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2. PROPOSTA DE REDAÇÃO - Semana Híbrida 12

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1 
PROPOSTA DE REDAÇÃO 
12ª SEMANA 
17/5/2021 
A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com 
base nos conhecimentos construídos ao longo de sua 
formação, redija texto dissertativo-argumentativo em 
norma-padrão da língua portuguesa sobre o tema 
O COMBATE À INSEGURANÇA PÚBLICA COMO PAUTA 
PRIORITÁRIA NO BRASIL, apresentando proposta de 
intervenção, que respeite os direitos humanos. Selecione, 
organize e relacione, de forma coerente e coesa, 
argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. 
 
Fonte: http//google/imagens (acesso em 17/5/2021) 
TEXTO 1 
Segurança pública brasileira: responsáveis, números e 
desafios 
A segurança pública é um tema que, de forma prati-
camente diária, está em pauta na imprensa do Brasil 
A sensação de insegurança, somada ao medo, está 
presente na vida de grande parte da sociedade civil 
brasileira, principalmente nos grandes centros urbanos. 
Assim como o acesso à saúde, à educação e à moradia, a 
garantia de ir e vir com segurança é um direito 
fundamental previsto pela Constituição Federal de 1988, 
sendo dever do Estado assegurá-lo. 
Quem é responsável pela segurança pública no Brasil? 
O Art. 144 da Constituição traz que: 
a segurança pública, dever do Estado, direito e 
responsabilidade de todos, é exercida para a preservação 
da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do 
patrimônio, através dos seguintes órgãos: 
• Polícia federal; 
• Polícia rodoviária federal; 
• Polícia ferroviária federal; 
• Polícias civis; 
• Polícias militares e corpos de bombeiros militares. 
A Polícia Federal, Rodoviária Federal e Ferroviária Federal 
são organizadas e mantidas pela União. A Polícia Militar e 
o Corpo de Bombeiros militar são forças auxiliares e 
reserva do Exército e, junto à Polícia Civil, são subordi-
nados aos governadores. 
Em um nível ministerial, há a Secretaria Nacional 
da Segurança Pública, órgão do Ministério da Justiça e 
Segurança Pública, que tem como competências 
principais e resumidas implementar, acompanhar e 
avaliar as políticas e programas nacionais voltados para a 
segurança pública. Cabe ainda a essa Secreta-
ria incentivar os órgãos estaduais e municipais a 
elaborarem planos integrados de segurança, além de 
fortalecer e integrar os órgãos responsáveis pela 
segurança dos territórios nacionais. 
Ainda segundo a Constituição Federal, o policiamento das 
ruas e a manutenção da segurança são tradicionalmente 
conferidos à Polícia Militar. 
Como mensurar a violência? 
Você sabia que, em média, a cada nove minutos, uma 
pessoa é morta violentamente no Brasil? O medo 
cotidiano ao sair de casa e transitar por vias públicas pode 
ser vivenciado por qualquer cidadão brasileiro que resida 
em uma das metrópoles do país ou mesmo em uma 
cidade de médio a grande porte. Como forma de medir o 
nível de insegurança ou violência das cidades, são 
utilizados dados de indicadores que expressam o número 
de crimes contra o patrimônio (como furtos) e a vida. Tais 
indicadores são construídos, e seus dados, coletados e 
analisados, geralmente, pelas Secretarias de 
Estado responsáveis pela segurança de cada unidade 
federativa. 
Após o recolhimento de dados em cada estado, um 
panorama nacional é publicado anualmente pelo Fórum 
Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Os crimes 
violentos letais e intencionais (CVLI) são o termômetro da 
violência no Brasil, uma vez que expressam a maior 
preocupação do cidadão quando o assunto é segurança. 
Os valores de CVLI são alarmantes: em 2016, 61.283 
pessoas morreram violentamente no Brasil. Em 2017, o 
número é de 59.128 e com perspectivas de aumento, 
sendo que o FBSP consolida os dados do ano anterior 
somente no segundo semestre do ano corrente. Ou seja, 
ano após ano, cerca de 60.000 pessoas perdem a vida de 
forma violenta em nosso país. Em 2018, o número foi um 
pouco menor, mas ainda alcançou a casa dos 51.589 
assassinatos. 
Quem mata e quem morre? 
71% das vítimas de homicídio no Brasil são negras. O 
perfil de quem mata e morre no país é o mesmo: homens 
negros, com baixa escolaridade e renda, moradores de 
periferia e com idade de até 29 anos. Além disso, 
especialistas dizem que tais crimes geralmente estão 
relacionados ao tráfico de drogas e atuação de facções 
criminosas. 
Ainda podem ser mencionados diversos recortes da 
violência no país, como os feminicídios, os assassinatos 
brutais contra a população LGBTI+ e as mortes rela-
HURIK PONTES ROCHA - hurikpontes@gmail.com - IP: 45.176.62.191
 
 
 2 
cionadas às polícias civis e militares. Em um ranking 
mundial de 83 países, o Brasil ocupa a quinta posição em 
homicídios femininos, com uma taxa de 4,8 assassinatos 
para 100 mil mulheres, das quais 65% são negras. Foram 
4.606 mulheres assassinadas em 2016, além de 49.497 
casos de estupro registrados. No que diz respeito à 
comunidade LGBTI+, ocorre um assassinato por 
dia relacionado à homofobia. Além disso, nós somos o 
país que mais mata transexuais no mundo. 
Em 2016, 453 policiais civis e militares brasileiros foram 
vítimas de homicídio e, no mesmo ano, 4.222 pessoas 
foram mortas durante ações desses órgãos policiais. Essa 
instituição brasileira é a que mais mata e morre no 
mundo, superando até mesmo países com índices de 
violência mais elevados, como Honduras, na América 
Central. 
Os desafios da segurança pública no Brasil e políticas 
públicas para sua solução 
A segurança pública no Brasil consiste em um problema 
grave. Na teoria, pensar em segurança envolve os órgãos 
policiais e o Corpo de Bombeiros, além do Ministério da 
Justiça e Segurança Pública, controle de fronteiras 
e sistema carcerário, por exemplo. Na prática, e no nosso 
recorte de segurança pública nas ruas, o termo é reduzido 
e diretamente associado à Polícia Militar. Ligados a essa 
associação, a maioria dos brasileiros têm uma visão 
negativa sobre o desempenho desses profissionais. Os 
números apontam que cerca de 70% da população do país 
não confia na instituição militar e 63% não está satisfeita 
com a sua atuação. 
Atribuir à Polícia Militar a responsabilidade de enfrentar e 
diminuir a violência é um fardo muito pesado e, por 
muitas vezes, não muito efetivo. Os crimes contra a vida 
deveriam ser tratados de uma forma intersetorial. Ou 
seja, com a implementação de políticas públicas 
inteligentes que englobam o investimento não só em 
policiamento, mas também em esporte, lazer, educação, 
saúde e acesso ao trabalho, por exemplo. De uma forma 
geral, deve-se entender que tudo está conectado, e, 
portanto, não se diminui a violência nas cidades sem que 
haja ações de melhoria na qualidade de vida dos 
principais atores que a promovem. 
A violência no Brasil atinge todas as classes sociais, logo 
as políticas públicas e a ação do Estado devem envolver 
desde os bairros de elite, até as comunidades mais 
vulneráveis. 
Boas práticas no âmbito da segurança pública 
Pelo fato de o Brasil ser um país continental, desigual com 
inúmeras peculiaridades, é de extrema importância que 
ações sejam tomadas nas esferas menores, como a 
municipal, entendendo assim os contextos locais. Políticas 
públicas eficientes no enfrentamento da violência podem 
ser amplamente desenvolvidas pelas cidades, no que diz 
respeito à prevenção de delitos e diminuição de situações 
que possibilitem a ocorrência de crimes. 
Alguns especialistas brasileiros em segurança pública 
citam o controle às armas de fogo e a diminuição da 
desigualdade social como alguns dos pontos principais no 
combate à violência. Eles ainda afirmam que o país 
precisa priorizar tal questão, incluindo efetivamente o 
tema da segurança na agenda pública nacional. É 
necessário entender a violência como um fenômeno 
complexo, variável e mutável. 
O Brasil possui os mecanismos para lidar com a questão 
da violência? O Governo já identificou as origens do 
problema? Acredita-se que sim. A insegurança pública é 
um dos problemas mais alarmantes da sociedade 
brasileira atual. Agora, políticasde longo prazo, 
inteligentes, planejadas e efetivas são fundamentais no 
seu combate. É necessário ter em mente que o 
entendimento das peculiaridades locais, o estudo de boas 
práticas nacionais e internacionais, assim como a 
priorização do assunto segurança pública nas agendas 
governamentais podem ser o ponto chave para sua 
solução. 
Fonte: https://www.politize.com.br/ (texto adaptado). 
TEXTO 2 
Formas de evitar a insegurança pública 
A lista a seguir não traz respostas definitivas, nem esgota 
as soluções que podem ser usadas para combater a 
insegurança pública, mas inclui muitas das questões que 
sempre vêm à tona no debate sobre o tema. 
Investir mais e melhor 
Estudiosos concordam que aumentar os investimentos 
em segurança é uma parte importante na resolução do 
problema. Na comparação com outros países que 
também sofrem com a violência, o Brasil ainda investe 
menos. 
Por exemplo, enquanto os custos com insegurança 
chegam a 3,3% das despesas totais do governo na 
Colômbia, e a 6,2% no México, no Brasil essa prorção 
corresponde a apenas 0,40%. 
É importante também que não só se invista mais, mas se 
invista de maneira mais eficiente e planejada. 
Abordar o problema de forma adequada na esfera 
política 
Os gestores públicos são aqueles que de fato podem 
colocar em prática as medidas que terão grande impacto 
para combater a insegurança pública. Mas, para que isso 
ocorra com os efeitos desejados, pesquisadores 
defendem que é necessário superar disputas e interesse 
políticos e tratar o problema sob o ponto de vista técnico. 
Também é necessário deixar de lado o jogo de empurra 
entre União, Estados e municípios, de modo que todas as 
esferas assumam suas responsabilidades e atuem de 
maneira integrada e não conflitante. 
Reformar e valorizar o trabalho policial 
Especialistas em segurança frequentemente ressaltam a 
necessidade de se repensar o modelo policial no país. 
Dentre as medidas apontadas como necessárias, estão a 
valorização e motivação dos agentes policiais e também a 
integração das polícias, com estratégias que foquem na 
prevenção e investigação de crimes. 
HURIK PONTES ROCHA - hurikpontes@gmail.com - IP: 45.176.62.191
 
 
 3 
Reestruturar o sistema carcerário 
O Brasil é o terceiro país que mais prende criminosos no 
mundo e sua população carcerária ultrapassa os 700 mil 
presos. Mesmo assim, os índices de criminalidade são 
altíssimos. Claramente, alguma coisa não está sendo feita 
corretamente e o erro passa pelo sistema prisional. 
Pesquisadores sempre reforçam a necessidade de se 
repensar o funcionamento das penitenciárias no Brasil. 
Dentre as questões envolvidas, presídios com 
infraestrutura e modelos adequados para o grau de 
periculosidade dos presos, desde colônias penais até 
presídios de segurança máxima. 
Deve-se dar atenção também à estrutura de trabalho e 
garantias dos agentes penitenciários, bem como um 
investimento inteligente de recursos na construção e 
manutenção dos presídios. 
Aprender com os bons exemplos 
Os índices de violência e criminalidade no Brasil são 
indiscutivelmente altos, mas eles não são homogêneos 
quando comparados os municípios ou Estados. Há cidades 
mais seguras que outras, com taxas de crimes inferiores à 
média. 
O que essas cidades estão fazendo para obter esses 
resultados? Como isso pode ser levado para a realidade 
de outros municípios? Essas são perguntas que 
especialistas, pesquisadores e gestores públicos poderiam 
fazer para encontrar soluções que ajudem a corrigir o 
problema. 
Criar envolvimento comunitário 
Combater a insegurança pública é uma tarefa que pode 
ser mais bem executada se houver o envolvimento de 
todos, respeitadas as proporções das responsabilidades 
de cada um. É fato que aos governantes cabem as 
mudanças de grande impacto, mas a sociedade também 
pode se organizar num nível comunitário. 
Existem bons exemplos de grupos de vizinhos que criam 
uma rede de colaboração e usam grupos de Whatsapp 
para tratar de assuntos relativos à segurança do entorno 
onde moram. 
Aproximar a população dos policiais 
Ainda na linha do envolvimento da comunidade, uma 
outra frente para tratar da insegurança pública é criar um 
relacionamento mais próximo entre moradores e policiais. 
Este é um ponto crítico, pois eles representam o 
elemento mais próximo que existe entre a sociedade e as 
forças de segurança, no entanto, além de ainda não haver 
um estreitamento de laços, ainda há desconfiança. Uma 
pesquisa da FGV de 2014 que mediu o índice de confiança 
nas instituições jurídicas e de segurança mostrou que 70% 
das pessoas não confiam na polícia. 
Há várias maneiras de se reverter esse quadro e uma 
delas é a criação do chamado CONSEG, Conselho 
Comunitário de Segurança. O grupo é formado por 
vizinhos e por um representante da polícia militar; uma 
ótima ferramenta para criar uma ponte entre os agentes 
de segurança e a população. 
Fonte: https://empresasminister.com.br/ 
(texto adaptado). 
TEXTO 3 
Brasil é o segundo país mais violento da América do Sul, 
aponta ONU 
A ONU divulgou, em julho de 2019, um relatório sobre 
taxas de homicídio intencional no mundo em 2017, no 
qual a América Central e América do Sul registram os mais 
altos índices, com 25,9 e 24,2 assassinatos por cada 100 
mil habitantes, respectivamente. Na lista, o Brasil ficou 
em segundo lugar no continente sul-americano, atrás da 
Ve-nezuela, com 30,5 mortes, acima da média regional. 
Na Venezuela, imersa numa profunda crise econômica e 
social, houve um "aumento dramático" das mortes violen-
tas nas últimas três décadas, passando de 13 a 56,8 homi-
cídios voluntários, um aumento de cerca de 350% que 
deixa o país como o mais violento da América do Sul. 
Ainda em relação ao continente, a Colômbia registrou 
uma tendência contrária aos vizinhos, passando de 80 
homicí-dios para 30 nas últimas três décadas. Essa queda 
é "parci-almente atribuída à intensificação das ações do 
Estado contra o tráfico de drogas". Chile e Argentina 
fecham a lista continental com 3,5 e 5,1 mortes 
intencionais respec-tivamente. 
Os dados da América Latina se destacam em relação à 
média mundial, de 6,1 homicídios, e são 
excepcionalmente mais altos que os registrados em 
outras regiões do mundo, como o sul, o oeste e o norte da 
Europa, assim como o leste asiático e Oceania, onde a 
média é de uma morte violenta por cada 100 mil 
habitantes. 
A nossa Carta Magna estabelece que a seguran-ça pública 
é obrigação do Estado. Entretanto, é fato in-questionável 
que o poder público não cumpre satisfatori-amente esse 
seu importante dever constitucional, pois, se o fizesse, 
não teríamos uma taxa de homicídios vergonho-sa, com 
quase sessenta mil assassinatos por ano, que só encontra 
paralelo com nações envolvidas em conflitos armados ou 
em guerra civil. Não é possível mais contem-porizar com 
tal situação. Devemos fazer uma reflexão profunda sobre 
as origens e implicações dessa violência epidêmica para o 
futuro do nosso país, até como nação soberana, 
mormente agora com a ascensão do crime or-ganizado, 
constituindo elemento especialmente desagre-gador do 
nosso já fragilizado tecido social. 
O domínio dos morros da cidade do Rio de Ja-neiro pelas 
várias facções criminosas ou milícias que con-trolam o 
tráfico de drogas na cidade é paradigmático. Já faz muito 
tempo que essas organizações criminosas se apossa-ram 
de frações do território nacional, nelas exercendo seu 
poder, confrontando diretamente o Estado brasileiro 
quando este tenta exercer alguma influência local, o que 
tem provocando incontáveis vítimas, inclusive, moradores 
inocentes. Como a sociedade brasileira nunca se 
mobilizou de maneira eficaz, exigindo uma solução 
definitiva para o problema, deixou espaço aberto para 
que, ao longo do tempo, a criminalidade ficasse mais forte 
e organizada, reivindicando cada vez mais poder e 
influência, replican-do-se em outros estados e 
expandindo de maneira avassa-ladora por todo o 
HURIK PONTES ROCHA- hurikpontes@gmail.com - IP: 45.176.62.191
 
 
 4 
território nacional, o que fica claro, por exemplo, pela 
violência generalizada representada pelos ataques a 
caixas eletrônicos, bancos e empresas de trans-porte de 
valores em vários estados da federação, crimes cada vez 
mais frequentes e ousados, inclusive com as qua-drilhas 
empregando armamento de guerra (fuzis, metra-lhadoras 
pesadas , granadas e explosivos). 
Essas organizações inequivocamente buscam cada vez 
mais criar e consolidar suas áreas de influência dentro do 
território nacional, com estruturas de poder autônomas e 
seguindo regramentos evidentemente conflitantes com as 
leis que regem o Estado brasileiro, e estão prosperando 
em grande medida devido a vergonhosa incompetência 
de algumas autoridades. Na área policial, são reduzidos os 
investimentos, especialmente na qualificação do pessoal 
técnico e modernização dos laboratórios de criminalística, 
o que compromete o resultado das investigações. Isso cria 
situações surreais, a exemplo da taxa de elucidação de 
crimes de homicídio, que é ínfima, variando entre 5% e 
8%, enquanto o número de homicidas efetivamente 
presos não ultrapassa 3%. 
Já no âmbito do processo judicial, ficam eviden-tes as 
deficiências da nossa legislação, uma vez que uma 
codificação pouco contemporânea, aliada a nossa reco-
nhecida ineficiência legislativa, produz um acervo legal 
detalhista e confuso, quando não, conflitante entre si, de 
maneira que não é difícil encontrar brechas e lacunas, 
que, se bem exploradas, dão ao acusado a chance de es-
capar ou retardar ao máximo a condenação. 
Desde o primórdio das civilizações, os homens fazem uso 
da brutalidade seja por riquezas, bens ou o que quer que 
os fascine ou atraia a cobiça. A única coisa que 
verdadeiramente impõe limite à violência humana é o 
temor de responder pelos próprios atos. No início do ano 
de 2017, o estado do Espírito Santo vivenciou período de 
greve policial. Durante a paralisação, reportagens mostra-
ram grupos ensandecidos invadindo e saqueando super-
mercados e lojas comerciais, até mesmo em plena luz do 
dia. Percebia-se claramente que em grande número de 
casos não se tratava de pessoas desprovidas de recursos, 
pois buscavam bens de maior valor agregado, como 
televi-sões, e não consumíveis. O fato é que estavam 
participan-do dos saques na certeza da impunidade, uma 
prova viva do que ocorre quando uma comunidade deixa 
de contar com mecanismos de controle social, 
fundamentais para o combate a violência e para a 
manutenção da ordem públi-ca. É inegável que a 
convivência dos homens em socieda-de pressupõe o 
estabelecimento de regras claras e objeti-vas, bem como 
a aplicação de sanções a quem descumpri-las. Aliás, até as 
próprias organizações criminosas reco-nhecem esse 
postulado e sempre o aplicam nas áreas que controlam, 
impondo regras de comportamento para os seus 
membros e também para as pessoas que lá vivem ou 
transitam, chegando a criar simulacros de “tribunais” para 
julgar e impor penas a quem desobedecer. 
É necessário romper com esse discurso tão falso quanto 
inconsistente, que desconsidera que o País viven-cia um 
evidente descompasso na implantação de seu pro-jeto de 
desenvolvimento social, de um lado adotando um sistema 
jurídico cada vez menos punitivo e do outro tendo uma 
sociedade cada vez mais violenta. Um discurso que, por 
um lado, omite que, quanto menos capacidade coerci-tiva 
o Estado tiver, mais poder e força as organizações 
criminosas vão conquistar e mais áreas vão controlar, en-
quanto, por outro, finge não perceber que, com a falta de 
assertividade do Estado no combate à violência, o Brasil 
pode resvalar para a completa selvageria, pois, com a 
crescente sensação de impunidade, certamente começa-
remos a assistir cidadãos e vítimas optando por fazer “jus-
tiça com as próprias mãos”. 
Fonte: https://g1.globo.com/ (texto adaptado). 
LEITURA SUPLEMENTAR 
Brasil não soluciona nem 10% dos seus homicídios 
País com maior número de mortes violentas no mundo, 
Brasil também perpetua a impunidade 
Em números absolutos, não há país no mundo com mais 
homicídios do que o Brasil. Segundo o Atlas da Violência 
de 2018, o número chegou a 62.517 pessoas que tiveram 
suas vidas tiradas em 2016. Somado à tragédia das mortes 
propriamente ditas, um outro dado alarmante ajuda a 
entender como nossa violência não só permanece alta 
como segue aumentando em muitos estados: a baixíssima 
taxa de resolução de homicídios por parte das polícias no 
país, hoje estimada em torno de 5% a 8% nacionalmente, 
favorece a perpetuação do ciclo criminalidade. 
Isso significa que, de cada cem homicídios no país, no 
máximo oito são apurados até o final, com uma definição 
do autor e das circunstâncias do crime. A própria 
porcentagem, no entanto, é uma estimativa: a tendência 
é que esses números sejam ainda menores. Quem chegou 
a 8% no início da década foi o sociólogo Julio Jacobo 
Waiselfisz, coordenador do Mapa da Violência, outra 
importante publicação sobre segurança pública no Brasil. 
Recentemente, Waiselfisz comentou que, com a 
interiorização do crime para municípios com menos 
recursos e estrutura investigativa esse número pode ter 
caído. E o índice é efetivamente menor em muitos 
estados – em Alagoas, por exemplo, estima-se que as 
autoridades só cheguem a uma solução para 2% dos 
crimes. Já a taxa de condenações pode ser até inferior, 
pois, embora a resolução costume dar argumentos mais 
sólidos perante a Justiça, nem sempre isso garante que se 
evite a impunidade. Esses números, porém, são ainda 
mais difíceis de quantificar. 
Fonte: https://www.gazetadopovo.com.br/ 
(texto adaptado). 
HURIK PONTES ROCHA - hurikpontes@gmail.com - IP: 45.176.62.191

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