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www.cers.com.br 500 QUESTÕES - FCC Língua Portuguesa Maria Augusta 1 AULA 2 Atenção: Para responder às questões de números 1 a 7, considere o texto abaixo. No campo da técnica e da ciência, nossa época produz milagres todos os dias. Mas o progresso moderno tem amiúde um custo destrutivo, por exemplo, em danos irreparáveis à natureza, e nem sempre contribui para reduzir a pobreza. A pós-modernidade destruiu o mito de que as humanidades humanizam. Não é indubitável aquilo em que acreditam tantos filósofos otimistas, ou seja, que uma educação liberal, ao alcance de todos, garantiria um futuro de liberdade e igualdade de oportunidades nas democracias modernas. George Steiner, por exemplo, afirma que “bibliotecas, museus, universidades, centros de investigação por meio dos quais se transmitem as humanidades e as ciências podem prosperar nas proximidades dos campos de concentração”. “O que o elevado humanismo fez de bom para as massas oprimidas da comunidade? Que utilidade teve a cultura quando chegou a barbárie?” Numerosos trabalhos procuraram definir as características da cultura no contexto da globalização e da extraordinária revolução tecnológica. Um deles é o de Gilles Lipovetski e Jean Serroy, A cultura-mundo. Nele, defende-se a ideia de uma cultura global − a cultura- mundo − que vem criando, pela primeira vez na história, denominadores culturais dos quais participam indivíduos dos cinco continentes, aproximando-os e igualando- os apesar das diferentes tradições e línguas que lhes são próprias. Essa “cultura de massas” nasce com o predomínio da imagem e do som sobre a palavra, ou seja, com a tela. A indústria cinematográfica, sobretudo a partir de Hollywood, “globaliza” os filmes, levando-os a todos os países, a todas as camadas sociais. Esse processo se acelerou com a criação das redes sociais e a universalização da internet. Tal cultura planetária teria, ainda, desenvolvido um individualismo extremo em todo o globo. Contudo, a publicidade e as modas que lançam e impõem os produtos culturais em nossos tempos são um obstáculo a indivíduos independentes. O que não está claro é se essa cultura-mundo é cultura em sentido estrito, ou se nos referimos a coisas completamente diferentes quando falamos, por um lado, de uma ópera de Wagner e, por outro, dos filmes de Hitchcock e de John Ford. A meu ver, a diferença essencial entre a cultura do passado e o entretenimento de hoje é que os produtos daquela pretendiam transcender o tempo presente, continuar vivos nas gerações futuras, ao passo que os produtos deste são fabricados para serem consumidos no momento e desaparecer. Cultura é diversão, e o que não é divertido não é cultura. (Adaptado de: VARGAS LLOSA, M. A civilização do espetáculo. Rio de Janeiro, Objetiva, 2013, formato ebook) 1. Depreende-se corretamente do texto: (A) A asserção de que o progresso moderno tem amiúde um custo destrutivo estabelece, no parágrafo, noção de finalidade. (B) Os pontos de interrogação das perguntas feitas no segundo parágrafo podem ser suprimidos por se tratar de perguntas retóricas. (C) A afirmação de que nossa época produz milagres todos os dias encontra respaldo no fato de que haveria hoje o predomínio da imagem e do som sobre a palavra. (D) O mito de que as humanidades humanizam justifica-se a partir do fato de que nem todas as classes sociais possuem acesso à tecnologia moderna, como a internet. (E) A menção ao que seria cultura em sentido estrito estabelece uma diferença entre a noção de cultura de que parte o autor e aquela estabelecida pelo pensador Gilles Lipovetski. 2. O autor do texto discorda dos pensadores citados ao afirmar que (A) ...a publicidade e as modas (...) são um obstáculo à criação de indivíduos independentes. (5o parágrafo) (B) ... o progresso moderno tem amiúde um custo destrutivo... (1o parágrafo) www.cers.com.br 500 QUESTÕES - FCC Língua Portuguesa Maria Augusta 2 (C) Essa “cultura de massas” nasce com o predomínio da imagem e do som sobre a palavra... (4o parágrafo) (D) Não é indubitável aquilo em que acreditam tantos filósofos otimistas... (2o parágrafo) (E) A indústria cinematográfica, sobretudo a partir de Hollywood, “globaliza” os filmes... (4o parágrafo) 3. ...apesar das diferentes tradições e línguas que lhes são próprias. (3o parágrafo) ...levando-os a todos os países... (4o parágrafo) ...os produtos deste são fabricados... (7o parágrafo) Os elementos sublinhados acima referem- se, respectivamente, a: (A) diferentes tradições e línguas − filmes – entretenimento de hoje (B) diferentes tradições − países − passado (C) línguas − Hollywood − entretenimento de hoje (D) indivíduos − países − passado (E) indivíduos − filmes − tempo presente 4. Possuem os mesmos tipos de complemento os verbos grifados em: (A) Essa “cultura de massas” nasce com o predomínio... // Um deles é o de Gilles Lipovetski... (B) A pós-modernidade destruiu o mito de que... // ... nossa época produz milagres todos os dias. (C) Essa cultura de massas nasce com o predomínio... // ... e nem sempre contribui para... (D) ... as ciências podem prosperar nas proximidades... // A pós-modernidade destruiu o mito de que... (E) ... nossa época produz milagres todos os dias. // ... o mito de que as humanidades humanizam. 5. Substituindo-se o elemento grifado pelo que se encontra entre parênteses, o sinal indicativo de crase deverá ser acrescentado em: (A) ... por meio dos quais se transmitem as humanidades... − (ciências humanas) (B) ... a todas as camadas sociais. − (qualquer classe social) (C) ... se nos referimos a coisas completamente diferentes... − (uma coisa completamente diferente) (D) ... são um obstáculo a indivíduos independentes. (criação de indivíduos independentes) (E) ... que uma educação liberal, ao alcance de todos... (dispor de todos) 6. Sem que nenhuma outra modificação seja feita, mantêm-se a correção e as relações de sentido estabelecidas no texto, substituindo-se (A) Contudo por “dado que” (5o parágrafo) (B) Mas por “Embora” (1o parágrafo) (C) ao passo que por “enquanto” (7o parágrafo) (D) Tal por “Tamanha” (5o parágrafo) (E) amiúde por “mormente” (1o parágrafo) 7. Uma redação alternativa para um segmento do texto, em que se mantêm a correção e, em linhas gerais, o sentido original, está em: (A) A crença de que um futuro de liberdade e igualdade de oportunidades seria garantido por uma educação liberal é sustentada por muitos filósofos otimistas. (B) Dado os custos destrutivos do progresso, o mito segundo o qual as humanidades humanizam foi destruída pela pós- modernidade. (C) As características da cultura no contexto da globalização e da extraordinária revolução tecnológica, procurou se definir em numerosos trabalhos. (D) Um individualismo extremo fora desenvolvido pela cultura planetária, embora as modas impostas pelos produtos culturais de nosso tempo configure-se como obstáculo a indivíduos independentes. (E) Não se consideraria, nos dias de hoje, como sendo cultura, aqueles produtos culturais que não sejam divertidos. Atenção: Para responder às questões de números 8 a 14, considere o texto abaixo. Ler um livro é desinteressar-se a gente deste mundo comum e objetivo para viver noutro mundo. A janela iluminada noite adentro isola o leitor da realidade da rua, que é o sumidouro da vida subjetiva. Árvores ramalham. De vez em quando www.cers.com.br 500 QUESTÕES - FCC Língua Portuguesa Maria Augusta 3 passam passos. Lá no alto estrelas teimosas namoram inutilmentea janela iluminada. O homem, prisioneiro do círculo claro da lâmpada, apenas ligado a este mundo pela fatalidade vegetativa do seu corpo, está suspenso no ponto ideal de uma outra dimensão, além do tempo e do espaço. No tapete voador só há lugar para dois passageiros: Leitor e autor. O leitor ingênuo é simplesmente ator. Quero dizer que, num folhetim ou num romance policial, procura o reflexo dos seus sentimentos imediatos, identificando-se logo com o protagonista ou herói do romance. Isto, aliás, se dá mais ou menos com qualquer leitor, diante de qualquer livro; de modo geral, nós nos lemos através dos livros. Mas no leitor ingênuo, essa lei dos reflexos toma a forma de um desinteresse pelo livro como obra de arte. Pouco importa a impressão literária, o sabor do estilo, a voz do autor. Quer divertir- se, esquecer as pequenas misérias da vida, vivendo outras vidas desencadeadas pelo bovarismo da leitura. E tem razão. Há dentro dele uma floração de virtualidades recalcadas que, não encontrando desimpedido o caminho estreito da ação, tentam fugir pela estrada larga do sonho. Assim éramos nós então, por não sabermos ler nas entrelinhas. E daquela primeira fase de educação sentimental, que parecia inevitável como as espinhas, passava quase sempre o jovem monstro para uma crise de hipercrítica. Devido à necessidade de um restabelecimento de equilíbrio, o excesso engendrava o excesso contrário. A pouco e pouco os românticos perdiam terreno em proveito dos naturalistas. Dava-se uma verdadeira subversão de valores na escala da sensibilidade e a fantasia comprazia-se em derrubar os antigos ídolos. Formava-se muitas vezes, coincidindo com manifestações mórbidas que são do domínio da psicanálise, um pedantismo da clarividência, tão nocivo como a intemperança imaginosa ou sentimental, e talvez mais ingênuo, pois refletia um ressentimento de namorado ainda ferido nas suas primeiras ilusões. (Adaptado de: MEYER, Augusto. “Do Leitor”, In: À sombra da estante, Rio de Janeiro, José Olympio, 1947, p. 11-19) 8. Infere-se, corretamente, que o autor do texto (A) descreve, mediante metáforas e comparações, as reações dos leitores que se debruçam, um de modo crítico, outro ingênuo, sobre os aspectos artísticos de romances da mesma natureza. (B) traça o amadurecimento do leitor que, de ingênuo e romântico, passa a perceber nos livros os componentes afeitos à realidade e, assim, a preferir os de maior aprimoramento artístico. (C) mostra a importância da arte na formação de leitores que, por seu intermédio, tornam-se capazes de distinguir aspectos fantasiosos de outros mais realistas, o que passa a interferir diretamente em seu juízo crítico. (D) exemplifica os modos de ler um livro mediante as reações que diferentes enredos provocam nos leitores, de maneira a nos fazer compreender a harmonia da arte entre dois extremos de conduta. (E) compara duas fases do leitor a duas fases da adolescência, ressaltando a ingenuidade que caracteriza ambas, pois, cada uma a seu modo, não se atêm a características artísticas do livro. 9. Na frase Ler um livro é desinteressar-se a gente deste mundo comum e objetivo para viver noutro mundo, os elementos sublinhados têm, respectivamente, a mesma função que os sublinhados em: (A) ... os românticos perdiam em proveito dos naturalistas. (B) ... essa lei dos reflexos toma a forma de um desinteresse... (C) ... o excesso engendrava o excesso contrário. (D) ... de modo geral, nós nos lemos através dos livros. (E) ... um ressentimento de namorado ainda ferido nas suas primeiras ilusões. 10. Atente para as seguintes afirmações. I. Em Há dentro dele uma floração de virtualidades recalcadas que, não encontrando desimpedido o caminho estreito da ação... (3o parágrafo), as formas verbais “Há” e “encontrando” têm o mesmo sujeito. www.cers.com.br 500 QUESTÕES - FCC Língua Portuguesa Maria Augusta 4 II. Na frase Pouco importa a impressão literária, o sabor do estilo, a voz do autor (3o parágrafo), o verbo pode, indiferentemente, ser flexionado no singular ou no plural. III. Em Formava-se muitas vezes, coincidindo com manifestações mórbidas... (4o parágrafo) pode-se acrescentar uma vírgula imediatamente após “Formava- se”, sem prejuízo para a correção e o sentido. Está correto o que consta APENAS em (A) I e II. (B) III. (C) II e III. (D) II. (E) I e III. 11. No segmento ... procura o reflexo dos seus sentimentos imediatos, identificando- se logo com o protagonista ou herói do romance (2o parágrafo), de acordo com o contexto, pode-se substituir a expressão sublinhada por: (A) caso se identifique (B) à medida que se identifica (C) posto que se identifique (D) de modo a identificar-se (E) porque se identifica 12. O segmento que expressa causa está sublinhado em: (A) Dava-se uma verdadeira subversão de valores na escala da sensibilidade... (4o parágrafo) (B) ... éramos nós então, por não sabermos ler nas entrelinhas. (4o parágrafo) (C) E daquela primeira fase de educação sentimental ... passava quase sempre o jovem monstro... (4o parágrafo) (D) Isto, aliás, se dá mais ou menos com qualquer leitor, diante de qualquer livro... (2o parágrafo) (E) Há dentro dele uma floração de virtualidades recalcadas que, não encontrando desimpedido o caminho... (3o parágrafo) 13. ... esquecer as pequenas misérias da vida... Quero dizer que, num folhetim ou num romance... ... os românticos perdiam terreno em proveito dos naturalistas. Com as alterações necessárias, na ordem dada, os complementos verbais dos segmentos acima são corretamente substituídos por pronomes em: (A) esquecer-lhes − dizer-lhes − perdiam-lhes (B) esquecê-las − dizê-lo − perdiam-no (C) esquecê-la − dizê-los − perdiam-nos (D) esquecê-las − dizer-lhes − perdiam-no (E) esquecer-lhes − dizê-los − perdiam-no 14. O segmento que pode ser transposto para a voz passiva encontra-se em: (A) O leitor ingênuo é simplesmente ator. (B) Há dentro dele uma floração de virtualidades recalcadas... (C) ... educação sentimental, que parecia inevitável como as espinhas... (D) De vez em quando passam passos. (E) ... de modo geral, nós nos lemos através dos livros. _____________________________________ ________________ Atenção: Considere o texto abaixo para responder às questões de números 1 a 5. Muitos nativos e ribeirinhos da Amazônia acreditavam − e ainda acreditam − que no fundo de um rio ou lago existe uma cidade rica, esplêndida, exemplo de harmonia e justiça social, onde as pessoas vivem como seres encantados. Elas são seduzidas e levadas para o fundo do rio por seres das águas ou da floresta (geralmente um boto ou uma cobra sucuri), e só voltam ao nosso mundo com a intermediação de um pajé, cujo corpo ou espírito tem o poder de viajar para a Cidade Encantada, conversar com seus moradores e, eventualmente, trazê-los de volta ao nosso mundo. (HATOUM, Milton. Órfãos do Eldorado. São Paulo, Companhia das Letras, 2008, p. 106) 1. Infere-se do texto que o narrador (A) destaca, por meio de associações harmoniosas de palavras, ritmos e imagens, o conteúdo verídico da lenda narrada. (B) critica o fato de que, mesmo com o avanço tecnológico dos dias de hoje, as www.cers.com.br 500 QUESTÕES - FCC Língua Portuguesa Maria Augusta 5 populações ribeirinhas ainda acreditem em lendas. (C) evidencia a importância que certas lendas, como a narrada no fragmento, tiveram na formação da identidade dos nativos da Amazônia. (D) reproduz uma lenda amazônica, distanciando-se do material narrado, o que se evidencia pelo fatode considerá-lo uma crença de povos da Amazônia. (E) apresenta aquilo que presencia a partir de sua participação ativa nos acontecimentos narrados, o que permite concluir que é um dos personagens da narrativa. 2. Considerando-se o contexto, a cidade de que se fala NÃO pode ser descrita como um lugar (A) quimérico. (B) utópico. (C) exuberante. (D) mítico. (E) beligerante. 3. ... onde as pessoas vivem como seres encantados. No contexto, o elemento sublinhado acima pode ser substituído por (A) na qual. (B) nos quais. (C) os quais. (D) da qual. (E) a qual. 4. Substituindo-se o elemento grifado pelo que está entre parênteses, mantém-se a correção do segmento em: (A) ... no fundo de um rio ou lago existe uma cidade rica... (cidades riquíssimas) (B) ... com a intermediação de um pajé, cujo corpo ou espírito... (cujos) (C) Muitos nativos e ribeirinhos da Amazônia acreditavam... (boa parte dos) (D) ... as pessoas vivem como seres encantados (qualquer pessoa) (E) Elas (...) só voltam ao nosso mundo com... (Tal ser encantado) 5. Elas são seduzidas e levadas para o fundo do rio por seres das águas ou da floresta... Transpondo-se a frase acima para a voz ativa, com as modificações necessárias, o resultado correto será: (A) Seres das águas ou da floresta: geralmente um boto ou uma cobra sucuri, seduzem-lhes e levam para o fundo do rio... (B) Seres das águas ou da floresta, geralmente um boto ou uma cobra sucuri, seduzem-nas e as levam para o fundo do rio... (C) Geralmente um boto, ou uma cobra sucuri, seres das águas, ou da floresta, seduzem elas e lhes levam para o fundo do rio... (D) Seres das águas, ou da floresta − geralmente um boto ou uma cobra sucuri, lhes seduz e lhes levam para o fundo do rio... (E) Geralmente, um boto, ou uma cobra sucuri, seres das águas, ou da floresta que, seduzem-lhe e levam- lhe para o fundo do rio... 6. O que se encontra entre parênteses preenche corretamente a lacuna da frase que está em: (A) Ancestrais dos incas gravaram inscrições reproduzindo ...... imagens da mandioca e do jacaré-açu. (às) (B) Há evidências ...... os indígenas da Amazônia mantinham intensa troca de informações com populações andinas. (que) (C) Sabe-se que ...... margens do Rio Amazonas viveram sociedades grandiosas e complexas até o século XVI, quando chegaram os colonizadores. (às) (D) Surgem sinais ...... as antigas teorias sobre a Amazônia podem ter sido parcialmente equivocadas. (com que) (E) Muitos discordam ...... os índios da Amazônia fossem, em sua maioria, meros caçadores e coletores. (porque) Atenção: Considere o texto abaixo para responder às questões de números 7 a 9. A Amazônia que ocupa as margens do Alto Purus, no Acre, quase não foi tocada pelo homem. De suas matas e espécies nativas, muitas ainda não foram sequer batizadas. A distância, ali, é medida pelo tempo: um lugar está a tantas horas de barco do outro, ou a tantos dias. O rio desce tão sinuosamente que um ponto que se avista a cem metros adiante só será atingido mais de meia hora depois, assim www.cers.com.br 500 QUESTÕES - FCC Língua Portuguesa Maria Augusta 6 que se percorrer toda a volta. Foi essa Amazônia que o escritor Euclides da Cunha (1866-1909) viu em 1905. Nesse labirinto a vapor, sem estradas, sem nomes ou cidades, ele viu o que chamou de um “paraíso perdido”, ecoando a expressão do poeta inglês John Milton (paradise lost). Hoje, porém, o Alto Purus mudou. Se continua com o mesmo ar de abandono, desabitado e desconhecido, de acesso e permanência difíceis, por outro lado tem outra paisagem humana, com cidades pequenas e uma ponte a caminho. (Adaptado de: Daniel Piza. 04/04/2009. Disponível em: www.estadao.com.br. Acesso em: 05/05/14) 7. Atente para o que se afirma a respeito da pontuação do texto. I. No segmento A distância, ali, é medida pelo tempo: um lugar está a tantas horas de barco do outro, ou a tantos dias, os dois-pontos introduzem um esclarecimento do que foi dito antes. II. Sem prejuízo do sentido original, uma vírgula pode ser inserida imediatamente após Amazônia, no segmento A Amazônia que ocupa as margens do Alto Purus, no Acre... III. No segmento ecoando a expressão do poeta inglês John Milton (paradise lost), os parênteses acrescentam informação adicional, mas não essencial ao entendimento do texto. Está correto o que se afirma APENAS em (A) I. (B) I e III. (C) II e III. (D) I e II. (E) II. 8. O rio desce tão sinuosamente // que um ponto que se avista a cem metros adiante só será atingido mais de meia hora depois... Identifica-se, entre os segmentos acima, respectivamente, relação de (A) causa e efeito. (B) causa e finalidade. (C) finalidade e explicação. (D) explicação e ressalva. (E) concessão e oposição. 9. Sem que nenhuma outra alteração seja feita na frase, mantêm-se as relações de sentido e a correção gramatical do texto substituindo-se (A) assim que por enquanto que em ... assim que se percorrer toda a volta. (B) Se por Ainda que em Se continua com o mesmo ar de abandono, desabitado e desconhecido... (C) por outro lado por não obstante em por outro lado tem outra paisagem humana, com cidades pequenas... (D) ecoando por bem que ecoasse em ... ecoando a expressão do poeta inglês... (E) porém por entretanto em Hoje, porém, o Alto Purus mudou. 10. Pela corrente do rio Purus ...... galhos e troncos de árvores não ...... derrubadas pelo homem, mas ...... tiradas pelas águas caudalosas de suas cheias. (op. cit.) Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na ordem dada: (A) vem - porque - porque (B) vem - por que - porque (C) vêm - porque - por quê (D) vêm - porque - porque (E) vêm - por que - por que Atenção: Leia o texto abaixo para responder às questões de números 11 a 20. Recordei outros Carnavais quando fui ao enterro de d. Faride, mãe do meu amigo Osman Nasser. Quando eu tinha uns catorze ou quinze anos de idade, Osman beirava os trinta e era uma figura lendária na pacata Manaus dos anos 1960. Pacata? Nem tanto. A cidade não era esse polvo cujos tentáculos rasgam a floresta e atravessam o rio Negro, mas sempre foi um porto cosmopolita, lugar de esplendor e decadência cíclicos, por onde passam aventureiros de todas as latitudes do Brasil e do mundo. No fim daquela tarde triste − sol ralo filtrado por nuvens densas e escuras −, me lembrei dos bailes carnavalescos nos clubes e dos blocos de rua. Antes do primeiro grito de Carnaval, a folia começava na tarde em que centenas de www.cers.com.br 500 QUESTÕES - FCC Língua Portuguesa Maria Augusta 7 pessoas iam ao aeroporto de Ponta Pelada para recepcionar a Camélia, onde a multidão cantava a marchinha Ô jardineira, por que estás tão triste, mas o que foi que te aconteceu? e depois a caravana acompanhava a Camélia gigantesca até o Olympico Clube. Não sei se era permitido usar lança-perfume, mas a bisnaga de vidro transparente refrescava as noites carnavalescas. Não éramos espectadores de desfiles de escolas de samba carioca; aliás, nem havia TV em Manaus: o Carnaval significava quatro dias maldormidos com suas noites em claro, entre as praças e os clubes. A Segunda- Feira Gorda, no Atlético Rio Negro Clube, era o auge da folia que terminava no Mercado Municipal Adolpho Lisboa, onde víamos ou acreditávamos ver peixes graúdos fantasiados e peixeiros mascarados. Havia também sereias roucas de tanto cantar, princesas destronadas, foliões com roupa esfarrapada, mendigos que ganhavam um prato de mingau de banana ou jaraqui frito. Os foliões mais bêbados mergulhavamno rio Negro para que mitigassem a ressaca, outros discutiam com urubus na praia ou procuravam a namorada extraviada em algum momento do baile, quando ninguém era de ninguém e o Carnaval, um mistério alucinante. Quantos homens choravam na praia, homens solitários e tristes, com o rosto manchado de confetes e o coração seco. “Grande é o Senhor Deus”, cantam parentes e amigos no enterro, enquanto eu me lembro da noite natalina em que d. Faride distribuía presentes para convidados e penetras que iam festejar o Natal na casa dos Nasser. Ali está a árvore coberta de pacotes coloridos; na sala, a mesa cresce com a chegada de acepipes, as luzes do pátio iluminam a fonte de pedra, cercada de crianças. O velho Nasser, sentado na cadeira de balanço, fuma um charuto com a pose de um perfeito patriarca. Ouço a voz de Oum Kalsoum no disco de 78 rpm, ouço uma gritaria alegre, vejo as nove irmãs de Osman dançar para o pai; depois elas lhe oferecem tâmaras e pistaches que tinham viajado do outro lado da Terra para aquele pequeno e difuso Oriente no centro de Manaus. Agora as mulheres cantam loas ao Senhor, rezam o Pai Nosso e eu desvio o olhar das mangueiras quietas que sombreiam o chão, mangueiras centenárias, as poucas que restaram na cidade. Parece que só os mortos têm direito à sombra, os vivos de Manaus penam sob o sol. Olho para o alto do mausoléu e vejo a estrela e lua crescente de metal, símbolos do islã: religião do velho Nasser. É um dos mausoléus muçulmanos no cemitério São João Batista, mas a mãe que desce ao fundo da terra era católica. Reconheço rostos de amigos, foliões de outros tempos, e ali, entre dois túmulos, ajoelhado e de cabeça baixa, vejo o vendedor de frutas que, na minha juventude, carregava um pomar na cabeça. A cantoria cessa na quietude do crepúsculo, e a vida, quando se olha para trás e para longe, parece um sonho. Abraço meu amigo órfão, que me cochicha um ditado árabe: Uma mãe vale um mundo. Daqui a pouco será Carnaval… (Adaptado de: HATOUM, Milton. "Um enterro e outros Carnavais", Um solitário à espreita. São Paulo, Cia. Das Letras, 2013, p. 24-26) 11. Depreende-se corretamente do texto: (A) Com a expressão pequeno e difuso Oriente, no 7º parágrafo, o autor quer abarcar, por fim, o conjunto de experiências vividas dentro de uma comunidade que, por sua vez, era culturalmente pouco permeável. (B) À medida que a narração da crônica avança, as ações propositadamente passam a ser narradas no presente, desfazendo-se, assim, as contraposições entre alegria e tristeza. (C) O contraste entre o sepultamento de d. Faride e o relato de momentos de alegria se torna mais dramático quando passa a predominar o tempo presente, no 6o parágrafo. (D) O relato das recordações, sobretudo as atinentes aos antigos carnavais, esclarece e corrobora o papel desempenhado por d. Faride no modo como o autor vê sua cidade natal. www.cers.com.br 500 QUESTÕES - FCC Língua Portuguesa Maria Augusta 8 (E) Tendo como pretexto o sepultamento da mãe de um amigo, o autor descreve o comportamento social na cidade de Manaus da década de 1960, comparando-a a um polvo, dada a maneira como suas estruturas adentram a floresta. 12. Com respeito à pontuação, atente para as seguintes afirmações: I. No segmento No fim daquela tarde triste − sol ralo filtrado por nuvens densas e escuras −, me lembrei..., os travessões podem ser suprimidos, sem prejuízo para a correção e o sentido original. II. No segmento ou procuravam a namorada extraviada em algum momento do baile, quando ninguém era de ninguém e o Carnaval, um mistério alucinante, a vírgula imediatamente após “Carnaval” indica elipse do verbo. III. No segmento onde víamos ou acreditávamos ver peixes graúdos fantasiados e peixeiros mascarados, pode- se isolar por vírgulas o trecho sublinhado, mantendo-se a correção e, em linhas gerais, o sentido original. Está correto o que se afirma APENAS em (A) II e III. (B) I e II. (C) I e III. (D) III. (E) I. 13. O segmento que expressa causa encontra-se sublinhado em: (A) ... fuma um charuto com a pose de um perfeito patriarca. (B) Ali está a árvore coberta de pacotes coloridos... (C) ... que tinham viajado do outro lado da Terra... (D) Havia também sereias roucas de tanto cantar... (E) ... enquanto eu me lembro da noite natalina... 14. No contexto, o termo sublinhado no segmento ... aliás, nem havia TV em Manaus... (4o parágrafo) pode ser substituído corretamente por: (A) e não. (B) sequer. (C) ao menos. (D) ainda. (E) pelo menos. 15. A oração introduzida pelo termo “cujos” em A cidade não era esse polvo cujos tentáculos rasgam a floresta relaciona- se com seu antecedente do mesmo modo que um (A) substantivo relaciona-se a um verbo. (B) advérbio relaciona-se a um adjetivo. (C) adjetivo relaciona-se a um advérbio. (D) adjetivo relaciona-se a um substantivo. (E) advérbio relaciona-se a um verbo. 16. Em A Segunda-Feira Gorda, no Atlético Rio Negro Clube, era o auge da folia que terminava no Mercado..., o segmento entre vírgulas desempenha função correlata ao sublinhado em: (A) ... fuma um charuto com a pose de um perfeito patriarca. (B) Não éramos espectadores de desfiles de escolas de samba. (C) ... enquanto eu me lembro da noite natalina... (D) ... as luzes do pátio iluminam a fonte de pedra... (E) ... mas sempre foi um porto cosmopolita, lugar de esplendor... 17. Na frase Parece que só os mortos têm direito à sombra, os vivos de Manaus penam sob o sol..., explicita-se a relação de sentido entre as duas orações acrescentando- se, imediatamente após a vírgula, a expressão: (A) conquanto que. (B) posto que. (C) não obstante. (D) visto que. (E) ao passo que. 18. Havia também sereias roucas de tanto cantar, princesas destronadas, foliões com roupa esfarrapada, mendigos que ganhavam um prato de mingau... Mantendo-se a correção e o sentido original, uma redação alternativa para a frase acima, em que se faz uso de recursos coesivos, encontra-se em: www.cers.com.br 500 QUESTÕES - FCC Língua Portuguesa Maria Augusta 9 (A) Havia, além de sereias roucas de tanto cantar, não apenas princesas destronadas, mas só foliões com roupa esfarrapada, como também mendigos que ganhavam um prato de mingau... (B) Havia também sereias roucas de tanto cantar com princesas destronadas e foliões, com roupa esfarrapada, além de mendigos que ganhavam um prato de mingau... (C) Havia não só sereias roucas de tanto cantar, e princesas destronadas, bem como foliões com roupa esfarrapada como mendigos, que ganhavam um prato de mingau... (D) Havia também sereias roucas de tanto cantar sobre princesas destronadas, por mais que foliões com roupa esfarrapada e mendigos, que ganhavam um prato de mingau... (E) Havia não apenas sereias roucas de tanto cantar, como também princesas destronadas, além de foliões com roupa esfarrapada e mendigos que ganhavam um prato de mingau... 19. Está correto o que se afirma em: (A) O trecho ... pacotes coloridos; na sala, a mesa cresce com a chegada de acepipes... (7o parágrafo) faz uso de pontuação literária, inadequada à requerida em correspondências oficiais. (B) Alterando-se a oração interrogativa indireta em Não sei se era permitido usar lança-perfume (3o parágrafo) para interrogativa direta, obtém-se “Não sei: era permitido usar lança-perfume?”. (C) No segmento ... enquanto eu me lembro da noite natalina em que d. Faride distribuía presentes...(6º parágrafo), os verbos estão empregados nos mesmos tempo e modo, de maneira a assegurar a perfeitacorrelação verbal. (D) A frase que inicia com Quantos homens choravam na praia ...(5o parágrafo), caso se tratasse de linguagem formal, deveria terminar com ponto de interrogação, dado o uso do pronome interrogativo “quantos”. (E) No segmento ... por onde passam aventureiros de todas as latitudes... (2o parágrafo), o pronome “onde” refere-se ao Rio Negro, em alusão a seu leito propício à navegação. 20. O elemento sublinhado no segmento ... mergulhavam no rio Negro para que mitigassem a ressaca... possui a mesma função em: (A) ... viajado do outro lado da Terra para aquele pequeno e difuso Oriente... (B) ... quando se olha para trás e para longe... (C) ... distribuía presentes para convidados e penetras... (D) ... iam ao aeroporto de Ponta Pelada para recepcionar a Camélia... (E) ... vejo as nove irmãs de Osman dançar para o pai... _____________________________________ __________________ Questões avulsas: 1-Estão plenamente respeitadas as normas de concordância verbal na frase: (A) Devem-se emprestar a todas as coisas, nas palavras de Hemingway, o olhar daquele que as vê pela derradeira vez, como se delas se despedissem. (B) O desespero das tantas dores que podem afligir certos homens levam alguns desses infelizes ao suicídio, é o que parece explicar a triste e brutal decisão de Hemingway. (C) Guardam muita ironia as palavras de que se valeu o autor para mostrar que somente a notícia da morte do porteiro fez alguns notarem que ele havia existido. (D) Sempre haverá o marido e o pai que não tem olhos para ver, de fato, quem são sua esposa e seu filho, quem de fato são esses a quem não rende momentos de atenção. (E) A criança, tal como ocorre com os poetas, são capazes de olhar as coisas com tão dedicada atenção que acabam por estabelecer uma visão efetivamente criativa de tudo. 2-A exclusão das vírgulas alterará o sentido da seguinte frase: I. Pensando nos homens ambiciosos, que querem escalar o Everest a qualquer preço, o autor lembra o exemplo contrário de Manuel Bandeira. II. Manuel Bandeira tornou-se, para muitos leitores, um exemplo de conquista da profundidade poética encontrada no que é simples. www.cers.com.br 500 QUESTÕES - FCC Língua Portuguesa Maria Augusta 10 III. Manuel Bandeira legou aos amigos, que nunca deixaram de o admirar, exemplares autografados de sua obra completa. Atende ao enunciado SOMENTE o que consta em (A) I e II. (B) I e III. (C) II. (D) II e III. (E) III. 3-O elemento sublinhado constitui uma falha de redação na frase: (A) O espírito de competição pelo qual se deixa empolgar acabará levando-o à loucura. (B) Trata-se de um artista de cujas qualidades ninguém deixa de acreditar. (C) Parecia-lhe preferível perder a competição com dignidade a ganhá-la com desonra. (D) Manuel Bandeira, cuja poesia logo me encantou, foi um lírico originalíssimo. (E) Durante a competição, a vitória da qual ele estava confiante escapou-lhe inteiramente das mãos. 4-O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se numa forma do PLURAL para preencher adequadamente a lacuna da frase: (A) Nem Everest, nem recorde mundial, nenhuma obsessão dessas ...... (dever) levar- nos a uma luta ingente e, quase sempre, inglória. (B) Às pequenas coisas do cotidiano, aos versos simples é que se ...... (dedicar), em suas obras-primas, o poeta Manuel Bandeira. (C) O mérito e a importância de um prêmio como o Nobel não ...... (caber) discutir, mas não há por que desmerecer quem nunca o ganhou. (D) A um poeta como Manuel Bandeira jamais ...... (ter) atormentado aquelas visões da glória que tantos perseguem obstinadamente. (E) As competições a que se ...... (lançar), em nossos dias, todo e qualquer postulante à fama jamais sensibilizaram nosso grande lírico. 5- As palavras estão corretamente grafadas na frase: (A) Que eles viajem sempre é muito bom, mas não é boa a ansiedade com que enfrentam o excesso de passageiros nos aeroportos. (B) Comete muitos deslises, talvez por sua espontaneidade, mas nada que ponha em cheque sua reputação de pessoa cortês. (C) Ele era rabugento e tinha ojeriza ao hábito do sócio de descançar após o almoço sob a frondoza árvore do pátio. (D) Não sei se isso influe, mas a persistência dessa mágoa pode estar sendo o grande impecilho na superação dessa sua crise. (E) O diretor exitou ao aprovar a retenção dessa alta quantia, mas não quiz ser taxado de conivente na concessão de privilégios ilegítimos. 6- Essa pergunta era formulada por todos ... O verbo que admite transposição para a voz passiva, como no exemplo acima, está empregado na frase: (A) Pureza foi a resposta do romancista ... (B) Já estamos habituados ao romance anual de José Lins do Rego ... (C) ... o romancista nos trazia mais um caso da família de José Paulino ... (D) ... dos canaviais que assobiam ao vento ... (E) ... não é apenas o cronista do Nordeste. 7- O livro foi oferecido a todos os editores nacionais, de todos recebeu um não seco ... O segmento em destaque na frase acima exerce a mesma função sintática que o elemento grifado em: (A) ... o que consolidou sem dúvida a posição do estreante... (B) ... quando não me deram o calado como resposta. (C) Seu primeiro livro – Menino de engenho – é chave de uma obra ... (D) O escritor mesmo, certa vez, em artigo de jornal, contou alguma coisa a respeito do livro de estreia ... (E) ... que ficará definitivamente encerrado com o aparecimento de Usina, em 1936. 8- Atente para as seguintes construções: I. Meu coração, não sei porque, bate feliz quando te vê. II. Sei que você se aborreceu comigo, só não sei por quê. www.cers.com.br 500 QUESTÕES - FCC Língua Portuguesa Maria Augusta 11 III. Ela partiu sem me esclarecer o porquê de seu descontentamento. Está correto o emprego da forma pronominal sublinhada SOMENTE em (A) III. (B) II e III. (C) I e II. (D) I e III. www.cers.com.br 500 QUESTÕES - FCC Língua Portuguesa Maria Augusta 12 GABARITO: Prova 1: 1-E 2-A 3-E 4-B 5-D 6-C 7-A 8-E 9-A 10-C 11-D 12-B 13-B 14-E Prova 2: 1-D 2-E 3-A 4-C 5-B 6-C 7-B 8-A 9-E 10-D 11-C 12-A 13-D 14-B 15-D 16-A 17-E 18-E 19-B 20-D Questões avulsas: 1-C 2-B 3-B 4-D 5-A 6-C 7-B 8-B
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