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1 4.1. AÇÃO DE COBRANÇA DO DPVAT EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO ___JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE ___________ (Qualificação Completa) através de seu advogado, ins- crito regularmente na OAB/PR __________, com escritório profis- sional na ___________, onde recebe notificações e intimações, vem, com o devido respeito e acatamento, perante Vossa Exce- lência, ajuizar: AÇÃO DE COBRANÇA: Contra (Qualificação Completa), pelos motivos de fato e de direito que passa a expor: I-DOS FATOS Ocorre, que na data ___________, o pai da Requerente se envolveu em um acidente de trânsito, conforme boletim de ocor- rência em anexo, o qual veio a óbito. A filha da vítima, ora Requerente entrou com o pedido de DPVAT junto a SINSEG, na qual é reguladora de sinistros contrata- 2 da pela CIA de SEGUROS _____________ A solicitação do DPVAT foi feito em __________acom- panhada dos documentos necessários. Houve autorização para que a _______________ pagasse a respectiva indenização, en- tretanto, até a presente data não ocorreu. A Requerente não consegue entender porque o pagamen- to do seguro do DPVAT não foi pago ainda, apesar de já ter sido enviado todos os documentos necessários. O Pagamento seria feito por qualquer agência do Banco do Brasil, contudo, quando a Requerente foi em uma das agênci- as, foi informada que a indenização do DPVAT ainda não havia sido repassado. A Requerente enviou todos os documentos necessários para as Requeridas, os quais foram encaminhados mediante Avi- so de Recebimento. Que mesmo apesar de ter cumprido as buro- cracias não conseguiu receber o seguro. II- DO DIREITO Do Seguro DPVAT. A Requerente é beneficiária e tem direito de receber inde- nização em virtude de seu pai ter perdido a vida em decorrência 3 de acidente de trânsito, assim preceitua o artigo 3º da Lei 6.194/ 74, “in verbis”: Art. 3o Os danos pessoais cobertos pelo seguro es- tabelecido no art. 2o desta Lei compreendem as inde- nizações por morte, invalidez permanente e despe- sas de assistência médica e suplementares, nos va- lores que se seguem, por pessoa vitimada: (Reda- ção dada pela Lei nº 11.482, de 2007) A certeza de seu direito está evidenciada nos documen- tos que ora estão anexados. Foram cumpridas todas as formalidades exigidas pelas Requerida, exatamente nos termos dos parágrafos do artigo supracitado, “in verbis”: § 1o A indenização referida neste artigo será paga com base no valor vigente na época da ocorrência do si- nistro, em cheque nominal aos beneficiários, descontável no dia e na praça da sucursal que fizer a liqüidação, no prazo de 30 (trinta) dias da entrega dos seguintes documentos: (Redação dada pela Lei nº 11.482, de 2007) a) certidão de óbito, registro da ocorrência no órgão policial competente e a prova de qualidade de beneficários no caso de morte; (Redação dada pela Lei nº 8.441, de 1992) b) Prova das despesas efetuadas pela vítima com o seu atendimento por hospital, ambulatório ou médico assistente e registro da ocorrência no órgão policial competente - no caso de danos pessoais. 4 § 2º Os documentos referidos no § 1º serão entre- gues à Sociedade Seguradora, mediante recibo, que os especificará. A Requerente tem o direito de receber o seguro DPVAT nos termos da legislação vigente. III- DOS PEDIDOS Ante o exposto, requer digne-se Vossa Excelência: a) A citação da Requerida para que no prazo querendo apresente sua devida resposta sob pena de revelia e confissão; b) A condenar a Requerida no pagamento do seguro DPVAT, conforme preceitua a Lei 6.194/74, R$__________(Valor Corrigido). c) A condenar as Requeridas no pagamento de indeniza- ção a título de danos morais no valor de R$______________. d) Protesta por todos os meios de provas admissíveis em direito 5 Nestes Termos Pede deferimento (Local, Data) ____________ ADVOGADO OAB____ 6 4.2. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO ____ JUIZADO ESPECIAL CIVIL DA COMARCA DE__________. (Qualificação Completa), através de seu procurador judi- cial _________________, advogado, inscrito regularmente na OAB/PR _________, com escritório profissional na ______________________, onde recebe notificações e intimações, vem, com o devido respeito e acatamento perante Vossa Excelência, com fundamento na Lei 8078/90, artigos 927 c/ c o artigo 186 do Código e artigo 5º, X da CF, ajuizar: AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER CUMULADA COM PER- DAS E DANOS Em face de, ________________ pessoa jurídica de direi- to privado, com sede na ____________________, pelos motivos de fatos e de direito que passa a expor: I – DOS FATOS. O requerente relata que na data ____________06, parti- cipou do leilão promovido pela requerida na cidade de São Paulo, no qual arrematou um carro, modelo ____________ e descrição 7 _________________, pelo valor de R$___________ (doc. Ane- xo). Acontece, que até a presente data os documentos do veí- culo não foram liberados. O carro não pôde ser transportado para a residência do requerente pelo fato do mesmo estar sem os do- cumentos para a circulação; por conseqüência, o requerente teve que deixar o veículo na garagem de sua tia, a qual reside na cida- de de São Paulo, cidade onde foi realizado o leilão. O requerente tentou entrar em contato com o requerido para tentar buscar uma solução para seu problema, porém não obteve êxito, sendo informado de que o documento do veículo estava sen- do providenciado, no entanto, até a presente data o documento não foi providenciado. Informa o requerente, que efetuou uma pesquisa, e desco- briu que mais pessoas estão com o mesmo problema com o re- querido (doc. Anexo). Por fim, menciona o requerente, que comprou o carro para vender, e que deixou de realizar negócios em razão dos documen- tos estarem enrolados. II-DO DIREITO. O produto vendido pela requerida se mostrou inadequado 8 e impróprio para o uso, vez que, o impossibilita de circular no terri- tório nacional, ou seja, o certificado de registro de veículo e outros documentos necessários são de porte obrigatório, conforme le- gislação vigente. Desta forma, a falta de documento, impossibilitou a utiliza- ção do veículo pelo requerente, acarretando prejuízo quanto a sua qualidade. Além do mais, o requerente está aguardando pela libe- ração do veículo a mais de 30 dias. Desta forma, o requerido invoca o inciso II do artigo 18 do Código de Defesa do Consumidor, senão vejamos: Art.18 Os fornecedores de produtos de consumo du- ráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tor- nem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuem o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com as indicações constantes do recipiente , da embala- gem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeita- das as variações decorrentes de sua natureza, po- dendo o consumidor exigir a substituição das partes vencidas. §1º Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir, alternativamen- te e à sua escolha: I- a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso; II- a restituição imediata da quantia paga, moneta- 9 riamente atualizada, sem prejuízo de eventuais per- das e danos; III- o abatimento proporcional do preço. O documento de licenciamento é inerente ao produto, que está condicionada a utilização do mesmo, pois não adianta nada o requerente possuir um carro se não tiver os documentos neces- sários para sua circulação. Assim sendo, não resta outra alternati- va para o requerente, senão requer a restituição imediata da quan- tia paga pelo veículo, monetariamente atualizado. A órbita de proteção do consumidor está voltada para sua incolumidade econômica, procurando protegero patrimônio dos prejuízos causados com a qualidade e quantidade dos produtos introduzidos no mercado. É importante destacar ainda, que os mecanismos de re- paração dos vícios de qualidade ou quantidade da legislação de proteção do consumidor são mais abrangentes, amplos e satisfatórios do que aqueles previstos no Código Civil, conforme veremos adiante. Os vícios por inadequação não se identificam com a res- ponsabilidade por danos vista anteriormente e, baseia-se no fato do fornecedor ter a obrigação de assegurar a boa execução do contrato, colocando o produto ou serviço no mercado em prefeitas condições de uso ou fruição. 10 O Vício de Qualidade, também chamado de “vício exógeno”, é aquele que torna o produto impróprio para o consumo. Desta forma, o requerente requer a restituição imediata da quantia paga monetariamente atualizada. III-DAS PERDAS E DANOS. Dos Danos Morais: A nossa Constituição, prevê em seu artigo 5º, X, a inde- nização por danos morais,”são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagens das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”, bem como o Código de Defesa do Consumidor, ao dis- por sobre os direitos básicos do consumidor, “a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coleti- vos e difusos”. Com base nestes preceitos, o Requerente busca a efetiva reparação do dano sofrido. (grifos nossos). O Requerente deve ser indenizado pelos danos morais, pois teve desgastes psicológicos na tentativa de resolver seu pro- blema, e pelo fato de ter pago por um produto e não tê-lo usado. Vejamos o entendimento do STJ: “... O Superior Tribunal de Justiça tem entendimento firma- do no sentido de que quanto ao dano moral não há que se falar em prova, deve-se, sim, comprovar o fato que 11 gerou a dor, o sofrimento, sentimentos íntimos que o ensejam; provado o fato, impõe-se a condenação. Pro- cesso: 1523211900 – Origem: Curitiba – 2ª Vara Cível – Número do Acórdão: 13714 – Decisão: Unânime –Òrgão Julgador: 5ª CAMARA CIVEL- Relator: Roberto de Vicente – Data de Julgamento: Julg: 15/03/2005. O requerente se sente humilhado e transtornado por ter tentado resolver um problema que deu causa o requerido, inclusi- ve se dispondo de tempo para isso, para no final só ter passado raiva! Situação esta, Excelência, que não pode perdurar. Assim, estando presentes os três requisitos para a con- cessão da indenização por danos morais: o dano, o nexo de cau- salidade e a culpa ou dolo do agente, fica o agente causador do dano obrigado a repará-lo. Verifica-se que o transtorno sofrido pelo requerente se deu mediante culpa do requerido, pois a negligência em não providen- ciar os documentos necessários para a circulação do veículo, trou- xe-lhe prejuízos, visto que, o mesmo não pôde completar seu de- sejo de ter a posse do veículo arrematado. Ademais, como o carro estava sem os documentos, o re- querente pediu para sua tia que reside na cidade onde o carro foi arrematado, se poderia utilizar, temporariamente, sua garagem. O requerente não imaginava que a liberação dos documentos do carro iria demorar tanto. O requerente ficou em uma situação muito cons- 12 trangedora, pois o carro estava ocupando a garagem de sua tia, a qual já estava reclamando pela demora do mesmo em buscar o carro. Sem embargo, um transtorno que poderia ser evitado se a reclamada não tivesse agido com displicência. Se sente muito humilhado pelo requerido ter feito pouco caso de seu problema, e pelo fato de ter deixado de realizar negó- cios com o carro em virtude de o mesmo não possuir documento. Além do mais, aquele que causa prejuízo a outro mediante ato ilícito deve ser responsabilizado, nos termos do artigo 927 c/c 186 do Código Civil. Assim, presentes os pressupostos para a indenização por dano moral, devem-se ter como critério para a sua fixação a situa- ção econômica e social do requerido e da requerida. Ainda, em relação ao quantum indenizatório, forma-se o entendimento jurisprudencial, mormente em sede de dano moral, no sentido de que a indenização pecuniária não tem apenas cunho de reparação do prejuízo, mas também caráter punitivo, pedagó- gico, preventivo e repressor: a indenização não deve apenas re- parar o dano, repondo o patrimônio abalado, mas também atua como forma educativa ou pedagógica para o ofensor e a socieda- de e intimidativa para evitar perdas e danos futuros. IV-DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. 13 Partindo do pressuposto de ser o Consumidor a parte hipossuficiente nesta relação, e pelo fato de ser mais fácil para a Requerida fazer prova de suas alegações, devido a tecnologia e organização que possui, pugna-se, Vossa Excelência, pela aplica- ção do artigo 6º, VIII do Código de Defesa do Consumidor, o qual dispõe, “a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências”. V-DO PEDIDO. Ante o exposto, requer Vossa Excelência: a) A citação do requerido para que no prazo legal apre- sente sua devida resposta, sob pena de revelia; b) A restituição imediata da quantia paga pelo veículo no valor de R$_____________, devidamente atualizado; c) A condenação do requerido no valor de R$__________, a título de danos morais; d) A inversão do ônus da prova nos termos da Lei consumerista; e) Protesta por todos os meios de provas admissíveis em direito; 14 f) Que seja notificado o Procon, para que também seja apurada a responsabilidade administrativa do requerido. Dá-se à presente causa o valor de R$__________ ( (Local, Data) _____________ ADVOGADO OAB______ 4.3. IMPUGNAÇÃO À CONTESTAÇÃO 15 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO ______JUIZADO ESPECIAL CIVEL DA COMARCA DE _______. AUTOS: __________ Autor: _____________ Requerida: __________ ______________________, já devidamente qualificado nos autos em epígrafe, através de seu advogado, que ao final assi- na, procuração juntada aos autos, vem, com o devido respeito e acatamento, perante Vossa Excelência, apresentar IMPUGNAÇÃO A CONTESTAÇÃO pelos motivos de fatos e de direito que passa a expor: No que tange a preliminar de ilegitimidade de parte, não merece guarida vez que o nome do Requerente foi negativado pela Requerida, fato este que deu causa ao dano ensejador dos danos morais. Como se pode ver na certidão fornecida pelo órgão de restrição ao crédito, a inclusão do nome do Requerente foi feita pela Requerida, logo a Requerida é parte legítima para estar res- pondendo pelos danos morais. Não existe a possibilidade de a Requerida ser excluída do pólo passivo da demanda, pois foi ela que inscreveu o nome do Requerente nos órgãos de restrição, por 16 uma compra feita em nome dele. A cláusula que contratual citada pela mesma como fundamentação, deve ser ignorada, pois a refe- rida cláusula trata de obrigações entre lojistas e a Requerida, sen- do o Requerente um terceiro estranho à relação. Como já mencionado nos fatos, o Autor só ficou sabendo da restrição do seu nome quando foi efetuar uma compra nas lojas mil desta cidade, onde ficou sabendo que a Requerida havia feito vendas de alguns móveis a uma terceira pessoa em nome do mes- mo na cidade de Curitiba, cidade esta que nem o Autor conhece. Logo, a Requerida deve ser responsabilizada pelos preju- ízos suportados pelo Requerente, pois a órbita do direito do con- sumidor consagra a responsabilidade objetiva, e tal postulado está exteriorizado no artigo 14 da Lei 8078/90, o qual passaremos trans- crever para melhor elucidação, senão vejamos: Art.14 O fornecedor de serviços responde, indepen- dentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causadosaos consumidores por defeitos relativos à prestação de serviços, bem como por in- formações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. Logo está evidenciada a responsabilidade da Requerida quanto ao fato acontecido com o Requerente. Como já menciona- do, o Requerente juntou a prova que concretiza o nexo causal exis- tente entre a conduta e o resultado, e uma vez provado o fato que ocasionou a dor, deve o Requerente ser indenizado pelos danos morais. Não pode a Requerida, agora, se eximir da responsabili- 17 dade, alegando ser responsabilidade de outrem. No que diz respeito a preliminar de incompetência deste juízo, também não deve ser acolhida, vez que o Requerente não assinou nenhum documento que pudesse autorizar a Requerida a utilizar seu nome. O ônus da prova cabe a Requerida, e pedir que seja feita uma perícia técnica para comprovação da assinatura do Requerente, é meramente protelatório, pois retardará o andamen- to processual. Não é necessária uma prova pericial para compro- var se a assinatura é do Requerente, visto que, existem outros meios para se analisar, mas que não vem ao caso em questão. O fato é que a Requerida não deveria ter incluso o nome do Requerente nos órgãos de restrição ao crédito sem ter algum tipo de vínculo contratual com ele. Sendo assim, pelo fato de o Autor não ter firmado nenhum contrato que pudesse estabelecer qualquer relação contratual, não se faz necessário prova pericial. Em razão ao mérito, é mister salientar, que mesmo que existisse um contrato de financiamento pactuado entre o Reque- rente e o Requerido, as cláusulas deveriam ser interpretados de maneira mais favorável ao consumidor. Como consta na contesta- ção da Requerida, o suposto contrato de financiamento foi forneci- do ao logista e não ao Requerente, logo não tomou nem ciência do presente contrato, vez que desconhecia, qualquer relação negocial desse tipo. Em nenhum momento o Requerente solicitou qualquer financiamento junto a Requerida. O fato de ter um contrato de fi- 18 nanciamento, não altera o dever de a Requerida indenizar, visto que o Requerente não assinou nenhum contrato. O fato de ter havido o repasse do dinheiro para loja não quer dizer que o Requerente contratou os serviços da Requerida, pois outra pessoa ou até mesmo o logista pode ter utilizado os dados do Requerente indevidamente para receber o dinheiro do financiamento. A Requerida por gozar de idoneidade dentro do ramo co- mercial que exerce, e pela organização que possui, deveria ter a prudência de ter confirmado a solicitação do financiamento e con- ferido todos os documentos. E o repasse do dinheiro que a Requerida quis mencionar nas fls.______, até mesmo grifou para chamar a atenção, não muda nada quanto o dever de indenizar o Requerente, pois se o nome do Requerente foi negativado, foi por imprudência e negligência Requerida, que conceder um financia- mento sem procurar confirmar a autenticidade e veracidade dos documentos. Ademais, os contratos que regulam as relações de consu- mo não obrigarão os consumidores, se não lhes for dada a oportu- nidade de tomar conhecimento prévio de seu conteúdo, ou se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a compreensão de seu sentido e alcance (art.46 da Lei 8078/90). Como pode o Requerente estar obrigado por um contrato de finan- ciamento se o mesmo não teve nem a oportunidade de tomar co- nhecimento prévio. Isso prova, ainda mais o fato de o mesmo não 19 ter firmado nenhum contrato junto a Requerida. Neste caso não há que se falar em direito adquirido ou ato jurídico perfeito. Um ato jurídico imperfeito não dever servir de apoio para a concretização do direito adquirido. Pelo contrário, o ato da Requerida é tido como prática abusiva, pois sua intenção foi tirar do consumidor vantagem mani- festamente excessiva, vejamos o que diz o artigo 39, V da Lei 8078/ 90, senão vejamos; Art.39. É vedado ao fornecedor de produtos ou servi- ços, dentre outras práticas abusivas: V- exigir do consumidor vantagem manifestamente ex- cessiva. Quanto ao valor da indenização, este deve ser arbitrado por Vossa Excelência, pois como já citado na inicial, o Superior Tribunal de Justiça já tem entendimento firmado, no sentido de que quanto ao dano moral não há que se falar em prova, deve-se, sim, comprovar o fato que gerou a dor, o sofrimento, sentimentos ínti- mos que o ensejam; provado o fato, impõe-se a condenação. A dor está provado o certidão que confirmou o nome do Requerente estar negativado, gerando com isso prejuízo diversos na sua vida civil. A inversão do ônus da prova se faz necessário, em razão da hipossuficiência do Requerente, e tendo em vista a tecnologia e boa organização da Requerida, é mais fácil para a mesma fazer prova das alegações, sendo assim, deve ser concedida a inver- são do ônus de prova. Impossível o Requerente provar o alegado, 20 pois a única prova que possui, é uma certidão de que seu nome está incluso nos órgãos de restrição ao crédito pela Requerida. Não ficou provado nos autos o débito que ensejou a inscri- ção do mesmo nos órgãos de restrição ao crédito, mostra-se que foi inscrito indevidamente pela Requerida. O Requerente impugna todos os documentos juntados pela Requerida, pois não tem pertinência com o fato alegado na inicial. Ante o exposto, pede-se a Vossa Excelência que se digne em receber e conhecer a presente impugnação e dos pedidos pretendidos na inicial, julgando totalmente proceden- te a pretensão nela deduzida, para o fim de requer a IMPRO- CEDÊNCIA TOTAL da contestação apresentada pela Requerida, para o fim de condenar a Requerida a indeniza- ção pelos danos morais, por ser questão de justiça. Nestes termos Em que pede deferimento (Local, Data) ADVOGADO 4.4. AÇÃO DE COBRANÇA EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO _____ JUIZADO ESPECIAL CIVEL DA COMARCA DE ___________. 21 ________________(Qualificação), representada neste ato pelo seu sócio gerente _________, portador da cédula de identi- dade civil n.º __________, e inscrito no CPF/MF __________, re- sidente e domiciliado na Rua ______________, através de seu advogado, _________________, inscrito regularmente na OAB/ PR sob o n.º _________, com escritório profissional na ___________________, vem, com o devido respeito e acatamen- to, perante Vossa Excelência, ajuizar: AÇÃO DE COBRANÇA: Contra ________________, portador da cédula de iden- tidade civil, ______________, e inscrito no CPF/MF ______________, residente e domiciliado à Rua ___________________, pelos motivos de fato e de direito que passa a expor: I-DOS FATOS. Aos dias ____________, foi formalizado contrato de pres- tação de serviço entre a Requerente e o Requerido, no qual ficou estabelecido que a Requerente iria executar os serviços de mão- de-obra, referente a construção de muro divisório e arrimo, com dimensões 14x19x39 cm, área de 700 m² de muro divisório e 200m² de muro de arrimo, em uma extensão de 250m aproxima- do, e que o Requerido pagaria R$_____________ a título de re- muneração dos serviços prestados pela Requerente. O contrato 22 foi formalizado perante testemunhas. (doc.anexo). O muro seria construído de acordo com o projeto feito pelo arquiteto. Acontece que o Requerido, desatendendo às medidas técnicas passadas pelo arquiteto responsável, determinou que à Requerente subisse mais alguns metros do muro, e que se tivesse algum problema aquele ora Requerido, seria responsabilizado, pois afinal de contas, ele era o proprietário. Atendendo a solicitação do Requerido, foram levantados mais alguns metros do muro, entretanto, o muro não agüentou e acabou caindo. Em decorrência de o muro ter caído, o Requerido não efetuou o pagamento restante do preço combinado, isto é, R$_____________. Por fim, à Requerente cumpriu com sua parte no contrato, ou seja, o de construiro muro, portanto, dever receber o restante do valor convencionado no contrato. II-DO DIREITO. No contrato formalizado, o Requerido tinha a obrigação de remunerar a Requerida pelos serviços prestados, consoante cláusula ______, senão vejamos.(Colocar a cláusula do contrato referente) Do valor contratado, o Requerido ficou devendo 23 R$____________, que se recusa a pagar alegando que a Reque- rente prestou serviço inadequado. No entanto, a queda do muro se deu por imprudência e negligência do proprietário Requerido, que desrespeitou as medi- das técnicas calculadas pelo arquiteto responsável pela obra, de- terminando, por sua conta e risco, que a Requerente levantasse mais alguns metros do muro, o que ocorreu. A Requerente explicou para o Requerido que o muro iria cair se fossem levantados alguns metros a mais, e mesmo saben- do que poderia ocorrer, mesmo assim determinou que se subisse mais um pouco o muro. Acontece que o muro caiu, e agora o Requerido se recusa a pagar a mão-de-obra prestada pela Requerida, que prestou de acordo com o que o Requerente havia solicitado. O Código Civil dispõe que os contratantes são obrigados a guardar a conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de boa fé, senão vejamos: Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua exe- cução, os princípios de probidade e boa-fé. Evidenciada está à má-fé por parte do Requerido, pois 24 determinou que o muro fosse levantado, e agora que caiu, quer alegar descumprimento contratual por parte da Requerente. Esta pode provar através de testemunhas que o levantamento do muro foi em decorrência de ordem do Requerido. Prova indelével do que se intenta asseverar, encontra-se na oportuna alusão perfectibilizada por André Comte-Sponville, em seu pequeno tratado das grandes virtudes, que não nos furtamos de reproduzir: “como a fidelidade ou a coragem a boa-fé tampouco é uma virtude suficiente ou completa. Ela não substitui a justiça nem a generosidade, nem o amor. Mas que seria uma justiça de má-fé? Não seriam justiça, nem amor, nem generosidade, a não ser que corrompidos à força da hipocrisia, de cegueira, de mentira. Ne- nhuma virtude é verdadeira, ou não é verdadeiramente virtuosa sem essa virtude da verdade. Virtude sem boa-fé é má-fé, não é virtu- de. (pág. 215)” (grifos nossos). Deveras, o lanço doutrinário trazido à ribalta, faz nascer na alma do cultor do Direito que a boa-fé é a pedra de toque da conduta humana, e tão importante e amplo são os seus domínios, que não se pode conceber qualquer virtude, descartando sua pre- ciosa presença. Em havendo quebra dos deveres contratuais, o novo Có- digo Civil brasileiro impõe a imediata reparação, tanto material 25 como moral, uma vez presente o necessário prejuízo, não sendo crível qualquer descrimen no que concerne a prestações diretas ou indiretas, visto que ambas encontram-se imantadas pelo vetor axiológico da boa-fé objetiva. Do vocábulo boa-fé, brota o sentido de fidelidade, ou seja, confiança, enfim, fé, virtude nobre que nos tempos modernos se encontra cada vez mais ausente no relacionamento humano, e que o autor, das presentes linhas, ainda deposita na humanidade, aca- lentando o sonho de sua transformação. III-DO PEDIDO. Ante o exposto, requer digne-se Vossa Excelência: A citação do Requerido, para que no prazo legal, apresen- te sua defesa, sob pena de revelia; A procedência da presente ação, para condenar o Reque- rido ao cumprimento do presente contrato de prestação de servi- ço, com o pagamento de R$______________, devidamente atua- lizado. Protesta por todos os meios de provas admissíveis em direito, inclusive a testemunhal que será arrolada oportunamente; Que seja condenado o Requerido ao pagamento dos ho- 26 norários advocatícios, nos termos da Lei 9099/95. Dá-se a presente causa o valor de R$_______________. Nestes termos Pede deferimento (Local, Data) _____________ ADVOGADO OAB____ a 4.5. AÇÃO ORDINÁRIA DE REVISÃO CONTRATUAL EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA _____VARA CÍVEL DA COMARCA DE____________ 27 _______________,(Qualificação) portador da CI. Com o RG nº. ________________, por seu procurador judicial que ao fi- nal assina, advogado regularmente inscrito na OAB/PR n. _________, com escritório profissional à ____________, onde recebe avisos e intimações, vêm respeitosamente perante Vossa Excelência, com fulcro nos artigos 6º, VIII, e 51, IV, § 1º, I, da Lei nº 8.078/90, e art. 4º, I, do CPC, ingressar com a presente AÇÃO ORDINÁRIA DE REVISÃO CONTRATUAL com pedido de repetição de indébito em face de ____________, (Qualificação), inscrita no CNPJ/MF n. ____________, com sede à ___________________, na cidade e comarca de ________, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos: O autor adquiriu junto à empresa ré um crédito no valor de R$__________. Ocorre que, o mesmo foi sendo pago periodica- mente, até atingir o estado de quitação. Porém, qual não foi a sur- presa do ora autor, ao se deparar com o totalização do valor pago, isto é, R$_________. Quer dizer, o autor pagou R$_______ aci- ma do valor inicialmente contratado, qual seja, R$_________. Temos como certo que, o ora autor não depositou algu- 28 mas parcelas nas datas estipuladas e por isso acarretou uma sé- rie de cobrança de juros, mas também sabemos que a cobrança do juros não pode ser abusiva de tal forma que prive o devedor de condições mínimas de pagamento e de sua subsistência, além de gerar uma imensa incerteza no quanto deve pagar. Nesta esteira, conforme planilha demonstrativa já colacionada(em anexo) elaborada por uma perícia contábil, com as devidas correções e juros aplicados, notamos uma discrepân- cia em relação ao valor cobrado pela empresa-ré. Explico: o autor recebeu da empresa-ré o valor de R$_______, sendo que todo mês deveria ser pago R$________, até atingir a quitação final do débito. Porém, devido a complicações financeiras o autor foi obri- gado a pagar de forma irregular, isto é, pagava um valor “a menor” certo mês e compensava “a maior” no outro mês. Desta feita de acordo com a perícia contábil(em anexo) realizada no dia __________, Contudo, no dia __________ teria sido quitada a dívida, incluindo os juros e correções monetárias devidas, e ainda, teria pago a maior o valor de R$_______. Absurdo!! Desta forma, para não ver seu nome incluso nos órgãos de restrição de crédito o autor continuou a pagar os valores cons- tantes dos boletos que recebia mensalmente, até finalizar a opera- ção da empresa-ré, obtendo assim sua quitação(conforme com- provantes em anexo). Ocorre que ao final do pagamento percebeu que o valor pago avançava bastante naquilo que tinha recebido da empresa-ré totalizando uma diferença exorbitante que totaliza R$________. Verdadeiro absurdo!!!Juros exorbitantes!!! 29 Ora, fica claro, que a empresa-ré, valendo-se da sua con- dição de fornecedor de crédito, passou a efetivamente espoliar o autor com sua voracidade na cobrança de juros, taxas, multas, den- tre outros débitos indevidos e desautorizados que lança em con- tas corrente, com o que sequer podem contra-argumentar, a não ser sujeitarem-se às imposições desse ente financeiro que sim- plesmente leva à quebra qualquer pessoa, que infelizmente, ne- cessitam recorrer às agências bancárias para tentar solver dívidas e custear sua atividade. DO CABIMENTO DA AÇÃO REVISIONAL A Constituição Federal de 1988 preceitua que a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.1 O interesse de agir ou interesse processual previsto em nosso ordenamento jurídico se resume no trinômio: necessidade, utilidade e adequação do provimento jurisdicional. A necessidade, por seu istmo, é a necessidade e utilida- de do bem da vida que se quer. A possibilidade jurídicado pedido decorre da não vedação do pedido pela ordem jurídica vigente. A legitimidade é a pertinência subjetiva da ação, na lição de BUZAID. Nas palavras do jurista HUMBERTO THEODORO JUNIOR, 1 Art. 5, XXXV. 30 o interesse de agir: “Surge da necessidade de obter através do processo a proteção ao interesse substancial. Localiza-se o interesse proces- sual não apenas na utilidade, mas especificamente na necessida- de do processo como remédio apto à aplicação do direito objetivo no caso concreto, pois a tutela jurisdicional não é jamais outorga- da sem uma necessidade.”2 O Autor adquiriu um empréstimo junto a empresa-ré, sem oportunidade de definir cláusulas e condições contratuais que melhor lhe conviesse, ou seja: não houve comutatividade nem bilateralidade, mas IMPOSIÇÃO. O referido pacto somente ocorreu devido ao momento econômico que o país atravessa, sem perspectiva inflacionária, no entanto, não sabia que as imposições tornar-se-iam excessivamen- te onerosas, o que pode ser aferido mediante os cálculos acosta- dos na presente, que demonstram um pagamentos a maior reali- zados pelo Autor. Assim o cabimento da ação revisional, cumulada com os demais pedidos, é inconteste, pois o atual Código de defesa do Consumidor garante a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações consideradas desproporcionais e sua conseqüente revisão (art. 6º, V). 2 Revista Brasileira de Direito Processual, Uberaba, Vol. 13/39. 31 O CDC permite sejam declaradas nulas cláusulas que es- tabeleçam obrigações iníquas, abusivas e incompatíveis com a boa- fé e a eqüidade, e que ofendem princípios fundamentais do siste- ma jurídico atual.3 O interesse processual neste caso foi reconhecido pelo Superior Tribunal de justiça, como se vê: “Incidindo a incerteza sobre uma relação jurídica (...), ge- rando a lide latente ou potencial, manifestado o conflito de interes- ses, para dirimir a dúvida e evitar a concretude do conflito, a Ação Declaratória é idônea para sua finalidade, justificada por manifes- to interesse jurídico (art. 4º, I, e parágrafo único, do CPC).”4 Frise-se que as portas do Poder Judiciário, por ordem constitucional, estão sempre abertas ao jurisdicionado que teve, ou tem conflito de interesses instalado com outrem, cuja autorida- de judicial é a única a dispor do poder de conceder-lhe a outorga requerida. Assim, pretendem os Autores ver revisados todos os en- cargos, taxas, tarifas e juros aplicados durante a movimentação contratual, desde o início da contratação do empréstimo. 3 CDC, art. 51, IV, § 1º, I.1 4 RSTJ 69/204. 32 DA APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR(LEI 8.078/90) A norma do Código de Defesa do Consumidor é perfeita- mente aplicável à relação jurídico-contratual havida entre o tomador do empréstimo bancário e a instituição financeira. Destaque-se que as atividades realizadas pelas institui- ções financeiras e bancos são mercantis. O Regulamento 737, em seu artigo 19, §2º, considera mercância, as operações de câmbio, banco e corretagem. Já a Lei 6.404/76, em seu art. 2º, § 1º, determina que qual- quer que seja o objeto, a companhia é mercantil e se rege pelas leis e usos do comércio. Desta forma, se todos os bancos são organizados sob a forma de sociedades anônimas, eles exercem atividade comerci- al, mesmo os bancos cooperativos como no presente caso. Assim, não resta dúvida que o correntista se coloca na exata situação de consumidor, pois conforme estabelece o artigo 3º, § 2º, do CDC: 33 Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneração, inclusive as de natureza bancá- ria, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhistas (destaque inexistente no original). Nas palavras de JOSÉ CRETELLA JÚNIOR: “Toda a atividade de natureza bancária, fornecida no mer- cado de consumos é classificada como serviço, suscetível, sim, de ser objeto de relação de consumo, desde que remunerada.”5 No mesmo sentido, o Prof. ARNOLDO WALD, ensina que: O campo de aplicação do Código de Defesa do Consu- midor é amplo, abrangendo as atividades financeiras quer quanto à prestação de serviços aos seus clientes, como na concessão de financiamento para aquisição de bens. As atividades bancárias estão inseridas no disposto no art. 3º, § 2º, do CDC.6 Conclui-se que o produto dos bancos é o dinheiro ou o crédito disponibilizado ao consumidor (bem juridicamente consumível), enquadrando-se, o mesmo como fornecedor. Por ser consumidor final do produto oferecido pelos ban- cos (prestação de serviços) as pessoas físicas e mesmo as jurídi- cas se enquadram na definição de consumidores assim definido pelo § 2º, do artigo 3º, do CDC: 5 Comentários ao Código do Consumidor, Ed. Forense, 1.992, pág. 16. 34 Consumidor nos termos do art. 2º do CDC, “é toda pes- soa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final”. Sendo certo que o dinheiro é um bem consumível, é evidente a qualidade de consumidor daquele que adquire em- préstimo perante instituição financeira.7 Assim, os bens de consumo não são apenas os material- mente consumíveis, mas os juridicamente consumíveis, como en- sina NELSON NERY JÚNIOR.8 A Segunda Seção do STJ aprovou recentemente a Súmula 297, que dispõe: O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às institui- ções financeiras. (Precedentes: REsp nº 106.888-PR, 2ª Seção, DJ de 5/8/02; ; REsp nº 298.369-RS, 3ª Turma, DJ de 25/8/03, e REsp nº 57.974-RS, 4ª Turma, DJ de 29/5/ 95). 6 Matéria publicada na Revista AJURIS nº 64/386-387, citada por JONAIR NOGUEIRA MARTINS, na obra “Contra o abuso dos bancos. Uma ação especi- al”. Edição Graf Set Ltda., 1997, p. 18, 7 TRF 5ª R., AC 204.621, PE, 2ª T., Rel. Des. Fed. Petrúcio Ferreira, DJU 12.04.2002, p. 823 8 In Código Brasileiro de Defesa do Consumidor, Forense, 1991, pp. 302-311. 35 A matéria restava em discussão apenas no âmbito do STF, através da ADIn nº 2591 proposta pela FEBRABRAN, que fora julgada recentemente, onde por maioria, os Eminentes Ministros julgaram improcedente a ação proposta contra o § 2º do art. 3º do CDC, reconhecendo definitivamente que os bancos sujeitam-se às regras do CDC. Para os Ministros do STF o CDC não veio para regular as relações entre as instituições do Sistema Financeiro Nacional e os clientes sob o ângulo estritamente financeiro, mas sim para dis- por sobre as relações de consumo entre bancos e clientes. Nesse sentido argumentaram que “não há como nem por onde sustentar, convincentemente, que o CDC teria derrogado de forma inconstitucional a Lei nº 4.595/64, norma sobre o sistema financeiro”. Para o Ministro Marco Aurélio o CDC não representa ris- co ao Sistema Financeiro Nacional, destacando, inclusive, a cres- cente lucratividade dos bancos para afastar o pensamento de que o CDC repercutiu de forma danosa em relação aos bancos. O Ministro Celso de Mello seguiu o mesmo entendimento e ressaltou que a proteção ao consumidor qualifica-se como va- 36 lor constitucional. Para o Ministro, as atividades econômicas es- tão sujeitas à ação de fiscalização e normativa do Poder Público, pois o Estado é agente regulador da atividade negocial e tem o dever de evitar práticas abusivas por parte das instituições ban- cárias. A Ministra Ellen Gracie, também entendeu que as relações de consumo nas atividades bancárias devem ser protegidas pelo CDC. Assim, comprovado efetivo vínculo de consumo existente entre os primeiros Autores (consumidores) e o banco Réu (prestador de serviço de natureza financeira), deve ser declarada a existên- cia da relação de consumo, devendo ser aplicada a norma expres- sa no CDC, inclusive no que tange à inversão do ônus da prova. DOS J U R O S / LIMITAÇÃO EM 12% - POSSIBILIDADE CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR - APLICAÇÃODO ART. 51, IV E XV. O banco Réu cobra na conta-corrente dos primeiros Auto- res juros variáveis entre 5% chegando até 10% ao mês, ou seja, taxa anual de até 120% e tais juros, lançados mês a mês, acresci- dos de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), que passam a integrar o saldo devedor ocorrendo o anatocismo, ou seja, juros sobre juros. 37 Já em relação aos contratos de empréstimos e capital de giro, embora os primeiros Autores não dispunham de todos aque- les que foram celebrados ao longo dos últimos anos (por isto é que requer a intimação do Réu, ao final, para que os acoste), estes foram refeitos a juros que variam entre 5% a 6% a.m., bastando para isto ver os percentuais lançados nas planilha discriminada de cálculo acostadas á presente. Ressalte-se que a impossibilidade de pagamento também se devia aos débitos lançados indevidamente em conta-corrente, gerando saldo insuficiente, quando na verdade o Autor poderia quitar os primeiros débitos a juros subsidiados, não fossem os lan- çamentos indevidos em suas contas-corrente que geraram débi- tos em verdadeira “bola de neve”, conforme prova a perícia contábil prévia elaborada e acostada à presente. Apesar de ter sido suprimido por emenda constitucional o dispositivo da CF/88 que limitava a taxa de juros reais em 12% a.a., é sabido que independentemente da mencionada limitação, a jurisprudência vem recepcionando entendimento de ser abusiva a incidência de juros superiores a 12% ao ano. Tal conclusão deflui da realidade econômica que o país atravessa, sobretudo pelo crescimento vertiginoso da economia, em razão da política de redução dos lucros a patamares reais. A margem de lucro exorbitante que os bancos recebem — 38 só para Vossa Excelência ter uma idéia, recentemente, o Banco Itaú S.A. apresentou sua margem de lucro: superou 3 bilhões de reais somente de lucro líquido —, acaba por inviabilizar qualquer atividade comercial. Ao julgar a Apelação Cível nº 00.002959-9, da Comarca de Joinville, o Des. Catarinense TRINDADE SANTOS, aprofundou de vez o tema, ao decidir, em tom de desabafo: Nessa conjuntura, não é possível admitir-se que as institui- ções financeiras continuem a taxar os juros dos empréstimos que fazem em índices irrazoáveis e totalmente inaceitáveis nos atuais padrões da nossa economia, juros esses impossíveis de serem atendidos pelos mutuários, cujas atividades econômicas mantém- se reduzidas, com os salários e ganhos estabilizados, havendo nítido empobrecimento de uma das partes com benefícios verda- deiramente escorchantes para a outra. A relativa estabilidade trazida pelo Plano Real está a de- monstrar que nos contratos de adesão, unilateralmente impostos os encargos excessivos, estes atingem a base do contrato, afe- tando sua própria bilateralidade, sendo imprevisíveis os seus efei- tos. E, convenhamos: juros remuneratórios, à taxa mensal de 5,50%, como os impostos pela entidade bancária promovente da ação monitória aqui ventilada, é convenção iníqua, abusiva, colo- 39 cando o consumidor ou seja, o cliente bancário, em desvantagem exagerada, sendo, de outro lado, incompatível com os princípios da boa-fé e da eqüidade que devem nortear todas as relações de consumo. Referentemente à limitação dos juros, em sendo assim, deve-se tomar como foco centralizador, antes de tudo, o conteúdo essencial dos contratos, conteúdo esse que deve ter por base nu- clear o equilíbrio, a eqüidade e a comutatividade. Isso impõe ao julgador repelir a abusividade e a excessiva onerosidade impos- tas por uma das partes à outra, cabendo-lhe atentar para os princí- pios inseridos, a respeito, no Código Civil e, mormente, no Código de Defesa do Consumidor, identificando a cobrança de juros extorsivos, estabelecendo-os, então, em limites razoavelmente aceitáveis. Há que se considerar, aqui, que as instituições financeiras é que, via de regra, nas relações de crédito estabelecidas com os usuários, definem unilateralmente as taxas de juros, taxas essas inservíveis como justos indicadores de patamares aceitáveis, eis que guardam eles relação apenas com os seus próprios interes- ses, tornando preponderante a sua superioridade negocial, com o fito de obterem uma alta lucratividade, em sendo o lucro o seu inte- resse primordial. Examinada a questão sob a óptica do art. 4º da Lei de Introdução ao Código Civil, é de concluir-se que, num regime de moeda estável e numa economia de tendência deflacionária, nem 40 a analogia, nem os costumes, nem os princípios gerais de direito admitem a cobrança de juros anuais excedentes à taxa de 12%. Pela analogia, há que se observar que, nos países indus- trializados e de economia estabilizada, esses juros raramente ex- cedem à taxa de 6% ao ano. Tendo o nosso País vivido, por longos tempos, numa espi- ral inflacionária verdadeiramente desenfreada, dela emergindo para um regime monetário de relativa estabilização, mandam os costu- mes que os juros acompanhem a taxa inflacionária desse regime. Enquanto isso, aos princípios gerais de direito repugna a iniqüidade, a violência econômica imposta pelos financeiramente mais fortes aos menos privilegiados, a usura e os ganhos desme- didos. Pactuar-se com a cobrança de juros sem limite, mormente em contratos de adesão, equivale a coonestar uma prática abusiva totalmente divorciada da atual conjuntura econômica e dos precei- tos do Código de Proteção do Consumidor, o que faz nula a cláu- sula contratual chanceladora da cobrança de juros ilimitados e vexatórios, como se constata na hipótese aqui sob apreciação. A linha de compreensão que aqui se perfilha, funda-se, acima de tudo, numa interpretação consumerista das cláusulas 41 inseridas no contrato que deu azo à ação monitória deduzida. Isso por reconhecer-se a absoluta e premente necessida- de da adoção de uma política judiciária que, em observância à ordem jurídica estabelecida (art. 5º, III da CF/88), a ser utilizada como um freio à verdadeira barbárie financeira que domina de for- ma impune a política dos juros no país. (...) As taxas de juros propostas pelo art. 1.062 do Código Civil e pelo Decreto n. 22.626/33 se constituem em parâmetros justos e aceitáveis para que se defina um limite para a cobrança de juros, propiciando, ao mesmo tempo, uma razoável remunera- ção às instituições financeiras e a asseguração, aos consumido- res, de uma onerosidade adequada à sua posição contratual. Sendo assim, nessa espécie contratual, nula é a cláusula que preveja a fixação e a cobrança de juros superiores a 12% ao ano, vez que a estipulação do preço do dinheiro encontra limite no princípio da eqüidade retributiva dos negócios jurídicos de consu- mo, com a abusividade negocial e a onerosidade excessiva de- corrente da violação da taxa máxima caracterizando conduta de lesa-cidadania, posto promover o enriquecimento ilícito do credor e o simultâneo empobrecimento sem causa do devedor.” Ora, a cobrança de juros acima do limite de 12%, ainda que sob o manto da EC nº 40/03, foge do princípio da liberdade de contratar, pois estabelece prestação desproporcional, iníqua, 42 abusiva e incompatível com a boa-fé, ofendendo por isso princípi- os fundamentais do sistema jurídico atual, sobretudo o disposto no art. 51, inciso IV e XV, do CDC, que dispõem: São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que: (...) IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvanta- gem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa- fé ou a eqüidade; (...) XV - estejam em desacordo com o sistema de prote- ção ao consumidor; Não há que prevalecer o disposto na EC nº 40/03, uma vez que as normas insculpidas no CDC são de ordem pública e prevalecem sobre as demais que contra ele se conflitam. O princípio de Ordem Pública, insculpidono art. 4º da CF/ 88, vincula tanto a Ordem Pública, quanto a Jurídico-Econômica, como brilhantemente leciona JOSÉ GERALDO BRITO FILOMENO9 sobre o assunto: (...) destaque-se que as normas ora instituídas são de or- dem pública e interesse social, o que equivale dizer que são inderrogáveis por vontade dos interessados em determinada rela- 43 ção de consumo, (...). Desta forma deve ser reconhecida a nulidade da cobran- ça de juros superiores a 12% ao ano, em atenção aos artigos su- pra mencionados, sobretudo porque a jurisprudência dos nossos tribunais, com precedentes recentes do TJRS, pacificou o entendi- mento de que: Os juros remuneratórios devem respeitar o limite de 12% ao ano, ao contrário dos 9,90% ao mês pactuados, por aplicação do art. 51, IV do CDC, e art. 192, § 3º, da Constituição Federal, vigente na época da pactuação, em consonância com os ditames do Decreto nº 22.626/3310 Os juros remuneratórios encontram-se limitados em 12% a.a., pelos artigos arts. 39, V, e 51, IV, e § 1º, do CDC, e pelo art. 1º do Decreto-Lei nº 22.626/3311 No mesmo sentido, colhe-se o seguinte entendimento: Os contratos bancários encontram-se inseridos na exegese da relação de consumo, seja pelo contido no art. 3º, § 2º, seja pelas disposições do art. 29, ambos do CODECON. Irresignação desprovida. Juros remuneratórios. Abusividade e lesividade. Aplicação do CDC. Fixação do percentual em 9 Código Brasileiro de Defesa do Consumidor Comentado pelos Autores do Anteprojeto, 4ª Edição, Forense Universitária, pág. 23. 10 TJRS, APC 70005777008, 2ª C.Cív.Esp., Rel. Des. Antônio Vinícius Amaro da Silveira, J. 02.12.03. 44 12% ao ano. A abusividade da cobrança de juros permite o controle judicial do contrato, sob a égide do microssistema do Código de Defesa do Consumidor. Limitação por analo- gia ao critério legal.12 O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, em recente decisão de lavra do Desembargador CLAUDIR FIDELIS FACCENDA, assim se pronunciou sobre o tema: JUROS REMUNERATÓRIOS. Quanto aos juros remuneratórios, já era sabido que mes- mo depois do pronunciamento do egrégio Supremo Tribunal Fe- deral, expresso na antiga ADIn nº 4-7/DF, podiam ser pactuados pelas partes interessadas, podendo ultrapassar os 12% ao ano, já que a regulamentação da norma constitucional (art. 192, § 3º, da CF) nunca foi feita. Competentes, por isso, dentro das regras infraconstitucionais, o Banco Central e o Conselho Monetário Na- cional para dizer das taxas. Hoje, não há falar-se da regulamentação do § 3º, do artigo 192, da CF, diante da Emenda Constitucional nº 40, de 29 de maio de 2003 que, além de alterar o referido artigo, revogou todos os seus incisos e parágrafos, inclusive o terceiro que justamente ca- 11 TJRS, APC 70002078335, 9ª C.Cív., Rel. Des. Nereu José Giacomolli, J. 10.12.03. 12 TJRS, APC 70007506108, 12ª C.Cív., Relª Desª Naele Ochoa Piazzeta, J. 04.12.03 45 recia de regulamentação já que dispunha sobre o limite máximo das taxas de juros. Todavia, apesar da não limitação constitucional dos juros, os contratos bancários não escapam do controle judicial via Códi- go de Defesa do Consumidor. Este diploma, em vários dispositi- vos, protege o consumidor hipossuficiente diante do sistema ban- cário que, em razão do monopólio, impõe sua vontade no momen- to de contratar. Os contratos, quase sempre de adesão, restam firmados sem qualquer possibilidade de discussão por uma das partes. Por isso, pontualmente, caso a caso, o judiciário está auto- rizado a declarar a nulidade das cláusulas leoninas, abusivas, que tragam onerosidade excessiva ao consumidor, nos termos do art. 51, inc. IV, do CDC Não podemos olvidar que o Código de Defesa do Consu- midor, ao prever a possibilidade de revisão das cláusulas que tra- gam uma desvantagem excessiva para o consumidor, busca im- plantar uma relação de eqüidade entre as partes. Quando a taxa de juros for abusiva, mostra-se necessária a intervenção do poder judiciário para que seja estabelecida uma relação de equilíbrio entre o banco e seu cliente, onde não seja imposta uma prestação por demais onerosa a este, ao passo que isso não signifique uma perda excessiva àquele. Assim, tenho que os juros remuneratórios devem ser limi- 46 tados com base na taxa SELIC, a qual é utilizada para remunerar os títulos públicos e pagamento de impostos devidos à Fazenda Nacional, de acordo com o disposto nos artigos 5º, §3º e 43, pará- grafo único da Lei 9.430/96. A taxa SELIC se constitui em um índice oficial que reflete as condições momentâneas do mercado, de vez que a mesma se decompõe em taxa de juros e taxa de inflação no período conside- rado. Ademais, a taxa é mensalmente divulgada pelo Banco Central, sendo que a mesma garante ao banco remuneração igual a dos títulos públicos. Assim, considerando que o governo é o agen- te que apresenta menor risco, por conseqüência, a referida taxa traduz um risco mínimo, o que faz com que nenhuma das partes tenha prejuízo, mantendo-se o equilíbrio contratual. Esse Eg. Tribunal de Justiça já decidiu nesse sentido: JUROS REMUNERATÓRIOS. A incidência do CDC autori- za a redução da taxa de juros, quando constatada abusividade. Aplica-se, no caso, índice equivalente à taxa Selic, em substituição àquela praticada pelo banco. (Apela- ção Cível nº 70005282082, Décima Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: André Luiz Planella Villarinho, julgado em 04/09/2003). AÇÃO REVISIONAL. CONTRATO DE ABERTURA DE CRÉ- DITO PESSOAL. JUROS REMUNERATÓRIOS CALCULA- 47 DOS A TAXA DE 10,22% AO MES. TAXA INCOMPATÍVEL COM A ATUAL REALIDADE SOCIÓ-ECONÔMICA DO PAÍS. ABUSIVIDADE CARACTERIZADA. APLICAÇÃO DA TAXA SELIC NO CASO CONCRETO.[...](Apelação Cível nº 70003264553, Décima Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Redator para acórdão: Cláudio Augusto Rosa Lopes Nunes, julgado em 24/10/2002). 13 No mesmo sentido: Os juros estão limitados pelo art. 192 da Constituição Fe- deral, pela Lei de Usura, c/c o art. 1.062 do Código Civil. O Código de Defesa do Consumidor veio para cumprir um preceito constitucional, sendo que a sua relação jurídica se aplica a todos os contratos que geram relação de consumo e, em especial, os bancários. Ainda, acrescente-se que a taxa de juros deve ser limita- da, em atenção à nova realidade sócio-econômica do país, advinda da implementação do Plano Real, devendo o Tribunal interferir nos contratos, para que sejam observados os limites da justiça e da eqüidade.14 13 TJRS, Apelação Cível nº 70010388247, 16ª Câmara Cível, Comarca de Porto Alegre. 48 Os juros estão limitados em 12% ao ano pelo art. 192, § 3º, da CF e pela Lei de Usura, além do que, cuidando-se de hipó- tese de pactuação abusiva de juros considerada a conjuntura eco- nômica atual do país, provocando onerosidade excessiva em de- trimento do consumidor, deve ser nulificada a respectiva cláusula, com aplicação do disposto no art. 51, IV e parágrafo 1º, inciso III, do CDC, considerada a nova ordem pública instalada com o Pla- no Real.15 Desta forma, deve ser declarada a nulidade da cobrança de juros acima de 12% a.a., por aplicação do art. 51, IV e XV, do CDC, devendo ser revisada a contratação na conta-corrente e tam- bém nos contratos de empréstimo, de limite de crédito, e desconto de títulos, fixando-se os juros em 1% ao mês. DOS J U R O S / LIMITAÇÃO EM 12% - POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA ANALOGIA Os contratos firmados entre as partes têm como base jurí- dica a eqüidade e o equilíbrio dos contratantes, mesmo tendo a onerosidade ínsita a sua natureza. Nesse ínterim, cabe ao Estado-Juiz resguardar aqueles 14 TAPR, Ap. Cível 0169466-4, Desembargador Manassés de Albuquerque, 8ª Câmara Cível, j: 07/05/01. 15 TAPR, Ap. Cível nº 0265502-1, Rel. Desembargador Hélio Henrique Lopes Fernandes Lima, j. 31.8.04, DJ 6712.49 caracteres, exercendo a função social da judicatura. Assim nos termos do art. 4º da Lei de Introdução ao Códi- go Civil a base legal para a limitação dos juros acima apontada, in verbis: “Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.” Têm-se que nenhuma das fontes do Direito admite que as instituições financeiras façam incidir nos contratos entabulados com seus clientes taxas de juros superiores a 12% ao ano. O próprio art. 192, § 3º, da CF/88, alterado pela EC 40/03 é omisso neste sentido, dizendo apenas que depende de lei com- plementar neste sentido. A respeito do tema, a lição do mestre Pontes de Miranda: Se a permissão de juros há de ser a regra, nem por isso há de o Estado permitir os juros extorsivos que levam à exploração do trabalho humano para a ganância dos usurários(...)16 O colendo Superior Tribunal de Justiça tem o seguinte en- tendimento: A revisão da taxa de juros é uma possibilidade que decor- re do direito de o contratante submeter ao juiz toda a questão que envolva a alegação de abusividade de cláusula contratual.17 50 Nesse sentido, as regras do CDC vieram, corroborando o acima exposto, acoimar de nulidade as cláusulas abusivas inseridas em contratos de adesão, como nos presentes autos, que causam excessiva onerosidade, a teor de seu artigo 51, inciso IV: São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que: (...) IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvanta- gem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa- fé ou a eqüidade; Não há que se questionar o caráter de adesão do contrato em tela, pois as cláusulas foram prévia e unilateralmente estabelecidas pela instituição financeira Ré, não deixando aos consumidores, Autores, qualquer possibilidade de negociar os ter- mos da contratação. No caso em tela, não há que se furtar à desvantagem do Autor frente à instituição financeira, pois o crédito contratado foi por demais remunerado desde que a conta foi aberta, devendo 16 Tratado de Direito Privado. São Paulo : Revista dos Tribunais. 3ª ed. 2ª reimpressão. Tomo XXIV. p. 18 17 REsp n. 164.345/RS, rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar, j. em 12.05.98. 51 ser devolvido todo valor pago a maior, qual seja, R$________, sob pena de privilegiarmos o enriquecimento indevido. Esta é a linha de entendimento do Egrégio tribunal de Jus- tiça de Santa Catarina: Sendo assim, nessa espécie contratual, nula é a cláusula que preveja a fixação a cobrança de juros superiores a 12% ao ano, vez que a estipulação do preço do dinheiro encontra li- mite no princípio da eqüidade retributiva dos negócios jurídi- cos de consumo, com a abusividade negocial e a onerosidade excessiva decorrente da violação da taxa máxima caracteri- zando conduta de lesa-cidadania, posto promover o enrique- cimento ilícito do credor e o simultâneo empobrecimento sem causa do devedor.18 No mesmo sentido tem decidido o colendo Tribunal do Estado do Rio Grande do Sul: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO REVISIONAL DE RELAÇÃO CONTRATUAL - LIMITAÇÃO DOS JUROS REMUNERATORIOS E MORATORIOS - CAPITALIZAÇÃO DOS JUROS - APLICABILIDADE DO CDC. Os contratos bancários estão sujeitos ao Código de Defe- sa do Consumidor, sendo passível de revisão cláusulas abusivas. Nos contratos bilaterais sinalagmáticos os juros remuneratórios abusivos devem ser limitados a 12% ao ano, em face da relativa reciprocidade que deve haver entre as 18 TJSC, Ap. Cível 2000.002959-9, de Joinville, Des. Trindade Santos. 52 obrigações dos contratantes. Juros moratórios. Quantum que não pode ultrapassar o limite de 12% ao ano. A capitalização mensal dos juros só é permitida nas notas de crédito comercial, rural ou industrial, e desde que ex- pressamente pactuadas.19 Destaque-se que a percentagem adotada para limitar os juros remuneratórios, não foi estabelecida aleatoriamente, mas sim, consubstanciada em dispositivos legais que indicam ser a mesma adequada para remunerar o capital objeto de contrato de mútuo. Veja que o Código Civil de 1916, em seu art. 1.062, já indicava a aplicação dos juros remuneratórios no máximo de 12% ao ano. Além disso, o novo Código Civil, no artigo 591 c/c art. 406, que remete implicitamente ao art. 161, §1º do CTN, indicam aque- le mesmo índice. Cabe destacar neste ponto, a lição de Tereza Ancona Lopes, quando comenta o art. 591 do CC: 19 TJRS, Ap. Cível n. 70005864616, de Porto Alegre, Rel.: Des. Victor Luiz Barcellos Lima, julgado em 23/03/2004. 53 A grande questão nesse ponto é definir-se se os bancos es- tão ou não sujeitos ao limite fixado pelo artigo em questão quanto à cobrança de juros. Ou seja, impõe-se analisar se a cobrança de juros no mútuo bancário está limitada à taxa fi- xada no art. 591. A partir da análise do referido artigo é possível inferir que os bancos estão sujeitos à taxa nele fixada, uma vez que ele, ex- pressamente refere-se ao mútuo destinado a fins econômicos (...), sendo que, certamente, as atividades desenvolvidas pelos bancos destinam-se a fins econômicos. Em sendo assim, os juros cobrados pelos bancos, sejam eles remuneratórios ou moratórios, não poderão exceder, sob pena de redução, à taxa a que se refere o art. 406, permitida, todavia, a capitalização anual.20 Diante disso, conclui-se que juros compensatórios de 12% ao ano são suficientes para remunerar o valor concedido através de um mútuo bancário. Desta forma, deve ser revista a contratação, desde o seu início, tendo em vista a abusividade do encargo exigido pelo cre- dor, que supera em muito os 12% ao ano, pois se traduz em obri- gação abusiva frente as normas estabelecidas no Código de De- 20 in Comentários ao Código Civil, coordenação de Antônio Junqueira de Azeve- do, v. 7, São Paulo: Saraiva, 2003, p. 179. 54 fesa do Consumidor. DOS J U R O S - TAXA EXCEDENTE A 12% -NECESSI- DADE DE AUTORIZAÇÃO DO CONSELHO MONETÁRIO NACI- ONAL Verifica-se nos extratos de conta corrente dos primeiros Autores, bem como nos contratos acostados à presente que o ban- co requerido cobrou durante a movimentação financeira, de capi- tal de giro e empréstimos, juros pré-fixados acima de 12%.21 O Egrégio Superior Tribunal de Justiça tem decidido que o banco que pretende cobrar juros acima do previsto no Decreto nº 22.626/33 e também da EC 40/03, deve provar que está autoriza- do pelo CMN, pois somente assim tem aplicação a Lei nº 4.595/ 64, artigo 4º, inciso IX, que permite às instituições financeiras a prática de juros acima do previsto na lei. Ocorre que o banco não possui autorização para cobrar juros excedentes ao limite de 12%, ou não provou que está autori- zado para tanto. Sobre esse assunto já decidiu o TARGS na ap. Cível nº 194.064226: “O banco não comprovou e nos autos não existe prova obje- tiva e material de que o mesmo estava autorizado a praticar 21 Média de 7% ao mês, ou 126% a.a. 55 a taxa de juros incidente, na sua formação complexiva, de juros e correção monetária”. “Então, afastado, no caso, o aspecto da limitação constituci- onal a inconformidade do apelante não merece acolhimento, devendo prevalecer a taxa de juros no percentual de 12% a.a., com base no art. 1º da lei de usura e com suporte nos prece- dentes do STF antes apontados, porquanto o exeqüente ape- lante, não comprovou nos autos que estava autorizado pelo Banco Central do Brasil a praticar taxas de juros incidentes.” Essa tese foi sufragada pelo STJ, como se infere do julga- do de lavra do Min. RUY ROSADO DE AGUIAR, quando do julga- mento do Resp. 207604/SP, publicado no DJU de 16.08.1999, p. 75: JUROS. LIMITE. SÚMULA 596/STF. CAPITALIZAÇÃO. Re- curso conhecido para permitir a cobrança de juros de 12% a.a., sem capitalização em face da peculiaridadedo caso. Extrai-se do voto do relator: O v. acórdão recorrido aceitou a tese de que o banco cre- dor pode cobrar a taxa que estipular, de acordo com o que consi- derar seja a taxa do mercado. Penso que essa liberalidade não está de acordo com a lei, que submete as instituições financeiras ao que for determina- do pelo conselho monetário nacional. De acordo com os prece- dentes desta turma, para cobrar juros acima da taxa legalmente prevista, seja no Código Civil, seja na Lei de Usura (dec. n. 22.626/ 56 33), a instituição financeira deve demonstrar estar a isso autoriza- da pelo conselho monetário. Na espécie, pelo que se pode ver do extrato de fl. 21, juntado pelo credor, no mês de novembro de 1995, há lançamentos de juros de 2% ao dia sobre o saldo devedor, ca- pitalizados diariamente. é difícil de acreditar que naquela época, com inflação reduzida, o CMN tenha autorizado o banco a cobrar esses juros, e de modo capitalizado. No mesmo sentido: A taxa de juros está limitada, pelo Código Civil (art. 1.062) e pela Lei de Usura (Dec. 22.626/33, art. 1º) sendo de 6% ao ano para os juros legais, e de 12% ao ano para os juros convencionais. As instituições que integram o Sistema Financeiro Nacio- nal podem cobrar juros acima desses limites, fixados pelo Conse- lho Monetário Nacional (art. 4º, inciso IX, da Lei 4.595/64; Súmula 596/STF). Para praticar juros acima dos limites legais, o credor deve demonstrar nos autos a existência de autorização da autoridade financeira (CMN), bastando para isso a indicação da resolução que a contenha. Ainda: De acordo com os precedentes desta Turma, para cobrar 57 juros acima da taxa legalmente prevista, seja no Código Civil, seja na Lei de Usura (Dec. n. 22.626/33), a instituição financeira deve demonstrar estar a isto autorizada pelo Conselho Monetário Naci- onal. (...) esse requisito (a autorização do Conselho Monetário Nacional) exsurge como elemento constitutivo do direito da insti- tuição bancária de cobrar os juros às taxas pactuadas, sendo cer- to que, por isso, caberia ao exeqüente provar a existência do mes- mo, exatamente por aplicação do artigo 333, inciso I do Código de Processo Civil. O E. Tribunal de Alçada do Paraná, em recente decisão, também já se pronunciou sobre o assunto: Juros remuneratórios. A ausência de autorização do con- selho monetário nacional (CMN) para a cobrança destes juros con- duz ao limite de cobrança de 12% ao ano. Portanto, a cobrança de juros acima do limite legal que se entende possível depois da edição da Lei 4.595/64, da qual é fruto da Súmula 596/STF, ainda em vigor, está condicionada à existên- cia da autorização do Conselho Monetário Nacional, pois é como base no art. 4º, inciso IX, daquele diploma que o CMN pode limitar a incidência das taxas de juros aplicadas no mercado. Assim, deve a contratação ser revisada desde o início, expungindo-se da conta-corrente, desde o início da movimenta- ção, os encargos aplicados pelo banco, devendo seguir a regra 58 do disposto no Decreto 22.626/33, limitando-se os juros em 1% ao mês. DA IMPOSSIBILIADADE DE CAPITALIZAÇÃO DE JU- ROS / ANATOCISMO Verifica-se que o banco Réu, durante a movimentação contratual, capitalizou os juros sob o manto de outras entidades do Sistema Financeiro, em sentido totalmente contrário às normas de peso constitucional. Tal prática configura o chamado anatocismo, vedado pela ordem jurídica. A capitalização dos juros foi banida, ficando vedada sua prática desde a promulgação da Lei de Usura (Decreto nº 22.626/ 33), que modificou o disposto no antigo art. 1.262, do CC, culmi- nando com a edição da Súmula 121, do STF. A Lei nº 4.595/64, ainda que conferindo ao CMN o poder de fixar os limites das taxas de juros e outros encargos, liberou as instituições financeiras integrantes do sistema financeiro nacional apenas das disposições relativas a taxas, e não no que concerne à capitalização, que continua vedada. 59 Há que se ressaltar ainda, que a Súmula nº 596, do Pretório Excelso, nem restaurou o art. 1.262, do Código Civil, nem revogou a Súmula nº 121, do mesmo Tribunal. É mero esclarecimento da aplicação das diversas correntes interpretadoras de um dado mo- mento fático-jurídico da economia. Não se contrapõem nem se anulam. São instrumentos do Direito, que devem ser utilizados de forma inteligente e consoante. O Egrégio SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, no julga- mento do Recurso Especial nº 59.416-2, da 4ª turma, relatado pelo eminente Min. SÁLVIO DE FIGUEIREDO pacificou o entendimen- to de que: EXECUÇÃO - Instituição bancária credora. Capitalização de juros. Inadmissibilidade (art. 4º, do Dec. 22.626/33 e enunciado nº 121, da Súmula/STF). A Lei 4.959/64 não afastou a vedação contida no artigo 4º, da Lei de Usura, mostrando-se defeso o anatocismo mesmo nas operações contratadas por entidades financeiras. Apenas nos ca- sos em que lei específica a autoriza, a capitalização é admissível (enunciado nº 93, da Súmula/STF). Assim, a estipulação que dá ao banco o direito de capita- lizar os juros é prova inconteste do caráter abusivo do contrato, devendo sofrer podas por parte do Poder Judicial. 60 Especificamente sobre a capitalização de juros realizada por instituição financeira, veja-se o entendimento do Superior Tri- bunal de Justiça: É vedada a capitalização mensal dos juros em contratos bancários, pois, na hipótese, não existe legislação específica que autorize o anatocismo, como ocorre com as cédulas de crédito rural, comercial e industrial, sendo permitida tão-somente a capi- talização anual. Desta forma, deve a contratação ser revisada desde o iní- cio, expungindo-se da conta-corrente a capitalização de juros co- brada durante a movimentação contratual, eis que restrita apenas aos casos previstos em lei, o que não ocorre no caso em tela. DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA DA APLICAÇÃO DO ARTIGO 6º, VIII, DA LEI 8.078/90 Conforme expresso no art. 6º, inciso VIII, do CDC é autori- zado ao juiz proceder à inversão do ônus da prova, deslocando-o do destinatário final de bens e serviços para o respectivo fornece- dor, quando na direção do processo verificar a “verossimilhança” da alegação ou a “hipossuficiência” do consumidor. O referido benefício confere ao consumidor lesado a van- tagem de não precisar provar o fato alegado, cabendo ao prestador dos serviços o ônus de ilidir a presunção que milita em favor do consumidor. 61 Essa inversão do ônus da prova nada mais é que um ins- trumento eficaz para garantir a tutela jurisdicional efetiva ao consu- midor, prevenindo-o dos abusos praticados pela parte forte na re- lação judicial, garantindo a igualdade de condições entre o hipossuficiente da relação (Autores) e o prestador de serviços (no caso o Réu: ente financeiro que atua sob o pseudo argumento de ser Banco de Crédito Cooperativo). Nas palavras do jurista NELSON NERY JÚNIOR: (...) como o CDC reconhece o consumidor como a parte mais fraca na relação de consumo, para que se tenha isonomia é necessário que sejam adotados certos mecanismos, como a in- versão do ônus da prova, que trata desigualmente os desiguais, desigualdade reconhecida e fundamentadora da própria lei. “A li- teratura tem apontado como escopo maior do processo civil o atingimento da igualdade efetiva, de fato, e não apenas e tão-so- mente a igualdade jurídica.” Isonomia substancial é a palavra de ordem, igualdade real para que se atinja o justo, inibindo litigantes não eventuais, de perpetuarem suas práticas abusivas. Como afirmado, há prova nos autos dando conta de que o banco Réu capitalizou indevidamente os juros durante a movimen- tação contratual. Assim, estão presentes os requisitos para a inversão do ônus da prova: há verossimilhança da alegação (os contratos de 62 empréstimo, os encargos abusivos e os constantes pagamentos realizados diretamentena conta-corrente que impedem os Auto- res de discutir o débito) e há hipossuficiência por parte dos Auto- res face ao Réu. Portanto cabe ao Réu elidir essa presunção que milita em favor dos Autores (...) Na jurisprudência esse assunto foi tratado com extrema particularidade pelo Tribunal de Justiça de São Paulo: PROVA - ÔNUS - INVERSÃO – CABIMENTO. Inaplicabilidade do art. 333, I, do CPC, em face da prevalência do artigo 6º, VIII, do CDC, por ser norma específica.92 Outro não foi o entendimento do TAPR: A inversão do ônus da prova de que trata o Código de Defesa do Consumidor dispensa este de provar deter- minado fato, transferindo tal encargo ao prestador de serviço ou fornecedor. Assim, como o CDC inverteu ipso iure o ônus da prova, deve ser deferida a inversão do ônus da prova, com fundamento no art. 6º, VIII, do Código de Defesa do Consumidor, cabendo ao banco ilidir a veracidade dos fatos alegados pelos Autores no que diz respeito à aplicação ilegal da capitalização dos juros e demais encargos estranhos aos contratos de crédito rotativo em conta- corrente que resultaram em dívidas englobadas em Cédulas de 63 Crédito rural e Bancário. DO CABIMENTO DA REPETIÇÃO DE INDÉBITO Segundo o parágrafo único do artigo 42 do Código de Defesa do Consumidor: “O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao do- bro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável”. Desta forma, a cobrança indevida, cobrada a maior, no valor de R$________, conforme calculo em anexo, deve ser restituída em dobro, isto é, deve ser devolvido a quantia de R$__________. Nesta esteira, vale ressaltar o entendimento jurisprudencial sobre o tema posto a baila.Vejamos: “REPETIÇÃO DO INDÉBITO. Prova do erro. Contrato ban- cário. É dispensável a prova do erro no pagamento de contrato bancário para autorizar a repetição do indébito, pois há de se presumir que o pagamento decorreu de exigência do credor. Não é razoável considerar que tal pagamento a mais tenha sido feito conscientemente pelo devedor, a título de liberalidade concedida ao banco. Recurso conhecido e provido para julgar procedente a ação de repetição”. (DJ de 30.06.2003, p. 259). Conclui-se então que, a empresa-ré deve devolver o valor 64 pago indevidamente, restituindo em dobro o autor para que seja feito a devida justiça. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS Diante de todo o exposto, lastreados nos fundamentos de fato e de direito contidos nesta peça inaugural, pede-se a Vossa Excelência digne-se: Seja a pretensão do Autor julgada inteiramente PROCE- DENTE para determinar a revisão da contratação existente entre os primeiros Autores e o Réu, condenando-o ao pagamento dos valores definitivamente apurados através de perícia contábil, cujo valor por ora, com a dobra pleiteada e conforme fundamentação trazida, é de R$ ____________, e, sucessivamente ou cumulati- vamente: 2.1 declarar a nulidade das cláusulas contratuais que fizeram incidir juros acima de 12% ao ano na conta-corrente e nos contratos de empréstimo bem como de CÉDULAS DE CRÉDITO RURAL e BANCÁRIA firmadas, por força do disposto no art. 51, IV e XV, do CDC e Decreto 22.626/33; art. 4º do CC, e ante a ausên- cia de autorização do CNM; 2.2 por conseguinte, declarar a ilegalidade da cláusu- la que permite ao banco lançar diretamente na conta-corrente dos 65 primeiros Autores valores referentes às parcelas vencidas e não pagas; 2.3 declarar a nulidade das cláusulas que estabele- ceram a cobrança da capitalização dos juros, mandando escoimar da contratação os valores pagos e cobrados a este título, o que se fará na fase de liquidação de sentença; 2.4 declarar a ilegalidade da cobrança de outros en- cargos cobrados pelos banco (tarifa de excesso de limite, tarifa de cobrança, liberação garantida, tarifa custódia de cheque, tarifa PG fornecimento etc., pois se tratam de cobranças abusivas, sem au- torização do correntista, ilegais na visão do Eg. Tribunal de Justiça do Paraná; 2.5 por fim, declarar a ilegalidade de outros encargos (taxas) que o banco tenha aplicado sobre o saldo devedor, como por exemplo, TR, TBF, comissão de permanência c/c correção monetária, etc, substituindo-as pelo INPC, uma vez que as cláusu- las do contrato devem ser interpretadas de maneira mais favorável ao contratante; 2.6 se na apuração de valores em eventual perícia houver saldo a pagar, declarar a responsabilidade dos primeiros Autores pelo pagamento da diferença apurada; 66 2.7 se na apuração do valor houver saldo a receber diferente do apresentado na inicial, declarar a responsabilidade do Réu em pagar aos primeiros Autores a restituição da diferença apurada, cujos encargos deverão obedecer a mesma taxa prati- cada pelo banco durante o período de inadimplência, justamente para impedir o enriquecimento sem causa d instituição financeira; 2.8 pago o saldo devedor eventualmente apresenta- do ou restituído o crédito acaso existente, declarar o exato cumpri- mento dos contratos; 2.9 declarar a nulidade da CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO n. __________, vencida aos __________, no valor de R$_________, face à sua iliquidez, incerteza e inexigibilidade, nos termos da fundamentação trazida à presente; 3. ordenar a citação do banco Réu, na pessoa de seu re- presentante legal, no endereço preambularmente declinado, me- diante mandado para, querendo, no prazo legal, contestar a pre- sente, sob pena de revelia; 4. reconhecer a aplicação do Código de Defesa do Con- sumidor invertendo o ônus da prova, na forma do artigo 6º, VIII, do CDC, por ser a Autora parte hipossuficiente na relação consumerista; 67 5. ordenar ao banco para que exiba uma via de todos os contratos firmados pelos autores, sendo eles: 5.1 cópia dos contratos, aditivos e dos extratos oficiais da conta-corrente nº ___________, desde o início da operação da conta até a última movimentação, com os lançamentos, amortiza- ções, encargos aplicados e todos os índices utilizados; 5.2 cópia de todas as operações de empréstimos, de CÉDULAS DE CR[EDITO RURAL; CÉDULAS DE CR[EDITO PIGNORATÍCIO; CÉDULA DE CR[EDITO BANCÁRIO, e os lança- mentos relativos às amortizações nas referidas contas-corrente, para verificação dos lançamentos e amortizações realizadas, sob as penas do art. 359 do CPC; 6. considerando a prevenção deste r. Juízo para apreciar qualquer outra demanda conexa, dar ciência ao Distribuidor da Comarca para remeter a este Juízo toda e qualquer ação objetada entre as partes; 7. deferir aos Autores a produção de todos os meios de provas admitidos em direito, protestando especialmente pela to- mada do depoimento pessoal do representante legal do Requeri- do, sob pena de confesso, ouvida de testemunhas, cujo rol será 68 apresentado na devida oportunidade processual, juntada posteri- or de documentos, em especial a realização de prova pericial, con- sistente em exame contábil, econômico e financeiro da contratação; das amortizações realizadas, dos encargos cobrados, desde o início da contratação, nomeando-se perito de confiança desse D. Juízo; 8. com a procedência da demanda, pede a condenação do banco Réu na assunção dos encargos sucumbenciais de direi- to, especialmente honorários advocatícios a serem arbitrados por V. Exa.. Dá-se à presente causa o valor de R$________. Nestes termos, Pede deferimento. (Local, Data) ______________ ADVOGADO OAB___ 69 4.6. AÇÃO DE DANOS MORAIS – LEILÃO EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREIO DO _____JUIZADO ESPECIAL CIVIL DA COMARCA DE ________. Autor: ________________ Requerida: _____________ 70 _______________,(Qualificação), inscrito no CPF/MF sob n.º ______________, residente e domiciliado na Rua ________________________, através de seu advogado, que ao final
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