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Prova 2 Oclusão Karolina Viana 1 Movimentos Mandibulares A mandíbula é capaz de realizar movimentos de rotação e translação em 3 planos: sagital, frontal e horizontal. A ATM é o mecanismo guia responsável pelos movimentos mandibulares. LATERALIDADE: No movimento de lateralidade participam os músculos anterior do temporal, pterigoideo lateral e pterigoideo medial. Este movimento não existe na boca. A maioria dos livros diz que quando abrimos a boca até 20mm o côndilo dentro da fossa realiza apenas o movimento de rotação (que é o movimento descrito pelo articulador). No articulador, a única coisa que está certa é a inclinação da maxila, o resto é aproximado. Lateralidade acontece quando a mandíbula vai para o lado, para baixo e para frente. Esse é um movimento que somos capazes de realizar mas não fazemos na normalidade. PROTRUSIVA: O movimento de protrusiva não é feito fechando a boca e empurrando a mandíbula para frente. O movimento de protrusiva é feito da forma que fazemos para cortar uma folha de alface: com os dentes topo a topo deslizamos a mandíbula para trás e para cima. Quando fazemos protrusiva temos que tocar os dentes anteriores, menos o canino. A lateralidade e protrusiva são movimentos da mastigação. A mandíbula começa o movimento de mastigação lateralizada (vestibular dos superiores alinhada com vestibular dos inferiores) e é arrastada para o centro, em oclusão central. Enquanto movimentos da mastigação, a lateralidade e a protrusiva envolvem o masseter porque ambas estão fechando a boca de certa forma. Ressaltamos que o masseter participa de todos os movimentos de fechamento. Os movimentos de guia anterior são descritos no livro de forma contrária e não envolvem o masseter, pois a descrição do movimento de lateralidade começa com a mandíbula em relação central e então esta caminha para a lateralidade; da mesma forma, a descrição do livro de protrusiva começa com a mandíbula em posição central e esta caminha para frente com os incisivos inferiores deslizando na concavidade palatina dos dentes incisivos superiores até que ambos fiquem topo a topo. Para mastigar posicionamos a mandíbula lateralmente e alinhamos a vestibular do inferior com a vestibular do superior, os caninos se aproximam, mas não se tocam e quando há a interposição do bolo alimentar o masseter entra em ação fazendo uma força de cisalhamento. No movimento de cisalhamento, duas superfícies deslizam uma sobre a outra. Se o dente for tocar, os caninos se tocam primeiro e realizam a lateralidade. Se não errarmos nada durante a mastigação, ao final da mastigação os dentes entrarão em oclusão. Ao entrar em oclusão, a boca se abre imediatamente. Dizemos que o masseter está fazendo um fechamento lateralizado. O masseter então é usado nos movimentos da mastigação. Quando o paciente usa prótese, ele perde todas as guias. Isso se deve à perda do periodonto que ocasiona a consequente perda de propriocepção. Se o paciente perde a propriocepção ele também perde o comando muscular e tem que reaprender a mastigar. Implantes também não têm propriocepção. As próteses e implantes têm consciência cognitiva. O cérebro aprende novamente quais são os movimentos necessários para realizar a função. A guia anterior proprioceptiva não funciona; ela é o limite, quando os dentes chegam nesse limite eles voltam para o lugar. Quando a guia anterior funciona sem trombar, é proprioceptiva. Quando ela entra em função se torna mecânica. As guias só são mecânicas em função quando o movimento é realizado de forma errada. O fruto do aprendizado vem da propriocepção. Quando a mastigação da errado, a lateralidade é o que conserta os movimentos. Quando erramos algum movimento durante a mastigação os caninos batem porque estão preparados para isto e dessa forma protege os dentes posteriores. Se o canino não desempenhasse essa função, frequentemente Prova 2 Oclusão Karolina Viana 2 teríamos incidência de carga lateral nos dentes posteriores. O fator que nos impede de errar ou reconhece o erro é a propriocepção. Todos os aparentes problemas da oclusão seriam resolvidos com a desoclusão imediata. Quando estamos mastigando um alimento, a hora que fazemos mais força é a hora que estamos chegando ao final da mastigação. Se no final da mastigação o canino não estiver em função exerceremos força lateral em todos os dentes. A estabilidade oclusal e a propriocepção têm relação direta e vincular. A propriocepção está vinculada aos contatos dentários. A propriocepção diz onde devemos fechar a boca. A coisa mais dura que um dente pode encontrar é o seu antagonista. Quando acontece de mastigarmos um alimento muito mais duro, a boca é aberta imediatamente por um reflexo chamado de nocicepção. Isso ocorre porque no cérebro temos registrado a textura dos alimentos que normalmente comemos. Quando chega ao fim do ciclo mastigatório a boca também se abre porque os dentes se tocam e eles não têm textura de comida. O comando muscular é dado por um grupo específico de dentes. Isso determina a oclusão bipartida: se os dentes posteriores estão em função, os anteriores não podem estar em função ao mesmo tempo e vice versa. SINESIOLOGIA DA OCLUSÃO Os movimentos da mandíbula não ocorrem com um eixo central. Cada vez que os movimentos são modificados, os eixos também mudam, do condilo do lado de trabalho e de não trabalho. O eixo do côndilo de trabalho é rotacional e o de não-trabalho pode ter 6 posições diferentes dependendo do formato da cavidade. Na protrusiva o côndilo sai da cavidade, vai para o ângulo da eminência, os incisivos centrais se tocam e voltam, o côndilo volta para dentro da fossa seguindo o ângulo da eminência. Os dois côndilos descrevem o mesmo movimento. Não existe lado de trabalho e lado de balanço (não trabalho) na protrusiva. A mastigação não é um reflexo nato, é aprendido. A força de mordida do ser humano é uma medida do apertamento que ocorre com um movimento isométrico. Força de mordida não é o mesmo que força de mastigação porque a mastigação é uma função e um movimento isotônico. Dependendo da amplitude do movimento é feita articulação disco-temporal (quando o movimento é grande), e dependendo é feita uma articulação disco-mandibular (quando o movimento é menor). Existem certos sinais e sintomas que acontecem na articulação disco temporal e outros que acontecem na disco mandibular. - Movimentos de pequena amplitude: menos rotação e mais translação, ocorre na parte inferior da cavidade. - Movimento de grande amplitude: menos translação e mais rotação. Ocorre na parte superior da cavidade. Quando há o descompasso côndilo-disco, enquanto o movimento está na parte inferior da articulação, ele não apresenta sinal nenhum; porém quando abre muito a boca e o movimento passa para a parte superior é comum dar estalos. Isso acontece porque o disco fica em posição e o côndilo se movimenta. Como o côndilo tem uma traseira maior ele fecha a passagem com o ângulo da eminência. Nesse momento o ligamento estica e puxa o disco, que tem que passar em um espaço muito estreito. Os côndilos são independentes em seu movimento, mas são interdependentes. O movimento de um não precisa ser o do outro, mas causa um efeito no seu contralateral. Nunca haverá um movimento puro, de apenas translação ou apenas rotação. Quando os côndilos transladam significa que abandonaram seu local de origem, mesmoem pequena magnitude. Mesmo que os côndilos não Prova 2 Oclusão Karolina Viana 3 estejam indo para o mesmo lugar eles devem sair da fossa juntos; assim funciona na lateralidade. Quando o movimento é protrusiva os dois saem juntos e vão para o mesmo lugar. Os côndilos devem retornar à cavidade juntos e sempre devem estar acompanhados pelos seus discos, pois na normalidade o disco sempre está preso firmemente na cabeça do côndilo. ALAVANCAS O movimento mandibular é uma alavanca. - Alavanca: relação entre o fulcro, resistência e potência. Objeto rígido que é usado com um ponto fixo apropriado, o fulcro, para multiplicar a força mecânica que pode ser aplicado a outro objeto, no caso a resistência. Como o côndilo está sempre transladando, em cada ponto existe um centro de rotação instantâneo. Essas serão todas anormalidades classe III ou interpotentes onde a ATM é o fulcro, o músculo é a potência e o alimento ou o dente é a resistência. É a alavanca da normalidade, chamada de terceiro gênero, interpotente ou classe III. O fulcro é o ponto onde roda uma alavanca, que no caso da mastigação são os côndilos. As alavancas são classificadas em Classe I, Classe II e Classe III e de acordo com a relação entre os fatores que a compõe que são o fulcro, força/potência e o trabalho (ou momento, representado por forçaXdistância). • Alavanca classe I funciona como um alicate. • Alavanca classe II é o modelo do quebra-nozes. Fulcro na frente, força atrás e o alimento no meio. • Alavanca classe III é a situação de normalidade da ATM. O fulcro está na ponta, no meio terá a potência e a resistência na outra extremidade. As alavancas só trocam o fulcro e a resistência. A potência é fixa. Na boca quando a potência é trocada, não estamos trocando ela de lugar, estamos trocando o grupo de músculos que está trabalhando. O nosso sistema trabalha em alavanca classe III; isso significa que nossos dentes anteriores ficam mais aliviados porque estão longe do fulcro. Quanto mais longe do fulcro menos força eles sofrem. Segundo Alonso, a alavanca classe III é mais importante na parafunção do que na função. De todas as alavancas, a menos eficiente é a classe III, transmitindo menos força para a resistência. No movimento de bruxismo é exercida uma força superior a que deveria ser exercida. Se a alavanca for Classe II ou Classe I durante uma parafunção seria extremamente mais danoso ao sistema do que já é, pois a intensidade de força exercida seria muito maior e o dano aconteceria de forma mais rápida. As guias também são mais importantes na parafunção do que na função, assim como a alavanca Classe III. Esses fatores oferecem certa proteção. Em parafunção a força exercida é muito maior, e se a alavanca estiver trocada o dano acontecerá de forma mais rápida. A alavanca é uma função mastigatória. A alavanca classe III funciona de forma que pouco estresse é aplicado sobre os dentes e sua estrutura de suporte porque é pouco eficiente. Pacientes com este padrão de alavanca precisam de 10 vezes mais força para fazer um estrago que um paciente classe I e 7 vezes mais que um paciente com alavanca Classe II. A alavanca mais eficiente é a classe I, depois a classe II e depois a classe III. Prova 2 Oclusão Karolina Viana 4 Não pode haver interferência do lado de não trabalho porque toda vez que um dente se toca existe um comando muscular, e o lado de não trabalho deveria estar relaxado de forma que os músculos deveriam funcionar apenas do lado de trabalho. O lado de não trabalho passa a comandar a função, porque ele é mecânico, ao contrário do lado de trabalho que é proprioceptivo. Se o contato de interferência do lado de não-trabalho for fraco, a mandíbula vai escorregar e voltar para a alavanca de Classe III. Se o contato for forte a mandíbula vai rodar sobre este ponto, o fulcro vai sair do lugar e vai pro centro da mastigação fazendo o sistema se transformar em uma alavanca Classe I. Essas situações são momentâneas que acontecem durante o movimento de protrusiva ou lateralidade. Se uma alavanca está trocada de Classe III para qualquer uma das duas outras, está acontecendo um contato posterior na hora da protrusiva e um contato posterior de lado trocado na lateralidade. Para que se troque o tipo de uma alavanca na protrusiva deve haver um contato posterior no movimento de protrusão. Para que se troque uma alavanca na lateralidade deve haver um contato do lado de não-trabalho. Para que haja troca de alavanca na protrusiva tem que haver um contato posterior antes de a alavanca acontecer. Esse contato não permite que os dentes anteriores se toquem topo a topo na protrusiva. Se os dentes escorregarem e os anteriores se tocarem, a alavanca passou a ser classe II; se a mandíbula gira no ponto que está tocando o contato de interferência para que os incisivos se toquem topo a topo a alavanca muda para classe I. A resistência da alavanca sofre mudança de lugar. Essas alavancas só são momentâneas se houver possibilidade de deslize; ou seja, a mandíbula deve deslizar sobre o contato e achar sua posição. Se não houver possibilidade de deslize, o contato não tem como ser fraco. Por exemplo, se houver uma cúspide contra uma fossa não há como deslizar, pois os dentes travam; mas se o contato for em ponta de cúspides terá grandes chances de a mandíbula deslizar e se ajustar. Dessa forma a classe I é mais prejudicial à ATM (ATM vira a resistência) e a classe II é mais prejudicial ao dente. Na classe II o dente é prejudicado, podendo sofrer desgaste, fratura ou mobilidade. O fulcro passa a ser a interferência e a mandíbula passa a exercer força de tração na ATM. Isso pode incomodar o paciente e fazer com que ele mude seu lado preferencial de mastigação. Na classe II não muda o fulcro, ele continua sendo a ATM. A classe I muda o fulcro e a ATM passa a ser resistência. Em implantes não ocorre a troca de alavanca. O contato permanece e pode até quebrar o dente, mas a alavanca não é trocada pela falta de propriocepção que não da o comando muscular apropriado. Em dentes normais (que não sejam prótese) a magnitude do contato determina o quanto o ligamento foi pressionado e qual a magnitude da resposta. Um movimento que é feito com esforço não é o mesmo quando realizado sem esforço. Quando fazemos um movimento sem força o côndilo caminha pro lugar de forma mais fácil. Quando realizando uma força o côndilo escapa e aparece o contato prematuro. ABERTURA Os movimentos mandibulares servem para fazer cisalhamento e compressão e rasgar os alimentos. Prova 2 Oclusão Karolina Viana 5 É preciso um controle neural de um arco-reflexo, de uma ação muscular, de um apoio ósseo ligamentar, um movimento da mandíbula para no final ter ação dos dentes. Movimento que parece a protrusiva. Porém não é possível registrá-la em nenhum aparelho, pois não envolve movimentos puros do côndilo. Envolve roto-translação, roto-protrusão, roto-lateralidade. Para registra-la em aparelhos seria necessário ter o côndilo igual ao do paciente e a inclinação da cavidade articular igual a do paciente. Além de ser necessário termos os movimentos de rotação e translação no articulador, o que não acontece; o articulador tem apenas o movimento de translação. Articulador É possível registrar o final do movimento chamado máxima intercuspidação habitual. No articulador, a MIH e a inclinaçãoda maxila são registrados de forma correta. Por isso o movimento de abertura no articulador induz ao erro. Para todas as deficiências do articulador a compensação é montar em máxima intercuspidação habitual. O articulador só funciona com precisão quando está fechado, pois todos eles têm um côndilo que descreve um movimento só. No movimento da mandíbula, na ATM, muda-se o eixo de rotação do côndilo a cada segundo, pois este ao mesmo tempo em que rota, caminha sobre o ângulo da eminência. “Articulador: abriu, errou.” - LISPECTOR, Fubá. Quando a boca abre, se o côndilo vai para frente, a mandíbula vai para trás. Quando a mandíbula vai para trás saímos da dimensão vertical de oclusão para um overjet. Essa distância também acontece quando o trespasse é aumentado. No articulador não acontece esse overjet porque o côndilo não vai para frente. Por isso para confeccionar placas usando o articulador, devemos medir a altura da abertura no paciente e o registro da mordida deve descontar a altura medida, que será transferida para o articulador. A fossa do articulador é diferente da fossa articular. A compensação é feita montando o articulador em DVO. A abertura máxima depende de cada um, até onde o ligamento e a musculatura deixam. É individual e pode ser alterada por vários fatores: locais, genéticos, oclusão, tamanho da boca. Quando a boca é aberta o côndilo vai para frente e para baixo. Se o côndilo vai para frente, a mandíbula vai para trás e para baixo. Os côndilos devem sair juntos e retornar juntos para a origem. O côndilo não pode ultrapassar o ângulo da eminência, não pode abandonar completamente a cavidade. Existe um músculo preso no côndilo, o pterigoideo lateral superior, preso na cápsula e no disco articular. O pterigoideo lateral inferior se insere no ramo da mandíbula. Quando abrimos totalmente a boca, um relaxa para a mandibula abrir e o outro posiciona ela lateralmente para ela abrir no sentido correto. Na volta, o pterigoideo lateral inferior freia o disco porque o coxim retrodiscal está sendo esticado e são fibras elásticas. O músculo puxa o disco com velocidade alta e o disco tende a sair de cima do côndilo, o que não pode acontecer. Essa é a função deste músculo na abertura, no fechamento, na lateralidade, na protrusiva toda vez que o côndilo orbitar (sair da cavidade), esse músculo deve trabalhar na sua volta. PROTRUSÃO Na abertura ocorre mais rotação e menos translação; na protrusão ocorre mais translação e Prova 2 Oclusão Karolina Viana 6 menos rotação. Isso porque a boca vai abrir menos, então rota menos. A protrusão pode ser feita por 4 ou 8 dentes. 2 em cima e 2 em baixo ou 4 em cima e 4 em baixo. O canino normalmente não participa. Esse movimento seria mais preciso se fosse realizado por um dente só, porém um só dente não aguenta o esforço do movimento. Ao tocar vários dentes (4 ou 8) o comando é meio misturado porque vem de vários tipos de pressões que recebem os dentes por estarem em posições diferentes, mas funciona bem. Quando um dente só está tocando na protrusiva, este dente começa a sofrer; o paciente começa a perder osso, o dente começa a ter mobilidade. O músculo que atua no movimento de protrusiva é a parte anterior do temporal. Quando estamos em protrusiva, o côndilo vai para baixo e para frente. Estamos em topo a topo e todos os posteriores estão no ar. Esse espaço entre os dentes posteriores superiores e inferiores chama-se espaço desoclusivo ou espaço de Christensen. Este espaço é a altura funcional da cúspide dos dentes posteriores e é um guia para reconstruir os dentes posteriores do paciente. O mapa da reconstrução está na articulação porque os dentes moldaram os ângulos internos da articulação. Quando eles estão presentes fica fácil reconstruir os dentes posteriores, mas quando estão ausentes devemos nos basear na articulação. A essa relação se dá o nome de determinante da morfologia oclusal, que pode ser vertical ou horizontal: - Vertical: ângulo da eminência; immediate side shift. - Horizontal: distância intercondilar. Os movimentos que mais usamos na boca são: a) Fechamento final pois quando deglutimos fechamos a boca para a saliva ir para o fundo; b) Protrusiva; c) Lateralidade (raramente porque ela é muito proprioceptiva). LATERALIDADE A mandíbula não apresenta movimento lateral. A excursão do côndilo e da mandíbula é para frente, para baixo e para o lado. Na lateralidade os côndilos não trabalham com trajetos iguais. Um deles gira dentro da própria cavidade e sai lateralmente até o ângulo da eminência e o outro vai se deslocar um pouquinho para o lado e vai orbitar. Podem ser produzidos 16 movimentos diferentes de acordo com a anatomia da cavidade. Na mastigação o movimento é feito se iniciando com a boca aberta e caminhando para a oclusão (relação central), e não da posição de oclusão arrastando até a ponta do canino como os livros descrevem. No lado de trabalho descreve-se o movimento de Bennet e no lado de balanço vai formar o ângulo de Bennet. O lado de trabalho é o lado para o qual a mandíbula se desloca. Se o alimento está interposto, não há a necessidade de bater os caninos para guiar o movimento, o cérebro sabe a posição exata e o movimento que deve ser executado pela mandíbula para que o movimento seja realizado, pois isso foi aprendido através da propriocepção, fuso muscular e órgãos tendinosos de Golgi que dão orientação espacial, criando um engrama oclusal no cérebro. O ligamento é inervado, o que é importante para a tensão muscular e recoloca a mandíbula no espaço para não errar o movimento. Se o movimento for errado, os caninos batem guiando o movimento para sua trajetória correta novamente. Prova 2 Oclusão Karolina Viana 7 O côndilo de não trabalho se desloca para frente, para baixo e em direção à linha média; é o condilo orbitante; o côndilo orbitante é o lado de balanceio. O côndilo de trabalho é o côndilo não-orbitante, que gira e sai lateralmente da fossa. O immediate side shift é um desgaste que vai acontecer porque quando o côndilo sai do lado de balanço e vai lateralmente seguindo direção inferior e para a linha média ele bate na parede medial da fossa. Isso da uma folguinha na articulação. Antes de ele sair, experimenta a folga e sai. Esse ato de “experimentar a folga” é o chamado immediate side shift e determina a altura da cúspide. É, portanto, um determinante de morfologia oclusal. Isso só é possível ser registrado em um aparelho chamado pantógrafo. É medido no lado de trabalho, mas quem provoca o desgaste é o côndilo do lado de balanço. Esse é outro determinante de morfologia oclusal. Está presente em metade da população e tem relação com a idade; a partir dos 35 anos de idade o desgaste começa a aumentar. A lateralidade, se combinar duas paredes da fossa articular pode ser latero-lateral, latero-retrusiva, latero-protrusiva, látero-detrusiva e látero- sutrusiva. Porém, a combinação no movimento é de 3 paredes, que formam a cavidade, criando ainda mais possibilidades. O côndilo orbitante ou lado de balanceio realiza um movimento inclinado nos planos frontal, medial e sagital. Denomina-se ângulo de Bennet o ângulo formado entre a trajetória condilar do lado de balanceio e o plano sagital projetado no horizontal. A importância do ângulo de Bennet é que dele depende a mastigação inteira. É a mastigação do lado de não trabalho. O movimento de Benneté a mastigação do lado de trabalho. Ao deslocamento lateral do côndilo no lado de trabalho dá-se o nome de movimento de Bennet. A determinação do ângulo de Bennet é importante, pois fornece a amplitude do movimento lateral do côndilo de trabalho. O movimento de Bennet é uma consequência do ângulo do deslocamento medial do côndilo orbitante e tende a compensar esse deslocamento. Quanto mais para medial for o deslocamento condilar do côndilo da balanceio, maior será o movimento de Bennet do lado oposto. Esse conjunto em movimento orienta a direção dos sulcos, inclinação das vertentes (determinante de morfologia oclusal). O mapa da reconstrução oral está dentro da cavidade articular. O dente só toca quando acaba o movimento final. Nesse momento deve haver desoclusão imediata. Quando os dentes estiverem bem pertinho, ainda sem tocar, o canino ainda deve estar tocando, ou seja, não pode haver overjet. Essa hora é o momento do movimento que ocorre com maior intensidade de força. Se nessa hora ocorrer um overjet será exercido força lateral nos dentes posteriores. Quando falamos em desoclusão imediata estamos dizendo que ao fecharmos a boca e deslizarmos os caninos para lateralidade, eles devem permanecer se tocando. Se eles não se tocarem, haverá um espaço entre os dois no fim do movimento e a desoclusão estará sendo feita por outros dentes. O movimento é usado pelo paciente para triturar os alimentos. Grandes esforços mastigatórios é igual a carga lateral, que não podem ser feitos contra os próprios dentes, apenas contra alimentos. O movimento alinha a cúspide de trabalho com seu sulco correspondente. Na mastigação o trespasse horizontal some e o dente fica topo a topo. Por isso a cúspide vestibular do inferior é mais importante na mastigação do que a cúspide palatina do superior, apesar de as duas serem de trabalho. Porque na verdade a que mastiga é a de trabalho do inferior contra a de não trabalho do superior. Isso capacita o deslize e reduz a carga lateral. Usamos o cisalhamento em vez de usar a compressão. Prova 2 Oclusão Karolina Viana 8 Aparelhos mecânicos e posições mandibulares Todas as pessoas estão em MIH porque é a posição a qual nos acostumamos durante o desenvolvimento. Obrigatoriamente algum dente está fora do lugar e ocorre alguma interferência no arco de fechamento. Nós nascemos em relação cêntrica e vamos para MIH porque alguma coisa está interferindo no sistema. Se a pessoa está em MIH e não tem problemas decorrentes da má oclusão ela está adaptada e funcionando bem porque o SE se adapta muito facilmente. O fato de “acostumar” com uma restauração alta ocorre porque isso provocou uma alteração na MIH. A importância de consultar a Centrica é não interferir na interferência que o paciente já tem e não alterar sua MIH. Não podemos mexer na interferência do paciente porque ele já está adaptado a ela. Quando o paciente não tem MIH em cêntrica, os músculos ficam ligeiramente diferentes de tamanho e o centro do eixo é diferente em cada lado. O ideal é que os músculos funcionem iguais. No caso de reabilitação oral completa é necessário o uso de um aparelho. DATO: desoclusão, alinhamento tridimensional, oclusão O articulador não ajustável ou articulador de valores médios devem ser usados em pacientes que não precisam de modificações na oclusão. Ele é considerado de valor médio porque divide a população em pequeno/médio/grande em relação à distância intercondilar. Usa-se um arco facial para ver a posição da maxila em relação ao crânio, para que possam ser criadas as curvas dentro de valores médios. Quando não é preciso ajustar nada usamos um articulador não ajustável, que é o verticulador. O verticulador trabalha em MIH. O verticulador imita o movimento de abertura e fechamento de um carnívoro, realizando apenas abertura e fechamento. A restauração feita em um verticulador é feita em MIH e é usada quando queremos fazer restaurações sem modificar a oclusão. Articulador tem dois braços e é usado para montar arcada superior e inferior através de um garfo em que vemos a posição da maxila em relação ao côndilo. Esse aparelho é usado quando é necessário fazer diagnóstico, modificando o DATO do paciente, oclusão, desoclusão ou alinhamento tridimensional. Aparelhos: ASA: aparelhos semi-ajustáveis. ATA: aparelhos totalmente ajustáveis. ANA: aparelhos não ajustáveis ou oclusores. Articulador ajustável é só o verticulador. Trabalhar com verticulador exige uma moldagem em MIH e uma moldagem em duplo arco. Usamos esse aparelho quando não desejamos mudar nada no paciente. A técnica de moldagem em duplo arco produz máxima intercuspidação entre os modelos de gesso de forma significantemente mais apurada do que moldagem em arco total. A moldagem funcional de duplo arco é uma moldagem onde temos que usar poliéter ou silicone de adição. A moldagem de duplo arco possibilita a obtenção de modelos relacionados em máxima intercuspidação e na dimensão vertical de oclusão do paciente. A obtenção de registros inter-oclusais com cera ou mesmo materiais borrachóides para a intercuspidação dos modelos, ultrapassa os conceitos básicos de oclusão. Desta forma, não se transfere a inclinação latero-lateral da maxila (Curva de Wilson). A obtenção do registro interoclusal com Prova 2 Oclusão Karolina Viana 9 qualquer material rígido ou borrachóide interfere na dimensão vertical de oclusão do paciente. Os modelos obtidos pela técnica do duplo arco apresentaram precisão significantemente maior que os modelos totais. A concepção do aparelho com dois pinos guias e um parafuso para o travamento das hastes garantem apenas um movimento vertical sem interferências no arco de abertura e fechamento mandibular e o travamento das hastes não permite que qualquer alteração dimensional do gesso venha a interferir com a relação interdental obtida na moldagem. A união anterior dos modelos durante o vazamento garante a manutenção dos modelos na mesma dimensão vertical de oclusão registrada. - O aparelho mecânico verticulador reproduz os contatos oclusais em boca; - Os procedimentos de moldagem, registros, vazamento e montagem em aparelho mecânico verticulador quando realizados dentro dos critérios padrão, reproduzem os contatos em boca com pouca discrepância e boa fidelidade. Articuladores semi-ajustáveis são um instrumento mecânico que representa a ATM, maxila e mandíbula, além de registrar e duplicar alguns movimentos mandibulares. Serve para diagnóstico, planejamento ou tratamento restaurador. Guia anterior Oclusão mutuamente protegida: os anteriores protegem os posteriores e os posteriores protegem os anteriores. Quando estamos falando de posição cêntrica DA MANDÍBULA estamos falando de MIH. Não confundir com cêntrica dos côndilos, a qual chamamos de RELAÇÃO CÊNTRICA. A posição cêntrica da mandíbula nada mais é que a mandíbula em posição central. A mandíbula em protrusiva ou lateralidade é descrita como movimentos bordejantes. Os movimentos de lateralidade e protrusão são partes da função mastigatória normal e convergem para a oclusão central. Isso porque mastigamos fazendo movimentos laterais visto que são mais eficientes. Esses movimentos são aprendidos. Na mastigação começamos com movimento lateral e deslizamos a mandíbula até parar na posição cêntrica. Para isso, devemos ter guias laterais, ou seja, dentes queirão guiar os movimentos para que os dentes posteriores não trombem. Essas guias são a guia anterior e a guia lateral (que pode ser canina ou em grupo). Guia anterior pode ser tanto protrusiva quanto lateralidade. Isto é da função mastigatória. O movimento de mastigação pode ser chamado de movimento em gota. Tanto na função como na parafunção essas guias são essenciais, pois elas são a proteção durante o movimento. As guias dependem da anatomia dental em harmonia com a ATM. Quando os incisivos permanentes erupcionam, por sua forma, eles começam a fazer guia anterior. Isso estimula a diferenciação e o crescimento da eminência articular. A eminência articular é formada só depois da erupção dos dentes anteriores permanentes, e tem exatamente a mesma angulação da face palatina dos incisivos centrais superiores. O movimento de guia anterior existe em um desdentado total, mas não é feito pelo incisivo inferior passando na face palatina do incisivo superior. Essa guia é toda feita na articulação. Quando o côndilo caminha para frente e bate na eminência, ele obrigatoriamente faz esse movimento. Idealmente a guia é feita pelos dentes e a ATM só acompanha a guia. A força da ATM durante a guia deve ser suave. Se a guia passa a ser exercida pela ATM ocorre o aumento de forças de compressão e tração. A guia anterior uma vez perdida, nunca é recuperada exatamente como era. O problema de perder guia anterior é esse: se reabilitamos o Prova 2 Oclusão Karolina Viana 10 paciente com uma guia anterior com um ângulo muito diferente do ângulo da eminencia, ATM e dentes podem não trabalhar em perfeita harmonia. Como não é possível medir a inclinação da eminência, é difícil restabelecer a guia anterior como ela era antes. Em protrusão e lateralidade o côndilo parte da posição côndilo-fossa. O ponto de partida sempre é o côndilo encaixado na fossa. A angulação da eminência/parede medial da fossa é coincidente ou muito próxima à inclinação dos incisivos e quanto maior a angulação, mais inclinado é o movimento. Por exemplo, pacientes com a eminência pouco angulada, durante o movimento protrusivo tem que fazer uma abertura de boca menor; pacientes com a eminencia muito angulada tem que fazer uma abertura de boca maior durante a protrusiva. Isso aumenta o movimento. Quando a criança tem apenas dentes decíduos, ela não tem guia anterior, tem apenas desoclusão bilateral. Ao jogar a mandíbula para o lado ou para frente, tocam os posteriores dos dois lados. Isso pode acontecer sem prejuízo em virtude de sua anatomia: proporção coroa/raiz e raízes muito abertas podendo absorver forças laterais. Com a erupção dos incisivos permanentes a criança começa a ter guia anterior. Mas, quando ela faz lateralidade, nessa fase, ainda é pelos molares. Só ao erupcionar o canino permanente, a guia lateral passa a ser feita pelo canino. O paciente desdentado total reabilitado com prótese normalmente não tem guia anterior e guia lateral em canino. Normalmente tem desoclusão bilateral semelhante a uma criança, pois se ao desocluir a sua prótese for apoiada de apenas um lado, ela irá mancar. A ATM deve receber somente forças leves de compressão. A articulação não deve fazer a guia, deve apenas acompanhar a guia. Quem faz a guia são os dentes. A carga desse movimento deve ser aliviada pelos dentes. Se o paciente tiver guia condilar, é prejudicial; isso ocorre quando o paciente não tem dente anterior ou tem dente na posição incorreta. Guia dental A guia anterior dental é o caminho seguido pela mandíbula quando faz a função lateral ou protrusiva durante a mastigação. A guia anterior é uma função aprendida e tem que estar harmônica com o caminho articular. No fechamento o ideal é que os dentes tenham pelo menos dois pontos de contato, um B e um C ou A estabilizando-os no sentido vestíbulo-lingual. Quando os dentes dão seus devidos toques ocorre uma estabilidade oclusal, a mandíbula fecha naquela posição e trava em uma posição estável. O ideal é que quando esses toques estáveis ocorrem em posteriores, os caninos toquem de leve. Se o canino se tocar forte, será gerada uma força lateral forte. A partir do momento que os dentes posteriores se tocam ativa uma propriocepção de masseter; quando o masseter está ativo é o momento de maior força da mastigação. Quando fazemos lateralidade, apenas o canino deve tocar. O canino vai deslizando à medida que os posteriores desocluem. Quando o toque é nos dentes anteriores a propriocepção é diferente, porque o toque no dente posterior gera uma pressão de compressão dos proprioceptores o que gera uma resposta do masseter provocando fechamento. Quando se tocam dentes anteriores no movimento lateral, o movimento tende a girar o dente no alvéolo. Isso ativa os proprioceptores de maneira diferente ativando as fibras anteriores do temporal, um movimento mais suave do que o do masseter. A guia anterior ou a guia em canino pode ser dividida em 2: guia inicial e guia final. Quando a metade do movimento é feita, os dentes posteriores devem ter desocluído totalmente. A partir do meio do movimento até os dentes anteriores ficarem topo a topo os posteriores só estão distanciando. Esse espaço é chamado Espaço de Christensen. Quando fazemos lateralidade para diagnostico do paciente, o movimento é feito de dentro para fora, Prova 2 Oclusão Karolina Viana 11 mas na realidade a lateralidade feita durante a mastigação é feita de fora para dentro. Por isso o movimento da guia é em direção à posição cêntrica ou convergindo para a oclusão cêntrica. Durante a função não ocorre desgaste de dente, ou o desgaste é mínimo. Na parafunção ocorre intenso desgaste dental. Isso ocorre em virtude da propriocepção. Depois que o movimento é realizado algumas vezes e os caninos se tocam algumas vezes durante o movimento é gerado um engrama, ou seja, o cérebro aprende onde está o canino. Por isso dizemos que a guia, na função, é proprioceptiva. O dente está ali como referência, mas não tem que tocar para fazer a guia porque aprendemos onde está a guia; de vez em quando os dentes se esbarram e forma um novo engrama quando esquecemos onde está o dente. Durante a parafunção a guia é mecânica, o paciente “esfrega” os dentes. Durante a parafunção ocorre muito desgaste dental e durante a função ocorre pouco ou nenhum desgaste dental. Na protrusiva a face palatina dos incisivos guia a mandíbula de volta para a MIH e na lateralidade o canino guia a mandíbula de volta para a MIH. Por isso esses movimentos são chamados de guia. Quando o paciente tem guia os dentes posteriores não tocam, tocam apenas no final do movimento. Como durante a guia a força é mínima atuando principalmente pterigoideo medial e anterior do temporal que são músculos mais posicionadores a força é pouca. Além disso, os caninos e incisivos são os dentes mais distantes do fulcro e da potência quando consideramos a mandíbula como um sistema de alavanca. O primeiro molar está bem ao lado do masseter que é a potência no sistema de alavancas, sendo o dente que mais receberá forças. Além disso tudo, o canino é o dente que tem a raiz mais volumosa com uma implantação grande no osso; sua raiz foi feita para aguentar força lateral. O pré-molar tem a raiz bem menor não aguentando força lateral, sendo capaz de suportar apenas força oclusal. Os incisivos inferiores são os dentes com a menor raiz. Porém, geralmente, os incisivos inferiores sãoos últimos dentes que o paciente perde. Apesar de serem os menores dentes aguentam muito tempo por estarem distantes do fulcro e da potência, diferente de pré-molares. Durante o fechamento é gerada uma força em direção ao longo eixo do dente que é uma força que a raiz e o ligamento periodontal consigam suportar. Na ausência de guia, como em paciente com canino fora de posição, durante o fechamento os pré- molares batem. Ao baterem os pré-molares ativa os proprioceptores de compressão de dentes posteriores, ativando o masseter. Como a força aumenta e não está equilibrada, gerando uma resultante para a lateral. Começa a haver forças laterais no pré-molar, e ele não aguenta esse tipo de esforço. Os caninos precisam tocar pelo menos algumas vezes durante a lateralidade, mesmo que depois não se toquem mais pelo fato de a guia ser proprioceptiva. Ao se tocar eles criam o engrama. No movimento de lateralidade o côndilo do lado de trabalho vai apenas para fora e apenas rotaciona. O côndilo do lado de não trabalho vai para baixo e para dentro. Os incisivos podem tocar ou não, desde que toque os caninos e que o toque seja leve. FISIOLOGIA Guia anterior: na função é proprioceptiva. Na parafunção é mecânica. Porém nas duas tem a função de proteger os dentes posteriores. MASTIGAÇÃO A mandíbula é colocada em um posicionamento lateral, alinhando vestibular dos superiores com vestibular dos inferiores. Não chegamos a ter o contato dos dentes porque o alimento está interposto. A guia anterior guia para a posição de oclusão. Para os dentes voltarem para a oclusão depois do término do movimento são necessárias as guias; as guias direcionam a mandíbula à oclusão. Prova 2 Oclusão Karolina Viana 12 Na parafunção o movimento é o mesmo, porém não há interposição do alimento. Então, na hora que os dentes fecham eles se tocam, batendo na guia anterior e voltando para a posição de oclusão. Na mastigação/função é proprioceptiva porque os dentes não tocam e na parafunção é mecânica porque os dentes tocam e se desgastam. A guia anterior é muito importante para a bipartição da oclusão, ou seja, a oclusão mutuamente protegida/compartida. Durante o movimento os anteriores protegem os posteriores. No momento que os posteriores entram em oclusão eles estão protegendo os anteriores. Além de ser uma proteção durante a mastigação, é uma proteção na parafunção. O problema é quando a parafunção excede a capacidade de proteção do organismo, desgastando os dentes e fazendo o paciente perder as guias. A guia anterior também é importante para a eficiência da mastigação. A posição um pouquinho lateral da mandíbula aumenta a eficiência porque aumenta a força de cisalhamento. Cada dente tem sua anatomia específica e eles não estão preparados para todos os tipos de esforços gerados na oclusão, mastigação e parafunção. Os posteriores suportam a força de fechamento (força vertical ou axial) e os anteriores suportam as cargas laterais. Isso é uma questão ligada à anatomia de forma de coroa, forma de raiz e posição do dente (distância entre dente e músculo). Os molares tem seu longo eixo de orientação coincidente com a direção das fibras musculares do masseter. Quando o masseter contrai, a força é aplicada na direção do longo eixo dos molares, por isso este grupo de dentes consegue absorver bem essa força. São os molares que estimulam a propriocepção do masseter. O temporal, principalmente suas fibras mesiais, coincidem a inclinação com os incisivos e tem sua propriocepção estimulada por este grupo de dentes. As fibras musculares estão na mesma direção dos dentes que irão estimular sua contração. Por isso a contração do temporal não causa dano ao incisivo, pois além de estarem na mesma direção, os incisivos estão distantes do ponto de contração do temporal, fazendo com que a força chegue fraca na região anterior. Dessa forma, o sistema estomatognático gera as forças, mas também absorve as forças que gera, protegendo todo o sistema ao mesmo tempo. O osso e a ATM absorvem essas cargas geradas. O ideal é que a ATM receba apenas cargas leves. Na alavanca Classe I a ATM passa a ser a resistência e a sofrer forças de tração, o que gera problemas ao paciente. A homeostasia e manutenção do sistema dependem da quantidade de cargas nas ATMs. As cargas na ATM devem ser baixas, leve esforço de compressão. As cargas recebidas pelos dentes são transferidas ao periodonto. São os dentes que devem absorver as forças, na ATM chega apenas leve esforço de compressão. Se o sistema estiver funcionando desta maneira, provavelmente teremos ausência de sinais e sintomas, como facetas de desgaste, canino sem ponta, etc. Um desgaste dental leve, moderado e fisiológico é fruto da própria adaptação do sistema. São as chamadas facetas adaptativas. Também existe um leve desgaste dos dentes da guia, mas esse desgaste deve ser fisiológico. Quando o paciente tem hábitos parafuncionais ocorrem desgastes patológicos. O desgaste deve ser compatível com a idade do paciente. A recessão gengival pode ser um sinal em um paciente que não tem mais guia, pois ele perdeu a proteção e a força de compressão se tornou muito grande, resultando em carga excessiva no periodonto, o que provoca a recessão gengival. ESFORÇOS DAS FUNÇÕES Dentes posteriores: cargas axiais. Dentes anteriores: cargas laterais. Prova 2 Oclusão Karolina Viana 13 A desoclusão deve ser imediata; ao menor movimento lateral ou protrusivo já devem tocar apenas dentes anteriores e molares, e pré-molares não podem tocar mais. Para ocorrer a desoclusão imediata deve haver um leve contato dental. Se o dente não está em contato e o paciente faz movimento lateral, até o dente anterior entrar em contato ele estará forçando os posteriores. Idealmente deve ter um leve contato nos caninos e nos incisivos. Para testar a força dos contatos podemos usar um papel celofane ou carbono fino. Quando interposto entre os dentes posteriores, o papel deve ficar travado. Nos dentes anteriores o ideal é que ele fique preso, mas seja capaz de deslizar e sair do meio dos dentes quando puxado. Caso o papel não deslize em dentes anteriores significa que o toque está excessivo. PRINCÍPIO DA OCLUSÃO Os dentes posteriores devem dar estabilidade oclusal. A estabilidade oclusal é um pré-requisito para a guia; restabelecer as guias sem dar estabilidade oclusal para o paciente não tem efetividade. A guia leva a mandíbula em direção à oclusão cêntrica, mas se o paciente não tem estabilidade oclusal ele não tem oclusão cêntrica. O paciente precisa ter estabilidade oclusal e desoclusão imediata; sem essas duas coisas não existe a proteção mútua. Sem desoclusão imediata os posteriores não estão sendo protegidos e sem estabilidade oclusal os anteriores não estão sendo protegidos. A provisória é feita e colocada na boca com a finalidade de que desgaste de acordo com a oclusão do paciente, para que ela se adapte. A provisória serve também para o dentista ver se acertou e se o paciente terá conforto articular com as guias confeccionadas pelo profissional. Quando o paciente tem DATO sua oclusão está restabelecida. O articulador da a possibilidade de montar o paciente em relação cêntrica. A prótese removível da ao paciente todos os dentes de uma vez, mas em compensação não da muita estabilidade oclusal. O paciente classe III dental normalmente é aquele paciente que perdeu a estabilidadeoclusal e encontrou sua MIH projetando a mandíbula para a frente, por isso é importante levar o paciente em relação cêntrica. A relação cêntrica é uma posição côndilo-muscular, por isso a primeira condição para levar o paciente em relação cêntrica é que ele esteja com a musculatura relaxada. Quando o paciente está com a musculatura rígida é necessário desprogramar a mordida, através do JIG, que quando o paciente morde toca apenas um ponto na sua arcada. Desprogramar é apagar o engrama oclusal do paciente. Quando ele está desprogramado a musculatura cede. Devemos conduzir a mandíbula do paciente de modo que o condilo encaixe na posição mais posterior superior na cavidade articular. Quanto mais prejudicada a oclusão do paciente, mais rígida será sua musculatura e mais difícil será leva-lo em relação cêntrica. A MIH é fruto de todo o crescimento, desenvolvimento e adaptação do sistema. Uma MIH criada pode não ser igual, por isso o paciente é colocado em Relação cêntrica para avaliação e reconstrução. Estabilidade oclusal, desoclusão imediata devem estar em harmonia com a ATM. O sistema estomatognático é harmônico. Onde a harmonia for quebrada surgirá o problema. A única posição onde sempre existe guia é a relação de oclusão cêntrica (MIH coincidente com relação cêntrica). Essa posição sempre terá guias, porque para haver relação de oclusão cêntrica o paciente não pode ter interferências. Quando o paciente tem interferências durante as guias, ocorrem mudanças de alavanca. A troca de alavancas sempre acontece nos movimentos excêntricos da mandíbula (lateralidade e protrusão). Se ocorre uma mudança de alavanca é sinal de que a guia não está Prova 2 Oclusão Karolina Viana 14 desocluindo, ocorrendo contato de dente posterior (seja do lado de trabalho ou do lado de não trabalho). A mudança de alavanca é eliminada ao se desgastar o dente que toca posteriormente ou aumentar o dente anterior para aumentar a desoclusão. A desoclusão rápida causa menos danos e é mais eficiente na mastigação. A desoclusão rápida tem o ângulo mais inclinado: um mínimo movimento lateral da mandíbula já desoclui muito. Quando o ângulo é mais inclinado o cisalhamento também é maior. A palatina dos dentes anteriores, ou seja, o ângulo de desoclusão vai determinar o ângulo da eminência. A profundidade da oclusal dos dentes posteriores determina a profundidade da fossa articular. Quanto menos a mandíbula precisa desocluir mais eficiente é a mastigação, além de ser mais confortável mastigar do lado da mandíbula que desocluir menos. DATO = idealmente no sistema deve ter oclusão + desoclusão + alinhamento tridimensional do plano oclusal. Isso gera proteção mútua onde os anteriores protegem os posteriores, os posteriores protegem os anteriores e ambos estão em harmonia protegendo a ATM. Quando os molares estão em oclusão, temos 100% de contração muscular. A maior força muscular é quando os molares estão em oclusão. Os vetores de força precisam ser distribuídos de acordo com a direção e intensidade: anatomia da coroaXanatomia das raízes. Nos dentes posteriores as raízes são abertas e nos dentes anteriores as raízes são ovais, principalmente o canino. O osso mandibular é muito rígido e mais compacto. O osso da maxila é mais esponjoso e tem os seios maxilares. A mandíbula bate na maxila, e acima da maxila está o cérebro, por isso o osso maxilar é poroso: para que absorva o impacto gerado pela mandíbula. Pelo fato de a densidade óssea ser menor, os dentes superiores têm mais raízes e estas são mais abertas, para compensar a menor densidade óssea. A relação coroaXraiz do canino normalmente é de 1:2. O contato anterior gera uma inibição da propriocepção dos posteriores, então quando os anteriores tocam a ação dos posteriores é reduzida, diminuindo assim a força. O contato anterior gera uma torção do dente no alvéolo, por isso o mesmo proprioceptor capta o estímulo de um jeito diferente. Quando capta a força de compressão o proprioceptor ativa o masseter. Quando capta força de torção ativa músculos de posicionamento de mandíbula, havendo uma redução significativa de contração. A guia serve para reduzir a intensidade da ação muscular pela inibição da propriocepção de posteriores. A maior inibição possível é quando há apenas um dente tocando (no caso 2, um superior e um inferior); o ideal é que haja 4 dentes tocando (pelo menos 2 superiores e 2 inferiores), diminuindo a força entre os dentes. A inibição será menor, mas o dente sofre menos carga. Contatos múltiplos produz nível reduzido de inibição dos posteriores, porém um toque só gera uma sobrecarga muito grande em um só dente. Quanto mais inclinado o dente, pior é a distribuição de força. O dente menos inclinado, a força está mais próxima do seu longo eixo. O dente mais inclinado tem alavanca maior, a força vai mais fora do longo eixo do dente. Não pode, de forma alguma, colocar o canino no lugar do incisivo lateral, pois além de não ficar estético, a guia passa a ser feita no pré-molar. Quando o paciente tem overjet (distancia entre os incisivos superiores e inferiores) ele não tem guia. Para haver guia, o overjet deve ser igual a zero, significando um contato anterior leve, porém presente. Quando há o overjet, o dente começa a ir para a frente, não desoclui e começam a aparecer as forças laterais nos dentes posteriores. Estabilidade posterior mantem a guia, os dentes posteriores estáveis na sua posição. Prova 2 Oclusão Karolina Viana 15 A função posterior que existe só é possível porque a força é dividida em todos os 4 dentes posteriores, então nenhum é sobrecarregado. Ausência de guia na função é problema, mas ausência de guia na parafunção é sinal de problema muito maior. A ausência de guia pode causar recessão gengival em virtude de cargas laterais em pré-molar ou molar. Ausência de guia também implica em sobrecarga posterior, porque os posteriores receberão carga lateral, e sobrecarga articular porque a guia passará a ser condilar. Implicará em ineficiência mastigatória porque a guia aumenta a eficiência mastigatória. Haverá o comprometimento muscular porque a propriocepção muscular que relaxa a musculatura e diminui a força não irá existir, o paciente morderá com força o tempo todo. Ausência de guia potencializa a parafunção (não tem a proteção dos dentes posteriores, pois o toque estimula a propriocepção dos posteriores que ativa o masseter, um músculo potente, em vez de ativar o temporal como acontece no toque de dentes anteriores, que é um musculo com menos força). A grande maioria dos problemas nos dentes anteriores está nos dentes posteriores e a grande maioria dos problemas nos dentes posteriores está nos dentes anteriores. Diastema: normalmente surge quando tem interferência grande em dentes posteriores, pois quando o paciente vai fechar, bate na interferência e joga a mandíbula para frente. Isso faz com que o paciente crie um engrama e uma memória para já morder lá na frente, evitando aquela interferência posterior e batendo nos dentes anteriores. No bruxismo, o paciente tem guia, mas ele desgasta os dentes até perder a guia. Quando o paciente perde a guia passa a tocar os dentes posteriores, e ele continua com o bruxismo. A parafunção continua, desgastando os dentes posteriores e fazendo o paciente perder DVO. Ao desgastar posterior volta a tocar os anteriores e volta a ter guia. Esse ciclomastigatório continua. A placa serve para proteger do desgaste (porque o paciente desgasta a placa) e devolver as guias. Quando a placa é colocada com um contato só os dentes tendem a extruir a longo prazo, aumentando a dimensão vertical do paciente; por isso uma placa em posição cêntrica deve tocar todos os dentes, tanto anteriores quanto posteriores e ela deve ter guia. Por isso, uma boa placa tem um volume maior na frente para fazer guia anterior e tem dois volumes no lugar do canino para fazer lateralidade. As provisórias devem ter oclusão e desoclusão em canino também. A anatomia dos dentes anteriores e posteriores devem estar de acordo com a anatomia articular. Todos os livros ensinam guia anterior partindo de uma oclusão cêntrica para fora. Mas, na verdade ocorre fisiologicamente de fora para dentro, na mastigação. A guia é feita sobre esmalte. PADRÕES DE DESOCLUSÃO - Desoclusão pelo canino sozinho: toca apenas o canino na lateralidade. É a mais fácil de reproduzir proteticamente e em reconstruções oclusais e possui característica centralizadora, levando a mandíbula para a oclusão central. - Desoclusão em grupo anterior: toca o canino + incisivo lateral e/ou incisivo central. - Desoclusão em grupo parcial: canino + dois pré- molares ou canino + dois pré-molares e um molar. - Função em grupo total: toca tudo junto, os dois molares, pré-molares e o canino. - Função em grupo posterior: tocando só molares e pré-molares. Essa função é fisiológica apenas até o canino erupcionar. Alguns autores dizem que não é uma função e sim uma adaptação quando o paciente não tem o canino. → Desoclusão em grupo é tão eficiente quanto qualquer outro padrão de desoclusão, podendo ser Prova 2 Oclusão Karolina Viana 16 mais difícil de ajustar, por isso em reabilitação oral optamos pela desoclusão por canino. A desoclusão deve ser mínima para aumentar a eficiência. Não adianta ter uma desoclusão pelo canino e ela abrir muito os dentes. Quanto menor a desoclusão, maior a eficiência da mastigação. Deve ser simétrica, pois acontece dos dois lados e nós inconscientemente damos prioridade de mastigação para o lado mais baixo, que desoclui menos. A correção de uma interferência pode ser feita aumentando o canino ou desgastando o dente onde ocorre a interferência. CANINO Dente com raiz longa e espessa, posição privilegiada longe do músculo recebendo pouco esforço. Prova 2 Oclusão Karolina Viana 17 Equilíbrio oclusal O sistema estomatognático é composto basicamente de ATM, músculo e dentes funcionando de forma harmônica e equilibrada. No dia-a-dia sabemos que está funcionando de forma equilibrada quando temos ausência de sinais e sintomas. Os principais componentes anatômicos do sistema são os dentes e estruturas de suporte (principalmente o periodonto), ATM, articulação dento-alveolar, músculos, ligamentos e sistema vásculo-nervoso. Quando esses componentes anatômicos começam a funcionar juntos há a formação dos componentes fisiológicos: a oclusão, o periodonto, a ATM e o mecanismo neuromuscular. Fisiologicamente esperamos que o sistema funcione de forma harmônica para que não haja danos. A desoclusão em grupo posterior não é fisiológica, pois na fisiologia natural ela não deveria existir. Quem deveria assumir a função de guia lateral é o canino, sozinho ou com participação de todos os posteriores. Por algum motivo o canino não veio e a desoclusão permaneceu em molares e pré-molares. Isso não é normal, mas existe e não é patológica, não causando problemas. Toda vez que fechamos a boca estamos fazendo uma trajetória cêntrica com a mandíbula, pois o condilo tende a ir para a posição cêntrica. O condilo busca a posição cêntrica porque é a mais fisiológica. Por algum motivo, o condilo pode não ir para a relação Centrica, pois existe uma interferência, ou contato cêntrico. O primeiro contato DENTÁRIO no arco de fechamento cêntrico é a interferência que modifica a trajetória do fechamento mandibular e faz com que o côndilo não ocupe durante o momento do fechamento a posição de relação cêntrica. Daí temos que o paciente está em MIH. Para que o sistema funcione de forma harmônica um dos princípios básicos é a proteção mútua. Para avaliar se o paciente está trabalhando em proteção mútua basta pedir que o paciente faça o movimento de lateralidade e avaliar se tem contato de dentes posteriores sozinhos. Para essa avaliação devemos pedir ao paciente que faça também a protrusão e avaliar se tem contato de dentes posteriores. Isso pode ser avaliado com o carbono: nos anteriores o carbono da um contato leve. Desoclusão em pré-molar é comum aparecer recessão gengival. Para resolver esse problema muitas vezes aumentamos a ponta do canino com resina. Para aumentar a retenção da resina pode ser confeccionado um pin na incisal do canino. A principal causa de diastemas em dentes anteriores é a ausência de dentes posteriores. À medida que o paciente tem ausência dos dentes posteriores os anteriores passam a receber maior carga. Além disso, isso também provoca o desgaste dos incisivos inferiores. Até mesmo restaurações mal feitas ou insatisfatórias (como resina de laboratório) pode causar esse diastema. Esses problemas nos dentes posteriores causam diminuição da DVO. Se reduz 1mm de espaço nos posteriores, nos anteriores é reduzido mais ou menos 3mm. O desgaste e o diastema são resultado de um apoio excessivo dos dentes anteriores. Esse paciente deve ter suas restaurações posteriores aumentadas para aumentar sua DVO. Para realizar o aumento de DVO o paciente deve ser montado em relação cêntrica no articulador. Montamos em cêntrica porque essa posição é o parâmetro único que restou, uma vez que o paciente já perdeu os dentes por desgaste. A articulação se adapta aos dentes. Concluído o desenvolvimento da oclusão a articulação só consegue continuar se adaptando aos dentes desde que o limiar de adaptação seja pequeno. Mudanças grandes a articulação não aguenta. É melhor adaptar agora a oclusão à ATM que já evoluiu e já se desenvolveu. Existe um casamento entre a articulação e a anatomia dos dentes, que foi construído durante o desenvolvimento da oclusão. Passado o desenvolvimento, o profissional deve preservar Prova 2 Oclusão Karolina Viana 18 isso. Em reabilitação oral damos sempre desoclusão rápida com cúspides baixas para o paciente e concavidade palatina rasa. LATERALIDADE - Desoclusão em grupo total: todos os posteriores + o canino - Desoclusão em grupo parcial: canino + alguns posteriores. - Desoclusão em grupo anterior: canino + incisivos lateral e central. (Pouco comum, porém possível). → Sempre que um lado entrar em função o outro deve desocluir, por isso não podemos ter interferência em balanço. A interferência em balanço é uma das principais causas de troca de alavanca (de classe III para classe I ou II). A troca de alavanca pode ocasionar dor de cabeça. Interferência em balanço leva à sobrecarga da ATM e da musculatura. Na protrusiva o critério é o mesmo: tentar manter sem contato de dentes posteriores, deixando apenas os anteriores tocando. Essa guia protrusiva deve ter no mínimo a participação de quatro dentes. Dois contra dois. Uma das funções da placa para bruxismo é criar um espaço maior entre as arcadas para que relaxe a musculatura. Existem duas formas de ocluir: em máxima intercuspidaçãohabitual ou em máxima intercuspidação cêntrica. A MIH é a que a maioria das pessoas tem porque tem interferência no arco de fechamento. A MIC é quando coincide as duas: a posição de mordida e a posição condilar, o que quase ninguém tem. Quando os contatos anteriores existirem, eles devem ser leves. Contatos fortes devem ser dados nos dentes posteriores. O contato nos dentes posteriores deve ser estável. Para que haja contatos posteriores estáveis, eles tem que obedecer os contatos oclusais (A, B, C, stopper, equalizer). Aparelho móvel não faz contenção. Toda vez que ele é retirado, o ligamento ainda não está consolidado. Se ficamos muitos dias sem usar, ao recolocar é possível sentir a pressão nos dentes. Dessa forma em vez de conter, o aparelho faz ativação o tempo todo, ativando o movimento, sendo que o que é necessário é a consolidação do osso alveolar. A maioria dos apinhamentos acontecem por falta de equilíbrio oclusal de dentes posteriores. Como eles não estão estabilizados, na mastigação sobra resultante de forças para frente, o que acaba empurrando os dentes anteriores. Modelos de estudo são sempre feitos com montagem em relação cêntrica, logo deve-se usar o articulador. O verticulador usa sempre MIH. Se o dente a ser restaurado for a interferência, devemos desgastar aquele contato que está acontecendo naquele dente para que seja encontrado o segundo contato, que a partir de agora passará a ser o primeiro. A interferência não pode mais ser aquela do dente a ser tratado porque não conseguiremos mais restabelecer aquele ponto da mesma forma. Então existe uma chance grande de que seja criada uma interferência maior. A segunda interferência não causará problema porque é uma interferência menor que a primeira. Esse é o princípio básico para um ajuste oclusal por desgaste seletivo. Se forem desgastados todos os pontos de interferência até que a boca feche com todos os contatos ao mesmo tempo, o paciente entrará em uma MIC: uma máxima intercuspidação coincidente com a relação cêntrica. Isso não quer dizer que o paciente terá essa relação definitivamente, visto que ele pode desenvolver uma nova interferência. No caso de uma restauração isolada, o desgaste será feito apenas para tirar a interferência da primeira interferência e jogar para a segunda, não precisa desgastar todos os pontos. Prova 2 Oclusão Karolina Viana 19 PASSOS PARA O AJUSTE DE UMA RESTAURAÇÃO 1. MIH ou MIC 2. Lateralidade 3. Protrusão 4. Consultar a cêntrica (para consultar a cêntrica deve ter sido anotado na primeira consulta o que é a cêntrica, qual dente foi a interferência). O melhor caminho possível durante uma reabilitação oral é adaptar a oclusão à uma articulação que já existe e já foi adaptada. Por isso partimos da montagem na posição condilar, que é a cêntrica. A justificativa para utilizar a relação cêntrica como referência é que é muito mais fácil, a partir do momento em que os dentes foram perdidos, adaptar os dentes à articulação do que o inverso porque a articulação já sofreu todas as adaptações que ela deveria ter sofrido. Ela não está pronta, ainda vai mudar, porém as mudanças não serão tão grandes. Tentaremos não intervir muito na articulação porque o limiar de adaptação agora tem um limite. Se exagerarmos e passar desse limite, o paciente não consegue se adaptar mais, intensificando o risco de o mesmo ter um problema de articulação ou problema muscular, ou colapso da estrutura periodontal. Tentaremos usar como referência a relação cêntrica, que é a posição condilar. Para obter um ajuste oclusal, os métodos possíveis são: 1. Reconstrução oclusal parcial ou total: Prótese total, implantes. O ideal é que o paciente seja montado em posição cêntrica no articulador. 2. Desgaste oclusal em dentes naturais. 3. Combinação de procedimentos 4. Uso de dispositivo ortodôntico 5. Uso de dispositivo ortopédico: guia o crescimento ósseo para interferir na oclusão do paciente. 6. Cirurgia ortognática Idealmente, todo ajuste oclusal deveria colocar o paciente em cêntrica. Porém, a ortodontia não faz isso, por isso depois da ortodontia deve-se fazer o ajuste por desgaste. Quando temos dúvida de qual é o ajuste ideal, simulamos o ajuste no articulador, montando o paciente em cêntrica e manipulando o modelo. Desgastamos o modelo e acompanhamos para saber se a técnica será efetiva ou não. Quando o paciente perde estabilidade posterior sua mandíbula pode vir para frente, fazendo o paciente assumir o aspecto de um paciente classe III. Toda vez que estivermos trabalhando com ajuste oclusal trabalharemos com o paciente em cêntrica. A ortodontia é a única situação que não faz isso. O planejamento restaurador pode mudar de acordo com o número de dentes restaurados na boca. É diferente intervir em uma boca hígida do que em uma boca muito restaurada. No caso de reabilitação de dentes anteriores desgastados o primeiro passo é aumentar os dentes posteriores. Deve-se aumentar a DVO, aumentando as vertentes internas para obter melhores contatos oclusais. Para isso devemos levar em consideração que para cada 1mm aumentados atrás, em média abrimos 3mm na frente. O contato prematuro o paciente percebe, a interferência é mais difícil. - Redução de DVO: trespasse vertical diminuído, sobremordida. Ocorre quando o paciente perde dentes posteriores. Quando o paciente tem uma discrepância muito grande da MIH para a cêntrica sugere-se que ele necessite de um ajuste oclusal. Se há uma diferença muito grande do primeiro contato para o fechamento total pode estar havendo uma sobrecarga de musculatura, estrutura periodontal, dentes, ATM. Quando a discrepância entre a cêntrica e a habitual é muito grande, ocorre tracionamento da ATM. O tracionamento da ATM é prejudicial, pois a ATM só assimila bem as forças de Prova 2 Oclusão Karolina Viana 20 compressão. Quando eu tenho interferência em balanço o fulcro se desloca momentaneamente para a interferência e a ATM vira a resistência, sendo tracionada. O ajuste oclusal é indicado para que não haja mudança de alavanca. A mudança de classe III para classe I é a pior, pois as interferências são maiores. Quando a alavanca é modificada para classe II o sistema costuma assimilar. Classe III para classe I: O tracionamento da ATM provoca o aumento dos espaços intercondilares pela distensão dos ligamentos da ATM levando à dor, contração muscular excessiva, facilitando a destruição do disco articular devido à tração desse disco. A destruição do disco articular é irreversível. Mesializar = andar a raiz e a coroa juntos. Não confundir com inclinação. Quando um molar inclina para a mesial, normalmente sua crista marginal distal torna-se a interferência. Os contatos indesejados são as interferências. Na maioria das vezes estamos adaptados a elas. Na maioria das vezes elas podem, além de mudar a trajetória do arco de fechamento, causar perda óssea, abfração. Abfração é dentária; recessão é gengival. A abfração acontece de forma semelhante ao que acontece quando dobramos um bambu, forçando- o pelas suas extremidades. Acontece muito em pré-molares que estão recebendo cargas laterais sozinhos, a região cervical fica exposta e aprofundada, com uma lesão cervical (uma lesão em V) causada por trauma oclusal excessivo. Sempre no limite amelocementario, pois o braço de potencia e resistência se encontram na coroa e a raiz e a resultante semprese encontrará no meio. Canino raramente apresenta abfração. Se já está exposto em boca não podemos afirmar que é abfração; abfração é aquele caso que sentimos sob a gengiva, pois quando está exposto deve ter ação de componentes erosivos. Interferências em dentes posteriores comumente fazem a mandíbula deslizar e a joga para a frente. Em alguns casos o periodonto sofrerá, e em outros o dente abre um diastema. Uma das principais causas de diastemas anteriores é a falta de equilíbrio oclusal posterior. - Avaliar: mobilidade dental, lesão de trauma oclusal, recessão gengival e colapso da estrutura periodontal. Tudo deve ser avaliado somando as radiografias aos exames clínicos. - Indicações: necessidades prévias ao tratamento restaurador, desordens miofaciais e/ou ATM, durante e após tratamento ortodôntico, parafunções. - Contra-indicações: são iguais Às de qualquer tratamento oclusal definitivo irreversível. Impossibilidade de se atingir os objetivos pela técnica selecionada. Tratamento profilático. - Objetivos: O objetivo de dar estabilidade oclusal para o paciente é harmonia da oclusão, eliminação de prematuridades, eliminação de interferências, axialidade de forças eliminando as cargas laterais que não são bem suportadas por dentes posteriores. Equilibrar o dente no sentido vestíbulo- lingual e mésio-distal através dos contatos A, B, C, stopper e equalizer. A superfície dos dentes posteriores tem planos inclinados. Temos crista marginal, vertente interna, vertente externa. CONTATOS Prova 2 Oclusão Karolina Viana 21 Os contatos A, B e C sempre acontecem de vestibular para lingual nessa ordem, seja no inferior ou no superior. A = no inferior é vertente externa da cúspide de contenção; no superior é vertente interna da cúspide de não contenção. B = encontro das duas vertentes internas das cúspides de contenção cêntrica ou de trabalho. C = vertente interna da cúspide de não contenção do inferior contra externa de contenção do superior. Contato em ponta de cúspide é A. Da ponta da cúspide para a vestibular é A, só é B na vertente interna. Para estabilizar um dente no sentido vestíbulo- lingual são necessários no mínimo dois contatos: obrigatoriamente um B e um A ou C. Para estabilizar no sentido mésio-distal são precisos 3 contatos: um B oposto ao outro B (um stopper e um equalizer) e um A ou C. Contatos que ocorrem em planos opostos estabilizam o dente no sentido mésio-distal. O plano distal joga a mandíbula para trás impedindo-a de ir para a frente. É o stopper. O plano mesial joga a mandíbula para a mesial impedindo que ela vá para a distal. Esse ponto é o equalizer. Stopper: impede que a mandíbula ou o dente caminhe para frente. Equalizer: impede que a mandíbula ou dente caminhe para trás. Quando um paciente perde o primeiro molar inferior, ele nem sempre terá o segundo molar inclinado para a mesial; isso ocorre apenas se o dente não estiver equilibrado com stopper e equalizer. Os pontos stopper e equalizer estarão nas faces das vertentes triturantes da cúspide de trabalho ou cristas marginais direcionando a força no sentido destes planos mesial e distal. Estabilizam o dente ou a mandíbula no sentido mésio-distal. Nas cúspides de não trabalho não existe stopper e equalizer porque não existem duas vertentes triturantes. O plano da vertente lisa não oferece estabilização, é preciso duas vertentes opostas. Os pontos Stopper e Equalizer sempre serão contatos B ou contatos de crista marginal. Mesial do inferior contra distal do superior é stopper. RESUMO – Para equilibrar um dente precisamos de no mínimo dois Bs sendo um stopper e um equalizer (M e D) somados a um A ou C (V e L). 2BA ou 2BC. Prova 2 Oclusão Karolina Viana 22 AJUSTE DA RESTAURAÇÃO 1. Desgasta no centro porque o contato está tão alto que rasgou o carbono, até que esse halo se transforme em um ponto. 2. Pode ser dividido em vários contatos menores 3. Desgastado próximo ao sulco. Contatos grandes na ponta de cúspide idealmente são desgastados dividindo-o no meio, para obter um contato A e um contato B. É bom bater o carbono antes de fazer a restauração para saber o padrão de contatos que o paciente tem e equiparar o contato após a restauração. Sequência para o ajuste de uma restauração: 1. Os contatos serão avaliados em MIH; 2. Avaliar o lado de trabalho na lateralidade ; 3. Avaliar o lado de balanceio na lateralidade; 4. Avaliar a protrusão (não deve tocar posterior); 5. Consultar o contato cêntrico.
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