão de credores quando já distribuída a recuperação judicial , não podendo o devedor alienar ou onerar seus bens sem ter ouvido antes de tudo o comitê .
CASO 10
(FGV -OAB –VIII Exame –Prova Prático-Profissional –2014 –adaptada) Em 29/01/2010, ABC Barraca de Areia Ltda. ajuizou sua recuperação judicial, distribuída à 1ª Vara Empresarial da Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro. Em 03/02/2010, quarta-feira, foi publicada no Diário de Justiça Eletrônico do Rio de Janeiro (“DJE-RJ”) a decisão do juiz que deferiu o processamento da recuperação judicial e, dentre outras providências, nomeou o economista João como administrador judicial da sociedade. 
Decorridos 15 (quinze) dias, alguns credores apresentaram a João as informações que entenderam corretas acerca da classificação e do valor de seus créditos. Quarenta e cinco dias depois, foi publicado, no DJE-RJ e num jornal de grande circulação, novo edital, contendo a relação dos credores elaborada por João. No dia 20/04/2010, você é procurado pelos representantes de XYZ Cadeiras Ltda., os quais lhe apresentam um contrato de compra e venda firmado com ABC Barraca de Areia Ltda., datado de 04/12/2009, pelo qual aquela forneceu a esta 1.000 (mil) cadeiras, pelo preço de R$ 100.000,00 (cem mil reais), que deveria ter sido pago em 28/01/2010, mas não o foi. Diligente, você verifica no edital mais recente que, da relação de credores, não consta o credor XYZ Cadeiras Ltda. E, examinando os autos em cartório, constata que o quadro-geral de credores ainda não foi homologado pelo juiz.
Diante da situação narrada no enunciado da questão, qual seria a medida processual cabível e o respectivo fundamento legal para que a sociedade X
YZ Cadeiras Ltda. possa ser incluída no quadro de credores da referida recuperação judicial?
Resposta: nos termos do artigo 10, caput, da Lei n. 11. 101/ 2005, o credor pode pedir o seu ingresso no processo de recuperação, mas será recebido como crédito retardatário. Mas como não f oi homologado o quadro geral de credores, a habilitação pode ser feita através de impugnação, conforme prevista no § 5º do artigo 10 da mencionada legislação.
CASO 11
(BNDES –Advocacia –2010) Uma empresa propôs aos seus credores recuperação extrajudicial em 15 de janeiro de 2014, solicitando a homologação judicial 2 (dois) meses depois, com a assinatura de 2/3 (dois terços) das dívidas com credores trabalhistas e 3/5 (três quintos) das dívidas com credores quirografários. Esse pedido foi acompanhado do respectivo plano de recuperação, nos mesmos moldes do que havia sido concedido em dezembro de 2012 pelo mesmo Juízo.O procedimento adotado pela empresa teve como principal finalidade afastar qualquer possibilidade de pedido de falência, bem como priorizar o recebimento dos créditos que estavam vencidos em detrimento dos vincendos, caso a falência fosse decretada. Considerando esses dados, emita sua opinião legal, de maneira fundamentada, com base no pedido formulado pela empresa, à luz do ordenamento jurídico em vigor.
Resposta: O pedido de homologação da recuperação extrajudicial deve ser indeferido , vez que , primeiro a empresa no caso em tela já obteve uma recuperação extrajudicial há menos de cinco anos (em dezembro de 2012), em confronto com ao que fala o artigo 48 , II, lei de falências ( lei 11.101/0 5). Neste sentido (art. 47 e art.48,I).
CASO 12
(TJRJ –Juiz -2013) Determinada empresa ingressa com pedido de recuperação judicial perante uma das Varas Empresarias do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, tendo o juiz deferido seu processamento. 
a) Discorra sobre a possibilidade, ou não, da prorrogação do prazo de 180 dias previsto no art. 6º, parágrafo 4º da Lei nº 11.101/2005. 
Resposta: Muito embora o texto do referido dispositivo seja categórico em estabelecer a improrrogabilidade do prazo de 180 dias de suspensão, STJ e demais Tribunais têm flexibilizado tal norma. Tal proceder é fundamentado na leitura sistematizada do dispositivo com os objetivos e princípios da recuperação judicial, notadamente da preservação da empresa e de sua função social - art. 6º, §4º c/c art. 47. Contudo, tal flexibilização só será admitida se não restar evidenciado qualquer tipo de desidia por parte da empresa recuperanda. 
b) Responda, de forma fundamentada, se o crédito decorrente de adiantamento de contrato de câmbio se sujeita à recuperação judicial.
Resposta: Não, tal crédito não estará sujeito aos efeitos da recuperação judicial, conforme expresso teor normativo do art. 49, §4º, 11.101/05. 
CASO 13
(OAB –XI Exame de Ordem –Prático Profissional –2013) José, empresário individual que teve sua falência decretada em 20.10.2011, vendeu um sítio de sua propriedade para Antônio, em agosto de 2011. Antônio prenotou a escritura de compra e venda do sítio em 18.10.2011, mas o registro da transferência 
imobiliária só foi efetuado em 05.11.2011, 15 (quinze) dias após a decretação da falência. Isto posto, responda aos itens a seguir. 
A) É válida e eficaz a compra e venda acima referida? 
Resposta: Sob o ponto de vista formal, a dita compra e venda é válida e eficaz, uma vez que se insere na exceção ao ato ineficaz previsto no art. 129, VII, da Lei n. 11.101/05, em razão de sua prenotação ter ocorrido anteriormente à data da decretação da falência. 
B) A referida compra e venda poderia eventualmente vir a ser revogada?
Resposta: Tal compra e venda poderia ser revogada, por meio de ação revocatória com base no art. 130 da Lei n. 11.101/05, na hipótese de se tratar de ato com o intuito de prejudicar credores, mediante prova de eventual conluio fraudulento entre José e Antônio e do prejuízo sofrido pela massa. 
CASO 14
(FGV –OAB -XV Exame de Ordem Unificado –2014 -Adaptada) João Lima Artigos Esportivos Ltda. Celebrou contrato de locação de imóvel comercial, localizado na Galeria Madureira, para a instalação do estabelecimento comercial da sociedade. Atingida por forte crise setorial, a sociedade acumulou dívidas vultosas e não conseguiu honrá-las. Com a decretação da falência, como ficaria a situação do contrato de locação comercial celebrado pelo locatário?
Resposta: 	Será mantido, mas poderá ser denunciado, a qualquer tempo, pelo administrador judicial da massa falida.
CASO 15
(FGV –OAB -XIII Exame de Ordem Unificado –2014 -Adaptada) A assembleia geral de credores da sociedade falida “Concessionária de Veículos Pereira Ltda.” aprovou, com o voto favorável de credores que representam 3/4 (três quartos) dos créditos presentes à assembleia, a constituição de sociedade 
formada pelos empregados do próprio devedor. Sobre esta modalidade de realização do ativo, determinado credor que votou contrariamente, questiona sobre a legalidade desse procedimento. Responda ao questionamento do credor, fundamentando sua resposta. 
Resposta: A decisão dos credores aprovada em assembleia geral de credores é totalmente val ida e amparada pela legislação falimentar, haja vista que o Art. 145 dispõe que o juiz homologara qualquer outra modalidade de realização do ativo desde que aprovada pela assemblei a geral de credores , inclusive com a constituição de sociedade de credores dos empregados do próprio devedor. 
CASO 16
(FGV –OAB -XIV Examede Ordem Unificado –2014 -Adaptada) Passa Sete Serviços Médicos S/A apresentou a seus credores plano de recuperação extrajudicial, que obteve a aprovação de mais de quatro quintos dos créditos de todas as classes por ele abrangidas. O plano estabeleceu a produção de 
efeitos anteriores à homologação judicial, exclusivamente, em relação à forma de pagamento dos credores signatários que a ele aderiram, alterando o valor dos créditos com deságio de 30% (trinta por cento). Diante do caso em tela, a companhia questiona sobre a possibilidade e a licitude do plano de recuperação judicial apresentado. Responda ao questionamento da companhia, fundamentando sua resposta.
Resposta: é lícito que o plano estabeleça a produção de efeitos anteriores à homologação, desde que exclusivamente em relação à modificação do valor ou da forma de pagamento dos credores signatários.
CASO 17
Uma nota promissória à ordem foi subscrita por A sem indicação da data de emissão e da época do pagamento. O beneficiário B transferiu o título para C mediante assinatura no verso e em branco, sem inserir os dados omitidos pelo subscritor. Com base na hipótese apresentada, responda aos questionamentos a seguir.
a) Ao ser emitida, essa note promissória reunia os requisitos formais para ser considerada um título de crédito?
Resposta: Não. Embora a época do vencimento possa ser suprida pela constatação que se trata de título à vista, a data de emissão é um requisito essencial e não será considerada nota promissória o título em que faltar algum requisito essencial de acordo com os artigos 75 e 76 da LUG.
b) Impede o preenchimento do título o fato de C tê-lo recebido de 3 sem que os dados omitidos pelo subscritor tenha sido inseridos?
Resposta: Não. É possível que o título incompleto no momento de sua emissão seja preenchido posteriormente pelo portador de boa-fé, mas esse deve fazê-lo até a cobrança ou o protesto. Fundamentos: Art. 77 c/c Art. 10 da LUG e Súmula 387 do STF.
CASO 18
Joaquim emitiu cheque cruzado em favor de Teotônio, no dia 15/01/2015. Na cártula, foi consignada a data de 25/05/2015 como de e missão. O beneficiário apresentou o cheque para compensação no dia 26/03/2015 e o banco sacado realizou o pagamento no mesmo dia. Joaquim consulta sua advogada para promover eventual ação de responsabilidade civil pelo pagamento antecipado do cheque, inclusive com fundos que não dispunha em conta corrente e que foram provenientes de contrato de abertura de crédito, dentro do limite concedido. O cliente deseja saber se: 
A) o sacado poderia ter realizado o pagamento antes da data de e missão indicada na 
cártula? 
Resposta: Sim. O cheque é sempre pagável à vista, considerando-se qualquer menção em sentido contrário como não escrita. Se o cheque for apresentado ao sacado antes da data indicada como de emissão (25 /05/2015), este deverá efetua r o pagamento n a data de sua apresentação (26/03/2015), com fundamento no Art. 32 da Lei nº 7.357/85. 
B) por ser o cheque cruzado, não deveria ter s ido apresentado fisicamente a o emitente, ao invés de ter sido compensado pelo sacado? 
Resposta: Não. O cheque cruzado somente pode ser pago pelo sacado mediante apresentação física e crédito em conta, portanto foi correta sua apresentação à compensação, com fundamento no Art. 45, caput, da Lei nº 7.357/85. 
C) o banco poderia ter utilizado a soma proveniente do contrato de abertura de crédito para realizar o pagamento docheque? 
Resposta: Sim. A soma proveniente do contrato de abertura de crédito celebrado entre o sacado e Joaquim é considerada “fundos disponíveis” em poder do sacado, possibilitando o pagamento do cheque, com fundamento no Art. 4º, § 2º, alínea c, da Lei nº 7.357/85. 
CASO 19
João Claudino Metais Ltda. é sócia de uma sociedade limitada e acionista de uma companhia fechada. As duas sociedades empresárias nas quais João Claudino Metais Ltda. tem participação tiveram suas falências decretadas num intervalo de seis meses, sendo a limitada em março de 2014 e a companhia em setembro de 2014. Antevendo a crise iminente que se anunciava, o sócio exerceu seu direito de retirada da sociedade limitada, em janeiro de 2014, dentro do prazo legal, por discordar de alteração contratual. A sociedade, na data da decretação da falência, ainda não havia lhe pago seus haveres, embora tivesse realizado a apuração. Com base na hipótese formulada, responda aos itens a seguir.
A)       João Claudino Metais Ltda. poderá exigir da massa falida da sociedade o recebimento do valor de suas quotas?
Resposta: Não. Com a decretação de falência da sociedade limitada, mesmo que o sócio tenha exercido seu direito de retirada anteriormente, fica suspenso o pagamento dos haveres por parte da sociedade falida, com fundamento no Art. 116, inciso II, da Lei nº 11.101/2005.
B)        Caso seja realizada deliberação assemblear na companhia falida e seja aprovada matéria que enseje o direito de retirada, ficando vencido, João Claudino Metais Ltda. poderá pleitear o reembolso de suas ações?
Resposta: Não. Embora seja direito essencial do acionista retirar-se da sociedade nos casos previstos na Lei nº 6.404/76, a decretação de falência da companhia suspende o exercício do direito de retirada. Portanto, caso venha a ser aprovada matéria que autorize o pedido de reembolso, o acionista dissidente estará impedido de exercê-lo, com fundamento no Art. 116, inciso II, da Lei nº 11.101/2005.
CASO 20
O empresário individual J. Câmara EPP é credor na falência da sociedade empresária R. Fernandes & Filhos Ltda., cuja falência foi decretada pelo juízo da Comarca de Queluz/SP. O crédito, que figura na relação de credores apresentada pela falida, é fruto do fornecimento de aves vivas à sociedade empresária antes do requerimento de falência. Após a verificação dos créditos pelo administrador judicial, no dia 22/5, segunda-feira, foi publicado no órgão oficial o edital contendo a relação de credores. Nessa relação, o crédito de J. Câmara EPP foi reclassificado como quirografário. Em 26/5, sexta-feira, o advogado do credor pretende interpor medida judicial, nesse dia, por insatisfação com a relação de credores. Com base nessas informações e não havendo qualquer causa suspensiva de prazo, responda aos questionamentos a seguir.
 
A)Qual a medida judicial a ser proposta em 26/5 e qual será a motivação para ela? 
Resposta: A medida judicial a ser proposta é a impugnação à relação de credores. Sua motivação é o fato de ter sido classificado o crédito erroneamente, porque, como o credor J. Câmara EPP é enquadrado como “Empresa de Pequeno Porte”, seu crédito goza de privilégio especial, de acordo com o Art. 83, inciso IV, alínea d, da Lei nº 11.101/05.
B)  De acordo com a resposta ao item A, esclareça por que a medida indicada é tempestiva. 
Resposta: Como a publicação da relação de credores ocorreu em 22/5 e a impugnação será interposta em 26/5, há tempestividade, porque está dentro do prazo legal de 10 dias, previsto no Art. 8º, caput, da Lei nº 11.101/05.
CASO 21
Na recuperação judicial da Companhia Mascote de Tubos e Conexões, foi convocada, pelo juiz, assembleia de credores após a homologação do quadro geral. Nesse quadro existem apenas credores trabalhistas (Classe I), com privilégio geral e quirografário (Classe III). O total de créditos em cada uma das classes mencionadas, respectivamente, é de R$ 500.000,00 e R$ 7.000.000,00. Na primeira convocação da assembleia, verifica-se a presença de 17 dos 40 credores da Classe I, titulares de créditos no valor de R$ 295.000,00, e de 30 dos 50 credores da Classe III, titulares de créditos no valor de R$ 4.000.000,00. Victor Garcia, credor da Classe III, consulta seu advogado, presente na assembleia, a respeito dos itens a seguir.
 
A)       A assembleia de credores poderá ser instalada já em primeira convocação? 
Resposta: Sim. O quórum de instalação foi atingido já em primeira convocação, eis que se verifica a presença de credores na Classe I titulares de créditos no valor de R$ 295.000,00 (mais da metade do total de R$ 500.000,00). Na Classe III, o mesmo ocorre, pois estão presentes titulares de créditos no valor de R$ 4.000.000,00 (mais da metade do total de R$ 7.000.000,00), como dispõe o Art. 37, § 2º, da Lei nº 11.101/05.
B)        Sendo certo que a assembleia terá por objeto deliberar sobre alienação de bens do ativo permanente, matéria não prevista no plano de recuperação, é necessária a aprovação da proposta por todas as classes de credores, em votação única e por quórum misto, isto é, pelo valor dos créditos e credores presentes?
Resposta: Não. Nas deliberações que não versam sobre o plano de recuperação, não se aplicam o quórum e a forma de votação previstos no Art. 45 da Lei nº 11.101/2005, e sim na forma do Art. 42 da Lei nº 11.101/2005. Assim, a matéria será deliberada numa única votação, reunindo todas as classes de credores presentes, e a aprovação depende da maioria dos créditos presentes, independentemente de classes.

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