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Sabrina Feitosa de Sousa Psicologia e TrabalhoUDF A Competência e A Gestão Por Competência • No contexto organizacional, “competência” se refere àquele que tem a capacidade para realizar o trabalho adequadamente (BRANDÃO, 2017). Segundo Brandão (2017), competência no trabalho é definida na literatura por: a) recursos pessoais, como habilidades e atitude; b) capacidade de aplicar seus conhecimentos; c) o que as pessoas pensam que eu sei fazer; d) se manifesta em situações profissionais; e) é adquirida em processos de aprendizagem; f) faz ponte entre as habilidades individuais e a estratégia da organização; g) agrega valor ao indivíduo como à organização de trabalho; h) dela se originam as competências organizacionais; i) é influenciada e influencia nos mais diferentes níveis organizacionais (individual, equipe de trabalho, unidades produtivas, organização, estilo gerencial, treinamento, apoio, cultura organizacional, etc.). “Carbone et al., propuseram definir a competência no trabalho como uma combinação sinérgica de conhecimentos, habilidades e atitudes, evidenciada pelo desempenho do indivíduo em seu contexto profissional, que agrega valor tanto à pessoa quanto à organização em que ela atua” (BRANDÃO, 2017). Veja a seguir um esquema que representa essa definição: Figura 1 – Componentes da Competência Profissional “Essa figura sugere que o indivíduo, para lidar adequadamente com os desafios de seu contexto organizacional, social ou econômico, precisa deter uma série de conhecimentos, habilidades e atitudes. Quando consegue mobilizar e aplicar esses elementos em seu trabalho, a pessoa gera um desempenho profissional. Esse desempenho, por sua vez, é expresso pelos comportamentos que o indivíduo manifesta no trabalho e pelas consequências desses comportamentos, em termos de resultados ou realizações, de forma que o desempenho competente possui valor, seja este econômico ou social, tanto para a pessoa que o produz quanto para a organização em que ela trabalha” (BRANDÃO, 2017). A competência é a soma de três elementos: 1. conhecimentos: saber o que fazer e porquê fazer; 2. atitudes: motivação, interesse, determinação em realizar uma determinada tarefa; e 3. habilidades: saber como fazer, técnica, destreza. • A competência vai além do nível individual, se fazendo presente também em nível coletivo. Isto é, toda equipe tem alguma competência coletiva que é resultante das interações entre os membros da equipe. Diz-se que a competência coletiva está situada no nível de uma equipe ou unidade Sabrina Feitosa de Sousa Psicologia e TrabalhoUDF da organização (ZARIFIAN; como citado em BRANDÃO, 2017). As competências também podem ser entendidas à nível organizacional. Segundo Prahlad e Hamel (citados em BRANDÃO, 2017), as competências essenciais são características da organização, constituindo o diferencial competitivo da organização e são difíceis de serem imitadas pela concorrência. Nessa perspectiva, as interações entre os membros da organização dariam origem às competências organizacionais. Por exemplo: o design inovador e funcional da Apple é a sua competência organizacional; a capacidade de exploração de petróleo em águas é a competência organizacional da Petrobras. Assim, é possível classificar as competências em dois níveis, sendo que um influencia o outro (BRANDÃO, 2017): Figura 2 – Classificação de Competências (adaptado de Brandão, 2017). Existem três níveis de análise das organizações: 1. Individual ou Micro-organizacional: estudo das características psicossociais do indivíduo e as suas influências no contexto organizacional; 2. Grupal ou Meso-organizacional: estudo dos processos grupais e equipes de trabalho; e 3. Macro-organizacional ou Organizacional: estudo da organização como um todo. Figura 3 – Competências nos Diferentes Níveis Organizacionais (adaptado de Brandão, 2017). • Transferência Ascendente é o processo pelo qual as competências individuais influenciam nas competências em equipes e organizacionais (BRANDÃO, 2017). • Transferência Descendente: é o processo pelo qual as competências organizacionais e outras características organizacionais, como estratégia, cultura e clima organizacional, influenciam nas competências à nível individual (BRANDÃO, 2017). • Individuais Organizacionais Competências Organizacionais Competências de Esquipes ou Unidades Competências Individuais Sabrina Feitosa de Sousa Psicologia e TrabalhoUDF É um modelo que orienta as competências à nível individual, grupal e organizacional para atingir os objetivos da instituição. Figura 4 – Modelo de Gestão por Competência de Brandão e Bahry Esse processo tem como início a formulação da estratégia organizacional que é definição da missão, da visão de futuro e dos objetivos estratégicos da organização (BRANDÃO, 2017). Com isto feito, é possível definir indicadores de desempenho que são parâmetros quantificados para medir o desempenho da organização em relação a um objetivo ou meta. Utilizando instrumentos como escalas é possível demonstrar o estágio de desenvolvimento organizacional que se deseja alcançar. Dentro dos indicadores, temos os conceitos de índice – utilizado para quantificar o indicador – e padrão – é a meta, o padrão de desempenho desejável (BRANDÃO, 2017). Feito isso, é possível realizar o diagnóstico ou mapeamento de competências que tem como objetivo identificar o gap que é a diferença entre as competências que a organização já possui e as que precisa adquirir para alcançar seu objetivo (BRANDÃO, 2017). Veja a figura a seguir: Figura 5 – Identificação do GAP No gráfico, “há uma curva ascendente que representa as competências. De outro lado, há uma curva descendente, que representa as competências atuais, aquelas que já estão disponíveis na organização” (BRANDÃO, 2017). “A situação ideal para uma empresa é aquela caracterizada pelo ponto de intersecção entre as duas curvas” que indica que não há gap entre as competências (BRANDÃO, 2017). Já a captação se refere a atrair competências externas para a organização. Em outras palavras, ela pode acontecer por recrutamento e seleção de pessoas. Todavia, também pode acontecer buscando as competências em nível organizacional por fusões, aquisições, parcerias, joint ventures e alianças estratégicas, se associando a outra organização para conseguir as competências necessárias as compartilhando (BRANDÃO, 2017). O desenvolvimento se refere ao aprimoramento das competências organizacionais. Pode acontecer por meio Sabrina Feitosa de Sousa Psicologia e TrabalhoUDF de aprendizagem formal ou informal (BRANDÃO, 2017). O acompanhamento e avaliação são mecanismos de feedback que funcionam para avaliar se as metas estão sendo alcançadas (BRANDÃO, 2017). Por fim, na retribuição, a organização retribui aos funcionários por sua contribuição por meio da remuneração (BRANDÃO, 2017). o Mapeamento de Competências • A Descrição Operacional de Competências As competências individuais, geralmente, são utilizadas para descrever as ações que o indivíduo terá de exercer no ambiente de trabalho. Assim, é mais adequado descrever as ações operacionalmente, utilizando termos de padrões de desempenho que são as expectativas em relação ao desempenho do trabalhador em determinada função (BRANDÃO, 2017). Os termos utilizados devem ser objetivos e passíveis de observação para ser avaliada no trabalho, deixando claro ao trabalhador o que é esperado dele pela organização (BRANDÃO, 2017). Nesse sentido, a descrição das competências individuais representa o comportamento que a organização espera que o trabalhador emita. • Exemplos de descrição de competências: analisar documentos,operar sistemas informatizados, redigir textos, solucionar problemas. Observe que a descrição de uma competência individual deve ser descrita utilizando, obrigatoriamente, um verbo e um objeto de ação. Pode-se adicionar às descrições a condição e critério em que a competência deve ser realizada, por exemplo: “digitar textos em 10 minutos utilizando o programa Word” – nesse exemplo, 10 minutos é critério tempo e usar apenas o Word é a condição (BRANDÃO, 2017). Ressalta-se que não é necessário utilizar critérios e condições, caso o verbo e o objeto da ação já sejam suficientes para descrever o que é esperado do trabalhador. A descrição de competência deve ser o mais objetiva possível (BRANDÃO, 2017). Métodos, Técnicas e Instrumentos Aplicados ao Mapeamento de Competências Para um bom diagnóstico de competências ou mapeamento de competências é preciso diferenciar o que é lacuna de competências, falta de condições propícias de trabalho e falta de motivação. O mapeamento de competências ou diagnóstico de competências tem o objetivo de identificar o gap que é a discrepância entre as competências que já temos na empresa e aquelas que precisamos adquirir para atingir determinado objetivo (BRANDÃO, 2017). Assim, o primeiro passo é diferenciar e identificar competências organizacionais e individuais que serão necessárias. Não se recomenda o uso dos dicionários de competências, uma vez que cada organização precisará de competências diferentes, enquanto os dicionários apenas oferecem competências universais (BRANDÃO, 2017). Como mapear as competências? 1. Detalhar atividades: é necessário identificar o que os indivíduos fazem; para quem o fazem; como ou com o quê fazem e por que o fazem. Entre os meios para descrever atribuições temos: Sabrina Feitosa de Sousa Psicologia e TrabalhoUDF análise documental, observação participativa, entrevista, grupos focais (grupo de levantamento de informações), entre outros. 2. Descrever CHA/CHAOs: localizar informantes chaves para identificar e descrever conhecimentos, habilidades, atitudes e outros (CHAOs). Pode-se utilizar diversos métodos, como entrevistas, grupos focais, técnica delphi por rodadas, entre outros. 3. Determinar a relevância dos CHA/CHAOs: atribuir valores, de acordo com o grau de necessidade, para cada CHA/CHAOs. Após o mapeamento, é possível definir CHA necessárias para a organização para, então, intervir. Ao pensar e hierarquizar o que é prioritário para a organização, podemos realizar um treinamento e desenvolvimento (T&D) mais efetivo. Referências BRANDÃO, H. P. Mapeamento de Competências, 2ª edição. [S.I]: Grupo GEN, 2017. 9788597013573. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/ #/books/9788597013573/. Acesso em: 02 out. 2021. p. 1-37. Figura 1 – Componentes da Competência Profissional: https://www.scielo.br/j/epsic/a/M6mKhjC cWBQZ9jKZhxC4jzN/?lang=pt. Acesso em 27 de setembro de 2021. Figura 4 – Modelo de Gestão Por Competência de Brandão e Bahry: BRANDÃO, H. P. Mapeamento de Competências, 2ª edição. [S.I]: Grupo GEN, 2017. 9788597013573. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/ #/books/9788597013573/. Acesso em: 02 out. 2021. p. 10. Figura 5 – Identificação do GAP: https://www.google.com/url?sa=i&url=htt ps%3A%2F%2Fwww.researchgate.net%2Ff igure%2FFigura-2-Identificacao-do-Gap- Lacuna-de- Competencias_fig2_41574331&psig=AOvV aw1w0kux- sNlZfzUUubMYnO9&ust=16332724282640 00&source=images&cd=vfe&ved=0CAkQjR xqFwoTCOjpmor8q_MCFQAAAAAdAAAAA BAD. Acesso em 02 out. 2021. Veja também: Recrutamento e Seleção Comportamental https://www.scielo.br/j/epsic/a/M6mKhjCcWBQZ9jKZhxC4jzN/?lang=pt https://www.scielo.br/j/epsic/a/M6mKhjCcWBQZ9jKZhxC4jzN/?lang=pt https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fwww.researchgate.net%2Ffigure%2FFigura-2-Identificacao-do-Gap-Lacuna-de-Competencias_fig2_41574331&psig=AOvVaw1w0kux-sNlZfzUUubMYnO9&ust=1633272428264000&source=images&cd=vfe&ved=0CAkQjRxqFwoTCOjpmor8q_MCFQAAAAAdAAAAABAD https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fwww.researchgate.net%2Ffigure%2FFigura-2-Identificacao-do-Gap-Lacuna-de-Competencias_fig2_41574331&psig=AOvVaw1w0kux-sNlZfzUUubMYnO9&ust=1633272428264000&source=images&cd=vfe&ved=0CAkQjRxqFwoTCOjpmor8q_MCFQAAAAAdAAAAABAD https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fwww.researchgate.net%2Ffigure%2FFigura-2-Identificacao-do-Gap-Lacuna-de-Competencias_fig2_41574331&psig=AOvVaw1w0kux-sNlZfzUUubMYnO9&ust=1633272428264000&source=images&cd=vfe&ved=0CAkQjRxqFwoTCOjpmor8q_MCFQAAAAAdAAAAABAD https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fwww.researchgate.net%2Ffigure%2FFigura-2-Identificacao-do-Gap-Lacuna-de-Competencias_fig2_41574331&psig=AOvVaw1w0kux-sNlZfzUUubMYnO9&ust=1633272428264000&source=images&cd=vfe&ved=0CAkQjRxqFwoTCOjpmor8q_MCFQAAAAAdAAAAABAD https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fwww.researchgate.net%2Ffigure%2FFigura-2-Identificacao-do-Gap-Lacuna-de-Competencias_fig2_41574331&psig=AOvVaw1w0kux-sNlZfzUUubMYnO9&ust=1633272428264000&source=images&cd=vfe&ved=0CAkQjRxqFwoTCOjpmor8q_MCFQAAAAAdAAAAABAD https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fwww.researchgate.net%2Ffigure%2FFigura-2-Identificacao-do-Gap-Lacuna-de-Competencias_fig2_41574331&psig=AOvVaw1w0kux-sNlZfzUUubMYnO9&ust=1633272428264000&source=images&cd=vfe&ved=0CAkQjRxqFwoTCOjpmor8q_MCFQAAAAAdAAAAABAD https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fwww.researchgate.net%2Ffigure%2FFigura-2-Identificacao-do-Gap-Lacuna-de-Competencias_fig2_41574331&psig=AOvVaw1w0kux-sNlZfzUUubMYnO9&ust=1633272428264000&source=images&cd=vfe&ved=0CAkQjRxqFwoTCOjpmor8q_MCFQAAAAAdAAAAABAD https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fwww.researchgate.net%2Ffigure%2FFigura-2-Identificacao-do-Gap-Lacuna-de-Competencias_fig2_41574331&psig=AOvVaw1w0kux-sNlZfzUUubMYnO9&ust=1633272428264000&source=images&cd=vfe&ved=0CAkQjRxqFwoTCOjpmor8q_MCFQAAAAAdAAAAABAD https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fwww.researchgate.net%2Ffigure%2FFigura-2-Identificacao-do-Gap-Lacuna-de-Competencias_fig2_41574331&psig=AOvVaw1w0kux-sNlZfzUUubMYnO9&ust=1633272428264000&source=images&cd=vfe&ved=0CAkQjRxqFwoTCOjpmor8q_MCFQAAAAAdAAAAABAD https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fwww.researchgate.net%2Ffigure%2FFigura-2-Identificacao-do-Gap-Lacuna-de-Competencias_fig2_41574331&psig=AOvVaw1w0kux-sNlZfzUUubMYnO9&ust=1633272428264000&source=images&cd=vfe&ved=0CAkQjRxqFwoTCOjpmor8q_MCFQAAAAAdAAAAABAD
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