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Violência urbana

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INTRODUÇÃO
A segurança pública está entre as maiores preocupações da sociedade brasileira nos dias atuais. Disputa com a saúde e a educação a prioridade na atenção de autoridades e imprensa. Não há plataforma de governo que não contemple ações no âmbito da segurança, seja na prevenção, seja na ação direta contra a violência. O noticiário, por sua vez, acompanha diariamente tudo o que diz respeito a essa questão. Trata-se de um desafio de todos.
O desafio em questão é combater essa crescente violência urbana que em toda sua plenitude tem envolvido grande parte da sociedade mundial. No Brasil, a violência tem feito milhares de vítimas, em alguns casos esse ato é praticado pela própria família, além de inúmeros outros ocorridos nas ruas.
Ao observarmos o quadro atual da violência urbana, muitas vezes não nos atentamos para os fatores que conduziram a tal situação, no entanto, podemos exemplificar o crescimento urbano desordenado determinado pelo acelerado processo de êxodo rural.
Ainda que se encontrem dificuldades para definir o termo violência, a violência urbana engloba uma série de violências como a doméstica, escolar, dentro das empresas, contra os idosos, crianças e mulheres e tantos outros que existem e que geram esse emaranhado que se tem conhecimento.
Todavia tomando alguns elementos consensuais sobre o tema, podemos delimitar a violência como: a noção de coerção ou força; o dano que se produz em indivíduo ou grupo de indivíduos pertencentes à determinada classe ou categoria social, gênero ou etnia. Por base nesse contexto, dizemos que há violência quando em uma situação de interação, um ou vários atores agem de maneira direta ou indireta, maciça ou esparsa, causando danos a uma ou a mais pessoas em graus variáveis, seja em sua integridade física, seja em sua integridade moral, em suas posses, ou em suas participações simbólicas e culturais.
Existem autoridades que acreditam na solução da violência por meio de reforço policial, equipamentos de segurança e na invasão de regiões onde o tráfico se localiza, porém tais situações somente geram maiores problemas, quando os maiores prejudicados são pessoas inocentes que residem nestes locais.
Adiante, verá uma abordagem sobre este tema de uma maneira mais profunda, destacando-se as principais causas deste mal que assola tanto a humanidade, e demostrando por meios de dados estatísticos o mapa da violência no Brasil.
 1 VIOLÊNCIA URBANA
Definição
A violência urbana, que nos faz vítimas todos os dias, consiste em assaltos, agressões físicas, estupros, sequestros, homicídios e tantos outros delitos, não é nova, existindo desde épocas remotas. Atualmente, sua natureza e formas de manifestação expressam-se conforme as condições das cidades, consideradas estas as regiões urbanas que possuem mais de 25 mil habitantes, dependendo das condições sociais e econômicas das comunidades. Assim, nos aglomerados desenvolvidos são cometidos mais crimes contra a propriedade; nos em desenvolvimento, delitos contra a pessoa, como lesões corporais e homicídios. Ela é parte do cotidiano das cidades brasileiras, fazendo com que o Brasil, em 2010, em pesquisa de 2013, tenha sido o país com o maior número de assassinatos em todo o mundo (Folha de S.Paulo, 14 mar., C4).
Na década de 1970, na França, experiências com ratos demonstraram que, agrupados em gaiolas, enquanto em pequeno número não se lesavam. Quando, entretanto, maior o número de animais nas gaiolas, aumentavam os ataques entre eles, chegando até a formação de quadrilhas para subtrair alimentos das vítimas. No plano da humanidade, quanto maior o número de habitantes em uma cidade, maior é o de violência urbana. Nos idos de 1970, as cidades a partir de 200 mil habitantes começavam a sofrer questões de delinquência e vitimização. Hoje, em face do progresso da tecnologia e dos meios de comunicação e transporte, essas ocorrências têm aumentado significativamente e se espalhado por todas as regiões do Brasil. Não há mais regiões seguras.
Em certos casos, devido à perseguição da polícia, ocorre uma migração de criminosos para zonas em que a repressão é menos intensa, abarcando suas atividades zonas inteiras, compostas de várias comunidades. É o que ocorre em determinadas regiões interioranas do Estado de São Paulo, nas quais, até meados de 1960, passavam-se anos e anos sem a prática de homicídios. Nos dias atuais, a taxa anual de ataques físicos tem aumentado cerca de 30%. É o que acontece, por exemplo, na cidade de Bauru (SP), em que a taxa de homicídios cresceu 30% nos últimos anos. Nas grandes aglomerações de habitantes, Maceió, a cidade mais violenta do Brasil, de 2000 a 2010, teve o número de homicídios aumentado extraordinariamente, chegando a apresentar “áreas vetadas para circulação”, como o Vergel do Lago, tendo em vista a criminalidade urbana (Folha de S.Paulo, idem, C5).
Circunstância especial a ser apontada, anote-se, é a construção de presídios fora dos grandes centros. Ao lado deles, em pouco tempo, mudam-se os familiares de detentos, formando comunidades sem proteção social.
 	 A violência urbana, na faixa de furtos e roubos a mão armada, ocorre geralmente nas grandes cidades, onde o número de vítimas presumivelmente abastadas é maior. Nas cidades menores, a vitimização apontada alcança o tráfico nacional e internacional de seres humanos, onde se acreditam viverem vítimas menos experientes do que as de grandes centros. Mas nem sempre isso acontece, uma vez que os autores de pequenos assaltos contentam-se com quantias pequenas de dinheiro, geralmente na casa dos R$ 10 a R$ 50,00, capazes de permitir a compra de doses suficientes de maconha e outras drogas de pequeno valor. Recentemente, as companhias de turismo da França recomendaram que os visitantes, quando na cidade do Rio de Janeiro, estivessem com R$ 50,00 para entregar ao ladrão, fato que também já foi recomendado pelos Estados Unidos.
A população urbana de hoje é maior do que o total mundial de 2000. Acredita-se que, em um futuro bem próximo, 70% das pessoas passem a viver nas grandes cidades. Entre nós, esse fenômeno social está ocorrendo há muitos anos, espantando o número de pessoas que, deixando os campos, transferem-se para as cidades. No interior de São Paulo, não é difícil ver abandonadas colônias inteiras de casas de fazendas, onde moravam milhares de famílias de trabalhadores rurais. Nos dias atuais ainda é possível ver, nas regiões de Duartina, Marília e Arealva (SP), fileiras de casas de colonos abandonadas por famílias que fugiram para cidades à procura de vida melhor.
Vindo para os grandes centros, engrossam o número de desabrigados, sem emprego e sem rumo. Em alguns casos, as filhas servem de vítimas de tráfico sexual internacional; os filhos, às vezes, desabam para as drogas e o crime contra a propriedade. No interior de São Paulo, temos conhecimento de alguns filhos de antigos sitiantes e trabalhadores rurais que, vindo para as cidades grandes, dada a sua possível ingenuidade e falta de conhecimento dos perigos dos relacionamentos sociais, engrossam a delinquência juvenil e não raro são confundidos pela polícia como componentes de quadrilhas especializadas em comércio de drogas, armas de fogo e pequenos assaltos.
Estima-se que, em 2030, 30% dos pobres do mundo inteiro estejam vivendo nas grandes cidades; em 2050, esse número passará a 50%. Desse total, entre 30% e 70% não terão condições sociais de vida (saúde, educação, emprego etc.). Nessa época, no Brasil, pesquisa do fim do século passado sobre nosso futuro indicava a existência de 60% de miseráveis. Temos esperança de que isso não ocorra.
Diante de fatores presentes de natureza social inerente a cada indivíduo e de conjuntos de determinantes que se originam na convivência dos grupos e nas estruturas da sociedade, Durkheim, em fins do século passado, escreveu um tratado sobre o tema do suicídio que pode ser considerado uma das pedras fundamentais da moderna Sociologia. Ressaltava o autor que as taxas de suicídio representam um excelente indicador dasituação social, e que seus movimentos se encontram fortemente relacionados a problemas gerais que afetam o conjunto social. Entendia ele que a sociedade não é simplesmente o produto da ação e da consciência individual. Pelo contrário, as maneiras coletivas de agir e de pensar resultam de uma realidade exterior aos indivíduos que, em cada momento, a elas se adequam. O tratamento do crime, da violência e do suicídio como fato social permitir-lhe-ia reabilitar cientificamente esses fenômenos e demonstrar que a prática de um crime depende não tanto do indivíduo, senão das diversas formas de coesão e de solidariedade social.
 	  
As causas
Se a violência é urbana, pode-se concluir que uma de suas causas é o próprio espaço urbano? Os especialistas na questão afirmam que sim: nas periferias das cidades, sejam grandes, médias ou pequenas, nas quais a presença do Poder Público é fraca, o crime consegue instalar-se mais facilmente. São os chamados espaços segregados, áreas urbanas em que a infraestrutura urbana de equipamentos e serviços (saneamento básico, sistema viário, energia elétrica e iluminação pública, transporte, lazer, equipamentos culturais, segurança pública e acesso à justiça) é precária ou insuficiente, e há baixa oferta de postos de trabalho.
Esse e os demais fatores apontados pelos especialistas não são exclusivos do Brasil, mas ocorrem em toda a América Latina, em intensidades diferentes. Não é a pobreza que causa a violência. Se assim fosse, áreas extremamente pobres do Nordeste não apresentariam, como apresentam, índices de violência muito menores do que aqueles verificados em áreas como São Paulo, Rio de Janeiro e outras grandes cidades. E o País estaria completamente desestruturado, caso toda a população de baixa renda ou que está abaixo da linha de pobreza começasse a cometer crimes.
Outros dois fatores para o crescimento do crime são a impessoalidade das relações nas grandes metrópoles e a desestruturação familiar. Esta última é causa e também efeito. É causa porque sem laços familiares fortes, a probabilidade de uma criança vir a cometer um crime na adolescência é maior. Mas a desestruturação de sua família pode ter sido iniciada pelo assassinato do pai ou da mãe, ou de ambos.
No entanto, alguns especialistas afirmam que essa causa deve ser vista com cautela. Desestrutura familiar, por exemplo, não quer dizer, necessariamente, ausência de pai ou de mãe; ou modelo familiar alternativo. Desestrutura familiar tem a ver com as condições mínimas de afeto e convivência dentro da família, o que pode ocorrer em qualquer modelo familiar.
Também não é o desemprego. Mas o desemprego de ingresso – quando o jovem procura o primeiro emprego, objetivando sua inserção no mercado formal de trabalho, e não obtém sucesso – tem relação direta com o aumento da violência, porque torna o jovem mais vulnerável ao ingresso na criminalidade. Na verdade, o desemprego, ou o subemprego, mexe com a autoestima do jovem e o faz pensar em outras formas de conseguir espaço na sociedade, de ser, enfim, reconhecido.
Sem conseguir entrar no mercado de trabalho, recebendo um estímulo forte para o consumo, sem modelos próximos que se contraponham ao que o crime organizado oferece (o apoio, o sentimento de pertencer a um grupo, o poder que uma arma representa, o prestígio), um indivíduo em formação torna-se mais vulnerável.
O crescimento do tráfico de drogas, por si só, é também fator relevante no aumento de crimes violentos. As taxas de homicídio, por exemplo, são elevadas pelos “acertos de conta”, chacinas e outras disputas entre traficantes rivais.
E, ainda, outro fator que infla o número de homicídios no Brasil é a disseminação das armas de fogo, principalmente das armas leves. Discussões banais, como brigas familiares, de bar e de trânsito, terminam em assassinato porque há uma arma de fogo envolvida.
Custos da violência urbana
O Brasil contabiliza cerca de 30 homicídios para cada 100 mil habitantes ante a média mundial de cinco. O resultado anual de homicídios pode ser comparado ao número de vítimas de uma guerra civil. Em 2001, foram notificados um milhão de crimes contra o patrimônio na cidade de São Paulo, sem considerar aqueles que não tiveram o registro da ocorrência nas Polícias Civil e Militar, e que são a maioria, de acordo com pesquisa do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), da Presidência da República, em parceria com a Universidade São Paulo (USP) e o Instituto Latino-Americano das Nações Unidas para a Prevenção do Delito e o Tratamento do Delinquente (Ilanud).
A segurança deve ser considerada um direito de cidadania, pois significa liberdade (respeito ao indivíduo) e ordem (respeito às leis e ao patrimônio), que são fundamentais para o desenvolvimento econômico e social. Estudos da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e do Banco Interamericano de Desenvolvimento estimam que os custos da violência atingem 10% do PIB, algo em torno de R$ 130 bilhões. São recursos que deixam de gerar empregos na cadeia produtiva, de investimentos e consumo, favorecendo a expansão apenas dos serviços especializados de segurança.
O estudo da FGV calcula que o número de vigilantes hoje no Brasil é 3,5 vezes o contingente das forças armadas nacionais, com o agravante de que esses primeiros possuem qualificação discutível e andam armados.
A violência urbana afeta, de forma incisiva, as decisões de investimento no País. Nem mesmo a justificativa do potencial mercado consumidor é suficiente para revertê-la. Nenhuma empresa quer pôr em risco a vida de seus profissionais e a segurança de seu patrimônio. Ademais, a liberalização comercial global facilita a importação de produtos que poderiam ser produzidos no Brasil. Isto é, a violência é fator competitivo no mercado internacional e, contrariando as nossas necessidades, exporta empregos.
Nesse contexto, o setor turístico brasileiro, de enorme potencial e diferencial, acaba sendo o maior prejudicado. O turismo tem capacidade de gerar empregos em escala, até mesmo porque a qualificação de sua mão-de-obra é muito rápida. Solução perfeita para reduzir o desemprego no País e que a violência urbana solapa.
O tipo de violência urbana que se presencia no Brasil é fundamentado no crime organizado, que é a pior de todas, pois cria um poder paralelo. Para o Estado, a violência urbana também representa dispêndios significativos. São retirados recursos da saúde, da educação e do saneamento básico para financiar a infraestrutura penitenciária, os serviços de apoio às vitimas etc. O Estado também perde com o abalo na confiança da população em suas instituições.
O cidadão é muito penalizado com a violência urbana, pela perda de sua liberdade, com os riscos presentes no cotidiano, com a menor oferta de empregos e com a deterioração dos serviços públicos. Para as famílias, a perda do pai ou da mãe, na faixa etária entre 25 e 40 anos, deixa uma legião de órfãos que terá de mendigar ou aderir ao crime organizado para obter seu sustento.
Quanto ao porte de armas
Há uma grande correlação entre o porte de armas pela população e a violência urbana, o que já foi comprovado pela polícia de Nova Iorque (E.U.A.), de Johannesburgo (África do Sul) e de São Paulo. Na década de 90, o Brasil foi responsável por cerca de 12% das mortes por arma de fogo registradas no mundo. Pesquisa realizada pelo Ilanud, da Organização das Nações Unidas (ONU), em parceria com o Datafolha, em 1997, mostrava que nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro existiam 2,5 milhões de armas registradas, na época. Isto sem falar nas clandestinas. Esse trabalho apontou que o cidadão que mais se arma, legalmente, tem curso superior e rendimentos acima de R$2.300,00.
A polêmica sobre o porte de armas pela população não tem consenso nem mesmo dentro da esfera jurídica, na qual há vários entendimentos como: “o cidadão tem direito a reagir em legítima defesa, e não pode ser cerceado seu acesso aos instrumentos de defesa”, ou “a utilização da força é direito exclusivo do Estado”, ou “o armamento pela populaçãomostra que o Estado é incapaz de garantir a segurança pública”. Independente do quão caloroso seja o debate, as estatísticas estão corretas: mais armas potencializam a ocorrência de crimes, sobretudo num ambiente em que essas sejam obtidas por meios clandestinos. A partir daí, qualquer fato corriqueiro pode tornar-se letal.
O porte de arma pelo cidadão pode dar uma falsa sensação de segurança, mas na realidade é o caminho mais curto para os registros de assaltos com morte de seu portador. No caso de abordagem por um assaltante, o cidadão armado tem dois segundos para reagir com chance de sucesso, caso contrário torna-se vítima e sua arma vai alimentar a ilegalidade.
O porte ilegal de arma é crime, de acordo com a legislação brasileira, e o porte legal de armas é bastante restrito.
A presença de arma em casa tem elevado os registros de violência contra a mulher, como decorrência da agressão física e sexual. As crianças também são numerosas vítimas de acidentes domésticos com armas de fogo. Ter armas no domicílio requer uma série de cuidados, a exemplo do cadeado no gatilho, que acaba inviabilizando uma reação rápida no caso de assalto.
O tratamento da vítima de violência armada é sempre traumático, pois deixa seqüelas psicológicas e físicas — que normalmente são a invalidez permanente (paraplegia). Os jovens de 18 a 26 anos são as maiores vítimas do armamento e dessa modalidade de violência, que, em geral, envolve espectadores inocentes que estão nas proximidades das ocorrências, em evento conhecido como “bala perdida”.
As campanhas a favor do desarmamento têm como finalidade conscientizar a sociedade de que o porte indiscriminado de armas aumenta a violência, o número de vítimas e o armamento da marginalidade. O cidadão precisa saber que ter uma arma não significa estar menos vulnerável à violência urbana.
É dever do Estado controlar o abastecimento do mercado de armas e zelar pelas restrições de sua posse e uso, bem como acabar com o fornecimento clandestino. A proliferação de armas de fogo favorece a desestabilização política e, dentre as suas consequências, estão o agravamento dos custos públicos com a violência urbana.
Os caminhos para a solução
Para um enfrentamento dessa epidemia social, a violência urbana, a participação de toda a sociedade – tanto cobrando soluções do Poder Público como se organizando em redes comunitárias de proteção e apoio, de desenvolvimento social e mesmo de questões de segurança pública – é um caminho apontado pelos especialistas. Não significa substituir as funções do Estado, mas trabalhar em conjunto. E é importante não transformar o diagnóstico, a identificação das causas, em motivo para mais violência. Afirmar que as áreas urbanas mais desprovidas de recurso facilitam a criminalidade não significa dizer que os moradores dessas áreas sejam culpados. Na verdade, além de enfrentar condições precárias de subsistência, essa população ainda é a principal vítima de crimes violentos.
A prevenção à criminalidade urbana, inclusive a violenta, só pode ter sucesso por intermédio de uma inclusão humana social, econômica e política. Não se reduz a criminalidade a níveis razoáveis unicamente por meio da lei, definindo novos fatos típicos, agravando a resposta penal e excluindo benefícios dos autores de infrações penais graves.
 A repressão à violência urbana não se faz à força, como se prendendo criminosos tivéssemos cidades limpas de péssimos indivíduos. Isso se faz, em primeiro lugar, pela educação, onde na escola cria-se um ponto importante: espaço privilegiado de convívio e de formação da pessoa precisa ter qualidade e se integrar à comunidade a sua volta. Escolas que permanecem abertas nos finais de semana, para uso da comunidade, conseguem quase eliminar o vandalismo em suas dependências.
Para proteger-se dos crimes contra o patrimônio, como fraudes, furtos e roubos, o sociólogo Tulio Kahn recomenda estratégias de “bloqueamento de oportunidades”: dificultar o acesso dos criminosos aos alvos por eles visados.
O ladrão age quando tem a oportunidade facilitada e pelo valor que possa obter com o produto do roubo. A mudança de alguns hábitos e a adoção de comportamentos preventivos, somadas a equipamentos de segurança que possam incluir de simples trancas reforçadas a sofisticados sistemas de monitoramento eletrônico de residências são recomendados pelos especialistas em segurança. A instalação de equipamentos deve levar em conta o patrimônio a ser protegido e, claro, a disponibilidade financeira.
De uma maneira mais ampla, não basta somente proteger a si mesmo. Adalberto Botarelli, psicólogo social, cita o pensamento do filósofo Espinosa, segundo o qual agimos governados por três questões: 1) uma lógica transcendental, não se faz uma coisa porque é pecado; ou 2) uma lógica do medo, não se faz pela punição possível; ou 3) pelo bem comum, porque o bem do outro é o bem de si próprio – é a lógica da ética do bem comum. De acordo com a ética do bem comum, uma pessoa não vai se preocupar com a redução dos assaltos por ser um bem para si mesma, mas por ser um bem para toda a sociedade. Nessa lógica, não existe propriamente uma defesa contra a violência, mas sim a redução do medo.
A violência é um ciclo que começa e termina nele mesmo, sem benefício para ninguém, a não ser para os líderes do crime organizado, na exploração daqueles que, direta ou indiretamente, foram ou serão suas vítimas.
 2 MAPA DA VIOLÊNCIA NO BRASIL
 2.1 Mortes matadas por armas de fogo
Divulgado por Brasília em 06/03/13 - O Mapa da Violência 2013 - Mortes Matadas por Armas de Fogo, informa que 36.792 pessoas foram assassinadas a tiros em 2010. O número é superior aos 36.624 assassinatos anotados em 2009 e mantém o país com uma taxa de 20,4 homicídios por 100 mil habitantes, a oitava pior marca entre 100 nações com estatísticas consideradas relativamente confiáveis sobre o assunto.
Entre os estados que apresentaram as mais altas taxas de homicídios estão Alagoas com 55,3, Espírito Santo com 39,4, Pará com 34,6, Bahia com 34,4 e Paraíba com 32,8. Pará, Alagoas, Bahia e a Paraíba estão entre os cinco estados também que mais sofreram com o aumento da violência na década. No Pará, o número de assassinatos aumentou 307,2%, Alagoas 215%, Bahia 195% e Paraíba 184,2%. Neste grupo está ainda o Maranhão com a disparada da matança em 282,2% entre o ano 2000 e 2010.
O Rio de Janeiro aparece em 8º lugar no ranking dos estados mais violentos com uma taxa de 26,4. O estudo mostra, no entanto, que o número de mortes por armas de fogo está em declínio. De 2000 a 2010, os assassinatos a tiros no Rio caíram 43,8%. Em São Paulo a queda foi ainda maior, 67,5%, e o estado viu a taxa de homicídio baixar 9,3%. O estado, que no início da década passada estava entre os seis mais violentos, aparece desta vez na 24º posição, atrás apenas de Santa Catarina, Roraima e Piauí.
Entre as capitais mais violentas estão Maceió, a primeira da lista com 94,5 homicídios por 100 mil habitantes. Logo depois vêm João Pessoa com taxa de 71,6, Vitória com 60,7, Salvador com 59,6 e Recife com 47,8. São taxas bem acima da média nacional, 20,4, e dos níveis considerados toleráveis pela ONU, que giram em torno de 10 homicídios por 100 mil. Com uma taxa de 23,5, o Rio aparece em 19º lugar na lista. A cidade de São Paulo apresentou taxa de 10,4 e está na 25ª colocação.
Para Júlio Jacobo Waiselfisz, coordenador do Mapa da Violência 2013, a declarada priorização da segurança pública por governadores e iniciativas do governo federal tais como a campanha do desarmamento não foram suficientes para forçar a queda dos índices de violência na primeira década do século XXI. Do ano 2.000, segunda metade do governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, até o fim do segundo mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, 2010, foi registrada uma taxa de aproximadamente 20 homicídios com armas de fogo por 100 mil habitantes.
— Não tenho elementos para julgar (a correção) das políticas de segurança. Mas seestá havendo alto índice de violência, nossas políticas não são suficientes — comenta Jacobo.
O estudo confirma ainda a "nacionalização" dos homicídios e duas diferentes tendências da violência. O número de assassinatos a tiros tem aumentado em áreas tradicionalmente hospitaleiras do Norte e do Nordeste e diminuído no Sudeste, a partir de avanços registrados em São Paulo e no Rio de Janeiro. Dos cinco estados mais violentos do país em 2010, três estão na região Nordeste: Alagoas, Bahia e Paraíba. Quatro das cinco cidades com os piores dados estão no litoral da região: Maceió, João Pessoa, Salvador e Recife.
Para Jacobo, a escalada da violência em cidades e estados do Nordeste não significa que está havendo uma "nordestinização" da matança. Para ele, o que está havendo é a expansão em âmbito nacional da criminalidade. As mortes violentas, que antes de concentravam em grandes centros urbanos como São Paulo e Rio, estão se espalhando pelo país. O movimento acompanharia a desconcentração industrial e os deslocamentos populacionais ligados às atividades econômicas.
Santa Catarina sofreu aumento de homicídios de 44,5% na década, embora ainda permaneça com taxa de 8,5 homicídios por grupos de 100 mil. O Distrito Federal, com uma taxa de 25,3 por 100 mil, está em 9º lugar no ranking de assassinatos com armas de fogo.
 Entre as cinco cidades mais perigosas do país estão: Simões Filho, na Bahia, com taxa de 141,5 homicídios por 100 mil habitantes; Campina Grande do Sul, no Paraná, com 107,0, Lauro de Freitas (BA) com 106,6, Guaíra com 103,9, e Maceió com 91,6. São números piores que o de Medellin e Bogotá, na Colômbia, no auge do poder do narcotráfico de Pablo Escobar. Para Jacomo, a onda de violência em algumas cidades e estados brasileiros também estaria ligada ao narcotráfico, ao crime organizado e a grande quantidade de armas em circulação.
Pelo estudo, 70% dos homicídios no país são cometidos com armas de fogo. Uma explicação seria a disseminação da cultura da violência. Segundo o pesquisador, muitos homicídios resultam dos chamados conflitos de proximidade. São desentendimentos em que uma das partes, ao invés de tentar eliminar o conflito, mata o oponente.
Taxas de mortalidade (em 100 mil) da população total e jovem por armas de fogo segundo causa básica. Brasil.1980/2010
Fonte: SIM/SVS/MS
 2.2 Homicídios por raça/cor
O Sistema de Informações de Mortalidade do Ministério da Saúde inicia a divulgação de seus dados em 1979, mas somente em 1996 começa a oferecer informações referentes à raça/cor das vítimas, porém, com grandes problemas de subregistro até 2002. Por esse motivo, começamos a analisar as informações sobre esse tema recém a partir de 2002.
Voltando à classificação por raça ou cor das certidões de óbito, nas tabelas abaixo podemos observar que, com fortes oscilações de um ano para outro, a tendência geral desde 2002 é: queda do número absoluto de homicídios na população branca e de aumento nos números da população negra. E essa tendência se observa tanto no conjunto da população quanto da população jovem.
Evolução do número de homicídios, da participação e da vitimização por raça/cor das vítimas na população total. Brasil, 2002/2010.
Fonte: SIM/SVS/MS
* soma das categorias preta e parda
Evolução do número de homicídios, da participação e da vitimização por raça/cor das vítimas na população jovem. Brasil, 2002/2010.
Fonte: SIM/SVS/MS
* soma das categorias preta e parda
Taxas de homicídio total (em 100 mil) por idades simples e cor. Brasil. 2010
Entre 2002 e 2010, segundo os registros do Sistema de Informações de Mortalidade, morreram assassinados no país 272.422 cidadãos negros, com uma média de 30.269 assassinatos ao ano. Só em 2010 foram 34.983. Esses números já deveriam ser altamente preocupantes para um país que aparenta não ter enfrentamentos étnicos, religiosos, de fronteiras, raciais ou políticos: representa um volume de mortes violenta bem superior à de muitas regiões do mundo que atravessaram conflitos armados internos ou externos.
Segundo os dados disponíveis, isso acontece paralelamente a fortes quedas nos assassinatos de brancos. Dessa forma, se os índices de homicídio do país nesse período estagnaram ou mudaram pouco, foi devido a essa associação inaceitável e crescente entre homicídios e cor da pele das vítimas:
Considerando o conjunto da população, entre 2002 e 2010 as taxas de homicídios brancos caíram de 20,6 para 15,5 homicídios – queda de 24,8% – enquanto a de negros cresceu de 34,1 para 36,0 – aumento de 5,6%.
Com isso a vitimização negra na população total, que em 2002 era 65,4 – morriam assassinados, proporcionalmente, 65,4% mais negros que brancos, no ano de 2010 pulou para 132,3% – proporcionalmente, morrem vítimas de homicídio 132,3% mais negros que brancos.
As taxas juvenis duplicam, ou mais, às da população total. Assim, em 2010, se a taxas de homicídio da população negra total foi de 36,0; a dos jovens negros foi de 72,0.
Entre os jovens a brecha foi mais drástica ainda: as taxas de homicídio de jovens brancos passaram, nesse período, de 40,6 para 28,3 – queda de 30,3% – enquanto a dos jovens negros cresceu de 69,6 para 72,0 – crescimento de 3,5%.
Com isso, a vitimização de jovens negros, que em 2002 era de 71,7%; no ano de 2010 pulou para 153,9% - morrem, proporcionalmente, duas vezes e meia mais jovens negros que brancos.
Outro dado significativo é que o motor dessa vitimização não se encontra no crescimento dos homicídios negros – que aumentaram de forma moderada no período – mas sim nas fortes quedas dos homicídios brancos, o que nos remete não a contextos globais da sociedade, mas sim a estratégias e políticas de segurança e proteção da cidadania que incidem diferencialmente nos segmentos da população. 
Esse é o panorama nacional, algo assim como a média. Mas se descemos às Unidades da Federação temos situações extremas que devem ser fonte de séria atenção:
Oito unidades ultrapassam a marca dos 100 homicídios para cada 100 mil jovens negros: Alagoas, Espírito Santo, Paraíba, Pernambuco, Mato Grosso, Distrito Federal, Bahia e Pará. São estados que apresentam também elevados índices de homicídios negros na população total.
Algumas dessas unidades, como Alagoas e Paraíba, por ostentar baixas taxas na sua população branca, atingem índices de vitimização intoleráveis: em torno 20 homicídios de jovens negros para cada jovem branco assassinado.
Essa heterogeneidade é ainda maior quando desagregamos os dados para os municípios, heterogeneidade que permite pensar que o município deveria ser o foco estruturador das políticas de enfrentamento, dada a enorme diversidade de situações e a existência de focos extremos de violência racial inaceitável.
 2.3 Homicídio de mulheres no Brasil
O Mapa da Violência 2013: Homicídios e Juventude no Brasil, divulgado em 18/07/13, revela que mulheres com idade entre 15 e 24 anos foram as principais vítimas de homicídio na última década. O estudo, realizado pelo sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, com o apoio da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (FLACSO) e do Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos (CEBELA), aponta que, de 2001 a 2011, o índice de homicídios de mulheres aumentou 17,2%, com a morte de mais de 48 mil brasileiras nesse período. Só em 2011 mais de 4,5 mil mulheres foram assassinadas no país. Desse total, a taxa de mortes entre as mulheres jovens foi de 7,1 por grupo de 100 mil, enquanto na população não jovem, com idades abaixo de 15 e acima dos 24 anos, o índice foi de 4,1.
Ao longo da década analisada, os homicídios das mulheres mais jovens foram mais frequentes do que no restante da população feminina, com taxas oscilando entre 5,9 e 7,4 mortes. Entre as não jovens, a variação foi entre 3,4 e 4,1. De 2003 a 2005, a taxa de assassinatos de mulheres jovens teve redução, passando de 7,1 para 5,9. Entretanto, desde 2007, o índice tem aumentado a cada ano, tendo seu pico em 2010, quando a taxa chegou a 7,4 mortes.
Em 2011, o Espírito Santo foio Estado com o maior índice de homicídios femininos entre a população jovem, com taxa de 21,4 mortes para cada 100 mil mulheres, enquanto a média nacional por estado é de 7,1. Vitória lidera o ranking entre as capitais, com uma taxa de 40,9 assassinatos de jovens para cada 100 mil mulheres, quase o dobro da segunda colocada, Maceió, que teve uma média de 23,2 – também muito acima do índice nacional, que foi de 9,3.
Na análise regional, o Sudeste foi a única região que conseguiu diminuir sua taxa total de homicídios de mulheres jovens por 100 mil, passando de 8,9 em 2001 para seis mortes em 2011. Contribuiu para isso o resultado apresentado por São Paulo, que passou de uma taxa de 10 para 3,6 assassinatos. O Rio de Janeiro também apresentou uma redução significativa, indo de 12,1 para sete homicídios.
O pior resultado regional foi apresentado pelo Nordeste, que passou de 4,3 assassinatos de mulheres jovens em 2001 para uma taxa de 8,2 em 2011. Com exceção do Piauí e Pernambuco, o índice dos Estados da região seguiu uma trajetória de crescimento ao longo da década. Destaque para Alagoas, com a média de 13,3, ocupando o segundo lugar no ranking nacional.
O Mapa da Violência 2013: Homicídios e Juventude no Brasil utilizou como fonte de dados o Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde e, para os dados internacionais, o Sistema de Informações Estatísticas da Organização Mundial da Saúde (Whosis).
O estudo também aponta que 96.612 mulheres foram assassinadas no Brasil de 1980 a 2011, quase a metade delas na última década. Embora represente 8% do total dos homicídios cometidos no país no período, a mortalidade feminina apresenta características diferenciadas. De acordo com o registro de atendimento por violências do Sistema Único de Saúde, em 2011 foram atendidas mais de 70 mil mulheres vítimas de violência física. Desse total, 71,8% das agressões foram cometidas em casa, e em 43,4% dos casos o agressor era o parceiro ou ex da vítima, número que chega a 70,6% quando observada apenas a faixa de 30 a 39 anos de idade.
O perfil doméstico dos crimes, com menor uso de armas de fogo, contribuiu para que a Campanha do Desarmamento, realizada em 2004 e 2005, tivesse baixo impacto sobre os índices de assassinatos de mulheres nesse período. A criação da Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340) em 2006 coincide com uma queda de 7,6% nas ocorrências de crimes contra as mulheres no ano seguinte. Porém, a partir de 2008, as taxas de homicídios femininos seguiram crescendo.
 2.4 Os jovens do Brasil
A violência contra os jovens brasileiros aumentou nas últimas três décadas de acordo com o Mapa da Violência 2013: Homicídio e Juventude no Brasil, publicado pelo Centro de Estudos Latino-Americanos (Cebela), com dados do Subsistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde. Entre 1980 e 2011, as mortes não naturais e violentas de jovens – como acidentes, homicídio ou suicídio – cresceram 207,9%. Se forem considerados só os homicídios, o aumento chega a 326,1%. Do total de 46.920 mortes na faixa etária de 14 a 25 anos, em 2011, 63,4% tiveram causas violentas (acidentes de trânsito, homicídio ou suicídio). Na década de 1980, o percentual era 30,2%.
O homicídio é a principal causa de mortes não naturais e violentas entre os jovens. A cada 100 mil jovens, 53,4 assassinados, em 2011. Os crimes foram praticados contra pessoas entre 14 e 25 anos. Os acidentes com algum tipo de meio de transporte, como carros ou motos, foram responsáveis por 27,7 mortes no mesmo ano.
Segundo o mapa, o aumento da violência entre pessoas dessa faixa etária demonstra a omissão da sociedade e do Poder Público em relação aos jovens, especialmente os que moram nos chamados polos de concentração de mortes, no interior de estados mais desenvolvidos; em zonas periféricas, de fronteira e de turismo predatório; em áreas com domínio territorial de quadrilhas, milícias ou de tráfico de drogas; e no arco do desmatamento na Amazônia que envolve os estados do Acre, Amazonas, de Rondônia, Mato Grosso, do Pará, Tocantins e Maranhão.
De acordo com o estudo, a partir “do esquecimento e da omissão passa-se, de forma fácil, à condenação” o que representa “só um pequeno passo para a repressão e punição”. O autor do mapa, Julio Jacobo Waiselfisz, explicou à Agência Brasil que a transição da década de 1980 para a de 1990 causou mudanças no modelo de crescimento nacional, com uma descentralização econômica que não foi acompanhada pelo aparato estatal, especialmente o de segurança pública. O deslocamento dos interesses econômicos das grandes cidades para outros centros gerou a interiorização e a periferização da violência, áreas não preparadas para lidar com os problemas.
Nos estados e capitais em que eram registrados os índices mais altos de homicídios, como em São Paulo e no Rio de Janeiro, houve redução significativa de casos, devido aos investimentos na área. São Paulo, atualmente, é a capital com a maior queda nos índices de homicídios de jovens nos últimos 15 anos (-86,3%). A Região Sudeste é a que tem o menor percentual de morte de jovens por causas não naturais e violentas (57%).
Em contraponto, Natal (RN), considerado um novo polo de violência, é a capital que registrou o maior crescimento de homicídios de pessoas entre 15 e 24 anos – 267,3%. A região com os piores índices é a Centro-Oeste, com 69,8% das pessoas nessa faixa etária mortas por homicídio.
 2.5 Homicídios e evolução geral no Brasil
No histórico de 30 anos que atualmente disponibiliza o Sistema de Informações de Mortalidade do Ministério da Saúde, sintetizados na tabela e gráfico abaixo, podemos ver que o Brasil passou de 13.910 homicídios em 1980 para 49.932 em 2010, um aumento de 259% equivalente a 4,4% de crescimento ao ano.
Número e taxas de homicídio (em 100 mil). Brasil. 1980/2010*
Fonte: SIM/SVS/MS *2010: dados preliminares
Evolução das taxas de homicídio. Brasil, 1980/2010*
Fonte: SIM/SVS/MS *2010: Dados preliminares
Segundo os censos nacionais a população do país, também cresceu, embora de forma bem menos intensa. Passou de 119,0 para 190,7 milhões de habitantes, crescimento de 60,3%. Considerando a população, temos a evolução dos índices indicada no gráfico acima. Passamos de 11,7 homicídios em 100 mil habitantes em 1980 para 26,2 em 2010. Um aumento real de 124% no período ou 2,7% ao ano.
Uma segunda questão que surge imediatamente é a evidente quebra na série histórica que se observa a partir de 2003. Até esse ano, as taxas de homicídio cresceram 4,4% aa. Entre 2003 e 2010 o crescimento foi negativo: 1,4% aa. Mais ainda, as quedas foram significativas só nos anos 2004 e 2005. A partir dessa data, os quantitativos apresentam oscilações, aumentando um ano, caindo outro, o que denota uma situação de equilíbrio instável. Vários fatores concomitantes e complexos parecem intervir na explicação dessas quebras e oscilações a partir de 2003: políticas de desarmamento, planos e recursos federais e estratégias de enfrentamento de algumas UF parecem atuar concomitantemente, como tentaremos por em evidência nos diversos capítulos do presente estudo.
No total desses 30 anos o país já ultrapassou a casa de um milhão de vítimas de homicídio. Os números são de tal magnitude que fica difícil construir uma imagem mental para assimilar ou entender a sua significação.
Se analisarmos as mortes violentas no Brasil, vemos que a média anual de mortes por homicídio no país supera, e em casos de forma avassaladora, o número de vítimas em muitos e conhecidos enfrentamentos armados no mundo.
E não precisaríamos ir tão longe. Recentemente, foi publicado o Relatório sobre o Peso Mundial da Violência Armada. Tomando como base fontes consideradas altamente confiáveis, o Relatório constrói o quadro de mortes diretas em um total de 62 conflitos armados no mundo, registrados entre 2004 e 2007. 
Nos 12 maiores conflitos, que representam 81,4% do total de mortes diretas, nos 4 anos foram vitimadas 169.574 pessoas. Nesses mesmos quatro anos, no totaldos 62 conflitos, morrem 208.349 pessoas. No Brasil, país sem disputas territoriais, movimentos emancipatórios, guerras civis, enfrentamentos religiosos, raciais ou étnicos, morreram mais pessoas (192.804) vítimas de homicídio, que nos 12 maiores conflitos armados no mundo. Mais ainda, esse número de homicídios se encontra bem perto das mortes no total dos 62 conflitos armados registrados nesse relatório.
E esses números não podem ser atribuídos às dimensões continentais do Brasil. Países com número de habitantes semelhante ao do Brasil, como Paquistão, com 185 mi habitantes, têm números e taxas bem menores que os nossos
3 IPATINGA EM DESTAQUE
Violência em Ipatinga e Fabriciano dispara nos primeiros meses de 2013
Números parciais do ano assustam e alguns já se aproximam do total de 2012
IPATINGA – A violência em Ipatinga e Coronel Fabriciano está aumentando em ritmo acelerado ao longo deste ano. É o que mostram os números divulgados da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), e que revelaram crescimento da criminalidade nas duas maiores cidades do Vale do Aço – o levantamento contempla apenas municípios mineiros com mais de 100 mil habitantes, deixando de fora, portanto, os outros municípios da região, Timóteo e Santana do Paraíso.
O levantamento aponta a incidência de delitos dividindo-os em duas categorias: crimes violentos e crimes violentos contra o patrimônio. Traz ainda os registros mensais de assassinatos e quantidade de vítimas fatais de homicídios.
A categoria crimes violentos reúne práticas como homicídio consumado, homicídio tentado, sequestro e cárcere privado, roubo consumado, extorsão mediante sequestro, estupro consumado e estupro tentado.
Neste quesito, a cidade de Coronel Fabriciano tem registrado uma crescente desde o início do ano, na comparação com 2012. Em maio, os números chegaram ao ápice, com a incidência de 32 práticas desta natureza, enquanto no mesmo período do ano passado foram “apenas” 23.
Já os crimes violentos contra o patrimônio, que agrega o roubo consumado e a extorsão mediante sequestro, vêm sendo reduzidos desde o mês de março e registrou o menor índice de 2013 em maio, com 16 ocorrências.
 3.1 Homicídios
Não é de hoje que o alto índice de assassinatos em Fabriciano assusta e choca a toda população do Vale do Aço. E os números da Seds não são tranquilizadores. Somente nos cinco meses iniciais de 2013, 20 pessoas já foram mortas na cidade. No mês passado, foram registrados sete homicídios contra cinco do mesmo período de ano anterior. O número foi o maior desde novembro do ano passado, que teve, ao todo, 40 assassinatos.
Somente em 17 de maio e madrugada do dia 18, três execuções aconteceram em diferentes locais de Fabriciano. Os crimes vitimaram Jeferson Luiz de Lima, 17 anos, morto no bairro Silvio Pereira II, Marcos Pires Gonçalves, 25 anos, assassinado no bairro Vila São Francisco e Sérgio Ferreira Gomes, 32 anos, que teve seu corpo encontrado em um lote no bairro Jardim Primavera. Os três foram mortos a tiros e os crimes ocorreram no espaço de menos de 24 horas.
A escalada da violência em Ipatinga também acompanha a vizinha Coronel Fabriciano. Se durante todo o ano de 2012, foram feitos pelas polícias 753 registros de crimes violentos, neste ano, nos cinco primeiros meses, este número já é de 468, ou 62% do total do ano passado. Os crimes violentos contra o patrimônio na cidade também se mostram alarmantes: somente até maio foram 385 delitos desta natureza. Durante todo o ano passado foram 613 registros.
Os homicídios na cidade em 2013 chegaram a cair no mês de abril, mas voltaram a subir em maio e chegaram a seis no mês passado. De janeiro até o mês passado, 31 pessoas foram assassinadas na cidade, enquanto no ano passado foram registradas 47 mortes.
Em um levantamento elaborado pela própria Seds em parceria com a Fundação João Pinheiro, de Belo Horizonte, apontou Ipatinga como a quarta cidade do Estado no ranking dos crimes violentos, atrás dos municípios de Pouso Alegre, Poços de Caldas e Juiz de Fora. A capital mineira está na nona posição.
CONCLUSÃO
É inegável que vivemos dias difíceis e a violência urbana é o mal que assola as comunidades que vivem em centros urbanos; abrangendo não só a estas, mas à sociedade de uma maneira geral. Se cada uma das mortes tem sua história individual, seu conjunto de determinantes e causas diferentes e específicas para cada caso, irredutíveis em sua diversidade e compreensíveis só a partir de seu contexto específico, sociologicamente falando temos que perceber como deverá ser desenvolvido um trabalho de integração das políticas de segurança pública e a própria sociedade.
Um número determinado de mortes violentas acontece todos os anos, levemente maior ou menor que o número de mortes ocorridas no ano anterior. Sem muito esforço, a partir desses dados, é possível prognosticar, com certa margem de erro, quantos jovens morrerão em nosso país no próximo ano por causas violentas.
E são essas regularidades as que nos possibilitam inferir que, longe de ser resultado de decisões individuais tomadas por indivíduos isolados, estamos perante fenômenos de natureza social, produto de conjuntos de determinantes que se originam na convivência dos grupos e nas estruturas da sociedade e que determinam o rumo a que isso possa chegar.
BIBLIOGRAFIA
www.mundoeducacao.com/geografia/violencia-urbana-no-brasil.htm
www.serasaexperian.com.br/guiacontraviolencia/violencia_caminhos.htm
Jornal Carta Forense – Violência urbana, 02/04/13 por Damásio Evangelista de Jesus.
www.alunosonline.com.br/sociologia/violencia-urbana.html
www.mapadaviolencia.org.br/mapa2012.php
http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2013-07-18/homicidios-de-jovens-crescem- 3261-no-brasil-mostra-mapa-da-violencia

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