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RAZÕES DE APELAÇÃO

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AO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO...
PROCESSO NUMERO: ......
APELANTE: BRAD NORONHA ....
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO......
ESPÉCIE: RAZÕES DE RECURSO DE APELAÇÃO
Colenda Câmara,
Digníssimo Desembargador Relator,
Douto Procurador de Justiça.
RELATÓRIO
O apelante foi denunciado e condenado na presente ação penal por, em tese, ter praticado o crime de roubo majorado previsto no artigo 157 § 2º I do Código Penal, pelos fatos narrados na denúncia às fls., nos seguimtes termos:
“BRAD NORONHA foi denunciado e processado, na 1ª Vara Criminal da Comarca do Município X, pela prática de roubo qualificado em decorrência do emprego de arma de fogo. Ainda durante a fase do inquérito policial, BRAD NORONHA foi reconhecido pela vítima.  Tal reconhecimento se deu quando a referida vítima olhou através de pequeno orifício da porta de uma sala onde se encontrava apenas o réu.  Já em sede de instrução criminal, nem vítima, nem testemunhas, afirmaram ter escutado qualquer disparo de arma de fogo, mas foram uníssonas no sentido de assegurar  que o assaltante portava uma arma.  Não houve perícia, pois os policiais que prenderam o réu em flagrante  não lograram êxito  em apreender a arma.  Tais policiais afirmaram em juízo que, após escutarem gritos de ?pega ladrão!?, viram o réu correndo  e foram ao seu encalço.  Afirmaram que, durante a perseguição, os passantes apontavam para o réu,  bem como este jogou um objeto no córrego que passava próxima ao local dos fatos, que acreditavam ser a arma de fogo utilizada. ”
O acusado restou condenado pela imputação acima indicada, tendo a sentença condenatória prolatada nos seguintes termos:
 
“BRAD NORONHA foi condenado a dez anos e seis meses de reclusão, por roubo com emprego de arma de fogo, tendo sido fixado o regime inicial fechado para cumprimento da pena. O magistrado, para fins de condenação e fixação da pena, levou em conta os depoimentos testemunhais colhidos em juízo e o reconhecimento da vítima em sede policial, bem como o fato de o réu ser reincidente e portador de maus antecedentes, circunstâncias provadas no curso do processo”
	Apresentado breve relatório o relatório, o Apelante apresenta as razões de recurso de apelação, para que inicialmente seja recebido e após provido para afastar a majorante do § 2º do artigo 157 do CP, para desclassificar a infração penal para o crime de Furto (artigo 155 Código Penal) e por fim requerer a absolvição por ausência de provas, sob os fundamentos fáticos e de direito que apresentará nas razões recursais.
II- FUNDAMENTAÇÃO
	Conforme narra a peça acusatória, o Apelante é acusado pela prática do crime de roubo majorado porque no dia XX de xxxx, na Rua yyyy, Município de X, teria, em tese, rendido a vítima mediante emprego de arma de fogo e substraído seus objetos pessoais.
	Em fuga, o Apelante foi preso por policiais que ouviram gritos e o encaminharam a Delegacia Policial para as providências de praxe. Em sede poicial, orientada pela autoridade policial, a vítima reconheceu o Apelante olhando através de um pequeno orifício da porta da sala onde se encontrava preso.
Nota-se que a autoridade policial não realizou o procedimento de reconhecimento de pessoas em respeito ao que dispõe a legislação processual penal. Ao determinar o reconhecimento do acusado pelo orifício da fechadura, o I. Delegado de Polícia não atendeu ao que dispõe o artigo 226 do Código Penal, nos seguintes termos:
“Art. 226.  Quando houver necessidade de fazer-se o reconhecimento de pessoa, proceder-se-á pela seguinte forma:
I - a pessoa que tiver de fazer o reconhecimento será convidada a descrever a pessoa que deva ser reconhecida;
Il - a pessoa, cujo reconhecimento se pretender, será colocada, se possível, ao lado de outras que com ela tiverem qualquer semelhança, convidando-se quem tiver de fazer o reconhecimento a apontá-la;
III - se houver razão para recear que a pessoa chamada para o reconhecimento, por efeito de intimidação ou outra influência, não diga a verdade em face da pessoa que deve ser reconhecida, a autoridade providenciará para que esta não veja aquela;
IV - do ato de reconhecimento lavrar-se-á auto pormenorizado, subscrito pela autoridade, pela pessoa chamada para proceder ao reconhecimento e por duas testemunhas presenciais.”
	Assim, ao não respeitar a legislação processual penal em vigor, latente o desrespeito a cláusula do devido processo legal, fulminando o procedimento adotado de nulidade, o que impõe a declaração de invalidade do presente ato, com o consequente desentramento dos autos do presente elemento de informação. Tal declaração deve ter por fundamento o artigo 564 IV do Código de processo penal que assim dispõe:
Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:
IV - por omissão de formalidade que constitua elemento essencial do ato.
	Afirma ainda a peça acusatória que a suposta arma do crime não fora apreendida ou mesmo periciada, restando apenas o depoimento das vítima no sentido de afirmar que o acusado usou arma de fogo para realizar a ação.
	Sobre este ponto, a majorante prevista no artigo 157 paragrafo 2º deve ser afastada. No presente caso não se pode reconhecer a majorante do referido parágrafo se a arma não foi encontrada. 
Sem a apreensão da arma torna impossível a realização de exame pericial para atestar com a segurança exigida, a potencialidade lesiva do objeto, ou mesmo a condição real de arma. Sabe-se que a vítima, não detém o conhecimento adequado para atestar que o Apelante utilizava uma arma, sendo necessário o afastamento da majorante devido a falta de certeza quanto a sua existência.
 É certo que de acordo com o Princípio da Legalidade não se permite no Direito Penal imputações imprecisas, sem comprovação, mormente quando se trata de aumento de pena que trará severas consequências ao Apelante. 	
Assim, a sentença condenatória que impôs ao Apelante a majorante do § 2º I do artigo 157 deve ser reformada para afastar o referido aumento de pena.
	Como já afirmado acima, o reconhecimento do acusado foi realizado à margem da legalidade, devendo portanto ser afastado, sob pena de contamizar as demais provas fulminando todo o processo de nulidade.
	Ainda, não resta claramente provada nos presentes autos a prática de violência ou grave ameaça. Tal afirmação pauta-se somente nos depoimentos frãgeis e lacunosos da vítima e das testemunhas. Em reforço a tal situação, a própria denuncia não especificou com detalhes a conduta praticada pelo acusado, se referindo vagamente sobre os fatos imputados.
	Assim, diante da incerteza dos depoimentos prestados, bem como da inepcia da peça acusatória a desclassificação do crime ora imputado para o crime de furto se impõe.
Requer por fim, caso os demais pedidos não sejam atendidos, que seja a sentenla reformada para absolver o acusado por ausência de elementos probatórios suficientes para ensejar o decreto condenatório.
Ante o exposto, requer o conhecimento e o provimento do presente recurso de Apelação, em favor do BRAD NORONHA, já qualificado nos autos, para que seja reformada a respeitável sentença condenatória para requerer o seguinte:
Requer que seja afastada a majorante prevista no § 2º I do artigo 157, tendo em vista a não apreensão da suposta arma de fogo utilizada no crime;
A desclassificação do crime de roubo para o crime de furto, ante a carência da peça acusatória na descrição dos fatos e da falta de elementos de provas suficientes a provar a acusação.
A absolvição do Apelante diante da carência probatória atestada nos autos.
	
N.Termos,
P.Deferimento.
LOCAL/DATA
ADVOGADO/OAB

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