Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Análise Crítica A seguir apresentamos a transcrição da letra da Música de Trabalho: Música de Trabalho – Legião Urbana Sem trabalho eu não sou nada Não tenho dignidade Não sinto o meu valor Não tenho identidade Mas o que eu tenho É só um emprego E um salário miserável Eu tenho o meu ofício Que me cansa de verdade Tem gente que não tem nada E outros que tem mais do que precisam Tem gente que não quer saber de trabalhar Mas quando chega o fim do dia Eu só penso em descansar E voltar pra casa pros teus braços Quem sabe esquecer um pouco De todo o meu cansaço Nossa vida não é boa E nem podemos reclamar Sei que existe injustiça Eu sei o que acontece Tenho medo da polícia Eu sei o que acontece Se você não segue as ordens Se você não obedece E não suporta o sofrimento Está destinado a miséria Mas isso eu não aceito Eu sei o que acontece Mas isso eu não aceito Eu sei o que acontece E quando chega o fim do dia Eu só penso em descansar E voltar pra casa pros teus braços Quem sabe esquecer um pouco Do pouco que não temos Quem sabe esquecer um pouco De tudo que não sabemos Compositores: Dado Villa-Lobos / Marcelo Bonfa / Renato Russo O autor critica nossa atual sociedade, mostrando que o trabalho é essencial para o andamento e desenvolvimento do país. O valor do trabalho é reconhecido na narrativa, sendo o grande elo que liga a ideia de vida com dignidade e identidade, ou seja, o trabalho seria o meio de reconhecimento social. O autor aparentemente na letra tenta convencer o ouvinte de que o trabalho é importante como uma fonte de satisfação, significação e realização uma vez que ele se torna um modo de ser e expressar-se individual e socialmente. Porém, quando esse ciclo é quebrado o resultado é sofrimento. Inspirado em princípios econômicos capitalistas neoliberais, o trabalho é associado à idéia de emprego, remuneração, fadiga e ao sofrimento como se pode observar no seguinte trecho (“só um emprego”, “um salário miserável”, “eu tenho o meu ofício” e “que me cansa de verdade”), trazendo uma valoração negativa pois reconhece o trabalho como algo obrigatório e necessário a sobrevivência tornando-o alienado, apenas um produtor e consumidor de capital. No capitalismo o ser humano é excluído dos meios e dos instrumentos de trabalho, é obrigado a vender sua força laboral embora sendo livre, o autor se coloca no salário miserável pois assim evita um mal maior como a miséria, como pode ser visto nos trechos (“está destinado a miséria”, “mas isso eu não aceito”). Ele tem que se submeter para evitar a miséria com a qual não poderia conviver. A partir dos trechos (“tem gente que não tem nada” e “e outros que tem mais do que precisam”), (“sei que existe injustiça” e “eu sei o que acontece”) fica evidente que o autor ele não é uma pessoa alienada, ele tem conhecimento sobre a desigualdade social e a distribuição de renda. E retrata a realidade cotidiana nos trechos (“eu sei o que acontece”, “se você não segue as ordens”, “se você não obedece”, “e não suporta o sofrimento”), o trabalho deveria ser humanizador, porém sob o modelo econômico capitalista ocorre o contrário, na forma de mercadoria ele se torna alienante, explorador, humilhante e discriminante. Na concepção marxiana, o trabalho não deveria ser alienado, mas digno e que garantisse a satisfação de suas necessidades, racional e que se constituísse a principal força na vida dos indivíduos. Por fim, fica claro a crítica de duas formações ideológicas: a voltada para o trabalho como fonte de dignidade e identidade social e a outra como meio de sobrevivência e sofrimento humano. No final é dito que o autor não aceita essa situação de monotonia, porem ele sabe que é algo necessário nos dias de hoje para a sobrevivência, e deixar um trabalho estável pode ser um risco, já que as chances de encontrar ou se manter em um trabalho bom, ou até mesmo retornar ao emprego anterior pode não ser viável devido a grande concorrência. Então, tudo volta a ser como era antes, todos os dias do mesmo jeito que o anterior. A música nos passa basicamente isso, muito trabalho para pouco ganho, e a reclamação do autor que não aceita isso tudo, mas não pode reclamar. Esse personagem representa uma classe, que faz parte de uma das minorias sociais e que,é a que mais prevalece em nosso país que são os pobres, os que trabalham arduamente e cumprem uma fornada de 8 horas diárias, para conseguirem se manterem, que no final do mês não é nada em meio a tantas despesas e impostos altíssimos que são pagos.
Compartilhar