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Direito Constitucional Repartição de competências → Repartição de competências: ponto central conceito jurídico de Estado federal; - O Modelo delineado pelo legislador não é perpétuo: pode ser modificado via EC, pois não está protegido com o manto de cláusula pétrea. 1) Modelo de repartição a) Clássico X moderno Clássico: enumeração das competências da União; caráter residual das competências dos estados-membros. EUA, 1787; Moderno: enumeração das competências da União, e também das hipóteses de competência comum e/ou concorrente entre União e Estados. Pós Segunda Guerra; b) Repartição horizontal X repartição vertical Repartição horizontal: inexistência de subordinação ou hierarquização entre os entes federados no exercício da competência; - rigidez mais acentuada da esfera de atuação Repartição vertical: a constituição outorga a diferentes entes federativos a competência para atuar sobre as mesmas, mas estabelece uma relação de subordinação entre o tipo de atuação previsto para cada um. - ou seja: os entes federativos atuam sobre a mesma matéria, mas não dispõem dos mesmos poderes em relação a ela. Uns terão mais do que outros. - ex. na CF: competência legislativa concorrente (art. 24) → a União edita normas gerais, e os estados/DF editam normas específicas, que não contrariem as diretrizes estabelecidas pela União; - proporciona maior proximidade e colaboração entre os entes federados 2) Repartição de competências na CF/88 → Princípio da predominância de interesses Premissa: há matérias que devem receber tratamento uniforme, enquanto existem outras que devem ser tratadas de formas variadas (sendo, inclusive, desejável que assim seja), seja quanto à regulação, seja quanto à atuação em relação a ela. - Interesse predominantemente geral: União - Interesse predominantemente regional: Estados - Interesse predominantemente local: municípios * Obs.: DF → devido à vedação de sua subdivisão em Municípios, o DF acumulará as competências estaduais e municipais. a) Espécies de competências Administrativas: estão relacionadas à execução de tarefas, à atuação efetiva, à realização de atividades concernentes às matérias nelas consignadas. Especificam o campo de atuação político-administrativa do ente federado. Legislativas: estão relacionadas à atividade normativa do ente federado. As matérias listadas como competência legislativa de um ente federado serão aquelas sobre as quais ele poderá regulamentar, através da atividade legiferante. Tributária: poder de instituir tributos. É outorgada a todos os entes federados. b) Repartição na CF/88 - União: competências expressa e taxativamente previstas; - Municípios: competências determinadas de forma taxativa, e também através de indicação de critério de determinação, no caso das não expressas: O interesse local; - DF: vedação à subdivisão em Municípios → cumulação das competências estaduais e municipais; - Estados: competência residual (ou seja, em regra, não foram definidas pela lei); Algumas foram definidas. Ex.: i) criação, incorporação, fusão e desmembramento de Municípios; ii) exploração direta ou via concessão de serviços locais de gás canalizado; iii) organização da própria Justiça; iv) instituição de regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões; v) estruturação da segurança viária, para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do seu patrimônio nas vias públicas. - Definição de competência administrativa comum (art. 23, CF): todos os entes atuam paralelamente, em situação de igualdade; - Definição de competência legislativa concorrente (art. 24, CF): concorrência vertical legislativa entre os entes federados. → EXCEÇÃO À ESSA LÓGICA: COMPETÊNCIAS TRIBUTÁRIAS A CF fixou expressamente as competências tributárias de todos os entes federados, criando, ainda, competência residual para a União (instituição de novos impostos e de novas contribuições de seguridade social); - Obs.: federalismo brasileiro → centralização de competências na União Praticamente aniquilam as competências estaduais. 3) Competências da União a) Exclusivas (e administrativas) - art. 21, CF; - não admitem delegação; b) Privativa (e legislativas) - art. 22, CF: Direito (“CAPACETE de PM”): - Civil; - Agrário; - Penal; - Aeronáutico; - Comercial; - Eleitoral; - Trabalho; - Espacial; - Processual; - Marítimo. Desapropriação; Requisições civis e militares (SE IMINENTE PERIGO; OU GUERRA); Águas, Energia, Informática, Telecomunicações e Radiodifusão; Serviço postal; Sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos metais; Política de crédito, câmbio, seguros e transferência de valores; Comércio exterior e interestadual; Diretrizes da política nacional de transportes; Regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, aérea e aeroespacial; Trânsito e transporte; Jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia; Nacionalidade, cidadania, e expulsão de estrangeiros; Organização do sistema nacional de emprego e condições para o exercício de profissões; Organização judiciária, do MP DF-T e da DP-T, bem como respectivas organizações administrativas; Sistema estatístico, sistema cartográfico e geologia nacionais; Sistemas de poupança, captação e garantia da poupança popular; Sistemas de consórcios e sorteios; Normas gerais de organização, efetivos, material bélico, garantias, convocação e mobilização das PMs e CBMs; Competência da PF, PRF e PFF; Seguridade social; Diretrizes e bases da educação nacional; Registros públicos; Atividades nucleares de qualquer natureza; Normas gerais de licitação e contratação - todas as modalidades; - AP direta, autárquica e fundacional União/Estados/Municípios/DF; - EPs e SEMs; Propaganda comercial; Defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa marítima, defesa civil e mobilização nacional. - mesmo diante de omissão legislativa da União, os demais entes federados não poderão legislar sobre as matérias expressamente previstas nesse artigo, sob pena de inconstitucionalidade; ENTRETANTO, é possível que os Estados legislem sobre questões específicas das matérias enumeradas no artigo, desde que a União delegue competência para tanto, via LEI COMPLEMENTAR (art. 22, p. único, CR). - inaplicabilidade às matérias para as quais o artigo 22 prevê a edição de normas gerais → Justificativa: se a competência é limitada à elaboração de normas gerais, os estados estão autorizados a editar normas específicas, sem que seja necessária delegação formal da União; → Delegação de matérias de competência privativa p/ Estados e DF – requisitos: Delegação via Lei Complementar Federal; Autorização para regramento restrito a questões específicas; A delegação deve contemplar todos os estados-membros e o DF, sob pena de ofensa à proibição de estabelecimento de preferências entre os entes federados; O DF deve ser obrigatoriamente contemplado, pois a este ente federativo foram estendidas as competências estaduais. - Obs.: súmulas vinculantes a respeito → Súmula Vinculante 39, STF: compete privativamente à União legislar sobre vencimentos dos membros das PCs e PMs e do CBM do DF. → Súmula Vinculante 46, STF: a definição dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento das respectivas normas de processo e julgamento são de competência legislativa privativa da União. 4) Competências comuns (paralelas, ou cumulativas) - art. 23, CF; - caráter administrativo; - atuação paralela sobre as matérias previstas; Não há relação de subordinação entre os diferentes entes federativos; a atuação de um não exclui a dos demais (ou seja, atuam com plena igualdade); - matérias contempladas pela competência comum: em regra, são interesses da coletividade (interesses difusos); Justificam a atuação comum dos entes da federação; - para evitar a superposição e conflitos de esforços no âmbito da competência comum, a CF determina que leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a União e os estados, o Distrito Federal e os municípios,tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional (art. 23, p. único, CF). 5) Competência concorrente - caráter legislativo; - UNIÃO, ESTADOS E DF; - relevantes: Direito TRIBUTÁRIO, FINANCEIRO, ECONÔNIMO, PENITENCIÁRIO, URBANÍSTICO; Orçamento; Produção e consumo; Procedimentos em matéria processual; Previdência social, proteção e defesa da saúde; Organização, garantias e direitos das PCs; Proteção à infância e juventude; Criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas causas; Educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tecnologia, pesquisa, desenvolvimento e inovação; - é REPARTIÇÃO VERTICAL; - União: competência para editar normas gerais; - A competência p/ normas gerais da União não exclui a suplementar dos Estados; - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os estados exercerão competência normativa plena, p/ atender a suas peculiaridades; - Superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe contrariar. → Classificação doutrinária – competência suplementar: Competência suplementar complementar: exercida quando Estados e DF editam normas específicas após União editar lei com normas gerais; Competência suplementar supletiva: exercida quando Estados e DF legislam plenamente em decorrência da inércia da União em editar lei com normas gerais. - Obs.: os Municípios não foram contemplados. Ainda assim, possuem competência constitucional genérica – arts. 30, II e 30, I: Suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; Legislar sobre assuntos de interesse local. - ou seja: na prática, podem legislar sobre as matérias elencadas no rol de competências concorrentes, ainda que o art. 24 não o tenha incluído, por força do art. 30, I e II, CR. Entretanto, tal exercício se dá sempre de forma harmônica às competências concorrentes de União, Estados e DF. Inclusive, o STF tem adotado esse entendimento em reiterados julgados, sobretudo no que tange ao meio ambiente. Com fundamento nele, já foram julgadas válidas: - lei municipal que proíbe o uso de sacolas plásticas à base de polietileno ou derivadas de petróleo pelo comércio local; - lei municipal que proíbe a queima de palha de cana-de-açúcar em seu território. - Obs.2: Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (SNCTI) → deverá ser organizado em regime de colaboração entre entes, tanto públicos quanto privados Finalidade: promover desenvolvimento científico e tecnológico e a inovação; Constituição: uma vez estabelecidas as normas gerais pela União, estados, municípios e DF exercerão concorrentemente competência legislativa sobre as peculiaridades. 6) Competências Estaduais - são residuais; - entretanto, algumas foram previstas na Constituição: Competência comum, paralela ou cumulativa (art. 23; caráter administrativo); Competência legislativa delegada pela União para questões específicas das matérias de competência privativa (art. 22, p. único); Competência legislativa concorrente (art. 24; estados suplementam as normas gerais da União ou exercem competência plena, se tais normas não existirem); Competência tributária (arts. 145 + 149, § 1º + 155; impostos, taxas, contribuições de melhoria e contribuições previdenciárias). 7) Competências do Distrito Federal - DF: posição anômala Não é equiparado aos municípios, pois a ele foram atribuídas competências dos estados; Não é equiparado aos estados, pois a ele não foram atribuídas todas as competências dos estados. Ex.: - organizar e manter Judiciário, MP do DF-T e a DP-T (exclusiva da União); - organizar e manter PC, PM, CBM do DF (exclusiva da União). Apesar disso, eles são subordinados ao Governador do DF; - Competências: Competência remanescente dos estados-membros (art. 25, § 1º); Competência enumerada dos municípios (art. 30); Competência comum, paralela ou cumulativa (art. 23; administrativa); Competência legislativa delegada pela União (art. 22, p. único, CR; questões específicas); Competência legislativa concorrente (art. 24; legislativa); Competência tributária expressa dos estados e municípios (art. 145 + 149, § 1º + 149-A + 155 + 156; impostos, taxas, contribuições de melhoria; contribuições previdenciárias e contribuição de iluminação pública).
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